FRC acolhe palestra sobre Direito comparado em contratos comerciais

A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe hoje a conferência “Crise e alterações de circunstâncias: As lições do Direito comparado”, protagonizada por Dário Moura Vicente. O orador, que fala a partir das 18h30, é professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade de Macau.

O tema da palestra incidirá sobre a ligação entre as crises económicas ocorridas nos últimos anos, nomeadamente as “severas crises em 2008-2009 e 2019-2020”, e o facto de terem “colocado em evidência os problemas postos pela alteração anormal das circunstâncias, em que as partes fundaram a decisão de contratar”.

É aqui que se fará o exercício do Direito comparado entre os regimes jurídicos nacionais relativos à contratação, pois estes “diferem substancialmente entre si, revelando-se as diferentes concepções acerca do contrato e da sua função social que lhes estão subjacentes”.

Uns e outros

Segundo o comunicado que apresenta a conferência, os sistemas romanistas do Direito possuem “um princípio de equivalência das prestações contratuais, com longa tradição, que permite à parte lesada reclamar, sob certas condições, a modificação ou a resolução dos contratos”, mas depois os “sistemas da Common Law são muito mais restritivos no tocante à admissibilidade da resolução ou modificação do contracto por alteração de circunstâncias”.

Desta forma, “a diversidade de regimes é, inevitavelmente, fonte de insegurança no comércio internacional”, embora “as partes nos contratos disponham de diversos instrumentos que lhes permitem mitigar o problema”, nomeadamente “os acordos de escolha da lei aplicável, as cláusulas de hardship, as convenções de arbitragem que confiram aos árbitros o poder de adaptarem contratos de prestações duradouras a novas circunstâncias e a designação das regras ou princípios comuns a diferentes sistemas jurídicos”.

Na conferência protagonizada por Dário Moura Vicente falar-se-á também das possibilidades encontradas no Direito Internacional Privado, que “faculta aos interessados, em vários dos sistemas referidos, o apelo à reserva de ordem pública internacional a fim de obstarem aos resultados mais injustos da aplicação de leis estrangeiras ou do reconhecimento de sentenças estrangeiras”.

18 Nov 2024

Grande Baía | Memórias em exposição de pintura na Fundação Rui Cunha

He Honglang, Li Zhuchao e Fu Rao são três jovens artistas de Macau que juntaram as suas veias artísticas para uma exposição conjunta na Fundação Rui Cunha. “The First Moment of Pure Flowers Bloom” terá uma curta duração, com fim apontado para este sábado, mas será possível observar a leitura artística que estes residentes fazem do espaço inerente à Grande Baía

 

Foi inaugurada esta terça-feira uma nova exposição de pintura na Fundação Rui Cunha (FRC). Trata-se de “The First Moment of Pure Flowers Bloom – Memories of Bay Area Cities” [O Primeiro Momento em que as Flores Puras Florescem – Memórias das Cidades da Área da Baía], dos jovens artistas He Honglang, Li Zhuchao e Fu Rao, sendo esta co-organizada pela Associação de Arte Juvenil de Macau.

O público poderá, assim, ver 26 pinturas a óleo e gravuras criadas pelos três artistas que são também estudantes de mestrado da Universidade Politécnica de Macau. Nestes trabalhos expressa-se, segundo uma nota da FRC, “o estilo urbano único e a atmosfera cultural da Grande Baía através da pintura feita com devoção”.

Na nota de intenções, descreve-se que o tema da exposição “simboliza a busca dos artistas pela vida e pela beleza, bem como a exploração de uma nova existência e esperança”. “Enquanto estudam em Macau, os artistas participantes vivenciam o espírito humanístico do continente e da Grande Baía com ‘coração puro’ e geram motivação e força criativa”, é ainda descrito.

Forma de expressão

A exposição que está patente esta semana na FRC traz obras que “não são apenas uma exploração da renovação e da esperança, mas também um olhar afectuoso sobre a passagem do tempo e a mudança da cidade”. Descreve-se ainda que através destes quadros, “o público irá vivenciar o momento puro do início da vida, e sentir o calor e a transitoriedade da memória da cidade”.

Aqui, os artistas “atravessam as fronteiras de regiões e culturas para nos apresentarem cidades repletas de histórias”, nomeadamente no caso do He Honglang, que se centra “na coexistência de edifícios antigos e novos na cidade da Grande Baía e na integração da arquitectura chinesa e ocidental”.

Enquanto isso, Li Zhuchao “centra-se na situação actual da indústria pesqueira de Macau”, e Fu Rao “centra-se nas cenas em movimento”. Ainda segundo o manifesto da mostra, as cidades da Grande Baía “deixaram de ser apenas espaços físicos, mas passaram a ser portadoras de memória e emoção urbana”, pois cada obra apresentada na exposição “é como uma pequena peça de um puzzle, quando juntas formam uma magnífica imagem da cidade, da memória, do tempo”.

A Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau é um projecto político que visa a cooperação e integração regional entre Macau, Hong Kong e nove cidades da província de Guangdong.

13 Nov 2024

FRC | “Tarde Musical de Goa, Damão e Diu” hoje às 18h15

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, pelas 18h15, uma “Tarde Musical de Goa, Damão e Diu”, que traz ao palco da Galeria os artistas convidados Franz Schubert Cotta e Omar de Loiola Pereira, para um dueto de vozes, viola, violino e bandolim com os sons da Música Popular Goesa.

O evento, com entrada gratuita, é co-organizado pelo Núcleo de Animação Cultural de Goa, Damão e Diu, que este ano tem sob destaque a promoção da sua cultura no Festival da Lusofonia em Macau, trazendo ao território demonstrações diversas das tradições e costumes desta Comunidade de Língua Portuguesa, como é o caso dos dois artistas de referência.

Franz Schubert Agnelo de Miranda Cotta, multi-instrumentista e vocalista, nasceu numa família musical com ricas tradições culturais. Deixou uma carreira jurídica, de mais de 15 anos, para ingressar na Universidade de Goa, como professor auxiliar de Estudos Portugueses e Lusófonos.

Omar de Loiola Pereira Octaviano iniciou o seu percurso musical na guitarra aos sete anos de idade. Aos 16 anos fundou e dirigiu um coro juvenil, o Juventus, e mais tarde os Ovation, um ensemble vocal mais pequeno com membros mais experientes. Desde 1991 foi também membro do grupo cultural goês Gavana.

24 Out 2024

André Luiz Reis fala hoje sobre política externa do Brasil na FRC

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 18h30, a primeira sessão do ciclo de palestras intitulado “Roda de Ideias”, sendo que o debate de hoje tem como nome “Política Externa Brasileira: Qual é o lugar do Brasil no mundo?”, que terá como orador convidado André Luiz Reis da Silva, professor associado da Faculdade de Ciências Económicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil. A conversa será moderada por Francisco Leandro, professor associado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau (UM).

O tema em reflexão será o lugar do Brasil no mundo, que se encontra em permanente redefinição. No comunicado, que explicita o tema do debate de hoje, lê-se que o Brasil, “quer seja designado como potência emergente ou como potência média ou regional, o tamanho do país não lhe permite desempenhar um papel menor, que não passe de uma simples boleia das grandes potências ou que permaneça acomodado”.

Ao mesmo tempo, “exige-se uma constante avaliação das suas capacidades e limitações conjunturais e estruturais, na procura de uma leitura adequada dos seus interesses e condições de actuação no sistema internacional”, refere a proposta de intenções.

Uma história no estrangeiro

Em termos históricos, “na primeira década do século XXI o país fortaleceu os seus activos diplomáticos nas várias esferas; no entanto, estes foram sendo lentamente consumidos ao longo da segunda década”.

Desta forma, a palestra que hoje se apresenta “aborda a política externa brasileira do início do século XXI até os dias de hoje, tendo como eixos de análise as matrizes de inserção internacional, formuladas nos âmbitos regional, multilateral e bilateral, procurando analisar as principais características, os dilemas e as opções da actuação externa do Brasil do novo Governo Lula, iniciado em Janeiro de 2023, tais como Integração regional, Brasil-China, BRICS, Sul Global e actuação multilateral”, pode ler-se.

A passagem por Macau do professor André Reis insere-se no projecto que estuda a geopolítica do Brasil, como parte do esforço que a Universidade de Macau está a fazer no contexto da promoção do estudo das relações internacionais dos Países de Língua Portuguesa.

20 Out 2024

FRC | Inaugurada hoje exposição “Traços de Elegância e Beleza”

A Fundação Rui Cunha inaugura hoje, às 18h, a Exposição das Calígrafas, Pintoras e Escultoras de selos de Macau “Characters of Elegance and Beauty” [Traços de Elegância e Beleza], uma mostra colectiva dos membros da associação.

O conjunto é composto por 61 obras, criadas por 40 membros participantes, centradas no tema da dupla celebração, ou seja, os 75 anos da fundação da República Popular da China e o 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM.

A exposição inclui uma colecção diversificada de caligrafia, escultura em selo e vários elementos artísticos, tais como pinturas de estátuas de Buda, figuras, paisagens, flores e pássaros.

Ao comemorar a dupla celebração durante o Festival do Meio Outono, a associação apresenta esta exposição de caligrafia, pintura e escultura de selos, num cenário vermelho e dourado que simboliza a prosperidade e a felicidade, reflectindo o significado desta ocasião.

Nos últimos seis anos, desde a sua criação, a associação organizou 19 exposições, confirmando o notável progresso e crescimento desta comunidade artística. Utilizando como lema, “O conhecimento, como um mar, não tem limites,” a associação aspira a maiores plataformas, orientação e conhecimento para que possa cumprir a sua missão de preservar e promover a cultura tradicional chinesa. As obras vão estar expostas até ao dia 21 de Setembro.

13 Set 2024

FRC | Mostra de pintura Gongbi abre ao público terça-feira

A galeria da Fundação Rui Cunha inaugura na próxima terça-feira ao fim da tarde a exposição colectiva “Essence Unbounded”, que reúne 32 quadros de membros da Associação de Pintura Gongbi de Macau. A pintura Gongbi é uma forma de expressão artística ancestral marcada pelo realismo e a representação colorida de cenários naturais

 

Na próxima terça-feira, 27 de Agosto, a partir das 18h30, a galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura a Exposição da Associação de Pintura Gongbi de Macau “Essence Unbounded”, uma mostra colectiva dos membros da Associação de Pintura Gongbi de Macau, que conta com curadoria do Mestre Li Jinxiang, que também dirige a associação.

O conjunto é composto por 32 obras de arte, criadas por 32 membros da associação, onde a tradicional pintura meticulosa chinesa figura em temas diversos, como representações realísticas de peixes, gatos e pássaros. A mostra estará patente até 7 de Setembro.

O Gongbi é uma técnica de grande precisão, realista e cuidadosa, geralmente mais descritiva do que interpretativa, que exige pinceladas de inabalável detalhe e delicadeza. É uma arte de paciência e perseverança, cujo desenho requer linhas finas para representar os objectos com minúcia e semelhança exageradas, a que se acrescentam em seguida camadas de tinta e cor, sobre papel de arroz ou seda, até o artista se aproximar da perfeição e do requinte da arte.

Aprender a arte

Segundo o Mestre Li Jinxiang, responsável pela curadoria da mostra, esta expressão artística remonta aos tempos da Dinastia Han (206 AC – 220 DC). “A ‘essência’ da pintura Gongbi é representada através do detalhe meticuloso que tenta captar com realismo o objecto. Já o aspecto ‘ilimitado’ da pintura Gongbi refere-se à capacidade de os artistas retratarem cada aspecto com infinita e desmedida minúcia, dando vida aos temas e transmitindo um sentido que vai além da chamada replicação fotográfica”, refere o curador da mostra explicando o significado do título da exposição “Essence Unbounded”.

Segundo um comunicado da FRC, Li Jinxiang graduou-se em Caligrafia e Pintura pela Universidade Renmin da China, em Pequim, e é formador profissional de Pintura Gongbi, a que se tem dedicado nas últimas duas décadas. Ocupa actualmente o cargo de presidente da Associação de Pintura Gongbi de Macau, e é membro da Associação Chinesa de Pintura Gongbi e da Sociedade de Artistas de Macau.

O curador da mostra é também director do Centro de Educação de Pintura Moquxuan Gongbi de Macau e um artista regularmente convidado pela Associação de Calígrafos e Pintores Chineses. O seu trabalho tem sido amplamente reconhecido, com pinturas seleccionadas para prestigiadas exposições e concursos em Macau, Hong Kong, Taiwan e Interior da China.

Em paralelo com a exposição, Li Jinxiang irá conduzir um Workshop de Pintura Gongbi na FRC, que se realiza no dia 2 de Setembro (segunda-feira), das 16h às 18h, em cantonês e limitado a oito participantes. O artista irá ainda apresentar quatro sessões de demonstração ao vivo na galeria da FRC nos dias 28 e 30 de Agosto, e 4 e 6 de Setembro, sempre entre as 15h e as 17h.

22 Ago 2024

FRC | Manga, “ArmourMan” e outras histórias em exposição

Chama-se “Comics 2024 + ArmourMan 2024” e é a mais recente exposição da Fundação Rui Cunha, inaugurada esta terça-feira. Com curadoria de Howard Chan, a mostra conta com 60 desenhos e obras de Manga, género artístico japonês. Destaque para o trabalho do artista James Khoo, autor da série “ArmourMan”

A Fundação Rui Cunha (FRC) tem patente, desde esta terça-feira, a exposição de artistas de Manga e banda desenhada de Macau, China e Hong Kong, numa homenagem ao trabalho dos artistas oriundos da Grande Baía. A mostra chama-se “Comics 2024 + ArmourMan 2024” e pode ser vista durante de duas semanas. A exposição de banda desenhada, com vários artistas, decorre até ao dia 17 de Agosto, enquanto a exposição da série “ArmourMan”, do conhecido artista de Hong Kong James Khoo, decorre entre os dias 20 e 24 deste mês. No total, são apresentadas 60 obras.
Esta iniciativa decorre graças a uma parceria com a Associação de Promoção de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau, contando com curadoria de Howard Chan, presidente desta entidade.
Assim, até ao dia 17, apresentam-se 30 obras da autoria de nove artistas de banda desenhada de Macau, Hong Kong e da China. Depois, entre os dias 20 e 24, os trabalhos de James Khoo, nome de referência no meio artístico de Hong Kong estarão expostos na galeria da Praia Grande.

Vincent Ho e companhia
Um dos artistas locais cujo trabalho estará patente nesta exposição é Vicent Ho, seguindo-se Jet Wu, Yeung Siu e a dupla “Moto&TakTak”. De Hong Kong chegam os artistas Wai On, Linus Liu e Wah Kei, enquanto que, da China, são apresentados os trabalhos de Chen Wei e Lin Min. Todos eles são membros da associação que promove a mostra e que está ligada ao universo da banda desenhada, ilustração e Manga.
Por sua vez, na segunda semana da mostra, será apresentado o trabalho mais recente do mestre de banda desenhada de Hong Kong, James Khoo Fuk Lung, considerado o pai da série “ArmourMan”. Esta tornou-se num “verdadeiro blockbuster” de banda desenhada assim que foi lançada, há um ano, descreve a FRC em comunicado. Além disso, “as revistas semanais também conseguiram vendas recorde em Macau”, com a maioria das edições a esgotar nas bancas em dois dias.
James Khoo é tido como um “autor experiente de banda desenhada”, sendo que a sua primeira obra de grande sucesso, “Iron Marshal”, vendeu 60.000 livros quando foi lançada. Mais tarde vieram outros sucessos de bilheteira como “Eastern Invincible”, “DragonMan” e muitos outros.
“ArmourMan” é o seu mais recente trabalho e tornou-se a revista semanal de banda desenhada mais vendida em Hong Kong. Para celebrar o primeiro aniversário desta publicação, os organizadores pediram autorização ao artista para expor manuscritos recentes de “ArmourMan”.
A FRC aponta que James Khoo não poderá estar presente em Macau para participar presencialmente na exposição, mas alguns números da nova colecção vão estar à venda na Galeria da FRC, numa iniciativa que tem como objectivo “trazer até aos jovens locais e visitantes este super-herói da actualidade”.
A Associação de Promoção do Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau surgiu em 2014 para apoiar o desenvolvimento profissional da indústria, o intercâmbio técnico e a cooperação entre ilustradores locais e estrangeiros, com vista a assegurar mais projectos de alta qualidade e em grande escala, bem como publicações, palestras e outras actividades que beneficiem a comunidade de Macau. A.S.S.
DESTAQUE
Um dos artistas locais cujo trabalho estará patente nesta exposição é Vicent Ho, seguindo-se Jet Wu, Yeung Siu e a dupla “Moto&TakTak”. De Hong Kong chegam os artistas Wai On, Linus Liu e Wah Kei, enquanto que, da China, são apresentados os trabalhos de Chen Wei e Lin Min

14 Ago 2024

FRC | Livro “A Campanha”, de Vítor Carmona, lançado hoje

É hoje apresentado, na Fundação Rui Cunha (FRC), aquele que é o primeiro romance histórico de Vítor Carmona e que faz parte de uma trilogia a sair até ao próximo ano. “A Campanha” relata a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, no ano de 1793 em França e traz ao público uma estória relativamente esquecida, destaca o autor

 

“A Campanha”, primeiro romance histórico de Vítor Carmona, é hoje apresentado na Fundação Rui Cunha (FRC) a partir das 18h30. Trata-se de uma obra que “explora um tema inédito no campo da ficção nacional, e pouco estudado pelos historiadores: a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, na França de 1793.

Editado pela Saída de Emergência, o livro saiu em Maio de 2023 em Portugal e faz parte de uma trilogia a ser apresentada até ao final do ano, conforme disse o autor ao HM. “O segundo volume vai ser lançado em Outubro e o terceiro em Maio. Desde o início que planeei escrever uma trilogia sobre uma campanha militar pouco conhecida dos portugueses e esquecida pelos historiadores”, contou.

Vítor Carmona diz que “A Campanha” é um livro para leitores que “mesmo que não gostem de História, gostem de boas estórias”, contendo partes ficcionadas de um episódio histórico factual ocorrido há mais de 200 anos. “Achei que esta campanha militar tinha todos os ingredientes que fazem uma boa estória, com conflito, personagens interessantes, uma conjuntura europeia com grande turbulência, nos anos seguintes à Revolução Francesa. Peguei em factos que são verídicos e depois coloquei ficção com personagens que poderiam ter existido.”

Trata-se de uma campanha que levou cinco mil soldados portugueses para combaterem, juntamente com os espanhóis, as tropas francesas na zona de Rossilhão, província francesa, após o regicídio de Luís XVI, em plena Revolução Francesa.

Nessa época, alguns países europeus, nomeadamente Inglaterra, Polónia, Espanha e Portugal, tomaram providências militares e diplomáticas face ao perigo de um ataque por parte da França. É neste contexto que, com a declaração de guerra da Inglaterra à França, Luís Pinto de Sousa exerceu esforços diplomáticos para firmar uma aliança militar com a Espanha e a Inglaterra. A 15 de Julho foi assinada a convenção luso-espanhola de auxílio mútuo e a 26 de Setembro assinou-se a convenção com a Inglaterra. O exército português de auxílio a Espanha e com destino ao Rossilhão foi comandado pelo tenente-general João Forbes Skellater e constituído por seis regimentos de infantaria e uma brigada de artilharia com 22 bocas de fogo, num total de 6.000 efectivos, descreve-se no portal do Arquivo Histórico-Militar do Ministério da Defesa em Portugal.

O grupo militar português incluía “militares de grande prestígio como os marechais-de-campo D. António Soares de Noronha, D. Francisco Xavier de Noronha e D. João Correia de Sá, o conde de Assumar e o coronel Gomes Freire de Andrade, entre outros”.

A campanha do Rossilhão durou até ao final de 1794. As conquistas de Ceret, Villellongue, entre outras praças, trouxeram bastante prestígio aos generais portugueses, embora o Inverno de 1793 provocasse a perda de todas as vantagens militares até aí conseguidas. Na Primavera de 1794, os franceses obrigaram as tropas aliadas a retirar para a Catalunha, onde muitos portugueses morreram ou ficaram feridos. Em Novembro, os franceses venceram a batalha da Montanha Negra, que levou os espanhóis a negociar em separado a assinatura do tratado de paz em Junho de 1795 na cidade de Basileia. Após o regresso das tropas a Portugal, a paz foi assinada em 20 de Agosto de 1797, lê-se ainda no mesmo portal.

A história de Diogo

O livro contém um personagem, Diogo Saraiva, “recém-promovido a capitão, [que] procura transformar a sua companhia de granadeiros numa eficiente unidade de combate, mas duas mulheres determinadas e um criminoso sem escrúpulos atravessam-se no seu caminho”, descreve-se na sinopse do livro.

Enquanto isso, “dois jovens amigos de Campo de Ourique decidem alistar-se para a campanha militar em busca de aventura e fortuna”, sendo que, após uma “penosa viagem marítima até aos Pirenéus Orientais, o que aguarda os soldados portugueses é uma sequência de terríveis e encarniçados combates contra o exército mais poderoso da Europa”. Trata-se, segundo a mesma sinopse, de um romance feito de “paixão, guerra e morte, mas também esperança, coragem e lealdade”.

Vítor Carmona nasceu em 1973, em Lisboa. Licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. Diz ser um apaixonado por História, especialmente pelo período que vai da Revolução Francesa à epopeia napoleónica. Há dez anos criou a Sociedade Napoleónica Portuguesa, um espaço de divulgação e discussão dos combates levados a cabo por Napoleão Bonaparte. A.S.S.

8 Ago 2024

FRC apresenta exposição “Brilho do Sol nas Montanhas”

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugurou esta terça-feira a Mostra de Ensino Voluntário do Colégio Chao Kuang Piu, intitulada “Brilho do Sol nas Montanhas”, que apresenta o projecto solidário de uma equipa de alunos universitários que, duas vezes por ano, se dedicam a ensinar crianças isoladas e desfavorecidas, na região interior e montanhosa da província de Guizhou, no sudoeste da China.

A mostra faz uma retrospectiva destas campanhas pedagógicas, através de 25 imagens fotográficas das viagens mais recentes, um conjunto de cartas escritas pelas crianças às equipas de professores voluntários, e outros artefactos relacionados.

Após a inauguração, foi ainda projectado um documentário de 25 minutos com o mesmo nome da exposição, tendo-se seguido uma sessão de partilha de testemunhos, apresentada por Eliza Lei, locutora sénior e produtora de programas de TV e Rádio em Macau, com alguns participantes do projecto.

Apoiar as crianças

O Colégio Chao Kuang Piu (CKPC), uma das dez instituições residenciais da Universidade de Macau, celebra este ano o seu décimo aniversário, tendo alojado cerca de 500 alunos anualmente num ambiente colectivo multidisciplinar.

“Desde Dezembro de 2018 que a Equipa de Ensino Voluntário do CKPC realiza ensino voluntário todos os invernos e verões na Escola Primária Gantuan Mei’e, no município autónomo de Congjiang, província de Guizhou, na China. Congjiang era uma das zonas mais pobres de Guizhou e muitas crianças pertencentes às minorias étnicas são chamadas de ‘crianças deixadas para trás’ [ao cuidado de familiares], uma vez que os seus pais trabalham longe de casa”, descreve uma nota da FRC sobre a mostra.

Nesta actividade na China, os estudantes universitários “servem de irmãs e irmãos mais velhos durante estas visitas”. Através do ensino, que abrange disciplinas como o inglês, a arte, o desporto, a música e as ciências, e realização de actividades de grupo, as crianças “são ensinadas sobre o mundo e a cultivar bons hábitos e empatia”. A mostra pode ser vista na galeria da FRC até ao dia 10, na próxima semana.

7 Ago 2024

FRC | Pinturas de Zheng Xiaojun apresentadas hoje ao público

Chama-se “Ela.Reino” e é a nova exposição de pintura patente na galeria da Fundação Rui Cunha que pode ser visitada a partir de hoje. Da autoria de Zheng Xiaojun, artista e docente de jornalismo, a mostra revela ao público de Macau figuras de mulheres e crianças que espelham ideais de beleza e do universo feminino

 

É hoje inaugurada, a partir das 18h30, uma nova exposição na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) para os amantes da pintura. Chama-se “Ela.Reino” e é da autoria da artista e professora universitária Zheng Xiaojun.

A mostra é co-organizada com a Associação de Arte Juvenil de Macau e inclui 35 pinturas de mulheres e crianças, revelando o traço típico de Zheng Xiaojun onde “a sensibilidade e o pensamento linear exploram a essência e o significado da vida”, segundo um comunicado da FRC.

Com “Ela.Reino”, a arte “é um reino magnífico que entrelaça a realidade e a fantasia”, sendo que as obras de Zheng Xiaojun “servem de espelho para o seu mundo interior, captando momentos da vida e reflectindo as suas perspectivas e pensamentos puros”.

“Nesta era cada vez mais distante e ansiosa, (…) as suas obras são uma exploração lírica da linguagem artística, um hino à vida e uma visão da natureza humana. As personagens que ela retrata transcendem o clamor da obra e encarnam, não só a delicada percepção da vida individual da artista, mas também um olhar profundo e uma terna compreensão (…), recriando um mundo de bondade e beleza, trazendo uma rara paz e relaxamento aos espectadores», adianta ainda a proposta expositiva.

Entre a arte e o jornalismo

Zheng Xiaojun é docente na Escola de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Jinan, além de ser directora do Centro de Investigação de Inteligência Artificial e Novas Artes dos Media da Universidade de Jinan, cidade na província de Shandong, no Sudeste da China.

A arte e Macau fazem parte da vida desta professora, uma vez que Zheng Xiaojun é membro da Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau. Os seus trabalhos foram seleccionados para integrar mais de 30 importantes exposições e concursos, incluindo a Bienal Internacional de Pequim, a Exposição Nacional de Pintura Chinesa, a Exposição Mundial de Arte e a Exposição Italiana de Design de Arte.

A artista foi ainda enviada por um projecto estatal para cultivar talentos artísticos na Academia de Belas Artes de Roma, Itália, tendo feito diversos intercâmbios culturais também em Taiwan, África do Sul e Japão. As suas obras foram coleccionadas por entidades profissionais e instituições académicas, como o Museu Nacional de Arte da China, a Associação de Artistas Chineses, a Universidade de Rhodes, na África do Sul, a Universidade de Florença, em Itália e a Universidade de Chiba, Japão. É autora de “Twenty Mirrors Looking at the World – Interpretation of Contemporary Art Forms and Concepts” e outras monografias, tendo publicado recensões em importantes revistas a nível nacional e provincial.

As obras vão estar expostas na FRC até ao dia 3 de Agosto.

23 Jul 2024

FRC | Pintura e caligrafia para ver em “2024 – Flores e Cores”

A Fundação Rui Cunha acolhe até ao dia 20 de Julho a exposição “2024 – Flores e Cores”, uma mostra colectiva de pintura e caligrafia organizada em conjunto com duas associações locais ligadas à cultura chinesa. Um total de 38 alunos criou 45 obras diversificadas recorrendo a materiais como acrílico, óleo ou aguarela

 

Foi ontem inaugurada na Fundação Rui Cunha (FRC) mais uma exposição de caligrafia e pintura que pode ser visitada de forma gratuita na galeria da sede da FRC, situada na Avenida da Praia Grande.

Trata-se da mostra “2024 – Flores e Cores”, uma apresentação colectiva de trabalhos que se tem realizado todos os anos, com orientação dos artistas e professores locais Lee Chau Ping, Hong Ka Yan e Wong Ceoi Lam, e curadoria de Chan Lok Yee, presidente da Chinese Artists Exchange Association – Macau. [Associação de Intercâmbio de Artistas Chineses – Macau].

Esta associação co-organiza a mostra em conjunto com a Associação de Amizade de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau, revelando-se, assim, ao público um total de 45 peças de caligrafia e pintura chinesas, mas também aguarelas e pinturas a óleo e acrílico criadas por 38 alunos, entre turmas adultas e juvenis.

Num comunicado difundido pela FRC, é referido, por parte de Lee Chau Ping, que “esta maravilhosa plataforma de exibição permite que cada participante partilhe as suas produções criativas e os trabalhos elaborados com outras pessoas”.

“Espero que os artistas seniores, de caligrafia e pintura, também possam comentar e oferecer opiniões valiosas para que alunos e professores alcancem a excelência na sua arte”, frisou o mesmo responsável, um dos mentores do evento.

Lee Chau Ping adiantou também que se espera, desta mostra, “que os alunos possam comunicar ideias entre si, observar e aprender, cultivar a literacia cultural, exprimir sentimentos, enriquecer a sua vida espiritual e promover a cultura tradicional chinesa, para alcançar o objectivo de passar a tocha às gerações vindouras”.

Vida artística

Lee Chau Ping dá cursos de pintura e caligrafia por querer “transmitir a outras pessoas as técnicas, conhecimentos e habilidades da Escola de Pintura de Lingnan, que aprendi e conheço bem, retribuindo assim à sociedade”, referiu o artista. O estilo de pintura Lingnan surgiu na província de Guangdong em meados do século XIX, demarcando-se, à época, da pintura no formato mais tradicional que se fazia na China. Os grandes nomes fundadores da Escola de Pintura de Lingnan são Gao Jianfu, Gao Qifeng e Chen Shuren.

Formou-se no Departamento de Design Tridimensional e trabalhou no Departamento Sénior de Design de Interiores do Instituto de Design e Indústria de Hong Kong. Mais tarde, graduou-se na Royal Canadian University, no Canadá, com um mestrado em Administração de Empresas, um doutoramento em Administração pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e um Doutoramento em Administração de Empresas pela Universidade Renmin da China.

Lee Chau Ping trabalhou ainda como designer de interiores por mais de 40 anos, além de ser licenciado em Medicina Chinesa. Fundou a Associação de Amizade de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau em 2000, da qual é presidente.

10 Jul 2024

FRC | Associação de Música Soul actua este sábado

O músico macaense Giulio Acconci junta-se ao próximo concerto que decorre este sábado na Fundação Rui Cunha protagonizado pela Associação de Música Soul de Macau. “Ocean Walker”, o nome do evento, é “inédito”, pois recria o conceito de “pequeno concerto de bolso”, nascido nos EUA

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta este sábado, entre as 17h30 e as 19h, duas sessões do musical em mini-concerto intitulado “Ocean Walker”, um projecto do coro local da Associação de Música Soul de Macau, formado por profissionais e amadores, sob a orientação do compositor e pianista Addison Wong, a quem se junta o músico e artista Giulio Acconci como convidado especial.

Segundo um comunicado, o evento é inédito na galeria da FRC, sendo recriado um pequeno concerto de bolso ao estilo dos Tiny Desk Concerts da NPR Music, uma ideia com grande sucesso nos EUA e a nível internacional via Youtube.

Este coro de música soul, com o nome “Ocean Walker”, vai realizar dois mini-concertos idênticos, cada um de 40 minutos, interpretando vários clássicos de musicais da Broadway.

Antes de cada música haverá uma breve conversa introdutória, onde será apresentado o resumo do musical de origem, a letra destacada e o papel dos personagens que intervêm na respectiva cena. Isso permitirá um maior envolvimento e participação do público. Trata-se de uma produção de teatro musical de pequena escala, incluindo canto a solo e em grupo, coreografia e performance, com direito a coreógrafo, professor de canto e director musical, tudo num espaço limitado de palco.

Raízes musicais

O coro “Ocean Walker” foi fundado em 2021 e tem actualmente 15 cantores residentes, com idades compreendidas entre o período da adolescência e os trinta anos. É conhecido pelas suas performances fortes e enérgicas em palco, com o som coral enraizado na cultura soul e R&B (Rhythm & Blues).

Addison Wong nasceu em Macau e foi para os Estados Unidos estudar música quando tinha 16 anos. Formou-se com um mestrado em Composição Musical, pela Universidade de Oregon, e foi mais tarde nomeado director musical da Bushnell University, onde continuou a reger a sua banda de jazz, coral e orquestra, bem como a leccionar cursos de teoria e composição musical.

De regresso ao território, tem desenvolvido inúmeros projectos pessoais e colectivos nas áreas musicais em que se move, tendo participado já diversas vezes nos concertos “Saturday Night Jazz” da FRC.

4 Jul 2024

Concerto | Jazz na FRC com dois grupos juvenis

Acontece amanhã mais um concerto de jazz na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 21h. Trata-se do concerto mensal “Saturday Night Jazz”, que este sábado recebe os grupos juvenis “Macau Youth Jazz Orchestra” (MYJO) e “Fanfantasy”.

A Orquestra Juvenil de Jazz de Macau (MYJO), da Associação de Promoção do Jazz de Macau (MJPA), foi criada em 2020. É constituída por alunos locais do ensino primário e secundário e está dividida em vários grupos. O grupo principal, dirigido por Gregory Wong, tem o formato de uma pequena Big Band, que consiste numa secção rítmica mais seis instrumentos de metal.

Este mesmo grupo já actuou no Centro Cultural de Macau, no Teatro Dom Pedro V e no festival HUSH Kids! desde 2021. Para este concerto, a banda apresentará repertório das Big Bands de jazz.

Por sua vez, “Fanfantasy” é um grupo formado recentemente por jovens músicos sob orientação da baterista profissional Fanfan Cheung da MJPA. O grupo é composto pelo guitarrista Sang, pelo pianista Kenny, pelo baixista Joviz e pelo baterista Fai. A banda apresentará um conjunto de músicas animadas e energéticas em vários estilos.

A Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA), co-organizadora do Saturday Night Jazz com a FRC desde 2014, é uma associação artística local sem fins lucrativos, criada em 2010. O objectivo da MJPA é promover o jazz junto do público de Macau e proporcionar oportunidades aos músicos locais, contribuindo para múltiplos projectos vocacionados para a juventude e realçando, assim, a característica multicultural do território, aponta um comunicado.

20 Jun 2024

FRC | Mostra de pintura em porcelana com obras de Rui Calado

É hoje inaugurada na Fundação Rui Cunha (FRC) a mostra “Desafios Orientais”, da autoria de Rui Calado. A exposição conta com organização da Casa de Portugal em Macau e está integrada no programa das comemorações do 10 de Junho e do Mês de Portugal em Macau.

Segundo um comunicado da FRC, são apresentados 50 trabalhos de pintura em porcelana, nomeadamente objectos e placas rectangulares, quadradas e redondas, e que se realizaram, ao longo dos últimos quatro anos, “num processo de resposta sistemática e contínua a estímulos indutores de novas realizações”.

“Está bem patente nos trabalhos apresentados que foi o fascínio do Oriente e a notável tradição chinesa na produção deste tipo de artefactos que inspiraram a valorização, através da pintura decorativa, de um conjunto de peças de porcelana branca com formas e tamanhos muito variados”, é referido.

Rui Calado tem uma longa carreira profissional como médico especialista em Saúde Pública e Epidemiologia, exercida em Portugal, Timor-Leste e Macau. Não imaginava vir a aventurar-se pelo trilho das artes, mas “a inquietação e a irresistível atracção por novos desafios” encarregou-se de o seduzir. Conforme relata o próprio, “o encanto e o espanto sentido, aquando da conclusão do primeiro trabalho, foi o detonador desta caminhada, caracterizada pela sistemática procura de novas respostas, de crescente complexidade”.

O atelier da Casa de Portugal em Macau deu-lhe a oportunidade de experimentar esta arte, e o “insistente convite da natureza para enfrentar novos projectos” fez o resto. Não mais largou a porcelana, os coloridos pigmentos, e a magia da mufla que dá vida a cada nova criação, aqui patente nesta sua primeira apresentação em nome individual.

17 Jun 2024

FRC | Debate sobre “UNESCO – Cidades MIL” amanhã

Decorre amanhã, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), uma conferência sobre o conceito de “Cidades MIL” da UNESCO com a presença de Felipe Chibas Ortiz, académico e co-líder, a nível internacional, do Grupo de Inovação da UNESCO Mil Alliance. A moderação da palestra estará a cargo do professor Adérito Fernandes Marcos, decano da Escola Doutoral da Universidade de São José, entidade parceira da FRC nesta iniciativa.

O programa “Cidades MIL”, ou “Paradigma da Literacia da Informação Mediática” foi criado pela UNESCO em 2018, sendo focado na evolução e sinergias criadas em torno de cidades inteligentes, criativas e educativas, sem esquecer o lado sustentável. Trata-se de uma iniciativa que tem por objectivo “integrar as tecnologias digitais emergentes de forma inovadora e ética com as necessidades dos municípios, bairros e organizações”, sem esquecer a sua diversidade.

A ideia é “aumentar literacia mediática e informacional da população, colocando o indivíduo no centro através da educação formal e não formal na compreensão desta nova realidade híbrida (física e digital) que está a ser construída de forma acelerada e algo caótica”, descreve um comunicado da FRC.

Assim, o programa “Cidades MIL” da UNESCO pretende “promover espaços urbanos mais humanos construídos a partir da gestão participativa dos seus líderes e cidadãos através da integração de dados e ciências sociais”, recorrendo a “indicadores e métricas que facilitam práticas transdisciplinares quotidianas que integram plataformas digitais e espaços urbanos de forma participativa”.

Desta forma, a palestra na FRC pretende abordar “os principais conceitos da abordagem da literacia dos media e da informação e a sua evolução para o paradigma das ‘Cidades MIL’, ao mesmo tempo que apresentará alguns casos concretos de ‘cenários MIL’ que estão a ser implementados em todo o mundo”.

12 Jun 2024

FRC | Livro e exposição sobre os “padrões” do património

Eva Bucho, designer, apresenta hoje na Fundação Rui Cunha um livro intitulado “Macau Patterns”, que revela alguns dos padrões mais bonitos e icónicos dos edifícios e demais património do território. O público poderá também visitar, até ao dia 15, a exposição com o mesmo tema

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura hoje, a partir das 18h30, a exposição de fotografia “Macau Patterns” [Padrões de Macau], dedicada a mostrar o olhar da designer Eva Bucho sobre as cores e os formatos de azulejos, paredes ou demais elementos arquitectónicos e decorativos de edifícios e monumentos do território.

O projecto, que conta com o apoio do Instituto Internacional de Macau (IIM), Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a cafetaria Cuppa Coffee, integra-se no cartaz das comemorações oficiais do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, e traz ainda ao público uma exposição com o mesmo nome e com algumas das imagens que estão no livro. A mostra ficará patente na galeria da FRC até ao dia 15 de Junho.

Segundo um comunicado da organização, Eva Bucho recolheu para este projecto fotográfico uma diversidade de imagens que retratam o seu interesse especial em “padrões” encontrados no património local, nomeadamente em edifícios, na arquitectura, nos azulejos, nos ornamentos, e nos pavimentos distribuídos pelas freguesias de Macau, nomeadamente a Sé, São Lourenço, São Lázaro, Santo António e Nossa Senhora de Fátima.

Relativamente ao livro, este será editado em três línguas (português, inglês e chinês), pelo IIM e apoiado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) e pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Trata-se de uma edição que “incorpora os trabalhos registados ao longo de dois anos”, sendo “uma compilação de módulos e padrões recolhidos não só em fotografias, mas também em desenhos vectoriais”.

Um olhar de memórias

Citada pelo mesmo comunicado, Eva Bucho realça que este livro “é uma memória fotográfica através do meu olhar”. “Embora tenha chegado a Macau apenas em 2016, ao longo dos anos tenho-me encantado com o padrão cultural de Macau, nomeadamente com os seus pequenos padrões, na medida em que conservam uma presença permanente em Macau”, destacou.

O programa das celebrações do 10 de Junho inclui diversas iniciativas culturais. Esta semana, quinta-feira, será inaugurada a exposição do pintor Diogo Muñoz no Albergue SCM, enquanto na sexta-feira é dia do lançamento, a título póstumo, da obra “Vulgaridades Chinesas”, de J.J. Monteiro, uma edição do IIM. Nesse mesmo dia decorre o concerto dos portugueses Capitão Fausto, que se juntam no palco do MGM Cotai a David Huang.

4 Jun 2024

FRC | Académico de HK apresenta estudos sobre os primeiros mapas chineses

“Mapeando a China e Mapeando o Mundo” é o nome da palestra que acontece hoje na Fundação Rui Cunha, a partir das 19h, e que conta com a presença de Marco Caboara, professor de cartografia da Universidade de Ciências e Tecnologia de Hong Kong. O autor irá falar dos primeiros mapas ocidentais da China e dos estudos que tem desenvolvido nessa área

 

Decorre hoje, na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 19h, a palestra “Mapping China and Mapping the World”, com a presença do académico Marco Caboara, professor de História da Cartografia e da Ciência na Universidade de Ciências e Tecnologia de Hong Kong (HKUST). Esta conferência integra-se no “Ciclo de Palestras Públicas de História e Património”, que fazem parte da agenda habitual da FRC e que acontecem em parceria com o Departamento de História e Património da Universidade de São José.

Marco Caboara, que até muito recentemente foi curador da colecção de mapas ocidentais antigos da China na biblioteca da HKUST, vai falar sobre a influência mútua dos mapas europeus e ocidentais na criação dos primeiros mapas europeus da China e dos primeiros mapas chineses do Mundo.

O foco de a palestra será o mapa de Mateus Ricci de 1602, sendo que o autor irá também falar do seu mais recente livro, intitulado “Regnum Chinae: The Printed Western Maps of China to 1735” [Regnum Chinae: Os Mapas Ocidentais Impressos da China até 1735], uma edição da Brill. Além disso, a conferência irá ainda abordar os estudos mais recentes deste autor, incluídos na obra “Remapping the World from East Asia: Towards a Global History of the ‘Ricci Maps’”, publicado pela University of Hawaii Press em Fevereiro deste ano.

Origens italianas

Segundo um comunicado da FRC, Marco Caboara é natural de Génova, Itália, um lugar “onde a prisão que viu Marco Pólo escrever o seu ‘Il Milione’ fica a uma curta caminhada da casa de Cristóvão Colombo”. Trata-se, portanto, de origens ligadas a figuras pioneiras na descoberta do mundo e que contribuíram para o seu mapeamento, o que incentivou o académico a seguir essa área de estudos.

Marco Caboara “cultivou desde cedo um interesse por viagens e, especialmente, pela relação entre a Europa e a China”, refere a sua biografia, tendo estudado História, Linguística e Chinês na Scuola Normale Superiore de Pisa, na Universidade de Pequim e na City University de Hong Kong.

Além disso, fez o doutoramento na Universidade de Washington, Seattle, com um estudo sobre as características linguísticas dos manuscritos clássicos de bambu chineses. Recentemente, concluiu a cartobibliografia abrangente dos mapas ocidentais da China de 1580 a 1735, publicada pela Brill, e está agora a trabalhar com manuscritos chineses e mapas impressos produzidos durante o mesmo período.

16 Mai 2024

FRC | Seminário sobre filantropia empresarial amanhã

Decorre amanhã, na Fundação Rui Cunha (FRC), entre as 18h30 e as 20h, um seminário sobre filantropia empresarial organizado em parceria com a Faculdade de Direito e Gestão da Universidade de São José (USJ), o Instituto Ricci de Macau e a revista Macau Business.

Cabe ao director do Instituto Ricci, Stephan Rothlin, a apresentação do evento, cujos oradores são os vencedores do Primeiro Prémio Deignan para o Empreendedorismo Responsável (DARE) 2022-2023 e personalidades como Loh Seow Yuen, directora-geral da empresa de recursos humanos MSS Recruitment, Rui Pedro Cunha, director-geral da C&C Lawyers, e José Carlos Matias, jornalista e director da revista Macau Business. O seminário será moderado por Jenny Phillips, directora da Faculdade de Direito e Gestão da USJ.

Segundo um comunicado da organização do evento, os oradores irão “partilhar os valores associados às organizações que lideram e com os quais orientam as suas acções filantrópicas”. Pretende-se ainda, com o fórum, “responder como as capacidades em termos de gestão e know-how [conhecimento] podem ser cruciais para ajudar indivíduos e grupos quando enfrentam crises graves”.

A edição deste ano dos prémios DARE arranca oficialmente a 20 de Maio. Este é um concurso destinado às pequenas e médias empresas de Macau e Hong Kong que tem por objectivo “promover práticas empresariais responsáveis e sustentáveis e documentar a forma como os valores fundamentais confuccionistas e cristãos podem ser desenvolvidos no meio de um mercado extremamente competitivo”. O evento é coorganizado pelo Instituto Ricci de Macau, a USJ e a Wofoo Social Enterprises.

13 Mai 2024

FRC acolhe este sábado recital com estudantes da UPM

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe este sábado, a partir das 17h, o evento “Recital Conjunto de Estudantes de Música da UPM [Universidade Politécnica de Macau]”, integrado na série de concertos musicais “Os Sons da Praia Grande”, co-organizado pela Associação Vocal de Macau.

O programa contará com a presença da mezzo-soprano Xiangbing Liu, que venceu a medalha de ouro no “Concurso Vocal de Estudantes Modelo da China” por três anos consecutivos, e ainda a medalha de prata no “Concurso Vocal Profissional de Hong Kong” em 2023. A ela se juntarão as sopranos Changkun Lei, Shuangrong Wu, e Shuting Xiong, todas a frequentar o segundo ano do curso de Música da UPM, sob orientação das professoras Wang Xiao e Mai Jiali.

O acompanhamento será da responsabilidade da pianista May Poon, professora da UPM e pianista convidada da Orquestra de Macau. Esta foi uma “Jovem Artista Steinway” galardoada pela prestigiada competição internacional do famoso fabricante “Steinway & Sons”. Além da extensa lista de participação em competições, festivais e recitais a nível mundial, a pianista é também requisitada com frequência como júri de performances e competições a nível regional.

Destaque aos clássicos

A música seleccionada para a sessão inclui peças clássicas de compositores como o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, o francês Georges Bizet, os alemães Robert Schumann e Richard Strauss, os italianos Francesco Paolo Tosti e Pietro Mascagni, o coreano Yoon Hakjun, e os chineses Wang Long e Gao Weijie, além de canções folclóricas da Mongólia Interior.

“Bel Canto” é um termo italiano criado no século XVIII e que representa “a expressão máxima da voz humana”, tendo inspirado a série de iniciativas que a FRC tem desenvolvido nos últimos anos na área da música clássica. “Bel Canto” é “uma técnica vocal que enfatiza a beleza do som e a capacidade técnica do artista, em vez da expressão dramática ou da emoção romântica, sendo ainda hoje ensinada em moldes semelhantes aos do passado”.

10 Mai 2024

FRC | Docente de Hong Kong fala hoje sobre Macau no cinema

“Imagens de Macau em Movimento: A Visão da Região Administrativa Especial no Século XXI” é o título de mais uma palestra que hoje decorre na Fundação Rui Cunha a partir das 19h. A protagonista será Stacille Ford, professora da Universidade de Hong Kong, que irá falar da representação cinematográfica sobre Macau

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 19h, a conferência “Macau’s Moving Images: Screening the SAR in the 21st Century” [Imagens de Macau em Movimento: A Visão da Região Administrativa Especial no Século XXI], com Stacilee Ford, professora assistente no departamento de História da Faculdade de Artes da Universidade de Hong Kong. Esta conferência insere-se no “Ciclo de Palestras Públicas de História e Património”, realizada entre a FRC e a Universidade de São José.

A ideia é falar da forma como Macau tem sido representada nos últimos anos nas mais variadas vertentes artísticas. “Desde a viragem do século XXI, as histórias cinematográficas sobre as pessoas e lugares de Macau progrediram muito além dos habituais retratos de cariz exótico que eram usados pela Hollywood dos tempos da Guerra Fria. No entanto, imagens, temas e enredos familiares mais tradicionais continuam a passar para as telas contemporâneas”, descreve a organização, em comunicado.

Assim, esta palestra aborda “o que mudou, ou não, e o que os filmes recentes nos contam sobre a história, a identidade de Macau e a importância do lugar desta Região Administrativa Especial da China, na intersecção dos fluxos transnacionais e globais”.

A oradora apresentará uma selecção contextualizada de documentários e de cinema independente e comercial do início deste século, onde se incluem destacados filmes como “Adeus Macao” de Evans Chan, do ano 2000, “Sisterhood” de Tracy Choi, de 2016, “A City Called Macau” de Li Shaohong, filme de 2018, e “One More Chance” de Anthony Pun, realizado no ano passado.

Estudos e livros

Stacilee Ford possui relevante trabalho de investigação no programa de estudos de género da Universidade de Hong Kong, sendo historiadora cultural com pesquisa feita nas áreas de estudos transnacionais americanos, história das mulheres e de género e produção cultural interasiática.

A académica reside em Hong Kong desde 1993 e tem-se dedicado ao ensino, investigação e à publicação de artigos e livros sobre mulheres e comunidades americanas em Hong Kong e Macau, sobre o cinema de Hong Kong e ainda sobre as mudanças geracionais na região da Ásia-Pacífico. O seu interesse particular tem sido a identidade cultural e as mudanças históricas articuladas no cinema, na televisão, na internet, na educação, na literatura, na gastronomia e na cultura de consumo de Hong Kong e Hollywood. É autora do livro “Troubling American Women: Narratives of Gender and Nation in Hong Kong”, publicado em 2011 pela Hong Kong University Press.

8 Mai 2024

FRC | Inaugurada hoje mostra sobre caligrafia e pensamento sino-português

É hoje inaugurada na Fundação Rui Cunha, a partir das 18h30, a exposição “Caligrafia do Pensamento em Português e Chinês”, da autoria de Fernando António e Choi Chun Heng. O público pode, assim, ver, 60 obras que espelham 30 pares de aforismos em português e chinês, pintados com recurso à caligrafia

 

Quem aprecia a arte da caligrafia pode ver, a partir de hoje, às 18h30, na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC), uma nova exposição. Trata-se de “Caligrafia do Pensamento em Português e Chinês”, da autoria dos artistas Fernando António e Choi Chun Heng. A mostra reúne, no total, 60 obras com 30 pares de aforismos representados pela arte da caligrafia nas duas línguas de Macau, o português e o chinês.

Segundo um comunicado da FRC, o projecto que agora se apresenta nasceu pela mão de Fernando António que, já nos tempos de escola, começou a sentir interesse pela caligrafia. Citado pelo mesmo comunicado, Fernando António revelou que depois, ao longo da vida adulta, continuou “a praticar nas décadas seguintes e a melhorar substancialmente as capacidades”.

“Ao longo dos anos, tive a oportunidade de ter aulas de caligrafia e pintura tradicional chinesa, onde aprendi sobre o pincel chinês Hui e a tinta Hui, bem como o papel Xuan (papel de arroz) com o seu sabor distinto”, acrescentou.

Foi assim que surgiu a Fernando António a ideia de “escrever caligrafia portuguesa”, uma experiência que o “satisfez e agradou a outros”.

A pares

Quando percebeu que a sua ideia tinha sido bem-sucedida, Fernando António convidou o mestre de caligrafia Choi Chun Heng para fazer a exposição conjunta que agora se apresenta ao público. A ideia era expressar pensamentos caligrafados nas duas línguas oficiais de Macau.

Fernando António é um calígrafo e coleccionador local, além de ser presidente do Conselho Fiscal da Associação de Pintura e Caligrafia do Oriente de Macau. O seu nome já esteve presente na terceira exposição de obras dos membros da referida associação, co-organizada pela FRC em Setembro de 2019.

Já Choi Chun Heng é amador de caligrafia, pintura, música, arte popular e coleccionismo, sendo também presidente da Casa de Arte Da Feng Tang de Macau. Actualmente aposentado da Administração Portuguesa, tem-se dedicado à arte como instrutor do curso de formação em caligrafia chinesa na Universidade de Macau, além de diversas escolas primárias e secundárias e outras associações locais. Nos últimos 20 anos realizou muitas exposições de caligrafia e pintura em Hong Kong, Macau, Taiwan e outras cidades da região. O seu trabalho ganhou o Campeonato de Caligrafia de Macau em 1989, tendo apresentado programas de educação moral como “Disciple Rules” e “Normal Mind – Ordinary Things”, exibidos nos canais de televisão de Macau. A exposição na FRC fica patente até ao dia 18 de Maio.

6 Mai 2024

FRC | Leitura e partilha de livros para a infância amanhã

Decorre amanhã, a partir das 10h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), uma sessão dedicada ao universo da literatura infantil, intitulada “De Pequenino se Torce o Pepino: Literatura Infantil”, no âmbito do ciclo “Conversas sobre o Livro”. Trata-se de uma iniciativa organizada em parceria com a Associação dos Amigos do Livro em Macau, o Instituto Internacional de Macau e a editora Mandarina, com o objectivo de comemorar o “Dia da Leitura Conjunta em Toda a Cidade de Macau”.

Esta será uma sessão de leitura, com o intuito de perceber quais as histórias preferidas dos mais pequenos e porque gostam de ler. O evento pretende ser uma “agradável partilha de experiências”, com a presença de Sara Augusto e Shee Vá na leitura de textos e poemas. O público é convidado a levar livros para uma sessão conjunta de leitura.

Shee Vá, representante da Associação dos Amigos do Livro em Macau, defende que “ler faz bem à saúde porque exercita a imaginação e a criatividade, além de enriquecer o vocabulário, contribuindo para a fluência da linguagem escrita e falada”. Trata-se, para o médico e autor, de benefícios “que adquirem maior valor se forem cultivados na infância”. A conversa será realizada em português, chinês e, eventualmente, em inglês, conforme os participantes e as leituras sugeridas.

3 Mai 2024

FRC | Sandro Mendonça fala hoje do impacto das ‘Big Tech’

Sandro Mendonça, recentemente nomeado Fellow Economist da Comissão Europeia, estará hoje na Fundação Rui Cunha para falar das cinco grandes empresas tecnológicas Apple, Microsoft, Google, Amazon e Facebook e da ligação ao mercado europeu. Ao HM, declara que Macau começa a ter bons exemplos na área da tecnologia

Marcas como Apple, Microsoft, Google, Amazon e Facebook fazem parte do dia-a-dia de cada um de nós. Nas regiões administrativas especiais é comum o uso de aparelhos criados por Steve Jobs, bem como a rede social de Mark Zuckenberg, enquanto na China aposta em alternativas, com a Baidu, Tencent, ByteDance ou Temu.

O posicionamento que as cinco empresas tecnológicas ocupam no mundo e, em particular, no mercado europeu será hoje tema de uma conferência promovida pela Fundação Rui Cunha (FRC) e que conta com a presença de Sandro Mendonça, professor associado do departamento de economia do ISCTE Business School – Escola de Negócios do Instituto Universitário de Lisboa, cronista da Macau Business. O académico foi recentemente nomeado Fellow Economist da Comissão Europeia, para liderar um projecto de análise ao papel e impacto das Big Tech na Europa até 2040.

Aliás, esse será o âmbito da conferência que irá apresentar na FRC, intitulada “The Future of Big Tech” [O Futuro das Grandes Tecnológicas].

Ao HM, Sandro Mendonça destaca que estas empresas dominam “de forma consistente” o sector tecnológico mundial desde 2010, tanto em “termos de capitalização bolsista, lucros ou alcance nos mercados internacionais”. As cinco grandes empresas “estão por todo o lado”, quer “nos sistemas operativos móveis e fixos, na busca na Internet, nas redes sociais, nas vendas por comércio electrónico ou no armazenamento de dados empresariais em nuvem”. Com menor presença na China, embora no país o Windows “esteja por todo o lado, assim como os Iphones”, estas tecnológicas “estão fortemente em Macau e Hong Kong”.

“Quando lançamos o escrutínio sobre estas gigantes megapolistas, alguns padrões vêm ao de cima. É notório que nenhuma delas é europeia, tendo, todas o seu quartel-general nos EUA.”

O académico destaca ainda “um facto central que pode ser chocante”, no sentido em que “o investimento destas tecnológicas em investigação e desenvolvimento, num só ano, é maior do que todo o esforço conjunto nesta área que os 27 países da União Europeia fazem num programa-quadro, ou seja, em sete anos”.

Sandro Mendonça coordenou um estudo sobre a presença destas cinco empresas no mercado europeu para o Directorado-Geral da Investigação e Inovação (DG Research) em Bruxelas, intitulado “O Futuro das Grandes Tecnológicas na Europa” [The Future of Big Tech”, já publicado.

“Fome de inovação”

Segundo um comunicado da FRC, a conferência de hoje alerta para o facto de estas “Big Tech” terem vindo “para ficar”, tratando-se de empresas que “não conseguem estar paradas, tendo fome de inovação”.

Citado pela mesma nota, Sandro Mendonça destaca que as “grandes empresas tecnológicas aproveitam as infra-estruturas em nuvem, os modelos de negócio das plataformas digitais e, cada vez mais, as tecnologias de Inteligência Artificial, para captar áreas de mercado em expansão e alcançar um desempenho superior”, embora continuem a estar mais ausentes do mercado europeu. Há ainda “outros gigantes internacionais a aproximarem-se, como a Alibaba ou a Tencent”.

Desta forma, Sandro Mendonça irá debruçar-se sobre o papel da Europa “numa economia totalmente orientada para o mercado” e ainda sobre “as soluções convencionais, como a regulamentação e a política de concorrência”, e se estes instrumentos serão “suficientes para lidar com as repercussões” oriundas do posicionamento destas empresas.

“Será altura de passarmos à fase neoliberal e de nos envolvermos num activismo industrial informacional do tipo disruptivo? Ou, pelo contrário, será que o incremento da descentralização empresarial resolverá quaisquer falhas temporárias de competitividade e governação europeias?”, questiona o responsável.

Questionado pelo HM sobre a ligação destas grandes empresas tecnológicas ao mercado chinês, o académico defende que o país saído do processo de reforma e abertura liderado por Deng Xiaoping “nunca se deixou enfeitiçar pelo mercado”.

“A China usou o mercado, mas não se deixou levar por ele. Parece-me que a China dos nossos dias tem uma base inovadora endógena, o que lhe dá centralidade e criatividade. Dá-lhe também maior autonomia e maior segurança, pois está menos sujeita a chantagens que outros lugares que são dependentes de outros para efeitos de tecnologia, segurança e sistemas financeiros”, declarou.

Bons exemplos de Macau

Numa altura em que o Governo local quer apostar no sector da tecnologia para diversificar a economia, o HM questionou Sandro Mendonça quanto às reais capacidades do território para o fazer.

O autor declarou que o “futuro está perto”, pelo facto de Macau estar incluído no “Silicon Valley chinês”, ou seja, a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Contudo, na hora de fomentar o desenvolvimento, Sandro Mendonça deixa um alerta: “Macau só serve aos residentes, à China e ao mundo se continuar a ser Macau”, preservando a sua identidade.

“Dou um exemplo real e prático, que já é um caso significativo que resulta da cooperação entre Zhuhai, Hengqin e Macau. Hengqin conseguiu atrair uma jovem engenheira de Pequim, Lyu Jinyan, para um projecto radicalmente importante para a China, o desenvolvimento de biomateriais para a área médica.”

Neste contexto, foi lançado, no final do ano passado, “um produto complementar a esta agenda de longo prazo”, intitulado “Machloom 麥士能”, virado “para o bem-estar e reparação da fadiga cerebral”, que já marca alguma presença em farmácias locais e que “ostenta o símbolo das Ruínas de São Paulo no símbolo comercial” do produto.

Outro exemplo de sucesso destacado por Sandro Mendonça diz respeito às empresas “e-Research Solutions” e da “uMax Data Technology”, consultoras e tecnológicas fundadas por Angus Cheong, formado na Universidade de Macau.

Angus Cheong lançou um instrumento multi-modal movido a inteligência artificial chamado DiVoMiner”. Sandro Mendonça lamenta a pouca visibilidade que este projecto tem a nível local. “Tudo isto é mais conhecido lá fora do que em Macau. Lá fora [Angus Cheong] é conhecido, escutam a sua opinião. Não sei porque estas empresas, de raiz local, não são mais conhecidas.”

Papel dos portugueses

“Vejo aqui o papel histórico de Macau, uma área híbrida em que novas propostas de negócio ganham uma camada cultural que lhes agrega valor e potencial para escalar internacionalmente”, referiu o académico, que aponta “o grande trabalho de contexto” que se encontra em curso, também feito “por portugueses que acreditam nas virtudes das boas relações Oriente-Ocidente”.

Sandro Mendonça destaca os casos de Rui Pedro Cunha, presidente da Câmara de Comércio Macau-Europa, Bernardo Mendia, na qualidade de secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, e ainda Rodrigo Brum, que deixou o Fórum Macau há uns anos para fundar a Câmara de Comércio e Indústria dos Países de Língua Portuguesa na Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau (China). “Estamos com boas dinâmicas em curso. Espero que prossigam, pois não é cedo”, remata.

A palestra de hoje começa às 18h30 e integra-se no ciclo “Roda de Ideias” promovido pela FRC. Sandro Mendonça está de regresso a Macau depois de, em Abril, ter falado, também na FRC, sobre “A Mudança nas Comunicações: Do 5G à IA através das Plataformas Digitais”.

2 Mai 2024

Concerto | Trio Mark Leung e músicos locais amanhã na FRC

É já amanhã que a galeria da Fundação Rui Cunha acolhe mais um espectáculo de jazz. Os protagonistas são o Trio Mark Leung, composto por músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos e colaboradores da Associação de Promoção de Jazz de Macau. Este é mais um evento incluído na série de espectáculos “Saturday Nigh Jazz” e serve de celebração aos 12 anos da FRC

 

Escreve-se amanhã mais um capítulo na história da iniciativa “Saturday Night Jazz”, criada pela Fundação Rui Cunha (FRC) para promover a música que se faz a nível local e também regional. A partir das 21h é possível ouvir composições de jazz tocadas pelo Trio Mark Leung, com músicos de Hong Kong, que se juntam aos músicos da Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA, na sigla inglesa), presença habitual na FRC na realização deste tipo de iniciativas.

O concerto serve para celebrar o 12.º ano da FRC, um projecto que nasceu da mente do advogado Rui Cunha para promover a cultura local, mas também a dinamização do Direito de Macau.

O Trio Mark Leung adoptou o nome do seu guitarrista, que se junta ao baterista Felix Leung e ao baixista Kiu Fung Lee. Mark Leung esteve em Macau em Março do ano passado, quando apresentou o seu projecto mais regular, o “Olá Jazz Guys”.

O guitarrista fundou a “Olá School of Music” para desenvolver estudos de performance e educação musical no território vizinho, sendo também fundador da Free Music Association (FMA).

Mark Leung é ainda membro da Sociedade de Compositores e Autores de Hong Kong (CASH), além de ser considerado “um velho amigo” da MJPA, tendo inclusivamente estudado em Portugal com o músico de jazz Zé Eduardo, nome também habitual na cena local do jazz.

Segunda parte local

Se o espectáculo abre com o Trio Mark Leung, encerra com músicos de Macau e habituais colaboradores da MJPA, nomeadamente o guitarrista Mars Lei, seu presidente e nome habitual nestas iniciativas. Segundo a FRC, “os habituais artistas residentes irão tocar clássicos do jazz com a ajuda dos colegas de Hong Kong”.

Desde 2014 que o evento “Saturday Night Jazz” é organizado pela FRC em parceria com a associação, que é formada “por amantes de jazz que regularmente tocam, ensinam e exploram os vários estilos deste género musical, no âmbito de múltiplos projectos vocacionados para a juventude”.

26 Abr 2024