Cinema | João Nuno Brochado leva “Herança de Família” ao CCM 

“Herança de Família” é a curta-metragem do realizador e docente João Nuno Brochado integrante do cartaz da próxima edição de “Macau – O Poder da Imagem”, que decorre no Centro Cultural de Macau. Esta é a história de um idoso solitário que quer deixar a herança familiar a alguém de confiança. O argumento espelha também as ligações seculares entre Portugal e a China

 

Um idoso, que vive sozinho, sem família ou amigos, quer deixar a sua herança familiar a alguém de confiança. Todos os dias encontra-se com potenciais candidatos, mas torna-se difícil atingir o seu objectivo. Até que um dia conhece uma família portuguesa e, mesmo sem conseguir comunicar com ela por palavras, por dominarem línguas diferentes, cria-se uma ligação.

Esta é a história por detrás de “Herança de Família”, a curta-metragem que João Nuno Brochado, realizador e docente da Universidade de São José (USJ), leva aos ecrãs do Centro Cultural de Macau (CCM) no âmbito da 14.ª edição do festival “Macau – O Poder da Imagem”, organizado pelo Instituto Cultural (IC).

Ao HM, João Nuno Brochado revelou os detalhes de um projecto cinematográfico que começou a ser pensado antes da pandemia.

“Dou aulas na USJ, onde coordeno o programa de cinema, e costumava convidar alguns professores para darem aulas cá. Uma das docentes colaborou comigo na escrita deste argumento, e quisemos desenvolver ideias sobre algumas coisas que observamos em Macau. Uma delas é o facto de os idosos terem uma boa qualidade de vida, pois passam o dia-a-dia nos parques, fazem mais exercício e são mais activos do que os idosos em Portugal, por exemplo.”

“Queríamos retratar essa imagem de Macau que não é tão comum e se afasta da imagem dos casinos. Queremos retratar essa vida pacata que Macau também tem, nos parques. Assistimos também a algo engraçado, que foi uma senhora que passeava uma tartaruga na rua, e quisemos colocar essa imagem engraçada no filme”, frisou o realizador, que defende que este é também um filme sobre a relação histórica entre Macau e Portugal e as relações pessoais que se foram criando.

“O facto de sermos portugueses e estarmos aqui levou-nos a fazer uma história que retratasse esta ligação que Portugal ainda mantém com a China através de Macau. Foi a ideia de um entre culturas que continua a existir.”
Explorar a temática da terceira idade acabou por ser uma decisão natural, tendo em conta que no panorama cinéfilo local esse é um assunto pouco explorado.

“A terceira idade é uma temática pouco explorada no cinema de Macau. O facto de eu não ter nascido em Macau permite-me ter uma perspectiva diferente sobre a cidade e a cultura local. Penso que as pessoas que trabalham na área do cinema estão muito interessadas no facto de Macau ser um território que vive do entretenimento e do jogo.”

Desta forma, “uma grande parte dos filmes que são feitos aqui giram em torno de temáticas como o jogo, o crime ou a prostituição”.

“Herança de Família” contém elementos musicais e de imagem que mostram a presença das culturas portuguesa e chinesa. Com este projecto, João Nuno Brochado quis, sobretudo, trazer um filme seu cá para fora.

“Esta não foi só uma oportunidade de fazer o filme, mas sim de cruzar este projecto com a produção que se faz localmente. É importante que possa passar esta experiência aos meus alunos. Os meus objectivos já foram cumpridos, que era fazer o filme e transmitir esta experiência. Espero poder enviar este filme para outros festivais.”

Poucos mas bons

Com a pandemia e as restrições nas fronteiras, João Nuno Brochado destaca a diminuição de visitas de realizadores e docentes de cinema vindos do exterior e menos oportunidades de trabalhar com personalidades da indústria do cinema de Hong Kong. Ainda assim, em Macau têm-se feito poucos filmes, mas bons, assume.

“Não se pode dizer que em Macau exista uma indústria de cinema, porque é uma cidade muito pequena, ao contrário de Hong Kong. Mas acho que se fazem coisas com muita qualidade, apesar de poucas. Não há muita projecção lá fora porque não há apoios, vivendo as produções de subsídios do Governo ou de entidades privadas. Os financiamentos são, por norma, para a produção e não para a divulgação.”

O docente da USJ acrescenta que estas limitações fazem com que o cinema produzido em Macau “não saia muito de Hong Kong ou da região da Grande Baía”.

“Acho que tem havido um crescimento lento. Há mais jovens interessados no cinema e esta iniciativa do IC é muito importante. Têm-se criado equipas fortes na produção de cinema. O facto de os filmes não serem feitos em mandarim faz com que seja difícil a entrada no mercado chinês”, rematou.

O festival “Macau – O Poder da Imagem” decorre entre os dias 5 e 8 de Maio, apresentando um conjunto de curtas-metragens produzidas localmente.

22 Abr 2022

Cinema | CCM apresenta 11 produções locais de jovens cineastas 

A 14ª edição da iniciativa “O Poder da Imagem”, que apresenta produções locais de jovens realizadores de Macau, regressa ao Centro Cultural de Macau entre os dias 5 e 8 de Maio. O cartaz promete estar recheado de histórias urbanas, entre o género curta-metragem e documentário

 

O Centro Cultural de Macau, sob a égide do Instituto Cultural, apresenta a 14.ª edição do Macau – O Poder da Imagem, a decorrer de 5 a 8 de Maio (de quinta a domingo) no Pequeno Auditório. A plataforma cinematográfica local está de regresso com uma mescla de realizadores emergentes e experientes que vão estrear uma série de novas narrativas projectadas em seis sessões.

Das curtas-metragens e documentários aos filmes de animação, a edição deste ano do Poder da Imagem (LVP) apresenta 11 produções, revelando dramas sociais e humanos, contando tanto histórias pessoais como ficcionais, inspiradas pela família, por experiências urbanas e um sentido de pertença comunitário.

Tendo ao longo dos últimos 13 anos comissionado para cima de 140 filmes, o LVP tem estimulado a arte cinematográfica, desafiando realizadores locais a materializar os seus projectos no grande ecrã, alguns dos quais viram as suas produções premiadas pela crítica internacional.

Um dos filmes incluídos nesta selecção é “Herança de Família”, de João Nuno Brochado, realizador e docente na Universidade de São José desde 2016. Natural da cidade do Porto, Portugal, João Nuno Brochado é formado em Som e Imagem pela Universidade Católica Portuguesa, tendo já trabalhado na realização de filmes, documentários e campanhas publicitárias. Além da carreira académica, João Nuno Brochado tem a sua própria produtora, a Cimbalino Films.

A estreia de “Herança de Família” acontece dia 6 de Maio, podendo ser visto no ecrã do pequeno auditório do CCM juntamente com produções como “O Paraíso Perdido da Aves”, de Suki Chan, “Medusa”, de Zue Ku, e “Voar para Casa”, de Kiwi Chan.

Estreias anunciadas

No primeiro dia de exibições o cartaz inclui “Jardim de Sonho”, de Tang Chi Fong, e “O Fantasma e o Gato”, de Lei Weng I. O público poderá ainda ver, no dia 5, películas como “O Melhor Presente de Sempre”, de Hao Chit, e “As Traseiras”, de Chao Kin Kuan.

No sábado é dia de estreia de “Punctum”, de Kate Ngan Wa Ao, uma artista que trabalha sobretudo com fotografia e media digitais e que estuda na Polónia há seis anos. Também neste dia, serão exibidos “Memória Desenterrada”, de Ho Kueng Lon, e “Trabalho de Casa”, de Io Lou Ian. Haverá ainda lugar a mais duas estreias no domingo, dia 8.

Para esta edição de “O Poder da Imagem”, os bilhetes começam a ser vendidos na próxima sexta-feira. O CCM procura, além da exibição dos filmes, “oferecer um olhar mais próximo aos trabalhos em estreia”, estando por isso previstas conversas com os realizadores após a projecção de cada filme.

19 Abr 2022

Cinema | “O Poder da Imagem” arranca quinta-feira no CCM

O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau recebe entre 10 e 13 de Junho a 13ª edição da mostra de cinema local “Macau – o Poder da Imagem”. Entre curtas-metragens, documentários e animações, serão exibidas 13 produções, que exploram temas como a pandemia, as mudanças ambientais e as relações humanas

 

A mostra de cinema local “Macau – o Poder da Imagem” está de volta e, entre os dias 10 e 13 de Junho, promete trazer ao pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) pontos de vista diversos e localizados, acerca de temáticas globais, actuais e intemporais, como a pandemia, as questões ambientais e as relações humanas.

Ao todo, entre curtas-metragens, documentários e animações serão exibidos 13 filmes da autoria de cineastas locais que, de acordo com uma nota do Instituto Cultural (IC), “expressam as mais recentes impressões cinematográficas sobre a cidade”. As obras serão exibidas a partir de quinta-feira e até domingo, repartidas por seis sessões, agrupando várias obras por sessão.

“Todos os filmes contam histórias repletas de sabor local, revisitando comunidades e retratando experiências quotidianas. Através do olhar dos realizadores, o público mede melhor o pulsar da cidade ao mesmo tempo que desfruta do seu fascinante mundo imagético”, pode ler-se na brochura da 13ª edição da mostra.

No primeiro dia de exibição, serão projectados a partir das 19h30, os filmes “Entre Sombras”, de Jenny Wan, “Uma História de 2020”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin, “Pelo Menos Hoje Não”, de Io Lou Ian, e “Casa Flutuante”, de Chang Seng Pong.

Na curta “Entre Sombras”, a fragilidade da memória está no centro de um ensaio acerca da instabilidade mental e a demência, onde um casal se divide entre os papéis de cuidador e paciente e a fronteira ténue entre a memória e o esquecimento.

Outro dos destaques do primeiro conjunto é a obra de animação “Uma História de 2020”, onde Peeko Wong e Wong Chi Kin elaboram acerca da vida dos morcegos e o ano de 2020, numa clara alusão à crise gerada pela covid-19.

“Quando pensamos sobre os eventos que marcaram o ano de 2020, o maior equívoco está provavelmente relacionado com a vida dos morcegos. Quem se importa com a vida destes magníficos animais”, apontam os realizadores do documento oficial do evento.

Sinergias digitais

Para sexta-feira está agendada a exibição dos filmes “O Murmúrio dos Icebergues”, de Un Sio San, “Jantar de Família”, de Cheang Ka Hou, “O Sonho do Papá”, de Ray Loi, “Lado a Lado”, de Ng Ka lon e “A Casa do Boxe”, de Chao Kin Kuan.

Contactado pelo HM, Ray Loi, realizador de “O Sonho do Papá” conta que a obra de animação aborda a dificuldade de concretizar sonhos perante as tarefas rotineiras do dia a dia. Além disso, o facto de ser também produtor de videojogos, conta Ray Loi, ajudou-o a “complementar perspectivas entre as duas artes”, no momento da criação do filme. Sobre “O Poder da Imagem”, Loi sublinha que a mostra contribui para que “os espectadores possam apreciar correctamente as obras”, em contraponto com o consumo de vídeos online.

Já no documentário “O Murmúrio dos Icebergues”, Un Sio San explora o facto de os oceanos terem estado sempre presentes na história de Macau, quer seja na Era dos Descobrimentos, quer nos tempos actuais de “desenfreada construção de aterros”. Olhando para o futuro, a realizadora procura encurtar a distâncias entre o Oceano Ártico e o Delta do Rio das Pérolas, encontrando paralelismos, ligações e também receios que advêm do acelerar do degelo dos glaciares.

“A Casa do Boxe” é outra obra documental incluída no segundo conjunto de exibições e acompanha os obstáculos enfrentados pelo responsável de uma academia de boxe para manter a actividade viva perante os constrangimentos colocados pela pandemia.

Por fim, no sábado, o CCM irá projectar as obras “2020 visto por Man”, de Catherine Ho, “Mui”, de Wong Wen Chon, “Olhos Divinos”, de Lao Keng U, e “Quinhentas Cartas Depois”, de Lei Cheok Mei.
“2020 visto por Man” é um documentário que aborda a importância de registar os acontecimentos, através do relato do processo de produção de um livro sobre a covid-19 em Macau por um experiente repórter.

Por seu turno, “Olhos Divinos” é uma curta de ficção que elabora sobre as fronteiras da realidade e da ilusão, partindo do caso de um jovem que é submetido a um tratamento ocular alternativo.

Os bilhetes para a edição deste ano custam 60 patacas por exibição de cada conjunto de filmes [ver caixa]. Recorde-se que o evento “Macau – O Poder da Imagem” realiza-se há mais de dez anos e já promoveu a produção e exibição de mais de 130 filmes.

8 Jun 2021

Cinema | 13ª edição de “O Poder da Imagem” acontece no CCM em Junho

O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) recebe, entre os dias 10 e 13 de Junho, a 13ª edição de “O Poder da Imagem”, que visa mostrar algumas das produções locais na área do cinema. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC) serão exibidos 13 filmes “que expressam as mais recentes impressões cinematográficas sobre a cidade”, e que serão projectados em seis sessões. “A edição deste ano leva o público para uma série de visões pessoais que transpõem para o grande ecrã uma diversidade de perspectivas, entre aventuras apaixonadas, comentário social e descrições de perseverança humana.”

Além das histórias experimentais e dos novos contos visuais nascidos da pandemia, dos documentários às curtas-metragens e animações, cada filme retrata uma ligação particular entre o realizador e a sua própria visão da cidade. No dia 10 de Junho, às 19h30, serão exibidos os filmes “Entre Sombras”, de Jenny Wan, “Uma História de 2020”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin, “Pelo Menos Hoje Não”, de Io Lou Ian, e “Casa Flutuante”, de Chang Seng Pong. No dia 11 de Junho, sexta-feira, serão exibidos os filmes “O Murmúrio dos Icebergues”, de Un Sio San, “Jantar de Família”, de Cheang Ka Hou, “O Sonho do Papá”, de Ray Loi, “Lado a Lado”, de Ng Ka lon e “A Casa do Boxe”, de Chao Kin Kuan.

Na lista de filmes seleccionados incluem-se ainda “2020 visto por Man”, de Catherine Ho, “Mui”, de Wong Wen Chon, “Olhos Divinos”, de Lao Keng U, e “Quinhentas Cartas Depois”, de Lei Cheok Mei. “Macau – O Poder da Imagem” realiza-se há mais de dez anos e já promoveu a produção e exibição de mais de 130 filmes. Os bilhetes para a edição deste ano estão disponíveis para venda a partir deste domingo, dia 9, e têm o custo de 60 patacas.

5 Mai 2021