Diplomacia | Kim Jong-un reforça laços com Pequim em segunda visita à fronteira

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder norte-coreano sublinhou o reforço dos laços económicos com Pequim, ao realizar uma segunda visita em apenas dois dias à fronteira com a China, informou ontem a agência estatal norte-coreana KCNA.

Kim Jong-un visitou uma fábrica de cosméticos na cidade de Sinuiju, capital da província de Pyongan do Norte, situada na margem sul do rio Yalu, na fronteira entre os dois países. Sinuiju foi designada em 2002 zona económica especial por Kim Jong-il, pai do actual líder, para desenvolver projetos económicos conjuntos com Pequim.

A execução em 2013 do responsável norte-coreano Jang Song-thaek, figura próxima de Pequim, implicou o congelamento destes projetos de cooperação.

Kim fez a visita na companhia da mulher, Ri Sol-ju, e de Kim Song-nam, vice-director do departamento internacional do Partido dos Trabalhadores e considerado encarregado das relações com a China do partido único norte-coreano.

Depois do aumento da tensão, no ano passado, na sequência de vários testes de armas efectuados por Pyongyang, Pequim impôs as sanções económicas aprovadas pela ONU contra o regime norte-coreano.

Desde o início do ano, Kim reuniu-se duas vezes com o chefe de Estado da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e realizou uma cimeira histórica com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nestes encontros, o líder norte-coreano assinou declarações nas quais se comprometeu a trabalhar para alcançar a “total desnuclearização” da península coreana.

Por outro lado, as duas Coreias normalizaram ontem a comunicação entre navios de guerra, no âmbito de acordos para facilitar a aproximação e a desnuclearização da península, anunciou o Ministério da Defesa sul-coreano.

2 Jul 2018

Cimeira EUA/Coreia do Norte: Trump confiante e Kim destaca superação de obstáculos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas do presidente dos Estados Unidos e do líder norte-coreano iniciaram uma reunião alargada, após um primeiro encontro de cerca 40 minutos entre os dois líderes, sem conselheiros e apenas com os tradutores.

À chegada à sala onde o encontro está a decorrer, Trump mostrou-se confiante de que ele e Kim Jong-un vão “resolver um grande problema, um grande dilema”.

No início da histórica cimeira em Singapura, o Presidente dos Estados Unidos disse “não ter dúvidas” de que iria ter um “ótimo relacionamento” com o líder norte-coreano.

“Antigos preconceitos e velhos hábitos têm sido obstáculos, mas superámos todos para nos encontrarmos aqui hoje”, disse por sua vez vez Kim Jong-un.

A cimeira histórica entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte teve início hoje, em Singapura, com um histórico aperto de mão entre Donald Trump Kim Jong-un.

Este é o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.

Este encontro histórico ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington.

A cimeira começou pouco depois das 09:00 de terça-feira (02:00 em Lisboa), num hotel em Singapura, e resulta de uma corrida contra o tempo – com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.

12 Jun 2018

Cimeira entre Trump e Kim vai decorrer em hotel de luxo em ilha de Singapura – Casa Branca

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro histórico entre o Presidente norte-americano e o líder norte-coreano vai decorrer num hotel de luxo na ilha Sentosa, em Singapura, a 12 de junho, anunciou a porta-voz da Casa Branca.

O encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un vai começar às 09:00 (02:00 em Lisboa), indicou Sarah Sanders, na terça-feira, na sua páginal oficial da rede Twitter.

“A cimeira de Singapura entre o Presidente dos EUA e o líder Kim Jong-Un será no Capella Hotel, na ilha Sentosa”.

De acordo com a agência noticiosa norte-americana Associated Press, eram já visíveis, na terça-feira, os trabalhos preparatórios no ‘resort’, com as fachadas a serem pintadas, tapetes vermelhos a ser estendidos e a segurança reforçada na ilha, no sul de Singapura, com cerca de cinco quilómetros quadrados e 1.690 moradores.

A reunião entre Trump e Kim será a primeira entre líderes destes dois países após quase 70 anos de confrontação iniciados com a Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de negociações fracassadas e de tensões por causa do programa nuclear do regime de Pyongyang.

Depois de vários avanços e recuos, incluindo mesmo um anúncio por parte de Trump sobre o cancelamento da cimeira em reação “à hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte, os dois lados retomaram os contactos e as negociações para o encontro histórico e confirmaram, novamente, a realização da reunião em Singapura a 12 de junho, a data avançada desde o início.

A nova confirmação aconteceu na passada sexta-feira, depois de Trump ter recebido na Casa Branca, em Washington, o general Kim Yong-chol, apresentado como o braço direito do líder norte-coreano.

No final do encontro, Trump declarou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”.

Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca reiterou que o encontro de dia 12 será “um começo”.

6 Jun 2018

Encontro Trump/Kim a 12 de junho em Singapura, às 09h00 locais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro encontro entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, realiza-se a 12 de junho em Singapura, às 09h00 locais, anunciou a Casa Branca esta segunda-feira.

“Estamos a preparar-nos ativamente [para esta cimeira]”, declarou Sarah Sanders, a porta-voz de Trump, acrescentando que foram feitos “progressos significativos” nas conversações com Pyongyang, a oito dias do encontro sem precedentes entre os dois líderes.

A primeira reunião “foi marcada para 12 de junho, às 09:00, ou seja, a 11 de junho às 21:00 de Washington”, precisou a porta-voz da Casa Branca.

Inquirida sobre uma eventual flexibilização da posição dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte, após a recusa recente de Donald Trump em usar a expressão “pressão máxima”, durante muito tempo utilizada, Sarah Sanders assegurou que não houve qualquer alteração.

“A nossa política não mudou, não reduziremos a pressão enquanto não houver desnuclearização”, garantiu, sem contudo voltar a usar a expressão em causa.

Washington exige uma desnuclearização “total, verificável e irreversível” da Coreia do Norte e declarou-se disposto a fornecer garantias de “segurança” ao regime de Pyongyang, que sempre considerou o seu arsenal nuclear uma espécie de seguro de vida.

Por seu lado, Kim Jong-un disse querer “avançar para uma desnuclearização da península coreana”, mas através de um processo “etapa por etapa”, tendo publicamente afirmado rejeitar qualquer desarmamento “unilateral”.

Trump confirmou a 01 de junho a realização da cimeira com o líder da Coreia do Norte no dia 12 em Singapura, após uma reunião com o ‘número dois’ do regime de Pyongyang, depois de ter anteriormente cancelado o inédito encontro.

“O processo vai começar a 12 de junho em Singapura”, anunciou então Donald Trump à imprensa, após um encontro de mais de uma hora com o general norte-coreano Kim Yong Chol.

O responsável norte-coreano, que viajou para os Estados Unidos a 30 de maio, deslocou-se a Washington e reuniu-se com Trump na Casa Branca, a quem entregou uma carta pessoal de Kim Jong-un.

Nas declarações após o encontro, Trump afirmou que a Coreia do Norte pretende desnuclearizar-se e sugeriu que o diálogo com Pyongyang será “um processo coroado de sucesso”.

Após considerar que a reunião com o enviado norte-coreano “correu muito bem”, o chefe da Casa Branca considerou ainda que o encontro de dia 12 será “um começo”.

Inicialmente, a data avançada para a cimeira entre Washington e Pyongyang foi 12 de junho, em Singapura, mas essa meta foi inesperadamente anulada por Trump, em reação à “hostilidade” manifestada pela Coreia do Norte.

Os contactos foram posteriormente retomados e as negociações estão atualmente a prosseguir em várias frentes.

5 Jun 2018

Diplomacia | Encontro entre líderes coreanos traz esperança de paz à península

O que parecia impensável aconteceu mesmo. Kim Jong-un atravessou a fronteira do Paralelo 38 para um memorável aperto de mão. Um momento histórico que marcou a cimeira da passada sexta-feira entre os líderes dos países da península coreana. O encontro resultou na assinatura de uma declaração conjunta para a desnuclearização da Coreia do Norte e ficaram ainda promessas de mais visitas e de uma paz permanente. Trump e Abe estão confiantes no compromisso firmado
Com agências

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá assinado e prometido. Os líderes das Coreias assinaram um acordo para a “completa desnuclearização da península”. Além disso, está no horizonte o fim de um conflito que manteve a região em clima de guerra permanente. É o que se lê no comunicado conjunto divulgado no final da cimeira histórica entre os dois líderes, 65 anos após o conflito armado ter terminado.

“O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira histórica.

Naquele que foi o primeiro encontro entre os dois líderes em mais de uma década, os dois responsáveis comprometeram-se com um acordo para estabelecer uma paz “permanente” e “sólida”, um objectivo que pretenderá ser alcançado em parceria com os Estados Unidos e talvez também com a China, refere o texto.

Para já ficou estabelecido, com o encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, o compromisso de elaborar medidas para a “completa desnuclearização” .

Kim Jong-un prometeu fazer com que o acordo com Moon Jae-in seja implementado, ao contrário do que aconteceu com compromissos anteriores.

O líder norte-coreano admitiu que possam existir “dificuldades e frustrações no caminho”, mas adiantou que as duas Coreias se concertarão estreitamente para evitar “repetir o passado”.

Maduro Maio

O líder norte-coreano “disse na cimeira (…) que procederá ao encerramento do local de testes nucleares em Maio”, referiu o porta-voz sul-coreano, citado pela France Press.

Segundo a mesma agência, Pyongyang vai convidar peritos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul para verificar o encerramento do centro de testes, de modo a “revelar o processo à comunidade internacional de forma transparente”.

A Associated Press refere, por seu lado, que Kim Jong-un afirmou que Trump irá perceber que ele “não é pessoa” para apontar mísseis contra os Estados Unidos e que a Coreia do Norte planeia ainda reajustar os seus relógios com os da Coreia do Sul, que se encontram, desde 2005, com uma diferença horária de 30 minutos.

Visitas entre a vizinhança

Foi agendado para Outubro um novo encontro, desta feita com a ida do presidente sul-coreano a Pyongyang. Paralelamente, ficou ainda acordado que os dois líderes se encontrarão regularmente e falarão ao telefone através de uma linha criada para o efeito. Norte e Sul concordaram ainda com a abertura de um escritório de comunicação permanente na cidade norte-coreana de Kaesong.

Foi acordado também o recomeço das reuniões temporárias entre famílias separadas pela guerra da Coreia (1950-1953). “A Coreia do Sul e a Coreia do Norte decidiram continuar o programa de reunião das famílias separadas por ocasião do Dia da Libertação Nacional a 15 de Agosto”, indicaram, referindo-se ao dia que assinala a rendição japonesa no final da Segunda Grande Guerra.

Na final da histórica cimeira na cidade fronteiriça sul-coreana de Panmunjom, Kim e Moon comprometeram-se ainda a aumentar os intercâmbios e a realizarem conjuntamente iniciativas desportivas e culturais.

A cimeira foi a primeira entre líderes coreanos em 11 anos e Kim Jong-un foi o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia. As duas cimeiras anteriores inter-coreanas, em 2000 e 2007, decorreram em Pyongyang.

Entretanto, Donald Trump reagiu ao encontro entre os líderes coreanos com optimismo. No sábado, o presidente norte-americano, disse a Moon, num telefonema, que estava satisfeito com a completa desnuclearização, de acordo com as autoridades de Seul.

“Trump disse que foi uma boa notícia, não só para as duas Coreias, mas para o mundo inteiro, afirmar o objectivo de conseguir uma península coreana livre de armas nucleares através de uma completa desnuclearização”, disse Kim Eui-kyeom, porta-voz da Casa Azul.

País aberto a inspecções

De acordo com a agencia Reuters, Kim disse a Moon que vai convidar especialistas e jornalistas para “mostrarem à comunidade internacional” o desmantelamento das instalações, informou a Casa Azul.

“Os Estados Unidos, apesar de serem um país hostil à Coreia do Norte, vão saber, de uma vez por todas, que não sou o tipo de pessoa que usa armas nucleares contra o sul ou contra os Estados Unidos do outro lado do Pacífico”, disse o secretário de imprensa de Moon, Yoon Young-chan, citando o líder norte coreano.

“Não há nenhuma razão para que tenhamos armas nucleares se a confiança mútua com os Estados Unidos for construída através de reuniões frequentes a partir de agora, e o fim da guerra e da não-agressão forem prometidos”.

A promessa de Kim mostra sua disposição de “preventiva e activamente” responder aos esforços de inspecção a serem feitos como parte do processo de desnuclearização, disse Yoon.

Para facilitar a futura cooperação transfronteiriça, Kim prometeu também eliminar o fuso horário exclusivo criado por Pyongyang em 2015. O presidente norte coreano referiu que adiantaria os ponteiros do relógio 30 minutos para estar em sincronia com o sul.

Ventos nipónicos

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe também já se pronunciou acerca da cimeira da passada sexta-feira, referindo que espera que daí resultem “acções concretas”, de acordo com a Reuters.

“Quero saudar este passo positivo em direcção a uma resolução conjunta de várias questões relacionadas com a Coreia do Norte”, declarou Abe à comunicação social, classificando as conversações como “discussões sinceras sobre a desnuclearização da Coreia do Norte”.

O Japão, que foi recentemente sobrevoado por dois mísseis norte-coreanos, mantém há muito tempo uma posição dura face às negociações com Pyongyang, pedindo que não se “discuta por discutir”.

Antes da histórica cimeira intercoreana e de um encontro entre Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Abe surgiu com declarações mais positivas. “Quero manter uma estreita coordenação entre o Japão, os Estados Unidos e a Coreia do Sul em direcção a uma solução abrangente sobre os problemas dos raptos (japoneses), e dos misseis”, disse Abe.

A questão dos japoneses raptados pelo regime norte-coreano nos anos 1970 e 1980 continua a ter uma forte carga emocional no Japão, salientou. A Coreia do Norte admitiu em 2002 ter raptado 13 japoneses nas décadas de 1970 e 1980 para treino de espiões. Cinco deles regressaram ao Japão, mas Tóquio suspeita que existam centenas ainda por voltar ao país.


Notícias atrasadas

Os meios de comunicação social norte-coreanos classificaram como um “novo marco”, o resultado da cimeira entre as duas Coreias ocorrido na sexta-feira na zona desmilitarizada que separa os dois países.

Depois de um silêncio de praticamente 24 horas em torno do assunto, a comunicação social estatal norte-coreana mencionou o compromisso incluído na declaração conjunta de alcançar a “completa desnuclearização” da península.

Na sua notícia, a agência assegura que os dois países partilham a ideia de que “as medidas adoptadas pelo Norte e pelo Sul são significativas para a desnuclearização da península da Coreia”, pelo que ambos “acordaram cumprir com as respectivas responsabilidades no futuro”.

Os meios de comunicação de Pyongyang sempre louvaram o programa nuclear do país, considerando-o motivo de orgulho para os cidadãos e uma garantia de sobrevivência do regime.

Noutra notícia, a agência KCNA classifica como “um novo marco” os esforços conjuntos para a prosperidade e a reunificação das Coreias.


Direitos ainda pouco humanos

A questão dos direitos humanos continuou a ser um assunto tabu na cimeira entre os líderes das duas coreias, apesar dos apelos da ONU. O relator especial da ONU para a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, Tomás Ojea Quintana, disse na passada quarta-feira (25) aos Estados envolvidos nas negociações para a desnuclearizada do país que evitar o tema dos direitos humanos pode comprometer futuros acordos sustentáveis. “A Coreia do Norte tem provado ser um negociador difícil, e se os direitos humanos não forem sequer mencionados neste primeiro estágio de negociações, seria um passo em falso e uma oportunidade perdida”, declarou. De acordo com o responsável, “qualquer acordo de desnuclearização que marginalize os direitos e as necessidades da população norte-coreana será frágil. A paz e a segurança não podem ser alcançadas somente sob a forma de acordos intergovernamentais, mas também, e sobretudo, sob a forma de políticas domésticas que garantam os direitos humanos, sem discriminação”, disse o especialista em comunicado. “Em linha com o que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem defendido, peço que todos os governos interessados defendam os direitos humanos como um mecanismo para a prevenção de conflitos e um dispositivo para a construção da paz”, disse.


Intenções desconhecidas

A promessa de desnuclearização anunciada pelo presidente norte coreano Kim Jong-Un pode ser uma estratégia para ganhar tempo e reduzir as sanções que o país vive. A ideia é lançada por vários analistas, refere o New York Times. “Analistas da região estão profundamente divididos sobre os motivos de Kim”, lê-se na publicação americana. “Alguns argumentam que Kim só quer usar as negociações para ganhar tempo e aliviar as sanções internacionais, nunca pretendendo abandonar suas armas nucleares”, refere a mesma fonte. Por outro lado, há quem acredite que Kim acabaria por desistir de seu arsenal nuclear se tivesse os incentivos certos, como garantias de segurança, um tratado de paz, laços normalizados com Washington, e ajuda financeira que necessita para reconstruir a economia.

30 Abr 2018

Coreias | ONGs querem discussão sobre direitos humanos

Quarenta organizações não-governamentais, entre a quais a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, apelaram ontem ao Presidente sul-coreano para dar prioridade aos direitos humanos durante a reunião com a Coreia do Norte

[dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]uma carta enviada a Moon Jae-in, as organizações consideraram que a Coreia do Sul “não deve ceder às ameaças aos direitos humanos por parte da Coreia do Norte” e sublinharam a necessidade dos sul-coreanos pressionarem o líder norte-coreano, Kim Jong-un, para que os direitos humanos façam parte das negociações entre os dois países.

As ONG pediram ainda a Kim Jong-un para seguir as recomendações sobre direitos humanos da ONU, e que permita encontros entre famílias coreanas, separadas desde o início da Guerra da Coreia (1950-53).

As organizações estimaram que cerca de um milhão de coreanos foram separados das famílias, vítimas de desaparecimentos forçados ou de sequestros. “Os abusos na Coreia do Norte são incomparáveis no mundo contemporâneo e incluem extermínio, assassínio, escravidão, tortura, prisão, violação, aborto forçado e outras formas de violência sexual”, de acordo com a carta.

As ONG congratularam-se ainda com o refreamento das animosidades na península, mas avisaram que isso não melhora a qualidade de vida do povo norte-coreano. “Saudamos o renovado diálogo entre os coreanos, mas isso não será significativo para o povo da Coreia do Norte se não levar a uma melhoria da terrível situação dos direitos humanos no país”, disse o director da Human Rights Watch da Ásia, Brad Adams.

Olimpíadas da paz

Após cerca de dois anos de uma escalada de tensão, devido à realização de testes nucleares e balísticos por parte do regime de Pyongyang, a comunidade internacional está a assistir a um período de apaziguamento entre os dois vizinhos. Os Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Fevereiro na Coreia do Sul, desempenharam um papel importante no actual processo.

No próximo dia 27 de Abril, está previsto um encontro entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in. Será a primeira cimeira entre as duas Coreias em 11 anos.

Kim vai ser o primeiro dirigente norte-coreano a pisar solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53). As duas anteriores cimeiras, em 2000 e 2007, decorreram em Pyonyang. A reunião dos líderes da península coreana vai anteceder o encontro histórico entre Kim e Trump, em Maio.

Diplomacia | Kim menciona pela primeira vez a existência de diálogo com EUA

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, mencionou pela primeira vez um “diálogo” com os Estados Unidos, quando se define uma cimeira entre ele e o seu homólogo norte-americano, noticiou ontem a agência noticiosa oficial norte-coreana, KCNA.

Kim Jong-un apresentou um relatório, perante os principais dirigentes do partido único, “sobre a situação na península coreana”, incluindo “a perspectiva do diálogo entre os EUA e a RPDC (República Popular Democrática da Coreia), segundo a KCNA. Esta foi a primeira vez que a agência norte-coreana fez alusão a uma cimeira com os EUA, o que acontece pouco depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado, na segunda-feira, que a sua reunião histórica com o líder coreano se realizaria “em Maio ou início de Junho”.

“Espero que possamos fazer um acordo sobre a desnuclearização”, disse o chefe de Estado norte-americano, em declarações à comunicação social na Casa Branca, por ocasião de uma reunião com os membros da administração norte-americana. “Vamos encontrar-nos [com a Coreia do Norte] em Maio ou no início de Junho”, declarou.

Após vários meses marcados pela escalada de uma retórica bélica entre Washington e Pyongyang, por causa do programa nuclear norte-coreano, os dois países manifestaram uma abertura para eventuais negociações e para a realização de uma cimeira inédita.

No domingo, o jornal The Wall Street Journal noticiou que a Coreia do Norte terá confirmado directamente junto dos Estados Unidos que estava pronta a negociar a desnuclearização.

11 Abr 2018

Diplomacia | Líder norte-coreano fez uma visita não anunciada a Pequim

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, está em Pequim, numa visita histórica que as autoridades chinesas não confirmam e que antecede a cimeira com os presidentes sul-coreano e norte-americano

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Bloomberg cita múltiplas fontes, sem mencionar nomes “devido à sensibilidade da informação”, para garantir que Kim esteve na capital chinesa, na sua primeira deslocação ao exterior desde que ascendeu ao poder, em 2012. Na segunda-feira à noite, duas emissoras japonesas noticiaram a chegada de um comboio com origem na Coreia do Norte a Pequim, e um invulgar reforço da segurança em torno da residência onde altos quadros de Pyongyang costumam ficar na capital chinesa.

As ruas em torno da Residência de Hóspedes Oficiais Diaoyutai estiveram ontem bloqueadas, enquanto agentes da polícia à paisana impedem fotógrafos de se aproximar do local, segundo a agência Associated Press. Um vídeo transmitido pela televisão japonesa NTV mostra várias limusinas pretas a aguardar na estação de comboios e soldados chineses a marchar na plataforma da estação, na noite de segunda-feira.

Reportagens dão ainda conta de que foram tomadas fortes medidas de segurança na Ponte da Amizade, que liga a Coreia do Norte à China, antes do comboio atravessar. O acesso à praça de Tiananmen foi também limitado, um protocolo habitual quando ocorrem visitas de líderes estrangeiros ao Grande Palácio do Povo, que se encontra junto à praça.

O comboio verde e amarelo, com 21 carruagens, é semelhante àquele que anteriormente transportou o ex-líder norte-coreano Kim Jong il, na sua última deslocação a Pequim, em 2011. Uma porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros disse não ter informações, enquanto a imprensa norte-coreana não noticiou qualquer visita oficial a Pequim.

Amigos em Pequim

O governo da Coreia do Sul afirmou, entretanto, que “mantém comunicações próximas com os países relevantes e que está a acompanhar a situação”.

Kim Jong-un tem encontros planeados com o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, no final de Abril, e com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Maio. Mas apesar de um encontro com líderes chineses não ter sido falado, Pequim continua a ser o mais importante aliado do regime norte-coreano.

Os dois países são aliados, apesar do crescente distanciamento devido ao programa nuclear e de misseis balísticos empreendido por Pyongyang.

Na semana passada, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês Global Times defendeu a importância da aliança entre Pequim e Pyongyang. “Será difícil e perigoso [para Pyongyang] lidar só com Seul, Washington e Tóquio. O apoio da China pode reduzir em muito os riscos”, afirmou.

O jornal lembrou que a aliança com a Coreia do Norte “favorece a estratégia periférica de Pequim e cria mais espaço para a China gerir os assuntos do nordeste da Ásia”.

“Acreditamos ser extremamente necessário manter relações amigáveis entre a China e a Coreia do Norte e minimizar o impacto de outros países nesses laços”, disse.</p

28 Mar 2018

Coreias | Kim Jong Un tem conversa de “coração aberto” com dirigentes sul-coreanos

 

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, teve ontem uma “conversa de coração aberto” com os enviados do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, noticiou a agência noticiosa estatal da Coreia do Norte, a KCNA

Esta foi a primeira reunião de dirigentes de Seul com Kim Jong Un, em carne e osso, desde que este sucedeu ao seu pai, que faleceu em 2011. O despacho da agência norte-coreana adiantou que Kim exprimiu o desejo de “escrever uma nova história de reunificação nacional” durante um jantar na noite anterior.
Dado o sangue já derramado, os testes de armas pela Coreia do Norte e as ameaças de guerra ao longo do último ano, há um considerável cepticismo sobre os aparentes sinais de descongelamento entre as Coreias.

Mas cada novo desenvolvimento também aumenta a possibilidade de os rivais usarem a atmosfera criada durante a participação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Pyeongchang, na Coreia do Sul, para reduzir a tensão em torno das ambições nucleares de Pyongyang e recomeçar as conversações entre a Coreia do Norte e os EUA.

Atmosfera sincera

Ainda segundo a KCNA, Kim Jong Un acolheu com satisfação os visitantes sul-coreanos, a quem apresentou as suas perspectivas em relação à “activação de um diálogo versátil, contacto, cooperação e intercâmbio”.

A Kim é também atribuída a afirmação de que deu “instruções importantes para a área relevante para tomar medidas práticas rapidamente” para uma cimeira com Moon Jae-in.
O papel de um líder confiante e acolhedor de representantes, de grau inferior, do Sul rival, é um dos que agradam claramente a Kim. Tirou fotos com os sul-coreanos e promoveu o que foi descrita como “uma atmosfera sincera e co-patriótica”.
Mas muitos no Sul e nos EUA querem saber o que Kim Jong Un planeia fazer depois da barragem de testes com armas, que levantaram o espectro da guerra.

O Norte tem dito, repetidamente, que não prescinde do seu armamento nuclear, enquanto prossegue a construção de um arsenal que possa alcançar o território continental norte-americano.

A delegação sul-coreana, com 10 elementos, é liderada pelo director de segurança nacional, Chung Eui-yong.
Esta viagem ao Norte de dirigentes sul-coreanos de nível elevado é a primeira conhecida desde há 10 anos.

7 Mar 2018

Coreia do Norte | Kim Jong-un nomeia irmã para direcção política do partido no poder

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-coreano, Kim Jong-un, promoveu a sua irmã mais nova à direcção política do partido que lidera a Coreia do Norte.

A promoção de Kim Yo-jong à direcção política do comité central do partido ocorreu numa reunião de dirigentes do partido, numa altura em que a Coreia do Norte assinala o 20.º aniversário da aceitação de Kim Jong-il, pai do actual líder, do título de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia.

Kim Jong-il, já falecido e conhecido na Coreia do Norte como o “eterno secretário-geral”, é pai de Kim Jong-un e de Kim Yo-jong.

Milhares de pessoas, a maioria estudantes, encheram a praça Kim Il-sung, em Pyongyang, para dançar e ver o fogo-de-artifício para marcar a celebração, na noite de domingo.

Na madrugada de ontem, a imprensa estatal norte-coreana anunciou que os principais dirigentes do país se tinham reunido na véspera, num encontro chefiado por Kim Jong-un.

Na ocasião, o líder norte-coreano insistiu nas provocações contra os Estados Unidos da América e a sua determinação em avançar com o programa nuclear, ao mesmo tempo que promete um “novo crescimento” da economia do país para mostrar a sua força, apesar das sanções internacionais impostas sobre o comércio e do isolamento de Pyongyang, devido aos testes nucleares.

A irmã mais nova de Kim, que deverá ter entre 28 e 30 anos, é considerada uma das pessoas mais próximas do líder da Coreia do Norte. Os dois são irmãos verdadeiros, ambos filhos da mesma mãe, Ko Yong Hui.

 

Ramo único

Michael Madden, fundador de uma organização que observa o regime norte-coreano, considera que a nomeação da irmã mostra que os descendentes de Ko Yong Hui “foram determinados como o único ramo de sucessão da família Kim”, tendo em conta o assassinato do meio irmão do líder, Kim Jong-nam.

Duas mulheres, uma indonésia e outra vietnamita, estão a ser julgadas na Malásia pela sua alegada participação na morte de Kim Jong-nam no aeroporto de Kuala Lumpur, em Fevereiro.

Antes da sua morte, o meio-irmão, cuja existência era praticamente desconhecida entre os norte-coreanos, tinha uma vida luxuosa num exílio fora da Coreia do Norte.

Apesar de a atenção estar focada em Kim Yo-jong e nas armas nucleares da Coreia do Norte, Madden considera que as mudanças demonstram uma grande atenção na economia do país, que tem estado a crescer, mas pode sofrer um duro golpe devido às novas sanções, mais duras, impostas sobre Pyongyang.

O responsável afirmou que o primeiro-ministro norte-coreano, Pak Pong-ju, parece ter uma crescente influência na designação de dirigentes que ele próprio formou e considerou que o regresso de Thae Jong-su, um tecnocrata que desempenhou vários cargos importantes até ao ano passado, é de realçar, dada as suas “boas e duradouras relações com a China”.

A Coreia do Norte depende em grande parte do comércio com a China, mas Pequim está a colocar cada vez mais pressão sobre Pyongyang, numa tentativa de aliviar a tensão com Washington.

10 Out 2017

Presidente das Filipinas descreve líder da Coreia do Norte como um maníaco

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, advertiu ontem que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, é um “maníaco” que pode semear a destruição no continente asiático ao provocar uma guerra nuclear.

Duterte – político reconhecido por usar linguagem grosseira mas também por impor medidas políticas controversas – falava na antecipação de um fórum regional sobre segurança que vai decorrer esta semana na capital filipina, Manila, e que vai contar com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros do regime de Pyongyang.

Os recentes testes com mísseis balísticos realizados pela Coreia do Norte devem marcar as discussões desta reunião regional.

“Ele brinca com brinquedos perigosos, este louco, não confiem no seu rosto, naquele rosto redondinho com ar de simpático”, disse o Presidente filipino, de 72 anos, em declarações transmitidas pela televisão nacional.

“Este maníaco (…), se ele comete um erro, o Extremo Oriente pode transformar-se numa terra árida. Devemos evitar, esta guerra nuclear, porque se um conflito eclodir aqui, então teremos consequências, ao nível do solo, dos recursos. Não sei o que será de nós. Não poderemos nunca mais semear nada de produtivo”, afirmou Rodrigo Duterte, usando igualmente termos insultuosos para caracterizar o líder norte-coreano.

Desde a chegada ao poder de Kim Jong-Un em finais de 2011, a Coreia do Norte tem vindo a intensificar o seu programa nuclear e balístico.

Apesar das sanções impostas pelas Nações Unidas, o regime norte-coreano ambiciona ter uma capacidade nuclear e balística que conseguia atingir os Estados Unidos.

Na semana passada, Pyongyang anunciou a realização de um teste de um míssil balístico intercontinental com capacidade de alcançar uma boa parte do continente americano.

Presenças de peso

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, e o seu homólogo chinês, Wang Yi, estarão esta semana também em Manila para participar no fórum regional organizado pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês).

Segundo um projecto de resolução ao qual a agência noticiosa francesa France Presse teve acesso, texto que deve ser adoptado no final do fórum regional, os ministros vão expressar uma “séria preocupação” em relação ao recente teste balístico norte-coreano.

3 Ago 2017