Automobilismo | Rui Valente não pensa em parar

Rui Valente comemorou este ano trinta anos de carreira no automobilismo, mas a prova de encerramento de um ano que se queria de consagração não correu em nada como o desejado. Contudo, apesar da enorme frustração, o mais antigo piloto português de Macau em actividade não vai atirar a toalha ao chão

 

[dropcap]D[/dropcap]epois dos infortúnios nas provas de apuramento dos pilotos locais, durante o verão no Circuito Internacional de Zhuhai, Rui Valente foi catapultado para a grelha de partida da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) do 65º Grande Prémio de Macau. No entanto, o regresso à Corrida da Guia foi todo menos fácil e o resultado pouco memorável.

A conduzir um Volkswagen Golf GTi TCR alugado a uma equipa chinesa pela primeira vez, Valente não conseguiu qualificar-se para as três corridas do WTCR que faziam parte do programa. “Fiquei mesmo arrasado”, confessou ao HM o piloto que competiu pela primeira vez no Circuito da Guia em 1988. “Depois da primeira qualificação fiquei totalmente desmotivado. Nunca consegui baixar dos 2 minutos 40 segundos. Perdia sempre muito tempo nos primeiros três sectores e só no último é que conseguia acompanhar os outros carros.”

Para além dos vinte quilogramas suplementares que todos os “wild cards” foram obrigados a carregar pelo regulamento do WTCR, tal como outros pilotos locais, o piloto luso debateu-se com uma contrariedade antes mesmo do arranque. O facto de ter alinhado sem seguro em caso de acidente.

“Num circuito em que qualquer pequeno erro se paga muito caro, não consegui colocar isso para trás das costas durante todo o fim-de-semana”, admite hoje Valente que também consente que não foi só essa a razão para ter ficado aquém das suas expectativas, mas sim “um conjunto de factores” que reunidos não jogaram a seu favor num fim-de-semana sempre muito intenso para os representantes da RAEM.

Nunca digas nunca

Embora a estreia no WTCR não se tenha traduzido na experiência que desejava, Valente não esconde que gostava de voltar ao campeonato mundial de carros de Turismo da FIA, mas com outro tipo de preparação.
“Gostei muito de conduzir o Volkswagen Golf TCR e gostaria de voltar a correr no WTCR, mas para lá voltar teria que ser com outras condições. Fazer duas ou três corridas antes de Macau e participar com seguro. Mas isto custa muito dinheiro e é quase impossível”, reconhece Valente.

Todavia, o habitual piloto do campeonato de carros de Turismo de Macau sabe que mesmo com todas as condições é muito difícil para um piloto local ombrear com os melhores do mundo da especialidade.
“Está fora de questão pensar em andar lá à frente, porque os pilotos que correm no WTCR são de nível mundial e têm uma rodagem completamente diferente. Correm com estes carros o ano todo”, afirma. “Mas gostava de ter uma nova oportunidade…”

Já a pensar em 2019

Fora de questão está por agora poisar o capacete. Valente espera voltar a competir já em Março do próximo ano quando arrancar mais uma edição do “GIC Challenge”, a competição de carros de Turismo organizada pelo Circuito Internacional de Guangdong que engloba as antigas categorias N2000, S2000 e Road Sport, e que se realiza nos meses de Março, Abril e Maio.

“Estou a planear novamente correr no ‘GIC Challenge’, no circuito de Zhaoqing, e depois voltar competir no Campeonato de Macau de Carros de Turismo (MTCS, na sigla inglesa) com o meu MINI”, afirma.
O MINI Cooper S poderá sofrer algumas modificações durante o defeso, de forma a torná-lo ligeiramente mais competitivo para fazer face à concorrência, mas nada extraordinário, visto que a regulamentação técnica expira no final de 2019.

O calendário do MTCS, a competição organizada pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) que apura os pilotos de carros de Turismo locais para o Grande Prémio, ainda não tem o calendário da próxima temporada definido, podendo novamente regressar a Zhuhai para duas jornadas duplas, ou então, rumar a outro circuito no interior da China.

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