Hoje Macau China / ÁsiaInternet | Wikipédia não cederá nos seus princípios para entrar na China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fundador do Wikipédia, Jimmy Wales, advertiu ontem, em Taiwan, que a enciclopédia electrónica “não cederá nos seus princípios” para entrar na China, mas que continuará a “colaborar com o Governo chinês para terminar o bloqueio”. Lançada em Maio de 2001, a versão em chinês do Wikipédia está bloqueada na China desde 3 de Junho de 2004, um dia antes do 15.º aniversário da sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen. Segundo Wales, muitas empresas cederam perante exigências de Pequim para acederem ao mercado chinês, mas o Wikipédia “nunca o fará”, apesar de reconhecer que esta é uma decisão “complicada” e difícil de classificar como “correcta ou incorrecta”. O fundador do Wikipédia destaca que a sua empresa pode contribuir para um entendimento maior entre a China e o mundo, incluindo para uma melhoria dos laços entre Pequim e Taipé, já que o “conhecimento ajuda a resolver mal-entendidos”. “O conhecimento e a aceitação dos factos históricos e a compreensão dos desacordos são incrivelmente poderosos para gerar soluções”, afirmou. Wales participa em Taiwan do Fórum de Inovação Digital, que se celebra até sexta-feira e aborda a inteligência artificial, tecnologia científica e financeira e a inovação digital.
Hoje Macau China / ÁsiaChina cria o seu próprio Wikipedia, mas cibernautas não podem escrever ou editar [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a compilar a sua própria enciclopédia ‘online’, que rivalizará com o Wikipedia, mas deverá apresentar a versão oficial dos acontecimentos históricos sensíveis, não permitindo aos cibernautas escrever ou editar as páginas. No “Wikipedia chinês”, apenas académicos e especialistas seleccionados pelas autoridades poderão adicionar ou alterar informação, em mais um esforço do regime chinês para controlar o conteúdo disponível na Internet. Os académicos afirmam, no entanto, que são guiados apenas pela verdade e rigor e que, em caso de haver diferença de opinião, esta deve ser resolvida por um comité, segundo Zhang Baichun, editor chefe da secção de história da ciência e tecnologia. “Claro, a ciência não provém de uma votação democrática. Para convencer os outros, terás que apresentar provas incontestáveis”, disse à agência Associated Press. Manual de instruções A elaboração de 300.000 páginas nas áreas da ciência, literatura, política e história é directamente gerida pelo departamento central de propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC), que guia a opinião pública do país através de instruções dadas à imprensa, firmas da Internet e ao sector editorial, para além de supervisionar a educação. Pequim tem-se esforçado por controlar a opinião pública perante o ‘boom’ do número de cibernautas do país – são já mais de 700 milhões -, que podem comentar notícias e informação sensível ou difundir fotografias de protestos nas redes sociais. Ferramentas como o Google, Dropbox e Youtube, ou as redes sociais Facebook e Twitter estão bloqueadas no país. A versão em chinês do Wikipedia está também censurada no país. Jiang Lijun, editor-chefe da Encyclopedia of China Publishing House, empresa contratada pelo Governo para fazer a enciclopédia ‘online’, revelou que haverá páginas sobre líderes políticos e sobre a história do PCC. Jiang recusou, porém, comentar como são retratados eventos como a Revolução Cultural, ou a sangrenta repressão dos protestos pró-democracia em Tiananmen. Qiao Mu, um analista independente sediado em Pequim, afirmou que a enciclopédia chinesa será “muito diferente” do Wikipedia, devido à necessidade de estar em concordância com a versão oficial do Governo. “Se não quiser ser bloqueado na China, o editor terá que aceitar a censura, seja através de autocensura ou censura pelas autoridades”, afirmou.