Jogo | Galáctica subida de lucros

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Galaxy Entertainment anunciou ontem lucros de 6,3 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2016, mais 51 por cento face a 2015. As receitas de jogo do grupo cifraram-se em 52,8 mil milhões de dólares de Hong Kong, mais quatro por cento em termos anuais homólogos, segundo o comunicado da empresa.

O EBITDA ajustado – lucros antes de impostos, amortizações e depreciações – aumentou 18 por cento para 10,3 mil milhões de dólares de Hong Kong.
“A médio e longo prazo temos uma perspectiva positiva sobre Macau e estamos confiantes de que Macau irá transformar-se num centro mundial de turismo e lazer, como previsto pelo Governo, e estamos satisfeitos por sermos capazes de o apoiar a sua visão de liderança”, afirmou o presidente do Galaxy Entertainment, Lui Che Woo.
No último trimestre de 2016, as receitas de jogo do grupo aumentaram sete por cento em termos anuais para 13,3 mil milhões de dólares de Hong Kong, com as receitas do segmento de massas a aumentarem 15 por cento para 5,6 mil milhões de dólares de Hong Kong, e as receitas VIP a apresentarem um aumento de três por cento para 7,2 mil milhões de dólares de Hong Kong.
A operadora prevê iniciar a construção da terceira e quarta fase da expansão do Galaxy Macau no final do primeiro trimestre ou início do segundo, com foco nas actividades extrajogo, e dirigidas principalmente para o sector MICE (reuniões, convenções e exposições), entretenimento e espaços para as famílias.
No comunicado, a empresa remete para mais tarde detalhes sobre o resort integrado a construir em 2,7 quilómetros quadrados na Ilha da Montanha, um projecto que não contempla a componente de jogo. Além disso, refere que está considerar oportunidades nos mercados estrangeiros, incluindo o Japão. O grupo opera seis dos 38 casinos de Macau.

1 Mar 2017

Turismo | Despesa extra-jogo voltou a crescer em 2016

HÁ VIDA PARA ALÉM DOS CASINOS

Os mais de 30 milhões de visitantes que escolheram Macau como destino no ano passado voltaram a gastar mais dinheiro fora dos casinos, depois de as suas despesas, excluindo em jogo, terem diminuído em 2015 pela primeira vez

[dropcap]D[/dropcap]e acordo com dados divulgados ontem pelos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), no ano passado, a despesa total, excluindo em jogo, foi de 52,66 mil milhões de patacas, mais três por cento face a 2015, ano em que os gastos dos visitantes de Macau caíram pela primeira vez desde 2010, ou seja, desde que há registo.
A par com o aumento global, verificou-se também uma subida dos gastos ‘per capita’ de 2,2 por cento face a 2015 para 1701 patacas, indica a DSEC.

A maior despesa ‘per capita’ foi efectuada pelos visitantes da China, o maior mercado emissor de Macau, que subiu ligeiramente (0,5 por cento) para 1975 patacas. Os gastos ‘per capita’ dos visitantes de Singapura (1773 patacas), do Japão (1708 patacas), de Taiwan (1620 patacas) ou de Hong Kong (999 patacas) também aumentaram.
Já a despesa ‘per capita’ dos visitantes da Tailândia (1083 patacas), dos Estados Unidos (1262 patacas) ou do Reino Unido (1242 patacas) diminuiu comparativamente a 2015.

Férias e perfumes

Segundo a DSEC, no ano passado, os visitantes despenderam, essencialmente, em compras (744 patacas, isto é 43,7 por cento do total ‘per capita’), menos 2,4 por cento face a 2015.

Alimentos/doces e produtos cosméticos/perfumes representaram, respectivamente, 29,5 por cento e 21,1 por cento, da despesa ‘per capita’ em compras. Já em alojamento, gastaram 463 patacas e 355 patacas em alimentação, ou seja, mais 9,3 por cento e 3,2 por cento, respectivamente, em termos anuais homólogos.

Mais de metade veio passar férias. Já 17 por cento utilizaram o território só como ponto de passagem

Segundo os resultados do inquérito às despesas dos visitantes, da DSEC, analisando por principal motivo da vinda a Macau, mais de metade (50,2 por cento) foi para passar férias.

Já 17 por cento utilizaram o território só como ponto de passagem, enquanto 9,6 por cento dos inquiridos foram atraídos pelas compras e 6,6 por cento pelo jogo em casino; também para visitar familiares e amigos, para negócios e assuntos profissionais (4,1 por cento) ou participar em convenções/exposições (0,7 por cento).

Em 2016, a despesa ‘per capita’ dos turistas foi de 2681 patacas – menos 4,5 por cento face a 2015 –, enquanto a dos excursionistas situou-se em 693 patacas, mais 3,7 por cento em termos anuais homólogos.

Macau foi o destino escolhido por 30,95 milhões de visitantes em 2016, ano em que, pela primeira vez numa década, o universo dos que pernoitaram representou mais de metade do total (15,7 milhões de pessoas).

24 Fev 2017

Economistas não acreditam em 9% de aumento de receitas extra-jogo

A meta é clara: até 2020 o Governo quer que 9% das receitas dos casinos sejam provenientes de actividades extra-jogo. Lionel Leong não esconde que tem pela frente um trabalho de Hércules. Já os economistas dizem ser “quase impossível”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer mas nem o próprio Secretário para a Economia e Finanças acredita. Uma “tarefa” que não será “fácil”, é como Lionel Leong classifica a meta de aumentar as receitas das actividades extra-jogo das concessionárias de 6,6% – valor actual – para 9%, até 2020. Economistas contactados pelo HM também não parecem muito convencidos.
“Apesar do Governo acreditar que se vai alcançar esta meta, é necessário o esforço conjunto das diversas partes [e sublinho] não ser uma tarefa fácil”, explicou o Secretário aos jornalistas, na semana passada, à margem de uma cerimónia pública. Apesar da dificuldade apresentada, o Governo está “convicto de se conseguir esse objectivo”, sendo que até as concessionárias do Jogo “já manifestaram” essa confiança.
Mas, será assim? “Na realidade penso que o que o Secretário disse é inteiramente verdade, é muito difícil. Porque esta meta tem efectivamente a ver com a diversificação da economia e nós todos sabemos que isso não é tarefa fácil”, começa por admitir o economista José Luís Sales Marques.
No entanto, é bom, diz, que “em parte o Governo tenha apontado para um objectivo e que o próprios reconheçam que não é uma meta fácil de atingir. Isto mostra alguma garra, alguma ambição no sentido positivo de se concretizar a diversificação económica”.
Por outro lado, é preciso existir uma “estratégia bastante mais clara e objectiva, do que aquela que se tem vindo a ter até agora”, explica o economista ao HM. “Isto quer dizer que a diversificação económica passa por objectivamente aumentar a contribuição de sectores que não o Jogo na composição do Produto Interno Bruto (PIB).”
À sua frente, o Governo tem um trabalho a cumprir: o de estimular os outros sectores, que na maioria são as pequenas e médias empresas (PME). No fundo, “o que estamos a pedir é que as PME, nas suas diversas actividades, dêem um contributo mais substancial ao PIB”, nota Sales Marques. Para isso é preciso olhar para o funcionamento deste tipo de empresas, para as suas áreas de actuação, sem esquecer a necessidade de “estimular” as PME, para que possam funcionar melhor e mais produtivamente.
“Isto passa, claro, por questões que estejam relacionadas com o capital, com o financiamento, com a utilização das tecnologias e, também, e neste caso particular de Macau, pela qualidade da mão-de-obra”, argumenta o economista.

Ver para perceber

Para Sales Marques, é essencial olhar “para as coisas com muito realismo e ver efectivamente que Macau tem de ter uma mão-de-obra mais qualificada”. Sem esquecer o esforço na educação e formação que o Governo tem feito, que, diz, “não tem sido suficiente”.
“É preciso que Macau tenha uma maior abertura para entrada de profissionais em vários sectores, para trabalharem no território. Profissionais estes que possam contribuir para a diversificação da nossa economia e com a sua experiência nos ajudem a formar no trabalho os seus companheiros locais”, explicou o economista, que se mostrou a favor da formação dos talentos de Macau.
“Os talentos fundamentalmente têm duas componentes, uma ligada à sua formação e educação e outra ligada ao processo produtivo, porque aqui não basta saber, é preciso saber fazer. E este é o segredo da produtividade”, frisou.

É impensável

Em termos práticos, a proporção do aumento das receitas terá de ser de 30%. Lionel Leong explica que “se as receitas totais das concessionárias do Jogo forem de cem patacas, então as receitas das actividades extra-jogo são de 6,6 patacas, enquanto as receitas das actividades do Jogo são de 93,4 patacas”.
“Assim, se daqui a cinco anos, conseguirmos um aumento das receitas das actividades extra-jogo de 6,6 patacas para nove patacas, isto significa que na realidade a proporção de aumento é superior a 30%”, clarificou.
Tal como o Secretário, também Albano Martins confirma a necessidade de um aumento de 30%. “Para chegarmos aos 9% é preciso que a esta indústria do extra-jogo cresça 30% num ano. Isto é quase impossível. O que significa que o Governo tem noção que uma alternativa ao Jogo não vai acontecer nos próximos 20 anos”, defendeu o economista.
O verdadeiro desafio está em “arranjar alternativas ao Jogo”, se estas alternativas “não surgirem pela própria mão do sector”, com actividades diferentes do Jogo.
“Só o próprio Jogo tem esta capacidade”, apontou Martins, frisando que as concessionárias devem apostar em eventos que modernizem e convenções. “Tem acontecido, mas tirando isto não se faz mais nada”, explicou, adiantando que para a diversificação é preciso “muito tempo”. “Para crescer até 9% é preciso muito. Isto tecnicamente é quase um objectivo impossível de atingir. Não vai ser nada fácil diversificar e é bom que o Secretário tenha essa noção.”

Optimistas precisam-se

Para o comentador Arnaldo Gonçalves, as declarações de Lionel Leong são “razoáveis” e “acertadas” e este é um assunto que recolhe unanimidade de observadores e economistas.
“Macau tem uma dependência crónica em relação ao Jogo, que nos últimos 15 anos não foi ultrapassada. Não se vê aparecer um outro sector económico, ou um conjunto de actividades económicas que possam compensar essa dependência crónica. No campo dos desejos, todos queríamos que esta dependência não fosse intensiva, mas a verdade é que ela continua a existir”, explica.
Para Arnaldo Gonçalves, as actividades inovadores e culturais não podem ser uma alternativa ao Jogo. “O que é que estas actividades gerem em relação ao lucro? Dão espaço para fazer artigos para Macau, mais nada”, frisou, reforçando que o território não tem um produto que seja seu ou uma marca que possa ser comercializada para fora.
Em contrapartida, o economista Joey Lao sente-se bastante optimista quanto à meta colocada pelo Governo. “Considero o objectivo bastante razoável”, apontou, defendendo que Macau já começa a dar sinais desse mesmo crescimento. O economista não esconde que é um “desafio” para o Governo e concorda com o Secretário, mas diz que é algo exequível.

9 Mai 2016

Jogo | Casinos das regiões vizinhas não são concorrência, diz estudo

Os casinos que existem ou que vão nascer nas regiões próximas a Macau não representam concorrência para o território pelo menos até 2019. A conclusão é de um estudo da UBS, que indica contudo que a RAEM já está a perder alguns apostadores

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos terão pouca concorrência a nível do mercado de massas até 2019 nas regiões vizinhas, mas já começaram a perder os grandes apostadores chineses para outros territórios, indica um estudo da UBS Securities Asia. O documento, divulgado na segunda-feira e citado ontem pelo portal especializado em jogo GGRASIA, tem por base um inquérito a 510 apostadores do mercado de massas oriundos do interior da China – os resultados indicam que os jogadores manifestaram pouco interesse em visitar os casinos noutras partes da Ásia-Pacífico.
“Pensamos que é improvável que outros casinos da Ásia consigam competir com Macau pelo mercado de massas [do interior da China] até 2019, quando surgirem produtos de qualidade e com massa crítica em mercados como a Coreia [do Sul]”, escreveu a UBS.
A empresa acrescenta que, apesar da reduzida intenção de os apostadores do mercado de massas se deslocarem a outros casinos da Ásia-Pacífico, “o interesse nos casinos de Las Vegas parece elevado”.
O inquérito foi conduzido em Outubro. Os inquiridos gastaram em média 12 mil yuan a jogar por cada viagem a Macau. O montante foi medido pelo volume de dinheiro gasto na aquisição de fichas de jogo.
Em média, os inquiridos visitaram a cidade 2,3 vezes por ano e foram a 1,8 casinos em cada visita. Excluindo os espaços de jogo em Macau, metade dos inquiridos conseguiu enumerar um país com casino (30%) ou um casino específico na Ásia (20%).
Apenas 10% disseram que tinham ido a um casino noutra região da Ásia-Pacífico, com a Malásia, Coreia do Sul e Singapura a surgirem como os destinos mais populares.
“Contudo, acreditamos que a competição [regional] para [aceder aos jogadores chineses] do mercado VIP já começou e vai continuar”, refere a UBS em relação aos grandes apostadores, que têm um peso importante nas receitas dos casinos de Macau. “Estimamos que a quota regional de Macau do mercado VIP baixou de 84% em 2011 para 76% em 2015. Esperamos que a quota desça ainda mais para 66% em 2019”, acrescentou.
Segundo a UBS, “isto é parcialmente motivado por maiores incentivos dados aos junkets para procurarem comissões noutros destinos de jogo além de Macau”, devido aos impostos mais elevados sobre as receitas praticados em Macau, comparativamente a outros destinos com casinos.

Tabaco malfeitor

O estudo da UBS indica ainda que o aumento das restrições ao fumo nos casinos de Macau, nomeadamente a proibição de áreas para fumadores nas zonas destinadas ao mercado de massas, poderia resultar na diminuição do número de visitas a Macau por parte dos apostadores chineses.
Questionados sobre se a proibição total de fumar iria afectar a sua decisão de visitar Macau, 3% dos inquiridos disse que iria deixar de visitar a região e 6% afirmou que diminuiria o número de visitas ao território.
Um total de 21% disse que a proibição total de fumar iria ter um pequeno impacto no tempo gasto a jogar em Macau, enquanto outros 6% disseram que iriam passar a visitar a região com mais frequência.
Um estudo da consultora KPMG divulgado no mês passado indica que a proibição total de fumar nos casinos de Macau poderia conduzir à queda de 16% no PIB da cidade. Este estudo foi encomendado pelas seis concessionárias de jogo de Macau. Lusa/HM

2 Dez 2015

Jogo | Mercado VIP já não vai ser o que era, diz especialista

Ou alguma coisa muda, ou então o mercado do jogo vai deixar de ser interessante. É o que defende Muhammad Cohen, especialista em Jogo, que indica não ter visto muitos ajustes das operadoras para mudar o rumo da economia

[dropcap style=circle’]O[/dropcap]especialista do jogo Muhammad Cohen considerou que o sector em Macau “não vai voltar a ser o que era”, a propósito da queda das receitas dos casinos da região em Setembro para o valor mais baixo em cinco anos.
Para Cohen, um dos editores da revista Inside Asian Gaming e colaborador da revista Forbes, que habitualmente analisa o sector do jogo em Macau, “o antigo mercado”, assente nos designados “jogadores VIP” e de sucessivos recordes, não vai voltar e não se vislumbra fim à tendência descendente, enquanto as operadoras não se adaptarem a uma nova realidade.
“O antigo mercado de Macau não vai voltar, o mercado VIP não vai voltar a ser o que era. Os casinos continuam a fazer muito dinheiro, mas é muito menos [que no passado] e vai continuar a ser muito menos”, disse à Lusa o especialista.
Os casinos de Macau, que chegaram a gerar uma receita de 38 mil milhões de patacas em Fevereiro de 2014, registaram em Setembro o 16.º mês de quedas sucessivas, mesmo depois de previsões que apontavam para que o segundo semestre deste ano seria de retoma ou, pelo menos, estabilização.
Na base destas previsões estava a expectativa de que dois novos projectos – Galaxy e Studio City – viessem a impulsionar o sector, mas mesmo com a abertura de um deles em Maio, não houve sinais positivos.

Factores de inibição

A campanha anti-corrupção da China não dá sinais de abrandamento e continua, para o especialista, a ser o principal factor a inibir os grandes apostadores de irem a Macau. No entanto, salientou que a cidade também não foi ainda capaz de se adaptar às novas tendências, ou seja, de se focar no sector de massas.
“Os chineses viajam cada vez mais para o estrangeiro e querem visitar outros sítios, ver outras coisas. Vão ao Japão, vão à Coreia. Querem jogar mas também querem fazer outras coisas. Macau não tem um plano B. [As receitas do sector VIP] eram fruta ao alcance da mão, apanharam-na e agora que não há mais, ninguém está pronto a subir à árvore”, criticou.
É preciso oferecer “coisas novas e entusiasmantes” que tornem Macau atraente para o jogador médio, acrescentou, considerando ser “difícil dizer se abrir ‘resorts’ novos é suficiente”.
“Não tenho visto sinais de grandes ajustes [das operadoras de jogo]”, afirmou Cohen, ressalvando que o Studio City, que abrirá no final deste mês, anunciou um hotel de quatro estrelas, mais acessível à classe média.
Questionado sobre a possibilidade de este abrandamento ser propositado – uma forma de, a par de combater a lavagem de dinheiro, arrefecer uma economia pautada por incessantes subidas no imobiliário e inflação –, o especialista hesitou.
“[Se foi propositado] passaram das marcas. Uma coisa é arrefecer a economia, outra coisa é ter o PIB a cair com a taxa mais elevada do mundo. Fala-se que o Governo chinês gostava de ver o crescimento de Macau mais alinhado com o crescimento da economia da China. Mas isso talvez quisesse dizer crescimento a um dígito, agora, estamos a ver contracção a dois dígitos”, considerou.
No primeiro semestre do ano, o PIB de Macau caiu 25,4% em termos reais.
Por outro lado, para Cohen, o Governo de Macau “tem pouca margem para operar”. E, se estes dois factores não se alterarem – adaptação do sector ou introdução de políticas pelo Governo –, Cohen não prevê um fim próximo para a tendência descendente das receitas do jogo em Macau.
“Não há grandes motivos para termos esperança, a não ser que algo dramático aconteça: um novo projecto, uma atracção nova, um espectáculo ou então grandes mudanças nas medidas políticas”, concluiu.

5 Out 2015

Casinos | Setembro com quebra de 33% . Valor mais baixo desde 2010

[dropcap style=circle’]O[/dropcap]s casinos encerraram Setembro com receitas brutas de 17.133 milhões de patacas, uma queda de 33% face ao período homólogo de 2014 e o valor mais baixo dos últimos cinco anos. Dados oficiais da Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicam que, em termos acumulados, entre Janeiro e Setembro deste ano, as receitas brutas dos casinos totalizaram 176.015 milhões de patacas, ou seja, menos 36,2% relativamente aos primeiros nove meses do ano passado.
Desde Junho de 2014 que os lucros tem sofrido uma rota descendente, com Setembro a ser o 16.º mês consecutivo de quedas homólogas. O resultado do mês passado é também o pior em cinco anos, desde que, em Setembro de 2010, as receitas dos casinos atingiram 15.302 milhões de patacas.

SJM lidera

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) liderou o mercado ainda que com uma quota quase igual à de outros dois operadores, a Sands China e a Galaxy, noticiou ainda a TDM. A SJM, fundada pelo magnata Stanley Ho, foi responsável por 21% das receitas em Setembro, seguida pela Sands China, do norte-americano Sheldon Adelson, cuja quota de mercado representou também cerca de 21%. Já a Galaxy, de interesses de Hong Kong e liderada por Lui Che Woo, conseguiu 20,5% do mercado em Setembro.
Neste ‘ranking’, segue-se a Melco Crown (com cerca de 14,5% do mercado), que tem em Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, um dos dois principais accionistas; a MGM China, dirigida por Pansy Ho, também filha de Stanley Ho (11%, aproximadamente) e a Wynn, do norte-americano Steve Wynn, com uma fatia de cerca de 10% do mercado.
As acções das seis operadoras de casinos fecharam sexta-feira na bolsa de Hong Kong no valor mais baixo do último ano, com a sessão a ficar marcada por perdas entre os 5,7% e os 9,34%. As acções da Sands China valiam no final da sessão 24,25 dólares de Hong Kong, menos 9,34% do que no dia anterior. Os títulos da Galaxy caíram 6,9%, para 19,86 dólares de Hong Kong, e os da MGM China desceram 8,9%, para 9,27 dólares de Hong Kong. A Wynn Resorts caiu 5,7%, para 8,87 dólares de Hong Kong e a Sociedade de Jogos de Macau desceu 6,8%, para 5,47 dólares de Hong Kong. A Melco Crown perdeu 8,68% do valor, para 9,57 dólares de Hong Kong.
A quebra contínua das receitas abaixo dos 18 mil milhões de patacas pode originar a implementação de novas medidas de austeridade, tal como previamente anunciado pelo Governo.

5 Out 2015

Jockey Club | Governo renova contrato de concessão por mais dois anos

Apesar das quebras consecutivas nos lucros e da torrente de críticas face às condições do Jockey Club, o Governo renovou por mais dois anos o contrato exclusivo para as corridas de cavalos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Macau Jockey Club conseguiu a renovação do contrato exclusivo das corridas de cavalos, apesar dos prejuízos e críticas às condições a que estão sujeitos os animais. O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, confirmou a renovação do contrato de concessão por um período de dois anos à Companhia de Corridas de Cavalos, que opera o espaço.
A decisão do Governo, que já tinha sido avançada a semana passada pelo Jornal Tribuna de Macau, não foi ainda publicada em Boletim Oficial, mas Lionel Leong disse na sexta-feira à imprensa que o novo contrato seguia os mesmos termos do que expirou a 31 de Agosto.
“O departamento relevante sugeriu a renovação da licença por mais dois anos. De acordo com a actual situação, devemos utilizar estes dois anos para procurar desenvolver mais o Macau Jockey Club. Isto fará com que estejam de acordo com o desenvolvimento económico, incluindo a posição de Macau como centro de turismo internacional”, disse Lionel Leong, citado pela TDM.
A renovação da concessão acontece numa altura em que a empresa tem prejuízos acumulados de 3,8 mil milhões de patacas até 2014. Apesar de anos consecutivos com as contas no vermelho, a empresa manifestou sempre o interesse de continuar. Numa resposta escrita à Lusa no início de Agosto, o director-executivo, Thomas Li, afirmou que o agravamento dos prejuízos de 2013 para 2014 “deve-se à tendência de baixa do volume de negócios, a qual é semelhante à experimentada pelo sector do Jogo em Macau e também noutros clubes de corridas na Ásia”.
As perdas da empresa arrastam-se, no entanto, desde 2005, enquanto a rota descendente das receitas brutas dos casinos só foi encetada em Junho de 2014.
Para fazer face a essa “tendência”, o Macau Jockey Club “considera que o mais importante é melhorar as instalações, bem como os serviços (…), sendo a primeira prioridade a renovação das pistas”. “Os futuros aperfeiçoamentos vão levar-nos em direcção a padrões internacionais e a atrair mais clientes”, acrescentou.

ANIMA desagradada

A renovação da concessão do Macau Jockey Club foi já contestada pela Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA, que questiona a gestão da empresa e as condições em que vivem os cavalos, nomeadamente os já retirados das provas.
“Não conseguimos perceber (…) como é que uma empresa que está insolvente, quase tecnicamente falida, pode fazer mais. Modernizar o quê, se os estábulos estão a cair (…) e as instalações completamente degradadas? Durante tantos anos essa empresa foi incapaz de gerir o Jockey Club de forma eficiente e agora o Secretário [para a Economia e Finanças] entende que em dois anos esses senhores vão fazer um grande investimento”, disse o presidente da ANIMA, Albano Martins, na TDM.
“A ANIMA protestou junto do Secretário [para a Economia e Finanças] e enviou uma carta ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) para que a empresa seja investigada, porque nós não conseguimos acreditar como é que uma empresa que tem (quase) quatro milhões de patacas de prejuízos entende que deve continuar a fazer esse negócio”, acrescentou.
Dados consultados pela Lusa mostram que a Companhia de Corridas de Cavalos soma prejuízos anuais consecutivos desde 2005. O pior registo financeiro remonta a 2006 com perdas de 286,6 milhões de patacas. Desde 1999, teve lucros apenas em quatro anos, com o mais recente a remontar a 2004, de acordo com os mesmos dados.
Os anos seguintes oscilaram entre ligeiros altos e baixos, mas as contas mantiveram-se negativas até 2014, ano que encerrou com prejuízos de 51,2 milhões de patacas. As receitas das corridas de cavalos no cômputo do sector do Jogo: em 2014 totalizaram 306 milhões de patacas, ou seja, apenas 0,08%.

Já era

Numa visita, a Lusa viu que as corridas estão reduzidas a meia dúzia por mês e as bancadas estão [geralmente] “às moscas”. Funcionários do Jockey Club, que falaram sob a condição de anonimato, apontaram como principal motivo “a concorrência dos casinos” e também o facto de terem as obras do metro ligeiro – em construção – literalmente à porta há um par de anos.
“Com tantas construções à volta agora quase nem se percebe onde é a entrada”, afirmou uma funcionária. Esse argumento é utilizado para justificar, em parte, a degradação das infra-estruturas do local, com um desgaste visível incluindo nas áreas públicas.
O mau estado das infra-estruturas é do conhecimento público e foi inclusivamente exposto numa carta aberta de membros clube, cujos excertos foram reproduzidos pelo jornal South China Morning Post. Esta missiva surgiu pouco depois de um cavalo ter sofrido lesões na sequência da queda de um bloco de cimento do teto dos estábulos, o que o afastou temporariamente da competição.
Tanto as críticas dos membros do clube como as notícias de que as precárias instalações têm estado na origem de acidentes foram desvalorizadas pelo Macau Jockey Club na conversa com a Lusa.
“Às vezes as reparações podem demorar mais por causa do tempo ou dos materiais. Aconteceram um ou dois acidentes, mas estão sempre a decorrer reparações”, afirmou um dos responsáveis.
Em resposta escrita à Lusa, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) – que procede a fiscalizações não periódicas às cavalariças e a inspecções sanitárias aquando da importação e exportação – disse ter verificado recentemente que os animais recebiam os “devidos cuidados e que a limpeza, na maioria das cavalariças, atingia o nível satisfatório”.
Este instituto aconselhou, porém, o Jockey Club “a prestar atenção à manutenção e gestão das instalações e, ao mesmo tempo, à limpeza, desinfecção e prevenção de doenças, bem como à eliminação de perigos para a segurança no interior das cavalariças, de modo a garantir a protecção dos cavalos e trabalhadores”.
Segundo dados facultados à Lusa pela empresa, o Macau Jockey Club tem actualmente cerca de 430 cavalos, incluindo duas dezenas de retirados das competições, a maioria de residentes de Hong Kong e da China.

Deputados esperam novo modelo de operação

Os deputados Si Ka Lon e Zhen Anting consideram que não faz sentido o Jockey Club manter a situação actual e esperam que a empresa comece as novas operações durante mais dois anos com um diferente “pensamento de negócio” e diferentes projectos.
Em declarações ao Jornal Ou Mun, Si Ka Lon apontou que o Jockey Club já perdeu lucros há mais de um ano, algo que significa, para o deputado, que o espaço não está a ser bem aproveitado.
Apesar de considerar “aceitável” que o Governo renove por mais dois anos a concessão – considerando a necessidade de diversificação económica –, Si Ka Lon acha que o Jockey Club tem de mostrar que merece manter-se.
“O actual modelo de operação não é viável. Caso haja novos pensamentos e planeamento de negócios, é bom que a concessão seja renovada, caso continue a perder lucros não faz grande sentido continuar por mais dois anos. Em primeiro lugar, o Jockey Club deve fazer parar a queda das receitas, depois pensar em desenvolver-se. Por exemplo, poderia pensar em promover mais o hipismo.”
Zheng Anting concorda e diz que, actualmente, o Jockey Club abre apenas quando há corridas, mantendo-se silencioso nos restantes dias, pelo que considera também que este espaço “tão grande” não foi aproveitado de forma apropriada. O deputado sugere que a operadora introduza factores não jogo como parques de diversões, actividades para famílias e espaços criativos e culturais, criando mais movimento no local.

7 Set 2015

Receitas | Quebras de Agosto podem impor medidas de austeridade

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos de Macau deverão fechar Agosto com receitas brutas de cerca de 18.500 milhões de patacas, o que poderá colocar as receitas abaixo da média estabelecida pelo executivo para impor “medidas de austeridade”.
Dados dos operadores a que a Agência Lusa teve acesso indicam que as receitas de presente mês deverão fixar-se num intervalo entre os 18.300 e os 18.800 milhões de patacas.
A confirmar-se o intervalo, o mês de Agosto, outrora um mês forte nas receitas dos casinos locais, figuraria como o segundo ou terceiro pior mês desde que em Junho de 2014 os casinos começaram a registar quebras homólogas das receitas.
Os dados são oriundos das empresas Sands China e MGM China e permitem também concluir, por projecções anteriores, que a Sands China e a Galaxy Resorts deverão manter-se, respectivamente, no primeiro e segundo lugares do ranking de operadores, remetendo para o terceiro posto a Sociedade de Jogos de Macau, fundada por Stanley Ho e que mais de dez anos após a entrada de novos operadores continua a manter-se como uma das principais companhias em funcionamento.

Tecto baixo

O cenário das projecções coloca, no entanto, a média mensal das receitas brutas dos casinos abaixo dos 20.000 milhões de patacas, o tecto que o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, estabeleceu para que o Executivo local assuma “medidas de austeridade”, apesar da execução orçamental local ser superavitária e do saldo positivo acumulado até Julho ser já superior ao previsto para os 12 meses do ano. [quote_box_right]O cenário das projecções coloca a média mensal das receitas brutas dos casinos abaixo dos 20.000 milhões de patacas[/quote_box_right]
Com 140.259 milhões de patacas de receita até Julho, uma média de 20.037 milhões de patacas, a média mensal no patamar mais alto de receita prevista ficaria em quase 19.900 milhões de patacas, abaixo do ‘limite’ estabelecido.
A economia de Macau está assente nos serviços com o sector do turismo, especialmente o jogo em casino, a afirmar-se como a principal fonte de receita pública devido aos impostos directos de 35% cobrados sobre as receitas brutas apuradas nos espaços de jogo e de 4% de indirectos canalizados para fins diversos como a promoção turística.

26 Ago 2015

“Macau deu o poder da indústria aos junkets e ao resto do sector VIP”

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o seu livro “Chopsticks and Gambling”, refere que o Jogo e o vício são vistos negativamente na cultura chinesa, mas que os números revelam ser os chineses quem mais joga. Como é que esta disparidade acontece?
Tem mais que ver com a história da população, em termos de dinastias. Vemos que em cada uma delas, há uma série de medidas e políticas para banir o jogo, mas continua a existir, naturalmente. Aqueles que são normalmente acusados de jogar são, afinal, oficiais de Estado e membros do Governo. Penso que os chineses não vêem o jogo como uma doença ou um vício, como os ocidentais. Os chineses entendem é quem joga como sendo uma má pessoa. No mundo ocidental, os apostadores são vistos como psicologicamente doentes e na China, quem não consegue controlar os impulsos, é visto como sendo uma má pessoa. Julgo que esse é um problema grave, em termos da ajuda e do apoio que estas pessoas poderiam ter. É muito complicado fazer com que as pessoas viciadas em jogo peçam ajuda e dêem a cara.

Mas porque é que é na população chinesa que a percentagem de viciados é maior?
Esta é a pergunta decisiva: é muito complicado de explicar, mas na perspectiva da própria indústria percebemos que o vício afecta mais os chineses porque são quem mais joga. Não se sabe ainda é porque é que são quem mais joga… Pode ter causas biológicas ou de etnia, por ser uma questão cultural ou causa de forças exteriores. Talvez uma combinação das três. E é uma coisa que não é de agora, tem vindo a acontecer há séculos. Xangai tinha uma série de casinos que acabaram por desaparecer, embora haja uma faixa suburbana de jogo ilegal muito forte. Nas minhas pesquisas, concluí que a cultura chinesa que vem a Macau tem propensão para ver o jogo como uma forma de investimento. Assim, não vêem o facto de perderem como um “perda” em si, mas sim como uma actividade que terá retorno: “Jogo para ter uma taxa de 20% ou 30% de retorno”. Antes do ‘crash’ da bolsa [de Xangai], claro, o negócio do imobiliário estava a crescer exponencialmente e as pessoas procuram dinheiro extra para ficar mais ricas e subir na escada social. Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é “um aspecto cultural”. O factor cultural entra em termos da forma como se joga, como é o exemplo das superstições que ganham vida entre as quatro paredes dos casinos.

Que tipo de superstições existem?
Uma série delas, mas é muito comum os chineses usaram lingerie vermelha ou banharem-se em água com flores e extractos de plantas antes de irem para as mesas, para trazer sorte. A superstição tem que ver com o reforço e atracção da sorte. O Feng Shui também desempenha um papel importante e as pessoas muitas vezes estão logo à espera de encontrar “emboscadas” de Feng Shui nos casinos. Normalmente também não se entra pelas portas principais… São tudo questões de sorte e azar. O número quatro também está presente nas mesas. Existe o número quatro nos baralhos, mas não existem quatro elementos de uma mesma coisa, sejam cartas, copos ou fichas.

Como disse, há séculos que os chineses jogam e os governos têm vindo a banir o Jogo sucessivamente ao longo de várias dinastias. Acredita que isto possa vir a acontecer um dia em Macau?
Dizer “banir” é um pouco drástico. Tem havido várias medidas de controlo do jogo, como são as punições para oficiais do Governo que joguem. Antigamente, não havia capacidade para regular esta actividade, mas em Macau há. Na China, acredito é que a legislação vigente não está em consonância com o seu reforço. As pessoas podem não admitir, mas existem, de facto, casinos ilegais na China. Nos últimos dez anos, temos andado a crescer a um ritmo demasiado rápido.

[quote_box_right]“Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é um aspecto cultural”[/quote_box_right]

Em que sentido, exactamente?
Quando o Jogo se começou a expandir, em 2002/2003, a ideia era transformar Macau numa cidade diversificada e internacionalizada, mas a verdade é que isso foi uma coisa que só começou a acontecer muito mais tarde. O Governo tem apostado muito no desenvolvimento do mercado VIP e não no mercado de massas, mas esse é que está fortemente associado ao entretenimento, como acontece em Las Vegas. Até nisso creio que se tomaram escolhas não tão acertadas e o sector VIP tornou-se num mercado tão vasto, que só se associa à camada social mais endinheirada. Isto significa que Macau deu o poder desta indústria aos junkets e ao resto do sector VIP. Isto não é algo necessariamente negativo, mas implica termos menos poder que está agora nas mãos de terceiros. Nem os promotores de junkets têm controlo sobre quem vem cá jogar e tudo isto traz consequências para a indústria.

Mas o sector VIP tem tido grandes quedas nas receitas nos últimos meses…

Sim e tudo devido à campanha anti-corrupção do Governo Central, que está a ganhar cada vez mais força. A pergunta que devíamos fazer é porque é que as receitas descem com uma campanha deste género? Por que afectam Macau? Quem são, então, as pessoas que têm vindo a entrar em Macau nos últimos anos e que agora não vêm?

Qual será a solução para colmatar a falta de jogadores?
Não creio que devamos olhar para trás e querer que seja igual. Acho é que temos que tornar a indústria mais transparente e limpa e fazer com que o Jogo seja visto como um entretenimento. É importante começar a atrair pessoas que pretendam vir cá e sentar-se às mesas para se divertirem, mesmo que apostem menos dinheiro do que aqueles que antes vinham jogar para as salas VIP. Transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado.

Diz-se que a queda das receitas está muito relacionada com o receio que muitas pessoas agora têm de vir até Macau…
Sim, claramente. No entanto, também acredito que o sector VIP deve estar sempre presente em Macau, porque faz parte. A actividade do Jogo é um dos elementos que distingue esta cidade de outras semelhantes e creio que sem ele, Macau não sobreviveria. Temos uma série de actividades não relacionadas com o Jogo, mas é esta actividade que realmente faz com que as pessoas cá venham. Esta pode é ser vista como algo divertido, feliz e saudável. Não tem que ser algo negativo.

Considera que a proibição total de fumo nos casinos tem ajudado à queda das receitas?
Julgo que a proibição total pode vir a ter efeitos negativos no mercado VIP, sim. No entanto, depois de estar numa série de sítios onde é proibido fumar nos casinos, apercebi-me que nos primeiros dois anos após a implementação da lei as receitas têm quedas entre os 10% e os 20% e isto é drástico para as operadoras. Mas com o tempo, vemos que a população que frequenta estes locais começa a alterar-se e passa a ser maioritariamente constituída por aquelas pessoas que nunca jogavam por não gostarem do cheiro a tabaco e do ambiente e agora o fazem por ser livre de fumo. Mas respondendo à pergunta: acho que o que realmente está a afectar a queda é a campanha do Governo Central e não esta proibição.

Mas a solução não seria integrar as salas de fumo, como já se fez no ano passado?
Essa é uma questão que deixo para a própria indústria responder. Só ela pode dizer, de uma perspectiva de negócio, se isto resulta ou não. No entanto, acho que neste momento, com a queda, faz bastante mais sentido permitir que todos beneficiem dos casinos, fumadores e não fumadores.

[quote_box_left]“[É importante] transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado”[/quote_box_left]

Como é que vê a abertura dos novos casinos e hotéis?
Estamos a falar de coisas diferentes, porque se trata de empreendimentos com uma componente muito mais forte de entretenimento e elementos não jogo do que casinos e mesas propriamente ditas. O que é uma coisa boa, algo que se tem andado a tentar fazer desde 2002.

Acha que vai funcionar?
Ainda não se sabe, porque estão muitas coisas por abrir. No entanto, acredito que há mercado suficiente, feito de pessoas como nós, que estão dispostas a gastar umas cem ou 200 patacas no casino para se divertirem. Numa perspectiva exterior, é preciso diminuir as nossas expectativas. Sempre fomos a cidade do Jogo, mas passaremos a ser uma cidade onde o Jogo é uma das suas componentes.

Acredita que Macau algum dia vai ser uma cidade internacional?
Sim e é por isso que cá estou. Acho que não tem que ser só Jogo ou só qualquer outra coisa. A verdade é que o Jogo nunca vai desaparecer, nem deve. Tem é que se gerir esta indústria de forma inteligente, para a tornar transparente e fazer com que apostar não seja mais visto como uma actividade negativa. Acho que é preciso dar às pessoas várias razões para virem a Macau.

O que considera que vale a pena em Macau, da perspectiva do turista?
As pessoas acreditam que existe uma série de coisas interessantes aqui, desde locais protegidos pela UNESCO, prédios preservados do tempo do Governo português e uma componente tipo Las Vegas, com resorts com piscinas e, em breve, a roda gigante do Studio City. Macau é Las Vegas com quatro mil anos de história.

Quanto tempo vai demorar até chegarmos a essa internacionalização?
Não é possível fazê-lo de um dia para o outro. Não podemos é esperar que a indústria do Jogo, embora seja forte, continue a crescer tanto como nos últimos anos durante 20, 30 ou 50 mais. Temos que parar e desacelerar este crescimento para desenvolver.
Não acredita então que é possível virmos a ter uma crise financeira em Macau?
Enquanto residente, não consigo sequer imaginar uma crise aqui, até porque os casinos continuam cheios de gente a jogar e nas lojas. A única coisa que falta são jogadores e isso não afecta directamente o resto das pessoas, como os residentes e os turistas.

O Governo mencionou já várias vezes que poderão ser precisas medidas de austeridade.
Não creio que sejam necessárias, se deixarmos o mercado seguir o seu curso. Quando tivemos aqueles cinco a sete anos de crescimento exacerbado, ninguém nunca disse que era preciso um plano de contingência, mas acho que sim. A certo ponto, cerca de 40% ou 50% é demais e as pessoas deviam ter reclamado. Houve uma série de coisas que não se desenvolveram porque tudo andou demasiado rápido. É preciso resolver os problemas de tráfego, dos transportes e as questões laborais antes de voltar a impulsionar as receitas. Na altura em que o mercado começou a crescer, as indústrias sentiram que precisavam de se adaptar e restaurantes, hotéis de luxo e mesas novas cresciam em todos os cantos, mas outros aspectos da vida social continuam por resolver. Havia dinheiro para dar a vender e era fácil e hoje em dia talvez não seja tanto e é onde a inteligência é precisa.

Quanto à polémica de construir casinos em bairros comunitários ou zonas de periferia. Qual é a sua opinião?
O Louis XIII é um caso à parte, porque se trata de um complexo para as “grandes baleias”. O perigo são os espaços de lazer como o Mocha. Num sentido geral, não julgo que seja boa ideia ter casinos nem sítios com slot machines junto destas zonas porque atraem pessoas que recebem pouco mensalmente, como pensões. As leis e fiscalização têm que ser boas.

A revisão dos contratos de concessão está aí à porta. O que acha que vai mudar?

Sinceramente não sei, porque é uma questão política, que me ultrapassa. Pessoalmente, acho que nada vai mudar.

Poderá entrar uma nova operadora no sistema? David Chow considera que sim…
Acho que não vai ser bom se isso acontecer, se será boa ideia injectar mais competição no mercado. Acho que devia ficar como está. Também não estou a ver o Governo a tirar alguém da corrida. É preciso é reinventarmos a indústria, estar sempre a inovar e atrair pessoas, como Las Vegas tem feito há tantos anos.

O Governo tem, de facto, falado muito na reinvenção e diversificação. Será possível fazer isto somente com mão-de-obra local?
Não posso falar pelo Governo, mas acredito que os estrangeiros [profissionalmente] trazem para Macau conhecimentos que os residentes, certamente, não têm. Quando se quer inovar nesta cidade, não se pode contar com os residentes ou mesmo com quem cá vive, mas não é residente. Continuamos a precisar de sangue novo.

Mas isso não será tirar oportunidades para os locais?
Temos estado a fazê-lo durante estes anos todos, mas é preciso trazer quem lhes mostre que o caminho é para cima, que se saiba gerir a sério. No fundo, é preciso mostrar aos residentes que existe mais para além daquilo que vêem. A mão-de-obra local é muito reduzida e na altura de expandir o mercado do entretenimento, vai ser preciso ter quem saiba do assunto. O conhecimento é essencial e o ideal seria formar o nosso próprio pessoal, mas isso leva tempo. Há pouco talento numa população de 600 mil pessoas e, em termos globais, os mais talentosos, não o são assim tanto.

7 Ago 2015

Economia | Lionel Leong descarta medidas de austeridade para já

As receitas de Julho ultrapassaram os 18 mil milhões de patacas, valor-limite estabelecido para a implementação de medidas de austeridade. Para já, o Governo não precisa de efectuar cortes profundos, ainda que o movimento das salas VIP vá ser analisado e as medidas de contenção não estejam completamente fora de questão

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s números do mês passado face às receitas do Jogo apontam para um total de 18,6 mil milhões de patacas em receitas brutas, pelo que o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, assegura que não será preciso empregar medidas de austeridade. Pelo menos para já.
“Neste momento, é ainda e provisoriamente desnecessária a aplicação de medidas de austeridade em relação às finanças públicas”, refere o Gabinete de Leong em comunicado. No entanto, o Secretário afirmou que caso as receitas sofram mais quedas, pode ser necessário proceder a alguns cortes, ainda que assegure que estes não irão “afectar as despesas anunciadas em prol do bem-estar” da população.
“Devido à persistência de grandes incertezas relativamente ao desenvolvimento do sector do Jogo durante o segundo semestre do corrente ano, o Governo continuará a manter-se firme em adoptar uma postura prudente na administração das finanças públicas, cumprindo à letra os princípios de economizar nos gastos”, salienta.

[quote_box_left]“Neste momento, é ainda e provisoriamente desnecessária a aplicação de medidas de austeridade em relação às finanças públicas” – Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong[/quote_box_left]

Da prevenção

No comunicado publicado ontem é referido que “o Governo irá proceder a uma fiscalização rigorosa às operadoras de Jogo” e em especial às actividades das salas VIP, de forma a que sejam “adoptadas atempadamente medidas de contingência para fazer face a qualquer incidente imprevisto” que possa ter lugar.
Tal só não acontece se as receitas do Jogo se mantiverem no patamar dos 20 mil milhões de patacas, como previsto pela Lei da Revisão do Orçamento de 2015. “[O Governo] continuará também a prestar elevada atenção à evolução das receitas brutas do Jogo, lançando, de imediato, medidas de austeridade logo que se verifique [uma queda abaixo dos 18 mil milhões]”, frisa a entidade no comunicado.
Os valores foram apresentados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, que aponta para um valor acumulado de 140,3 milhões de patacas durante os primeiros seis meses deste ano. Este mês, a queda foi de 34,5% face ao mesmo mês do ano passado.
No final do mês passado, Lionel Leong já havia referido a eventual necessidade de medidas de austeridade, caso as receitas ficassem abaixo dos 18,35 mil milhões. O responsável disse que seria agendada uma reunião com o Chefe do Executivo no início deste mês para discutir a implementação de medidas de contenção.
No comunicado, o Secretário salienta ainda “com regozijo”, que se tem assistido ao um aumento dos valores relacionados com a economia não-Jogo, como são os sectores do turismo, das convenções e exposições e do comércio regional.

4 Ago 2015

Economia | Receitas de Julho poderão ditar mais austeridade

Receitas a cair abaixo do limite inicialmente imposto pelo Governo podem originar medidas de austeridade. É o que prevê o Secretário para a Economia e Finanças, que fala também na hipótese de aumento da taxa de desemprego

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo poderá ter de implementar mais medidas de austeridade e Lionel Leong e Chui Sai On vão reunir no início de Agosto para debater a situação económica do território. A confirmação foi feita pelo Secretário para a Economia e Finanças, que avançou a hipótese de as receitas do Jogo continuarem a descer.
O Executivo já tinha afirmado que, caso as receitas descessem ao limite dos 18 mil milhões de patacas, haveria um apertar do cinto e, neste mês, a previsão não parece ser muito optimista.
“É comum as receitas do Jogo subirem mil milhões de patacas em relação ao mês de Junho, no mês de Julho. Mas, estima-se que as receitas não irão subir este mês como o período homólogo dos anos anteriores”, começou por frisar Lionel Leong, citado em comunicado. “Por esta razão, o Governo prevê que as receitas do mês de Julho serão abaixo dos 18 mil milhões de patacas.”
Leong ainda se mostra optimista com a chegada de mais turistas a Macau que podem, diz, fazer com que as receitas ascendam aos 18,35 mil milhões de patacas. Caso não seja atingido este valor, contudo, o Governo já prepara reuniões para discutir propostas de austeridade.
“Um encontro sobre essa questão terá lugar no início de Agosto com o Chefe do Executivo. Vamos ter uma reunião antes de tomarmos medidas de austeridade”, frisou o Secretário em declarações citadas pela TDM.

Emprego variável

Lionel Leong admite que a taxa de desemprego também possa vir a ser afectada, mostrando tendências de subida, mas assegura que o mercado de trabalho ainda é favorável no território.
“De um modo geral, o ambiente do mercado de emprego encontra-se ainda saudável e optimista. Pelo que o Secretário apela aos jovens que tomem mais conhecimento sobre o ambiente do mercado de emprego para melhor planear o seu futuro”, pode ler-se no comunicado, que cita Lionel Leong em declarações na Expo de Carreiras para os Jovens. “Não se pode garantir que a taxa de desemprego não vá subir, mas será baixa. Até porque mesmo que atinjamos 2%, é mais baixo que nas regiões vizinhas.”
O Secretário pede que os jovens não se foquem apenas no sector do Jogo, mas também noutras áreas, uma vez que acredita que vão aumentar os postos de trabalho no sector extra-jogo. Numa mensagem de incentivo num encontro com os jovens, Lionel Leong aconselhou os mais novos a planearem bem o seu futuro no mercado de trabalho.

27 Jul 2015

Jogo | Sugerida criação de base de dados de devedores do Governo

A polémica em torno do site Wonderful World acalmou e agora há quem venha defender a criação de um site semelhante – para expor devedores – ao Governo. Especialistas ouvidos pelo HM concordam, mas com limites

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m site exclusivamente dedicado aos devedores das salas VIP dos casinos é a sugestão deixada por uma analista de Jogo ao Governo. Especialistas contactados pelo HM concordam, mas dizem que é preciso rever leis e que esta base deve ser interna.
O homem, que não quis ser identificado, considera que a base de daos deveria ser gerida pelo Executivo, mesmo depois de uma página semelhante na internet – a Wonderful World – ter sido apagada após a condenação do seu gestor por violação de dados pessoais. Devido à queda das receitas de Jogo, as salas VIP sofreram a maior recessão. Uma das causas tem a ver com os empréstimos feitos a jogadores que acabaram por não pagar as suas dívidas.
Ao jornal Ou Mun, o analista do jogo, pede que se crie, por isso mesmo, um site com função semelhante ao Wonderful World, onde seja publicada a informação de jogadores que não liquidem as dívidas. A sugestão deixa especialistas ouvidos pelo HM divididos.
Charlie Choi, condenado a pena de prisão suspensa de seis meses, disse não compreender a decisão do tribunal sobre a sua condenação, sendo que já interpôs até um recurso à Segunda Instância. Choi, contudo, sempre defendeu que o Wonderful World prestava um serviço útil e disse ontem que acha apropriado que o Governo elabore esta base de dados para “proteger o desenvolvimento do sector” e para que os credores não façam empréstimos ilegais.
Sim, mas com limites
Billy Song, director da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, considera viável a criação da base de dados, mas diz que esta depende de acções prévias do Governo.
“É necessário o Executivo criar uma nova lei ou uma revisão da lei para conseguir a criação da base, até por causa da Lei de Protecção dos Dados Pessoais”, frisa ao HM.
Song considera que uma base de dados não deve ser um site público como era o Wonderful World, mas sim um sistema para as entidades que tomam conta do assunto, como as concessionárias de Jogo e as salas VIP registadas no Governo. Estas sim, diz, deveriam ter direito a consultar estes dados.
“O sistema pode ser como o bancário, quando as dívidas ultrapassarem o prazo de pagamento, os documentos assinados podem servir como prova para recuperar o dinheiro. Mas é preciso a concordância do sector.”
Por outro lado, Nelson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintéticos-Sociais de Macau não considera que seja fácil a criação de uma base de dados deste calibre, devido à diferença entre os sistemas jurídicos de Macau e do interior da China.
“Pode ser feita, mas o surgimento do site Wonderful World foi um exemplo claro de que não funciona. Publicar informações de jogadores em dívida para recuperar o dinheiro pode violar a Lei de Protecção de Dados Pessoais, logo uma base de dados também pode violar a lei”, diz.
Além disso, Kot acha que o Governo não está a regulamentar bem a existência desta actividade. “Por exemplo, o regime jurídico da concessão de crédito para jogo ou para a aposta em casino não foi executado de forma rigorosa, os promotores ou donos de salas VIP não conseguem recuperar as dívidas através do tribunal”, atira.
Outro problema que o responsável da Associação aponta é que a maioria dos jogadores é do interior da China, pelo que podem voltar ao continente depois de pedir empréstimos, não sendo possível recuperar o dinheiro.
“No interior da China é proibido o Jogo, ou seja, o Governo Central não ‘aceita’ as pessoas que jogam em Macau. Se a sala VIP quiser recuperar o empréstimo através de documentos de Macau, estes não vão ser aceites no continente e assim nunca se consegue recuperar o dinheiro. É um problema crítico de diferentes sistemas.”
Nelson Kot diz ser necessário que o Governo reveja os regimes ao mesmo tempo da revisão das licenças de Jogo.
“Mesmo que o Jogo seja proibido na China, é sabido que as pessoas da China vêm jogar a Macau como entretenimento. Quando as salas VIP emprestam dinheiro e existe provas do empréstimo, porque é que não se consegue recuperá-lo?”, questiona, acrescentando que o Governo tem a responsabilidade de comunicar com o Governo Central para que cooperem na questão de empréstimos e dívidas.
Para ajudar
Recorde-se que dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) mostram que as receitas das salas VIP do primeiro semestre deste ano diminuíram 42%. Segundo o jornal Ou Mun, o analista que fez a sugestão apontou também que, durante os últimos quatro ou cinco anos, os jogadores pediram muitos empréstimos a diversas salas VIP. Quando a economia começou a descer, as salas VIP queriam recuperar as dívidas, mas sem sucesso.
“Desde 2013 que no interior da China começou o combate contra a corrupção, a economia do continente não está boa. No ano passado um promotor de Jogo fugiu de Macau com mil milhões de patacas”, exemplifica. “Existem jogadores que não pagam dívidas, mas como só se pode resolver estes casos via tribunal a decisão é que o devedor precisa de pagar, mas como este não está em Macau, a sala VIP não consegue recuperar o dinheiro.”
A ideia da base de dados de devedores é que os ‘junket’ possam fazer uma avaliação do risco quando cederem empréstimos.

23 Jul 2015

Casinos | Promotores a diminuir e a desistir de renovar licenças

Receitas a cair, ‘junkets’ a fechar. A perspectiva de futuro no segmento VIP é pessimista para quem faz deste o seu negócio

[dropcap style =’circle’]M[/dropcap]ais salas VIP geridas por ‘junkets’ fecharam portas nos últimos dois anos e cada vez menos novas destas instalações decidiram arriscar na indústria do Jogo em Macau. Os dados são da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), descritos no site Macau Gaming Watch.
Por exemplo, desde 2007 que o número de novos ‘junket’ que pedem licenças tem diminuído drasticamente. Se neste ano, 95 novos promotores pediram para abrir portas legalmente, esse número diminuiu pela primeira vez para 34 em 2009, valor mais baixo até ao ano passado. Em 2014, 23 novos ‘junket’ quiseram ver-lhes ser atribuída uma licença. O ano passado, esse número desceu para 20.
Os dados também não enganam no que à desistência de renovação da licença diz respeito, ainda que nenhuma no tenha sido pior que 2009/2010, ano da ressaca da grande crise financeira de 2008 e do pico da gripe das aves na Ásia. Nesse ano, 68 promotores não quiseram renovar as licenças, sendo que nos anos anteriores a 2014 os que optavam por esta solução não passavam as duas dezenas. Mas os números de 2014 e 2015 voltam quase a atingir este pico: o ano passado 50 desistiram de renovar licenças. Este, 58 já foram pelo mesmo caminho.
Segundo os dados citados pelo website liderado pela União Internacional dos Engenheiros Operacionais do Nevada (IUOE), accionista da Wynn, a lista de promotores licenciados no site da DICJ referente a este ano chega aos 182 – “combinando empresas e privados”. Representa uma descida de 22,5% no número de entidades que se dedicam a este negócio face a 2013.
“Ao longo dos últimos dois anos, menos ‘junkets’ têm vindo a pedir licenciamento à DICJ em Macau. O número de novos promotores licenciados em 2014 e 2015 combinados não chega sequer a um ano típico anterior a 2014”, pode ler-se nas observações da IUOE.

[quote_box_left]menos 22,5% de promotores de jogo em 2015 face a 2013[/quote_box_left]

Incomparável Bacarat

A ligação ao fecho destas salas VIP com a quebra nas receitas do Jogo é quase inevitável. Ao longo deste ano, têm sido diversos os grupos que gerem estas salas que optam por sair de Macau, como foi o caso do Neptuno ou do David Group, que optaram por outros locais de Jogo. Estima-se que mais de 40 salas VIP tenham fechado ou venham a fechar este ano.
Os resultados do Jogo nunca estiveram tão baixos desde Novembro de 2010 e o Bacarat – que se joga mais nas salas VIP – viu as receitas dele provenientes desceram mais de 40% este ano face a 2010 e registou em 2014 uma queda de 10,9% comparativamente ao ano anterior, para 26 mil milhões de patacas.
Os dados da DICJ citados pelo Macau Gaming Watch indicam ainda que “a maioria dos ‘junket’ em operação actualmente são novos”, até porque dos 76 que apareciam listados em 2006, apenas dez se mantiveram até hoje. E dos actuais, apenas 33% apareciam nas listas de 2010.

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Novos promotores licenciados ano a ano

2007 – 95
2008 – 54
2009 – 34
2010 – 51
2011 – 43
2012 – 43
2013 – 56
2014 – 23
2015 – 20

Os que restaram em 2015

2006 – 76 licenciados, ficaram 10
2007 – 95 licenciados, ficaram 22
2008 – 54 licenciados, ficaram 16
2009 – 34 licenciados, ficaram 13
2010 – 51 licenciados, ficaram 22
2011 – 43 licenciados, ficaram 14
2012 – 52 licenciados, ficaram 24
2013 – 56 licenciados, ficaram 27
2014 – 23 licenciados, ficaram 14

10 Jul 2015