FIJ diz que liberdade de imprensa em Macau está mais deteriorada. AIPIM discorda

Um novo relatório da Federação Internacional de Jornalistas diz que a liberdade de imprensa em Macau piorou em 2015, mas a Associação da Imprensa em Português e inglês rejeita as afirmações e lamenta não ter sido ouvida

A liberdade de imprensa em Hong Kong, Macau e interior da China deteriorou-se em 2015, concluiu um novo relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). “A Liberdade de imprensa na China, Hong Kong e Macau deteriorou-se ainda mais em 2015, com o Partido Comunista Chinês (PCC) a usar de todos os meios à sua disposição para controlar a imprensa”, refere o relatório da FIJ.
Sobre Macau, o relatório refere um caso ocorrido a 15 de Março, em que um jornalista foi afastado por seguranças durante uma cerimónia de inauguração de uma exposição no casino MGM, quando tentava entrevistar responsáveis do Governo.
Outro incidente, reportado pelo All About Macau, remonta a 23 de Abril, quando profissionais da televisão MSTV foram bloqueados por pessoas não identificadas ao tentarem fazer a cobertura de um incêndio num dormitório da Universidade de Macau. A apreensão, a 21 de Maio, pelas autoridades do interior da China, de cerca de mil cópias de um livro lançado pelo activista Sulu Sou, antigo presidente da Associação Novo Macau, é também referida no relatório.

Credibilidade em causa

Contactado pela Rádio Macau, o presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês, João Francisco Pinto, rejeitou as conclusões do relatório. “Temos de lamentar que, uma vez mais, a FIJ produza um relatório sobre liberdade de imprensa em Macau sem ouvir todas as associações representativas do sector e dos jornalistas que trabalham em Macau. Já o ano passado esta crítica foi feita da nossa parte. A FIJ produz um relatório sem ouvir todas as pessoas envolvidas. Portanto, penso que isto coloca em causa a qualidade do relatório e a credibilidade do que é apresentado neste estudo”, apontou.
O também director de informação da Teledifusão de Macau referiu que “não se devem confundir opções editoriais e orientações editoriais de órgãos de comunicação social com diminuição da liberdade de expressão ou da liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa é um valor que tem sido integralmente respeitado quer pelo poder político, quer pelo poder económico em Macau”, reiterou.

Aqui ao lado

Em relação a Hong Kong, o documento também prevê maiores pressões na cidade, que irá ter eleições legislativas este ano e escolher o próximo chefe do Executivo em 2017. “Atendendo a que Hong Kong vai a eleições no próximo ano, o partido está também a usar a sua considerável riqueza para consolidar a sua influência na região”, acrescenta.
Entre outras situações referentes a 2015, o relatório refere o caso do incêndio na casa do magnata da comunicação social de Hong Kong Jimmy Lai, e na sede da sua empresa Next Media, que publica o jornal Apple Daily.
Outro caso diz respeito ao jogo de qualificação para o Mundial 2018 disputado entre a China e Hong Kong, em que, segundo o Apple Daily, jornalistas foram detidos pela polícia durante três horas e acusados de “jornalismo ilegal”.
“A polícia também pediu para eles escreverem uma carta de arrependimento. Outros jornalistas queixaram-se que tinham sido identificados e levados pela polícia assim que chegaram ao estádio da cidade chinesa de Shenzhen”, acrescenta o documento.
O relatório do ano passado alertava para “as jogadas de bastidores”, numa altura em que as tensões permaneciam elevadas em Hong Kong, após mais de dois meses de ocupação das ruas no final de 2014, em protesto em prol do sufrágio universal.
Ken Tsang, um activista pró-democracia que foi alegadamente espancando pela polícia durante estes protestos, numa agressão captada pelas câmaras de televisão, disse na quinta-feira, após uma audição em tribunal, que a situação relativamente às ameaças às liberdades em Hong Kong era “terrível”.
O relatório da FIJ, apresentado no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, indica que as perspectivas para 2016 para o interior da China são “piores”. As autoridades chinesas detiveram e pressionaram jornalistas, recorreram a confissões forçadas difundidas na televisão e a outros métodos, limitando e influenciando o jornalismo, refere o relatório.

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