Pequim apoia Julian Assange e apela a julgamento justo

A China solidarizou-se ontem com o jornalista australiano Julian Assange, fundador do portal WikiLeaks, após o Supremo Tribunal de Londres ter decidido adiar a decisão final sobre o recurso do seu caso.

“O mundo inteiro está a prestar atenção a este caso e está solidário com a situação dos Direitos Humanos e com o destino de Assange”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jean. “A equidade e a justiça devem ser respeitadas”, observou.

De acordo com Lin, “o WikiLeaks expôs uma grande quantidade de informação secreta sobre as guerras dos EUA no Afeganistão e no Iraque e revelou também o facto de a CIA levar a cabo todo o tipo de ciberataques”. De acordo com a última decisão, o tribunal deu três semanas ao governo dos EUA para dar garantias satisfatórias de que Assange poderá invocar em sua defesa a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, relativa à protecção da liberdade de expressão.

Também serão necessárias garantias de que o australiano não será prejudicado no julgamento devido à sua nacionalidade, de que lhe serão concedidas as mesmas proteções da Primeira Emenda que a um cidadão norte-americano e de que não será condenado à pena de morte. Se essas garantias não forem dadas, será concedida a Assange uma licença para recorrer, mas se forem dadas, as partes terão a oportunidade de apresentar novas alegações na audiência de 20 de Maio, para que seja tomada uma decisão sobre o recurso.

Pena pesada

A extradição de Assange foi assinada em Junho de 2022 pela então Ministra do Interior britânica, Priti Patel. Os EUA pedem a extradição de Assange por 18 acusações de espionagem e intrusão informática, na sequência das revelações explosivas feitas no seu portal, que entre 2010 e 2011 expuseram alegados crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão.

De acordo com a defesa de Assange, estes crimes são puníveis com 175 anos de prisão nos EUA. Assange foi detido pela primeira vez em 2010, a pedido da Suécia, num processo que, entretanto, foi arquivado. Em 2012, refugiou-se na embaixada do Equador em Londres, mas foi detido em 2019 pela polícia britânica depois de o país lhe ter retirado o estatuto de asilo, e está preso desde então.

28 Mar 2024

Wikileaks | Julian Assange detido em Londres

[dropcap]O[/dropcap] fundador da organização Wikileaks, Julian Assange, foi hoje detido pela polícia britânica no interior da embaixada do Equador em Londres, onde se encontrava há sete anos.

Num comunicado, a polícia indicou que executou um mandado de detenção emitido em 2012 após o Equador ter retirado o direito de asilo ao australiano de 47 anos.

Assange refugiou-se na embaixada equatoriana na capital britânica em 2012 para evitar a sua extradição para a Suécia, que solicitou que o fundador do Wikileaks se entregasse por supostos crimes sexuais, um processo que entretanto prescreveu.

Assange recusou entregar-se às autoridades britânicas por receio de ser extraditado para os Estados Unidos (EUA), onde poderia enfrentar acusações de espionagem puníveis com prisão perpétua.

Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 90.000 documentos confidenciais relacionados com acções militares dos EUA no Afeganistão e cerca de 400.000 documentos secretos sobre a guerra no Iraque.

Naquele mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250.000 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que embaraçou Washington.

11 Abr 2019