Hoje Macau EventosTaipa | Inaugurada amanhã nova exposição de Rusty Fox É inaugurada amanhã, na Associação Cultural Vila da Taipa, a nova exposição de fotografia de Rusty Fox. Trata-se de “Nocturnal”, focada nas formas mais estranhas que as plantas existentes em Macau podem assumir. Será também apresentado o novo livro do fotógrafo sobre a mesma temática. A curadoria está a cargo de João Ó, arquitecto e presidente da associação A Associação Cultural Vila da Taipa volta a acolher uma nova exposição a partir de amanhã. Trata-se de “Nocturnal”, que apresenta imagens de Rusty Fox, fotógrafo local conhecido pelo seu trabalho a preto e branco e foco nas formas estranhas que os objectos e coisas do quotidiano podem assumir. Desta vez, em “Nocturnal”, é apresentada “a estranha semelhança entre organismos sensíveis e vegetação urbana”, onde a fotografia é descrita como “enigmática”, captando-se “as formas antropomórficas das plantas na cidade”, pode ler-se no comunicado da organização. A mostra, que será acompanhada do lançamento de um livro com o mesmo nome, não é mais do que um “convite a um mundo alternativo paralelo, que começa na textura do papel, passa pela narrativa das imagens e, por fim, envolve toda a experiência de leitura, como se se tratasse de um conto misterioso de um romance antigo”. Este é o resultado de um trabalho fotográfico realizado por Rusty Fox na calada da noite, em plena pandemia, quando deambulou pela cidade e percebeu que “a vida vegetal da cidade estava mais florescente do que nunca”, o que lhe deu ideias para começar a fotografar. Rusty Fox percebeu que “a vivacidade das formas e o crescimento das plantas”, ou seja, a sua “linguagem corporal”, acabava por sobressair “em relação às palavras”, numa altura e que “tudo o resto estava perfeitamente calmo e imóvel”. Surgiu, desta forma, a inspiração para esta série de fotografias, “numa altura em que tudo o resto estava perfeitamente calmo e imóvel”. “Ao adoptar uma abordagem antropomórfica, Rusty Fox criou retratos de árvores, flores e plantas semelhantes a insectos análogos a formas humanas através de grandes planos cuidadosamente compostos”, aponta o mesmo comunicado. Capturou-se, assim, “a exuberância e a graça das plantas enquanto pulsavam com energia – movendo-se, dançando e esticando-se, tal como as pessoas num ambiente urbano”. Imagem e imaginação João Ó entende que esta exposição está repleta de “fotografias peculiares e místicas”, pois “as explorações nocturnas de Rusty Fox da flora local são uma interpretação sensual e háptica dos aspectos antropomórficos das plantas, convidando o público a exercitar a sua imaginação para transcrever o que vê”. Para o curador, esta mostra de fotografia é “única” e “reforça a posição da vila da Taipa como um dos principais destinos culturais e artísticos de Macau”, além de “sublinhar o seu inestimável contributo para a promoção das indústrias culturais e criativas do território”. “Nocturnal”, mas na versão livro, revela “a ambiguidade” que pauta sempre o trabalho de Rusty Fox. “À primeira vista”, descreve a organização desta iniciativa cultural, tanto a exposição como o livro “exala uma terra de solo desolado, moldada pela peculiaridade que dá a impressão de distanciamento”. Porém, “à medida que se prossegue, cresce uma sensação de proximidade estranha, uma ligação interior quase erótica e íntima, como se fosse o despertar de um desejo profundamente enterrado”. Em “Nocturnal”, as criaturas ambientais retratadas “apresentam um espetro desviante ao olhar, onde na escuridão se manifesta a sua beleza radiante”, com uma pele que “está endurecida, enrugada e escamosa, com aberturas ocasionais para buracos que são simultaneamente emocionantes e convidativos, como se estivessem ligados a um abismo perigoso que sugere a origem misteriosa da vida”. Surgem também “caules salientes e ramos tortos que se alongam em formas que parecem dançar em delírio”. Sem limites Rusty Fox nasceu em Macau, mas obteve a sua formação superior lá fora, primeiro na Universidade de East London, com um bacharelato em fotografia, e depois com um mestrado em fotografia documental na Universidade de South Wales. O seu trabalho sempre se focou “nos equilíbrios e desequilíbrios da cidade, enfatizando as relações entre seres sensíveis e objectos muitas vezes considerados inanimados”. Para o autor, “a fotografia documental não tem limites para as formas como pode apresentar os seus temas”, sendo que o seu trabalho acaba, segundo a organização da exposição, por “incentivar os espectadores a reflectir sobre a ligação frequentemente negligenciada entre seres activos e móveis e características do mundo que são frequentemente consideradas estáticas, conduzindo-os a mensagens ocultas através da sua busca de verdades extraordinárias no meio da aparente normalidade do que nos rodeia, permitindo que as imagens falem por si”.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | Rusty Fox lança “Nocturnal” no próximo domingo O fotógrafo local Rusty Fox lança no domingo, no festival literário Rota das Letras, um novo livro de fotografia. “Nocturnal” retrata, a preto e branco, árvores que evocam imagens do corpo humano, onde o ambiente nocturno se mistura com sensações de melancolia e estranheza Noite, melancolia, estranheza, corpo, movimento estático, natureza morta. Todas estas palavras cabem nas fotografias de Rusty Fox, fotógrafo natural de Macau que lança, no próximo domingo, “Nocturnal” [Nocturno], pondo fim a um breve interregno na edição de livros de fotografia. O lançamento, agendado para as 17h na Casa Garden, integra o cartaz do festival literário Rota das Letras. Ao HM, Rusty Fox confessa que estas imagens surgem no seguimento de trabalhos anteriores, muito focados na natureza e nas suas formas. “Sempre fui fascinado por objectos relacionados com diferentes formas de vida. Durante muitos anos trabalhei num projecto sobre espécimes de animais e taxidermia [técnica de preparação de animais mortos para que fiquem com as mesmas posições que tinham em vida], no tempo em que estudei fotografia no Reino Unido. Descobri que as plantas e as árvores são, de alguma forma, semelhantes aos espécimes de animais, são como objectos de exposição colocados na nossa cidade, como um museu.” O nome “Nocturnal” surgiu do editor e designer Yang, e remete para o lado noctívago de Rusty Fox. “Eu, como fotógrafo, sou noctívago, tal como as árvores nas ruas vazias à meia-noite, que têm o seu próprio mundo.” Confrontado com o facto de a obra remeter para atmosferas de estranheza, melancolia e até morbidade, o autor diz que muitos dos que vêem as suas imagens têm a mesma percepção, assumindo até que o seu trabalho constitui uma certa “metáfora sexual”. “O engraçado é que são apenas árvores, nada mais. Claro que, como fotógrafo, trabalho muito para que o público se sinta assim, mas também os lembrarei que, afinal, são sempre árvores.” Estas percepções nascem do facto de Rusty Fox ter feito trabalhos anteriores sobre animais. “Vemos as árvores como tendo a forma de um corpo humano, mas para mim é mais um espécime, para ser sincero.” Tempo de reflexão O período da pandemia foi complexo para quem pretendia publicar novos trabalhos, confessa Rusty. “Normalmente tentamos participar em feiras de livros de arte em todo o mundo e, devido à covid, não o pudemos fazer. Para mim, não era sensato publicar um livro nessa altura. O meu último livro, ‘Dummy’ [de 2018] foi lançado mesmo antes da pandemia. Usei este tempo para ‘observar’ a relação que temos com as árvores e descobri que são ainda mais fascinantes como objectos vivos, pelo que decidi fazer este livro sobre elas.” Rusty Fox adiantou que o feedback que tem recebido em relação ao livro tem sido positivo. “Normalmente, tenho tido mais público ou leitores interessados no meu trabalho, sobretudo em relação aos meus livros mais antigos, mas penso que ‘Nocturnal’ está a correr bastante bem.” Questionado sobre o posicionamento da fotografia mais contemporânea em Macau, tanto do ponto de vista das exposições, edições ou acolhimento do público, Rusty Fox considera que “está a melhorar”. “Além da fotografia tradicional, parece que há cada vez mais público interessado no lado mais contemporâneo da fotografia, o que é muito bom. Além disso, muitas pessoas, como eu, estão a tentar levar os trabalhos dos fotógrafos locais a diferentes actividades, como feiras de livros de arte e exposições internacionais, o que é sempre bom de ver”, rematou. “Nocturnal” vai partilhar o palco do Rota das Letras com o lançamento de outro livro de fotografia, “Seeing the Light”, de Francisco Ricarte, arquitecto que, nos últimos tempos, se tem dedicado bastante à fotografia e que já conta com várias exposições e obras publicadas.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Exposição colectiva de fotografia começa quinta-feira “Seeing the light in black and white” é o nome da exposição que será inaugurada na quinta-feira na Creative Macau. João Miguel Barros e Francisco Ricarte são os fotógrafos portugueses entre um colectivo que integra Rusty Fox, Tang Kuok Hou, Jason Lei e Ieong Man Pan A fotografia a preto e branco, com os seus contrastes muito próprios, é o foco principal da nova exposição que a Creative Macau inaugura na quinta-feira, e que estará patente até 19 de Fevereiro. “Seeing the light in black and white” [Vendo a luz a preto e branco] conta com trabalhos de nomes locais que já são bem conhecidos do mundo da fotografia, tal como João Miguel Barros, Francisco Ricarte e Rusty Fox, num total de seis. Ao HM, Francisco Ricarte disse que apresenta na exposição um conjunto de cinco fotografias tiradas em Shenzhen em finais de 2019. “Foram todas tiradas no mesmo local, a um edifício de arquitectura moderna que me fascinou do ponto de vista do seu conteúdo e da relação estabelecida com o interior, exterior e zonas de sombra”, contou. O fotógrafo e arquitecto optou por “um preto e branco intenso”, onde as colunas do edifício sobressaem num forte jogo de sombras. “Há fotos em que praticamente está tudo negro e apenas se vê uma parte do edifício. As suas colunas, a branco, contrastam com a envolvência de tons mais escuros e carregados.” Com estas imagens, Francisco Ricarte tentou demonstrar “como é a visão e a interpretação do ponto de vista da fotografia a preto e branco”, bem como “mostrar que é possível novas abordagens e ter uma visão interpretativa da luz quando ela não é directa”. Fotografar com estas tonalidades, ao invés da cor, “é extremamente desafiante e uma questão de sobrevalorização de determinados contrastes cromáticos”, frisou. “A cor está ausente e articula-se muito bem com determinados tipos de sentimentos e emoções”, adiantou Francisco Ricarte, que faz fotografia apenas nos tempos livres, mas que tem integrado várias exposições no território com os seus trabalhos. Uma viagem de comboio No caso de João Miguel Barros, que por norma privilegia a fotografia a preto e branco no seu trabalho, o público poderá ver imagens que integram a última edição do seu projecto Zine Photo, com o tema “Pendolino”, e que abordam “uma viagem de comboio feita entre as cidades de Lisboa e Porto, com regresso a Lisboa”. Nesse dia, João Miguel Barros capturou “um dia chuvoso e uma paisagem difusa”. Estas são imagens impressas em película fotográfica e colocadas numa caixa de luz. A opção “permite evidenciar os rastos de chuva nos vidros da janela do comboio, acentuando o dramatismo que pretendi captar com este trabalho”, contou o fotógrafo e advogado. A participação nesta mostra colectiva da Creative Macau é, para João Miguel Barros, como regressar às origens, ao lugar onde fez a sua primeira exposição individual, depois de muitos anos a trabalhar na advocacia. “Desde então já tanta coisa aconteceu, e continua a acontecer, quer na produção autoral, quer na curatorial, quer até na editorial. E só passaram cinco anos!”, referiu. A Creative Macau descreve que o trabalho dos seis fotógrafos pretendeu dar respostas à verdadeira essência da captura de imagens, e se há ou não verdade numa era em que a fotografia é bastante modificada com as novas tecnologias. Actualmente, as tonalidades e as cores do mundo que nos rodeia podem assumir novas perspectivas. “Estes seis fotógrafos apresentam a arte da fotografia com o seu estilo muito próprio. Eles criaram algo novo e original, ao manipular a natureza da imagem ou não, para ‘mostrar a verdade’”.