71º Grande Prémio | Chuva força cancelamento da corrida e Davey Todd foi declarado o vencedor nas motos

Entre as cinco sessões previstas, os corredores apenas foram para a pista duas vezes, no sábado de manhã. Após a chuva intensa de domingo de manhã, a organização declarou o britânico vencedor, com base nos resultados da sessão de qualificação

 

O britânico Davey Todd (BMW M1000RR) foi declarado o vencedor do 56.º Grande Prémio de Motos de Macau, apesar da corrida nunca ter sido realizada. Num fim-de-semana em que o território foi afectado pelos Toraji e Man-yi, os troféus foram atribuídos com base na única sessão de qualificação, em que Todd superou Erno Kostamo (BMW M1000RR) e Peter Hickman (BMW M1000RR).

“Estou absolutamente devastado por não ter sido possível correr. Depois de termos ido para a pista no sábado, todos pensámos que o mau tempo tinha passado, e que íamos ter uma boa corrida esta manhã (ontem). Mas não foi isso que aconteceu e foi uma desilusão para todos”, afirmou Davey Todd, depois de receber o troféu.

Na conferência de imprensa do pódio, todos os pilotos concordaram com a decisão de não realizar a corrida por falta de condições e ilibaram a organização de qualquer culpa. “Acho que os organizadores fizeram absolutamente tudo o que estava ao seu alcance. Mas, infelizmente, parece que foi o terceiro tufão na última semana e não foi possível correr”, vincou o vencedor. “Nós queremos sempre correr, mas estou inteiramente satisfeito com a decisão, porque honestamente acho que hoje (ontem) tivemos as piores condições de toda a semana. (…) As pessoas vêem os carros e talvez pensem que nós podíamos ter corrido. Mas, Macau é um circuito muito perigoso, e com chuva as condições ficam muito diferentes, mais perigosas, por isso, respeito totalmente a decisão dos organizadores”, explicou.

Mesmo sem correr, Todd mostrou-se feliz com a vitória, dado que foi a estreia com a equipa FHO Racing BMW Motorrad, propriedade de Faye Ho, neta do falecido Stanley Ho. E a presença em Macau até nem estava prevista: “Não podia ter sido uma estreia melhor, e acho que os rapazes não poderiam ter feito um trabalho melhor, dado que só nas últimas semanas conseguimos chegar a um acordo para estar em Macau. Inicialmente, o nosso acordo só previa que começasse a correr para o ano”, revelou. “Foi um trabalho fantástico da equipa para montar uma mota que se adequasse ao meu estilo, e estou super agradecido”, destacou.

Tudo contra nós

Em segundo lugar terminou Erno Kostamo, da equipa 38 Motorsport by Penz13 Racing, que se limitou a dizer que foi “um fim-de-semana de loucos”, e aproveitou a estadia no hotel. O finlandês tinha sido o vencedor da edição de 2022 da corrida.

Por sua vez, Peter Hickman, colega de equipa de Todd destacou ter feito o “bingo” no pódio em Macau. “Foi uma daquelas edições em que tudo estava contra nós”, afirmou o britânico. “No que me diz respeito, fiz o bingo do pódio, agora tenho o troféu de todos os lugares, de primeiro, segundo e terceiro”, frisou. Até esta edição, Hickman tinha vencido em 2015, 2016, 2018 e 2023 e tinha alcançado o segundo lugar em 2017 e 2019.

O piloto deixou ainda o desejo de regressar no próximo ano, e que tudo corra pelo melhor: “Pessoalmente, não sou um piloto de qualificações, e por isso quero sempre correr, como todos os pilotos”, apontou. “Mas não era isso que tínhamos reservado, e vamos ter de regressar no próximo ano, a fazer figas para que tudo corra bem”, concluiu.

Alto

A organização tentou mexer no programa para garantir que os pilotos tivessem tempo de pista suficiente antes de participarem na corrida. Esta edição foi uma desilusão, mas a opção de não correr foi consensual entre os pilotos

Baixo

O mau tempo. Há coisas que não se controlam, e pouco mais haveria a fazer tendo em conta os horários apertados do fim-de-semana e a insistência da chuva ao longo do dia de ontem

Resultados

Posição Piloto Equipa  Tempo

1 Davey Todd FHO Racing 2m25s563

2 Erno Kostamo 38 Motorsport 2m25s820

3 Peter Hickman FHO Racing 2m26s155

Matt Steven caiu, mas evitou operação

O momento de maior apreensão do Grande Prémio de Macau em motas foi vivido no sábado, durante a sessão de qualificação. O britânico Matt Stevenson caiu e ficou momentaneamente inconsciente no traçado, o que levou à interrupção da prova durante vários minutos. O piloto acabou levado para o Hospital Conde São Januário, onde foi diagnosticado com uma fractura na vértebra T12, uma concussão cerebral e ferimentos nos membros.

Apesar do diagnóstico, num primeiro momento, foi considerado que a recuperação não exige qualquer cirurgia. Ontem de manhã, o piloto fez uma publicação nas redes sociais em que revelava que não sentia dores na vértebra T12, mas que o mesmo não se passava com os braços e pernas. “Sinto que me conseguia levantar e começar a andar… Só não estou autorizado”, brincou. Stevenson agradeceu ainda às várias mensagens de apoio.

18 Nov 2024

Grande Prémio de Motos | Presença feminina garantida nas motos

Nadieh Schoots foi uma das sensações do 54º Grande Prémio de Motos de Macau, ao tornar-se a primeira mulher a participar na prova rainha de motociclismo de estrada do Sudeste Asiático. E em 2023, a piloto neerlandesa vai regressar ao traçado sinuoso do Circuito da Guia

 

“A minha estreia no ano passado foi, de facto, uma grande experiência de aprendizagem e, ao mesmo tempo, um pouco difícil devido a acontecimentos que se passaram na minha vida fora da esfera das corridas, o que me deixa extremamente grata pela oportunidade de regressar”, explicou a piloto de 32 anos ao HM, confirmando que em Novembro participará no maior cartaz desportivo da RAEM.

Apesar da experiência em provas de estrada, a prova do território foi uma surpresa para Nadieh Schoots, pois “há coisas óbvias que distinguem o Grande Prémio de Macau, tais como, o facto de o circuito estar rodeado de barreiras protecção, de ser um evento misto de carros e motas e do circuito se situar na cidade e não no campo.” Outra curiosidade que a piloto originária dos Países Baixos encontrou foi um horário do evento diferente. “O que foi mais interessante para mim, enquanto concorrente, foi o facto dos treinos, a qualificação e a corrida serem realizados de manhã cedo para as motos. Em quase todas as corridas de estrada na Europa/Reino Unido corremos à tarde ou mesmo à noite, em Macau temos de estar prontos às 7h30 da manhã!”

A piloto não tem nada contra esta tradição do evento e realça a importância que essa diferença faz na segurança dos principais intervenientes do Grande Prémio. “Compreendo perfeitamente que isto é necessário, uma vez que os carros podem derramar óleo ou danificar as barreiras de protecção, sendo esta a única forma da organização garantir que a pista se encontra segura para a nossa corrida. No entanto, é uma sensação estranha sair da cama e, quase imediatamente, vestirmos os nossos fatos de pele e colocarmos o capacete para correr entre muros.”

Esta abordagem, praticamente sem igual, requererá uma preparação mais acentuada para este ano: “vou preparar mais o meu corpo e a minha mente para isto, levantando-me mais cedo para treinar nas duas últimas semanas que antecedem Macau.”

Objectivo de auto-superação

Depois da edição do ano passado ter sido disputada sob o espectro da pandemia, e com uma grelha de partida de apenas quinze participantes, a agora única corrida de motociclismo do Grande Prémio deverá voltar a reunir este ano os craques da especialidade, o que irá aumentar a dificuldade para a 12ª classificada da prova de 2022.

“Vai ser interessante e, esperemos, mais divertido para os pilotos e espectadores que vão ter novamente uma grelha completa este ano”, destaca Nadieh Schoots, acrescentando que em termos desportivos não coloca a fasquia muito alta e acima de tudo quer superar-se a si mesma, até porque “apesar de tudo, estou orgulhosa da forma como corri no ano passado!”

Para a edição número cinquenta e cinco da prova, a piloto da Yamaha R1 cor-de-rosa, a preparar pela Basomba Racing, espera “ser significativamente mais rápida, porque no ano passado não pude andar de mota, nem sequer fazer exercício físico, durante os três meses que antecederam o evento. O meu objectivo é fazer uma volta a cerca de 105 por cento dos primeiros classificados, o que, com base nos anos anteriores, me dará um tempo por volta na casa dos 2 minutos 30 segundos – 2 minutos 33…, mas não me atrevo a especular onde isso me coloca na grelha”.

Para a prova do Circuito da Guia, numa homenagem sentida, Nadieh Schoots vai envergar o nº49 que habitualmente era usado pelo bom amigo e corredor espanhol Raul Torras, um grande entusiasta do Grande Prémio de Macau, que tragicamente perdeu a vida num acidente na prova da Ilha de Man no passado mês de Junho.

22 Set 2023

Motas | Erno Kostamo triunfou na 54.ª edição do Grande Prémio de Macau

Após uma espera de dois anos, as motos regressaram a Macau e o finlandês foi o grande vencedor. A prova ficou marcada pela confusão de sábado, devido à sujidade da pista, que levou a que a corrida tivesse de ser adiada para ontem

 

Erno Kostamo (BMW S1000RR) venceu o Grande Prémio de Motos de Macau, à terceira tentativa. Após dois anos de interregno da prova de motos, o finlandês dominou o fim-de-semana, que ficou igualmente marcado pela prestação de Sheridan Morais (Honda CBR 1000 RR SP), que levou pela primeira vez a bandeira portuguesa ao pódio.

No final, o piloto considerou o resultado fantástico, mesmo se não rodou nos tempos por volta que pretendia. “Não estou feliz com os meus tempos por volta, mas estou muito feliz com o resultado”, afirmou o finandês. “É um resultado fantástico, principalmente depois de ter sofrido um grande acidente em 2019”, acrescentou.

Ontem Kostamo cumpriu as oito voltas com um tempo de 19:54.192, tendo feito a volta mais rápida com um registo de 2:27.493. Em comparação, o melhor registo em corrida de 2018, a última que teve mais do que uma volta, tinha sido de 2:25.005.

Erno arrancou da pole-position, mas uma partida menos conseguida fez com que caísse para segundo, atrás de Sheridan Morais, que surpreendeu ao assumir a liderança. Apesar do contratempo, o piloto de 31 anos pareceu estar sempre mais rápido do que os restantes concorrentes e foi sem surpresa que à terceira volta assumiu a liderança, que nunca mais largou, depois de se distanciar do alemão David Datzer (BMW S1000 RR).

O arranque menos conseguido foi explicado com uma nova electrónica na moto e um novo sistema de lançamento. “Mudámos a electrónica da mota antes do início da prova e temos um controlo novo de lançamento ao qual ainda não estou habituado”, explicou Erno.

Bandeira portuguesa no pódio

Um dos pilotos em destaque foi Sheridan Morais que terminou em terceiro e se tornou o primeiro português a subir ao pódio do Grande Prémio de Motos. No ano de estreia, Morais não se livrou de alguns sustos, mas no final estava muito satisfeito com o resultado.

“Foi uma excelente corrida, sabia que era forte no primeiro e terceiro sectores e que podia ter um bom resultado. Só que mais do que uma vez que, na primeira curva do circuito, a mota ficou presa em ponto-morto, e achei que ia bater no muro”, reconheceu o piloto da Honda. “Acabei por abrandar para chegar ao fim”, admitiu.

Ainda assim, Morais mostrou-se feliz com o resultado e considerou “fantástico” ter sido o primeiro português a subir ao pódio em Macau, onde afirmou encontrar uma presença portuguesa “muito superior à esperada”.

No lugar intermédio do pódio terminou David Datzer, que rodou sempre muito perto de Kostamo até à quinta volta. A partir daí, o finlandês foi simplesmente embora. Porém, o alemão ficou satisfeito com o resultado alcançado.
“Estou muito feliz com os tempos alcançados. Consegui seguir o Erno e o Morais no início, mas depois de algumas voltas comecei a sentir problemas com os pneus e achei que o segundo lugar seria suficiente”, apontou o alemão.

Confusões de sábado

Se no domingo tudo correu bem na prova de motos, o mesmo não se pode dizer em relação a sábado. Com a primeira corrida agendada para sábado de manhã, a mesma acabou por ser cancelada devido à sujidade da pista. Antes do início, os pilotos e a organização reuniram-se na pista e acordaram que seriam feitas duas voltas, para que houvesse oportunidade de testar as condições do asfalto. Após as voltas, mais de metade dos pilotos considerou que as condições eram demasiado perigosas.

Com uma corrida cancelada, era suposto que as motas voltasse à pista no final do dia. Porém, também a segunda corrida teve de ser adiada de sábado para ontem de manhã, uma vez que as condições da pista se encontrava longe do desejado e ainda por se temer que não houvesse luz natural suficiente até ao final da prova.

Classificação

1.º Erno Kostamo (BMW) 19:54.192
2.º David Datzer (BMW) a 8.262
3.º Sheridan Morais (Honda) a 10.836
(…)
7.º André Pires (Honda) a 45.355

Alto: regresso da competição

Após dois anos sem competição de motos, o regresso desta prova foi um dos pontos altos de todo o fim-de-semana. Apesar de ser uma corrida sempre cheia de perigo, é um dos eventos que mais contribui para o “carisma” do Grande Prémio de Macau. O espectáculo de domingo foi bem agradável e espera-se que no próximo ano regressem os nomes mais famosos da modalidade.

Baixo: cancelamentos e adiamentos

Quando as provas foram apresentadas, o sábado era o dia do Grande Prémio de Motociclismo, como tradicionalmente acontece. No entanto, quem se deslocou às bancadas para ver este espectáculo acabou desapontado. Além da sessão de aquecimento, que decorreu dentro da normalidade, a primeira corrida foi cancelada (e bem), entre a realização de duas voltas de formação e uma reunião com os pilotos na pista. Também a segunda corrida foi adiada para o dia seguinte. Quem apenas tinha bilhete para sábado ficou prejudicado.

21 Nov 2022

GP Motos | André Pires confirma presença em Macau

O piloto português André Pires confirmou ao HM que irá participar no 54.º Grande Prémio de Motos de Macau, caso a prova se realize no programa do 69.º Grande Prémio de Macau

O motociclista de Vila Pouca de Aguiar, um dos poucos pilotos que nos últimos anos estava disposto a cumprir a quarentena obrigatória imposta à chegada a Macau para participar no evento desportivo do território, conseguiu reunir as condições para regressar à prova rainha do motociclismo asiático este ano. André Pires reconhece, no entanto, que esta não vai ser uma edição fácil.

Num ano em que a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau se está a empenhar para trazer de volta a popular competição de duas rodas ao programa de provas do evento, o piloto português tentou reunir uma equipa técnica portuguesa para o acompanhar em mais uma visita ao Oriente, algo que não se concretizou, dada a impossibilidade daqueles que habitualmente estão ao seu lado de cumprirem o número de dias que vão ser necessários para completar a edição deste ano da prova (ndr: está previsto que os pilotos partam no dia 3 de Novembro para regressarem aos seus destinos no dia 21).

“Vai ser um Grande Prémio difícil”, reconheceu André Pires ao HM. “Para além da quarentena, para participar consegui encontrar uma equipa francesa que aceitou o desafio. Este ano a organização do evento está a fazer um esforço para que haja Grande Prémio de Motos e, se os outros pilotos também aceitarem, não quero perder mais um Grande Prémio”.

Neste momento, não é ainda público o número de pilotos internacionais que aceitaram o repto lançado pelas autoridades desportivas da RAEM. No regulamento desportivo da última edição do Grande Prémio de Motos de Macau, podia ler-se que um “mínimo de 22 inscrições devem ser recebidas para a corrida se realizar”, porém, acredita-se que esse número será propositadamente reduzido este ano, precisamente para acomodar o expectável número inferior de interessados em participar na prova.

Dificuldades e recorde para bater

Para além de ter que ultrapassar o desconforto da quarentena obrigatória, que tem sido o maior obstáculo que a Comissão Organizadora tem encontrado para atrair nomes sonantes para a prova deste ano, André Pires revelou que vai tripular “uma mota desconhecida”, mas que espera “durante os treinos adaptar-se bem à mota” e deseja “que consigamos fazer um bom trabalho”.

O motociclista português, que vai conduzir uma Honda CBR 1000, não prevê dificuldades de maior por não competir no Circuito da Guia há dois anos, até porque “as coisas também estiveram paradas por cá. Depois tive o projecto do MotoE no MotoGP e andei sempre ocupado com as corridas por aqui”.

André Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de André Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida.

13 Out 2022

GP Macau | Dúvidas e certezas dos pilotos sobre a corrida de motos

O Grande Prémio de Motos de Macau disputou-se ininterruptamente de 1967 a 2019, mas este ano será o segundo consecutivo sem a maior prova de motociclismo de estrada do Extremo-Oriente. Contudo, os pilotos esperam que a prova passe incólume aos efeitos da pandemia e que volte depressa, já em 2022.

Mesmo antes da interdição da participação de concorrentes estrangeiros na 68.ª edição do Grande Prémio de Macau, a Associação Geral Automóvel Macau-China terá tentado novamente persuadir um grupo de concorrentes a realizar a prova este ano. Todavia, a quarentena obrigatória imposta a pilotos e técnicos das equipas terá inviabilizado quase imediatamente a ideia, dado que não haveria quórum para formar uma grelha de partida minimamente aceitável para os padrões exigidos.

“Devido à situação que estamos ainda a passar e toda a incerteza, acho que se percebe o cancelamento”, afirmou ao HM o piloto português André Pires. “Vi que a opinião generalizada no meio foi de tristeza, pois todos os pilotos e mecânicos, como também o público, gostaria que fossemos [correr a Macau].”

O motociclista de Vila Pouca de Aguiar, que este ano está a disputar o mundial de MotoE, para motos eléctricas, acrescenta que “sendo uma prova com grande prestígio, concordo que seja feito com todas as condições, como tem sido feito até aqui e sem restrições para não perder o prestígio e a magia que tem”.

Medos e receios

Os adeptos das provas de “road racing” viram a pandemia fazer as suas vítimas. Tal como o Grande Prémio de Motos de Macau, a North West 200 ou a Ilha de Man TT também não se realizaram nos dois últimos anos. Pior, o Grande Prémio de Ulster, que também não se disputou, e até pode nem voltar.

“Tivemos o Grande Prémio de Macau cancelado de novo este ano, o que sabíamos que ia ser o caso, é outra grande corrida de estrada que já não acontece há dois anos e não nos podemos dar ao luxo de ver mais nenhum importante evento cair do calendário”, disse o irlandês John Burrows, proprietário da equipa Burrows Engineering/RK Racing, ao Belfast Telegraph.

Raul Torras, que se estreou em Macau em 2018 com um acidente nos treinos-livres, também espera que a prova da RAEM se aguente, mas partilhou com o HM os seus receios. “Quando o público não recebe o que espera, termina procurando alternativas”, teme o piloto espanhol, cuja mota desconstruida é uma das atracções do Museu do Grande Prémio de Macau. “Pode ser que esta ‘falta’ faça com que os fãs ou os espectadores procurem outras diversões e, consequentemente, no futuro, coloquem essa outra diversão à frente do Grande Prémio. Para os verdadeiros fãs e para os pilotos que querem correr em Macau; o interesse permanece intacto.”

Vontade de voltar

Com a temporada de 2021 a caminhar para o seu término, os pilotos e as equipas começam a delinear 2022. Com a incerteza em redor do desenvolvimento da pandemia e as dúvidas legitimas sobre o futuro da corrida das motos em Macau, é difícil de antever o futuro. Porém, os intervenientes parecem seguros do que ambicionam.
André Pires não esconde a vontade de regressar: “Estamos todos ansiosos para que possamos ir a uma grande prova como o Grande Prémio de Macau”.
Raul Torras também tem nos planos da Toll Racing Team voltar ao Circuito da Guia: “espero poder estar em Macau no ano que vem. Com mais ‘ganas’ que nunca e poder agradecer aos fãs a sua fidelidade”.

3 Nov 2021

GP | Contrato para o mundial de MotoE não impede André Pires de vir a Macau

André Pires, o único piloto luso que preenche os requisitos para participar no Grande Prémio de Motos de Macau, irá tornar-se este ano no segundo português a alinhar no mundial de velocidade em motociclismo, depois de Miguel Oliveira, e será o primeiro a tripular motas eléctricas. Contudo, a tradicional vinda à Macau no mês de Novembro não está em causa

 

Na passada sexta-feira, numa cerimónia curta e cumprindo todas as medidas sanitárias e de distanciamento necessárias, André Pires foi oficialmente apresentado como piloto da Avintia Esponsorama. É com a equipa de Andorra com a qual vai alinhar na próxima Taça do Mundo MotoE, competição realizada em conjunto com algumas etapas do mundial MotoGP e que utiliza em exclusivo as Energica EGP Corsa, motos de propulsão eléctrica que vão para a sua terceira temporada no mais elevado patamar do motociclismo mundial.

“Estou muito contente pela oportunidade que me dá a equipa Avintia Esponsorama para correr no campeonato do mundo. É um sonho tornado realidade que me faz muito feliz. Vou tentar aprender e dar o máximo para obter os melhores resultados e ser competitivo por mim, pela minha equipa e pelos meus patrocinadores”’, revelou o piloto de Vila Pouca de Aguiar no decorrer da cerimónia realizada no centro do Principado.

A Taça do Mundo MotoE é o primeiro campeonato global realizado em exclusivo com motos de propulsão eléctrica construídas em Itália pela Energica. O modelo utilizado é o Ego Corsa que reclama 163 cavalos de potência máxima e 270 km/h de velocidade máxima. Dezoito pilotos de todo o mundo irão discutir o terceiro ano da competição, que terá sete provas no seu calendário e dois testes de pré-temporada.

Macau em Novembro

Apesar de embarcar neste novo projecto com todo o afinco, o piloto português, que foi campeão nacional de 125cc em 2011, de Superstock 600 em 2012 e de Superbikes em 2014, planeia regressar em Novembro à RAEM para o 54º Grande Prémio de Motos de Macau, caso a prova se realize.

“Este contrato com a equipa apenas é para mundial de MotoE”, começou por explicar ao HM André Pires, esclarecendo que “não tenho nenhum tipo de cláusula que não me permita correr noutros campeonatos ou provas.”

André Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de André Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida.

“Tenho que me manter activo e por isso Macau está nos planos para Novembro. Espero estar à partida da prova do Grande Prémio para acabar o ano em grande”, disse ao HM um dos poucos pilotos de motociclismo que no passado estava disposto a cumprir a quarentena obrigatória de catorze dias para participar no evento.

Um sonho

Para cumprir o sonho de correr no mundial, André Pires disse à agência Lusa que provavelmente irá deixar o emprego a tempo inteiro. “É um campeonato do mundo, com um nível de exigência muito grande, pelo que terei de me dedicar a tempo inteiro à preparação”, afirmou. O objetivo para esta sua estreia numa disciplina diferente do motociclismo passa por “aprender” e “tentar ser o melhor dos oito estreantes” do campeonato.

Um dos poucos apoios com que conta para esta aventura é o do município de onde é natural, mas acredita que “é possível” encontrar parceiros que o apoiem. “Se não conseguir patrocínios, vou ter de por o dinheiro do meu bolso e hipotecar tudo, a casa, o carro, o cão, tudo, mas não quero perder esta oportunidade”, frisou à agência Lusa.

8 Fev 2021

André Pires arranjou solução para participar no GP Motos

[dropcap]O[/dropcap] cumprimento de uma quarentena de 14 dias num hotel da cidade à chegada está a colocar em sério risco o 54º Grande Prémio de Motos de Macau. Esta obrigatoriedade coloca entraves difíceis de ultrapassar aos pilotos e equipas provenientes do estrangeiro. Contra ventos e marés, com o engenho e improviso tão típico dos portugueses, o motociclista André Pires conseguiu encontrar forma para contornar este obstáculo e estar à partida do Grande Prémio de Macau.

O piloto natural de Vila Pouca de Aguiar, que disputou as primeiras provas do Campeonato Nacional de Velocidade de Superbike de 2020, vai novamente participar no Grande Prémio de Macau com a sua Yamaha R1, mas esta não vai ser assistida pela Beauty Machines Racing Team, mas sim por um pequeno grupo de pessoas que Pires conseguiu reunir com disponibilidade e motivação para estar presente na maior prova de motociclismo do Sudeste Asiático – a APRacing.

“Consegui criar a APRacing para ir a Macau. A mota será a mesma do campeonato, só mudam os mecânicos”, explicou Pires ao HM. “Seremos quatro a ir a Macau: eu, como piloto, dois mecânicos e mais um elemento que dará apoio em termos de logística e comunicação”.

O piloto português está na expectativa, mas ao mesmo tempo confiante, que esta troca de equipa técnica não irá comprometer a sua performance em pista. “Vamos a ver como vai correr. Estou confiante que não teremos problemas nesse lado. Continuo com o apoio dos técnicos cá em Portugal, por isso se vamos estar sempre em contacto durante o fim-de-semana da corrida”, esclareceu Pires.

Do simbolismo

A presença de Pires no 67º Grande Prémio de Macau tem algum simbolismo para Portugal. Desde 1986, ininterruptamente, que Portugal envia uma delegação às provas de motociclismo do território. Ao mesmo tempo, Pires será o único português não residente em Macau a participar no evento deste ano. Apesar de o Grande Prémio, realizado pela primeira vez em 1954, ter estado sob a batuta da secção de Macau do Automóvel Club de Portugal (ACP), só em 1966 teve a participação de um piloto da metrópole, algo que só se voltou a repetir em 1986.

Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida.

Visto que há vários pilotos que não têm interesse em participar no evento devido à quarentena obrigatória, o fantasma do cancelamento ainda paira sobre o 54º Grande Prémio de Motos de Macau. Uma decisão final sobre o destino da edição deste ano da prova, pela primeira vez organizada em 1967, será tomada nos próximos dias.

5 Out 2020

GP de motos de Macau poderá ter edição memorável

Num ano que tem sido para esquecer para todas as categorias do desporto automóvel, ironicamente o Grande Prémio de Motos de Macau pode estar a preparar-se para receber uma das melhores edições de sempre

 

[dropcap]C[/dropcap]om os cancelamentos da Ilha de Man TT e do Grande Prémio de Ulster, devido à pandemia mundial do novo coronavírus, e as dúvidas em redor da realização da North West 200, devido às dívidas do clube organizador, o calendário das provas de estrada ficou bastante desfalcado este ano, ganhando assim o Grande Prémio de Macau um redobrada importância. O Circuito da Guia poderá ser o único palco para ver os nomes mais sonantes da especialidade em acção este ano.

Apesar do espectro nebuloso que atormenta todos os grandes eventos desportivos a nível mundial, a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau já clarificou que “a organização do 67º Grande Prémio de Macau, que será realizado de 19 a 22 de Novembro de 2020, está actualmente a decorrer de acordo com o programado.”

A prova de motociclismo, que vai para a sua 54ª edição, está agora no foco de atenção de vários pilotos. André Pires, o motociclista que tem representado Portugal nas últimas edições da prova do território disse ao HM que “nem que seja possível fazer a North West 200, penso que será um dos melhores Grandes Prémios de Macau. Acredito que estará muita gente com os olhos postos na prova.”

Raul Torras, o piloto espanhol que esteve envolvido num dos mais espectaculares acidentes da edição de 2018 e que regressou em 2019 à RAEM, partilha da mesma opinião. “O Grande Prémio será com certeza o mais importante evento para os pilotos de estrada”, afirmou o catalão ao HM, acrescentando que “eu tenho um profundo desejo de regressar, e se for convidado e o evento for para a frente, lá estarei. Estou a contar os dias, fazendo figas”.

Investimento já feito

Antes da crise sanitária atingir a Europa e com força, já as grandes equipas e marcas, junto com os seus patrocinadores, tinham delineado a temporada e começado a testar para melhor preparar a época de 2020. Com a razia de provas, a vontade de recomeçar é ainda maior.

“O investimento das grandes equipas já estava feito antes desta crise”, explicou André Pires ao HM. “A maioria das equipas e pilotos já tinham estado a treinar e a testar. Por isso, não me parece que não participem por falta de euros. Pelo contrário, com todas as provas canceladas os pilotos e equipas estão todas desejosas de andar, de ‘escaparem’ desta quarentena que estamos a passar. Mesmo o público está todo desejoso para poder assistir às corridas.”

Para além das três “clássicas” afectadas, também várias provas menores na Irlanda foram canceladas ou adiadas. Em Portugal, a temporada do Campeonato Nacional de Velocidade ainda não arrancou. André Pires está ciente das dificuldades que as organizações de grandes eventos desportivos terão nos próximos tempos.

“Acho que vai ser difícil haver corridas até Agosto, mas talvez seja eu que esteja um pouco negativo quanto a isto, mas enquanto não houver uma vacina ou uma cura é complicado estar a fazer grandes eventos, pois é difícil estar em algum lado e evitar o contacto com pessoas ou controlar uma coisa que não se vê”, disse o piloto português natural de Vila Pouca de Aguiar e que no ano passado foi forçado a abandonar a prova de Macau.

A edição de 2018, marcada por uma carambola sem consequências graves para os envolvidos e duas partidas, foi ganha pelo britânico Michael Rutter numa Honda RC213V-S.

14 Abr 2020