PolíticaSérgio Godinho – “Grão da mesma mó” Hoje Macau - 13 Abr 201819 Set 2018 “Grão da mesma mó” Não sei se estão a ver aqueles dias em que não acontece nada, a não ser o que o que aconteceu e não aconteceu E do nada há uma luz que se acende. Não se sabe se vem de fora ou se de dentro, apareceu E dentro da porção da tua vida, é a ti que cabe o não trocar nenhum futuro pelo presente O fazer face à face que se teve até ali Ausente presente Vê lá o que fazes, há tanto a fazer Fazes que fazes Ou pões sementes a crescer? Precisas de água, a Terra também Ventos cruzados E o sol e a chuva que os detém Vivida a planta Refeita a casa É espaço em branco Tempo de o escrever E abrir asa E a linha funda, na palma da mão Desenha o tempo então Mas há linhas de água que cruzas sem sequer notares, e oh, estás no deserto e talvez no oásis, se o olhares E não há mal e não há bem que não te venha incomodar Vale esse valor? É para vender ou comprar? Mas hoje, questões éticas? Agora? Por favor… Que te iam prescrever a tal receita para a dor Vais ter que reciclar o muito frio e o muito quente Ausente presente Vê lá o que fazes, há tanto a fazer Fazes que fazes Ou pões sementes a crescer? E a linha funda, na palma da mão Desenha o tempo então ‘Um curto espaço de tempo’ Vais preenchê-lo com o frio da morte morrida Ou o calor da vida vivida? Não queiras ser nem um exemplo, nem um mau exemplo, por si só Há dias em que é grão da mesma mó E a senha já tirada, já tardia do doente Dez lugares atrás, e pouco a pouco, à frente E cada um falar-te das histórias da sua vida Feliz, dorida Vê lá o que fazes, há tanto a fazer Fazes que fazes Ou pões sementes a crescer? Precisas de água, a Terra também Ventos cruzados E o sol e a chuva que os detém Vivida a planta Refeita a casa É espaço em branco Tempo de o escrever E abrir asa E a linha funda, na palma da mão Desenha o tempo então E explicaram-te em botânica, uma espécie que não muda a flor do fatalismo, está feito E se até dá jeito alterar só por hoje o amanhã Melhor é transfigurar o amanhã com todo o hoje E as palavras tornam-se esparsas Assumes Fazes que disfarças Escolhes paixões, ciúmes Tragédias e farsas E faças o que faças Por vales e cumes Encontras-te a sós, só Grão a grão acompanhado e só Grão da mesma mó Grão da mesma mó Sérgio Godinho