Pintura | Exposição de Luísa Petiz inaugurada hoje na Fundação Rui Cunha

A arquitecta Luísa Petiz nunca tinha pintado Macau em aguarela até ao ano passado. Os seus retratos dos bairros antigos do território e das ruelas cheias de recantos por descobrir podem ser vistos, a partir de hoje, na Fundação Rui Cunha

 

“Um olhar sobre o Oriente” é o nome da mostra que é hoje inaugurada na Fundação Rui Cunha (FRC) e que apresenta aguarelas da autoria de Luísa Petiz. Formada em arquitectura mas a trabalhar como designer de interiores, a também artista já pintava em aguarela há algum tempo quando começou a retratar as zonas antigas de Macau.

“Sempre fiz bastantes desenhos, e também em aguarela, mas foi no final de 2020 que comecei a pintar mais aguarelas, sobretudo dos sítios para onde costumava viajar. Quando vi que o meu trabalho estava a começar a causar algum impacto nas pessoas ponderei começar a fazer desenhos sobre Macau”, contou ao HM.

Esta mostra tem como base, sobretudo, reflexos da cultura chinesa e oriental. No entanto, Luísa Petiz focou-se muito na forma como o seu olhar interpreta templos chineses ou pequenas lojas de rua. “No fundo, todas as ruas da zona antiga de Macau são muito diferentes umas das outras. Acho bastante mais interessante desenhar esta Macau antiga, que tem muito mais para oferecer, detalhes e recantos dos quais não nos apercebemos. Os casinos constituem uma parte nova que é mais artificial, como conjunto fazem parte do território, mas a parte antiga é mais interessante”, contou.

A aguarela como base

Luísa Petiz chegou a Macau há quatro anos, quando se mudou de malas e bagagens depois de o seu namorado ter encontrado emprego no território. Entregou-se ao trabalho enquanto designer de interiores, mas confessa que o desenho e a aguarela estão sempre presentes no seu quotidiano, servindo de base a outros projectos.

Convidada a destacar um ou outro trabalho da mostra patente ao pública na Fundação Rui Cunha, Luísa Petiz fala de um quadro que retrata a península de Macau a partir do empreendimento hoteleiro Sofitel Ponte 16. “Fiz a vista até ao Grand Lisboa porque dá para ver todas as coisas de cima, com tudo um pouco caótico. Também gosto muito de um quadro que fiz sobre o início da Rua do Cunha, focado muito nas cores e na envolvente do local e com muitos detalhes das lojas de rua”, frisou.

Até 2 de Abril o público poderá desfrutar dos desenhos que transportam par a tela “as ruas estreitas e irregulares da zona antiga, repletas de toldos metálicos, varandas fechadas em gaiolas de todas as cores, formas e feitios, muitas delas cobertas por ferrugem, as paredes ocupadas por caixas de ar condicionado e cabos que parecem não ter fim”. No acervo em exposição há também espaço para paisagens da China, lugares que Luísa Petiz visitou antes da implementação das restrições de passagem nas fronteiras.

22 Mar 2022