Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Correspondentes cancelam prémios de jornalismo de Direitos Humanos O Clube de Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong cancelou ontem a edição deste ano dos prémios de jornalismo sobre Direitos Humanos alegando preocupações com a possibilidade de infracção da lei local, que impõe “linhas vermelhas” aos jornalistas. Os vencedores da 26.ª edição destes prémios seriam anunciados em 3 de Maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O presidente do Clube dos Correspondentes Estrangeiros, frequentado por jornalistas, advogados, empresários e diplomatas em Hong Kong, disse que a decisão “difícil” foi tomada depois de uma reunião da direcção. “Sei que é uma decisão fora do comum quando o processo estava já muito avançado”, disse Keith Richburg, num comunicado. “Nos últimos dois anos, os jornalistas em Hong Kong operaram sob ‘linhas vermelhas’ que delimitam o que está e não está autorizado, mas há áreas significativas de incerteza e não queremos infringir a lei de forma involuntária. É neste contexto que decidimos cancelar os prémios”, lê-se na nota divulgada hoje. Richburg, um antigo correspondente norte-americano e hoje director do Centro de Estudos de Jornalismo e Meios de Comunicação da Universidade de Hong kong, disse que o clube continuará a promover a liberdade de imprensa, “reconhecendo que os desenvolvimentos recentes poderão requerer mudanças na estratégia”. Vem de longe Os Prémios de Jornalismo de Direitos Humanos começaram a ser entregues em 1996, numa iniciativa organizada pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros, a organização não-governamental Amnistia Internacional e a Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA, na sigla em inglês). No sábado passado, a HKJA, a maior associação de jornalistas de Hong Kong, realizou uma reunião extraordinária para debater o futuro da organização, incluindo a dissolução. No final, o presidente da HKJA, Ronson Chan, afirmou que a associação continuará a existir “num futuro próximo”. A associação tem estado sob pressão governamental, com o secretário da Segurança do executivo da cidade a ter posto em causa a sua neutralidade política. Já o Clube de Correspondentes Estrangeiros está em conversações com o Executivo de Hong Kong para a renovação do contrato de arrendamento do ofício em que está instalado, que termina em Janeiro de 2023.