Governo afasta possibilidade de aplicar taxa turística

Depois de analisar os resultados do estudo sobre a viabilidade da taxa turística, os Serviços de Turismo decidiram afastar essa hipótese para controlar o fluxo de visitantes. As consequências dos conflitos em Hong Kong e do surto do novo coronavírus também foram tidas em conta

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo decidiu não avançar cobrança de uma taxa turística. Na base da decisão estiveram os resultados do estudo de viabilidade e as características da indústria, mas também o actual contexto económico. “Nesta fase, o Governo da RAEM está empenhado em apoiar a recuperação da indústria através de benefícios fiscais, apoio económico, entre outras medidas, e na medida do possível evitar factores desfavoráveis que possam afectar os sectores ligados à área do turismo”, indica um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

O organismo recordou que nos últimos meses se registou uma diminuição no número de visitantes, de 2,85 milhões em Janeiro, para 210 mil em Março, representando uma descida superior a 90 por cento que está a afectar os sectores associados ao turismo, incluindo o hoteleiro, de restauração e de venda a retalho. A DST referiu ainda que em meados do ano passado o contexto volátil de Hong Kong afectou a indústria turística local, com um aumento mensal de dois dígitos durante os primeiros sete meses a inverter-se, passando a registar um decréscimo de dois dígitos no final de 2019, face ao ano anterior.

“A situação evidencia que as características inerentes da indústria turística a tornam susceptível de ser afectada por factores externos. Em caso de incidentes e de situações imprevistas, a indústria turística é a primeira a ser atingida, e num curto período de tempo os vários sectores relacionados também são afectados em diferentes graus.

Direcção a seguir

Para além disso, a DST lembrou que o estudo de viabilidade, cujos resultados foram divulgados em Janeiro, mostrou não haver consenso sobre a cobrança de uma taxa. E que tomando por referência os objectivos do desenvolvimento sustentável da indústria, se concluiu que “controlar o crescimento do número de visitantes através da cobrança de uma taxa turística não é a medida mais adequada e eficaz para Macau”. Vale a pena lembrar que na altura 95 por cento dos residentes inquiridos se mostraram a favor da medida, em contraste com apenas 20 por cento dos operadores.

Indicando que o sector tem um “papel preponderante” na economia, o organismo defendeu que o seu desenvolvimento sustentável “influencia directamente as perspectivas do desenvolvimento económico de Macau”.

8 Mai 2020

Taxa turística | Analistas defendem estratégia clara por parte do Governo

Glenn Mccartney, académico na área do jogo, e o economista Albano Martins defendem que o Governo deve ser claro no que diz respeito à taxa turística, com um conjunto de medidas viáveis. O professor da Universidade de Macau diz que há mais formas de controlar o número de turistas

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) publicou na passada semana os resultados de um questionário feito a residentes, turistas e operadores de turismo quanto à possibilidade de se cobrar uma taxa turística. Os resultados revelam que a maior parte dos operadores de turismo está contra esta medida, enquanto os residentes estão esmagadoramente a favor.

Analistas ouvidos pelo HM defendem que o Governo deve ser claro na estratégia que pretende com a criação de uma taxa deste género. “Antes de avançar com tal medida, o Governo deve pensar bem primeiro”, disse o economista Albano Martins.

“Resolver o que pretende com uma taxa turística é o mesmo que tentar vazar o oceano com um copo. Se a ideia é retirar visitantes, então essa política deve ser feita com o Governo Central. Se a ideia é tirar visitantes de certas áreas, a melhor maneira de fazer isso é tornar outras áreas atractivas, trabalhá-las e vender essa ideia aos operadores”, adiantou.

Albano Martins defendeu também que “tudo o que seja uma intervenção bruta e feia, uniforme, é sinal de falta de ideias”.

Já Glenn Mccartney, professor da Universidade de Macau (UM) com especialização em turismo, assumiu ao HM que os resultados do inquérito promovido pela DST “não o surpreendem”. “Tudo depende das perguntas que são feitas. Se me perguntam, como residente, se os turistas devem pagar uma taxa eu vou dizer que sim, porque isso tem impacto no meu dia-a-dia. As questões deveriam ser mais abrangentes, ligadas ao tipo de consumo e aumento de rendas. Só assim se obtém o panorama do turismo em Macau”, disse.

Apostar na marca

Glenn Mccartney, que o ano passado publicou um estudo onde defende que aplicar a taxa turística em Macau é um erro, disse ao HM que o Governo deveria apostar noutras formas para gerir o número de turistas, tal como desenvolver a marca Macau.

“A taxa turística é apenas uma das medidas que pode ser utilizada para controlar o número de visitantes. Não temos uma estratégia de desenvolvimento da marca da cidade, temos múltiplos eventos a acontecer, mas não temos uma imagem única do que é Macau. A marca Cotai Strip é um bom exemplo de gestão de marca”, frisou.

O professor da UM assegura que o pagamento de uma taxa turística será mau para o sector das convenções e exposições. “O Governo deveria anunciar já algumas medidas ou políticas, não é claro porque é que se quer criar uma taxa turística em Macau. Se tiver uma conferência em Macau com 1000 participantes, são 1000 patacas que pago de taxa, então posso escolher outro destino. [Esta medida] terá consequências e impacto”, frisou.

Glenn Mccartney disse ainda que o dinheiro cobrado com a taxa turística deveria ser devidamente investido. “Como operador, acharia errado pagar qualquer tipo de taxa. Os grandes apostadores dos casinos não vão pagar, talvez os casinos paguem, mas aí a indústria pode alegar que já paga muitos impostos. Tudo depende das medidas que o Executivo quer implementar”, concluiu.

14 Jan 2020

Taxa turística | Analistas defendem estratégia clara por parte do Governo

Glenn Mccartney, académico na área do jogo, e o economista Albano Martins defendem que o Governo deve ser claro no que diz respeito à taxa turística, com um conjunto de medidas viáveis. O professor da Universidade de Macau diz que há mais formas de controlar o número de turistas

 
[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) publicou na passada semana os resultados de um questionário feito a residentes, turistas e operadores de turismo quanto à possibilidade de se cobrar uma taxa turística. Os resultados revelam que a maior parte dos operadores de turismo está contra esta medida, enquanto os residentes estão esmagadoramente a favor.
Analistas ouvidos pelo HM defendem que o Governo deve ser claro na estratégia que pretende com a criação de uma taxa deste género. “Antes de avançar com tal medida, o Governo deve pensar bem primeiro”, disse o economista Albano Martins.
“Resolver o que pretende com uma taxa turística é o mesmo que tentar vazar o oceano com um copo. Se a ideia é retirar visitantes, então essa política deve ser feita com o Governo Central. Se a ideia é tirar visitantes de certas áreas, a melhor maneira de fazer isso é tornar outras áreas atractivas, trabalhá-las e vender essa ideia aos operadores”, adiantou.
Albano Martins defendeu também que “tudo o que seja uma intervenção bruta e feia, uniforme, é sinal de falta de ideias”.
Já Glenn Mccartney, professor da Universidade de Macau (UM) com especialização em turismo, assumiu ao HM que os resultados do inquérito promovido pela DST “não o surpreendem”. “Tudo depende das perguntas que são feitas. Se me perguntam, como residente, se os turistas devem pagar uma taxa eu vou dizer que sim, porque isso tem impacto no meu dia-a-dia. As questões deveriam ser mais abrangentes, ligadas ao tipo de consumo e aumento de rendas. Só assim se obtém o panorama do turismo em Macau”, disse.

Apostar na marca

Glenn Mccartney, que o ano passado publicou um estudo onde defende que aplicar a taxa turística em Macau é um erro, disse ao HM que o Governo deveria apostar noutras formas para gerir o número de turistas, tal como desenvolver a marca Macau.
“A taxa turística é apenas uma das medidas que pode ser utilizada para controlar o número de visitantes. Não temos uma estratégia de desenvolvimento da marca da cidade, temos múltiplos eventos a acontecer, mas não temos uma imagem única do que é Macau. A marca Cotai Strip é um bom exemplo de gestão de marca”, frisou.
O professor da UM assegura que o pagamento de uma taxa turística será mau para o sector das convenções e exposições. “O Governo deveria anunciar já algumas medidas ou políticas, não é claro porque é que se quer criar uma taxa turística em Macau. Se tiver uma conferência em Macau com 1000 participantes, são 1000 patacas que pago de taxa, então posso escolher outro destino. [Esta medida] terá consequências e impacto”, frisou.
Glenn Mccartney disse ainda que o dinheiro cobrado com a taxa turística deveria ser devidamente investido. “Como operador, acharia errado pagar qualquer tipo de taxa. Os grandes apostadores dos casinos não vão pagar, talvez os casinos paguem, mas aí a indústria pode alegar que já paga muitos impostos. Tudo depende das medidas que o Executivo quer implementar”, concluiu.

14 Jan 2020

Turismo | Ao Ieng U recusa tomar posição sobre taxa turística

[dropcap]A[/dropcap] secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, recusou tomar uma posição sobre a taxa para todos os turistas que visitem Macau, na sexta-feira passada.

Segundo a secretária, em causa está o facto de os resultados mostrarem uma grande diferença de opiniões entre os cidadãos e os operadores do sector turístico, o que faz com que o Executivo não queira ainda tomar uma posição sobre o assunto.

Porém, Ao deixou o desejo que a partir do estudo haja uma discussão e uma análise que possa fazer com que se chegue ao melhor desfecho para todos. Por outro lado, sublinhou a necessidade de o Governo cumprir com as recomendações do documento, como a diversificação das atracções turísticas.

Segundo estudo apresentado na semana passada, que contou com questionários a mais de 14.900 pessoas, 95 por cento dos cidadãos defende a criação de uma taxa para turistas. Já 80 por cento dos representantes da indústria recusa por completo essa possibilidade.

13 Jan 2020

Turismo | Ao Ieng U recusa tomar posição sobre taxa turística

[dropcap]A[/dropcap] secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, recusou tomar uma posição sobre a taxa para todos os turistas que visitem Macau, na sexta-feira passada.
Segundo a secretária, em causa está o facto de os resultados mostrarem uma grande diferença de opiniões entre os cidadãos e os operadores do sector turístico, o que faz com que o Executivo não queira ainda tomar uma posição sobre o assunto.
Porém, Ao deixou o desejo que a partir do estudo haja uma discussão e uma análise que possa fazer com que se chegue ao melhor desfecho para todos. Por outro lado, sublinhou a necessidade de o Governo cumprir com as recomendações do documento, como a diversificação das atracções turísticas.
Segundo estudo apresentado na semana passada, que contou com questionários a mais de 14.900 pessoas, 95 por cento dos cidadãos defende a criação de uma taxa para turistas. Já 80 por cento dos representantes da indústria recusa por completo essa possibilidade.

13 Jan 2020

Taxa turística | Estudo concluído até ao fim do ano

[dropcap]S[/dropcap]em se comprometer com uma preferência sobre a aplicação da taxa turística em Macau, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo revelou que o estudo sobre a medida deve estar concluído até ao final do ano, mas que “não será o Turismo a recomendar se é para avançar”, ou não. Concluída a análise, esta será “submetida para superior consideração”, revelou, passando a bola para o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

“Há tempos, o nosso secretário, Alexis Tam, também disse que, se calhar, temos de ter mais cautela, sobre esta consideração sobretudo porque agora temos novos factores” a ter em conta, comentou a directora da DST endereçando as tensões comerciais entre Washington e Pequim e o impacto que terá na diminuição das despesas de quem visita Macau.

De acordo com a governante, “por enquanto”, a descida das despesas dos turistas que visitam o território não é muito acentuada, havendo apenas números referentes ao primeiro trimestre, razão pela qual é ainda prematuro avançar com uma conclusão. “Não vou dizer que é muito preocupante, ainda, mas temos de continuar a monitorizar esta situação”, rematou.

Ainda assim, apesar do impacto da guerra comercial e do abrandamento da economia chinesa, os visitantes oriundos do Continente continuam a ser os que mais gastam. Helena de Senna Fernandes garante também que o Governo está a trabalhar para atrair turistas de outras proveniências.

25 Set 2019

Taxa turística | Estudo concluído até ao fim do ano

[dropcap]S[/dropcap]em se comprometer com uma preferência sobre a aplicação da taxa turística em Macau, Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo revelou que o estudo sobre a medida deve estar concluído até ao final do ano, mas que “não será o Turismo a recomendar se é para avançar”, ou não. Concluída a análise, esta será “submetida para superior consideração”, revelou, passando a bola para o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.
“Há tempos, o nosso secretário, Alexis Tam, também disse que, se calhar, temos de ter mais cautela, sobre esta consideração sobretudo porque agora temos novos factores” a ter em conta, comentou a directora da DST endereçando as tensões comerciais entre Washington e Pequim e o impacto que terá na diminuição das despesas de quem visita Macau.
De acordo com a governante, “por enquanto”, a descida das despesas dos turistas que visitam o território não é muito acentuada, havendo apenas números referentes ao primeiro trimestre, razão pela qual é ainda prematuro avançar com uma conclusão. “Não vou dizer que é muito preocupante, ainda, mas temos de continuar a monitorizar esta situação”, rematou.
Ainda assim, apesar do impacto da guerra comercial e do abrandamento da economia chinesa, os visitantes oriundos do Continente continuam a ser os que mais gastam. Helena de Senna Fernandes garante também que o Governo está a trabalhar para atrair turistas de outras proveniências.

25 Set 2019

Turismo | Académico publica artigo que contesta taxa turística

Glenn McCartney já o tinha afirmado, mas agora publicou um artigo na revista científica “Current Issues on Tourism” a demonstrar a ineficácia da implementação de taxas turísticas em Macau

 

[dropcap]A[/dropcap] implementação da taxa turística em Macau carece de fundamentação científica e rigorosa e não corresponde às exigências locais. A conclusão é do académico especialista em turismo da Universidade de Macau Glenn McCartney, de acordo com um estudo publicado no passado mês de Junho na revista científica “Current Issues on Tourism”. “A ideia de implementar uma taxa turística carece de escrutínio e rigor científico e vai contra a investigação feita sobre o alcance de uma moldura tributária equitativa”, começa por apontar.

Tendo em conta que o Governo deu como exemplo o que é praticado em Veneza para sustentar a possibilidade de implementar uma taxa turística em Macau, o académico explica o que se passa na cidade italiana, e que difere da situação local.

“As autoridades de Veneza aprovaram a introdução de um imposto turístico em Maio de 2019, com o objectivo de reduzir o número de visitantes diários na cidade que é património mundial”, refere salientando esta diferença de classificação se comparada a Macau, que define como “a cidade do jogo”.

As taxas na cidade italiana variam entre 2,5 e 10 euros por pessoa “dependendo da época” e as receitas são destinadas “à compensação dos crescentes custos ambientais, operacionais e de conservação do património” criados por mais de 24 milhões de visitantes na cidade onde vivem apenas 50 000 habitantes. Destes visitantes, cerca de 15 milhões são excursionistas e “o imposto é visto como uma táctica para garantir que até mesmo esse segmento contribui com alguma quantia para poder visitar a cidade e pagar pelos esforços públicos e administrativos que essa visita implica”.

Dinheiro, para que te quero

Para o investigador é claro que, “tradicionalmente, os impostos sobre o turismo implementados em algumas regiões do mundo serviram para fazer frente à escassez nos cofres dos governos e não para controlar o turismo de massa”.

A necessidade financeira não é um argumento que se aplique ao território, porque “em 2020, prevê-se que Macau se torne o destino mais rico do mundo, ultrapassando o Qatar”, escreve.

Como tal, “o desafio do turismo para Macau não é económico, mas sim baseado no fracasso da implementação de estratégias para gerir adequadamente a chegada de visitantes em massa nas últimas décadas”.

Por outro lado, este tipo de taxas pode originar retaliação por parte de outras regiões que entendam que os seus cidadãos estão a ser injustamente tributados. “Por isso, vale a pena considerar potenciais respostas das autoridades chinesas para impostos adicionais”, acrescenta, tendo em conta que a maioria dos visitantes de Macau é oriundo do continente.

Faltas na consulta pública

Glenn McCartney aponta ainda lacunas no documento de consulta pública sobre a referida taxa. De acordo com o investigador, o inquérito não é claro. Quando se pergunta aos residentes se são ou não a favor da implementação da medida, diz-se que o destino do imposto é o desenvolvimento das atraccões turísticas locais e o investimento em subsídios que contribuam para o bem-estar social. Contudo, não consta do documento os custos que a medida requer, nomeadamente no que toca aos métodos de colecta e aos valores recolhidos.

Se nalguns casos as tarifas turísticas são de facto para a “gestão da qualidade do turismo e para compensar desafios como a sazonalidade e a capacidade de ocupação”, tal não é o caso por cá.

“No caso de Macau, o imposto turístico não foi apresentado como parte de uma estratégia global de turismo para gerir os surtos de visitantes sazonais”, lê-se.

Acresce ainda o facto de que em Macau será difícil “esconder” a taxa turística dentro de outros produtos, como as passagens aéreas, por exemplo. “Uma taxa turística como a que está a ser discutida para Macau exige mais visibilidade se se pretende reduzir a procura”, remata.

O autor termina o artigo reiterando a necessidade de uma estratégia de “branding local”, ao invés de se rodear o problema com medidas como a taxa turística. Glenn McCartney justifica a opinião com o facto de Macau não ter uma imagem turística para além do jogo e de apesar das várias valências turísticas do território sentir-se falta de uma marca que as una .

 

Taxas inflacionadas

A população de Macau defende que a taxa turística tenha um valor de, pelo menos, três dígitos, ou seja mais de 100 patacas. A informação resulta da recolha de opiniões que a Direcção dos Serviços Turismo (DST) sobre a viabilidade de implementação de uma taxa aos visitantes.

No entanto, a DST vai “fazer uma análise mais profunda e detalhada”, e o montante do imposto será de acordo com o resultado das pesquisas e tendo como referência a taxa turística de outras cidades, disse o subdirector do organismo Hoi Io Meng ao programa “Fórum Macau”, no passado domingo. De acordo com o responsável, “os resultados preliminares da pesquisa mostraram que as opiniões não são unânimes quer no sentido de apoiar ou recusar a taxa turística” e que é necessária mais investigação. No total, a DST recebeu mais de 12 mil opiniões de residentes, 1,500 de turistas e aproximadamente 150 opiniões do entidades do sector turístico.

9 Jul 2019

Líder da Associação de Feiras e Comércio de Macau defende taxa turística

[dropcap]A[/dropcap] presidente do Conselho da Associação de Feiras e Comércio de Macau, Synthia Chan, defendeu ontem a criação de uma taxa turística no território, considerando que será uma importante receita adicional.

“Acho que a criação de uma taxa turística é uma boa ideia” e vai “ser importante porque vai dar mais uma receita adicional”, disse Synthia Chan, à Lusa, à margem de uma conferência, organizada pela Fundação Rui Cunha, sobre o turismo em Macau.

As declarações da presidente do Conselho da Associação de Feiras e Comércio surgem após a entrevista da responsável pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, à agência Lusa, em meados de Março, na qual revelou que o Governo está a efectuar um estudo para a possível aplicação de uma taxa turística no território, à semelhança de outras cidades fora da China.

Helena de Senna Fernandes disse à Lusa que não existe uma data limite para conclusão do estudo, mas que a intenção da DST é que seja realizado no mais curto espaço de tempo.

“Temos muitos turistas a entrarem [em Macau] e já há a discussão se são ou não turistas a mais”, afirmou, por seu turno, Synthia Chan, acrescentando que “em vários países já há taxa turística” e isso não afectou o sector.

O turismo em Macau cresceu 211% entre 1999 e 2018, passando de 11,5 para 35,8 milhões de pessoas, segundo as autoridades.

Questionada sobre se esta taxa poderia afectar o sector de convenções e exposições (MICE), Synthia Chan defendeu que isso não será um problema para aquele sector.

“Se o destino é bom e o conteúdo da feira ou da exposição é bom acho que a taxa não é um problema”, disse.

Em relação à especificidade de Macau enquanto plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, instou as autoridades de Macau a “aumentar as relações MICE com os países de língua portuguesa”.

Em Macau, disse Synthia Chan durante a conferência, existe “uma relação única China/Portugal que não existe por exemplo em Hong Kong, com os britânicos”, enfatizou.

Na mesma ocasião, o professor da Universidade de Macau e especialista em ‘resorts’ integrados, Glenn McCartney, um dos três oradores da conferência, mostrou alguma desconfiança com a ideia do governo de Macau, pois, na sua opinião, “as taxas normalmente são um desincentivo”.
“A minha preocupação prende-se com o efeito que a taxa turística possa ter”, disse o docente, à Lusa.

“Não estou a dizer que é uma má política (…) mas tem de assegurar que não afasta os turistas e que faça o que é suposto fazer: trazer qualidade turística a Macau”, defendeu.

Acrescentou que as receitas “devem ser alocadas para apoiar os bairros que lidam com grandes quantidades de turistas, para melhorar os museus e a requalificação arquitectónica”. Ou seja, “o dinheiro ser usado pela razão para que foi recolhido”.

2 Abr 2019

Académicos e deputados divididos com possível taxa turística

O Governo vai estudar a introdução de uma taxa turística tendo em conta os exemplos de Veneza e do Japão. De acordo com directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, a medida visa promover a qualidade das ofertas locais e não a restrição do número de visitantes. Ainda sem contornos definidos, esta taxa já divide deputados e académicos ligados ao sector

 

[dropcap]”É[/dropcap]preciso saber que tipo de imposto pode vir a ser este. Se é para os jogadores dos casinos ou para os outros turistas. É preciso saber de que forma vai ser implementado, se com uma taxa paga à entrada ou saída de Macau ou se vai ser formalizado com a adição de valor nas contas de hotéis”, começa por dizer o especialista em gestão turística e professor da Universidade de Macau, Glenn MacCartney, acerca da possível implementação de uma taxa turística, revelada pela directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes.

No entanto, mais importante do que a aplicação de uma taxa turística seria ter um planeamento consertado e uma estratégia capaz de definir uma marca para o território, acrescenta o académico.

Por outro lado, esta iniciativa pode mesmo ter um “sabor azedo” para quem visita Macau. “As pessoas já sabem que vão gastar muito seja no jogo, seja nos hotéis, se souberem que ainda têm que pagar uma taxa, vão achar isso estranho”, refere, “o que pode ser muito negativo”. Para evitar esta situação é necessário ter “algum cuidado na forma como se pode vir a implementar este imposto”.

Cuidado é também a recomendação deixada por Leonardo Dioko, professor no Instituto de Formação Turística (IFT). A razão apontada tem que ver com a introdução de um possível factor discriminatório. “Estes impostos podem ser discriminatórios porque só aqueles que têm melhores condições económicas podem estar dispostos a pagá-los”, aponta.

No entanto, o académico, depois de ressalvar que o conhecimento sobre esta taxa ainda é ainda muito reduzido, reconhece que pode vir a ser uma “boa iniciativa”. “Depende da finalidade específica desta taxa, e se será uma medida suficiente para gerir o turismo no território se não for acompanhada de outras medidas, mas penso que pode ser uma medida positiva, se for incluída num pacote mais abrangente destinado ao controle da qualidade das actividades locais e quantidade de visitantes”, refere.

Marca necessária

É também a existência de uma estratégia geral e uniforme que Glenn MacCartney defende e que tem por base a construção da marca Macau. Aliás, só assim o território também pode ter “o direito” de pedir uma taxa aos visitantes. “É necessário um branding de Macau, que transforme o território num produto, tal como Veneza ou Paris em que quando as pessoas ouvem estes nomes têm logo uma imagem formada do que podem encontrar”, diz.

No entanto, esta marca parece estar distante, ate porque não há coerência nem “sintonia “entre as acções do Governo e dos privados. “Temos um problema com a estratégia de branding: O Governo trabalha para um lado e os privados para outro e ninguém comunica”, aponta o investigador.

Antes de mais o objectivo deveria ser definir esta marca. “É preciso uma estratégia que diga claramente e uniformemente: Nós somos Macau, somos assim e temos isto para oferecer”. Actualmente esta “marca” é apontada quando há iniciativas, mas, são “sempre acções espalhadas sem nada que as una e que faça com que elas representem de facto um território capaz de conquistar uma posição dentro do cenário internacional”.

Para o académico, depois de conseguida esta marca, os visitantes já não estranhariam o pagamento de uma taxa. “É aí que as pessoas estão dispostas a pagar mais para terem oportunidade de conhecer lugares reconhecidos”. Glenn MacCartney dá mais uma vez o exemplo de Paris e mesmo de Londres em que “as pessoas não vão a estas cidades a pensar que são baratas mas sim porque têm a garantia de que valem a pena serem visitas pela qualidade das ofertas que dispõem! “Isto ainda não acontece em Macau porque não existe uma marca”, sublinha.

Dinheiro de bolso

A directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, defende que a medida não tem como objectivo a redução de visitantes mas sim a recolha de fundos “para melhorar as estruturas do território”, apontou ontem à margem da cerimónia de lançamento da aplicação de e-learning de linguagem gestual. No entanto, este argumento também não é consensual.

À margem da mesma cerimónia, o director executivo da MGM China, Grant Bowie, defendeu que a entrada em vigor deste imposto não é uma necessidade financeira no território. “Francamente penso que o Governo de Macau é privilegiado e tem uma situação financeira bastante sustentável e muito sólida”, disse.

Em caso de implementação de uma taxa, o objectivo será o de promover o próprio turismo no sentido da qualidade, apontou. “Trata-se de uma medida que tem que ser utilizada especificamente para a promoção do turismo e não deve ser apenas um meio para recolher mais impostos”, explicou o responsável.

A opinião é partilhada pelo deputado José Pereira Coutinho, que considera que não se trata de uma questão relevante tendo em conta a situação económica local. “Macau precisa deste dinheiro para promover infraestruturas que garantam uma melhor qualidade do turismo?”, questiona retoricamente.

Questão de equilíbrio

Grant Bowie defende ainda a que Macau deve continuar a apostar no turismo de qualidade ao invés da quantidade e implementar políticas no sentido do equilíbrio entre o elevado número de visitantes e a qualidade de vida dos residentes que “já são muitos tendo em conta a área do território”, apontou.

A questão do equilíbrio é também defendida por Pereira Coutinho que se assume manifestamente contra a implementação de uma taxa turística. “Acho que esta medida não tem qualquer utilidade”, diz. Para o deputado, a razão para a ineficácia da medida tem que ver com o tipo de turistas de Macau. “A maior parte dos turistas que vem a Macau vão para os casinos. Os outros, os pé descalços, são levados para lojas pré-determinadas para serem coagidos a comprar produtos contrafeitos e de baixa qualidade, o que prejudica a imagem de Macau”, justifica, pelo que “não será por causa de uma pequena taxa que deixam de vir”.

Por outro lado, “Macau não é um destino extremamente importante como outros que são reconhecidos pelas pessoas como dignos de visita”, lamenta.

Para Pereira Coutinho, em vez de avançar com uma taxa turística, o Executivo deveria promover políticas de redução de visitantes capazes de devolver a cidade aos seus moradores”. Há residentes que não circulam na zona das ruínas por exemplo, porque não há espaço pelo que o Governo tem é que pensar na população local”, sublinha.

A favor da iniciativa estão Sulu Sou e Agnes Lam. Para o pró-democrata “qualquer medida que limite o turismo local é boa”.

Já para Lam, a ideia de aplicar o dinheiro desta taxa em infraestruturas pode trazer vários benefícios quer para turistas quer para residentes. “Penso que é muito bom que o Governo comece a ponderar um estudo acerca de uma taxa turística, principalmente tendo em conta o caso de Veneza, que aplica este imposto para melhoria das estruturas urbanas e para limpeza da cidade”, aponta.

Com o dinheiro recebido através desta taxa o Governo poderia melhorar não só as estruturas públicas, como as privadas. Segundo a deputada, há residentes nas zonas mais antigas de Macau que se confrontam com problemas nas suas casas dada a antiguidade dos edifícios. “O dinheiro deste imposto pode ser aplicado também na melhoria deste tipo de construções: colocar janelas novas e melhorar as condições de higiene”, ilustra. “Desta forma a população também sentiria o retorno do turismo a que está sujeita”, remata.

 

Números do mundo

Desde Janeiro deste ano que a cidade de Veneza aplica uma taxa turística que pode ir dos 2,5 euros aos 10 euros por dia. O objectivo é “ajudar a suportar os custos associados à manutenção e limpeza da cidade, que recebe cerca de 30 milhões de visitantes todos os anos”, de acordo com a notícia avançada pelo portal da Sapo. Já o Japão, que recebeu em 2018 31 milhões de turistas, tem desde o passado dia 7 de Janeiro a taxa Sayonara, no valor de cerca de 9 dólares americanos e cobrada aos turistas no momento em que deixam o país e adicionada directamente às passagens aéreas. Ambos os destinos têm excepções para o pagamento destas taxas. Contas feitas, tendo em conta o exemplo do Japão, e como referência os 35,8 milhões de turistas do ano passado, Macau poderia ter arrecadado cerca de 322 milhões de dólares americanos, o que em patacas se cifra em mais de dois mil milhões e meio de patacas.

26 Mar 2019

Governo estuda a possibilidade de implementar taxa turística

A Direcção dos Serviços de Turismo está a ponderar aplicar taxas turísticas a quem escolhe Macau como destino. Helena de Senna Fernandes traça como objectivo para o futuro tornar o território atractivo para os mercados internacionais com apostas em valências fora do sector do jogo

 

[dropcap]O[/dropcap]Governo de Macau está a efectuar um estudo para a possível aplicação de uma taxa turística no território, como acontece actualmente em Veneza (Itália) e no Japão, disse a directora dos Serviços de Turismo à Lusa. “Estamos a fazer um estudo de comparação em termos das taxas que estão a ser impostas, por exemplo, por Veneza, (…) e pelo Japão”, afirmou Helena de Senna Fernandes em entrevista à agência Lusa.

“Não tem uma data [de conclusão], mas não queremos arrastar por muito tempo, porque também queremos apresentar este estudo para que possa ser contemplado em mais pormenor”, adiantou a responsável pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

“Estamos a fazer uma comparação e um tipo de pesquisa: porque foram lançados e qual o resultado”, esclareceu a directora. “Sem fazermos estes estudos não podemos dizer no que vai resultar”, acrescentou.

Sobre a hipótese de ser estabelecido um limite de visitantes, uma ideia que tem sido ciclicamente discutida em Macau dada a pressão turística, Helena de Senna Fernandes sustentou que “em termos práticos, vai haver sempre dificuldades”.

“Quem é que pode entrar e quem não pode entrar? Como é que vamos fazer esta distinção entre as pessoas sem fazer muita discriminação? Tem que haver um pensamento mais profundo sobre ambos os casos”, concluiu.

Aumento exponencial

O turismo da região cresceu 211 por cento entre 1999 e 2018, passando de 11,5 para 35,8 milhões de pessoas, segundo dados avançados pelas autoridades. Os chineses constituem a esmagadora maioria dos 35 milhões de turistas que visitaram Macau em 2018, mas o Governo pretende atrair outros mercados de turismo internacional, nomeadamente o europeu. Para tal, será necessário apostar na qualificação e passar a imagem de que o território tem mais para oferecer além da indústria do jogo.

“Nós não queremos que Macau, no futuro, seja mencionado só pela indústria do jogo”, admitiu Helena de Senna Fernandes em entrevista à Lusa. Mas “esse não é um caminho fácil”, acrescentou. “Em termos de Governo, queremos ver outras indústrias a crescer, utilizando a indústria do jogo (..), tais como convenções, indústrias criativas e a indústria da gastronomia, que estamos a desenvolver muito”, explicou.

Contudo, a responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau defendeu que “é importante continuar a investir nos mercados europeus, asiáticos e americanos (…) e ter visão mais alargada do que (…) os destinos vizinhos. E para isso é importante o mercado europeu”. “A nossa ligação à Europa é importante porque foi [com] esta nossa ligação, sobretudo com Portugal, que se conseguiu o Macau de hoje. Sem esta ligação não podíamos ter este património mundial”, frisou.

“Não quer dizer que vamos transformar de repente Macau num destino completamente internacional porque para ser destino internacional temos ainda que lutar mais e há muitas coisas para fazer”, ressalvou Helena de Senna Fernandes.

Turismo inteligente

Sobre a qualificação de profissionais na área do turismo, a directora do DST admitiu a existência de desafios a superar, mas sublinhou que as autoridades estão atentas. “Eu sei que da parte da nossa indústria já se está a dizer que há carência em várias áreas e estamos a discutir a melhor forma de formar (…) as pessoas locais”, afirmou. Por outro lado, “existindo essas carências” é preciso analisar, considerou a responsável. “Se não é possível encontrar essas pessoas em Macau, como é que podemos encontrar pessoas qualificadas”.

O tratamento de dados turísticos é outra das prioridades da Região Administrativa Especial de Macau: “o turismo inteligente faz parte do grande projecto do Governo da RAEM da cidade inteligente”, afirmou. “Estamos a apostar mais, numa primeira fase, em como podemos fazer uma previsão de turistas que vão para diferentes áreas de Macau”, sustentou.

Por isso, o DST vai “lançar já, agora no primeiro trimestre, um ‘website’ que vai dar informações aos turistas sobre a previsão dos turistas nas próximas quatro horas, 24 horas e próximos sete dias, para que as pessoas possam planear melhor as suas viagens e evitar também os fluxos maiores e concentração maior e turistas”, acrescentou.

“O ‘website’ vai dar informação sobre 20 atracções turísticas de Macau. Já testámos no Ano Novo chinês, os resultados foram bastante positivos”, adiantou, referindo-se ao teste de lançamento de três projectos, previstos para este ano, em parceria com grupo Alibaba, na área do turismo: plataforma de trocas de dados do turismo, aplicação de observação dos visitantes e aplicação do fluxo de visitantes.

25 Mar 2019