Hoje Macau EventosBarcelona | “Sea of Mirrors” em competição no Festival de Cinema Asiático [dropcap]O[/dropcap] filme “Sea of Mirrors”, de Thomas Lim, vai estar em competição na sétima edição do Festival de Cinema Asiático de Barcelona, que decorre entre os dias 7 e 10 de Novembro. As nomeações são para melhor produção, melhor realização e melhor argumento. Citado por um comunicado, Thomas Lim adiantou que “estar em competição significa que os esforços e o trabalho árduo de ‘Sea of Mirrors’ compensou. Tendo em conta os resultados, este é um grande encorajamento para a equipa. Estou confiante no meu trabalho e este é um grande elogio para a equipa”. “Sea of Mirrors” foi totalmente filmado em Macau, contando com actores locais, como é o caso de Sally Victoria Benson, entre outros. Thomas Lim reside em Los Angeles, Estados Unidos, e recorda que este foi o primeiro filme realizado por ele em Hollywood, o que lhe deu pujança para o acesso ao mercado internacional do cinema. O mesmo comunicado dá conta que, actualmente, Thomas Lim está a trabalhar num conjunto de 14 filmes e séries televisivas em Los Angeles para uma produtora de Hong Kong. Contudo, a ideia de produzir mais filmes em Macau e levá-los aos mercados internacionais está sempre presente. “Sea of Mirrors” foi filmado a seguir a “Roulette City”, que estreou em Macau em Maio de 2018. Thomas Lim assume ter vontade de realizar um terceiro filme no território, que considera o ponto de origem de todo o seu trabalho como realizador. Este filme será como “uma carta de amor à cidade que o adoptou como um dos seus cineastas”, a fim de completar uma espécie de “Trilogia de Macau”. Esse projecto deverá começar a dar os primeiros passos em 2020 ou 2021, aponta a mesma nota oficial.
Hoje Macau EventosBarcelona | “Sea of Mirrors” em competição no Festival de Cinema Asiático [dropcap]O[/dropcap] filme “Sea of Mirrors”, de Thomas Lim, vai estar em competição na sétima edição do Festival de Cinema Asiático de Barcelona, que decorre entre os dias 7 e 10 de Novembro. As nomeações são para melhor produção, melhor realização e melhor argumento. Citado por um comunicado, Thomas Lim adiantou que “estar em competição significa que os esforços e o trabalho árduo de ‘Sea of Mirrors’ compensou. Tendo em conta os resultados, este é um grande encorajamento para a equipa. Estou confiante no meu trabalho e este é um grande elogio para a equipa”. “Sea of Mirrors” foi totalmente filmado em Macau, contando com actores locais, como é o caso de Sally Victoria Benson, entre outros. Thomas Lim reside em Los Angeles, Estados Unidos, e recorda que este foi o primeiro filme realizado por ele em Hollywood, o que lhe deu pujança para o acesso ao mercado internacional do cinema. O mesmo comunicado dá conta que, actualmente, Thomas Lim está a trabalhar num conjunto de 14 filmes e séries televisivas em Los Angeles para uma produtora de Hong Kong. Contudo, a ideia de produzir mais filmes em Macau e levá-los aos mercados internacionais está sempre presente. “Sea of Mirrors” foi filmado a seguir a “Roulette City”, que estreou em Macau em Maio de 2018. Thomas Lim assume ter vontade de realizar um terceiro filme no território, que considera o ponto de origem de todo o seu trabalho como realizador. Este filme será como “uma carta de amor à cidade que o adoptou como um dos seus cineastas”, a fim de completar uma espécie de “Trilogia de Macau”. Esse projecto deverá começar a dar os primeiros passos em 2020 ou 2021, aponta a mesma nota oficial.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca | “Sea of Mirrors”, de Thomas Lim, estreia dia 24 “Sea of Mirrors”, o novo filme de Thomas Lim filmado em Macau, estreia no próximo dia 24 na Cinemateca Paixão. O realizador confessa que sempre desejou estrear a sua nova produção no território, apesar dos contactos que está a fazer para o colocar na agenda de festivais de cinema de todo o mundo [dropcap]A[/dropcap]s filmagens terminaram no final do ano passado, mas só agora está pronto para ser exibido ao grande público. “Sea of Mirrors”, o novo filme do realizador Thomas Lim, filmado totalmente com iPhone, terá a sua estreia no próximo dia 24, na Cinemateca Paixão, um objectivo que o cineasta quis cumprir, devido à ligação especial que sempre manteve com o território. Citado por um comunicado, o realizador assume que “sempre quis lançar ‘Sea of Mirrors’ em Macau antes de qualquer outro país, por se tratar, em primeiro lugar, de um filme de Macau. Apesar da história não ser facilmente relatável (é sobre uma actriz caída em desgraça que se encontra com o seu lascivo fã de meia idade em Macau para satisfazer a sua vontade de atenção), acredito que é, em cem por cento, aplicável a Macau”. Para o realizador nascido em Singapura e actualmente a viver em Los Angeles, “a mensagem do filme é sobre como os estrangeiros, sobretudo os americanos brancos e europeus vivem na Ásia e se comportam como celebridades simplesmente porque são brancos”. “A atenção que recebem na Ásia é assim tão justificável? A actriz japonesa caída em desgraça representa esses estrangeiros que já não estão nos seus países de origem e que viajam para Macau para se sentirem novamente importantes. Claro que não são todos os americanos ou europeus que encaram Macau e a Ásia desta maneira, mas tenho visto muitos assim na década que já tenho de afiliação a Macau”, descreveu Thomas Lim. Lim revela excitação por lançar o seu novo filme em Macau, apesar de, nesta fase, estar envolvido em mais 12 produções de cinema e televisão em Los Angeles, graças à sua ligação profissional a uma produtora de Hong Kong. Apoio à indústria “Sea of Mirrors” tem percorrido o mundo inteiro graças ao trabalho da empresa de distribuição “1220 Film Production”, que tem vindo a “apoiar incondicionalmente as produções de Macau tal como ‘Sea of Mirrors’, e que deveria ser o caso para todos os festivais, cinemas, colegas, centros de arte, realizadores e públicos em Macau”. Para Thomas Lim, “esta é a única maneira de Macau desenvolver a sua indústria de cinema nesta altura. Em qualquer lugar leva tempo a desenvolver uma indústria cinematográfica, e isso só pode acontecer quando todas as entidades na comunidade dão o seu apoio”. Neste sentido, o realizador destaca o apoio que o território sempre lhe deu, o que fez com que sempre tenha filmado em Macau. “Sem este apoio incondicional da maior parte da comunidade, eu nunca teria a carreira que tenho hoje, uma vez que actualmente faço projectos ligados a Hollywood. E uma vez que Macau me apoia, eu tento devolver à comunidade tudo o que posso. Espero que o público goste de ‘Sea of Mirrors’”, rematou. Antes desta película Thomas Lim realizou em Macau “Roulette City”, que teve a sua estreia comercial no Japão, Singapura e Macau. O realizador está a pensar numa terceira produção que completa uma espécie de trilogia sobre a sua relação com o território, que pisou pela primeira vez em 2002.
Andreia Sofia Silva EventosCinema | Thomas Lim quer colocar “Sea of Mirrors” no Festival Internacional de Macau Começou a ser gravado em Abril, deverá estar concluído em Dezembro. “Sea of Mirrors”, a nova película de Thomas Lim, poderá ser um dos filmes presentes no Festival Internacional de Cinema de Macau [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]homas Lim, cineasta de Singapura a residir actualmente em Los Angeles, tem vindo a ter contactos e reuniões com organizadores do Festival Internacional de Cinema de Macau para que o seu mais recente filme, “Sea of Mirrors”, possa fazer parte das películas a concurso. Em entrevista ao HM, o cineasta quis deixar claro que o filme só deverá estar concluído no próximo mês de Dezembro. Ainda assim, Thomas Lim quer fazer esta tentativa para mostrar uma película sobre Macau no território onde ela foi filmada. “Tenho vindo a ter reuniões com os organizadores do festival e disseram-me que gostariam de ver um excerto do filme, ainda que a edição de vídeo e imagem não esteja concluída”, contou Thomas Lim, que deverá entregar as primeiras imagens já em Outubro. “Faltam ainda três fases para concluir o filme, relacionadas com a edição de imagem, som e banda sonora, mas espero conseguir fazer isso. Como cineasta de Macau seria importante ter o meu filme neste festival.” “É um festival local e seria para este filme um bom começo”, acrescentou o realizador. Contudo, Thomas Lim não quer criar falsas expectativas ou, sequer, apresentar uma película incompleta aos organizadores da segunda edição do evento. “Não quero acelerar o processo de produção do filme. Vou tentar o meu melhor, mas não quero apresentar algo incompleto. Não quero dar uma má primeira impressão. Gostaria de lançar o meu filme no mercado no próximo ano, em meados do ano novo chinês, por isso seria óptimo mostrar agora o meu filme”, adiantou Thomas Lim. ROBYN BECK/AFP/Getty Images) Mais experiência Thomas Lim passou recentemente por Macau, para onde viaja com alguma frequência. O território faz parte do seu imaginário como cineasta e é a ele que Lim recorre sempre que quer fazer um filme. “Roulette City”, a sua primeira longa-metragem, teve o jogo como pano de fundo. Mas com “Sea of Mirrors” o cineasta de Singapura quis fazer diferente e contar outras histórias. Toda a película foi filmada com um iPhone. Mas entre os dois filmes há mais diferenças. “Ambos foram filmados em Macau, mas sinto que, desta vez, aprendi mais. À medida que o tempo passa vamos aprendendo mais e mais, e aprendi muito a fazer o ‘Roulette City’.” Com “Sea of Mirrors”, Thomas Lim conta que teve mais recursos e percebeu melhor as estratégias do que queria fazer. “Filmar com um iPhone foi uma das estratégias que decidi adoptar, trabalhar com antigos colaboradores foi outra. Quando fiz o ‘Roulette City’ não tinha muitos colaboradores a trabalhar comigo, foi o meu primeiro filme.” A história de “Sea Of Mirrors” é sobre um ex-actriz japonesa que viaja para Macau na esperança de encontrar um investidor que pague um novo filme por ela protagonizado, mas nem tudo corre como esperado. “O meu segundo filme continua a ser sobre Macau e o que acontece aqui. Gosto de usar Macau como a personagem principal dos meus filmes, e espero poder contar histórias que só tenham Macau dentro delas”, frisou. Se no seu primeiro filme Thomas Lim deu destaque às interpretações, porque antes de ser cineasta foi actor, desta vez, em “Sea Of Mirrors”, a atenção foi transposta para a parte da realização. Cineasta vs orador No dia em que Thomas Lim conversou com o HM, esteve na Universidade de Macau a dar uma palestra para alunos. Algo que o cineasta afirma gostar de fazer, mas que não está no topo das suas preferências. “Em primeiro lugar, gosto de fazer filmes. Porque, no final de contas, todas estas conferências que dou, estes eventos onde vou, acontecem porque faço filmes. E o filme tem de ser bom, então essa é a minha prioridade. A seguir, começo a pensar em como fazer um novo filme que também seja bom.” Thomas Lim gosta de contar as suas experiências como cineasta, uma oportunidade que não teve quando começou no mundo do cinema. “Não me considero um professor de cinema, apenas dou umas palestras nas universidades. E dá-me muita satisfação poder partilhar as minhas ideias junto dos jovens, porque quando comecei não tinha muitas pessoas que me inspirassem”, contou. Em Singapura, Thomas Lim sentiu falta de referências. “Lá não temos figuras que nos inspirem no mundo das artes ou do desporto, por exemplo. Temos talvez figuras que nos inspirem no meio político, empresários. Não sabia, quando era jovem, que podia fazer isto. Não creio ser ainda bem sucedido, mas espero poder inspirar alguém com aquilo que faço.” Macau e o jogo Apesar de ter feito um filme que tinha os casinos como tema principal, Thomas Lim considera importante filmar outros fragmentos de Macau, contar outras histórias. Mas assume: filmar os casinos garante sempre a atenção da indústria estrangeira. “Não foi deliberado não fazer, desta vez, um filme sobre o sector do jogo. Não temos de usar sempre o jogo como protagonista de um filme, mas podemos tirar partido disso, porque se a história tiver o jogo como pano de fundo vai atrair sempre mais a atenção do mercado internacional. Se fizermos um filme apenas sobre Coloane, vai ser difícil à comunidade internacional estabelecer um ponto de ligação, em termos de atenção”, rematou.
Joana Freitas EventosCinema | “Sea of Mirrors” de Thomas Lim lançado em 2017 Está terminado o novo filme do realizador Thomas Lim, o segundo totalmente feito em Macau. “Sea of Mirrors” é lançado em 2017, depois de muitos obstáculos “enriquecedores” uma pós-produção nos EUA e em Tóquio [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mais recente filme de Thomas Lim, “Sea of Mirrors”, vai ser lançado no próximo ano. A película, realizada em Macau, narra a história de Riri Kondo, uma ex-actriz japonesa, que viaja para Macau com a filha, Nana, para reunir com um potencial investidor que afirma ser seu fã. A proposta feita foi a de investir num filme realizado por ela, mas a verdade é que a questão tem mais a ver com sexo do que com filmes. Riri desmarca uma reunião com o investidor mas, em retaliação, a filha é raptada e a tentativa para a salvar leva-a à beira da loucura. Foi no final de Abril que Thomas Lim, que filmou “Sea of Mirrors” com um iPhone 6, terminou as gravações. Um trabalho que, para o produtor do filme, também de Macau, não foi nada fácil. “O maior desafio foi a contínua mudança de horários, devido ao tempo horrível. Tivemos também de ser muito flexíveis porque foram diversos os novos actores que entraram no filme diariamente e o nosso tempo de filmagem foi muito curto”, desabafa Jess Hao, que refere ainda que muitas das gravações no exterior foram canceladas e tiveram de ser substituídas. Ainda assim, o produtor diz que os obstáculos foram ultrapassados e não foram vistos como uma derrota. “O stress constante só fez a experiência mais enriquecedora e fiquei surpreendido em como Thomas Lim conseguiu reunir uma equipa tão diversa, com tantos backgrounds diferentes. Só mostra como o próprio background dele, vindo de Singapura e tendo vivido em diferentes partes do mundo, ajudou.” Preferências As diferentes origens dos actores estão bem vincadas em “Sea of Mirrors”: a australiana, ainda que quase local, Sally Victoria Benson, do Japão chega a actriz e produtora Kieko Suzuki e da Coreia do Sul o actor Jay Lim. No total foram 25 as pessoas que fizeram parte do filme – mais de 15 eram de Macau. “Uma das protagonistas, Sally, cresceu em Macau e considera-se local. Tão local que foi ela quem deu algumas das direcções aos condutores para chegarmos a determinados locais”, brinca Thomas Lim. A verdade é que, para o realizador do filme “Roulette City”, também filmado em Macau, desta vez foi “mais difícil” arranjar actores no território. “Acredito que se deveu ao facto dos nossos personagens não serem a típica mãe de dois filhos ou polícias. Muitos dos papéis eram de mulheres que eram personagens não tão positivas (anti-heróis). Apesar de ser comummente defendido que estes personagens são mais memoráveis, os actores em Macau, geralmente, não gostam de fazer esses papéis. Ficámos admirados com este fenómeno.” O telemóvel como arma Como refere Thomas Lim, o filme é quase todo em Inglês e Japonês, sendo que a equipa chegou também de Hong Kong, além da Austrália, Japão e Coreia. O realizador, que já assumiu que o território é um dos seus sítios favoritos para filmar, não deixa de apontar como é que algumas cenas tiveram de ser, simplesmente, reescritas. “Não acredito que três semanas passaram a voar assim. Tivemos tantos desafios, como o tempo, com nevoeiro e chuva. O filme era suposto começar e acabar num terraço que ia olhar para o horizonte de Macau, repleto de casinos. Em todos as vezes que tentámos filmar, estava nevoeiro, não dava para ver nada. Filmámos na mesma, mas depois começou a chover. Quando revi as cenas desse dia, decidi que não funcionavam: resultado, tive de as rescrever e filmámos, então, num hotel assustador. Tivemos de usar o único dia de folga para refazer essas cenas”, confessa Lim. Além de todas as mudanças, uma das características da película é ser totalmente filmada em iPhone. Uma decisão que necessitou da colaboração de Thomas Lim com o cinematógrafo Santa Nakamura, do Japão. Algo que despertou duas coisas: o interesse pelo aparelho como câmara e a visão de alguém que vem de fora. “Na primeira semana, foi basicamente eu a dizer-lhe o que queria para as gravações. Mas depois descobri um elemento que elevou a nossa cooperação: por ser esta a primeira viagem dele a Macau, ele não sabia as regras culturais do território e, por isso, tinha ideias que eu não tinha, sendo que, apesar de não ser de Macau, já aí vivi”, afirma Thomas Lim. Já no que ao aparelho diz respeito, a utilização do Iphone vai “maravilhar as pessoas, assim que estas compreenderem como é que uma longa-metragem pode ser feito com alta tecnologia, mas com um equipamento pequeno e disponível em qualquer loja”, frisa Lim. Também Santa Nakamura explica o processo de filmar com um smartphone. “Como cinematógrafo tentei algumas coisas diferentes. Thomas Lim queria contar uma história através da composição do enquadramento e isso é uma forma muito visual e psicológica de fazer um filme. às vezes tínhamos de sacrificar uma boa luz, ou um background bonito, pelo que, para compensar, tive de usar o carregador de bateria como estabilizador. Senti que era uma extensão do meu corpo, como se tivesse mais um par de olhos ou dedos. Tentei, assim, pegar no que o iPhone pode fazer e outras câmaras convencionais não deixam.” O próximo passo Para o produtor Tan See Kam, de Macau e Singapura, as gravações da película, caracterizada como um “thriller psicológico” foi não só uma boa experiência, como foi algo que ajudou o território. “Macau tem uma comunidade cinematográfica que está a crescer e fico satisfeito por ver que as pessoas dessa indústria de Macau foram generosas com o seu tempo, energia e recursos. O projecto permitiu também oportunidades para as pessoas de Macau crescerem e desenvolverem-se em termos de exposição e experiência”, frisou. Nakamura partilha da opinião, dizendo que não é nada usual ter pessoas de tantas partes do mundo juntas num filme independente como este, algo muito “gratificante”. O mesmo sentimento tem Sally Victoria Benson, que diz que ter participado num filme feito no sítio onde cresceu foi mais do que um momento feliz. “Representar nas estradas em que brinquei quando era pequena e usar a minha cidade, que amo, como fonte de inspiração é algo que não vou esquecer.” Jay Lim, pela primeira vez no território, caracteriza Macau como um lugar de fantasia, “bonito de dia ou de noite” e que combina bem, “tal como Sea of Mirrors”, o tradicional com o moderno. A opinião parece ser partilhada pela actriz japonesa Kieko Suzuki, que descreve Macau como “fotogénico” e “de tirar a respiração”. Tanto, que filmar em Macau durante três semanas foi para ela “um dos maiores projectos” de vida. As gravações estão feitas e fazer um filme não é suposto ser fácil, como admite o realizador da Island Man Picures. Mas Thomas Lim não fecha os olhos aos próximos desafios, que passam “pela pós-produção do filme” – algo que está a ser feito em Los Angeles e que depois será finalizado em Tóquio. Esta fase termina no final do ano e o filme é, então, lançado em 2017.
Manuel Nunes Eventos Manchete“Sea of Mirrors”, novo filme de Thomas Lim, começa a ser gravado amanhã O realizador Thomas Lim volta produzir uma longa-metragem inteiramente filmada no território. “Sea of Mirrors” é a história de uma ex-actriz japonesa que vem a Macau convencida que tem um investidor à espera para fazer um filme. Um puro engano, numa história cuja principal particularidade é ser toda filmada em iPhone [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omeça a ser amanhã gravado “Sea of Mirrors” (“Mar de Espelhos, em Português), o novo filme de Thomas Lim. Tal como “Roulette City”, o seu filme anterior, a autoria do guião e a produção também estará a cargo do próprio realizador, com um elenco preenchido com actores do Japão, Macau e Hong Kong. Apresentado como um thriller psicológico, “Sea of Mirrors” traz-nos a história de Riri Kondo, uma ex-actriz japonesa, que viaja para Macau com a filha, Nana, para reunir com um potencial investidor que afirma ser seu fã. A proposta: investir num filme realizado por ela. Puro engano, pois a questão tem mais a ver com sexo do que com filmes. Riri desmarca a reunião mas, em retaliação, a filha é raptada e a tentativa para a salvar leva-a à beira da loucura. Actualmente a viver em Los Angeles, Thomas Lim espera criar um filme para distribuição internacional , pelo que reuniu uma equipa de várias origens: a actriz japonesa Kieko Suzuki (também produtora do filme) encaixa no papel de Riri, enquanto Sally Victoria Benson – australiana de Macau – encarna a extravagante actriz americana Isabel. O actor coreano Jay Lim toma o papel do investigador coreano Jang. A designação para o filme surgiu de uma antiga denominação de Macau antes da chegada dos portugueses que, garante Thomas Lim, “era conhecida como “Jinghai” (literalmente “Mar de Espelhos”). O objectivo era o de conseguir um título que remetesse para a cidade, para a reflexão sobre as formas de vida locais, ou, como diz Lim, “uma imagem reflectida do que pensamos de nós mesmos”. Prevendo-se que esteja terminado lá para o final do mês, o filme segue para pós-produção em Los Angeles. O filme traz ainda uma particularidade uma vez que é inteiramente filmado com um iPhone 6S, o que fica a dever-se ao facto do realizador entender que as câmaras do telefone têm a textura visual ideal para a história, para além de se ajustarem bem – do ponto de vista logístico – com a vida real dos principais criadores do filme. Para o efeito, a Direcção de Fotografia vai ser assegurada por Santa Nakamura, um veterano em filmar em iPhone. Para Lim, que julga ser o primeiro filme a ser gravado desta forma em Macau, a ideia é também a de liderar uma nova onda de evolução na forma de fazer cinema no território e de permanecer fiel à sua filosofia de há muito: “o único obstáculo para o cinema é a tenacidade do cineasta. Não a paixão, porque as pessoas podem sempre falar com muita paixão e não tomar medidas. Sem tenacidade não há filmes”, disse. A saga dos cineastas Também ele actor, Thomas Lim escreveu a história com base na sua própria experiência, onde pretende revelar a obsessão de gerir uma carreira e o tormento mental que se sofre quando os holofotes mudam para outro alvo. Como o próprio diz, “ser actor ou cineasta não é apenas um emprego ou carreira, mas um estilo de vida e, provavelmente, uma obsessão. Temos de estar constantemente a estudar ou a praticar. Por isso, quando me perguntam o que eu faço no tempo livre, a minha humilde resposta é sempre: ‘Não tenho tempo livre'”.
Hoje Macau Em exibição h | Artes, Letras e IdeiasSalvo pela estrutura (Como seguir a estrutura na hora de escrever um guião é importante) Thomas Lim [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á uma piada no meio da indústria do cinema sobre guionismo que diz que muita gente assume que, só porque tem alguma experiência de vida e sabe escrever num computador, pode ser um escritor. Bem, ponhamos isto desta maneira: se tiver uma dor de dentes vai arrancar o seu próprio dente? Não. Vai a um dentista que considera bem treinado e experiente e, logo, qualificado para tirar o seu dente. Então, porque é que muitos de nós não pensamos que guionismo pode ser tão complicado quanto tirar o nosso próprio dente? Ambos precisam mais ou menos do mesmo número de anos de estudo na universidade para serem aperfeiçoados. Nos muitos anos em que trabalho na indústria do cinema descobrir duas formas como as pessoas escrevem um guião para uma primeira longa-metragem. Uma delas é estudar e aprender sobre a estrutura normal de um guião e a segunda é ignorar precisamente essa estrutura e escrever com base na “inspiração”, apenas para criar histórias sem qualquer direcção e com personagens que vagueiam sem objectivo, fazendo coisas sem razão. Depois de dois anos a escrever em círculos, as pessoas que escolhem a segunda opção normalmente voltam à estaca zero e optam, então, por estudar sobre as estruturas do guionismo. Ou então desistem de vez. O pior é que talvez nunca começaram a escrever porque a sua “inspiração” não foi sequer o suficiente para passarem da inútil acção de falar para realmente porem as palavras no papel. Há muitos anos eu próprio optei pela segunda forma. Honestamente, preferia ter sido menos rebelde. Quem me dera ter percebido que, só porque me sentia uma “artista”, isso não me dava o direito de escrever apenas com base na “inspiração”. Se soubesse isso, tinha-me armado com mais alguns guiões completos, pronto a mergulhar em reuniões com os produtores e investidores de Hollywood. Posto isto, vamos concentrar-nos no conceito de fazer as coisas com base numa “estrutura”. Atrevo-me a dizer que pouca gente (se calhar ninguém) à minha volta leva uma vida com menos estrutura do que eu. Nunca tive um rendimento estável na minha vida – desde o início da carreira como actor de teatro quando tinha 21 anos até me tornar realizador. Não só não ganhei dinheiro, como fui mudando de país nos últimos 14 anos. Comecei a representação em teatro em Singapura em 1999, antes de mudar para Londres em 2002 para frequentar as aulas de representação na universidade. Depois disso, fiquei algum tempo em Pequim (em 2004) para me tornar um actor de televisão e filmes na China. Depois, mudei-me de novo, para Macau, onde em 2008 fiz a minha primeira longa-metragem, “Roulette City”. Como o “Roulette City” teve o seu primeiro lançamento commercial no Japão, comecei a viver em Tóquio em 2012, antes de me mudar para Los Angeles este ano. Um círculo completo, já que isto me faz aperceber que consegui realizar o meu sonho de me mudar para Hollywood antes de ter completado 40 anos. Nos últimos 14 anos, recusei-me a viver a minha vida com base em qualquer estrutura particular. Mas, no que toca a escrever um guião, a minha attitude é precisamente a contrária: obedeço à estrutura e vou-vos dar exemplos pessoais para perceberem por quê… A estrutura salvou-me de perder oportunidades. Exemplo 1: Há uns meses, conheci uma produtora chinesa em Los Angeles. Tínhamos backgrounds semelhantes e queríamos trabalhar juntos numa longa-metragem que ela iria produzir, comigo como o realizador/roteirista. No entanto, esta produtora passou apenas algumas semanas em Los Angeles e ambos sabíamos que ia ser difícil manter o interesse se estivéssemos geograficamente separados, sem uma história ou um guião que nos fizesse sentir parte dele. Mas, como é que iríamos escrever um guião em tão pouco tempo? Aqui está a forma como a estrutura nos salvou. Todos os cineastas no mundo sabem a estrutura geral do guionismo (que está dada como funcional quase em cem anos de excelência em Hollywood). Então, imediatamente depois de decidirmos sobre o tema e a história geral, eu e a produtora passámos imediatamente a preencher os “espaços em branco” do guião. Rapidamente conseguimos imaginar as acções que todos o ‘turning point’ ou acções precisavam – todas com base no conhecimento comum de como são construídos bons guiões. Em três semanas, conseguimos fazer um outline completo de cada “ritmo” do filme – onde conseguimos ver, claramente, o que acontece entre os minutos 1 a 3, depois dos 4 aos 6, etc. Conseguir isto em tão pouco tempo fez-nos sentir muito bem com a nossa colaboração um com o outro e, sentir isso quando estamos na fase inicial de tranalhar com alguém que mal conhecíamos antes é uma das melhores sensações que podemos ter. Depois deste acontecimento, olhei para trás e pensei: se um de nós não confiasse ou conhecesse na estrutura do guionismo, provavelmente estaríamos presos na fase da tal “inspiração” até ao dia em que a produtora fosse embora de Los Angeles. E seria difícil de imaginar que o nosso projecto continuasse a andar para a frente connosco a viver em continentes diferentes. Então: graças a Deus que existe uma estrutura para escrever um guião. Exemplo 2: Nesse mesmo período de tempo, submeti uma sinopse de um filme de terror à competição de guionismo Asian American Fellowship, do muito estimado Sundance Film Festival nos EUA. Sundance é tão conhecido que uma pessoa tem de esperar que a competição vá ser muito dura. Rumores dizem que há apenas 1% de chance para que se alguém se consiga qualificar para qualquer das competições no Sundance. Então, não pensei muito na entrega que tinha feito depois de a enviar, para evitar qualquer desapontamento que poderia surgir. Para minha surpresa, recebi um email do Sundance que me dizia que consegui entrar para a segunda ronda do festival (que é também a última!). Para isso, foi-me pedido que fizesse o upload do guião inteiro do meu filme em dez dias, que era o limite para a entrega. Nesse momento, não soube se deveria sentir-me feliz porque entrei ou deprimido porque não tinha um guião completo! Então, aqui esteve, novamente, a estrutura para me salvar o dia. Nos dez dias seguintes, cheguei a Macau e escrevi, escrevi, escrevi furiosamente no quarto de hotel onde estava, quase nunca deixando o quarto para comer e dormindo muito pouco. Consegui novamente ter um alinhamento completo de cada “ritmo” em dois dias e acabei um guião de 1010 páginas nos oito dias seguintes. Fiz o upload escassas horas antes do limite. Ufa! Claro que sei que um guião escrito em cima do joelho em tão pouco tempo está longe de ser espectacular, mas ao menos consegui manter as minhas esperanças. Se o meu roteiro for seleccionado de novo, o Sundance produz o filme para mim e comigo. Resumindo, os dois últimos meses mostraram que, se eu não soubesse da estrutura de guionismo como a palma da minha mão, teria perdido duas grandes oportunidades que surgiram do nada e que me apanharam de surpresa. E, de acordo com veteranos realizadores de Hollywood, as melhores oportunidades que podem levar a nossa carreira ao próximo nível são aquelas pelas quais não estávamos à espera.