UM | Yao Jingming novo director do departamento de português

Yao Jingming vai substituir Fernanda Gil Costa na direcção do departamento de português da Universidade de Macau. Toma posse em Setembro e não comenta as causas da mudança. Alunos justificam mudança para “ensino mais oriental”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] direcção do Departamento de Português da Universidade de Macau (UM) terá, já no próximo Setembro, uma nova cara: Yao Jingming. “Sim, posso confirmar isso. Mas só tomo posse a 1 de Setembro”, confirmou o actual coordenador de mestrados de Tradução.
Sem prestar qualquer esclarecimento adicional, Yao Jingming irá substituir a actual directora, Fernanda Gil Costa, que até ao fecho desta edição não foi possível contactar.
Numa tentativa de justificar a mudança o HM falou com alguns alunos do departamento de português que não estranham a mudança, até porque os alunos preferem um “ensino mais oriental”.
Um aluno finalista, que preferiu manter o anonimato, explicou que o “ensino ocidental do departamento da UM promove um estudo autónomo, aplicando uma disciplina muito livre”. Sendo que “os estudantes locais, em geral, não são muito trabalhadores” e se não forem “obrigados a estudar nunca serão bons profissionais”.
As diferenças, conta, entre alunos oriundos do interior da China e os locais são evidentes. “Os alunos que vêm do interior da China, habituados ao ensino oriental, são muito diferentes de nós e normalmente aprendem melhor do que os locais”, explicou, indicando que o ensino ocidental não impõe ao aluno a responsabilidade de ser bom aluno. “Mas claro que também há bons alunos locais”, explica, frisando que a Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim é muito “mais exigente” que a UM, mesmo na área de Língua Portuguesa.
“Se comparamos a UM, de um modo geral, às universidades da China, percebemos que o ensino é pior. Se quisermos trabalhar na área de português, depois de nos graduarmos, precisamos de saber muito, é muito importante aprender bem os conhecimentos básicos, gramática, o léxico, tudo. E nisso Pequim é melhor por ter o ensino ocidental”, acrescenta.

Missão cumprida

Para um actual aluno Fernanda Gil Costa cumpriu as suas funções de forma muito correcta. “A mudança de cargo já anda a correr os corredores da UM. Embora não tenha sido aluno da professora Fernanda Costa, acho que sempre assumiu as suas responsabilidades de forma muito correcta, gentil e soube unir as pessoas”, aponta. No entanto “o programa do departamento de português e o seu método pedagógico tende a ser mais académico”, algo que para o aluno não está direccionado para os alunos chineses e locais, e se estivesse, frisa, talvez os resultados do ensino fossem um pouco melhores.
Felipe, actual estudante do departamento, acredita que “um director chinês vai certamente trazer mudanças positivas para o departamento”. “Ele deve conhecer melhor o que os alunos querem e trabalhar num modelo pedagógico mais apropriado”, explicou, ao HM.
“Na verdade, não quero comparar o modelo ocidental e oriental de aprendizagem de línguas, pois ambos devem possuir as suas próprias vantagens e desvantagens. O que é mais importante é saber o que os alunos querem e ajustar o programa. Estive alguns meses em Portugal a fazer intercâmbio e lá há muitos bons professores portugueses e gostei muito das aulas. Se calhar os professores aqui devem prestar mais atenção ao ensino. As teorias de ensino de português aqui desenvolvidas não são muito adequadas aos alunos de Macau e devem ser ajustadas conforme o resultado de práticas. Em suma, acho que o departamento vai ser melhor”, remata.

Maior comunicação

O aluno finalista não esconde que existem problemas no programa de português. “Uma das características do nosso departamento é que não existe comunicação entre os professores, levando a que existam repetições nos conteúdos do ensino de cada professor. Acho que o método chinês para a fase inicial de aprendizagem é claramente mais útil porque exige que os alunos aprendam muito bem a base da língua”, argumenta.
O aluno chega mesmo a dizer que, de forma geral, o departamento de português não consegue adaptar-se aos alunos. “Os professores da UM, são maioritariamente professores estrangeiros, tratam-nos como alunos que falam uma língua materna estrangeira, levando a que os alunos não se consigam adaptar às diferenças do ensino ocidental e oriental. Acho que os professores do departamento não possuem muita experiência de ensinar português aos estudantes estrangeiros”, argumenta.
Uma combinação entre os dois tipos de ensino é a solução apresentada pelo ex aluno. “Acho que tanto o ensino ocidental como o oriental têm as suas vantagens. É melhor combinar os pontos positivos de cada um para alcançar um resultado melhor. Na primeira etapa, é melhor utilizar a maneira oriental para obrigar os estudantes a aprender, mas nas etapas seguintes o ensino ocidental orienta os estudantes a abordar a língua e a aprofundar o interesse deles à língua, até que os alunos possam realmente amar a língua . Nós temos recursos para fazer isso, porque temos professores chineses e portugueses”, frisou.
Para o aluno a escolha de Yao Jingming foi bastante acertada, apesar de nunca ter sido seu professor. “Para mim, não me importo se é um professor chinês ou uma professora estrangeira que vai assumir o cargo do director do departamento. O mais importante é o director perceber bem a necessidade dos alunos, e ter experiência suficiente para ensinar os alunos de língua materna chinesa. Nunca fui ensinado pelo professor Yao, mas acho que o departamento deve fazer uma reforma, acho que o professor Yao conhece melhor os estudantes chineses e talvez venha trazer um impacto positivo”, remata.

Com Angela Ka

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