Hoje Macau SociedadeCáritas | Paul Pun quer angariar mais de oito milhões de patacas [dropcap]A[/dropcap] 50a edição do Bazar de Caridade de Caritas Macau terá lugar nos dias 2 e 3 de Novembro no Centro Náutico do Lago Nam Van e no espaço Anim’Arte Nam Van. O secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, disse ontem que o evento tem como objectivo angariar fundos no valor de 8 milhões de patacas que serão aplicados na prestação de serviços sociais. Além disso, os fundos obtidos também serão utilizados na construção de lares de idosos e no prolongamento do serviço “Good Take Express”, a fim de aliviar a pressão das famílias necessitadas. O tema deste ano do bazar anual da Cáritas é “With Love, We Come Together”. Além de haver mais de 90 tendas de jogos, comidas e venda de produtos, o evento também contém espectáculos de artes performativas organizados por institutos públicos e privados, escolas e empresas. Os bilhetes para o sorteio serão vendidos a partir de hoje até ao dia 3 de Novembro pelo valor de dez patacas.
Juana Ng Cen PolíticaCuidadores | Paul Pun defende prioridade de subsídio a grupos vulneráveis O secretário-geral da Cáritas Macau, Paul Pun, defende que o Instituto de Acção Social deve priorizar os cuidadores informais de grupos mais vulneráveis na hora de analisar o método de atribuição do novo subsídio, que deverá ser atribuído de forma experimental em 2020 [dropcap]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) está a ponderar começar a atribuir, de forma experimental, um subsídio permanente a cuidadores informais a partir do segundo semestre do próximo ano. Nesse sentido, o secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, defendeu, em declarações ao jornal Ou Mun, que deve ser dada prioridade aos cuidadores de pessoas em situações mais vulneráveis, tais como idosos com baixos rendimentos, doentes crónicos, pessoas com deficiência grave ou crianças portadoras de deficiência. O responsável lembrou que, no caso dos cuidadores informais, estes têm de deixar os seus empregos ou contratar trabalhadores domésticos como auxílio à tarefa de cuidar da pessoa doente, o que causa uma elevada pressão económica à família. No que diz respeito aos valores a atribuir, Paul Pun defende que, no caso dos doentes e idosos que estejam situados no nível 1 do mecanismo de avaliação central efectuado pelo IAS, bem como os cuidadores de crianças com deficiência, devem ganhar cerca de duas mil patacas mensais. No caso de pessoas classificadas com o nível 2, ou cuidadores de portadores de deficiência grave, o subsídio deve aumentar para as quatro mil patacas. Em todos os casos, o Governo deve exigir um comprovativo das despesas do agregado familiar, incluindo o pagamento do salário dos trabalhadores domésticos. Apoio aos lares Paul Pun disse ainda que o subsídio atribuído a cuidadores informais também deveria considerar as pessoas que vivem em lares privados e que não recebem apoio financeiro. O responsável lembrou que, no caso de Hong Kong, foram lançados dois planos de atribuição de subsídios para famílias com poucas posses ou cuidadores informais, mas os requisitos de acesso são demasiado elevados. Isto porque, na região vizinha, para se ter acesso ao apoio financeiro o cuidador informal deve prestar mais de 80 horas de apoio por mês e satisfazer ainda as condições dos agregados familiares de baixa renda. Os subsídios atribuídos rondam os 2.400 e 4.800 dólares de Hong Kong, dependendo se o cuidador informal dá apoio a uma ou mais pessoas.
Juana Ng Cen PolíticaCuidadores | Paul Pun defende prioridade de subsídio a grupos vulneráveis O secretário-geral da Cáritas Macau, Paul Pun, defende que o Instituto de Acção Social deve priorizar os cuidadores informais de grupos mais vulneráveis na hora de analisar o método de atribuição do novo subsídio, que deverá ser atribuído de forma experimental em 2020 [dropcap]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) está a ponderar começar a atribuir, de forma experimental, um subsídio permanente a cuidadores informais a partir do segundo semestre do próximo ano. Nesse sentido, o secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, defendeu, em declarações ao jornal Ou Mun, que deve ser dada prioridade aos cuidadores de pessoas em situações mais vulneráveis, tais como idosos com baixos rendimentos, doentes crónicos, pessoas com deficiência grave ou crianças portadoras de deficiência. O responsável lembrou que, no caso dos cuidadores informais, estes têm de deixar os seus empregos ou contratar trabalhadores domésticos como auxílio à tarefa de cuidar da pessoa doente, o que causa uma elevada pressão económica à família. No que diz respeito aos valores a atribuir, Paul Pun defende que, no caso dos doentes e idosos que estejam situados no nível 1 do mecanismo de avaliação central efectuado pelo IAS, bem como os cuidadores de crianças com deficiência, devem ganhar cerca de duas mil patacas mensais. No caso de pessoas classificadas com o nível 2, ou cuidadores de portadores de deficiência grave, o subsídio deve aumentar para as quatro mil patacas. Em todos os casos, o Governo deve exigir um comprovativo das despesas do agregado familiar, incluindo o pagamento do salário dos trabalhadores domésticos. Apoio aos lares Paul Pun disse ainda que o subsídio atribuído a cuidadores informais também deveria considerar as pessoas que vivem em lares privados e que não recebem apoio financeiro. O responsável lembrou que, no caso de Hong Kong, foram lançados dois planos de atribuição de subsídios para famílias com poucas posses ou cuidadores informais, mas os requisitos de acesso são demasiado elevados. Isto porque, na região vizinha, para se ter acesso ao apoio financeiro o cuidador informal deve prestar mais de 80 horas de apoio por mês e satisfazer ainda as condições dos agregados familiares de baixa renda. Os subsídios atribuídos rondam os 2.400 e 4.800 dólares de Hong Kong, dependendo se o cuidador informal dá apoio a uma ou mais pessoas.
Hoje Macau SociedadeFundação Rui Cunha | Doadas mais de 13 mil patacas à Caritas [dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha (FRC) realizou um leilão de obras que foram expostas na mostra “Art for Charity – Concurso de pintura do lado Nam Van” que resultou em receitas de 13.700 patacas, entregues ontem ao secretário-geral da Caritas, Paul Pun. A exposição marcou o sexto aniversário da FRC e contou com a participação de uma centena de artistas. As obras foram leiloadas por valores que variam entre 1,100 e 3,800 patacas, tendo a Fundação Oriente adquirido duas delas, no valor total de quatro mil patacas.
Hoje Macau PolíticaLAG 2019 | Caritas pede mais serviços de tratamento de demência [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, recebeu ontem o secretário-geral da Caritas, Paul Pun, no âmbito da recolha de opiniões sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Os serviços prestados a quem sofre de demência foi um dos pontos abordados por Paul Pun que sugeriu que, na concepção de novos asilos, se inclua uma área especializada para as doenças deste foro e que os futuros lares passem a integrar um centro de cuidados de enfermagem. O secretário-geral da Caritas defendeu ainda a criação de um centro terapêutico para redução de dores, bem como um ajustamento dos serviços de apoio domiciliário à capacidade económica de cada família, entre outros.
Andreia Sofia Silva SociedadeApoio social | Caritas quer abrir clínica dentária no próximo ano Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, pretende abrir no próximo ano uma clínica dentária destinada a trabalhadores não residentes com poucas posses. Ontem abriu a clínica com dois médicos de clínica geral [dropcap]O[/dropcap]s doentes foram poucos, ou nenhuns, no primeiro dia em que a clínica destinada a trabalhadores não residentes (TNR) abriu portas, na zona da Barra. O mais recente projecto da Caritas Macau vai funcionar com dois médicos de clínica geral, mas Paul Pun, secretário-geral da instituição, garante não ficar por aqui. “A Caritas terá uma clínica dentária na zona norte de Macau, já temos a permissão para avançar o projecto de construção. Planeamos abrir no próximo ano”, adiantou ao HM. Para que este projecto seja uma realidade, é necessário concluir o processo legal de transmissão da clínica do nome de Paul Pun para a Caritas. Mesmo com essa transição, a instituição de cariz social vai continuar a pagar renda. “Neste momento, a Caritas gere a clínica, mas no futuro será parte da nossa instituição, é o nosso plano. A clínica está em meu nome. Queremos seguir esse caminho para expandirmos o nosso caminho no apoio aos trabalhadores migrantes.” Na clínica todos são bem-vindos, apesar dos portadores do visto de trabalho serem o público alvo do projecto de Paul Pun. Cada consulta de avaliação custa 100 patacas, mas os mais necessitados podem ter um desconto de 30 patacas. “No futuro, vamos ter voluntários que irão fazer horas extra, e aí não serão pagos, mas os dois médicos são empregados a tempo inteiro. Espero que em breve tenhamos mais doentes. Nesta fase não estamos preocupados com isso, porque vão falar sobre esta clínica entre eles”. Visão “de futuro” Defendendo um aumento salarial das empregadas domésticas, à semelhança do que foi decretado recentemente em Hong Kong, Paul Pun acredita que a abertura da clínica pode constituir um exemplo de apoio social no território. “Este projecto pode constituir uma visão para o futuro sistema de apoio social para trabalhadores migrantes. Neste momento, há um grande número de trabalhadores migrantes, a sua maioria empregadas domésticas com salários baixos. Por isso, temos este programa de ajuda para fazer algo.” A clínica apenas disponibiliza, para já, a realização de exames médicos simples, bem como a prescrição de medicamentos.
Sofia Margarida Mota PolíticaLAG 2018 | Paul Pun sugere medidas inovadoras para os transportes locais [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro entre Paul Pun, o secretário-geral da Cáritas Macau, e o Chefe do Executivo, Chui Sai On, para recolha de sugestões para as próximas Linhas de Acção Governativa (LAG), ficou marcado por sugestões que, além das habituais referências à melhoria dos apoios aos mais necessitados, focaram, desta vez, os problemas de trânsito locais. ”Desta vez sugeri a criação de um sistema de transporte idêntico aos táxis mas com o uso de motocicletas”, disse ao HM. A ideia é criar um sistema de moto táxis capaz de integrar “um plano geral de facilitação dos transportes do território”. Ao contrário dos táxis do território, cada mota só levaria um passageiro e seriam adoptados diferentes modelos para que se pudessem responder a diferentes necessidades da população. Carros partilhados Outra sugestão para as próximas LAG deixada ao Chefe do Executivo pelo secretário-geral da Cáritas Macau foi a promoção de um sistema de partilha de transporte. A ideia é a criação de uma rede em que as pessoas partilham as viagens que fazem no seu carro pessoal quando têm um mesmo destino. “Não se trata de um sistema idêntico ao da Uber. Aqui não há um pagamento mas sim uma troca pelo mesmo tipo de serviço”, explicou Paul Pun. “Por exemplo, quando os pais levam os filhos à escola, podem alternar e levar, à vez, as crianças dos seus vizinhos e amigos”, ilustrou. Para Paul Pun, trata-se de um conjunto de medidas que poderiam vir a ter um efeito muito positivo no trânsito local. A alteração do tecto dos rendimentos para candidatura à habitação social foi outra das sugestões de Paul Pun. O objectivo é facilitar o acesso à habitação por parte da classe média local. “É uma faixa da sociedade que não tem capacidade económica suficiente para ter acesso a casa no território nem consegue ter rendimentos que lhe permitam poder candidatar-se às casas do Governo”, disse. A par destas questões, Paul Pun mantem as preocupações relacionadas com a ajuda aos mais necessitados e aos idosos. Chui Sai On, refere Paul Pun, mostrou “uma atitude positiva perante as sugestões”.
Sofia Margarida Mota Entrevista Manchete SociedadeEntrevista | Paul Pun, secretário-geral da Cáritas Macau O banco alimentar da Cáritas teve um aumento de dez por cento de pedidos, nos primeiros seis meses do ano. Para muitos, em Macau, depois da renda paga, pouco sobra para por na mesa. A Cáritas ajuda. Nisto e em muito mais. No seu projecto mais recente, a instituição presta o serviço “sair de casa” para quem tem dificuldades de mobilidade [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de pessoas que têm recorrido à ajuda do banco alimentar da Cáritas subiu cerca de dez por cento. O que é que está a acontecer para que se tenha registado este aumento? Aparentemente estes dados podem indicar que cada vez mais pessoas têm necessidade deste serviço. Na verdade, os dados podem ser interpretados de três maneiras. Um dos aspectos a ter em conta, é a transferência de um centro para a Ilha Verde. Fizemos isso porque poupávamos 20 mil patacas de renda e podíamos aceder às pessoas daquela área. Este é um factor importante: a acessibilidade. Conseguimos chegar, talvez, a mais gente. Outro aspecto a ter em conta é o facto de já estarmos há seis anos a trabalhar. As pessoas já conhecem a existência do serviço e, como tal, é-lhes mais fácil inscreverem-se. Por último, há um aumento do número de pessoas que precisam realmente. Penso que, no passado, apesar de precisarem, não tinham noção disso mas agora já sabem que há uma ONG e já se sentem mais à vontade para procurar apoio. Estes três factores contribuíram para o aumento dos candidatos à nossa ajuda. Temos também promovido o próprio serviço mas há ainda casos escondidos. Há ainda muita vergonha no que respeita à pobreza em Macau, e por isso, ainda permanecem muitos casos escondidos? Se as pessoas pensarem que têm de recorrer à ajuda do Governo, acham que o processo implica muitos procedimentos e que é muito burocrático, e como tal, é menos provável que se candidatem. Isso já não acontece tanto quando se trata de uma ONG. Acredito que a pobreza é cada vez menos escondida em Macau. As pessoas começam a saber que o nosso serviço é para servir. Não é uma ajuda ou uma esmola, mas sim um serviço. Por outro lado, já começam a perceber que, com o nosso apoio, podem ter o que dar de comer aos seus filhos e que, se não se candidatarem, são os seus filhos que vão sofrer. Muitas residentes já vêm ter connosco, não no sentido de quererem ajuda para eles próprios, mas sim para poderem ajudar a geração mais nova. Trata-se de um serviço temporário. A ideia é ajudar os residentes com necessidades até que consigam ter uma melhor qualidade de vida e possam deixar de necessitar destes alimentos. Em retorno, podem sempre ajudar a sociedade da mesma forma que foram ajudados. Quando falamos em ajuda não estamos a falar em donativos. Podem fazê-lo através da atenção prestada à sua volta. Podem identificar casos semelhantes ao seu, de quem esteja a passar por dificuldades e aconselhar a candidatura ao apoio do banco alimentar. Podem falar do nosso serviço. Também encorajamos as crianças a fazer algum trabalho de voluntariado. Por exemplo, adolescentes que podem tomar conta de crianças de modo a que os pais possam ir trabalhar. Estamos a falar de pessoas com menos de 18 anos mas que já conseguem tomar conta de crianças. Há uma faixa da sociedade que, com o alto custo de vida, não se consegue sustentar com ordenado. Grande parte do que ganham vai para a renda de casa e depois o dinheiro não chega para a alimentação. O nosso banco alimentar serve também a essas pessoas que não são elegíveis para apoios do Governo, porque ganham mais do que o que é possível para se candidatarem, mas que não conseguem sobreviver com o que ganham. Claro que o ideal seria que as pessoas ganhassem decentemente e que o ordenado fosse suficiente para pagar rendas e comida, mas em Macau as rendas são altas e a comida também é cara. As pessoas têm cada vez menos dinheiro para comprar alimentos, se quiserem pagar a casa onde vivem. Quem é que recorre ao banco alimentar? Aqueles que não conseguem ter apoio da segurança social porque ganham de mais para o pedir. É uma faixa cinzenta da sociedade. São pessoas que trabalham na área da limpeza, essencialmente. Ganham mais de 6000 patacas e não estão qualificadas para pedir ajuda aos serviços sociais. Há também os novos emigrantes e pessoas que não têm emprego fixo. Cerca de metade dos que nos pedem apoio são idosos, que têm ajuda dos serviços sociais mas que ainda assim, precisam do nosso apoio. Temos ainda os que só podem ter trabalho a meio tempo porque têm de tomar conta das crianças. Falou dos voluntários. A Cáritas tem um serviço alargado neste sentido. Como é que se processa? São pessoas que partilham o seu tempo. Por exemplo, no banco alimentar ajudam a empacotar os bens e na sua distribuição. Temos mais de 200 voluntários a fazer este serviço. No entanto, os números variam conforme a época do ano. Por vezes temos 500. O número oscila muito. Nas férias, os estudantes do Continente, que são voluntários, vão para casa. Curiosamente, em Dezembro é quando temos mais voluntários, inclusivamente funcionários públicos. É uma altura que apela à ajuda aos necessitados. As pessoas pensam: “vamos lá ajudar os pobres”. Depois no ano novo chinês não temos ninguém e quando temos são, essencialmente, idosos que estão sozinhos e que têm muito tempo livre. Temos mais 80 voluntários no atendimento telefónico e mais um grupo de cerca de 50 que só se dedicam à ajuda aos idosos. Há ainda um pequeno grupo de adolescentes que apoia outros adolescentes. Mas o nosso objectivo é conseguir ter de modo regular um total de 1000 voluntários, ou seja, uma proporção de um para um com os nossos trabalhadores contratados. Queremos também criar um programa especial dirigido aos idosos. Um programa de um para um. Muitos dos idosos que estão em lares não têm família, e estão completamente sozinhos no mundo. O nosso objectivo é que venhamos a ter um voluntário para cada idoso que precise. Esta é capaz de ser uma das áreas em que precisamos de mais gente. Temos cerca de 200 idosos sem família, entre eles há os que conseguem sentir-se bem e estão satisfeitos com a vida, mas cerca de 50 destes idosos não estão bem. É para estes que queremos arranjar companhia. Basta um bocadinho com alguém para ver as pessoas ficarem felizes. Por outro lado, há as situações de demência que não são fáceis de lidar. Acha que Macau está preparado para lidar com essas situações? A população não está. A demência está associada sempre a idades muito avançadas, no entanto, pessoas com 50 anos podem começar a apresentar sintomas de doenças degenerativas. Temos pessoas cada vez mais novas com demência e temos de sensibilizar a população para esta situação. Além do Governo, que deve estar pronto apara atender a estes casos, as famílias também têm saber enfrentar estes problemas. Os casos de demência estão a crescer no território e não sabemos porquê. Falou da linha de atendimento telefónico. Que casos surgem em maior quantidade? Cada vez temos menos pessoas a recorrer a essa linha. As linhas de apoio, mesmo as do Governo, estão cada vez mais especializadas. Há a linha específica para jogadores e para vítimas de violência doméstica, por exemplo. De Janeiro a Julho deste ano tivemos 3587 chamadas. Temos ainda serviços idênticos via internet. Tivemos 225 pedidos de ajuda por este meio que é utilizado pela população mais jovem e mais ligada à tecnologia. Usam o nosso apoio por whatsapp e weChat. No geral, as pessoas que nos procuram têm problemas relacionados com afecto, personalidade e problemas familiares. Sente-me sozinhas. Por telefone, temos mais casos de desordens de personalidade e tendência suicida. Muitas vezes são pessoas que só precisam de ser ouvidas. Os nossos voluntários da hotline são treinados essencialmente para saber ouvir. Se se tratar de casos que precisem de acompanhamento, nós encaminhamos as pessoas para os serviços especializados. Têm um serviço novo, que traz as pessoas com limitações motoras à rua. Sim, e é um serviço que não existe em Macau. Já comprámos os equipamentos e o serviço consiste em trazer ao exterior as pessoas com necessidades locomotoras especiais que precisam de ajuda para conseguir sair de casa. No território, há ainda milhares de prédios sem elevador É incrível ver a alegria crescente em pessoas que há anos que não iam à rua a não ser que precisassem de cuidados médicos porque teriam uma ambulância e os bombeiros para os irem buscar. Temos, por exemplo, uma utente que vive num segundo andar e está paralisada há mais de dois anos. Recentemente conseguiu sair pela primeira vez de casa. A própria cidade não está equipada para estas pessoas. Existirão cerca de 4000 prédios em Macau sem elevador. Se viverem aqui pessoas com deficiência motora, têm de estar em casa. Não podem ir conviver para a rua, não podem ir aos templos, não podem ir a biblioteca ou comer com os amigos. Se tiverem de ir às urgências, o Governo trata do serviço, caso contrário, não têm como sair de casa. Se em cada edifício existir uma pessoa com deficiência motora, temos 4000 pessoas fechadas em casa. Mas para sermos razoáveis, vamos contar com uma pessoa por cada dois edifícios. Teremos, ainda assim, 2000 pessoas que não têm como sair. Começámos a 8 de Dezembro com este projecto, data do nosso aniversário. Não quisemos fazer uma festa, quisemos lançar este serviço. Começámos com um caso no início do ano, em Março tínhamos 39, em Julho já estamos a ajudar mais de 60 pessoas.
Victor Ng SociedadeEnsino | Mais conhecimento da China é importante, mas não chega O “amor pela pátria” já é parte do currículo das escolas do território. Mais conhecimento acerca da China é tido como fundamental para “intensificar o sentimento pelo país”, considera o subdirector da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang. A questão é, para Paul Pun, se este conhecimento chega e se está adaptado aos dias de hoje [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m maior conhecimento do país é fundamental, mas não chega. A ideia é deixada pelo director da Escola São João de Brito, Paul Pun, em reação às declarações do subdirector da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang, ao Jornal do Cidadão. De acordo com o responsável da DSEJ “o ‘amor pela pátria´ já está espalhado em todas as disciplinas, incluindo as de língua chinesa, de literatura chinesa, de geografia e de história”, sendo que, continua, “desta forma os alunos podem conhecer o seu grandioso país, e intensificar o sentimento em relação à China”. Já para Paul Pun, a necessidade de ensino acerca da China é evidente. Em causa está se, nos dias de hoje, é suficiente. “É necessário que as crianças tenham o conhecimento básico acerca do seu país, da sua história, geografia e cultura. No entanto, o conhecimento do país não é suficiente. É necessário conhecer o mundo”, afirmou ao HM. Num mundo global, Paul Pun considera que a preparação desde pequeno deve ter em conta todo o contexto da actualidade. O responsável pela escola que está sob a alçada da Cáritas Macau dá exemplos: “Para as crianças não falamos de problemas, mas temos de lhes dar uma perspectiva global: na Geografia, temos de saber onde estamos, onde Macau está, onde Macau está em relação à China, onde estão ambos em relação ao mundo”. Macau especial Macau é uma região com particularidades próprias, pelo que Paul Pun vai mais longe e, pensa, “é importante, na história, falar da história do território como parte da China, mas também falar da história quando Macau estava sob administração portuguesa e falar da história de Portugal”. A razão, aponta, é serem questões que se reflectem no presente. “Há que existir uma perspectiva mundial em todas as disciplinas escolares capaz de transmitir que vivemos todos juntos no mundo para que nos compreendamos melhor”, considera Paul Pun, sem que as disciplinas se limitem a um país ou região.
Sofia Margarida Mota Entrevista ManchetePaul Pun, secretário-geral da Cáritas: “Macau não é só dinheiro” Candidatou-se quatro vezes à Assembleia Legislativa e em todas perdeu. Em ano de eleições, o secretário-geral da Caritas Macau, Paul Pun, diz que não pondera, por enquanto, uma nova candidatura. Ao HM falou das razões e de algumas prioridades que tem na instituição que dirige [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] candidato às eleições deste ano? Neste momento, não tenho qualquer intenção de me candidatar às próximas eleições para a Assembleia Legislativa (AL). Tenho sido abordado na rua por residentes que me colocam a mesma questão e que me incentivam a concorrer. Gosto de sentir que sou apoiado e o argumento de quem me apoia é de que a AL deve ter diferentes vozes. Mas, independentemente de concorrer ou não, continuo a ouvir o que as pessoas têm a dizer, o que pensam, e os seus apelos e preocupações. Neste momento, não tenho um plano. Se o tivesse avançaria e seria para que fosse concretizado. No entanto, se até ao momento da formalização das candidaturas, tiver ideias concretas para avançar com uma lista, assim o farei. Nas quatro vezes em que me candidatei pensava seriamente no processo e sentia que tinha de avançar. Este ano, e até à data, nem me ocorreu pensar nas pessoas que poderiam avançar comigo. Que tipo de eleitores mais se dirige a si e o que procuram com a sua representação? Posso dizer que represento os menos privilegiados, pois trabalho com eles. Mas as pessoas que me abordam são de diversos estratos sociais e não só os mais necessitados. Alguns trabalhadores, alguns reformados, alguns portugueses, por exemplo. A minha prioridade é continuar a fazer o que faço e não vejo como a minha presença na AL possa melhorar as minhas funções. As pessoas dizem que posso fazer mais, mas não vejo como. Tem defendido a integração dos imigrantes no território. Essa é uma das minhas prioridades. Mesmo nas campanhas que fiz para as eleições, tive sempre em mente a questão dos imigrantes em Macau. Acho que é essencial para qualquer deputado pensar em todas as pessoas que habitam no território. Pensa que a defesa dos imigrantes pode ter tido interferência nos resultados? Não. Os imigrantes trabalham em Macau, vivem cá e, como tal, temos de pensar neles. Mas as pessoas tendem a não falar muito no assunto. Parece que o que consta da agenda política relativamente à importância dos imigrantes no território é o silêncio. Mas eu falo sempre, talvez porque não tenho preocupações políticas, nem tenho de agir segundo o politicamente correcto. Digo o que penso com base no pulso que sinto por parte da sociedade e das necessidades das pessoas. O que acha que tem de ser feito nesta área? Cerca de 40 por cento da nossa força de trabalho depende dos imigrantes. Os residentes pensam, de alguma forma, que estas pessoas que vêm de fora lhes roubam os empregos, o que não corresponde, de todo, à verdade. Por exemplo, no que respeita a cargos de chefia, apenas 1,9 por cento são ocupados por imigrantes. Estes dados podem comprovar que não são os estrangeiros que ocupam os lugares destinados aos residentes. O seu papel tem de ser respeitado. Se não se sentirem respeitados, os residentes ficam em dívida. Se tiverem o devido respeito também trabalham melhor e contribuem activamente para a dinâmica económica e social local. Há muitas pessoas a dizer, por exemplo, que os trabalhadores não residentes não devem ter acesso e apoio nos cuidados médicos porque é uma forma de “levarem” o dinheiro do território. Dizem que a riqueza de Macau não deve ser partilhada com os estrangeiros e argumentam que devem ser os empregadores a suportar seguros de saúde. Defendo que o nosso sistema de saúde deveria incluir esta faixa da população. Estamos a falar de cuidados básicos que não devem ser negados a quem vive no território. Mas isso não está na agenda política. Sem imigrantes, Macau não existiria e seria estático, sem qualquer desenvolvimento. Temos de ter essa consciência e apoiar, pelo menos, as áreas dos cuidados básicos. Até mesmo para os turistas, que lidam directamente com esta população em várias funções, é benéfico que vejam as pessoas a sorrir e satisfeitas. Acaba por dar uma boa imagem de Macau para o exterior. O Governo tem feito melhorias no sistema de saúde e no sistema social, mas ainda é dirigido aos residentes e há uma franja da população que não é abrangida. Macau é um sítio pequeno, seria muito fácil educar as pessoas para o respeito umas pelas outras. No entanto, penso que as pessoas de Macau são generosas por natureza. Mas é necessário analisar e ter a consciência do todo da sociedade com a sua diversidade. Neste sentido, cabe aos políticos ter um papel também mais interventivo e seguirem no sentido da inclusão. Há vozes na política muito duras com a questão dos imigrantes e dos trabalhadores não residentes. Sim, mas Macau também dá a oportunidade de ter vozes livres. Foi recentemente aprovada a Lei Eleitoral. O que acha da revisão? É um passo positivo para umas eleições mais abertas e para a luta contra a corrupção. O diploma prevê também regras que são importantes para evitar comportamentos desapropriados. Mas continuo a duvidar que o sistema actue em conformidade com a lei. No meu escritório, por exemplo, não admito que ninguém pergunte a quem entra as razões da sua vinda. Defendo uma política de portas abertas. No caso das eleições, também todos se podem juntar. Desta vez, há a questão do juramento de fidelidade à Lei Básica e ao Governo Central, mas acho que sempre que alguém vai para um cargo político já deve ter subentendido a sua fidelidade ao país. No entanto, quando dizemos que amamos o nosso país, isso não pode querer dizer que não gostamos dos outros, de outras regiões e que possamos discriminar outras pessoas. Claro que quando se fala de terrorismo o trabalho é outro e tem de ser feito de forma coordenada. Ainda relativamente à nova lei, penso que poderia ser mais uma razão para me candidatar. A legislação mais clara, e uma sociedade mais desenvolvida e educada como a de hoje são factores apelativos, mas, de facto, ainda não sinto que o deva fazer. Recente também é a lei da violência doméstica. A Caritas tem vindo a trabalhar com vítimas. Foi uma lei muito importante e, depois de o diploma ter sido aprovado, as pessoas, felizmente, começam a sentir-se mais à vontade para denunciarem casos de abuso. O mesmo acontece nas situações em que as vítimas são do sexo masculino. Antes da entrada em vigor da nova lei, já tinha casos de homens a recorrem à Caritas para falar da situação. A questão do abuso está muito relacionada com a falta de auto-estima e o trabalho que tem de ser feito é o da sua recuperação. Normalmente são pessoas, principalmente nos casos do sexo masculino, que não são respeitadas por ninguém e que vivem o mesmo tipo e situações de abuso em casa e no trabalho. É necessário promover a confiança. Na Caritas, por exemplo, tentamos integrar estes casos em programas de voluntariado onde podemos fazer com que se sintam úteis e respeitadas. Tem trabalhado na área da pobreza. Quem é que procura mais ajuda? Macau não é só dinheiro. Podíamos fazer do território uma terra maravilhosa, dado o dinheiro que existe. Se me perguntasse isso há uns anos, diria que precisam de ajuda aqueles que têm uma renda alta e, como tal, não podem suportar a renda de um tecto, aqueles que partilham casas muito pequenas e aqueles que não têm cozinha em casa. Mas o que tenho constatado é que, felizmente, há cada vez menos pessoas nestas condições. Uma das acções que terá contribuído para esta diminuição é a política de habitação pública do Governo. As pessoas que têm este tipo de apoio já não procuram tanto a Caritas. Temos também o banco alimentar que se destina a quem não tem o que comer. E também aí, há cada vez menos pessoas a precisar de ajuda, sendo que são os idosos que vivem sozinhos quem mais nos procura. Além das iniciativas sociais já conhecidas da Caritas, há novos projectos? Estamos agora com o processo de abertura de uma clínica de cuidados dentários. O espaço, num momento inicial, vai ser dirigido, essencialmente, a doentes mentais e a idosos locais, mas o objectivo é que, correndo tudo bem, seja aberta a todos, e aos imigrantes também. Os idosos parecem ser dos que mais precisam de ajuda no território. É necessária ajuda em três sentidos: a criação de lares, o apoio domiciliário e o apoio ao cuidador, que pode ser um profissional ou um familiar. A Caritas já dispõe destes três serviços e damos formação geriátrica. Temos também um centro de dia para quem precisa de apoio. Não é um centro de lazer e está preparado para acolher utentes com vários tipos de problemas, como a demência, por exemplo. Está desde 1991 à frente da Caritas. Tenciona continuar por mais tempo? Não sei. Pode ser para sempre. Mas isso não é importante. Com ou sem título de secretário-geral da Caritas, pretendo continuar a trabalhar naquilo em que acredito. Algumas pessoas acham que é importante que tenha o cargo e o título porque pensam que é uma forma de ter mais respeito, tanto da população, como do próprio Governo. Não concordo. Quando acreditamos em nós e naquilo que fazemos encontramos sempre o nosso espaço para servir a sociedade. Quando era pequeno tive quem tomasse conta de mim. É a minha função também tomar conta dos que mais precisam.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | Eternos perdedores falam de desigualdades no sistema Agnes Lam perdeu todas as eleições a que se candidatou, mas mantém a esperança. Paul Pun não sabe se volta a ser candidato. Casimiro Pinto nem quer pensar mais nisso. Os eternos perdedores das eleições legislativas falam de um sistema desigual, onde os pequenos não conseguem competir com os grandes [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]azem parte dos rostos que se candidatam a lugares na Assembleia Legislativa (AL) sempre que há eleições, a cada quatro anos, mas nunca ganham. Mantêm a esperança de lutar por algo novo e ganhar assentos aos nomes de sempre. Chan Meng Kam é um deles e surge à cabeça com três deputados eleitos, incluindo ele próprio, os quais representam a comunidade de Fujian. José Pereira Coutinho elegeu, em 2013, Leong Veng Chai; Ho Ion Sang, da União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong) faz parelha política com Wong Kit Cheng. Já a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) tem dois deputados eleitos pela via indirecta no hemiciclo (Lam Heong Sang, vice-presidente da AL, e Ella Lei), incluindo Kwan Tsui Hang, eleita pela via directa. Mak Soi Kun, que representa a comunidade oriunda de Guangdong, conseguiu eleger mais um nome, Zheng Anting. É contra estes números que eles tentam lutar a cada quatro anos, mas reconhecem que cada vez é mais difícil lidar com um sistema desigual. Agnes Lam, candidata em 2009 e 2013, assume ao HM que está a compor uma equipa para se candidatar novamente às legislativas de 2017. Contudo, não quer avançar nomes. “Estamos a tentar fazê-lo, mas queremos fazê-lo de uma forma melhor e diferente. Temos de conhecer bem a equipa, mas estamos a tentar formar uma. Temos uma decisão interna de não anunciar qualquer nome até que tenhamos algo mais concreto. Estou a motivar as pessoas para que queiram trabalhar comigo.” Convidada a apontar as razões que estiveram por detrás das suas sucessivas derrotas, a docente da Universidade de Macau e presidente da Associação Energia Cívica assume que “não foi forte o suficiente”. “Em Macau as pessoas votam de formas diferentes e a cultura política é diferente. Penso que não fui forte o suficiente a captar as atenções do eleitorado. Da última vez que concorremos às eleições, tivemos pouca cobertura dos media chineses, de facto os media portugueses fizeram uma cobertura mais intensiva.” É uma realidade que, afirma, tem vindo a mudar com a realização de diversos debates através da sua associação, com outros oradores convidados. “Através do Facebook posso atrair mais pessoas, através da realização de debates hoje em dia.” Agnes Lam é a primeira a referir que o sistema para os candidatos é desigual. “Não temos recursos suficientes para concorrer ao lado desses candidatos. Mas acredito que há algumas pessoas lá fora que querem algo diferente. Não vou concorrer contra eles, só procuro um assento no hemiciclo. Apresento as coisas em que acredito e se houver pessoas que acreditem nelas também… Só preciso de captar mais a atenção das pessoas.” Para a ex-candidata, a desigualdade é um “problema sistemático”. “As eleições contribuem cada vez mais para um sistema de desigualdade, e esse tem sido um problema sistemático. Não fui forte o suficiente, e esse foi o problema. Mas também acredito que a lei eleitoral e as políticas que existem não são favoráveis à participação de pequenas organizações.” O defensor dos mais fracos Paul Pun é talvez o candidato que mais eleições perdeu, já que se candidatou a todos os actos eleitorais desde o estabelecimento da RAEM. Ao HM dá a entender que uma nova eleição pode não ser realidade no próximo ano. “Ainda que tenha pessoas a dizerem-me ‘deveria candidatar-se’, costumo dizer que a hipótese de me candidatar é mínima. Não é minha intenção dizer que me vou candidatar. As diferentes comunidades têm diferentes expectativas. Independentemente de uma candidatura, quero continuar a servir as pessoas consoante as minhas capacidades.” O secretário-geral da Caritas refere que perdeu as eleições “devido a vários problemas”, mas ressalva que, “em termos gerais”, não é “um perdedor”. “Não consegui um assento, porque o processo eleitoral deveria ter um período mais longo. As minhas anteriores candidaturas não correram bem por esse motivo. Em segundo lugar, as pessoas escolhem e eu respeito as suas escolhas. Continuo a poder fazer outras coisas.” A existência de candidatos mais fortes também não ajuda. “Não tenho a preparação que esses grupos que mencionou têm. Tenho uma maneira muito própria de me defender, não sou um candidato com muito poder. Devemos pensar como é que o processo pode ser mais justo para que todos possam ser candidatos.” A tímida candidatura Casimiro Pinto liderou, em 2009, a “Voz Plural” para garantir uma maior representação da comunidade macaense no hemiciclo, que já tem os rostos de Pereira Coutinho e Leonel Alves, este último deputado eleito pela via indirecta. A derrota aconteceu e Casimiro Pinto nem quer ouvir falar de uma nova candidatura. “Não me volto a candidatar porque penso que a participação cívica pode ser feita de outra forma. Acho que devem existir outras pessoas, mais jovens do que eu, que representem a comunidade. Não fazemos essa participação cívica como deputados, mas continuamos a acompanhar tudo o que tem que ver com Macau.” O que falhou, então, em 2009, apesar de Casimiro Pinto ser um rosto bem conhecido da comunidade macaense? “Era uma lista que a população ainda não conhecia e, portanto, era óbvio que não poderíamos obter muitos votos. As pessoas desconheciam ainda os candidatos. Na altura, o grupo juntou-se em cima da hora e não havia muita experiência no assunto, incluindo eu próprio, para uma actividade eleitoral. Havia um desejo e o amor pela terra. Falhámos nesse sentido, porque as eleições exigem mais do que isso, exigem a experiência que nós na altura não tínhamos.”v Além da luta de titãs com os actuais deputados, Casimiro Pinto lembra que, para uma lista que não tem continuidade, é difícil garantir uma eleição. “Teria de ser um trabalho contínuo para ganhar visibilidade e a confiança da população. Se é para lutar pelos interesses da população, o trabalho tem de ser feito de forma contínua. No início houve uma vontade para dar continuidade, mas houve dificuldades.” Ainda assim, Casimiro Pinto considera que o trabalho da “Voz Plural” não foi em vão. “Foi pena não termos dado continuidade mas não foi infeliz, sabemos que na sociedade todos estão a desempenhar um papel no território. Agora ainda é mais difícil. Não aparecemos nas últimas eleições [em 2013] e agora seria mais difícil ter alguma expressão.” Larry So: “Nova lei eleitoral não deverá mudar o cenário” Para o politólogo Larry So, o cenário de desigualdade entre candidatos não deverá alterar-se com a implementação de uma nova lei eleitoral. “Penso que a nova lei eleitoral não deverá mudar muito esse cenário.” “Não se pode dizer que é um jogo justo. [Os candidatos mais fortes] têm vantagens porque a maioria dos membros eleitos têm mais recursos, se compararmos com aqueles que já concorreram várias vezes. Estes não têm esses recursos, dinheiro, materiais. Além disso, há muitas pessoas por detrás destes grupos que elegem os deputados e podem fazer maior propaganda em várias plataformas. Caso não haja os recursos humanos acaba por se gerar uma situação de desigualdade.” Larry So explica, contudo, que o facto de uma pessoa estar há alguns anos no hemiciclo faz com que os eleitores acreditem no seu trabalho. “É quase uma regra de que determinada pessoa, que esteve na posição de membro eleito, quando participa numa nova eleição, terá melhores possibilidades de vencer. Tem mais vantagens. Já estão nessa posição e já conhecem o funcionamento da Assembleia Legislativa”, afirma. “Um novo candidato não tem essa vantagem. As pessoas reconhecem os nomes, o que não acontece com os novos candidatos. Quando vão votar, fazem-no nas caras que já são mais familiares ou até nos nomes mais familiares. Um novo candidato terá de trabalhar muito mais para conseguir chegar lá”, conclui.
Hoje Macau Manchete SociedadeCáritas | Paul Pun sem enfermeiros locais. Pedido auxílio ao Governo A falta de enfermeiros habilitados já ocupa 80% dos lugares vagos da Cáritas. Contratações de fora são uma possibilidade mas são difíceis e demoram tempo. O Governo poderia dar uma ajuda, considera o responsável da instituição [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]desenvolvimento dos novos serviços da Cáritas em Macau encontram nos seus principais obstáculos a escassez de funcionários. O problema não se circunscreve às dificuldades na contratação de não residentes, mas tem também por base a demora na formação de quadros. A informação é dada por Paul Pun, secretário-geral da instituição. O responsável adianta que, com a nova ronda de recrutamento de enfermeiros realizada pelo Governo, a Cáritas perdeu grande parte do pessoal de enfermagem, contando com uma baixa em 80%. Se a diminuição se continuar a constatar, a instituição considera recorrer a mão-de-obra estrangeira para conseguir preencher as vagas que ficam em aberto. No entanto, segundo Paul Pun, o tempo de formação para um não residente é muito maior do que para os locais. Mais necessidades, menos pessoal Contactado pelo HM, Paul Pun revelou que, no ano passado previa a perda de 60% do pessoal mas tal chegou efectivamente aos 80%. O responsável refere que esta situação não é nova e que já há quatro anos a Cáritas passou por uma fase idêntica. No entanto, frisa, os últimos dois anos vão de mal a pior. Uma das razões apontadas é ainda o envelhecimento da população. “O Governo está a contratar cada vez mais pessoas, mas a necessidade da sociedade também tem aumentado. Não temos pessoas suficientes para preencher as vagas nem responder à procura”, afirma. “Para formar um enfermeiro a partir de um trabalhador estrangeiro o processo tem início com o desempenho de funções enquanto assistente clínico.” Outra dificuldade é a língua, não sendo falada nem entendida por muitos dos estrangeiros no território. Querem o Governo Este ano teve início um novo processo de formação para a instituição, mas as esperanças são poucas. Paul Pun sabe que os formandos não irão permanecer muito tempo na Cáritas e darão prioridade a uma oportunidade de trabalho no Governo, onde os altos salários são um chamariz muito forte e fonte de expectativa para muitos pais que querem ver os filhos na Função Pública. O responsável deixa a sugestão ao Executivo de considerar enviar alguns dos seus quadros de enfermeiros experientes em auxílio de instituições como a Cáritas. * por Angela Ka
Andreia Sofia Silva SociedadeViolência doméstica | IAS detecta 14 casos com crianças Só nos primeiros quatro meses do ano foram detectados 14 casos de violência doméstica envolvendo crianças. Paul Pun, secretário-geral da Caritas, coloca o ónus da questão nas empregadas domésticas e pede estudos e melhores salários [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) registou um total de 14 casos de violência doméstica com crianças, valor que é igual ao registado em todo o ano de 2015. Segundo o canal inglês da TDM, Lei Cheuk Fai, do IAS, referiu que o maior número de casos se deve à maior abertura que a população tem para denunciar os casos, desde que a lei da violência doméstica entrou em vigor. O IAS garante que vai analisar caso a caso. “Temos de saber em que condições estão as crianças e o que lhes aconteceu. Vamos procurar algumas cooperações com diversos departamentos para analisar os casos”, disse Lei Cheuk Fai à margem de um evento. Uma associação que lida com casos de violência infantil confirmou ainda à TDM que o ano passado recebeu um total de 50 casos, números bem superiores aos do Governo. Mais vale prevenir Ouvido pelo HM, o secretário-geral da Caritas, Paul Pun, defende que o Governo deve dar mais atenção ao trabalho das empregadas domésticas, por serem parte integrante de muitas famílias. “É importante fazer um trabalho de prevenção junto das empregadas domésticas. Muitas delas podem não gostar de cuidar de crianças mas apenas gostam do trabalho que fazem. Deveriam ter mais formação para saber os desafios que vão enfrentar. Hoje em dia as empregadas domésticas não têm horários de trabalho fixos e têm elevada pressão, e isso pode despoletar casos de violência. Deveria haver um caso de estudo por parte do Governo relativamente a este aspecto. Do que observo a maior parte tem capacidade para cuidar de crianças mas necessita de formação”, disse. Paul Pun defende ainda a implementação do salário mínimo universal para que as empregadas domésticas tenham melhores condições de trabalho, por forma a evitar que a pressão psicológica resulte em violência. “O Governo pode olhar para o sistema do salário mínimo, porque salários melhores pode ajudar a que sejam melhores empregadas. Estudar quanto recebem agora, em média. O Governo deveria analisar todos os contratos de trabalho e ver quantas horas trabalham”, rematou. Até ao fim deste mês decorrem acções de formação com agentes policiais, organizadas pelo IAS no âmbito da nova lei. Segundo um comunicado, cerca de mil polícias estão inscritos para esta formação.