EventosRota das Letras | Coreia do Norte em destaque no festival literário Sofia Margarida Mota - 25 Jan 2018 [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]yeonseo Lee, Suki Kim, James Church e Michael Breen vão marcar presença na edição deste ano do festival Rota das Letras. Todos têm um aspecto em comum: escrever acerca da Coreia do Norte. O objectivo é transformar Macau num palco de discussão daquele país que preenche a actualidade, afirma Hélder Beja. A Coreia do Norte vai estar em destaque na edição deste ano do festival literário local, Rota das Letras. A presença deste país no evento não é novidade mas o objectivo é mesmo transformar Macau num palco de conversa sobre o que se passa naquele país tendo em conta a situação internacional. “Não é a primeira vez que a Coreia do Norte passa no Festival. Já trouxemos há dois anos o Adam Johnson, vencedor do prémio Pulitzer com uma obra que segue a vida de Pak Jun Do”, começa por dizer o director do festival, Hélder Beja, ao HM. A escolha não recai apenas em escritores naturais da Coreia até porque do grupo que vai estar presente em Macau, apenas uma autora nasceu no país, mas sim num grupo que tenha a presença daquele país nas suas carreiras e vidas. A razão aponta Hélder Beja tem que ver com o facto de ser “um dos temas mais relevantes da actualidade do mundo em que vivemos e também porque de alguma forma espelha um pouco a forma como as nações se relacionam e como as grandes potências se organizam”, aponta. Fugir para contar Hyeonseo Lee é uma dissidente e activista dos direitos humanos norte-coreana que, mais tarde, guiou a sua família até à liberdade através da China e do Laos. É licenciada em inglês e chinês pela Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros e passa grande parte do seu tempo a fazer campanha pelos refugiados e pelos direitos humanos dos norte-coreanos. A coreana tem escrito para o Wall Street Journal, o The New York Times, o blogue LSE Big Ideas e para o Ministério da Unificação da Coreia do Sul. Autora de “A Mulher com Sete Nomes: História de uma Refugiada da Coreia do Norte”, publicado em português e com direitos de publicação vendidos para, pelo menos, mais 22 línguas. Suki Kim é uma autora conhecida por trabalhar infiltrada e após lançar o romance “The Interpreter”, a escritora nascida em Seul e radicada em Nova Iorque iniciou uma nova missão: mudou-se para a Coreia do Norte para ensinar inglês às crianças das elites. A experiência foi transformada em livro, o “Without You, There Is No Us”. Coreia à lupa James Church, autor da série “Inspector O”, foi agente dos serviços secretos ocidentais e há várias décadas que está estreitamente ligado à península coreana. Começou a escrever o primeiro dos seis livros da série como um desafio para si próprio, refere a organização do Rota das Letras em comunicado, “uma vez que nunca se havia escrito uma história de detectives passada na Coreia do Norte”. Já Michael Breen vive na Coreia do Sul há 30 anos. Foi correspondente em Seul para o The Guardian e o Washington Times durante vários anos. Dirige agora a sua própria empresa de relações públicas em Seul e colabora com vários jornais internacionais como o The Wall Street Journal e a revista The Atlantic. É o autor dos livros “The Koreans: Who They Are, What They Want, Where Their Future Lies” e “Kim Jong-il: North Korea’s Dear Leader”. O seu último trabalho, “The New Koreans: The Story of a Nation”, foi publicado na Primavera de 2017. Mais da China e de Portugal Do lado dos autores lusófonos e chineses, além dos já anunciados Julián Fuks, Ana Margarida de Carvalho, Han Dong e A Yi, a Rota das Letras traz a Macau os autores de obras infanto-juvenis Maria Inês Almeida (Portugal) e Bao Dongni (China Continental), o historiador e escritor Rui Tavares (Portugal), a Ungulani Ba Ka Khosa, romancista de Moçambique e o conhecido escritor de thrillers Chan Hou Kei de Hong Kong. Os nomes que vão representar a literatura local ainda estão em segredo mas Hélder Beja garante que a representação local na edição deste ano será muito semelhante àquela que tem acontecido em anos anteriores. “Normalmente temos sempre um grupo entre cinco e sete escritores locais e é isso que vai voltar a acontecer sendo que os nomes serão anunciado no inicio do próximo mês altura em que será também conhecida a totalidade do programa do festival literário Rota das Letras”, remata.