Pequim e Filipinas criam linha entre líderes para evitar conflito

China e Filipinas abriram uma linha directa de comunicação entre os seus respectivos gabinetes presidenciais, visando evitar que as disputas no Mar do Sul da China resultem em conflito, informou ontem a agência Associated Press.

Os dois países criaram anteriormente este tipo de linhas telefónicas de emergência nos níveis mais baixos das suas burocracias, face a disputas frequentes em tornos de atóis no Mar do Sul da China, onde as Filipinas acusam as forças chinesas de acções cada vez mais hostis e Pequim diz que os navios filipinos violaram a sua soberania.

Mas os confrontos territoriais persistiram nos últimos meses, gerando receios de um conflito armado de maiores dimensões que poderia envolver os Estados Unidos.

Num confronto entre as forças chinesas e filipinas nas águas adjacentes ao Segundo Atol Thomas, ocupado pelas Filipinas em Agosto de 2023, o governo filipino afirmou que não conseguiu contactar os funcionários chineses através de um “mecanismo de comunicação marítima” estabelecido, quando o confronto ocorreu.

Esta linha telefónica de emergência foi criada depois de o Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., se ter encontrado com o Presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim, em Janeiro de 2023.

Restaurar confiança

As autoridades chinesas e filipinas que lidam com as disputas territoriais mantiveram conversações cruciais em Manila a 2 de Julho, na sequência de um violento confronto em torno do referido atol, em que o pessoal da guarda costeira chinesa terá empunhado facas, um machado e lanças improvisadas num confronto caótico que feriu o pessoal da marinha filipina e danificou dois dos seus barcos a motor.

As forças chinesas também apreenderam sete espingardas da marinha filipina, disse o chefe militar filipino, que exigiu que a China devolvesse as armas de fogo e pagasse os danos.

Ambas as partes “reconheceram a necessidade de reforçar o mecanismo bilateral de comunicação marítima no Mar do Sul da China” e assinaram um acordo “sobre a melhoria dos mecanismos de comunicação marítima entre Filipinas e China”, afirmou a diplomacia chinesa, em comunicado.

Uma cópia com os principais pontos do acordo citada pela AP referiu a criação de “vários canais de comunicação entre as Filipinas e a China, especificamente em questões marítimas, através dos representantes a serem designados pelos seus líderes”.

As conversações através da linha directa também podem ser feitas “através do Departamento dos Negócios Estrangeiros e dos homólogos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, incluindo ao nível de ministro e vice-ministro dos Negócios Estrangeiros ou através dos seus representantes designados”, afirmou o documento, acrescentando, sem elaborar, que as autoridades filipinas estavam “em discussões com o lado chinês sobre as directrizes que irão reger a implementação deste acordo”.

O acordo previu igualmente a criação de um novo canal de comunicação entre a guarda costeira chinesa e a guarda costeira filipina “uma vez concluído o correspondente memorando de entendimento”.

Durante as recentes conversações em Manila, China e Filipinas acordaram em duas outras medidas de reforço da confiança para intensificar “a cooperação entre as respectivas autoridades da guarda costeira” e a possível convocação de um fórum marítimo entre cientistas e líderes académicos chineses e filipinos.

16 Jul 2024

Filipinas | Pequim avisa EUA que “não têm direito de intervir” nas disputas

A China afirmou ontem que os Estados Unidos “não fazem parte” da questão do Mar do Sul da China e, por conseguinte, “não têm o direito de intervir” nas disputas marítimas entre Pequim e Manila.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que a cooperação militar entre os EUA e as Filipinas “não deve prejudicar a soberania e os direitos marítimos da China” e “não deve apoiar reivindicações ilegais”.

Lin reagiu assim às afirmações do Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que afirmou ontem, em Manila, que os Estados Unidos vão defender ataques a navios filipinos “em qualquer parte” do Mar do Sul da China, no meio de tensões crescentes entre Pequim e Manila sobre a soberania do território nessas águas.

O porta-voz sublinhou que a China “continuará a tomar as medidas necessárias para defender firmemente a sua soberania territorial e os seus direitos marítimos”, bem como “manter a paz e a estabilidade” no Mar do Sul da China.

Há meses que as Filipinas e a China se acusam mutuamente de pequenos embates e incidentes entre navios – por vezes da guarda costeira – de ambos os países em águas próximas dos territórios que ambos reivindicam, incluindo no arquipélago de Spratly, no Mar do Sul da China. Até à data, nenhum destes incidentes accionou o tratado de defesa mútua entre os EUA e as Filipinas.

20 Mar 2024

As costas do continente americano

Apesar de os europeus já terem aportado no lado Atlântico do continente americano, não havia ainda dele consciência, crendo Cristóvão Colon ter percorrido as costas da Grande China. Essa ideia permanecia em 1499 quando o espanhol Alonso de Oreja explorou a região de Pária [Venezuela], atingida por Colon na viagem de 1498, e o florentino Américo Vespucci daí investir para Sul ao longo da costa 400 léguas, sem encontrar o tão aguardado Cabo de Catígara, a dar passagem ao Índico.

Entre esta viagem e a seguinte de Vespucci, ao serviço de Portugal Pedro Álvares Cabral atingiu em Abril de 1500 as costas orientais da América do Sul e a 5 de Março de 1501, o galego João da Nova partira com quatro embarcações ao comando da terceira frota à Índia. No Atlântico encontrou à ida a Ilha de Conceição, a 8º de latitude Sul, e no regresso, a Ilha de Santa Helena, chegando ao Tejo em Setembro de 1502.

A segunda viagem de Vespucci (para muitos historiadores não se realizou) iniciou-se em Lisboa a 13 de Maio de 1501, agora ao serviço do Rei de Portugal. Atravessou o Atlântico em 64 dias e na parte austral do novo continente durante dez meses navegou 800 léguas ao longo da costa até próximo de San Julian, a 50º de latitude Sul, na Patagónia. Explorara quase toda a costa Oriental, tanto a situada no domínio de Portugal, como muita pertencente a Espanha. Sem encontrar a tão desejada passagem, concluiu tratar-se de um novo continente. Regressou a Lisboa em 1502 e como o seu trabalho teve mais interesse para Espanha, foi depois Vespúcio recebido com muito agrado por os Reis Católicos, que lhe ofereceram trabalho para preparar pilotos e melhorar a organização da real navegação, onde então começavam a investir.

OS CORTE-REAL

A intenção de procurar novas terras e uma passagem na parte setentrional do continente levou Gaspar Corte Real a negociar com o Rei D. Manuel o doar-lhe as terras e ilhas que descobrisse, concessão feita a 11 de Maio de 1500, antes de partir. O seu pai, João Vaz Corte Real dos Açores chegara à Terra Nova em 1463 e agora era a vez de aí ir Gaspar nos seus navios. Partiu no Verão e explorando aquelas regiões, regressou no Outono. António Sérgio refere, “Animados, por este êxito, trataram Gaspar e seus irmãos (Miguel e Vasqueanes) de preparar nova viagem, com três navios que largaram de Lisboa em Janeiro de 1501, para aportarem às regiões que aquele descobrira pouco antes.

Segundo uma carta do italiano Cantino, domiciliado em Lisboa, os descobridores navegaram na direcção do Norte uns cinco meses, ao cabo dos quais encontraram grandes massas flutuantes de gelo que iam impelidas pelas águas.

Pouco depois, viram o mar completamente gelado. Isto os induziu a mudar de rumo para Noroeste e para Oeste. Ao fim de três meses de feliz viagem foram dar com uma terra muito extensa, sulcada de grandes e pitorescos rios, com frutos excelentes e variados, com árvores elevadíssimas. Os indígenas viviam da caça e da pesca. Apoderaram-se os expedicionários de uns quarenta, para os levar ao rei. Decidiu Gaspar Corte Real ficar ali por algum tempo, para explorar as costas com a sua nau, e mandou regressar as outras duas”, que chegaram ao Tejo em Outubro de 1501.

Quatro meses passaram e Gaspar não aparecia, decidiu Miguel com três caravelas ir procurar o irmão, mas também nunca mais regressou. Vasqueanes, o irmão mais velho, só não os foi procurar pois o Rei D. Manuel “não o consentiu, decidindo enviar caravelas às paragens onde haviam navegado os desaparecidos”, que regressaram sem notícias. Por inscrições gravadas no rochedo da praia de Dighton com o nome de Miguel Corte Real, sabe-se agora ter ele ali sido chefe de uma tribo indígena. O objectivo dos Corte-Real de encontrar o caminho da Índia por Noroeste mostrou-se impraticável.

BALBOA NO MAR DO SUL

A falta de proveito material das duas primeiras viagens de Colon levou a ninguém se alistar em 1498 para a terceira e sem conseguir tripulação, foi preciso comutar penas de prisão a facínoras de toda a espécie com a condição de na América ficarem em exílio por uns tempos. “A 23 de Fevereiro de 1512 ordenou Fernando o Católico o envio de mulheres escravas, vagantes e prostitutas para as Índias”, segundo Fernando Alvarez-Uria, que refere, “O novo mundo converte-se desde muito cedo em porto de destino duma população selecta, na qual evidentemente figuram homens de guerra e gente adventícia” e “ao lado destes homens, encarregados de submeter a população autóctone ao jugo real e aos mais vis sofrimentos que a cobiça impunha, apareceram muito rapidamente confessores e pregadores encarregados de submeter as almas daqueles infiéis…” Eram “Dois projectos políticos divergentes, que durante certo tempo coexistiram e foram complementares.”

Para rentabilizar as expedições e colonizar os índios, como Colon chamou aos nativos da pseudo-Índia, a Espanha enviava para as novas terras homens como o sevilhano Bartolomé de Las Casas (1484-1566). Chegou em 1502 a Hispaniola (Haiti) com os mesmos interesses e comportamento dos outros colonizadores e só em 1514 se colocou a defender os escravizados índios, sete anos após ser ordenado em Roma. Por estarem a ser rapidamente exterminados pela pólvora, o dominicano Las Casas desde 1515 fez catorze viagens para os defender perante o Rei de Espanha.

Já Vasco Nuñez de Balboa (1475-1517) em 1500 andava pelo Mar das Antilhas e em São Domingos ficou dez anos até, confrontado por dívidas, fugir para o Golfo de Darien, entre o actual Panamá e a Colômbia, onde em 1509 os espanhóis se estabeleceram. A colónia foi exterminada pelos índios e para a restabelecer em 1510 chegou Martín de Enciso, mas sem perfil para governar, tomou-lhe Balboa o posto e num lugar mais fértil construiu Santa Maria de la Antigua del Darien para base de exploração. Os índios indicando a Balboa a montanha que dali se via, disseram existir para lá dela mar e no outro lado um lugar com muito ouro. Caminhando 25 dias chegou à montanha e do cume viu uma imensidão azul, onde quatro dias depois, a 29 de Setembro de 1513 Vasco Nuñez de Balboa molhava os pés, baptizando essas águas de Mar Meridional.

No novo Continente, exploradas as costas atlânticas setentrionais e as do Golfo do México sem encontrar passagem para o Mar do Sul (Pacífico), a procura focou-se no extremo Sul, por onde andara Vespúcio.

O aventureiro e talvez até criminoso João Dias de Solis, de origem espanhola, mas nascido em Portugal, onde fizera a sua aprendizagem náutica, acabou por fixar-se em Espanha, sendo “os seus serviços aproveitados em 1508 para uma viagem de pesquisa da desejada passagem. Em vista do insucesso desta exploração, renovou Solis a tentativa em 1515, quando já era piloto-mor de Castela; desta vez atingiu as costas meridionais da América do Sul, explorando o estuário do Rio da Prata e sendo aí morto pelos indígenas”, segundo Damião Peres, que julgava Colon genovês e assim refere, Solis foi o primeiro português ao serviço de Espanha.

28 Dez 2020

SEAN | Estados Unidos e Coreia do Norte juntos em reunião ministerial

As divergências no Mar do Sul da China e os testes de mísseis balísticos norte-coreanos dominam a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação de Nações do Sudeste Asiático que se realiza em Manila até amanhã. Esta é a primeira vez que o ministro dos Negócios Estrangeiros Norte-Coreano se pode encontrar com o homólogo norte-americano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que reúne ministros dos Negócios Estrangeiros da região com outros representantes mundiais, tem tido a Coreia do Norte como assunto dominante. O encontro realiza-se pouco depois das Nações Unidas terem acordado unanimemente impor novas e duras sanções ao país. A tomada de posição veio na sequência de testes de mísseis balísticos realizados no final do mês passado que, segundo informações veiculadas por Pyongyang, têm agora capacidade para atingir os Estados Unidos.

As sanções aprofundam a crise económica do regime de Kim Jong-un limitando investimentos e as exportações do país mais isolado da comunidade internacional. A embaixatriz norte-americana nas Nações Unidas, Nikki Haley considera que “este é o mais incisivo conjunto de sanções a que um país foi submetido numa geração”.

O embaixador britânico, Matthew Rychoft, ressalva que “não tem de ser assim”, acrescentando que “a Coreia do Norte é responsável pelas sanções aprovadas devido ao caminho de provocação e escalada de tensões” que tem levado a cabo.

Em declarações à imprensa, o ministro dos Negócios Estrangeiros Chinês, Wang Yi, explica que as “sanções são necessárias”, mas que não encerram um propósito derradeiro. “A nossa intenção é trazer todas as partes envolvidas para a mesa negocial para se encontrar as acções diplomáticas necessárias para proceder ao desarmamento nuclear da península coreana”, releva.

A Coreia do Norte respondeu preventivamente ao anúncio das sanções da forma que melhor conhece – com ameaças. O jornal oficial norte-coreano, Rodong Sinmun, publicou um artigo onde diz que “acções nucleares ou sanções impostas por Washington vão resultar num inimaginável mar de fogo” engolindo dos Estados Unidos.

A retórica dura de Pyongyang é acompanhada por Donald Trump, que tem repetido a frustração em relação a Pequim devido à falta de posições claras das autoridades chinesas na resposta às provocações norte-coreanas.

As sanções aprovadas são o terceiro conjunto de represálias diplomáticas impostas à Coreia do Norte. Apesar do fortalecimento da réplica diplomática, a Casa Branca não afasta a possibilidade de partir para a guerra preventiva. A ameaça foi feita este fim-de-semana pelo Conselheiro para a Segurança Nacional, H. R. McMaster. “Se eles tiverem armamento nuclear que possa ameaçar os Estados Unidos isso representa uma perspectiva intolerável para o Presidente”, referiu o norte-americano. Ainda assim, McMaster tem consciência de que esta seria “uma guerra com custos muito elevados em termos de sofrimento, em especial para o povo sul-coreano”.

Xadrez marítimo

Estava prevista para ontem a assinatura de um acordo-quadro de código de conduta no Mar do Sul da China entre os homólogos da ASEAN, de forma a que as negociações avancem sobre as disputas naquele mar entre Pequim e vários Estados-membros. Até ao fecho da edição não houve indicações de que este acordo tivesse sido assinado.

Filipinas, Brunei, Malásia e Vietname disputam com Taiwan e China a soberania de várias ilhas no Mar do Sul da China, um espaço marítimo estratégico e rico em recursos naturais, que Pequim reclama na quase totalidade.

Os diferendos com a China, que incluem as ilhas Spratly, entre outros enclaves marítimos, puseram à prova, nos últimos anos, a coesão interna da ASEAN, depois de o Camboja e o Laos terem defendido os interesses de Pequim.

Nos últimos anos, o Governo chinês construiu instalações, que podem ter uma utilização militar, em ilhas artificiais, o que preocupa os países vizinhos e também os Estados Unidos, que mantêm interesses na região.

Em declarações à Associated Press, um diplomata que não se identificou disse que o tópico sobre o Mar do Sul da China deverá conhecer uma resolução mais rapidamente do que a questão norte-coreana uma vez que os diferentes membros estão conscientes do papel crucial que Pequim desempenha nas relações económicas com os países membros. A opinião muito colada à posição chinesa pode denunciar a sua proveniência.

Questões diferentes

O dinheiro fala sempre mais alto. Numa entrevista ao South China Morning Post, o secretário das Finanças filipino, Carlos Dominguez, adiantou que Manila estava a tentar proteger os seus interesses separando as disputas marítimas dos esforços para captar investimento chinês.

As tensões que se vinham a acumular entre Pequim e Manila sobre o banco de areia de Scarborough e a ilha de Huangyan, foram aliviadas depois da visita de Rodrigo Duterte a Pequim em Outubro último.

Em primeiro lugar, a China voltou a abrir as suas portas à importação de frutos exóticos filipinos. Por outro lado, Xi Jinping comprometeu-se a fornecer nove mil milhões de dólares em assistência financeira, assim como empréstimos comerciais para um conjunto de projectos. O Governo chinês conseguiu convencer a contraparte filipina com o financiamento de duas pontes, um projecto de irrigação no norte das Filipinas e uma barragem de grandes dimensões que promete expandir as reservas de água da área metropolitana de Manila.

Está também em cima da mesa a construção de uma linha ferroviária financiada pelo Governo chinês que liga a capital filipina a Bicol, uma das áreas mais pobres da região sul do país. Espera-se que o investimento avaliado em três mil milhões de dólares tenha capacidade para incentivar o mercado de trabalho e tornar Manila mais acessível. “Estes projectos serão fundados pelo Governo chinês, estamos a negociar os termos do financiamento, mas as condições são muito atractivas”, comenta Carlos Dominguez.

De acordo com informações veiculadas pela Reuters, os atrasos para a assinatura do acordo devem-se à posição firme do Vietname, um dos quatro países que mantém disputas territoriais com Pequim. As autoridades vietnamitas querem que o documento mencione a necessidade de evitar reclamações de terra e acções militares. As negociações já duram há mais de 15 anos, tempo que tem sido usado pela China para consolidar a sua posição estratégica nas áreas disputadas. Três das sete ilhas de coral que a China reclama já têm pistas de aterragem, instalações de radares e infra-estruturas de armazenamento de mísseis e caças.

7 Ago 2017

Mar do Sul | Revista oficial enaltece papel de Xi Jinping

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma revista do Partido Comunista Chinês (PCC) afirmou que o Presidente da China, Xi Jinping, dirigiu pessoalmente o reforço da presença chinesa no Mar do Sul da China, através da construção de ilhas artificiais e outras medidas.

Xi “liderou e dirigiu pessoalmente uma série de grandes lutas para expandir as vantagens estratégicas e salvaguardar os interesses nacionais”, afirma o Study Times, revista publicada pela academia central de treino do PCC.

As políticas do Presidente, incluindo a construção de ilhas artificiais e alterações administrativas para elevar o status das reclamações territoriais da China nas ilhas Paracel, “alteraram a direção básica da situação estratégica no Mar do Sul da China”, acrescenta.

A China reclama a soberania sobre a quase totalidade do Mar do Sul da China, região rica em recursos, apesar das queixas e reivindicações dos seus vizinhos do sudeste asiático, e rapidamente construiu ilhas artificiais capazes de receberem instalações militares, incluindo aviões.

Boas fundações

Segundo o Study Times, Xi Jinping “criou uma fundação estratégica sólida para conseguir a vitória final na luta por assegurar os direitos sobre o Mar do Sul da China”.

A revista compara as políticas do Presidente chinês à construção de uma “Grande Muralha marítima”, numa referência à estrutura defensiva construída para proteger a China das invasões Mongóis e tribos do norte há vários séculos.

Nos últimos anos, a China construiu sete ilhas artificiais no arquipélago das Spratly, reclamado total ou parcialmente, além da China, pelas Filipinas, Brunei, Malásia, Vietname e Taiwan, ao depositar areia e cimento no topo de recifes de coral.

Movimentos semelhantes, que incluem a construção de pistas de aterragem, hangares de aviões e outras infraestruturas para uso militar, foram adotados por Pequim nas ilhas Paracel.

A China reclama que aquelas construções visam melhorar a segurança de navegação e atividade piscatória. O artigo do Study Times parece sublinhar, no entanto, o seu propósito militar.

Crescimento da indústria abranda em julho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sector manufactureiro da China continuou a expandir-se em Julho, apesar de a um ritmo inferior ao registado no mês anterior, segundo dados ontem divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE).

O Purchasing Managers Index (PMI) da indústria manufactureira chinesa situou-se em 51,4 pontos, em Julho. Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, pelo que abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade.

O analista do GNE Zhao Qinghui atribuiu a desaceleração no ritmo de crescimento às fortes chuvas e inundações que atingiram determinadas zonas do país e reparações de rotina na maquinaria das empresas.

O sector manufactureiro da China emprega dezenas de milhões de trabalhadores. O PMI é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo.

A economia chinesa cresceu 6,9%, no segundo trimestre do ano, superando as previsões dos analistas, e apesar das medidas adoptadas pelo Governo para travar o aumento do endividamento das empresas.

A expansão do sector dos serviços abrandou também, segundo dados do GNE, de 54,9 pontos, em Junho, para 54,5, este mês.

Julian Evans-Pritchard, da unidade de investigação Capital Economics, apontou que “os dados de hoje (ontem) sugerem um abrandamento no conjunto da economia”.

“Esperamos que abrande ainda mais, dadas as medidas para reduzir os riscos financeiros do aumento do crédito e aceleramento da economia”.

Detidas 230 pessoas em investigação a esquema pirâmide

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia chinesa prendeu 230 pessoas no sul do país, parte de uma investigação a um esquema pirâmide, e depois de uma rara manifestação nas ruas de Pequim, ocorrida na semana passada.

A investigação abrange cinquenta e cinco empresas e 142 dos 230 detidos vão ser julgados, revelou neste domingo a polícia da província de Guangdong, em comunicado.

Na segunda-feira, mais de uma centena de investidores no fundo, chamado Shanxinhui, protestarem nas ruas do sul de Pequim contra o seu encerramento. Segundo dados citados pela imprensa chinesa, o fundo atraiu mais de cinco milhões de pessoas em todo o país.

A polícia de Pequim deteve 67 manifestantes por “obstruir as forças da ordem” ou “perturbar a ordem em locais públicos”.

Zhang Tianming, o fundador do esquema, e vários dos seus funcionários, foram presos em 21 de julho. São suspeitos de ter desfalcado “grandes quantidades” das suas vítimas sob o pretexto da caridade.

Entretanto o ‘site’ do Shanxinhui deixou de estar acessível. A plataforma apresentava-se como um fundo de investimento que promovia causas como o reflorestamento e a luta contra a pobreza.

Numa altura em que Pequim restringiu o fluxo de capital para além-fronteiras e o sector imobiliário chinês tem abrandado, o financiamento ‘online’ e promessas de investimento remunerativos estão a aumentar.

A polícia chinesa investigou, no ano passado, 2.826 casos de esquemas pirâmide fraudulentos, 20% a mais que no ano anterior, segundo dados oficiais.

1 Ago 2017

Mar do Sul | Pequim vai realizar exercícios militares

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]equim vai fechar o acesso a parte do Mar do Sul da China para exercícios militares, disseram ontem responsáveis políticos, depois de um tribunal internacional ter decidido contra as suas reivindicações naquelas águas.
Uma área ao largo da costa leste da ilha província chinesa de Hainan vai sediar os exercícios militares, a realizar entre terça e quinta-feira, informou a Administração Marítima da China no seu portal, acrescentando que a entrada “foi proibida”.
A área de mar está a alguma distância das ilhas Paracel e ainda mais das ilhas Spratly, sendo ambos os arquipélagos reivindicados por Pequim e outros estados vizinhos.
Na semana passada o Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, deu razão às Filipinas, que, em Janeiro de 2013, denunciaram Pequim por ter começado a ocupar áreas do Mar do Sul da China que as Filipinas consideram parte da sua zona económica exclusiva.
A decisão, que surge então três anos depois de um processo judicial que Pequim boicotou ao recusar participar, também beneficia outros países da região, como o Vietname, dado que também disputam parte das estratégicas águas do Mar do Sul da China.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
 

19 Jul 2016

Mar do Sul | Cerca de mil em manifestação patriótica

Entre 500 a mil pessoas participaram numa manifestação patriótica contra a decisão de Haia sobre o Mar do Sul da China. A Associação Desportiva dos Naturais de Fujian de Macau foi a organizadora

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]il pessoas, segundo os organizadores, e 500 na versão da polícia, protagonizaram na sexta-feira uma rara demonstração patriótica em Macau, dias depois de um tribunal internacional ter considerado sem fundamento as pretensões de Pequim no Mar do Sul da China. Munidos com cartazes, vestidos com camisolas amarelas e empunhando a bandeira da China, centenas de manifestantes, na sua maioria jovens, concentraram-se no Largo do Senado para uma demonstração de apoio a Pequim que chamou a atenção.
A manifestação demorou quase duas horas e decorreu de forma pacífica, segundo confirmou à agência Lusa uma agente da PSP no local. Segundo a mesma fonte, as autoridades contabilizaram aproximadamente meio milhar de pessoas e estavam destacados no local menos de 30 agentes.
Gina Lei, vice-presidente da Associação Desportiva dos Naturais de Fujian de Macau, que organizou a iniciativa, explicou à Lusa a intenção: “É para mostrar o apoio ao nosso país.”
“Lutar pelo nosso território”, “Amamos a China” ou “Vocês não nos intimidam” eram algumas das mensagens inscritas em pequenos letreiros e cartazes.
Pedro, natural de Macau, de 30 anos, era um dos participantes da iniciativa. As calças negras e as camisas brancas do grupo que integrava confirmavam que acabara de sair do trabalho num casino para se juntar à manifestação de apoio à China.
“É injusto”, afirmou, explicando a razão pela qual decidiu aderir à iniciativa que aconteceu no Largo do Senado sob um intenso calor.
Pequim prometeu, na quinta-feira, dar “uma resposta determinada” a todos os “actos de provocação” no Mar do Sul da China, depois do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), com sede em Haia, ter considerado ilegítimas as reivindicações chinesas. O tribunal deu razão a Manila que, em Janeiro de 2013, denunciou Pequim por ter começado a ocupar áreas do Mar do Sul da China que as Filipinas consideram parte da sua zona económica exclusiva.
A decisão foi anunciada três anos depois de um processo judicial que Pequim boicotou, recusando-se a participar, qualificando-a como “naturalmente nula e não vinculativa”, pelo que “não a aceita nem a reconhece”.
Raramente ocorrem demonstrações de cariz patriótico nas ruas de Macau e a mais recente remonta a 2012, altura em que a Associação Desportiva dos Naturais de Fujian de Macau, que conta com 10 mil membros segundo a sua vice-presidente também organizou uma manifestação no Senado igualmente por causa de uma disputa territorial.
Em causa estiveram então os protestos contra o Japão, por causa das ilhas Diaoyu, que se espalharam por mais de uma centena de cidades na China e também alastraram a Macau e Hong Kong. A própria Direcção dos Serviços de Turismo de Macau cancelou o espectáculo pirotécnico de uma empresa japonesa participante no Concurso Internacional de Fogo-de-artifício, que decorre anualmente, precisamente devido ao então “estado de espírito da comunidade”.

18 Jul 2016

Mar do Sul | Tusk admite dificuldade em alcançar acordos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, admitiu sábado a dificuldade em alcançar acordos com Pequim sobre as disputas que mantém no Mar do Sul da China e garantiu que o bloco comunitário “continuará a defender a lei internacional”.
“Não é fácil alcançar acordos com os nossos colegas chineses quando se trata deste assunto. As nossas conversas têm sido difíceis, duras, mas também promissoras”, sublinhou, em conferência de imprensa, no final da Cimeira do Encontro Ásia-Europa (ASEM), que terminou este fim-de-semana em Ulan Bator, capital da Mongólia.
O governo chinês manifestou a sua firme oposição a que o Mar do Sul da China fosse um dos temas discutidos na cimeira, realizada três dias depois de o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia ter considerado sem fundamento as pretensões de Pequim no Mar do Sul da China, decidindo a favor das Filipinas.
Assim, a declaração final emitida pela presidência do país anfitrião não menciona explicitamente o Mar do Sul da China, mas cita, entre outros temas, o compromisso dos líderes que participaram em promover a segurança marítima, e o seu apoio à resolução das disputas com base na lei e códigos internacionais. donald tusk
Apesar disso, a China, que enviou à cimeira o seu primeiro-ministro, Li Keqiang, classificou de “ilegal e nulo” o veredicto do tribunal.
Tusk reiterou que a União Europeia “reconhece” a decisão que, afirmou, o que ficou “claro no comunicado divulgado ontem [na sexta-feira] pela Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini”, que também assistiu à cimeira, na qual Portugal se fez representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Tusk disse ainda que a UE “não se posiciona” sobre aspectos de soberania, neste caso, e expressou a necessidade de as partes “resolverem a disputa por meios pacíficos” e também “de acordo com a lei internacional”.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
Vietname, Filipinas, Malásia e Taiwan também reivindicam uma parte desta zona, o que tem alimentado diferendos territoriais com a China.
 

18 Jul 2016