Meteorologia | Emitido alerta laranja para temperaturas altas

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos emitiram ontem o alerta laranja de temperaturas altas, o mais elevado para este tipo de fenómeno. A influência de um anticiclone e a ausência de brisas marítimas vão continuar a influenciar o tempo quente ao longo da semana. O Governo lançou um conjunto de recomendações para quem trabalha ao ar livre

 

No domingo, os termómetros chegaram aos ultrapassaram os 37 graus centígrados na zona do Terminal Marítimo do Porto Exterior, enquanto ontem em Coloane as temperaturas chegaram 36,7 graus. As elevadas temperaturas levaram os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) a emitir o alerta laranja, o mais severo para tempo quente.

“Nos próximos dias, prevê-se que o tempo na região seja muito quente e a temperatura máxima em algumas zonas atinja os 36 graus celsius ou valores superiores. Aconselha-se à população que tome medidas contra doenças causadas pelo calor, evite actividades ao ar livre e beba mais água”, indicaram os SMG.

As autoridades acrescentaram que a temperatura do ar extremamente alta pode facilmente causar desconforto físico a idosos, crianças, doentes, grávidas e pessoas com excesso de peso. Assim sendo, os SMG aconselham à população que evite trabalhos e actividades ao ar livre nos períodos de temperatura elevada, o uso de roupas largas e finas com cores claras, e que evite exposição directa e prolongada ao sol, tomando medidas contra raios UV, ou ficar muito tempo no interior de uma viatura estacionada ao ar livre.

Aviso aos trabalhadores

Os efeitos de um anticiclone de elevada altitude estão a provocar céus limpos de nuvens na costa de Guangdong e na zona norte do Mar do Sul da China, factores que vão manter os termómetros acima dos 35 graus durante a semana. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o meteorologista assessor dos SMG Cheong Chin Chio, acrescentou aos factores que contribuem para o tempo quente os ventos fracos que se fazem sentir, assim como o céu limpo que irá manter as temperaturas altas até ao fim-de-semana.

O alerta laranja levou também a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) a lançar um alerta para quem trabalha ao ar livre ou perto de fontes de calor num espaço interior. Estas condições de trabalho, “com muita humidade podem causar disfunção do sistema nervoso central, impedindo a transpiração e o controlo da temperatura do corpo, designadamente o seu arrefecimento, resultando em golpe de calor”.

Além da regular recomendação para o uso de vestuário adequado, a DSAL aconselha a reposição frequente de líquidos e electrólitos, intervalos de descanso para trabalhadores sujeitos a longos períodos de tempo em ambientes com temperaturas elevadas e descansar em locais frescos e com sombra.

Para combater os efeitos das temperaturas elevadas, a DSAL disponibiliza “planos promocionais de ‘vestuário anti-calor e capacete de segurança com protecção solar’ e de ‘ventiladores portáteis de cintura’”.

5 Ago 2024

Meteorologia | China registou mês de Julho mais quente desde 1961

A temperatura média na China em Julho foi a mais alta registada nesse mês desde 1961, informou sexta-feira o Centro Meteorológico do país asiático.

Durante o sétimo mês do ano, a temperatura média no país atingiu 23,2 graus Celsius, 1,1 acima do que a temperatura em anos considerados normais, disse o director-adjunto da instituição, Jia Xialong, citado pelo jornal oficial China Daily.

“Em Julho, a China enfrentou uma combinação de chuvas extremas e temperaturas extremamente elevadas em todo o país”, afirmou Jia, num evento em Pequim. O sul da China sofreu uma vaga de calor generalizada e prolongada, com várias regiões a registarem temperaturas elevadas contínuas durante mais de 20 dias.

Um total de 59 estações meteorológicas nacionais registou temperaturas máximas diárias que bateram ou igualaram os recordes de sempre. No mês passado, foram batidos recordes de calor em todo o mundo, tendo 22 de Julho sido o dia mais quente de que há registo na Terra, com uma temperatura média diária global de 17,15°C.

O aumento súbito da temperatura média diária entre 21 e 22 de Julho deveu-se principalmente a temperaturas significativamente mais elevadas do que o normal no hemisfério norte, particularmente na América do Norte e na Europa, bem como na maior parte da Antártida, explicou o especialista.

De acordo com as previsões do Centro, as temperaturas na maior parte da China continuarão a ser mais elevadas do que o habitual em Agosto: são esperadas duas ondas de calor significativas na primeira quinzena de Agosto, devendo as temperaturas elevadas diminuir no final do mês.

Em Julho, a forte precipitação causou a morte de mais de 30 pessoas e centenas de milhares de desalojados no centro da China.

5 Ago 2024

Ondas de calor, sensação térmica e “wind chill”

É sabido que uma das consequências das alterações climáticas consiste no aumento da intensidade e frequência de ondas de calor, as quais são uma das principais causas de morte relacionadas com condições meteorológicas extremas. Por exemplo, um estudo1 referente ao período 1959–2013, mostrou que em algumas regiões da China as ondas de calor têm tido maior frequência e duração desde 1990. No caso particular de Macau, também se observa um aumento significativo na sua frequência, embora não se tenham detetado tendências positivas significativas na intensidade e duração, de acordo com um estudo elaborado por meteorologistas da Direção os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau2.

Também em Portugal, nas últimas três décadas, a tendência é de aumento da sua frequência. Apesar da ocorrência ser mais provável no verão, podem acontecer em qualquer estação, como se verificou este ano, em janeiro, no norte e centro do país.

O conceito de onda de calor é definido por critérios diferentes conforme as caraterísticas climáticas dos países. No caso de Portugal, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), considera-se que ocorre uma onda de calor quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5 °C ao valor médio diário no período de referência.

De acordo com o Programa de Observação da Terra da União Europeia, 23 de julho de 2024 foi o dia mais quente desde 1940. O valor da temperatura média à escala global atingiu 17,16 °C3, ultrapassando o recorde anterior de 17,08 °C. Este facto serviu de base para mais um alerta do Secretário-Geral das Nações Unidas, que voltou a alertar para a ameaça crescente ao nosso bem-estar socioeconómico e ambiental. Segundo António Guterres, “… a Terra está a tornar-se mais quente e mais perigosa para todos, em todo o lado”, acrescentando “… milhares de milhões de pessoas enfrentam uma epidemia de calor extremo – definhando sob ondas de calor cada vez mais mortíferas, com temperaturas que ultrapassam os 50 graus Celsius…”.

Segundo um estudo4 divulgado na véspera do Dia Nacional da Conservação da Natureza (28 de julho), as consequências das alterações climáticas podem causar até 14,5 milhões de vítimas mortais até 2050, sendo atribuídas às ondas de calor 1,6 milhões.

Este texto vem a propósito da onda de calor que ocorreu recentemente no Dubai, em julho de 2024. De acordo com notícias divulgadas pelos meios de comunicação social, a sensação térmica neste Emirado atingiu cerca de 62 °C em 17 de julho. Na realidade, os termómetros não registaram mais do que 43 °C, mas o facto de valores altos de vários parâmetros meteorológicos se terem conjugado fez com que a sensação térmica fosse exageradamente alta.

Embora a sensação de calor não seja igual em todos os seres humanos, convencionou-se adotar um índice, designado por sensação térmica, para traduzir o grau de desconforto. Trata-se de uma temperatura aparente, que depende não só de fatores meteorológicos, mas também das características pessoais como, por exemplo, idade, índice de massa corporal, sedentarismo e hábitos alimentares. Uma pessoa com sobrepeso tem tendência a ser mais incomodada com o calor do que alguém com o peso ideal. É evidente que as fórmulas, com base nas quais se calcula a sensação térmica, não podem entrar em linha de conta com estes fatores. As mais utilizadas, para temperaturas altas, limitam-se a considerar a temperatura do ar e a humidade relativa.

Quando o ar é relativamente seco, o suor resultante da transpiração evapora facilmente. Para esse efeito o nosso corpo cede calor, o que provoca a sensação de frescura, o que já não acontece quando a humidade relativa é alta. Vejamos um exemplo extraído da tabela5 usada pelo Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos da América: à mesma temperatura de 30 °C, fazendo corresponder a humidade relativa de 40%, 50% e 90%, correspondem, respetivamente, sensações térmicas de 29 °C, 31 °C e 41 °C.

Ainda segundo esta tabela, são as seguintes as relações entre sensação térmica para diferentes intervalos de temperatura aparente e as consequências possíveis:

SENSAÇÃO TÉRMICA

CUIDADOS E CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS

Mais de 54 °C

Perigo extremo: insolação iminente

41-54 °C

Perigo: provável insolação, cólicas musculares e/ou exaustão pelo calor com exposição prolongada e/ou atividade física.

32-41 °C

Cuidado extremo: possível insolação, cólicas musculares e/ou exaustão pelo calor com exposição prolongada e/ou atividade física.

27-32 °C

Cuidado: possível fatiga com exposição prolongada e/ou atividade física.

Embora as tabelas para situações caracterizadas por temperaturas altas não entrem em consideração, em geral, com a velocidade do vento, este parâmetro tem também influência na sensação térmica. Os motociclistas conhecem bem este fenómeno, pois sentem um acréscimo da sensação térmica à medida que a velocidade do motociclo aumenta, em situações de grande calor.

Nos dias frios o fator mais determinante para a sensação térmica, além da temperatura, é a velocidade do vento. Por esta razão as tabelas para o cálculo da sensação térmica não entram em consideração, em geral, com a humidade relativa. Nos países de língua inglesa a sensação térmica é designada por “wind chill”. Por exemplo, à temperatura de -5 °C e vento de 40 km/h corresponde o valor de “wind chill” de -14  °C, conforme a tabela adotada pelo Serviço Meteorológico do Canadá.

Em situações de temperaturas baixas, embora a velocidade do vento seja o fator mais decisivo, a humidade relativa também tem importância para a sensação térmica. O frio é mais suportável quando o ar é seco. Por exemplo, uma situação meteorológica caracterizada por 7 °C em Lisboa é mais suportável do que a mesma temperatura em Macau, onde, em geral, o ar é muito mais húmido.

*Meteorologista

Referências:

“Heat Waves in China: Definitions, Leading Patterns, and Connections to Large-Scale Atmospheric Circulation and SSTs” (by Pinya Wang, Jianping Tang, Xuguang Sun, Shuyu Wang, Jian Wu, Xinning Dong, Juan Fang).

“Extreme rainfall and summer heat waves in Macau based on statistical theory of extreme

Values” (by Weiwen Wang, Wen Zhou, Soi Kun Fong, Ka Cheng Leong, Iu Man Tang, Sau Wa Chang, Weng Kun Leong).

Note-se que se trata da temperatura média diária e não da temperatura máxima diária. No que se refere a esta, o recorde mundial é de 56,7 °C, em 10 de julho de 1913 em Furnace Creek, Greenland Ranch (próximo do Death Valley, Estados Unidos da América), à altitude de 54 m abaixo do nível do mar.

“Avaliação do impacto das alterações climáticas na saúde humana” – estudo elaborado pela empresa de consultoria OIiver Wyman, em colaboração com o Fórum Económico Mundial (FEM).

1 Ago 2024

Meteorologia | Vaga de calor deve continuar este Verão

A vaga de calor deve prolongar-se na China este Verão, disseram ontem os serviços meteorológicos do país, apontando como causa o aquecimento global.

O país asiático é o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa, o que os cientistas acreditam serem a causa do aquecimento global, tornando os fenómenos climáticos extremos mais frequentes e mais intensos.

Este Verão, regiões inteiras do norte da China já foram atingidas por vagas de calor, enquanto chuvas fortes fora de época provocaram inundações mortais e aluimentos de terras no sul do país.

O Centro do Clima da Administração Meteorológica da China prevê que “as temperaturas do ar na maior parte do país vão ser ligeiramente mais elevadas (…) em meados do Verão”, noticiou a televisão estatal CCTV.

“No contexto do aquecimento global, as temperaturas médias vão aumentar e as temperaturas elevadas serão mais frequentes”, afirmou o centro meteorológico, disse. Os termómetros subiram entre 1ºC a 2ºC em relação ao normal nas províncias de Zhejiang, Jiangxi, Hunan, Fujian, Guangdong e Gansu, bem como nas regiões de Guangxi e Ningxia, de acordo com o relatório.

No entanto, as províncias do nordeste e a região norte da Mongólia Interior vão registar temperaturas próximas do normal para a época. A China comprometeu-se a estabilizar ou reduzir as emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e a atingir a neutralidade carbónica até 2060.

O país registou uma média de 2,6 dias quentes, ou seja temperaturas superiores a 35°C, em Junho, o quarto valor mais elevado desde que se iniciaram os registos em 1961, indicou a CCTV, citando o Centro do Clima chinês. Como resultado, 20 estações meteorológicas bateram recordes de calor, de acordo com o relatório.

“À medida que o aquecimento global se intensifica, nos últimos anos, os dias quentes no nosso país começaram mais cedo, ocorreram com mais frequência, acumularam-se durante períodos mais longos, tiveram um impacto mais alargado e foram, em geral, mais fortes”, referiu.

5 Jul 2024

Vaga de calor atinge capital da Índia com temperaturas recorde superiores a 47 graus

Uma forte onda de calor está a atingir Nova Deli e as regiões vizinhas, com temperaturas recorde superiores a 47 graus Celsius, com as autoridades indianas a emitirem um alerta vermelho e a pedirem máximo cuidado nos próximos dias. Os termómetros da estação meteorológica de Najafgarh, na capital indiana, registaram no domingo a temperatura mais elevada de sempre no país asiático, com 47,8 graus Celsius.

Seguiu-se a cidade de Agra, onde se encontra o famoso monumento Taj Mahal, com 47,7 graus, informou ontem o Departamento Meteorológico da Índia (IMD). “Esta é a temperatura máxima mais elevada desta época estival”, sublinhou o IMD no seu boletim mais recente.

As autoridades meteorológicas emitiram um aviso vermelho de calor tanto em Nova Deli como nos estados do norte de Rajastão, Punjab, Uttar Pradesh, Haryana e Chandigarh, onde as temperaturas variaram entre os 43 graus e 46 graus Celsius no domingo. “É muito provável que as condições de uma onda de calor severa continuem nas planícies do noroeste da Índia e as condições de onda de calor no norte de Madhya Pradesh e no estado de Gujarat permaneçam durante os próximos cinco dias”, indicou o IMD.

Para continuar

Os fenómenos meteorológicos extremos, como as ondas de calor, têm um impacto directo na saúde das pessoas e, de acordo com um estudo publicado em 2021 por meteorologistas indianos, mais de 17.000 pessoas morreram nos últimos 50 anos devido a estes períodos de temperaturas extremas.

A subida das temperaturas coincide também com as eleições gerais na Índia, que começaram a 19 de Abril e terminam a 01 de Junho, ameaçando reduzir a participação dos eleitores. A capital indiana vota no próximo sábado, na sexta e penúltima fase das eleições gerais, quando se prevê uma sensação térmica de 47 graus Celsius.

Ontem decorreu a quinta fase para a eleição de 49 lugares da câmara baixa do parlamento em seis estados e dois territórios unificados. As próximas fases do acto eleitoral decorrem a 25 de Maio e a 01 de Junho, estando prevista a contagem de votos a 04 de Junho, altura em que devem também ser conhecidos os resultados das eleições, nas quais o actual primeiro-ministro, Narendra Modi, procura o seu terceiro mandato.

21 Mai 2024

China com alertas de calor e milhões aconselhados a ficar em casa

Várias cidades da China estiveram ontem em alerta vermelho devido à onda de calor que atinge o país, onde dezenas de milhões de pessoas foram aconselhadas a manter-se em casa. A população das zonas que foram colocadas em alerta vermelho pelo instituto meteorológico nacional – sobretudo o sudeste e noroeste do país – foi aconselhada pelas autoridades a “cessar toda a actividade ao ar livre” e “ter especial atenção à prevenção de incêndios”.

A cidade de Xangai registou, no fim-de-semana passado, a temperatura mais alta dos últimos 149 anos, com 40,9° Celsius, e as províncias de Zhejiang e Fujian (leste) ultrapassaram os 41°C, quebrando um recorde histórico em duas cidades destas províncias. Embora no sábado se tenha assinalado o início da época mais quente, de acordo com o calendário tradicional chinês, este Verão parece superar todas as expectativas.

Para se refrescarem, centenas de chineses deslocaram-se para a praia em Xiamen, província de Fujian, no domingo, segundo relatam as agências internacionais.

A onda de calor está a pressionar o sistema eléctrico chinês, já que as famílias e as empresas estão a recorrer mais ao ar condicionado, levando as centrais de energia do país a baterem recordes de capacidade em meados de Julho, de acordo com a Sxcoal, uma publicação de comércio de energia.

Efeito dominó

Ondas de calor extremas, às vezes mortais, têm afectado várias regiões do planeta nos últimos meses, nomeadamente a Europa ocidental em Julho e a Índia em Março e Abril. Por isso, as autoridades locais de algumas províncias da China decidiram desligar as luzes da rua e cobrar mais às empresas pela electricidade durante os horários de pico de consumo.

O director de previsões do instituto meteorológico da China, Fu Jiaolan, avisou ontem que a onda de calor também “afectará negativamente as culturas locais” e disse que as temperaturas actuais se irão manter, pelo menos, mais 10 dias. No início do Verão, e em contraste com a actual situação, a China foi cenário de inundações e chuvas incessantes.

25 Jul 2022