China / ÁsiaColigação em Timor queixa-se de polícia que deteve equipa de comunicação Hoje Macau - 27 Mar 2018 A coligação timorense AMP criticou ontem a acção da polícia, que deteve para interrogatório membros da sua equipa de comunicação partidária, sem queixas ou indícios de qualquer crime e alegadamente por publicar comentários e opiniões na rede social Facebook [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) – que reúne os partidos da oposição CNRT, PLP e KHUNTO – considera que se tratou de um “abuso de poder”, pelo que vai avançar com uma queixa civil contra a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL). “A polícia cometeu um acto de abuso de poder. Não havia indício de qualquer crime, nem qualquer queixa. Dar opiniões no Facebook, ou onde quer que seja, não é crime. Insultos ou criticar o Governo não é crime”, afirmou o advogado Pedro Aparício, em conferência de imprensa. Pedro Aparício foi ontem apresentado por Arão Noé, um dos elementos da Comissão Jurídica da AMP, como o advogado que lidera a equipa jurídica que vai acompanhar os militantes e dirigentes da coligação durante o processo das eleições antecipadas de 12 de Maio. Arão Noé explicou que se trata de responder a eventuais incidentes que possam constituir “violações da lei eleitoral” ou das restantes leis timorenses e que afectem a equipa da AMP no terreno. Pedro Aparício explicou que, “de forma urgente”, a atenção vai concentrar-se, para já, na actuação da polícia relativamente à equipa de comunicação da AMP que foi interrogada e ouvida “sem qualquer indício de crime” ou “sem qualquer queixa”. “O serviço no media centre da AMP é apenas opinião, ideias, relacionadas com aspectos da liderança ou do Governo. Não constitui crime”, afirmou. “A polícia ultrapassou a sua competência. Ficamos tristes que a acção da polícia não tenha cumprido a lei, o código do processo penal e que isto ainda aconteça em 2018. Isto não devia acontecer num Estado de direito”, afirmou. Questionado pela Lusa sobre se a AMP não confia na capacidade de fiscalização eleitoral da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Arão Noé afirmou que sim, mas que não cabe à autoridade eleitoral levar o caso aos tribunais. “Como partido e como cidadãos, temos o dever de proteger os nossos militantes que foram atingidos como vítimas nesta acção. Temos responsabilidade e dever moral de proteger os nossos militantes e simpatizantes”, considerou. “Esta acção policial foi muito grave. A polícia não pode fazer este tipo de acções sem autorização do órgão judicial. A polícia tem que trabalhar conforme a lei diz e não fazer política dentro da polícia, não deve executar interesses políticos dentro da polícia”, considerou. Nas últimas semanas, várias pessoas, incluindo um assessor do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, foram interrogadas pela polícia alegadamente por publicações no Facebook que incluem insultos e críticas aos líderes políticos do país. Os visados pela acção policial terão insultado quer líderes da Fretilin, no Governo, quer da AMP, na oposição, entre eles Alkatiri e Xanana Gusmão, presidente do CNRT.