SociedadeHotel Estoril | Retirada do painel de azulejos satisfaz a população Leonor Sá Machado - 14 Set 201521 Ago 2018 A maioria das pessoas que opinou acerca do destino do Hotel Estoril está a favor do reaproveitamento do local em prol dos jovens e da cultura, mas quis mesmo banir os azulejos da fachada, como anunciou Alexis Tam na semana passada. E tudo devido ao Feng Shui [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s resultados da consulta pública sobre o destino do edifício do antigo Hotel Estoril mostram que o Governo ouviu a maioria das pessoas quando decidiu, na semana passada, retirar o painel de azulejos do edifício. A maioria disse querer que o local seja reaproveitado enquanto centro recreativo para os jovens, mas representantes da área da Educação e vários jovens mostraram desagrado na manutenção do painel de azulejos da fachada. E tudo devido ao Feng Shui, filosofia de origem chinesa vastamente que determina sorte ou azar de acordo com o posicionamento de objectos, entre outras premissas. “Tanto o sector educativo como um número considerável de jovens manifestaram a sua discordância em relação à manutenção do painel após as obras de requalificação”, refere o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, em comunicado. Parte das opiniões expressaram igualmente vontade de retirar o painel de azulejos, recolocando-o num museu para apreciação dos turistas, sem que perturbasse o novo design e propósito do Hotel Estoril, “algo que o Governo também considera viável” e que já disse que iria fazer. Em declarações à imprensa, o responsável mostrou-se agradado com as opiniões expressas durante a consulta pública, uma vez que são conducentes com as do Governo. O edifício está abandonado há vários anos e a intenção é ali construir um centro de actividades culturais, recreativas e desportivas para os mais novos, lá integrando o Conservatório de Macau, “a fim de proporcionar um espaço favorável à educação nas artes para os jovens locais, assim como para o seu desenvolvimento físico e mental”. Há espaço para todos O Conservatório não vai apenas servir para os alunos inscritos nas aulas desta escola, mas também para actividades musicais dos residentes ou associações. Serão ainda, “de acordo com as estimativas preliminares técnicas” do Secretário, criados mais mil lugares de estacionamento num auto-silo de três andares, de forma a facilitar o tráfego automóvel naquela zona. “É de acreditar que de entre outros planos de requalificação, este será o mais adequado e vantajoso em termos de benefícios sociais e maior bem-estar para a população”, destaca o Gabinete. A piscina, no entanto, será reconstruída, uma vez que a sua arquitectura está, na opinião do Governo, “ultrapassada”, e as suas instalações “muito envelhecidas e danificadas”, razão pela qual se vai optar pela transformação do local numa piscina que esteja aberta 365 dias por ano. A ideia não é nova, mas só agora o plano se torna mais concreto. “Nem a distribuição de espaços nem as suas instalações conseguem satisfazer as exigências modernas e assim, entende-se necessário a transformação do local numa piscina que esteja aberta durante todo o ano, permitindo aos cidadãos usufruir de uma instalação desportiva com condições de qualidade”, aponta o comunicado, notando que a piscina tem já 63 anos de existência. Nas mesmas declarações, o Secretário afastou a possibilidade de ali ser construído um museu de Jogo de fortuna ou azar, como algumas opiniões sugeriram. Isto porque, de acordo com Alexis Tam, o local foi abandonado enquanto albergava um casino, salas de sauna, dança, karaoke e hotel. O mesmo comunicado ressalta a opinião, que diz ser de “um reputado arquitecto local”, do edifício ter já perdido a “sua alma e carácter” por estar muito danificado. Alexis Tam confirmou que foram já realizadas 20 reuniões com vários sectores sociais, incluindo sessões de auscultação pública. As opiniões restantes serão analisadas depois do próximo dia 20. Pedida classificação como património Uma actividade de recolha de assinaturas a favor da classificação do antigo Hotel Estoril como património cultural foi convocada por uma associação local de planeamento urbanístico. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, defende que “respeita a ideia”. A associação chama-se Root Planning e lançou a actividade numa página do Facebook até ao dia 17 deste mês, sendo que a petição da classificação do antigo Hotel Estoril como património cultural será depois entregue ao Instituto Cultural (IC). “De acordo com a Lei da Salvaguarda do Património Cultural, cada residente de Macau pode apresentar a sua sugestão de classificação de património. A Root Planning já elaborou um documento de justificação do pedido, esperamos que os interessados concordem e assinam a petição [para depois fazermos algo]”, disse ao Jornal Ou Mun Alexis Tam. O Secretário mostrou-se satisfeito com a atitude da associação e diz que já pediu ao IC atenção ao caso.