China acelera exportação de vacinas

A China espera aumentar a produção das suas vacinas para 2.000 milhões de doses, este ano, e 4.000 milhões, até 2022, um plano ambicioso que visa converter o país no maior fornecedor das nações em desenvolvimento. Citado pela imprensa local, o presidente da Associação da Indústria das Vacinas da China, Feng Duojia, estimou que os 4.000 milhões de doses vão cobrir até 40% da procura global.

A China já distribuiu doses das suas vacinas em 22 países em desenvolvimento e prestou assistência a 53, número que continuará a crescer, à medida que Pequim fechar mais acordos com países africanos, segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O laboratório estatal Sinopharm já distribuiu 43 milhões de doses da sua vacina, entre as quais 34 milhões foram administradas no país asiático, cuja campanha de vacinação está reduzida, por enquanto, a inocular grupos considerados de alto risco de infeção, segundo a cadeia de televisão CCTV.

As vacinas desenvolvidas pela Sinopharm e também pelas chinesas Sinovac e CanSino estão a ser utilizadas já em África, Sudeste Asiático e América Latina, enquanto na Europa só chegaram à Sérvia e à Hungria. A capacidade de produção da China e a rapidez na distribuição das vacinas têm seduzido a América Latina, onde mais de uma dezena de países já receberam ou aguardam as primeiras doses.

Mais de 190.000 doses da vacina Sinovac chegam ao Uruguai esta semana, e mais de um milhão e meio vão estar disponíveis, a partir de 15 de março, informou o Presidente do país sul-americano, Luis Lacalle Pou. No México, já estão disponíveis 200.000 vacinas daquela empresa, que vão ser aplicadas, na sua totalidade, no município de Ecatepec. A República Dominicana vai receber 768 mil doses. A Colômbia acabou de receber um segundo lote, de 192 mil doses, da Sinovac, e a Bolívia aguarda a chegada de meio milhão da Sinopharm, que também acaba de ser autorizado na Argentina. Países como Brasil ou o Peru também administram vacinas chinesas.

Tratam-se de vacinas “inactivadas”, o que significa que carregam uma versão geneticamente alterada do vírus que o impede de se reproduzir e desenvolver a doença, mas que gera uma resposta imunológica no organismo.

A China também entregou 10 milhões de doses das suas vacinas ao mecanismo Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fornecer vacinas anti-Covid aos países em desenvolvimento. “Cerca de 27 países, a maioria deles em desenvolvimento, mostraram interesse em importar vacinas chinesas. Alguns já receberam remessas. No total, a China está a fornecer ajuda a 53 países em desenvolvimento e continuará a fazê-lo da melhor maneira possível”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin.

A imprensa oficial chinesa foi mais assertiva: “As vacinas chinesas tornaram-se uma fonte confiável para muitos países no combate à pandemia. A China está a cumprir com a sua palavra de tornar as vacinas um bem público comum e distribuído de forma justa e equitativamente”, apontou, em editorial, a agência noticiosa oficial Xinhua.

A campanha chinesa gerou reações na Europa. O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, disse na semana passada que a China lançou uma “diplomacia de vacinas”, para aumentar a sua influência, especialmente nos países africanos, e alertou que “tirar fotos de vacinas em aeroportos não significa ter uma política de vacinação”. O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, destacou que a pandemia se tornou um “momento geopolítico” em que alguns países estão a distribuir doses com objetivos políticos, o que pode ter “enormes consequências para o nosso futuro”.

24 Fev 2021

Covid-19 | Japão inicia vacinação a menos de seis meses do início de Jogos Olímpicos

O Japão começou hoje a administrar a vacina contra a covid-19, prevendo imunizar toda a população no prazo de um ano, numa altura em que faltam menos de seis meses para o início dos Jogos Olímpicos.

As primeiras doses da vacina desenvolvida pela Pfizer, a única até agora aprovada no Japão, foram administradas no Centro Médico de Tóquio, no distrito de Meguro, estando previsto alargar a vacinação a uma centena de centros de saúde em todo o país na próxima semana.

A primeira pessoa a receber a vacina foi o director do centro médico, Kazuhiro Araki, que se voluntariou para servir de exemplo e encorajar outros a vacinar-se, disse às televisões. Um total de 12 médicos e enfermeiros foram vacinados no dia do arranque da campanha.

O Japão, um país céptico em relação a vacinas desenvolvidas fora do país, após campanhas anteriores terem tido graves efeitos secundários, está a iniciar a vacinação contra a covid-19 mais de dois meses após o Reino Unido, pioneiro mundial, e a cerca de cinco meses da abertura dos Jogos Olímpicos.

Tanto o Governo japonês como o comité organizador sublinharam que os Jogos Olímpicos, cuja realização tem sido questionada, devido à pandemia, serão realizados dentro do prazo previsto, a partir de 23 de Julho.

“Não estou a ter em conta os Jogos Olímpicos”, disse o ministro responsável pela vacinação, Taro Kono, durante uma conferência de imprensa na véspera do início da campanha, sublinhando que a prioridade do Governo é completar a imunização sem sobressaltos.

O Japão deu luz verde à vacina da Pfizer no domingo, um atraso em relação a outras grandes potências, devido em parte ao intrincado processo de aprovação, que requer estudos clínicos com japoneses.

O país recebeu até agora vacinas suficientes para as duas doses necessárias para 193.050 pessoas, assumindo que as injeções são administradas com agulhas especiais que aproveitam ao máximo o conteúdo da ampola (seis doses), e das quais o país tem falta. As seringas habitualmente usadas no país só conseguem extrair cinco doses.

“Temos agulhas suficientes para vacinar todos os 40.000 trabalhadores de saúde, mas estou determinado a obter agulhas suficientes para toda a vacinação”, disse Kono. O Ministério da Saúde japonês estabeleceu como objectivo completar a campanha de imunização da população, de 126 milhões de pessoas, em cerca de um ano.

O primeiro grupo a receber a vacina integra 40.000 médicos e enfermeiras da linha da frente na luta contra a pandemia, que vão também avaliar os possíveis efeitos das duas inoculações necessárias. Seguir-se-ão, em março, cerca de 3,7 milhões de pessoas ligadas ao setor de saúde e cerca de 36 milhões com mais de 65 anos.

A etapa final, que abarcará a população em geral com mais de 16 anos, só deverá arrancar no final de Junho ou Julho, quando está previsto o início de Tóquio2020.

O Japão chegou a um acordo com três empresas farmacêuticas, Pfizer, Moderna e a britânica AstraZeneca, para fornecer doses suficientes para toda a população e dispor de reservas, pelo que por agora excluiu a aquisição de vacinas desenvolvidas por outras empresas.

O Japão enfrentou a terceira vaga da pandemia de covid-19 este inverno e mantém activados os níveis de alerta, embora tenha registado muito menos infecções em comparação com outras grandes economias.

Nos últimos dias, o país tem registado entre 1.300 a 1.400 novos casos diários e, no total, contabiliza cerca de 418 mil infeções e 7.139 mortes desde o início da pandemia, de acordo com a contagem independente da Universidade norte-americana Johns Hopkins.

17 Fev 2021

Vacinas covid-19 | Fidelidade orgulha-se de contrato com o Governo

A seguradora Fidelidade Macau diz estar honrada por ter sido escolhida pelo Governo para o seguro relativo às reacções adversas ou efeitos secundários de administração de vacinas contra a COVID-19. A posição foi tomada ontem por Paulo Barbosa, CEO da Fidelidade Macau, em comunicado.

“A protecção de vidas e o bem-estar das pessoas sempre foram as nossas principais competências, salvaguardando a estabilidade da sociedade de Macau. Esta oportunidade de fornecer esta cobertura à população de Macau enche-nos de honra, mas também de um maior sentido de responsabilidade e compromisso para com todos os cidadãos nestes tempos de mudança”, afirmou Paulo Barbosa.

De acordo com os moldes do contrato entre o Governo e a empresa, o montante máximo segurado por pessoa abaixo dos 70 anos é de um milhão de patacas. Para as pessoas com mais de 70 anos, o montante é reduzido em 50 por cento. O período de cobertura será de 90 dias após cada vacinação.

11 Fev 2021

Covid-19 | Macau em busca da imunidade de grupo no arranque da vacinação

Quase todos os altos dirigentes de Macau foram ontem vacinados, com Ho Iat Seng a dar o exemplo. Todos os secretários do Governo, à excepção de André Cheong, tomaram a vacina, assim como o comissário contra a Corrupção e o procurador-geral. O objectivo é a imunidade de grupo, algo que poderá ser alcançado com a inoculação de metade da população

 

“Em termos físicos não senti nada de novo, sinto-me normal.” Assim foi a primeira reacção de Ho Iat Seng, após a toma da vacina da Sinopharm. O Chefe do Executivo foi primeiro, num dia que marca um virar de página no combate à pandemia da covid-19.

Apesar das orientações que ditam que se espere três a quatro semanas para receber a segunda dose da vacina, as reuniões da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e da Assembleia Popular Nacional, em Pequim, vão adiantar o calendário da segunda dose para Ho Iat Seng, algo que deve acontecer no final deste mês, antes de partir para a capital. “Como vou estar em Pequim tenho de receber a vacina”, explicou.

O líder político da RAEM frisou à comunicação social, que encheu ontem os serviços de urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que a vacinação é voluntária, apesar do incentivo das autoridades.

Quanto ao potencial papel transformador da inoculação na economia local, Ho Iat Seng afirmou que “o objectivo principal é garantir a saúde da população”, mas que também é importante ter “conjuntura e bom ambiente para podermos desenvolver a economia”.

“Fomos uma das primeiras cidades a conseguir estas vacinas para a população, no final deste mês vamos ter mais doses. Algo que não seria possível sem o apoio do Governo Central. A vacina é, sem dúvida, a maior salvaguarda da saúde pública”, comentou.

Ontem ficou-se a saber que não existem limites de idade para a toma do fármaco. Novidade que implica a actualização do despacho do Chefe do Executivo que regula o programa de vacinação. Apesar de ainda faltar enquadramento legal, Ho garantiu não se estar a proibir a inoculação de pessoas com mais de 60 anos, algo que “cabe a cada um decidir, consoante” a sua própria vontade.

Governo a uma voz

A mensagem que foi passada ontem não deixa margem para dúvidas: a vacina é segura e todos a devem tomar para criar uma barreira imunitária.

Entre as mais 50 pessoas que tomaram a vacina na cerimónia pública, além de Ho Iat Seng, contaram-se os secretários para a Economia e Finanças, Assuntos Sociais e Cultura, Segurança e Transporte e Obras Públicas, o director Geral dos Serviços de Alfândega, o comissário contra a Corrupção, o procurador do Ministério Público, o comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários e o director dos Serviços de Saúde.

Só faltou o secretário para Administração e Justiça, porque alguém tinha de ficar a trabalhar, brincou o Chefe do Executivo durante a conferência de imprensa.

Nesta cerimónia foram ainda vacinados representantes do pessoal da linha de frente (profissionais de saúde, bombeiros, polícias, etc), os grupos com alto risco de exposição ocupacional (profissionais de aviação e transportes públicos, trabalhadores expostos a alimentos de cadeia de frio e alimentos frescos, professores e alguns funcionários dos casinos) que fizeram inscrições ‘online’ voluntárias.

Os restantes residentes podem inscrever-se, de forma voluntária, e o processo de vacinação arrancará gratuitamente no dia 22 de Fevereiro no hospital público e nos centros de saúdes.

Na fila de espera para tomar a vacina, no Centro Hospitalar Conde de São Januário, alguns médicos assistiam, sorridentes, em directo, através dos telemóveis, o momento em que era administrada a vacina ao chefe do Executivo.

O subchefe do Corpo de Bombeiros, Lai Hoi Man, enquanto aguardava a sua vez, descreveu o que sentiu. “Sinto-me honrado por ser vacinado, muitos dos meus colegas do Corpo de Bombeiros vão participar no programa de vacinação. Agradeço ao Governo e ao país por nos dar prioridade na vacinação”, afirmou. O soldado da paz referiu ainda não ter receios de reacções adversas e argumentou que as vacinas têm a taxa de protecção de 80 por cento, algo que o deixa tranquilo. “É uma segurança para mim, a minha família, e para a população de Macau”, testemunho.

À semelhança do bombeiro, Tam Pek Choi, subcomissária dos Serviços de Alfândega, em virtude das suas funções, está em contacto permanente com muitas pessoas. Além disso, passam pela sua supervisão contentores de produtos frios importados.

“Não estou preocupada com efeitos secundários, porque tenho confiança na pátria. Inscrevi-me na vacinação assim que tive oportunidade, porque estou na linha frente. Vou incentivar a minha família para serem vacinados, porque nós precisamos de nos proteger”, comentou ao HM.

Fiéis à Fidelidade

“Proteger-se a si mesmo, proteger a família, proteger Macau”, deu assim o mote, a secretária para Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, minutos antes de tomar a vacina. O objectivo do lançamento do programa de vacinação em Macau, frisou, é “criar uma barreira imunológica da sociedade, proporcionando uma maior protecção à vida e à segurança da população”, cabendo ao Governo mostrar a confiança junto do público.

A secretária foi confrontada com a escolha da seguradora que vai cobrir eventuais reacções adversas à vacina, a Fidelidade Macau, uma vez que esta é detida pela Fosun, a empresa responsável pela importação para a China da vacina que está neste momento a ser administrada, e que é dona da empresa que produz a segunda vacina a chegar a Macau. Na óptica de Elsie Ao Ieong, o facto de haver uma ligação empresarial pode ser benéfico, porque a proximidade faz com que “compreendam muito melhor a vacina”, aumentando a confiança do público.

A secretária recordou ainda que o desafio de criar o seguro para cobrir reacções adversas e efeitos secundários foi lançado a 25 empresas e que houve um processo de selecção antes da escolha pela Fidelidade Macau.

O tempo e o espaço

Também após tomar a vacina, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, apelou à imunização da população e apontou estudos que garantem que esta pode ser atingida com cerca de 50 por cento da população vacinada.

O responsável adiantou que, até ontem, cerca de metade do pessoal médico de Macau estava registado para tomar a vacina, mas que a maioria do pessoal da linha da frente só será vacinado depois do ano novo chinês.

As questões logísticas do programa foram também abordadas pelo, com Lei Chin Ion a assegurar que vão ser disponibilizados mais locais para vacinação no futuro. Porém, o director dos Serviços de Saúde alertou para os desafios de organização do programa de vacinação, muito mais complexo que as exigências para realizar o teste de ácido nucleico.

“Depois de tomar a vacina é preciso uma observação de 30 minutos devido a eventuais reacções adversas. Além disso, antes da toma, o interessado tem de assinar um termo de consentimento. Por isso, é preciso um espaço com condições suficientes, além da necessidade de presença de uma equipa médica para tomar conta da pessoa se tiver reacções adversas”, alertou o Lei Chin Ion. O responsável afirmou ainda que não tem certezas se as instalações da MUST e Kiang Wu tem condições de espaço e disponibilidade para a vacinação.

Além da vacina da Sinopharm, o Governo de Macau deu “luz verde” também à compra da vacina de mRNA da Pfizer e BioNTech, comercializada na China pela empresa Fosun, e da AstraZeneca. Por outro lado, participa ainda no plano global de aquisição coletiva promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI), para aquisição de algumas vacinas.

10 Fev 2021

Covid-19 | Primeiro lote de 100 mil vacinas chegou ao território no sábado

Após 30 horas de viagem pelo Interior, as vacinas do Grupo Sinopharm chegaram finalmente a Macau. Segundo o Governo, a vacinação arranca já amanhã e Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde, prometeu, como sinal de confiança, ser a primeira pessoa vacinada no território contra a covid-19

 

As primeiras vacinas contra a covid-19 chegaram no sábado e o processo de inoculação vai arrancar amanhã, com foco no grupo dos profissionais de saúde. O momento da chegada do produto do Grupo Sinopharm foi assinalado com uma cerimónia que contou com a presença da secretária para os Assuntos Sociais e Cultural, Elsie Ao Ieong U, do director dos Serviços de Saúde (SSM), Lei Chin Ion, e ainda da vice-directora do Gabinete de Ligação, Yan Zhichan.

Os produtos chegaram a Macau após uma viagem com uma duração superior a 30 horas, e foram transportados num camião que à chegada ao território apresentava as seguintes inscrições: “Operação Logística da Nam Kwong” e “Chegada a Macau com sucesso do primeiro lote de vacinas nacionais”.

O estilo da faixa no camião, com letras douradas sobre vermelho, muito frequentemente utilizado para transmitir mensagens políticas por parte de instituições oficiais e empresas estatais do Interior, ficou a cargo do Gabinete de Ligação e do Grupo Nam Kwong. Isto porque de acordo com o comunicado emitido pelo Governo da RAEM, o processo foi realizado com o “forte apoio do Governo Central” e o transporte contou com a “total cooperação” do Gabinete de Ligação e da empresa estatal com forte presença em Macau, a nível de distribuição não só de alimentos, mas também de combustíveis.

Após a chegada do camião, foi realizada a operação de entrega, que teve início com uma inspecção das vacinas realizada pelo Departamento dos Assuntos Farmacêuticos dos SSM. De seguida, Fu Jianguo, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Nam Kwong, e Lei Chin Ion assinaram os documentos acusando a recepção. O processo ficou terminado por volta das 14h45.

O primeiro

Após a cerimónia de entrega das vacinas, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, prometeu ser o primeiro vacinado com a injecção do grupo Sinopharm. O compromisso foi deixado, segundo o jornal Ou Mun, após os jornalistas terem insistido na pergunta sobre quem seria a primeira pessoa vacinada na RAEM. A questão fez, num primeiro momento, Lei Chin Ion ficar calado e sorrir, mas o silêncio foi interrompido com uma resposta sem margem para dúvidas: “A decisão é minha, e vou ser eu o primeiro a ser vacinado!”, prometeu.

Antes de se ter comprometido a tomar a primeira vacina, Lei Chin Ion explicou a situação da compra, deu alguns pormenores e transmitiu ainda uma mensagem de confiança sobre a segurança da vacinação.

De acordo com a explicação, o primeiro lote de vacinas vai permitir abranger 50 mil pessoas, uma vez que cada pessoa tem de ser vacinada com duas das 100 mil doses do produto da Sinopharm, que as autoridades dizem ter uma taxa de eficácia de cerca de 80 por cento.

Na primeira fase, a vacinação vai estar disponível apenas para o pessoal médico, que além do hospital e clínicas públicas inclui igualmente os trabalhadores do Hospital Kiang Wu, Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia, clínicas privadas e ainda funcionários dos centros de reabilitação da Federação das Associações dos Operários de Macau.

Ainda de acordo com as declarações de Lei Chin Ion, a partir de terça-feira as vacinas vão estar disponíveis principalmente para os profissionais de saúde que trabalhem nas urgências. Uma vez que a vacinação é voluntária, facto que tem sido sublinhado várias vezes pelas autoridades, persistem dúvidas sobre se haverá uma adesão em número elevado. Contudo, segundo o director dos SSM, mais de metade dos colegas de trabalho apontaram “não ter problemas” com a questão de serem vacinados. Este aspecto foi realçado por Lei, que indicou ainda que deve ser o pessoal de saúde a liderar pelo exemplo.

Custos de 350 milhões

Anteriormente foi tornado público que Macau vai importar três tipos de vacinas, as Sinopharm que chegaram no sábado, as BioNTech, desenvolvidas pela fabricante alemã em conjunto com a americana Pfizer, e ainda a AstraZeneca. Os primeiros lotes da BioNTech devem chegar até ao final do mês ao território, quanto ao produto da AstraZeneca prevê-se que a chegada ocorra entre Julho e Setembro.

No sábado Lei Chin Ion recusou entrar em detalhes sobre os preços por unidade das vacinas, por reconhecer que os pagamentos às diferentes fabricantes são diferentes. No entanto, avançou que vão chegar a Macau 1,4 milhões doses de vacinas contra a covid-19 com um preço aproximado de 350 milhões de patacas.

Além disso, o Governo tem estado a trabalhar na compra de seguro para quem seja inoculado. Depois de ter pedido a diferentes seguradoras propostas de preços para este processo, o Executivo vai agora tomar uma decisão. O esquema do seguro ainda não é conhecido, mas Lei Chin Ion afirmou que vai ser revelada esta tarde, durante a habitual conferência de imprensa semanal sobre o desenvolvimento da pandemia.

 

Tipos de vacinas disponíveis

Fabricante: Sinopharm BioNTech (Desenvolvida com Pfizer) AstraZeneca

Eficácia: 80 por cento Superior a 90 por cento Superior a 70 por cento

Chegada: Disponíveis Até ao final do mês Entre Julho e Setembro

Idade: Maiores de 18 e menores de 60 anos Maiores de 16 anos Maiores de 19 anos

Nota: A maior parte da informação da tabela foi disponibilizada pelo Governo

8 Fev 2021

Covid-19 | Farmacêutica Sinovac solicita autorização na China para comercializar vacina

A farmacêutica chinesa Sinovac solicitou à Administração Nacional de Produtos Médicos da China “autorização comercial condicional” para a sua vacina contra a covid-19, designada CoronaVac, informou hoje a empresa em comunicado.

Segundo a nota, o antígeno já foi fornecido a “dezenas de milhares de pessoas na China” como parte de um programa de uso de emergência, lançado em julho passado, e que visou grupos específicos com alto risco de infeção.

“Catorze dias após a vacinação das duas doses, a taxa de eficácia está de acordo com os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as diretrizes para avaliação clínica de vacinas preventivas para a covid-19 emitidas pela Administração Nacional de Produtos Médicos”, assegurou a Sinovac.

“A vacina candidata foi testada em ensaios clínicos da fase 3, realizados fora da China. Os resultados preliminares desses testes mostraram um bom perfil de segurança para a vacina”, acrescentou a empresa.

Os ensaios revelaram diferentes taxas de eficácia para a vacina da Sinovac: na Turquia, os testes revelaram uma eficácia de 91,25%, na Indonésia, de 65,3%, e no Brasil de 50,4%.

No mês passado, as autoridades chinesas autorizaram, pela primeira vez, o uso comercial de uma vacina contra a covid-19, desenvolvida pela farmacêutica Sinopharm e pela sua subsidiária, o Instituto de Produtos Biológicos de Pequim.

A China está a executar uma campanha de vacinação que visa imunizar 50 milhões de nacionais, antes da chegada do Ano Novo lunar, em 12 de fevereiro.

Desde o início da pandemia, 89.649 pessoas ficaram infectadas na China, tendo morrido 4.636 doentes. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.253.813 mortos resultantes de mais de 103,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

4 Fev 2021

Governo espera primeira entrega das vacinas contra covid-19 até ao final da semana

A vacina da Sinopharm vai ser a primeira a chegar ao território e a vacinação deverá começar por volta do Ano Novo Chinês. Já o produto da BioNTech tem a chegada prevista para a segunda metade deste mês

 

As primeiras vacinas contra a covid-19 devem chegar a Macau esta semana e são produzidas pelas Sinopharm, farmacêutica chinesa. O anúncio foi feito ontem pelo médico Alvis Lo Iek Long, na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia, horas depois da secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, ter apontado que esperava que as vacinas chegassem até ao final do mês.

“Esta semana vão chegar as vacinas inactivadas [fabricadas pela chinesa Sinopharm], 100 mil doses, e na segunda metade do mês as vacinas mRNA [fabricadas pelo grupo BioNTech e Pfizer], e também vamos receber 100 mil doses”, afirmou Alvis Lo. “As vacinas de um vírus vector [AstraZeneca] começam a chegar no terceiro trimestre”, acrescentou.

Segundo as informações dos Serviços de Saúde, a vacina produzida pela Sinopharm tem uma taxa de prevenção que pode chegar aos 80 por cento e apenas será fornecida a pessoas com idades entre os 18 anos e os 60 anos.

Quanto à vacina da BioNTech, que na China é importada através de uma parceria com o grupo Fosun, tem uma taxa de prevenção superior a 90 por cento e vai estar disponível para pessoas com idade superior a 16 anos.

Na primeira fase, as vacinas estão disponíveis para o pessoal que está na linha da frente do mecanismo de resposta à pandemia, como médicos, polícias ou bombeiros. O grupo de profissionais de alto risco de exposição, como condutores de transportes públicos, trabalhadores da aviação ou pessoas que trabalham na cadeia de alimentos frios, encontram-se igualmente entre os prioritários. Ainda na primeira fase, a vacina vai estar disponível para as pessoas que precisam de se deslocar para zonas de alto risco. Ninguém vai ser obrigado a ser vacinado.

Vacinação no Ano Novo

Apesar da vacina chegar até ao final da semana, a vacinação só deve arrancar mais tarde, por volta do Ano Novo Chinês, que se celebra a 12 de Fevereiro. A data ainda não está escolhida: “Quando falamos do processo de vacinação, não se trata apenas de comprar as vacinas. Temos de preparar muitas coisas, fazer inscrições, definir os factores de prioridade, entre outros. Há muitos factores, mas vai ser dentro do período do Ano Novo Chinês”, esclareceu Alvis Lo.

Até ao momento, Macau regista 46 casos de covid-19, mas tem apenas um activo, que foi importado do estrangeiro. Ontem foi feito um ponto de situação do estado de saúde da pessoa infectada. “Há um paciente em internamento médico. […] Tem febre baixa, mas não apresenta pneumonia. Está estável”, foi indicado.

Além do paciente infectado, encontram-se ainda oito pessoas a cumprir isolamento por contacto próximo, e até ontem nenhuma tinha testado positivo nos testes de despistagem da covid-19.

Sem testes anais… para já

O Governo afastou ontem a possibilidade de começar a testar a população pela via anal. A pergunta foi colocada ontem na conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia, e os responsáveis explicaram que para já não está nos horizontes recorrer a este método.

“Sobre o teste anal de covid-19, temos de considerar o seguinte: a eficácia, a conveniência e o grau de satisfação da população. Até agora não temos a intenção de introduzir este tipo de teste”, afirmou Alvis Lo. “ Se no futuro houver a necessidade, vamos introduzir, mas até agora não temos a intenção”, acrescentou.

Site para agendar vacinação já está online

Apesar de ainda não ter sido anunciada uma data para o início do agendamento da vacinação, a plataforma já está online e pode ser consultada, na versão em língua portuguesa, através do portal: https://app.ssm.gov.mo/rnavacbooktest/Booking?lang=pt. Além do utilizador necessitar de dar o consentimento para proceder à vacinação, é indicado que em caso de erro na introdução do número do Bilhete de Identidade de Residente as pessoas podem ser obrigadas a fazer uma nova marcação. O sistema funciona ainda com recurso a mensagens de SMS, para confirmar a marcação.

2 Fev 2021

Covid-19 | Lei Chin Ion antecipa que predisposição inicial para a vacina não será alta

Lei Chin Ion espera que a vontade dos residentes em serem vacinados, numa fase inicial, seja afectada por notícias negativas. Os Serviços de Saúde alertam que é “determinante” a criação de uma barreira imunológica em Macau

 

O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, não está optimista com a adesão da população na fase inicial da vacinação. Em reunião plenária do Conselho para os Assuntos Médicos, revelou que espera que a disposição dos residentes para a vacinação “possa ser afectada por algumas notícias negativas”, nomeadamente efeitos secundários ou alergias. Assim, antecipa que a predisposição para que lhes seja administrada a vacina “não será elevada”. A informação foi avançada em comunicado dos SS.

“Se a taxa geral de vacinação em Macau não for ideal, não será possível criar uma barreira imunológica o que é determinante para o território”, alerta a nota, acrescentando que até ao momento não se registaram alergias ou efeitos negativos graves na vacinação.

Lei Chin Ion observou que a pandemia ainda é “muito grave” pelo mundo e que os serviços médicos “estão a enfrentar testes e desafios sem precedentes”. Além disso, apelou aos membros do Conselho façam uso do seu conhecimento para promoverem a vacinação contra novo tipo de coronavírus.

Antes da pandemia, a Organização Mundial de Saúde incluiu a relutância em receber vacinas, independentemente destas estarem disponíveis, como uma das ameaças à saúde global em 2019. Por outro lado, com o aparecimento do novo tipo de coronavírus surgiram também preocupações com a propagação de informação falsa.

Redes sociais e notícias falsas

Em Dezembro do ano passado, o Facebook anunciou que ia passar a remover alegações falsas sobre as vacinas contra a covid-19 que sejam identificadas por especialista em saúde pública. A rede social esclareceu que a medida podia abranger declarações sobre segurança, eficácia, segurança ou efeitos secundários. Como exemplo, indicou que iria remover declarações falsas sobre as vacinas conterem microchips.

No mesmo mês, o Twitter anunciou que ia passar a remover informação falsa sobre vacinação. Em causa estava informação falsa a sugerir que as vacinas são usadas para causar danos ou controlar a população, que tenham sido amplamente desmentidas em relação aos efeitos secundários, ou que apontem que as vacinas sejam desnecessárias por alegarem que o covid-19 não é sério ou real.

Telemedicina em lares

Na reunião do Conselho para os Assuntos Médicos foram abordados outros problemas que se revelaram durante a pandemia. “Por razões geográficas, o desenvolvimento da telemedicina em Macau encontra-se ainda em fase exploratória”, diz a nota, acrescentando que se prevê a realização de reuniões para analisar como desenvolver este ramo. Alguns membros do organismo sugeriram que a telemedicina deve ser testada primeiro nos lares de idosos.

Por outro lado, vários membros apresentaram opiniões sobre as regras de implementação do desenvolvimento profissional contínuo obrigatório (DPC), incluindo sugestões para a fixação de limites para os tipos de créditos das actividades, o reconhecimento de cursos online e financiamento na organização de formações e participação em conferências no exterior.

29 Jan 2021

Covid-19 | Trabalhadores e estudantes não residentes com direito a vacina gratuita

Os trabalhadores não residentes e alunos do exterior que estudem em Macau também vão ser incluídos na vacinação gratuita. A existência de um seguro para os vacinados é justificado com o facto de nada ser totalmente certo e de outros países e regiões terem também feito essa opção

 

A vacina contra a covid-19 também vai ser gratuita para os trabalhadores e estudantes não residentes, avançou ontem o médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), Alvis Lo Iek Long. O Governo já se tinha comprometido com uma vacina gratuita e voluntária para residentes. “Além de proteger os indivíduos, também pode criar uma imunidade colectiva. Daí que esses são os três grupos que incluímos no plano gratuito de vacinação. Isto já está confirmado”, afirmou o médico.

As primeiras doses de vacina deverão chegar a Macau até ao final de Março, mas ainda não há uma data mais precisa. Alvis Lo Iek Long defendeu que o Governo tem “uma atitude muito transparente” e que espera lançar o programa de vacinação o mais rapidamente possível.

Apesar de reconhecer que outros motivos podem levar as doses a chegar “um pouco tarde”, mantém-se a confiança de que o prazo vai ser cumprido. “Tudo está a correr bem. Claro que existe a possibilidade de [haver uma] força maior, mas também temos planos de contingência. Daí podermos concluir que teremos as vacinas (…) no primeiro trimestre”, respondeu.

Nenhuma das vacinas pode ser dada a menores de 16 anos. Além disso, não podem ser vacinadas mulheres grávidas, indivíduos com febre, bem como portadores de doenças crónicas no estágio agudo ou portadores de doenças agudas. Fica também excluído quem é alérgico a componentes da vacina.

Trabalhos preparativos

Entretanto, a página electrónica especial contra epidemias já tem informação sobre a vacinação e estão em curso preparativos. “Temos uma pagina electrónica para fazer a marcação da vacina. Podemos através do código QR aceder à pagina e depois fazer a marcação. Conforme o tempo e local marcado, podem deslocar-se para administrar a vacina. Também têm de aceitar ser avaliados e assinar o termo de consentimento”, explicou Leong Iek Hou, do Centro de Controlo e Prevenção da Doença.

A médica acrescentou que são necessárias duas doses, por norma administradas com quatro de semanas de intervalo. “Cerca de duas semanas após a vacinação, a maioria das pessoas podem desenvolver imunidade contra a covid-19”, observou.

O Governo está a estudar a aquisição de um seguro para quem for vacinado, com um custo estimado de 500 patacas, além de pagar o preço da vacina. A Autoridade Monetária de Macau está a dar apoio no processo.

Alvis Lo Iek Long frisou que nada é totalmente seguro e que a vacinação em massa é o melhor método para conter a epidemia, mas afasta que o seguro seja um motivo adicional para os cidadãos tomarem a vacina. “Para todo o mundo é uma novidade. Nos outros países ou regiões também há fundos de vacinação ou outros sistemas para garantir a compensação, se houver efeitos adversos após a vacinação”, acrescentou ainda Leong Iek Hou.

Afastada nova variante

As autoridades de saúde estimam que a paciente diagnosticada com covid-19 à chegada do voo vindo de Tóquio na semana passada estaria infectada há três semanas. O médico Alvis Lo Iek Long disse que a amostra recolhida revela que o vírus não é a nova variante do Reino Unido, Brasil ou África do Sul. De acordo com a análise realizada, estima-se que a paciente esteja já “na fase média ou final da infecção”. A residente mostrava sinais de bem-estar e não havia indícios de pneumonia.

APN e CCPCC | Vacinas a delegados de Macau administradas em Zhuhai

Os delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) e à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) estão a receber a vacina contra a covid-19 em Zhuhai para poderem participar nas reuniões destes organismos que acontecem em Pequim em Março. Segundo a TDM Rádio Macau, a iniciativa foi do Gabinete de Ligação e Vong Hin Fai, delegado e também deputado à Assembleia Legislativa foi um dos primeiros a ser vacinado num hospital de Zhuhai, na passada quarta-feira. Vong Hin Fai disse não ter sentido qualquer reacção adversa depois da toma da vacina, do laboratório da Sinopharm, adquirida por Macau.

26 Jan 2021

Covid-19 | China oferece 500 mil doses de vacina ao Paquistão

A China vai oferecer 500 mil doses de uma das vacinas contra a doença covid-19 desenvolvidas naquele país ao Paquistão, anunciou o chefe da diplomacia paquistanesa, Shah Mahmood Qureshi.

“O Paquistão manifesta grande apreço pelas 500 mil doses de vacina oferecidas pela China”, referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

Já em declarações à imprensa, o ministro frisou que Pequim prometeu a Islamabad que esta primeira entrega de meio milhão de doses seria gratuita e que iria chegar ao Paquistão antes do final do corrente mês.

A China também prometeu enviar ao Paquistão outra entrega, desta vez de um milhão de doses, antes do final do mês de fevereiro, acrescentou Shah Mahmood Qureshi, precisando que as autoridades paquistanesas já autorizaram o uso de emergência da vacina desenvolvida pela farmacêutica estatal chinesa Sinopharm.

Desde o diagnóstico do primeiro caso da doença covid-19 no país, em fevereiro de 2020, o Paquistão totaliza 527.146 casos e mais de 11.000 vítimas mortais.

Outros países asiáticos, como Filipinas, Camboja ou Myanmar (antiga Birmânia), já anunciaram doações de vacinas por parte de Pequim, uma ofensiva diplomática da China que já foi apelidada como “a diplomacia das vacinas”.

Em maio de 2020, durante a reunião anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que Pequim ia oferecer dois mil milhões de dólares (cerca de 1,64 mil milhões de euros) em assistência aos países afetados pela pandemia da covid-19, sobretudo aos mais pobres.

Na mesma altura, Xi Jinping disse ainda que as potenciais vacinas que a China previa desenvolver contra a doença iriam estar disponíveis “como um bem público global para que fossem acessíveis a todos os países em desenvolvimento”.

22 Jan 2021

Deputados à AR exigem plano de vacinação para embaixadas e consulados

José Cesário e Carlos Gonçalves, deputados à Assembleia da República (AR) pelo Círculo Fora da Europa, questionaram o Governo português sobre a necessidade de o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) criar um plano de vacinação para os funcionários e diplomatas da rede de embaixadas e consulados em todo o mundo.

Ao HM, José Cesário adiantou que o Executivo está a trabalhar num plano, mas que são necessários resultados a curto prazo. “Sei que têm estado a trabalhar nisso, tenho essa informação, mas não quisemos deixar de manifestar essa necessidade, porque os nossos postos têm estado sob enorme pressão.”

“Há muita gente, portugueses e não só, que precisam de viajar, pelo que há um contacto permanente com os postos consulares, tem havido problemas sociais em vários sítios, muitos funcionários que têm tido contactos com muita gente. Portanto, numa fase em que se começa a generalizar a vacinação o Estado tem de definir critérios e um plano para fazer chegar a vacina às pessoas, ou para que localmente elas possam ser adquiridas, mas essa é uma questão que depende de país para país”, adiantou.

Incluir externos

Portugal tem, neste momento, 120 postos consulares pelo mundo [onde se inclui o consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong], pelo que “cada caso é um caso”, descreve José Cesário, que chama a atenção para a necessidade de protecção de funcionários externos.

“O MNE não pode deixar de ter um plano que inclua a vacinação a toda a gente, desde o diplomata até ao auxiliar, incluindo os prestadores externos de serviços que são bastante importantes em alguns postos.”

“Há casos de pessoas contaminadas e se os diplomatas têm seguro de saúde, mais ou menos eficaz, os restantes funcionários não têm. Quem está fora do espaço da União Europeia tem de suportar essas despesas inerentes aos tratamentos”, frisou.

Na questão colocada ao Governo, os deputados pediram também dados relativos aos anos de 2019 e 2020 sobre o número de documentação emitida, tal como cartões de cidadão ou passaporte, entre outras informações.

18 Jan 2021

Contratempos da vacina (III)

Actualmente, a forma mais eficaz de combater o novo coronavírus é através da vacinação. A responsabilidade legal dos laboratórios que produzem vacinas, ou seja, a garantia do produto, é naturalmente o primeiro passo na questão da responsabilidade legal neste âmbito e merece a nossa atenção. Hoje vamos continuar a discutir a responsabilidade das empresas que produzem vacinas. A responsabilidade do pessoal médico será analisada mais tarde.

Em circunstâncias normais, o desenvolvimento, produção, testagem e inoculação das vacinas, leva cerca de dez anos. A situação actual é de grande urgência, e este intervalo de tempo teve de ser reduzido para dez meses, o que inevitavelmente cria nas pessoas um sentimento de alguma insegurança. Ruud Dobber, executivo sénior da AstraZeneca, um laboratório britânico, tornou claro que as farmacêuticas não se podem responsabilizar por efeitos secundários ao fim de muitos anos. Assim sendo, actualmente em muitos países está a ser debatida a responsabilidade dos laboratórios e os seus pedidos de protecção legal. Carrie Lam, Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), afirmou que se o Governo não aceitar as condições propostas pelas farmacêuticas, terá dificuldade em comprar vacinas. Estas empresas requerem imunidade legal, caso o produto cause efeitos secundários, e as pessoas que são vacinadas não estão dispostas a ver-se privadas dos seus direitos. Este dilema está a ser abordado do ponto de vista legal de três formas diferentes.

A primeira não considera sequer a possibilidade de ignorar a responsabilização legal das farmacêuticas. Se alguém tiver uma reacção adversa após ter sido vacinado, pode processar a farmacêutica, mas a protecção legal do pessoal médico mantém-se. A segunda forma é a que foi adoptada pelo Public Emergency Act, nos Estados Unidos. Os laboratórios terão de assumir a responsabilidade criminal, mas são dispensados da responsabilidade civil. A terceira forma vai de encontro ao National Child Vaccine Injury Act 1986, também dos Estados Unidos. As farmacêuticas não têm de indemnizar a vítima directamente, esta indeminização é retirada de um Fundo para a Vacinação.

É difícil dizer qual destas três abordagens é a melhor. A RAEHK acrescentou recentemente uma emenda à legislação e adoptou um modelo em que conjuga a segunda e a terceira formas, para lidar com a eventualidade de reacções adversas após a vacinação. O Governo de Hong Kong vai avançar com a criação de um Fundo para a Vacinação. Se alguém sofrer uma reacção adversa rara ou inesperada, que resulte em incapacidade para o trabalho ou que afecte a sua vida de alguma forma, desde que fique comprovado por um painel de especialistas que essa reacção foi directamente provocada pela vacina, existe lugar a uma indemnização. Por enquanto ainda não estão determinadas, nem as circunstâncias que permitem o direito à indemnização nem os valores implicados.

O Governo de Hong Kong também assinalou que, embora os contratos com as farmacêuticas incluam algumas excepções, se estiverem em causa negligência, fraude, ou más condutas, etc., não haverá qualquer isenção de responsabilidade. Neste caso, o Governo está particularmente bem habilitado para lidar com esta questão devido há emenda efectuada ao Regulamento de Prevenção e Controlo de Doenças (Utilização de Vacinas) a 24 de Dezembro de 2020. O Artigo 10(2) isenta as farmacêuticas da responsabilidade civil no que respeita a eventuais efeitos adversos das vacinas. Mas este artigo não as isenta da responsabilidade criminal. Se existir fraude ou má conduta, as farmacêuticas continuam a ter responsabilidade criminal.

O Artigo 10(4) também estipula a exclusividade da jurisdição dos Tribunais de Hong Kong na audição de casos relacionados com este assunto. Determina que apenas os Tribunais de Hong Kong têm o poder de ouvir os queixosos que processem os laboratórios. O Artigo (4) merece uma análise mais detalhada. Imaginemos que um residente de Hong Kong, que designaremos por A, é vacinado na cidade e apresenta posteriormente uma reacção adversa. A vacina foi produzida pelo laboratório B no país C. A apresenta queixa num Tribunal de Hong Kong, que irá julgar o caso. Seria estranho se este Tribunal não possuísse jurisdição que abrangesse este tipo de queixa. Como a vacina é produzida pelo laboratório B, no país C, o conflito deveria ser regulado pelas leis desse país. Desta forma, A podia escolher um advogado do país C e processar o laboratório B nesse país, e aí pedir para ser indemnizado.

Nestas circunstâncias, poderá o Artigo 10(4) impedir A de apresentar uma queixa no país C? Pode o Tribunal do país C recusar o caso de A por causa do Artigo 10(4)?

No fundo, o essencial é compreender que os residentes de Hong Kong podem apresentar queixa num Tribunal da cidade, caso tenham sofrido alguma reacção adversa à vacina, independentemente do país onde está sediado o laboratório e do país onde a vacina foi fabricada, desde que tenham sido vacinados em Hong Kong. Mas, se um residente de Hong Kong que esteja fora da cidade, e que designaremos por D, (assumindo que está no país E) for vacinado nesse país e tiver uma reacção adversa. Pode D apenas dar início ao processo em Hong Kong devido ao Artigo 10(4)?

E ainda, se um estrangeiro (designado por F) tiver uma reacção adversa depois de ter sido vacinado em Hong Kong, pode recorrer aos Tribunais de Hong Kong?

Quanto mais pessoas forem vacinadas, maior será a responsabilidade legal das farmacêuticas. Emboras as clausulas de excepção protejam estas empresas, privam dos seus direitos os vacinados. Criar um Fundo de Vacinação é uma forma equilibrada de proteger ambas as partes. Embora já esteja muita gente a ser vacinada e de início o Fundo ainda não disponha de verbas avultadas, apenas muito poucas pessoas sofrerão reacções adversas às vacinas. Desde que este Fundo seja bem gerido, os problemas podem ser resolvidos.

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau
Blog:http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
12 Jan 2021

Covid-19 | Chinesa Sinopharm diz que a sua vacina tem 79% de eficácia

A farmacêutica estatal chinesa Sinopharm revelou hoje que uma das suas vacinas candidatas contra a covid-19 revelou uma eficácia de 79,34%, e que já pediu autorização às autoridades do país asiático para comercializá-la.

Esta é a primeira vacina, entre as várias chinesas que concluíram a fase 3 de testes, de que é conhecida oficialmente a sua eficácia.

No início do mês, as autoridades dos Emirados Árabes Unidos, um dos países que participaram nos testes da vacina, tinham apontado para 86% de eficácia.

O país árabe tornou-se assim o primeiro a aprovar uma vacina chinesa, mesmo antes da própria China, que ainda não autorizou oficialmente a comercialização de nenhuma das vacinas desenvolvidas no país, embora a imprensa estatal tenha assegurado que esse processo estará concluído antes do final deste ano.

O Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, uma subsidiária da Sinopharm, disse que os resultados dos testes de fase 3 revelaram que os seus níveis de segurança são “bons” e que todos os participantes desenvolveram altos níveis de anticorpos, após receberem ambas as doses, embora não mencione possíveis efeitos colaterais.

O comunicado refere, em linha com os testes realizados nos Emirados Árabes Unidos, que a taxa de soroconversão, ou de desenvolvimento dos anticorpos que defendem contra a infeção, é de 99,5%.

O Instituto de Produtos Biológicos de Pequim assegurou que os dados provisórios extraídos dos ensaios estão em linha com as normas técnicas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Esta vacina tem sido usada na China, desde julho passado, em grupos de maior risco, como funcionários de saúde ou de programas de prevenção da doença, trabalhadores em portos ou serviços logísticos, ou profissionais colocados em países onde o risco de contágio é considerado alto.

Há pouco mais de um mês, o presidente da Sinopharm, Liu Jingzhen, afirmou que quase um milhão de pessoas na China tinham recebido uma das vacinas de “emergência” e que apenas um pequeno número experimentou efeitos adversos e ligeiros.

Atualmente, quatro vacinas desenvolvidas na China alcançaram a fase 3 dos ensaios clínicos – duas da Sinopharm, uma da Sinovac e uma da CanSino Biologics.

30 Dez 2020

Contratempos da vacina (I)

Durante a última semana as vacinas contra a COVID estiveram na ordem do dia em todo o mundo. Várias vacinas estão a ser produzidas em massa e está para breve a sua distribuição em muitos países e regiões.

Actualmente existem cinco vacinas reconhecidas. A primeira, à base de ácido ribonucleico, foi desenvolvida pela Pfizer, uma empresa farmacêutica norte-americana e pela BioNTech, uma empresa alemã. O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar a utilização da vacina. No passado dia 11, a vacina foi também autorizada nos Estados Unidos pela US Food and Drug Administration. Esta vacina usa pela primeira vez uma nova tecnologia e tem de ser conservada a uma temperatura de 70º graus negativos. Só pode ser guardada no frigorífico durante cinco dias. A julgar por estas condições, percebe-se que o transporte vai levantar algumas dificuldades.

A segunda vacina é da Moderna, outra empresa norte-americana. Esta já pode ser conservada a 20 º negativos, durante seis meses. Também pode permanecer num frigorifico doméstico até 30 dias. A US Food and Drug Administration aprovou-a no passado dia 17.

A terceira foi desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZenca, uma empresa farmacêutica britânica Esta vacina usa um vector viral não replicável e pode ser conservada a uma temperatura entre os 2 e os 8º Celsius, factor que facilita bastante o seu transporte.

A quarta, a CoronaVac desenvolvida pela Sinovac, uma empresa chinesa de ciência e tecnologia, é feita a partir dos métodos tradicionais contendo estirpes modificadas do agente patogénico. Esta técnica é amplamente utilizada, por exemplo, na vacina contra a raiva.

A quinta, é a vacina russa Sputnik-V. Foi desenvolvida pelo Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya em Moscovo, e foi registada no Ministério da Saúde da Federação Russa, a 11 de Agosto. O Presidente Putin anunciou que a filha tinha tomado a vacina. A Sputnik-V foi testada em cerca de 80 pessoas durante dois meses, passando rapidamente a fase de ensaios clínicos e registo.

As vacinas trazem grandes benefícios na supressão das epidemias. No entanto, algumas pessoas tiveram reacções adversas após terem sido inoculadas. No Reino Unido, houve dois casos. Ambos tinham várias alergias. Depois de terem tomado uma injecção de epinefrina, recuperaram.

Nos Estados Unidos também ocorreram alguns casos. Uma mulher de meia idade, que trabalha na área da saúde, foi vacinada dia 15 deste mês. Passados dez minutos, começou a ter dificuldade em respirar e aceleração do ritmo cardíaco. Mesmo após receber uma injecção de epinefrina, os sintomas continuaram a surgir. Depois de ter passado um dia nos Cuidados Intensivos, teve alta, mas o médico disse-lhe que nunca mais podia tomar esta vacina.

No Reino Unido quatro pessoas desenvolveram paralisia de Bell, depois de terem sido vacinadas. Actualmente estão todas recuperadas.

Nestes últimos casos, não existem provas científicas que demonstrem que estas reacções estão directamente relacionadas com a vacina. Cientificamente, não é possível estabelecer a relação causa efeito entre a paralisia facial e a vacina.

June Raine, uma representante da Agência Reguladora do Medicamento e e Produtos para a Saúde do Reino Unido (MHRA – sigla em inglês), assinalou que, após a vacinação, a maior parte das pessoas não vai ter reacções alérgicas, um pequeno grupo terá algumas reacções moderadas e que as reacções graves vão ser raras. As vacinas protegem as pessoas de infecções virais. Os seus benefícios superam largamente os riscos. Estas vacinas vão de encontro aos critérios extremamente exigentes da MHRA, no que respeita a segurança, qualidade e eficácia.

O facto de terem surgido estas reacções alérgicas, é um alerta para a necessidade de ter em atenção a história clínica do paciente antes da vacinação. Se houver um historial alérgico as equipas médicas podem assegurar a medicação necessária para combater estas reacções.

As reacções adversas à vacinação não são novidade. Por regra, leva mais de dez anos a desenvolver uma vacina. Esta vacina teve o seu prazo de desenvolvimento encurtado para dez meses. Geralmente o período de protecção de uma vacina varia entre os 3 a 5 anos. O ciclo de vacinação começa com a inoculação e termina com o fim da protecção. Só nessa altura se podem ter dados mais precisos sobre a sua eficácia, efeitos secundários, etc. A actual situação de emergência forçou os investigadores a apressar o desenvolvimento desta vacina e a saltar algumas etapas habitualmente necessárias, para que a vacinação possa começar a partir deste momento.

Na próxima semana analisaremos as questões legais relacionadas com o assunto.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau
Blog:http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

29 Dez 2020

Covid-19 | Vacina não garante entrada em Macau nem isenção de quarentena

Como a vacina não garante 100 por cento de eficácia, as autoridades de Macau consideram que a quarentena vai continuar a ser necessária. Cenário de abertura aos estrangeiros é também afastado

 

Apesar de estarem vacinados contra a covid-19, os estrangeiros, como os portugueses sem Bilhete de Identidade de Residente (BIR), não vão poder entrar em Macau. A confirmação foi avançada ontem por Alvis Lo, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário.

“A percentagem de prevenção da vacina varia entre 80 a 90 por cento. Por isso, o risco fica diminuído com a vacinação, mas não significa que uma pessoa não possa ser infectada. Neste momento, não se consegue assegurar que uma pessoa depois de vacinada não vá transmitir a doença para outra pessoa”, justificou Alvis Lo. “Temos de ver o resultado na imunidade de grupo das pessoas vacinadas. Se houver um grupo de pessoas vacinadas, pode haver imunidade, mas se for só uma pessoa continua a haver risco”, acrescentou.

Por este motivo, as pessoas que vierem de zonas mais afectadas do Interior, Hong Kong ou Taiwan vão continuar a precisar de cumprir a quarentena obrigatória de 14 ou 21 dias, dependendo das zonas de onde se viaja.

Quanto ao processo de vacinação em Macau, ainda não há uma data definida, mas espera-se que aconteça no primeiro trimestre do ano que se avizinha. Actualmente, as autoridades estão a ponderar o mecanismo do pagamento de indemnização, em caso do desenvolvimento de efeitos secundários após a vacinação. “Já temos um mecanismo para o pagamento de indemnizações para os medicamentos. Mas, estamos a considerar se as medidas em Macau são suficientes para pagar indemnizações se surgirem efeitos secundários da vacinação”, indicou Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença.

Linha aberta

Ontem, na conferência do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus foi abordado o caso do residente a quem foi sugerido que regressasse a Taiwan. Foi esta uma das respostas dada ao cidadão local que se queixou das condições do quarto do hotel, devido à falta de luz e ar naturais.

Sobre as queixas, Leong Iek Hou admitiu compreender o impacto de uma quarentena de 21 dias, mas afirmou que os hotéis oferecem condições de ar adequadas. Em relação ao impacto psicológico, a médica diz poder haver um aumento do stress e que quem se sentir afectado pode ligar para as linhas de apoio psicológico.

Finalmente, Leong explicou que foi feita a sugestão ao residente de regresso a Taiwan, porque houve pelo menos uma pessoa que desistiu da quarentena e pediu para voltar ao local de onde tinha viajado.

Estrangeiros aprovados

Até ontem, tinham sido aprovados 71 pedidos de estrangeiros para entrarem em Macau, uma medida excepcional para casos de reunião familiar e que se aplica a pessoas que estejam há 14 dias no Interior. A medida está em vigor desde 1 de Dezembro e durante este período houve um total de 217 pedidos, dos quais 71 foram aprovados, 50 rejeitados e 96 continuam pendentes. Segundo Alvis Lo, os pedidos rejeitados “não cumpriam os requisitos para serem aprovados”. Também ontem, ficou a saber-se que desde o início da pandemia foram realizados 2 milhões de testes de ácido nucleico, 1,3 milhões a residentes e 700 mil testes a não-residentes.

29 Dez 2020

Covid-19 | Estudo indica que vacina chinesa Coronavac é “segura”

[dropcap]A[/dropcap] fórmula da Coronavac, potencial vacina chinesa contra a covid-19, é “segura” e induziu resposta de anticorpos em 97% dos voluntários saudáveis testados, segundo um estudo publicado na terça-feira na revista The Lancet.

Os resultados preliminares são provenientes de um ensaio clínico aleatório da Coronavac, em 744 voluntários entre os 18 e 59 anos, e revelaram que as respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a primeira imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo.

A investigação, realizada por uma equipa chinesa, identificou a dose ideal para gerar as respostas imunológicas mais altas nas fases um e dois dos testes, enquanto observou os efeitos secundários, que foram leves e desapareceram em 48 horas.

Os cientistas frisaram que as descobertas da fase três serão “cruciais” para determinar se a resposta imunológica gerada pela Coronavac é suficiente para proteger contra a infeção por SARS-CoV-2.

De acordo com o estudo, a persistência da resposta de anticorpos deve ser verificada em estudos futuros para determinar quanto tempo durará a proteção contra o vírus.

Como apenas participaram nos testes adultos saudáveis com idades entre 18 e 59 anos, terão de realizar-se mais investigações em faixas etárias diferentes, assim como em pessoas que padeçam de uma condição médica prévia.

“Os nossos resultados mostram que a Coronavac é capaz de induzir uma resposta rápida de anticorpos em cerca de quatro semanas de imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo”, disse o coautor do estudo, Fengcai Zhu, investigador do Centro Provincial de Controlo e Prevenção de Doenças de Jiangsu, na China.

“Acreditamos que isso torna a vacina adequada para uso de emergência durante a pandemia. No entanto, são necessários mais estudos para verificar quanto tempo a resposta de anticorpos permanece após a vacinação”, sublinhou Zhu.

O especialista acrescentou que “a longo prazo, quando o risco da covid-19 for menor, as descobertas sugerem que administrar duas doses com intervalo de um mês, ao invés de deixar um intervalo de duas semanas, poderá ser mais apropriado para induzir respostas imunológicas mais fortes e potencialmente mais duradouras”.

A Coronavac, uma das 48 candidatas a vacinas contra o novo coronavírus atualmente em desenvolvimento, baseia-se numa cepa viral do SARS-CoV-2, originalmente isolada de um paciente chinês.

Esta primeira fase dos testes foi realizada na província de Jiangsu (China), com pessoas sem histórico médico e que não haviam viajado para áreas com alta incidência da covid-19.

Gang Zeng, um dos autores da investigação, do centro Sinovac Biotech de Pequim, destacou que a Coronavac “poderia ser uma opção [de vacina] atrativa porque pode ser armazenada num frigorífico padrão entre 2 e 8 graus”, algo típico em muitos imunizantes já existentes, como da gripe.

“A vacina também poderia permanecer estável durante três anos, armazenada, o que ofereceria vantagens para a sua distribuição em regiões onde o acesso à refrigeração é difícil”, observou.

Os autores identificaram algumas limitações no estudo, como o facto de que o ensaio da fase dois não avaliou as respostas das chamadas células T (células do sistema imunológico), que representam outra variante da resposta imunológica às infeções do vírus.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.328.048 mortos resultantes de mais de 55 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

18 Nov 2020

No limiar da vacina I

[dropcap]R[/dropcap]ecentemente, ficámos a saber que as pesquisas que decorrem em vários países para encontrar uma vacina contra a covid-19 atingiram um novo patamar. O Presidente russo Vladimir Putin afirmou que a vacina desenvolvida no país é eficaz e cria imunidade permanente. A filha de Putin foi vacinada e está a reagir bem; os responsáveis dos serviços sanitários russos adiantam que o próximo passo é a vacinação dos profissionais de saúde, dos professores e das pessoas pertencentes a grupos de risco.

O Presidente filipino Rodrigo Duterte congratulou os russos e expressou o seu desejo de cooperação. Declarou: “Direi ao Presidente Putin: confio bastante na vossa investigação ao nível da prevenção contra as epidemias e acredito que uma vacina produzida pelos russos será benéfica para os seres humanos.” Duterte acredita que a vacina russa vai estar disponível nas Filipinas em Dezembro próximo.

A Universidade de Queensland, na Austrália, também declarou já ter encontrado uma vacina. Na fase experimental a vacina foi testada em hamsters que desenvolveram uma quantidade maior de anti-corpos do que aqueles que recuperaram da infecção. Depois de expostos ao vírus, metade dos hamsters vacinados não contrairam a doença. No entanto, os que adoeceram apresentaram apenas sintomas ligeiros.

Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, no início de Agosto, havia 165 vacinas em fase de teste, das quais 26 em de ensaios clínicos, e 6 na fase III destes ensaios. As vacinas antes de serem comercializadas têm de passar pela fase III dos ensaios clínicos, para garantir a sua segurança; ou seja, quando os ensaios entram nesta fase, significa que as vacinas estão a ser testadas em humanos, mas não quer necessariamente dizer que estejam prontas para serem colocadas no mercado.

Estamos, portanto, numa fase em que os estudos estão avançados, mas em que ainda não existem certezas quanto à possibilidade de surgir uma vacina em breve. Contudo, a questão que reside por detrás do desenvolvimento das vacinas merece-nos uma análise mais cuidada.

Tomemos o exemplo do primeiro-ministro britânico que afirmou que a descoberta desta vacina é o objectivo número um de todos os seres humanos. Esta frase revela tudo. Se não for descoberta uma vacina o mais rapidamente possível, o número de pessoas infectadas vai crescer exponencialmente e as mortes também.

Assim, o desenvolvimento da vacina não é uma preocupação de apenas alguns países, é uma preocupação da humanidade no seu todo. As vacinas têm assegurado a saúde de todos nós. A sua descoberta confere sucesso e glória aos investigadores e aos seus países.

As vacinas previnem a infecção, não curam quem já foi infectado. Precisamos também de encontrar medicamentos para curar quem adoece com este vírus. Só com a descoberta da vacina e de tratamentos eficazes poderemos afirmar que a situação está sob controlo. Enquanto isso não acontecer, temos de continuar a usar máscara e a testar a população para reduzir o risco de contágio.

Mas, após a descoberta da vacina, vai levantar-se outra dúvida; a sua comercialização. Recentemente, Donald Trump comprou a totalidade da produção de um medicamento, produzido por laboratórios americanos, que comprovadamente tem efeitos positivos no tratamento do vírus. Irá esta situação repetir-se quando aparecer uma vacina? A Johnson & Johnson (JNJ-US) tem laboratórios que estão a trabalhar no desenvolvimento de uma vacina e, em Setembro, vai proceder a testes clínicos em 60.000 voluntários. Mas, no início de Agosto, o US Department of Health and Human Services fez um acordo com a Janssen, uma subsidiária da Johnson & Johnson, para garantir a aquisição de 100 milhões de doses e o direito de vir a comprar mais 200 milhões, por cerca de mil milhões de dólares. É normal que os Governos adquiram medicamentos para combater as doenças, mas quando se trata de um problema universal como a covid-19, será aceitável “preocuparmo-nos apenas connosco próprios”? Se o resto do mundo ficar doente, mesmo que os americanos estejam imunes, as suas vidas serão muito afectadas também.

A Organização Mundial de Saúde avançou com o “Plano de Emergência para Aquisição de Equipamentos de Combate à covid-19 ” para acelerar o diagnóstico e tratar o vírus e para regulamentar o desenvolvimento, a produção e a aquisição de vacinas. Além disso, a OMS implementou o “Covax – Programa Global de Vacinação Contra a Covid-19”. O objectivo é a produção 2 mil milhões de doses até ao final de 2021, das quais mil milhões serão oferecidas a países pobres. O Covax contempla um sistema partilhado de aquisição e de risco. Após a descoberta da vacina, os países membros obtêm as doses da vacina de acordo com o investimento feito.

Se um país for membro da OMS tem obrigação de respeitar esta decisão; no entanto, os países que sairam da Organização não são obrigados a respeitá-la; por isso, vamos ter países que acatarão esta directriz e outros que não o irão fazer. Perante este cenário, como é que a Organização Mundial de Saúde se irá posicionar?

Continua na próxima semana.

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
1 Set 2020

Testes de vacina chinesa contra coronavírus começam na terça-feira no Brasil

[dropcap]O[/dropcap]s testes da vacina contra a covid-19 que está a ser desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, no Brasil, começam esta terça-feira, segundo as autoridades brasileiras.

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou que as 20 mil doses da vacina chinesa baptizada de CoronaVac que desembarcaram no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na madrugada de segunda-feira, serão encaminhadas para o Instituto Butantan e aplicadas em voluntários no Hospital das Clínicas.

“Os testes da Coronavac, uma das vacinas em fases mais avançada [de desenvolvimento] do planeta, começam no Hospital das Clínicas, em São Paulo, amanhã [terça-feira]”, afirmou o governador, numa conferência de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo ‘paulista’.

Doria explicou que um total de 890 voluntários na cidade de São Paulo já deverão receber as primeiras doses da vacina no Hospital das Clínicas, todos médicos ou paramédicos, que estão mais expostos a doença e que formam um grupo com indivíduos com perfis diversificados e, portanto, ideal para fazer a testagem.

“Os pesquisadores do Hospital das Clínicas deverão analisar os voluntários em consultas agendadas a cada duas semanas. A estimativa é concluir todo o estudo da fase 3 dos testes da CoronaVac, vacina contra o coronavírus, em até 90 dias”, frisou o governador brasileiro.

Procedimentos similares serão feitos em outros centros de pesquisas em outros estados do país, incluindo a capital, Brasília, os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

Os testes serão acompanhados por uma comissão de investigadores internacionais, segundo as autoridades de saúde paulistas.

Em todo o Brasil, nove mil profissionais da saúde devem participar na fase de testes da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, que será testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan.

“Vamos informar a opinião pública brasileira e internacional sobre a evolução de cada resultado, respeitando os critérios éticos, científicos e contratuais da pesquisa. É um grande dia para a ciência brasileira. Um dia de esperança para milhões de brasileiros e também de habitantes de outros países onde essa vacina deverá ser também aplicada”, frisou Doria.

O governador de São Paulo disse que se os testes da vacina desenvolvida pela Sinovac forem bem-sucedidos, ela será produzida no Brasil, no Instituto Butantan, no início do próximo ano.

“Se tivermos sucesso como esperamos ter, a vacina será produzida no Brasil aqui pelo Instituto Butantan, já no início do próximo ano, com mais de 120 milhões de doses da CoronaVac. Evidentemente que a vacina será destinada a todos os brasileiros, não apenas a aqueles que são de São Paulo, e isto será feito através do Sistema Único de Saúde [SUS]”, frisou o governador.

Doria também reafirmou que o Instituo Butantan tem toda a tecnologia e terá também a patente para produzir a CoronaVac se a mesma se mostrar eficiente no combate à covid-19. “A transferência integral de tecnologia para o Butantan está assinalada no contrato que foi assinado ainda no primeiro semestre deste ano”, concluiu.

O Brasil é o país lusófono mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infectados e de mortos (mais de 2 milhões de casos e 79.488 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 606 mil mortos e infectou mais de 14,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

21 Jul 2020

Covid-19 | Tailândia quer testar vacinas em humanos no quarto trimestre do ano

[dropcap]U[/dropcap]ma equipa de investigadores da Tailândia quer começar, no quarto trimestre do ano, a realizar testes em humanos de uma vacina contra a covid-19 que, se tiver bons resultados, poderá ser distribuída em 2021.

Após resultados positivos em macacos no mês de Maio, dois tipos de vacina serão enviados para San Diego, nos Estados Unidos da América (EUA) e para Vancouver, no Canadá, para serem produzidas 10.000 doses até Novembro, disse o director do centro de investigação de vacinas da Universidade de Chulalongkorn, em Banguecoque.

Em conferência de imprensa, Kiat Ruxrungtham explicou que a vacina, desenvolvida em colaboração com uma equipa da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, será testada numa primeira fase em cerca de 100 pessoas divididas em dois grupos.

Em primeiro lugar, serão administradas diferentes doses a um grupo de indivíduos entre os 18 e os 60 anos, e depois a um outro grupo com idades compreendidas entre os 60 e 80 anos, acrescentou o responsável.

Se os resultados da primeira fase forem positivos, os testes avançam para uma segunda fase, em que a amostra será ampliada para entre 500 e mil pessoas.

Actualmente, a equipa de investigadores não aceita voluntários, já que os testes estão pendentes de serem aprovados pelas autoridades competentes, mas, se tiverem sucesso, prevê-se que a empresa BioNet Asia possa produzir a vacina a um nível massivo a partir do terceiro ou quarto trimestre de 2021.

A Tailândia foi o primeiro país a detectar um caso de covid-19 fora da China, o epicentro da pandemia, mas, até ao momento, conseguiu conter a propagação com o encerramento de fronteiras e o uso intensivo de máscaras com 3.217 casos confirmados e 58 mortes.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 565 mil mortos e infectou mais de 12,74 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

13 Jul 2020

Covid-19 | China aprova vacina para uso exclusivo dos militares

[dropcap]A[/dropcap] China aprovou esta segunda-feira uma vacina contra o novo coronavírus, para uso interno no Exército de Libertação Popular, as forças armadas do país, após resultados positivos nos ensaios clínicos. A vacina foi criada pelo Instituto Científico Militar e a empresa biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics, segundo um comunicado desta firma, que tem sede na cidade portuária de Tianjin, nordeste da China.

A nova vacina recorre a clonagem molecular da covid-19, técnica da engenharia genética conhecida também por ADN recombinante, e foi aprovada para “uso exclusivo dos militares” chineses, em 25 de Junho, pela Comissão Militar Central, segundo a imprensa local.

A aprovação é válida por um ano. A vacina da CanSino passou pelas fases um e dois de testes, que indicaram que tem “potencial para prevenir doenças causadas pelo Sars-Cov-2”, o vírus que causa a covid-19, detalhou a CanSino em comunicado.

Quase 150 vacinas para a covid-19 estão a ser desenvolvidas por cientistas de todo o mundo. Sete candidatos a vacina desenvolvidos por empresas chinesas estão em fase de testes clínicos na China.

30 Jun 2020