Notas de Setembro

I

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]egressei recentemente de férias de Portugal, onde já não ia há 8 anos, pasme-se. E novidades? Bem, tudo mais ou menos na mesma, e talvez por ter ido no Verão, as coisas estavam calmas, e as cidades praticamente desertas, mesmo Lisboa. Foi uma mudança interessante, em relação à azáfama que temos aqui no território e nas outras cidades da região. Portugal continua a ser um país acessível em termos de preços; muito mais barato que o resto da Europa. Continua, no entanto, a falar-se da crise. Normal, num país onde grande parte da população activa vive com seis mil patacas mensais, ou pouco mais do que isso. Parece mesmo assim não ter muito importância; as marisqueiras estão sempre cheias, os festivais de Verão são concorridos, toda gente tem carro, e enquanto lá estive foram quase 60 mil alminhas encher o Estádio da Luz para assistir à partida entre o Benfica e o Fenerbahce, a contar para a 2a. pré-eliminatória de qualificação da Champions League, com os bilhetes a custar na ordem das 500 ou mil patacas. Vai-se vivendo, em Portugal.

II

De regresso a Macau, e depois de um tímido tufão que no final de contas não chegou a sacudir o território, a actualidade ficou marcada pelas declarações polémicas de uma responsável dos Serviços de Educação, a propósito da homossexualidade. A educadora (?) em questão estabeleceu um desastroso paralelo entre esta orientação sexual e a doença mental, sugerindo que “as crianças que pensam (?!) que são homossexuais devem ser encaminhadas para um psicólogo”. Depois de uma ou mais tentativas (frustradas, diga-se em abono da verdade) de se justificar, e de um estranho “diz-que-não-disse”, o mal já estava feito. Foram declarações graves e infelizes, de facto, mas que me deixaram a pensar que aqui na terra da harmonia, o conceito de “normalidade” ainda tem algum peso. A doença mental é tabu, e existem muitos casos não diagnosticados – é o tal medo da “perda de face”, um aspecto sobretudo cultural. Era bom que quem precisa de ajuda a fosse procurar. Independentemente de ocupar um cargo público de relevo, ou não.

III

Finalmente, e ainda em Macau, abriu um restaurante da cadeia de “fast-food” filipina Jollibee (passo a publicidade), depois de meses de espera (hesitação?). Eu, pessoalmente gosto, e faço sempre questão de lá ir quando visito as Filipinas, e agora é tudo uma questão de se gostar ou não de “junk food”. Mas o que eu gostaria mesmo de destacar é o atendimento, que é, numa palavra, soberbo. As meninas da caixa atendem com uma simpatia tremenda, sorriso de orelha a orelha, e dirigem-se aos clientes quase a cantar! Se não houver mais nada, pelo menos os outros estabelecimentos do território tinham muito a aprender com o Jollibee, nesse particular. Nota cem.

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