Concerto | Plácido Domingo ao vivo no Galaxy a 20 de Outubro

O famoso tenor espanhol Plácido Domingo vai actuar em Macau no dia 20 de Outubro acompanhado pela Orquestra Sinfónica de Shenzhen. Os bilhetes para o concerto no Centro de Convenções do Galaxy Macau já estão à venda e custam entre 880 e as 1680 patacas

 

Plácido Domingo está de regresso a Macau, quase uma década depois do concerto no grande auditório do Centro Cultural de Macau. O espectáculo está marcado para 20 de Outubro no Centro de Convenções do Galaxy Macau onde o tenor espanhol será acompanhado pela Orquestra Sinfónica de Shenzhen e três estrelas em ascensão na ópera moderna: a soprano Bing Bing Wang, a mezzo-soprano Anna Doris Capitelli e a maestrina Beatrice Venezi.

O programa irá incluir árias e duetos de óperas incontornáveis como “La Traviata” de Giuseppe Verdi, “Carmen” de Georges Bizet, “As Bodas de Fígaro” de Mozart e “A Viúva Alegre” de Franz Lehár. Os bilhetes estão à venda desde sexta-feira e custam entre 880 e as 1680 patacas.

Nascido em Madrid em 1941, Plácido Domingo subiu ao palco pela primeira vez quando tinha 16 anos, para acompanhar a mãe ao piano num concerto no México. Em pouco tempo, os palcos passaram a ser o seu habitat natural, entrando aos 18 anos na Ópera Nacional do México para o lugar de tenor. Os próximos anos foram de intensa formação musical, com estudos de piano e condução de orquestra. Seguiram-se actuações triunfantes nas mais prestigiadas salas.

No início da década de 1980, Plácido Domingo ganhou reconhecimento alargado, fora da ópera, com o dueto com o compositor de folk norte-americano John Denver “Perhaps Love”. A entrada no universo da pop aprofundou-se com o lançamento de discos de música latina.

Porém, a aclamação mundial além dos normais circuitos operáticos chegou com a formação de “Os Três Tenores”, ao lado de José Carreras e Luciano Pavarotti, uma parceria que se manteve durante a década de 1990 e o início dos anos 2000.

Tudo começou com Domingo, Carreras e Pavarotti num concerto nas antigas Termas de Caracala, em Roma, na véspera do arranque o Itália 90, o Campeonato do Mundo de Futebol. A actuação transmitida por televisões de todo o mundo teve uma audiência global de cerca de 800 milhões de espectadores. Além disso, o concerto foi gravado e tornou-se no disco clássico mais vendido de sempre. Os três tenores seguiram juntos durante 13 anos, com performances em grandes arenas e estádios, mais registos discográficos e actuações nos três sequentes campeonatos do mundo de futebol em (Los Angeles, Paris e Yokohama).

Boa companhia

A parte instrumental do concerto estará a cargo da Orquestra Sinfónica de Shenzhen, fundada em 1982, que entre a lista de colaborações tem José Carreras, e já fez várias actuações em Macau. Também a soprano nascida na China, Bing Bing Wang, regressa ao território depois de concertos no Festival Internacional de Música e um concerto no Venetian Theatre com a Orquestra Nacional da Cinha e os Três Tenores da China.

Formada no conservatório de Xangai, há 15 anos atrás ingressou famoso Conservatório Verdi de Milão, onde concluiu o mestrado. Hoje em dia, Bing Bing Wang é uma aclamada soprano, com actuações com as mais prestigiadas orquestras sinfónicas mundiais.

Outras das estrelas da constelação que irá brilhar no Centro de Convenções do Galaxy Macau, é a mezzo-soprano Anna-Doris Capitelli, que pertence aos quadros da famosa ‘Accademia Teatro alla Scala’ em Milão, uma das mais prestigiadas casas de música clássica e ópera, onde se estreou.

A batuta estará nas mãos da maestrina italiana Beatrice Venezi, que dirige a Orquestra Clássica de Milão e a Orchestra Scarlatti Young de Nápoles.

15 Set 2024

Covid-19 | Tenor Plácido Domingo infectado

[dropcap]O[/dropcap] tenor espanhol Plácido Domingo anunciou este domingo que está infectado com o novo coronavírus, disse que ficará em isolamento “o tempo que for necessário” e apelou à adopção de medidas que impeçam a propagação da pandemia. Numa publicação na rede social Facebook, Plácido Domingo considerou ser “uma obrigação moral anunciar” que está infectado pela covid-19.

“Eu e a minha família vamos continuar, individualmente, isolados, o tempo que for necessário”, lê-se no texto divulgado pelo tenor espanhol. Plácido Domingo apelou ainda à adoção de cuidados de proteção, como “lavar as mãos com frequência, manter uma distância de dois metros das outras pessoas”, bem como o isolamento social, impedindo a propagação do vírus.

“Juntos podemos lutar contra este vírus e travar a crise mundial, para assim podermos regressar à normalidade da nossa vida diária, o mais rápido possível”, concluiu.

23 Mar 2020

Assédio sexual | Plácido Domingo acusado por nove mulheres

Oito cantoras e uma bailarina afirmaram ter sido importunadas sexualmente pelo cantor espanhol. Testemunhos de mais de 30 pessoas ligadas ao meio musical confirmam já ter assistido a comportamentos incorrectos do tenor. O poder de Plácido Domingo e o receio de represálias profissionais terá levado a que apenas a meio soprano Patricia Wulf tenha dado a cara, mantendo-se as outras alegadas vítimas no anonimato

 

[dropcap]O[/dropcap] cantor espanhol Plácido Domingo terá assediado sexualmente várias mulheres e usou a sua posição para as punir quando o recusavam, tendo a agência de notícias Associated Press divulgado ontem relatos de profissionais do meio a confirmar estes comportamentos.

Numa extensa investigação por parte da agência norte-americana, oito cantoras e uma bailarina disseram ter sido assediadas sexualmente por Plácido Domingo, numa série de acontecimentos que ocorreram ao longo de três décadas, em espaços que incluíam companhias de ópera onde o cantor ocupava cargos de direcção. Muitas dizem ter sido avisadas por colegas para nunca ficar a sós com Domingo.

Seis outras mulheres relataram à AP avanços que lhes causaram desconforto, em particular uma cantora que Plácido Domingo repetidamente convidou para sair, depois de a ter contratado para uma série de concertos na década de 1990.

Adicionalmente, quase 30 outras pessoas ligadas à indústria musical, desde cantoras a músicos de orquestra, passando por professores de canto e administradores, confirmaram ter testemunhado comportamentos impróprios de índole sexual por parte do espanhol de 78 anos.

Uma das mulheres que acusam Plácido Domingo de assédio sexual contou à AP que o espanhol enfiou a mão dentro da sua saia e três outras acusam-no de as ter beijado à força em camarins, num quarto de hotel e num almoço.

“Um almoço não é algo estranho”, disse uma das cantoras. “Alguém a tentar segurar a tua mão durante um almoço de negócios é estranho – ou a colocar a sua mão no teu joelho. Ele estava sempre a tocar-te de alguma maneira e sempre a beijar-te”.

Das nove pessoas que acusam o cantor, apenas a meio soprano Patricia Wulf aceitou divulgar o seu nome, tendo as restantes pedido anonimato por temer represálias profissionais e pessoais.
Sete das nove mulheres disseram acreditar que as carreiras sofreram por terem rejeitado os avanços sexuais de Plácido Domingo.

Uma delas disse que teve relações sexuais com o cantor em duas ocasiões e que, numa delas, quando Plácido Domingo saiu do quarto, deixou uma nota de 10 dólares na cómoda: “Não quero que te sintas como uma prostituta, mas também não quero que tenhas de pagar para estacionar”.

Rede de poder

Contactado pela AP, Placido Domingo não respondeu às questões específicas sobre as acusações, declarando que “as alegações destas pessoas, cujo nome não é divulgado e que remontam até há 30 anos, são profundamente perturbadoras e – da forma como são apresentadas – imprecisas”.

“Ainda assim, é doloroso ouvir que posso ter incomodado alguém ou causado desconforto, não importa há quanto tempo e apesar das minhas melhores intenções. Acreditei que todas as minhas interacções e relações foram sempre bem-vindas e consensuais. Quem me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou alguém que intencionalmente magoasse, ofendesse ou embaraçasse outra pessoa”, acrescentou o cantor, que diz que “as regras e padrões” de hoje são “muito diferentes do que foram no passado”.

A influência do cantor no meio – membro do conjunto de Três Tenores, com José Carreras e Luciano Pavarotti, director-geral da Ópera de Los Angeles, presidente da Europa Nostra, presidente da administração da Federação Internacional da Indústria Fonográfica e responsável pelo concurso Operalia, que se realizou em Lisboa no ano passado – é tamanha que só Wulf aceitou dar a cara em declarações à AP.

Muitas das pessoas admitiram sentir-se fortalecidas pelo movimento #MeToo e decidiram que a maneira mais eficaz de atacar a má conduta sexual na indústria era denunciar o comportamento da figura mais proeminente da ópera.

Lista negra

Em Agosto do ano passado, o maestro titular da Orquestra Real do Concertgebouw, na Holanda, Daniele Gatti, foi afastado do cargo, depois de reveladas acusações de que teria atacado duas mulheres no seu camarim. Meses depois, foi contratado para a Ópera de Roma.

Outro maestro, Charles Dutoit, foi afastado de várias orquestras com quem colaborava na sequência de denúncias de conduta imprópria ao longo de mais de duas décadas. Passado pouco tempo, tornou-se maestro convidado da Filarmónica de São Petersburgo.

Também James Levine foi pela Ópera Metropolitana de Nova Iorque, sem que se conheçam novas ocupações do maestro.

Em Dezembro de 2017, as pessoas que denunciaram casos de assédio e abuso sexual, num movimento colectivo denominado #MeToo, surgido nos Estados Unidos, foram nomeadas “Personalidade do Ano” pela revista norte-americana Time.

Um dos casos mais mediáticos envolveu o produtor norte-americano Harvey Weinstein, acusado de assédio e abuso sexual por mais de 80 mulheres, entre as quais várias estrelas de Hollywood, como Gwyneth Paltrow, Ashley Judd e Angelina Jolie.

Depois destas denúncias, através de investigações pelo jornal The New York Times e a revista The New Yorker, e que levaram Harvey Weinstein a ser despedido da empresa que cofundou e à sua expulsão de várias associações e organizações, nomeadamente da Academia de Hollywood, outros casos foram surgindo.

Entre os acusados de assédio e abusos sexuais, mas também de má-conduta sexual, estão atores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K.

14 Ago 2019