G20 | Xi anuncia melhorias na iniciativa Uma Faixa, Uma Rota

O Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou ontem o apoio aos países em desenvolvimento, na cimeira do G20, incluindo a promoção da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ de “alta qualidade”, o plano estratégico de infra-estruturas de Pequim.

“A China sempre foi um membro do Sul Global e um parceiro fiável e duradouro para os países em desenvolvimento”, sublinhou Xi, durante um discurso na cimeira, que decorre no Rio de Janeiro, em declarações transmitidas pela televisão estatal chinesa CCTV.

Xi, que utiliza frequentemente estes fóruns internacionais para promover a liderança chinesa entre os países em desenvolvimento, anunciou uma série de iniciativas, incluindo a promoção de uma “rede de ligações” de alta qualidade e “tridimensional”, incluindo uma “Rota da Seda” ecológica e digital, no âmbito da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’.

O projecto-chave da administração de Xi atingiu um marco importante, na semana passada, com a inauguração, no Peru, do porto de Chancay, promovido como “ponto de partida para um novo corredor” entre a Ásia e a América Latina.

A infra-estrutura vai dar ao Brasil, por exemplo, acesso ao Oceano Pacífico, reduzindo o tempo e custo no comércio com a Ásia, o destino mais importante das exportações brasileiras.

Xi Jinping disse também que o país vai criar um Centro de Investigação para o Sul Global, para aumentar a cooperação em sectores como a segurança alimentar, e que vai trabalhar com os países africanos para dar seguimento aos compromissos assumidos no Fórum de Cooperação China-África, que se realizou em Setembro, em Pequim.

A China prometeu 50,7 mil milhões de dólares para financiar o desenvolvimento do continente africano nos próximos três anos.

Injecção de conhecimento

Xi manifestou o apoio à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, lançada na segunda-feira na sessão de abertura da cimeira do G20.

O líder chinês indicou ainda que, juntamente com o Brasil, a África do Sul e a União Africana, Pequim vai promover a “Iniciativa Internacional de Cooperação Científica”, bem como intercâmbios com o Sul Global em domínios como a digitalização, a educação e a luta contra a corrupção, sem adiantar mais pormenores.

Xi também defendeu o comércio livre e propôs a redução das taxas alfandegárias para os países menos desenvolvidos que mantêm relações diplomáticas com a China, um discurso que tem incentivado na sequência da vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos.

20 Nov 2024

Fórum Faixa e Rota termina com acordos de 97,2 mil milhões

O 3º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota terminou ontem em Pequim com acordos comerciais no valor de 97,2 mil milhões de dólares, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Wang declarou numa conferência de imprensa que o fórum foi “um sucesso total”, uma vez que “todas as questões da agenda” foram abordadas, o que mostrou aos representantes dos 110 países presentes que “não vieram falar por falar”.

O ministro afirmou ainda que a China está empenhada em construir uma “economia global aberta” e em desenvolver uma “economia digital com um ambiente não discriminatório”. Segundo o chefe da diplomacia chinesa, o Fórum terminou ainda com 458 acordos e mais de cem mil oportunidades de formação.

Xi Jinping, Presidente da China, disse que o país vai abrir ainda mais o “comércio transfronteiriço e o investimento nos serviços e expandir o acesso ao mercado de produtos digitais” e reformar as empresas estatais e grupos que atuam na economia digital, os direitos de propriedade intelectual e os contratos públicos.

De acordo com dados do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, a iniciativa lançou mais de 3.000 projetos na última década, com um investimento conjunto de cerca de um bilião de dólares, e criou 420.000 postos de trabalho.

Designado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, em 2013, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. A construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas voltaria a ligar o leste da Ásia e a Europa, através da Ásia Central.

Mas a iniciativa tornou-se, entretanto, no principal programa da política externa de Xi Jinping. Na última década, mais de 150 países em todo o mundo aderiram à Faixa e Rota.

Segundo um estudo realizado pela AidData, unidade de pesquisa sobre financiamento internacional, com sede nos Estados Unidos, nos primeiros cinco anos desde o lançamento (2013-2017), a China financiou, em média, 83,5 mil milhões de dólares por ano em projetos de desenvolvimento no estrangeiro, cimentando a liderança como principal financiadora internacional.

O aumento líquido, de 31,3 mil milhões de dólares por ano, em relação aos cinco anos anteriores (2008-2012), é equivalente ao financiamento anual médio dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição, no período 2013-2017.

20 Out 2023

Faixa e Rota | Iniciativa apontada como modelo alternativo de desenvolvimento

O Governo chinês enalteceu ontem a Iniciativa Faixa e Rota, que celebra este mês dez anos, como um modelo alternativo de desenvolvimento económico que foge “à velha mentalidade dos jogos geopolíticos”

 

“Nos últimos 10 anos, os resultados frutíferos e o crescente círculo de amigos que integram a Faixa e Rota provam plenamente que a iniciativa não se envolve num círculo fechado e estreito, transcende a velha mentalidade dos jogos geopolíticos e cria um novo paradigma de cooperação internacional”, disse Li Kexin, director do ministério dos Negócios Estrangeiros para os assuntos económicos internacionais, na apresentação de um relatório sobre o programa.

Designado pelo líder chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. Na última década, no entanto, a Faixa e Rota adquiriu dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa.

Segundo dados da AidData, unidade de pesquisa sobre financiamento internacional, com sede nos Estados Unidos, nos primeiros cinco anos desde o seu lançamento (2013-2017), a China financiou, em média, 83,5 mil milhões de dólares (79,3 mil milhões de euros) por ano em projectos de desenvolvimento no estrangeiro, cimentando a liderança do país como principal financiador internacional.

O aumento líquido, de 31,3 mil milhões de dólares (21,7 mil milhões de euros) por ano, em relação aos cinco anos anteriores (2008-2012), é equivalente ao financiamento anual médio dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição, no período 2013-2017. A Faixa e Rota foi acompanhada também pela fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional.

Desde que foi lançada, a iniciativa apoiou projectos desenvolvidos principalmente por empresas de construção chinesas e financiados por empréstimos concedidos por bancos de desenvolvimento chineses.

O objectivo oficial é impulsionar o comércio e o investimento e melhorar as ligações entre a China e o resto do mundo. Os analistas atribuem ao programa o mérito de ter canalizado fundos necessários para os países pobres, mas dizem que houve efeitos negativos.

Estado líquido

Um estudo divulgado na segunda-feira pelo Centro de Políticas de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston observou que a China “adicionou um Banco Mundial ao mundo em desenvolvimento”. “Isso não é pouca coisa e é muito apreciado pelos países em desenvolvimento”, disse Kevin Gallagher, diretor do centro.

Mas o mesmo estudo referiu que muitos beneficiários de empréstimos chineses estão agora a sofrer com excesso de endividamento e falta de liquidez. Além disso, centrais eléctricas financiadas pela China estão a emitir cerca de 245 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, aumentando as emissões de gases com efeito de estufa que alteram o clima.

Gallagher notou que a iniciativa mudou para um novo paradigma, apelidado de “pequeno e belo”, que favorece projectos mais pequenos e energias renováveis. O volume dos empréstimos chineses para o desenvolvimento diminuiu nos últimos anos, em parte porque a China aprendeu com as crises de dívida em vários países e também porque tem menos dinheiro para emprestar à medida que a sua própria economia abranda.

Cong Liang, um alto funcionário da principal agência de planeamento da China, disse durante a divulgação do relatório sobre a iniciativa que o país vai aderir ao “princípio da dívida sustentável” e trabalhar com os países endividados para criar um “sistema de financiamento e investimento sustentável e controlável pelo risco”.

Outra via

A iniciativa faz também parte dos esforços da China para elevar o seu estatuto internacional e contrapor-se às críticas dos Estados Unidos ao seu regime comunista e histórico de violações dos Direitos Humanos. Os líderes chineses acusam os EUA de tentar impor os seus princípios a todos os países e defendem que o seu sistema oferece uma abordagem diferente, que não interfere nos assuntos internos de outros Estados soberanos.

“Já não é aceitável que apenas alguns países dominem o desenvolvimento económico mundial, controlem as regras económicas e usufruam dos frutos do desenvolvimento”, lê-se no documento. A terceira edição do fórum dedicado ao principal programa da política externa de Pequim realiza-se entre os dias 17 e 18 de Outubro. Cerca de 90 países confirmaram já a sua participação, segundo fontes do Governo chinês.

11 Out 2023