João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | MICE deu instruções “precisas” para repor “regular funcionamento” Face ao desconhecimento “oficial” por parte da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) da intenção de construir um novo bloco na EPM, o ministro da Educação, Ciência e Inovação diz estar a acompanhar a situação e indica que Jorge Neto Valente foi nomeado pelo anterior ministro O ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal afirma estar “vigilante” face ao funcionamento da Escola Portuguesa de Macau (EPM) e defende que os representantes do Estado português na Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) receberam “instruções precisas para a reposição do regular funcionamento da EPM”. Foi desta forma que Fernando Alexandre reagiu, ao HM, através do seu gabinete, quando questionado sobre o recente diferendo entre o presidente da FEPM, nomeado pelo Estado português, e a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), sobre o anúncio da construção de um novo bloco, que não terá sido discutido pelo Conselho de Administração da FEPM. “O actual Ministro da Educação, Ciência e Inovação está vigilante quanto ao funcionamento da EPM e tem-se mantido permanentemente informado, tendo sido transmitidas aos representantes do Estado português instruções precisas para a reposição do regular funcionamento da EPM”, pode ler-se, na resposta enviada ao HM. Na semana passada, Jorge Neto Valente, na condição de presidente da FEPM, revelou a intenção de construir um novo bloco no edifício onde funciona a escola e considerou que a concessão do terreno onde está o edifício da EPM tinha expirado em 2014. O anúncio apanhou de surpresa a APIM, concessionária do terreno, que através de um comunicado, enviado ao Canal Macau, afirmou desconhecer oficialmente a intenção para a construção de um bloco. Na mensagem assinada por Miguel de Senna Fernandes, presidente da APIM e vice-presidente da FEPM, consta também que o assunto não foi discutido pelo Conselho de Administração da FEPM. O comunicado recusa ainda ter havido qualquer caducidade do terreno em 2014. O ministério não detalhou as instruções emitidas na resposta ao HM, mas em Agosto do ano passado, depois de uma fiscalização realizada pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) ao funcionamento da EPM, Fernando Alexandre deixou uma correcção ao funcionamento do Conselho de Administração da FEPM, sublinhando a necessidade de as decisões terem de ser tomadas pelos cinco membros do conselho, e não apenas pelo presidente. Actualmente, o CA da FEPM é constituído por cinco membros: três escolhidos pelo Estado português, nomeadamente Jorge Neto Valente, como presidente, Patrícia Ribeiro e Raul Capaz, um membro escolhido pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente, e um outro membro que resulta do consenso do CA, que actualmente é José Basto da Silva. Legados do passado Em relação à existência de mais um diferendo no seio do Conselho de Administração da FEPM, depois do despedimento de vários professores no ano passado, Fernando Alexandre apontou que a nomeação de Jorge Neto Valente para a posição de presidente do Conselho de Administração da FEPM foi decidida pelo anterior Ministro da Educação, João Costa. “O actual presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau foi nomeado para ocupar o cargo pelo anterior Ministro da Educação”, foi indicado. No comunicado enviado ao Canal Macau, e ao contrário do que tinha sido afirmado por Neto Valente, a APIM defendia também que apesar de o terreno estar afecto à prestação de serviços educativos, não existe a obrigação destes serem prestados pela EPM. Em relação a este aspecto, e quando questionada sobre a possibilidade de APIM avançar um eventual despejo, o que criaria a necessidade de encontrar um plano B, o Governo de Portugal recusou esse cenário, e indicou que a APIM tem “mantido sempre uma atitude de total respeito pela sua qualidade de fundadora” da FEPM. O ministério argumentou ainda que, de acordo com os Estatutos da Fundação Escola de Macau, “a disponibilização do terreno em apreço pela APIM, enquanto fundadora, integra o capital inicial da Fundação EPM” e “só por extinção da FEPM o terreno poderia ser afecto a outro fim”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | APIM desconhece oficialmente construção de novo bloco Em comunicado, a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses defendeu que apesar de o terreno onde está a escola se destinar a fins educativos, nada obriga a que estes tenham de ser prestados pela Escola Portuguesa de Macau Apesar de a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) ser a concessionária do terreno onde está situada a Escola Portuguesa de Macau (EPM), a associação desconhece oficialmente os planos de construção de um novo bloco, para expandir a instituição de ensino. A posição foi tomada pela associação, através de um comunicado enviado ao Canal Macau, em resposta às declarações de Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM). Durante as celebrações do Dia do Mandarim na EPM, Neto Valente revelou a intenção de avançar com a construção de um novo bloco na instituição de ensino. “O projecto grande de construção de um bloco novo, esse é um bloco que terá de ser novo, ainda está atrasado. Há ideias, há esboços, mas não há projectos, ainda. Mas é para se fazer e tem de se começar”, afirmou o presidente da FEPM, em declarações ao Canal Macau. No entanto, a APIM, concessionária do terreno, afirmou através de um comunicado assinado por Miguel de Senna Fernandes, presidente da associação, que oficialmente não tem conhecimento de qualquer plano de construção. Miguel de Senna Fernandes é igualmente vice-presidente do Conselho de Administração da FEPM, presidido por Neto Valente. “Quanto ao mencionado ‘novo bloco’, é assunto de que a APIM não tem conhecimento formal, pois nunca foi abordado no seio do Conselho de Administração da Fundação da EPM. Aliás, nunca foi discutida qualquer obra projectada ou por projectar, sendo que em ambos os casos é fundamental para a sua viabilidade o consentimento da Associação”, pode ler-se no documento citado pela emissora. Recusa de caducidade No comunicado, a APIM nega também que, ao contrário do que foi afirmado por Jorge Neto Valente, tenha ocorrido qualquer caducidade do terreno onde está situada a escola. “Poucas pessoas terão prestado atenção a isso, mas havia aqui uma situação quanto à concessão do terreno e da construção do edifício da escola, que tinha caducado em 2014”, disse o presidente da FEPM. Contudo, a APIM argumenta que essa situação não se verificou, porque as caducidades têm de ser declaradas pela Administração através de um despacho publicado no Boletim Oficial, o que não aconteceu até Dezembro do ano passado, quando a associação pediu ao Governo esclarecesse a situação do terreno e emitisse uma nova concessão gratuita, com o prazo de 25 anos. Nessa altura o Governo declarou primeiro extinto o arrendamento de 1963 e concedeu outra vez o espaço à APIM. Miguel de Senna Fernandes argumentou também que se tivesse ocorrido a caducidade da concessão em 2014, o Conselho de Planeamento Urbanístico nunca teria aprovado as plantas de condicionamento urbanísticos que receberam a aprovação em Junho de 2020. Na mensagem, a APIM esclareceu também que apesar de o terreno ter fins educativos, nada obriga a que esses serviços tenham de ser prestados pela EPM, ao contrário das declarações do presidente da FEPM.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Livre pede solução para contratação de docentes O partido liderado por Rui Tavares questiona o fim da atribuição dos bilhetes de identidade de residente e insiste na necessidade de negociar com a RAEM condições mais favoráveis para os docentes que vêm de Portugal para Macau O Partido Livre pretende saber como é que Governo de Portugal vai criar condições para a contratação de professores pela Escola Portuguesa de Macau, o que diz ser uma das suas obrigações. A questão do partido liderado por Rui Tavares consta de uma missiva enviada pelo grupo parlamentar ao Governo, através da Assembleia da República. Segundo o grupo parlamentar, “em 25 anos de existência, com excepção do período da pandemia, a Escola Portuguesa de Macau sempre recrutou grande parte do seu corpo docente em Portugal, sem grandes constrangimentos”. Contudo, os deputados lamentam que tal não se verifique actualmente, o que dizem causar “graves prejuízos ao ensino e aprendizagem dos alunos, bem como grande apreensão às suas famílias”. O partido defende também que a recusa anterior da emissão de novas licenças especiais para leccionar em Macau, apesar das autorizações dos estabelecimentos de ensino, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação de Portugal, “veio prejudicar todo o processo de análise e selecção e provocar atrasos no recrutamento de docentes que são essenciais ao bom funcionamento da escola”. “Sabendo-se que a falta de professores afecta o território nacional, como pensa o Governo cumprir as suas obrigações com a Escola Portuguesa de Macau e a comunidade portuguesa que ali reside?”, questionam os deputados. “A decisão tomada teve em conta as obrigações legais do Estado português?”, insistem. Facilitar as regras No documento, o Livre indica que a contratação de professores portugueses em Macau ficou mais difícil devido ao fim da medida preferencial de atribuição do estatuto de residente aos cidadãos portugueses. Os deputados querem agora saber se o Governo de Portugal vai negociar com o da RAEM uma forma de voltar a facilitar as contratações. “Em 1997 a Escola Portuguesa de Macau foi criada por despacho conjunto dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação, o que testemunha a importância da iniciativa, não restrita aliás à questão da língua. Pensa o Governo português, estes anos passados e este contexto criado, desenvolver esforços junto do Governo da RAEM em ordem a agilizar as apertadas regras com que a EPM se confronta na contratação de professores em Portugal?”, é perguntado. Por último, o grupo parlamentar pretende saber quais são “as orientações” do Ministério da Educação, Ciência e Inovação para que a escola continue a ensinar português, e a forma como pretende resolver um cenário que causa “danos” aos alunos, a nível do ensino e da preparação para os exames nacionais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Governo português aprovou quatro licenças especiais desde Novembro Após ter sido acusado pelo Partido Socialista de desinteresse na comunidade portuguesa de Macau, o Governo de Luís Montenegro revelou que desde Novembro autorizou a vinda de quatro professores para a Escola Portuguesa de Macau Desde Novembro, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) aprovou quatro licenças especiais para docentes de Portugal virem leccionar na Escola Portuguesa de Macau (EPM). A informação consta da resposta ao grupo parlamentar do Partido Socialista, que havia questionado o Governo sobre o assunto, no início de Dezembro. Numa resposta com a data de 20 de Dezembro, e divulgada no portal da Assembleia da República a 26 de Dezembro, é tornado público que os pedidos apresentados a 11 e 12 de Novembro por um docente ensino básico – 1.º ciclo, José Miguel Lobo, e outro de educação física, Nuno Dinis Marques, foram aprovados. Em Dezembro, o MECI autorizou mais duas licenças especiais. No primeiro caso para a professora de informática Helena Maria Pinto, cujo primeiro pedido, feito em Setembro, tinha sido recusado. Aquando da avaliação do pedido inicial foi considerado que o Agrupamento de Escolas que a professora ia deixar não tinha substituto. Contudo, de acordo com a resposta, a docente terá tomado a iniciativa de contactar telefonicamente o ministério para indicar que a escola poderia fazer uma reorganização interna da distribuição do serviço lectivo semanal, com outros docentes a assumirem as suas aulas. Este motivo levou a que em Dezembro, após um novo pedido, a licença especial fosse concedida. A outra licença destina-se a uma professora de ensino especial Mariana Neto Nunes. Também neste caso houve um primeiro pedido recusado. O requerimento de 14 de Setembro foi indeferido, segundo o ministério, porque a docente se encontrava com atestado médico desde 1 de Setembro de 2024 pelo que foi considerado que não tinha “condições para a docência”. No entanto, a 25 de Novembro a docente apresentou-se novamente ao serviço e a 2 de Dezembro fez um novo pedido, que acabou por ser aprovado, por ser considerado que o substituto de Mariana Neto Nunes na escola inicial tinha condições para continuar no cargo. A estes pedidos junta-se a aprovação do requerimento de Anabela de Lemos, professora de Matemática, que data de Setembro. Garantir as aulas Na resposta aos deputados do PS, o MECI ressalva que a aprovação das licenças especiais para leccionar em Macau cumpre a legislação em vigor e que não pode aprovar pedidos que façam com que os alunos das escolas originais fiquem sem professores. “Por último, cumpre informar que a Direção-Geral da Administração Escolar desenvolve os procedimentos para autorização das licenças especiais em conformidade com os pedidos dos docentes, no quadro da lei vigente, articuladamente com a Escola Portuguesa de Macau e com as escolas onde estão providos os docentes em Portugal, não podendo autorizar as referidas licenças a docentes que deixem os alunos sem aulas”, foi justificado. O Grupo Parlamentar do Partido Socialista tinha acusado o Governo de Portugal, constituído pelos Partido Social Democrata (PSD) e Partido do Centro Democrático e Social (CDS), de desinteresse por Macau e pela comunidade portuguesa no território.
Hoje Macau Direito de Resposta VozesA minha passagem pela Escola Portuguesa de Macau Por Gonçalo Alvim Vivemos num tempo de informações instantâneas, de produção de notícias em ritmo acelerado e por vezes de impaciência em as propagar, mesmo antes de serem confirmadas. No meio deste frenesim, por vezes pessoas ou instituições são atingidas, e o contraditório, que acaba por só poder ser feito a posteriori, lança a dúvida, sedimenta a suspeita e fomenta a criação de cenários tantas vezes desconexos da realidade. Vem isto a propósito da Escola Portuguesa de Macau (EPM) e da contratação – e “despedimento” – de um professor de Físico-química (FQ) e Matemática. Não sei bem a relevância do assunto em si, mas a notícia deste jornal, e da TDM, dizem-me respeito, porque o visado sou eu, e obriga-me a dar explicações e reparos. O caso terá uma importância relativamente pequena, mesmo no panorama local, mas gostava de repor a verdade, pelo menos expondo-a como a vejo e a vivi. Em inícios de outubro deste ano, através de uma amiga, soube que os alunos do 9.º ano da EPM estavam sem professor de FQ no 9.º ano e, tendo eu tido esta disciplina – e Matemática – até ao 1.º ano da Faculdade, propus-me colmatar a falha. É verdade, na minha atividade profissional de Arquiteto Paisagista nem sempre abundam projetos, sobretudo em Macau, e na altura tinha a disponibilidade que entendi necessária. Por outro lado, ser professor é uma atividade que já considerava exercer e, apenas por uma falha de prazo, não me tinha inscrito na pós-graduação em Educação ministrada na USJ, e exigida pela DSEDJ para professores dos ensinos primário ao secundário. Seria uma experiência, porventura a curto-prazo, mas considerei-a importante para mim, se fosse aceite. Tendo recebido a minha disponibilidade e o meu CV, o Diretor da EPM chamou-me e tivemos uma reunião. Nela, para além da disciplina de FQ, propôs-me que eu desse também Matemática, uma vez que havia necessidades urgentes nessa disciplina, com professores sobrecarregados de aulas e turmas a colmatarem a falha. Esta lecionação que me foi proposta seria temporária, até chegarem os professores que estariam para vir, e estava naturalmente dependente da aceitação da argumentação a fazer pela escola à DSEDJ. Servia-me, e eu aceitei. Com o tempo, fui percebendo que o trabalho de Professor é muitíssimo exigente, agravando-se este facto em disciplinas com grau de dificuldade elevado e que requerem dos alunos uma boa preparação de base e um trabalho de casa regular. Desde logo, deparei-me com todo um manancial de informações a recolher e absorver, regulamentos a respeitar, procedimentos a seguir, sistemas a utilizar e, para além disso, todo o trabalho de preparação das aulas e de elaboração e correção de exames. Acresceu a isto a dificuldade de manter a atenção e a disciplina nas salas de aula, condição indispensável para o ensino e a aprendizagem. Somem-se os vários casos dos alunos designados “inclusivos” em cada turma, ou seja, a quem são diagnosticadas diferentes dificuldades cognitivas ou de socialização a atender e trabalhar, e pode-se ter uma perspetiva das dificuldades que senti. A todo este enquadramento, que tive de tentar adaptar-me para conseguir fazer um trabalho de acordo com as exigências, deve ainda acrescentar-se o conhecimento implícito que fui tendo de diretrizes subjacentes ao ensino nos dias de hoje, e que apontam às dificuldades em que incorre o professor quando dá negativas ou chumba alunos – seja porque o sistema aponta para o seu “sucesso”, seja porque a generalidade dos pais não gosta que os seus filhos as tenham, e revoltam-se, possivelmente depois das explicações dos filhos descontentes com a nota. Juntem a estas dificuldades um ambiente hostil em relação à Direção da EPM, que se vive atualmente, e têm todos os ingredientes com que se faz um fogo-de-artifício caseiro, espelhada depois pela comunicação social. Para quem comece a lecionar a meio de um período letivo, sem as reuniões de esclarecimento iniciais, sem experiência de escolas de Ensino Básico Geral, sem os apoios que seriam necessários a quem começa, não é propriamente fácil encontrar sustentação. Acresce o facto de Macau ser um meio pequeno, onde pequenos casos tomam proporções de destaque nos meios de comunicação social em português. Neste caso, pouco depois de eu ter começado a lecionar, saía na TDM a notícia de a EPM ter contratado um Arquiteto Paisagista “sem habilitações” para lecionar FQ e Matemática. Não foi explicado em que consistia essa falta de habilitações nem porque era relevante indicar que se tratava de um Arquiteto Paisagista. Mais recentemente saiu a “notícia” que o professor dessas disciplinas tinha sido “despedido”, embora desta vez não se referindo que se tratava do tal Arquiteto Paisagista que não tinha as habilitações necessárias. Não importou, não se esperou por confirmações ou desmentidos, saiu cá para fora. Era mais um professor despedido, faz parte do fogo-de-artifício. De uma forma geral, a minha experiência na EPM foi boa, a relação com a Direção foi cordata e gostei da relação que desenvolvi com alguns dos professores da escola. Conhecia já alguns dos pais dos alunos que tive e devo dizer que, dos que falaram comigo, sempre recebi todo o apoio e manifestações de agradecimento, que se justificavam face às necessidades de aulas que os filhos tinham. Mostraram qualidades que valorizo muito nos pais e, pelo meu lado, estou-lhes grato também. Quanto aos alunos, guardo boas recordações da generalidade e espero que não tenham desgostado de mim. É certo, as aulas nem sempre foram fáceis, a ordem e disciplina foi muitas vezes difícil de conseguir e houve discrepâncias de aprendizagem entre os alunos. No ensino deve haver um bom equilíbrio entre diferentes fatores, como bases sólidas de conhecimentos de anos anteriores, disciplina na sala de aula, experiência e conhecimentos do professor e atenção e empenho dos alunos. Os alunos que tive não foram mal-educados ou desrespeitosos, mas, na generalidade, distraiam-se facilmente, conversavam muito, trabalhavam pouco e nem sempre levavam a sério a aprendizagem e a sua importância. Como me disse um professor da EPM, os pais deviam dar aulas durante uma semana para perceberem a dificuldade dos professores. Os alunos de uma turma chegaram a dizer-me numa aula, de forma unânime, que vão às aulas porque os pais lhes exigem, o que revela, para além de um desinteresse geral em aprenderem, uma excessiva dependência da vontade e opinião dos pais. Note o leitor isto, que sublinho: o grande centro da vida de um aluno são os seus pais e o que estes lhes manifestam, e um professor, quer queira quer não, está altamente dependente disso. Há estratégias que devia ter adotado, como fichas intercalares para aferir e corrigir conhecimentos, ou trabalhos de casa regulares para garantir um esforço continuado, mas nem tudo consegui ou foi possível fazer, seja pelas limitações de tempo que tinha, seja pelos intermináveis testes, fichas e trabalhos a que os alunos eram sujeitos semanalmente, fruto do excesso de tempos de aulas e das inúmeras disciplinas do programa. Para os perceber melhor, cheguei a contar os tempos de aulas que têm semanalmente e concluí que é semelhante ao horário, por exemplo, de um funcionário público, tendo para além disso de fazer os trabalhos de casa e estudar tudo o que se lhes exige nas 12 ou 13 disciplinas que têm. É imenso para adolescentes, o programa devia ser revisto. Por outro lado, uma coisa ficou clara para mim: apesar das dificuldades, um aluno que se empenhe consegue obter bons resultados, independentemente das condições da escola ou dos professores que tenha. Mas, para que isto aconteça, tem de haver dos pais um apoio à escola e aos professores – não porque o mereçam sempre, mas para não criarem nos filhos as justificações que precisam para não se esforçarem mais do que querem. Tal como me dizia o meu instrutor na equitação, para eu não me justificar com o cavalo que me escolhiam, “a culpa nunca é do cavalo, é do cavaleiro!” Alguns pais não pensam da mesma forma, surgiram críticas e até houve queixas apresentadas na DSEDJ. Por mim, não estava totalmente satisfeito com o trabalho que tinha conseguido desenvolver, percebi que não tinha todo o apoio que precisava dos pais e, ainda, que seria difícil manter a dedicação a tempo inteiro – incluindo fins-de-semana, feriados e tudo mais – que me seria exigido no 2.º e 3.º trimestres. E, por isso, não assinei o contrato que me foi dado para assinar e falei com o coordenador das disciplinas que ministrava, explicando-lhe a minha indisponibilidade para continuar para além do 1.º trimestre. Foi solidário, compreendeu, falou com o Diretor e terá começado a tratar das substituições. Cerca de um mês depois dessa conversa, no dia da última reunião de turma que tive para lançamento de notas, consegui falar com o Diretor, que se mostrou solidário e me informou de algo que eu desconhecia: tinham recebido da DSEDJ o indeferimento da minha aceitação como professor por razões relacionadas com as habilitações que exigiam aos professores, a que juntaram algumas queixas de pais insatisfeitos e preocupados com o exame nacional de Matemática que os filhos irão ter no final do ano. Portanto, e quero frisar isto, a minha não-continuação como professor não teve a ver com nenhum despedimento da Direção, como foi referido erradamente neste jornal e na TDM. Partiu, de mim, antes de mais, e foi selada por um despacho da DSEDJ. Quanto a outros casos da EPM, não sei, não têm a ver com o meu. Rematando, da experiência que tive, percebi em primeira mão o trabalho difícil e exigente que os professores têm. Merecem todo o apoio possível, não só da escola, mas também dos pais, que devem orientar devidamente os seus filhos no respeito e empenho que devem ter. Mais do que a aprenderem, os jovens estão a crescer na escola, e o que lhes é dito pelos pais pode-lhes ser mais benéfico para a sua vida que os conhecimentos que adquiram. Merecem os professores ser devidamente recompensados, seja através da valorização da carreira, em ordenados, compensações ou de outra forma? Absolutamente! Uma escola de qualidade começa nos professores, e estes devem ser acolhidos e valorizados de forma a conseguirem dar o seu melhor e terem os resultados que procuram. Em jeito de oráculo, e para terminar, vejo no futuro das escolas uma de duas situações, a primeira bem mais provável do que a segunda: escolas que queiram valorizar-se a irem buscar os melhores professores, dando-lhes boas condições e apoio; ou então a Inteligência Artificial a substituir os professores que deixaram de haver, se conseguir o empenho dos alunos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Direcção justifica saídas de docentes com “algumas dificuldades” Numa mensagem publicada nas redes sociais, a direcção da Escola Portuguesa de Macau explica as mudanças no quadro de professores com “algumas dificuldades” e com o “feedback” de encarregados de educação. Gonçalo Alvim, que leccionava físico-química e matemática, nega ter sido despedido A Escola Portuguesa de Macau (EPM) justificou a saída de dois docentes contratados localmente com a existência de “algumas dificuldades”. A posição foi tomada na sexta-feira, através de um comunicado publicado nas redes sociais, em resposta à notícias do despedimento de uma professora de economia e da saída de um professor que ensinava matemática e físico-química. “Dado o atraso da vinda e a ausência de determinados docentes de Portugal, foram temporariamente contratados dois docentes locais e a título experimental para colmatar algumas dessas lacunas”, justificou a EPM, sobre as duas contratações. “Não obstante o currículo profissional e o mérito desses contratados locais, a escola durante este período apercebeu-se de algumas dificuldades, recebeu feedback de pais, encarregados de educação e alunos e concluiu que seria melhor encontrar outra solução”, foi acrescentado. No comunicado em que são confirmados oficialmente as saídas, a Direcção da EPM indica também que “tem plena consciência que leccionar a alunos do 3º ciclo e do secundário é uma tarefa complexa e pedagogicamente desafiante”. O comunicado apresenta também um agradecimento aos dois docentes: “A Direcção da EPM não quer deixar esta oportunidade de publicamente agradecer a disponibilidade, dedicação e empenho desses docentes”, pode ler-se na mensagem deixada nas redes sociais. A fazer esforços Na mensagem para “informar” os “pais, Encarregados de Educação e órgãos de comunicação social”, a direcção garante também ter presente que parte dos alunos afectados pelos despedimentos tem de fazer exames nacionais, que contam para a entrada nas instituições de ensino superior em Portugal. “A Direção da EPM vem por este meio informar os pais e Encarregados de Educação dos alunos da EPM que a escola está a envidar todos os esforços para assegurar o normal funcionamento das aulas e respectivo currículo escolar, em particular aos alunos que vão ter exames de aferição e exames nacionais”, foi garantido. Ao longo do comunicado e nas tentativas de contactos que foram feitas antes das notícias iniciais, a EPM nunca negou a existência de despedimentos. No entanto, em declarações ao HM, o arquitecto Gonçalo Alvim, que leccionava físico-química e matemática, afirmou não ter sido despedido, e que tinha informado o coordenador das disciplinas que ensinava que não pretendia continuar a leccionar após o primeiro trimestre. Gonçalo Alvim disse ainda que o director da escola, Acácio Brito, depois da atribuição das notas do primeiro semestre, se mostrou solidário com a sua decisão e que o informou que a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) tinha recusado a sua inscrição como docente. “Portanto, e quero frisar isto, a minha não-continuação como professor não teve a ver com nenhum despedimento da Direcção, como foi referido erradamente neste jornal […]. Partiu, de mim, antes de mais, e foi selada por um despacho da DSEDJ. Quanto a outros casos da EPM, não sei, não têm a ver com o meu”, destacou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Dois professores novos despedidos a meio do ano lectivo Os professores leccionavam as disciplinas de economia, matemática e físico-química e deixam a instituição e meio do contrato, que tinha começado no início do ano lectivo A Escola Portuguesa de Macau (EPM) despediu no final do ano civil dois professores que tinham sido contratados localmente, numa altura em que se depara com falta de docentes e pretende autorizações de licenças especiais junto do Ministério de Educação, Ciência e Inovação (MECI) para trazer docentes de Portugal. Um dos docentes demitidos leccionava a disciplina de economia e o outro as disciplinas de matemática e físico-química. Ambos foram contratados com o corrente ano lectivo em andamento, numa tentativa de preencher o quadro de docentes, depois de várias saídas da instituição durante o Verão, que motivaram inclusive queixas às autoridades locais. Ao HM, Diana Massada, uma das professoras afastadas, mostrou-me muito preocupada com a decisão, não só pelo impacto para a vida pessoal, mas porque os alunos da turma do 11º ano, a quem leccionava economia, vão ter um exame, cuja nota contará para a admissão na universidade. “Eu estou preocupadíssima com os alunos, devo dizer-lhe. Os alunos do 11º ano da EPM vão ter exame bienal no final do corrente ano, e esse exame é utilizado para o acesso à universidade”, afirmou a docente, em declarações ao HM. “Os alunos perderam um mês de aulas e agora podem perder mais tempo, no segundo período. E o terceiro período, este ano, é extremamente curto e seria utilizado para rever a matéria do 10º ano e ajudar os alunos a prepararem-se para um exame bienal, que não é propriamente fácil, porque tem matérias de dois anos”, acrescentou. A professora admitiu não esperar a decisão, dado que não tinha recebido qualquer comunicação sobre o seu desempenho. “Fui surpreendida, nunca houve nenhuma reunião para me dizerem que estavam contentes ou descontentes [com o meu trabalho]. Portanto, não recebi nenhuma comunicação que os pais se tivessem queixado e não tenho nenhuma informação de que houvesse descontentamento ou movimentos contra a minha pessoa”, contou. “Nem o director tinha conhecimento disso. Ele disse-me que tinha sido informado sobre o descontentamento dos pais, mas ele não tinha recebido queixas”, acrescentou. Diana Massada afirmou ainda que no caso de haver queixas, estas deveriam ter sido apresentadas aos docentes, para averiguar a veracidade das imputações, haver direito ao contraditório, que considerou não ter existido, ou então corrigir alguma falha identificada, para beneficiar os alunos. Planos diferente A docente contou ainda que quando foi contratada estava previsto ficar até ao final do ano lectivo a leccionar na EPM, e também na Escola Oficial Zheng Guanying, ao abrigo do protocolo entre a EPM e a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ. Embora anteriormente tivesse exercido as funções de professora no ensino superior, actualmente está inscrita como docente do ensino secundário na DSEDJ, que terá aceitado o registo. A demissão tem implicação nas duas instituições de ensino. O despedimento foi comunicado oralmente a 19 de Dezembro, e, na altura, a professora indicou que estava previsto a EPM avançar para a demissão com justa causa. Na primeira reunião, a docente alertou Acácio Brito, director da EPM, que o despedimento no final do ano civil ia ter implicações na Escola Oficial Zheng Guanying, uma vez que as disciplinas são avaliadas a cada semestre, e sem a avaliação da docente da disciplina poderia haver o risco de os estudantes não conseguirem concluir o ano escolar. Posteriormente, houve uma nova reunião em que lhe foi comunicado que a EPM ia avançar para o despedimento sem justa causa, e quando seria o seu último dia de trabalho. Situação controlada O HM contactou ontem o director Acácio Brito, que se encontra em Portugal, para obter uma reacção ao despedimento dos docentes. Apesar de um contacto inicialmente bem estabelecido, a diferença horária fez com que a conversa fosse adiada para cerca de duas horas depois. Até ao fecho da edição do HM, as restantes tentativas de contacto não foram bem sucedidas. Por sua vez, Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEPM), afirmou ter informações que a situação está “controlada” e destacou que o relevante é que os alunos não sejam afectados pelas mudanças. “A Associação de Pais tem a informação de que as coisas estão controladas. O relevante é que não haja problemas para os alunos”, afirmou Filipe Figueiredo, em declarações ao HM. O presidente da APEPM indicou também que havia descontentamento de pais face à prestação dos docentes, mas optou por não elaborar sobre os motivos do descontentamento. Recentemente, a APEPM enviou uma carta a vários órgãos de soberania de Portugal, a pedir autorizações de licenças especiais que permitam à EPM contratar professores em Portugal e colmatar a carência de docentes. Segundo o presidente da APEPM, estes processos de despedimentos não devem afectar a emissão das autorizações. “Os professores foram contratados localmente, não têm nada a ver com o Ministério de Educação [Ciência e Inovação]. Parece-me normal que a escola vá ajustando o quadro do seu pessoal de acordo com as necessidades e frequência necessária”, sublinhou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEPM | Neto Valente diz que FEPM pode ficar sem dinheiro Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, disse esta quinta-feira que a entidade corre o risco de ficar sem dinheiro a “médio prazo” se o Estado português não contribuir mais para o seu financiamento. O advogado falou ainda da necessidade de flexibilizar a contratação de docentes. Neto Valente foi um dos convidados da sessão sobre os 25 anos da transição de Macau no CCCM O presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM), Jorge Neto Valente, disse esta quinta-feira no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, que a entidade corre o risco de ver esgotar os fundos a “médio prazo”. “Os défices [orçamentais] que se vêm verificando nos últimos anos têm sido cobertos pela FEPM, e se não forem estancados corre-se o risco de ver exauridos os seus capitais a médio prazo.” Neto Valente disse ainda que no ano lectivo anterior e no actual poderá não haver défice, sendo que os custos para este ano lectivo, de 2024/2025, serão de oito milhões de euros, com o Estado português a financiar apenas dez por cento. “A EPM é diferente das escolas portuguesas no estrangeiro, pois aí o Estado português sustenta as escolas integralmente. Seria bom que o Estado português pagasse mais [no caso da EPM], porque poderiam fazer-se muitas coisas que sem dinheiro não se fazem.” Jorge Neto Valente foi orador da sessão “O Legado Português em Macau – 25 Anos de Retrocessão”, que decorreu esta quinta-feira no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa. O presidente da FEPM disse que a EPM tem, actualmente, cerca de 780 alunos, 40 turmas e 80 docentes, referindo também que cabe ao Ministério da Educação de Portugal flexibilizar mais a contratação de professores. “A EPM precisa de um outro pilar, que é o apoio do Ministério da Educação no que respeita ao contributo financeiro que lhe cabe assegurar, e na facilitação e agilização do recrutamento de professores qualificados para prestar serviço em Macau. O Ministério da Educação tem o poder de enfraquecer a escola e lhe causar dificuldades, mas não consegue, por si só, manter a escola, que vive, sobretudo, dos apoios do Governo de Macau, sem quaisquer interferências.” É preciso mais Jorge Neto Valente falou ainda da necessidade de rever os estatutos da FEPM tendo em conta a nova legislação sobre as escolas privadas em Macau e ainda a realização de obras de um edifício dos anos 60. Quanto às obras de ampliação da escola, o processo ainda está a decorrer. “Falta regularizar a situação do imóvel para o que foi fixado um prazo de 18 meses para cumprimento das formalidades relativas à emissão de uma licença de obra para a ampliação do edifício realizado em 1999. Tal não andou e foi a nova administração que foi instar o Governo da RAEM a regularizar a situação.” Neto Valente destacou que hoje a EPM não recruta mais alunos de língua materna não portuguesa por falta de espaço e que o “Governo da RAEM tem mostrado disponibilidade para financiamentos, inclusivamente a ampliação da EPM”. Porém, deixo o repto: a EPM tem de se modernizar. “O quadro normativo não chega. A EPM foi criada para ser uma escola de referência na aprendizagem da cultura e língua portuguesas e para o ser tem de ter ao seu serviço profissionais de excelência com elevadas qualificações e experiências nas áreas de ensino. Com a concorrência que existe, a escola tem de se modernizar e superar vantagens que as novas escolas possam oferecer. A EPM tem de gerir melhor os recursos materiais e humanos e adoptar uma gestão rigorosa dos fundos postos à disposição. Há que fazer obras de renovação profundas.” No mesmo tom Também Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau e antigo secretário adjunto, afirmou que a “EPM é o instrumento mais importante para a afirmação dos portugueses em Macau” e sem ela “seria impossível os portugueses estarem em Macau”. “Continuo a defender que está ainda aberto caminho para que a EPM, não esteja apenas virada para o ensino curricular português, pois pode prestar à RAEM um grande serviço. A EPM deve ter um estatuto especial e precisa muito do apoio do Ministério da Educação. Não a podemos olhar apenas como a escola dos filhos dos portugueses ou das crianças que querem fazer a sua escolaridade em português. A EPM deve ser olhada pelo Estado português como sendo diferente de todas as outras portuguesas no estrangeiro”, rematou.
Hoje Macau PolíticaEPM | Lisboa promete reduzir número de alunos sem professor O Ministério da Educação de Portugal salientou o compromisso de “reduzir de forma drástica o número de alunos sem aulas” no estrangeiro, mas lembrou que é preciso ter em conta “a falta de professores em Portugal”. Os esclarecimentos constam de uma nota enviada à Lusa, na sexta-feira. “O Ministério da Educação, Ciência e Inovação [MECI] reafirma mais uma vez o seu compromisso com o objectivo reduzir de forma drástica o número de alunos sem aulas; tendo em conta a falta de professores em Portugal, uma das medidas tomada este ano lectivo, foi a redução significativa das mobilidades dos docentes que não têm substituto”, pode ler-se na nota enviada citada pela Lusa a propósito das críticas da associação de pais da Escola Portuguesa de Macau. Na nota, o Ministério detalha as razões de ter rejeitado o pedido de substituição de vários professores para a escola portuguesa e vinca que noutros casos os pedidos para dar aulas em Macau foram aceites. No final de Novembro, a associação de pais da Escola Portuguesa de Macau (APEP) tinha criticado “o silêncio” do ministro da Educação e pediu a intervenção do Presidente da República para resolver “o impasse” na contratação de professores.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Grupo parlamentar do PS acusa Governo de desinteresse Um grupo de 14 deputados do PS reagiu à carta da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Portuguesa de Macau (APEP) devido à falta aprovação de licenças especiais de docentes e exige explicações do Ministério da Educação O Grupo Parlamentar do Partido Socialista (PS) acusou o Governo de Portugal, constituído pelos Partido Social Democrata (PSD) e Partido do Centro Democrático e Social (CDS), de desinteresse por Macau e pela comunidade portuguesa no território. A posição consta de uma pergunta enviada ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), após a carta enviada pela Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Portuguesa de Macau (APEP) ao Presidente de Portugal, com queixas sobre o impasse na aprovação de licenças especiais de docentes. “A postura do actual Executivo demonstra não só uma evidente falta de atenção da situação da Escola Portuguesa de Macau, que não tem, localmente professores habilitados para leccionar em língua portuguesa, como também um desinteresse do Governo de Portugal por Macau e pela comunidade portuguesa aí residente”, acusa o Grupo Parlamentar do PS. “Para a Escola Portuguesa de Macau poder continuar a ministrar o ensino em português e contribuir para preservar a língua e a cultura portuguesas na Região Administração Especial de Macau, necessita, logicamente, de professores portugueses e tal só é possível com a autorização de licenças especiais do Ministério da Educação, Ciência e Inovação”, é indicado. “Não considera que a ausência de uma estratégia clara para atentar às questões da Escola Portuguesa de Macau indica um desinteresse e uma falha no cumprimento das responsabilidades legais e culturais do Estado Português?”, é questionado. Erro de planeamento? Nas perguntas enviadas ao MECI, os deputados do PS indicam que no âmbito do plano do Governo “Mais Aulas, Mais Sucesso”, que visa reduzir o número de alunos sem professores de forma prolongada, uma das metas passa por reduzir em 25 por cento os destacamentos de professores. A medida terá entrado em vigor a Julho de 2024 e os socialistas pretendem que o Governo explique se o indeferimento das licenças especiais de docentes está relacionado com a medida e se houve falhas de planeamento. “O indeferimento de licenças especiais de profissionais do quadro do Ministério da Educação para leccionarem em Macau está relacionado com a medida ‘reduzir as mobilidades estatutárias” apresentada no plano ‘Mais Aulas, Mais Sucesso?’. Se sim, não deveria o Sr. Ministro ter antecipado o problema aqui apresentado?”, é questionado. O PS pretende ainda que o ministro explique a razão de não ter “acautelado” que “os alunos poderiam ficar sem professores” dado que “não há capacidade de contratação local de professores em língua portuguesa”. “Como é que pretende resolver esta questão e assegurar a qualidade educativa oferecida pela Escola Portuguesa de Macau?”, é perguntado. As questões enviadas ao ministério estão assinadas pelos deputados: Isabel Ferreira, João Paulo Rebelo, Rosário Gambôa, Gilberto Anjos, Eduardo Pinheiro, Mara Lagriminha Coelho, Miguel Matos, Palmira Maciel, Sofia Canha, Ana Abrunhosa, Clarisse Campos, Elza Pais, Miguel Cabrita e Patrícia Caixinha. Situação “delicada” O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, admitiu que a Escola Portuguesa de Macau vive um período conturbado, mas garante que o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, está atento ao desenrolar da situação. “A Escola Portuguesa está a atravessar uma fase delicada, que requer um acompanhamento muito atento por parte das nossas autoridades. É uma matéria específica do Ministro da Educação, eu sei que ele está muito atento ao que se passa”, afirmou José Cesário, em declarações prestadas ao Canal Macau. “E nós estamos a articular-nos com ele e a informá-lo sobre o modo como a situação vai evoluindo”, acrescentou. Os pais na EPM queixam-se de falta de professores na instituição, e de dificuldades de recrutamento em Portugal, depois de em Maio vários professores terem sido dispensados.
João Luz Manchete SociedadeEPM | Concessão vitalícia de terreno passa a 25 anos O Governo extinguiu o arrendamento vitalício do terreno onde está a Escola Portuguesa de Macau, que vigorava há mais de seis décadas. O novo contrato passa a ter o prazo de 25 anos, mas continua a ser gratuito. O despacho assinado por Raimundo do Rosário pretende regularizar a situação do terreno e do edifício da escola O Executivo declarou a extinção do arrendamento vitalício do terreno onde está situada a Escola Portuguesa de Macau (EPM), através de um despacho assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, publicado ontem no Boletim Oficial. O contrato passa a vigorar por 25 anos, o prazo máximo das concessões por arrendamento estabelecido na Lei de Terras, e continua a ser gratuito. A alteração tem como objectivo “regularizar a situação desse terreno e a do edifício nele existente”. O prazo da concessão pode ser sucessivamente renovado, desde que a Associação Promotora de Instrução dos Macaenses (APIM) apresente requerimento de renovação “no período entre nove meses a seis meses antes do fim do prazo da concessão ou das sucessivas renovações”. O arrendamento vitalício e gratuito fora concedido à APIM em Junho de 1963 para a construção do edifício Escola Comercial Pedro Nolasco. O estabelecimento de ensino que ocupou o terreno na Avenida de D. João IV, “foi construído com verbas concedidas pelo Governo da então Província de Macau” e ficou isento de isento de rendas e taxas, desde que a APIM respeitasse a “exclusiva finalidade de manter em funcionamento a referida escola”. Já perto da implementação da RAEM, em 1998, foi aprovado um projecto de arquitectura de obra de ampliação do edifício da Escola Comercial, para adaptação à Escola Portuguesa de Macau. “Apesar da obra de ampliação ter sido executada, a respectiva licença de utilização nunca foi emitida”, lê-se no contrato assinado entre o Governo e a APIM. Pela educação O contrato publicado no Boletim Oficial refere ainda que no dia 25 de Setembro deste ano, a APIM apresentou um requerimento para esclarecer dúvidas quanto à natureza do direito que a APIM detém sobre o terreno e o edifício nele construído, onde agora funciona a EPM e solicitou a regularização para “manter as construções já aí existentes, bem como ampliar as mesmas”. É ainda estabelecido que a APIM deve manter os edifícios escolares e instalações de apoio existentes no terreno, e que “a eventual alteração do aproveitamento do terreno, designadamente por ampliação dos edifícios” carece de autorização do Governo. Porém, a finalidade da concessão do terreno (o ensino regular) não pode ser alterada, da mesma forma que a concessão gratuita não pode ser convertida numa concessão que implique pagamento de renda.
Hoje Macau Manchete SociedadeEPM | Pais pedem intervenção de Presidente da República A direcção da associação de pais considera que a falta de autorização para a contratação de docentes transmite “às autoridades locais sinais de manifesto desinteresse do Governo de Portugal por Macau e pela comunidade portuguesa” A associação de pais da Escola Portuguesa de Macau criticou “o silêncio” do ministro da Educação e pediu a intervenção do Presidente da República para resolver “o impasse” na contratação de professores. Numa carta enviada na sexta-feira, a Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Portuguesa de Macau (APEP) pede a Marcelo Rebelo de Sousa para intervir “na resolução do impasse que está a ser causado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) ao indeferir a licença especial de profissionais do quadro do MECI para leccionarem em Macau”. A APEP lembrou que o indeferimento de quatro licenças especiais “prende-se, pelo que foi apurado, com a falta de professores em Portugal, não obstante os directores de escola dos professores em causa terem autorizado a sua vinda para Macau”. E acrescentou ter tentado, “sem êxito, chegar” ao ministro Fernando Alexandre e “explicar que tal decisão não tinha em conta a situação das escolas portuguesas no exterior, e em particular da Escola Portuguesa de Macau [EPM], que não têm, localmente, professores habilitados para leccionar em língua portuguesa”. “O silêncio” de Fernando Alexandre “atinge toda a comunidade educativa: os alunos que estão sem professores porque não há capacidade de contratação local de professores em língua portuguesa; os professores que, em espírito de missão, estão a trabalhar em sobrecarga horária desde Setembro; os pais e encarregados de educação que estão preocupados com a situação e não vislumbram uma solução; e os órgãos dirigentes da Escola Portuguesa de Macau perante a ausência de resultados das diligências políticas e diplomáticas efetuadas junto do MECI”, afirmou a APEP, na missiva. Desinteresse por Macau A APEP lembrou ainda que para manter a missão da EPM, “ministrar o ensino em português e contribuir para preservar a língua e a cultura portuguesas na Região Administrativa Especial de Macau”, tal como definido nos estatutos, a escola precisa “de professores de língua portuguesa e tal só é possível com a autorização de licenças especiais” do MECI. Sem estas condições, a APEP considerou que, além de prejudicar os alunos, também se dá “às autoridades locais sinais de manifesto desinteresse do Governo de Portugal por Macau e pela comunidade portuguesa que aqui reside e trabalha”. Dada a ausência da qualquer resposta do MECI ao apelo da APEP, a associação pediu a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa para que “a decisão tomada seja reconsiderada”. Esta carta, enviada à Lusa, foi também dada a conhecer ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e aos vários grupos parlamentares portugueses.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Direcção culpa Ministério por falta de licenças especiais Acácio de Brito terá explicado numa reunião com a Associação de Pais e Encarregados de Educação que há pelo menos quatro docentes à espera da aprovação do Ministério da Educação de Portugal para começarem a leccionar Face à falta de professores na Escola Portuguesa de Macau, a direcção da escola afirmou, numa reunião com a Associação de Pais e Encarregados de Educação (APEP), que pelo menos em quatro casos, a falta de licenças especiais se deve ao Ministério da Educação de Portugal. A informação foi divulgada pelo Canal Macau, que teve acesso a um documento da APEP sobre o conteúdo de uma reunião da semana passada. No documento, a APEP cita as declarações do director da EPM, Acácio e Brito, que terá explicado que o Ministério de Educação ainda não autorizou as licenças especiais de quatro professores. Estes docentes vêm para a EPM leccionar físico-química, francês, matemática e tecnologias de informação. A mesma fonte, indica que os docentes tinham autorização das instituições a que pertencem para serem dispensados, mas que ainda precisam de obter as licenças especiais do ministério. De acordo com o Canal Macau, enquanto se aguardam por soluções permanentes, a antiga docente Zélia Mieiro tem estado a dar aulas de francês na instituição. Contudo, esta opção deixa de estar disponível no final do mês. Além disso, a EPM terá conseguido contratar uma professora de matemática, e efectuado uma outra contratação local para leccionar matemática e físico-química. No entanto, face à falta de aulas, e tendo em conta que alguns alunos têm exames nacionais no final do ano lectivo, prevê-se que tenham de ser leccionadas aulas de recuperação. Falta de espaço Outro dos problemas enfrentado pela instituição, é a falta de espaço, o que poderá levar a que algumas aulas práticas de educação física sejam trocadas por aulas teóricas. Em 2019, quando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou Macau, anunciou que o Governo da RAEM iria conceder um espaço à EPM na Zona A dos Novos Aterros. Mais de cinco anos passaram, e o espaço do pólo escolas na Zona A foi distribuído entre oito instituições de ensino locais, sem que fosse reservado qualquer local para o novo pólo da EPM. Face a este problema, a direcção terá garantido à APEP que no próximo ano não vai haver aumento do número de alunos. Além disso, está prevista a realização de obras na fachada, nas salas de aula e nas casas-de-banho. Segundo o documento citado pelo Canal Macau, a APEP apresentou ainda uma proposta para que haja uma devolução, ou seja feito um desconto, das propinas cobradas aos alunos que estão sem professores. Em relação ao futuro, os pais pediram à direcção que garanta “a continuidade dos professores” e que comece “a preparar antecipadamente o próximo ano lectivo”, para que não se repitam “os mesmos erros”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Pedido a docentes efectivos que assinem contratos a termo A assinatura dos novos contratos levanta dúvidas legais. Se os novos vínculos forem considerados válidos, os docentes podem perder vários direitos, como a indemnização por despedimento ou gozo de dias de férias. A direcção garante que vai assumir “todas as responsabilidades” A direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) está a pedir a vários professores residentes efectivos que assinem novos contratos, que terminam no final do ano lectivo. Os pedidos de assinatura começaram a ser feitos no início do mês, e de acordo com as minutas a que o HM teve acesso, consta nas propostas de contrato que os vínculos laborais se extinguem a 31 de Agosto de 2025. A medida está a causar polémica na instituição entre os docentes, que temem pelo seu futuro, apesar de alguns professores terem assinado os novos vínculos. Segundo alguns docentes ouvidos pelo HM, que pediram para permanecer anónimos, a renovação contratual é encarada como a preparação de um futuro despedimento, em que a EPM tentar “apagar” a antiguidade dos trabalhadores, para não ter de pagar as compensações exigidas por lei. A legislação actual define que as compensações por despedimento nos contratos sem prazo são feitas de acordo com a antiguidade dos trabalhadores, até um limite máximo de 252 mil patacas. Nos contratos a prazo não é devida qualquer compensação, quando se atinge a data do final do contrato. O HM contactou o director da EPM, para perceber os motivos que levaram a direcção a avançar com as propostas de novos contratos com termo para os docentes dos quadros. Neste aspecto, Acácio de Brito considerou que não houve alterações face ao ano passado: “Estamos a fazer o que foi feito nos anos anteriores. Sabemos que há uma interpretação que ao final de dois ou três anos os residentes locais passam a contrato sem termo, mas isso, naturalmente, não significa que não possamos fazer um contrato individual de trabalho, com as alterações que são necessárias fazer”, afirmou Acácio de Brito. “Nós temos um modelo de contrato individual de trabalho […] Se houver outro entendimento será dirimido pelos nossos serviços jurídicos e assumiremos todas as responsabilidades”, garantiu. O director da EPM afirmou também que no ano passado se registou uma situação de despedimento e que a instituição respeitou “as indemnizações previstas na lei”. Acácio de Brito reconheceu ainda que os novos contratos são assinados pelo presidente da Federação da Escola Portuguesa de Macau, Neto Valente, quando no passado eram assinados pela direcção da EPM. Divisões na fundação Ao HM, Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente da Fundação Escola Portuguesa e advogado, afirmou não concordar com as novas propostas laborais, e explicou que os novos vínculos não podem ser entendidos como um novo contrato que apagam os direitos adquiridos pelos trabalhadores até agora. “A escola não pode fazer isto, as coisas não funcionam assim”, lamentou Senna Fernandes. “Há que contar sempre com os direitos anteriores, porque já existe uma relação contratual anterior a este contrato. Os novos contratos não apagam o que está no passado”, afirmou. O vice-presidente da FEPM reconheceu também estar informado sobre o assunto, porque recebeu uma queixa de um docente. Contudo, ressalvou que no seio da fundação não houve qualquer reunião a informar os membros sobre a oferta de novos contratos. “Em Agosto houve uma reunião, depois disso não houve mais nada. Não sabemos de nada. Desde que existe o Conselho de Administração da Escola, a Fundação não é informada de nada…”, lamentou. “Mas as coisas são o que são, o ministro [da Educação, Ciência e Inovação de Portugal, Fernando Alexandre] é que tem de saber destas coisas”, acrescentou. O HM contactou igualmente a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para perceber a legalidade e os efeitos jurídicos da assinatura de contratos, quando existe um contrato sem termo. Até ao fecho da edição não foi recebida uma resposta. Impacto abrangente Também uma fonte conhecedora da legislação local explicou ao HM que os novos vínculos a termo não têm efeito: “Esses contratos novos são todos nulos, porque não se pode passar de um contrato sem termo para um contrato a termo. A legislação de Macau não admite isso”, foi indicado. “As entidades patronais até podem dizer que o contrato antigo acabou e que agora vigora o novo. Mas se os trabalhadores se queixarem nos tribunais, as entidades patronais vão perder, porque não é possível apagar os anos de trabalho anteriores”, vincou. A mesma fonte explicou que o contrato a termo está previsto na lei para situações muito específicas, de excepção, dado que a legislação atribui preferência nas relações laborais com residentes aos contratos sem termo. Apesar disto, é aconselhado que os docentes não assinem os vínculos: “Os trabalhadores não devem assinar esses contratos, mas mesmo que tenham assinado, não faz sentido entender que abdicaram dos seus direitos anteriores. As pessoas são residentes de Macau, e este procedimento é apenas uma forma de tentar contornar a lei”, opinou. Todavia, o facto de o contrato ser nulo não quer dizer que não tenha impacto na vida dos docentes. “A vida das pessoas não é só trabalho. Vamos imaginar que estas pessoas agora assinam um contrato a termo, mas antes tinham um empréstimo para a habitação. Quando os bancos perceberem que uma pessoa que pediu um empréstimo deixou de ter um contrato sem termo, as condições do empréstimo vão ser agravadas. Há uma diferença grande entre ser efectivo ou estar a prazo”, explicou.
João Santos Filipe SociedadeConselheiros das Comunidades esperam retracção pública de Acácio de Brito Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas esperam “uma retracção pública” do director da Escola Portuguesa de Macau (EPM) que qualificou “como falsas” as alegações contidas num ofício enviado pelos conselheiros ao ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal. O pedido de retracção consta de um comunicado divulgado ontem. “As afirmações do director da EPM são consideradas difamatórias do bom nome dos Conselheiros e da sua função, antecipando que, no mínimo, proceda a um pedido de retractação pública, devendo assumir a responsabilidade pelas suas declarações”, pode ler-se na mensagem divulgada ontem. “As alegações apresentadas no ofício foram fundamentadas e posteriormente respaldadas por uma investigação realizada pelos meios de comunicação social de Macau, que corroborou as preocupações expressas pelos pais e professores da comunidade escolar”, foi vincado. “É importante salientar que os Conselheiros agiram em conformidade com as suas funções como órgão consultivo do Estado Português, respondendo a apelos legítimos de cidadãos que, temendo represálias, optaram por esta via de intervenção”, vou acrescentado. Actualmente, os cargos de Conselheiros das Comunidades Portuguesas são ocupados por Rita Santos, Carlos Marcelo e Marília Coutinho. Professores integrados No ofício contestado por Acácio de Brito, os conselheiros alertam o ministro para o facto de os docentes recontratados estarem a ser transferidos para outras escolas, apesar de um despacho de Portugal, onde constava que esses docentes tinham de ser mantidos na EPM. “Eu tenho ouvido. Não são inverdades, são mentiras. Okay? Nós cumprimos, obviamente, integralmente o despacho do ministro da Educação”, afirmou Acácio de Brito, à TDM, nas declarações encaradas pelos conselheiros como difamatórias. “Aquilo que tenho ouvido falar revela má fé ou ignorância. Sejamos claros, a escola cumpriu integralmente aquilo que vem no despacho. Outra coisa não seria de esperar. Não faltava mais nada que um director de uma escola, a administração de uma escola não cumprisse um despacho, do senhor ministro”, vincou. “São falsas questões, de quem não sabe do que está a falar”, acrescentou. Apesar do pedido de retracção pública, os conselheiros afirmam estar disponíveis para “dialogar e colaborar” com todas as partes.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Queixa na DSEDJ motivou regresso de docentes A intervenção da DSEDJ terá sido essencial para que os professores da Escola Portuguesa de Macau colocados fora da instituição tivessem de regressar. O protocolo para a transferência dos docentes exige a concordância destes Uma queixa feita junto da Direcção de Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) terá levado a Escola Portuguesa de Macau (EPM) a integrar os três professores que tinham sido colocados em outras instituições. A informação foi adiantada na quarta-feira pelo Canal Macau. Segundo a emissora, que cita fontes próximas do processo, o regresso à EPM dos docentes terá sido motivado por uma queixa sobre a transferência dos professores para a Escola Zheng Guanying e a Escola Luís Gonzaga Gomes. A reclamação terá levado a DSEDJ a realizar uma averiguação e a intervir, o que forçou a direcção da escola de matriz portuguesa a voltar atrás e a reintegrar os professores. De acordo com as explicações da DSEDJ, a mobilidade entre as escolas com o objectivo de melhorar a aprendizagem do português é possível, mas os critérios exigem a concordância dos professores. Este aspecto não foi valorizado nem cumprido pela direcção da escola, que apenas comunicou a colocação fora da EPM aos docentes no dia em que distribuiu os horários para o novo ano lectivo. “A mobilização de pessoal tem de ser discutida entre a escola e o pessoal [a transferir], dependendo das necessidades do projecto, das qualificações desse pessoal, dos recursos humanos das escolas e da vontade dos funcionários [envolvidos]”, esclareceu a DSEDJ, ao Canal Macau. “As negociações têm de ser feitas entre a escola [EPM] e os funcionários”, foi acrescentado. Verão quente A reintegração dos docentes poderá ser o fim de um “Verão Quente” na Escola Portuguesa de Macau, que começou no final de Maio, quando o director da instituição, Acácio de Brito, anunciou uma vaga de dispensas de docentes residentes, ao mesmo tempo que afirmava estar a contratar não residentes em Portugal. A vaga de dispensas gerou insatisfação entre os professores, encarregados de educação e autoridades, incluindo os conselheiros das comunidades portuguesas, o que levou a que, após uma inspecção à escola, o ministro da Educação de Portugal emitisse um despacho a obrigar a direcção a prolongar o contrato dos dispensados para o novo ano lectivo. No entanto, no início deste ano lectivo, o caso acabou por ter mais um capítulo, dado que três dos professores recontratados acabaram por ser colocados fora da instituição. A decisão foi agora revertida.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEnsino | Depois de dispensados, docentes voltam à EPM Os três professores da Escola Portuguesa de Macau dispensados e colocados noutras instituições de ensino no território voltaram à Escola Portuguesa e já estão a dar aulas. Depois de trocas e dispensas, de um despacho do Governo português e uma carta dos conselheiros das comunidades, o ano lectivo arranca na instituição de matriz portuguesa Dispensados, recontratados, transferidos para outras escolas e agora retornados à Escola Portuguesa de Macau (EPM). A vida de três professores da EPM durante as últimas férias de Verão foi recheada de avanços e recuos e muita incerteza. Os professores Alexandra de Aragão Domingues, que tem mais de três décadas de casa, Dora Coelho, Carlos Botão Alves, Elsa Botão Alves e a psicóloga Isabel Dias Marques foram dispensados e, após um processo que incluiu um inquérito realizado pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência, viram as suas licenças especiais renovadas por um ano através de um despacho assinado pelo ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal, Fernando Alexandre. No despacho, assinado a 7 de Agosto, Fernando Alexandre fez questão de referir que renovava as licenças especiais para que se possam “manter na EPM com serviço docente/tarefas distribuídas no próximo ano lectivo”. Porém, passado menos de um mês, três dos docentes em causa deixaram de ter horário distribuído na EPM e acabaram por ser colocados noutras escolas do território, incluindo a Escola Zheng Guanying e a Escola Luís Gonzaga Gomes. Em mais um volte-face, e com o ano lectivo a começar, os três professores em questão voltaram à EPM para dar aulas e os docentes que os iriam substituir, por troca com as escolas mencionadas, regressaram também às instituições de proveniência. Para trás e para a frente Antes do regresso dos professores dispensados, os Conselheiros das Comunidades Portuguesas do Círculo da China enviaram um ofício ao Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, a expressar “crescente preocupação” com a gestão do corpo docente da EPM. Entre vários reparos e críticas, os conselheiros acusavam a direcção da escola de incumprimento do despacho assinado pelo ministro da Educação, Ciência e Inovação e apelar à intervenção do Governo português. A acusação de incumprimento foi negada pelo director da EPM, Acácio de Brito, que referiu em declarações ao Canal Macau da TDM que “a escola cumpriu integralmente aquilo que vem no despacho”. “Não faltava mais nada que um director ou uma administração de uma escola não cumprisse um despacho do senhor ministro”, acrescentou o director da EPM.
João Luz Manchete PolíticaEPM | Conselheiros pedem intervenção do ministro da Educação Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas pediram a “firme intervenção” ao Governo português na sequência da saída de docentes da EPM cujas licenças tinham sido renovadas por Lisboa. Os conselheiros denunciam, num ofício dirigido ao ministro da Educação, a forma abrupta como os professores foram dispensados da EPM Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas do Círculo da China enviaram um ofício ao Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, a expressar “crescente preocupação” devido à dispensa de docentes e da psicóloga da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Na óptica dos conselheiros, as dispensas representam um “incumprimento, por parte do Director da EPM, do despacho do Ministro da Educação, Ciência e Inovação”, de 7 de Agosto. Situações que entendem merecer a intervenção de Governo português. Recorde-se que este despacho assinado por Fernando Alexandre renovou, por um ano, as licenças especiais dos docentes e da psicóloga que estavam à beira de ser dispensados da EPM “para que se possam manter na EPM com serviço docente/tarefas distribuídas no próximo ano lectivo”. “O Director da EPM dispensou cinco professores e uma psicóloga, anunciando a contratação de dez novos docentes. Contudo, informações recentes indicam que a realidade não corresponde a essa promessa, com um número superior de professores contratados, o que se presume resultará num aumento inesperado das despesas”, começam por argumentar os conselheiros. Além disso, dos docentes inicialmente dispensados pela EPM, mas reintegrados pelo despacho do Governo português, três foram “transferidos para outras escolas da RAEM, sem aviso prévio”, conforme noticiado pelo HM na quarta-feira passada. Os conselheiros consideram esta decisão prejudica “a imagem da EPM e a confiança da comunidade”. Outros reparos Num comunicado enviado às redacções pelo organismo liderado por Rita Santos, é também referido que o director da EPM, Acácio de Brito, “eliminou a Oficina de Filosofia e a Leitura Orientada, áreas essenciais para o desenvolvimento linguístico dos alunos, sem qualquer consulta ou esclarecimento à comunidade escolar”. Os conselheiros realçam a falta de comunicação por parte da direcção da EPM, em especial no que diz respeito à distribuição de tarefas para o novo ano lectivo, impedindo “a preparação e planeamento adequados, criando um ambiente de incerteza e desconfiança”. Face às circunstâncias descritas, os Conselheiros das Comunidades Portuguesas do Círculo da China pediram “a firme intervenção” do Ministro da Educação “para garantir que as instruções do despacho de 7 de Agosto sejam cumpridas, restaurando a confiança da comunidade escolar na EPM”. É ainda sublinhada a importância de “assegurar que os alunos possam contar com a competência e serenidade de seus professores”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Professores recontratados enviados para outras escolas Apesar do despacho do ministro da Educação de Portugal, a direcção da EPM deixou pelo menos três docentes sem aulas na instituição. Os professores foram colocados em outras escolas, ao abrigo de um acordo de colaboração com a Direcção de Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) A direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) colocou noutras instituições do território pelo menos dois dos docentes que deveriam manter-se na Escola Portuguesa de Macau, de acordo com o despacho de Agosto do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre. Os docentes afectados pela colocação em outras escolas, com as quais a EPM tem acordos de cooperação, são Alexandra Aragão, colocada na Escola Zheng Guanying, e Carlos Alves, que tem como destino a Escola Luís Gonzaga Gomes. Também Dora Coelho, que chegou à EPM em 2019, no âmbito de protocolo de colaboração com outras escolas, deixa de ter horário na instituição de matriz portuguesa. O HM questionou o director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), Acácio de Brito, sobre a colocação dos docentes fora da instituição, mas este recusou-se a fazer comentários. “Não tenho nenhum comentário sobre isso. Não comento a distribuição de serviço”, respondeu. No início de Agosto, um despacho do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, indicou que os docentes que a EPM deu como dispensados deveriam manter-se na instituição, com trabalho. “Renovo, por mais um ano, as licenças especiais dos docentes Maria Alexandra de Aragão Pozel Domingues; Elsa Maria Cecílio de Sousa Botão Alves; Carlos Miguel Botão Alves e Manuela Dora Fonseca Coelho e da psicóloga Isabel Cristina Aniceto Dias Marques, para que se possam manter na EPM com serviço docente/tarefas distribuídas no próximo ano lectivo”, podia ler-se no documento. Apanhados de surpresa Alexandra Aragão estava na EPM há mais de 30 anos, foi representante dos docentes junto da direcção no ano lectivo transacto, antes de ser dispensada no final do ano lectivo passado. Acabou com o contrato renovado, por um despacho do ministro em Portugal. No entanto, agora com a colocação na Escola Zheng Guanying à vista, a docente admitiu ao HM ter sido apanhada de surpresa. “Fui apanhada de surpresa. Claro que não era esta a minha expectativa, tinha expectativa, tendo em conta o despacho do senhor doutor ministro, de regressarmos à nossa ‘casa-mãe’”, afirmou a docente, em declarações, ao HM. “Não sei mais o que dizer”, adicionou. Por sua vez, Dora Coelho, professora de Geografia e Educação Especialidade, cuja continuidade na EPM também consta no despacho, vai desempenhar funções na Escola da Flora. A docente foi contratada em 2019 pela EPM, no âmbito do protocolo de colaboração com a DSEDJ para leccionar noutras escolas. Apesar de não estar totalmente previsto que fosse leccionar na EPM logo no primeiro ano lectivo no território, acabou por fazê-lo, dando aulas de Geografia em substituição de uma docente que deixou o território. Esta é assim a primeira vez que a docente não vai ter horário na EPM: “Não era isto que estava à espera, mas foi o que aconteceu”, admitiu Dora Coelho, ao HM. A professora destacou que a experiência anterior nas escolas Zheng Guanying e Luís Gonzaga Gomes foi positiva, e que sempre sentiu que as funções de docente nas escolas chinesas onde trabalhou foi respeitada. No entanto, não deixou de questionar a “coincidência” dos professores que eram para ser dispensados estarem a ser colocados fora da EPM. Esperava-se paz Ao HM, também Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação Escola Portuguesa de Macau admitiu ter sido apanhado de surpresa: “Acho estranho que isso aconteça depois de um despacho daquela natureza. A Dr.ª Alexandra continua a fazer parte do corpo docente da Escola Portuguesa de Macau, mas a confirmar-se o destacamento para outra escola, parece-me contrariar, um bocado, o espírito deste despacho”, afirmou. “Ainda estou a reflectir sobre a questão […] Depois de um despacho desta natureza estávamos à espera de um pouco mais de paz, pelo menos de estabilidade, e temos isto de novo. É preciso pensar”, acrescentou. O HM questionou o Ministério da Educação, Ciência e Inovação sobre as colocações dos docentes fora da EPM, mas até à hora de fecho desta edição não recebeu qualquer resposta. O HM tentou ainda contactar o presidente da FEPM, Jorge Neto Valente, mas também sem sucesso.
Hoje Macau SociedadeEPM | Rita Santos fala em nova fase para a instituição Rita Santos, conselheira das Comunidades Portuguesas, disse esperar que a Escola Portuguesa de Macau (EPM) entre agora numa nova fase de tranquilidade, com um normal funcionamento da instituição de ensino, após o relatório do ministério português da Educação ter decidido que os professores e psicóloga demitidos devem ser novamente contratados. Segundo a TDM Rádio Macau, Rita Santos pediu que não haja uma perseguição aos profissionais novamente contratados, prometendo acompanhar o funcionamento da escola. Os professores Carlos Botão, Elsa Botão, Maria Alexandra e Manuela Dora Coelho voltarão a dar aulas na EPM depois do despedimento, bem como a psicóloga Isabel Marques, conforme decretado no relatório de inspecção.
João Luz Manchete SociedadeEPM | Conselheiros das comunidades saúdam decisão do Governo Os conselheiros das comunidades portuguesas do círculo da China congratularam-se pelo “acompanhamento e apoio” do Governo “na resolução da situação vivida” na Escola Portuguesa de Macau nos “últimos dois meses e meio”. Além disso, deram conhecimento à DSEDJ e à DSAL do despacho do Governo português Os conselheiros disseram reconhecer no despacho do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, que renovou os contratos de professores que haviam sido dispensados pela direcção da escola, “a vontade clara de resolver a questão de forma justa”, de acordo com um comunicado enviado às redacções. Na quarta-feira, o ministro renovou por mais um ano as licenças especiais de cinco colaboradores da Escola Portuguesa de Macau (EPM), dispensados em Maio pela direcção da escola, num despacho assinado por Fernando Alexandre. A decisão foi tomada na sequência de um relatório elaborado pela Inspecção Geral da Educação e Ciência (IGEC), depois de uma inspecção à EPM, realizada entre 12 e 25 de Julho. Os conselheiros do círculo da China (Tóquio, Seul, Banguecoque e Singapura) saudaram o que consideraram ser “a resolução da situação dos professores”, bem como “a compreensão da importância de assegurar” o ensino do Português como Língua Não Materna (PLNM) “no estrito respeito da legislação em vigor”, indicaram na mesma nota. Também destacaram “a definição dos mecanismos que permitirão monitorizar e assegurar o bom funcionamento dos órgãos administrativos e pedagógicos da EPM, garantindo um clima de trabalho com serenidade e confiança na instituição”. Comunicação local No relatório da IGEC concluiu-se que não existiram “critérios objectivos, imparciais e transparentes na cessação ou não renovação dos contratos com professores e nos novos recrutamentos de professores”, não tendo o director da EPM, Acácio de Brito, no cargo desde Dezembro, pedido previamente “ao órgão colegial de administração da entidade titular a emissão de critérios definidores ou de orientações”. O relatório pediu a intervenção reguladora do Estado português para restabelecer “o bom funcionamento da EPM e poder iniciar-se o ano lectivo de 2024/2025 em plena normalidade, essencial para garantir a permanência e a difusão da língua e da cultura portuguesas” em Macau. Entre outras conclusões, considerou ainda que a “incerteza e dúvidas criadas na comunidade escolar e nas comunidades locais servidas pela EPM pela forma como o Director lidou com a questão da propalada redução ou da eliminação da actividade lectiva do PLNM, dando ele próprio azo a esse clima de incerteza”. “Esta decisão do Ministro da Educação, Ciência e Inovação demonstra o seu empenho em preservar esta instituição tão prezada e digna da confiança da comunidade local, tal como tem acontecido ao longo de mais de 25 anos de existência”, assinalaram os conselheiros. No dia seguinte à divulgação do despacho assinado por Fernando Alexandre, o gabinete dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas do Círculo da China enviou missivas aos directores dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e Serviços de Assuntos Laborais (DSAL) a dar conta das renovações das licenças especiais dos cinco profissionais dispensados e agradecendo a atenção de apoio dados pelos órgãos da Administração ao caso. Na carta enviada ao director da DSEDJ, Kong Chi Meng, Rita Santos destaca que a decisão do Governo português assegura que a EPM “cumprirá integralmente a lei vigente na RAEM, nomeadamente no que diz respeito ao recrutamento de pessoal”. Na comunicação com a DSAL, Rita Santos pediu o acompanhamento do órgão liderado por Wong Chi Hong relativamente a um caso de uma professora de inglês da EPM, “residente permanente de Macau, contratada localmente e injustamente despedida, ao passo que uma trabalhadora não-residente com as mesmas funções foi mantida ao serviço da EPM”. Com Lusa
João Santos Filipe Grande Plano MancheteEPM | Docentes e psicóloga dispensados com contrato por mais um ano Além de indicar a “falta de critérios objectivos, imparciais e transparentes” nos despedimentos e novas contratações na Escola Portuguesa de Macau, o relatório da Inspecção-Geral da Educação e Ciência concluiu que algumas decisões do Conselho de Administração da Fundação da EPM foram tomadas a título “meramente individual” pelo presidente Os contratos dos quatro professores e da psicóloga que iam ser dispensados dos quadros da Escola Portuguesa de Macau (EPM) foram renovados por mais um ano. A informação sobre a renovação consta de um despacho do ministro da Educação, Ciência e Inovação de Portugal, Fernando Alexandre, com base no inquérito realizado pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), entre 12 e 25 de Julho. “Renovo, por mais um ano, as licenças especiais dos docentes […] e da psicóloga […], para que se possam manter na EPM com serviço docente/tarefas distribuídas no próximo ano lectivo”, lê-se no despacho de quarta-feira. A decisão de Fernando Alexandre obriga também a direcção da EPM a assegurar que os docentes e a psicóloga têm tarefas para desempenhar ao longo do ano, no que aparenta ser uma forma a evitar que os profissionais sejam “colocados na prateleira”. No despacho a que o HM teve acesso, o ministro português também aprova as novas contratações dos docentes como pretendido pela direcção da EPM. “Determino a imediata conclusão dos processos de contratação dos novos professores para que, sendo indispensáveis ao regular funcionamento da EPM, seja assegurada a sua entrada em funções a tempo do início do próximo ano lectivo”, escreveu o ministro português. Em relação ao futuro, o governante de Portugal pede aos representantes do Estado Português no Conselho de Administração (CA) da Fundação da EPM que solicitem ao órgão uma proposta com a “definição de critérios a adoptar na contratação de pessoal docente e não docente pela EPM”. A proposta terá de ser analisada pelo Conselho de Curadores, através da elaboração de um parecer, e vai resultar de uma reunião extraordinária. Esta é uma resposta directa ao inquérito da Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), cujo relatório foi apresentado a 2 de Agosto. Nas conclusões do inquérito consta que houve “falta de critérios objectivos, imparciais e transparentes na cessação ou não renovação dos contratos com professores e nos recrutamentos de professores”. A inspecção à EPM concluiu também que o director não terá respeitado o “princípio da hierarquia e da transparência”, dado que não foi solicitada “previamente, ao órgão colegial de administração da entidade titular a emissão de critérios definidores ou de orientações” para os despedimentos ou novas contratações. PLNM sem alterações O despacho de quarta-feira suspende também as reformas pretendidas para o novo ano lectivo ao nível do ensino da disciplina Português Língua Não Materna (PLNM). Segundo a decisão do ministro, a PLNM vai ser leccionada nos moldes do ano lectivo anterior, mas, os representantes de Portugal no CA da FEPM vão solicitar ao Conselho de Administração da escola que apresente “uma proposta devidamente fundamentada e quantificada sobre o modo como o ensino da língua portuguesa não materna deve ser ministrado na EPM nos anos lectivos 2025/2026, 2026/2027, 2027/2028”. A data limite para apresentar a proposta é o final do corrente ano civil, ou seja, 31 de Dezembro de 2024. Num comunicado emitido pela Associação dos Pais e Encarregados de Educação da EPM, em Julho deste ano, a direcção da escola era citada a justificar que no novo ano ia introduzir alterações ao ensino da disciplina da PLNM para acabar com a tolerância face à “subversão das regras” com o pretexto de “pretensos bons resultados”. Contudo, a inspecção à EPM considerou que “a forma como o director lidou com a questão da propalada redução ou da eliminação da actividade lectiva do PLMN” deu “azo” a um “clima de incerteza” na comunidade escolar e nas comunidades locais servidas pela EPM. A proposta sobre o futuro da PLNM será apresentada ao Conselho de Curadores da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, que até 31 de Março de 2025, terá de se manifestar “por escrito e fundamentadamente” sobre o assunto. Em relação à educação inclusiva, o ministro pede aos membros do Estado Português no CA da FEPM que assegurem o cumprimento “com todas as determinações impostas pela DSEDJ de Macau”. Neste sentido, é pedido ao Conselho de Administração da EPM que “apresente uma proposta, fundamentada e devidamente articulada com a DSEDJ, de definição de critérios tendentes a qualificar os alunos como sendo detentores de necessidades educativas especiais”. A proposta tem de ficar concluída até 31 de Dezembro de 2024. Correcção ao CA da FEPM A inspecção realizada pela IGEC levou ainda o ministro a deixar algumas correcções ao funcionamento do Conselho de Administração da Fundação da Escola Portuguesa de Macau. Actualmente, o CA da FEPM é constituído por cinco membros: três escolhidos pelo Estado português, nomeadamente Jorge Neto Valente, como presidente, Patrícia Ribeiro e Raul Capaz, um membro escolhido pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente, e um outro membro que resulta do consenso do CA, que actualmente é José Basto da Silva. Segundo a inspecção, nas tomadas das decisões com impacto para a comunidade escolar, como a dispensa dos docentes e funcionários, o CA não funcionou como órgão “colegial e solidário”. Também não houve “envolvimento do CA da FEPM nos processos de tomada de decisão”, mas antes a “adopção de posições do Presidente do CA da FEPM [Jorge Neto Valente], a título meramente individual sem vincular o órgão colegial de administração”. O ministro indica que no que diz respeito às decisões sobre as dispensas dos docentes, houve mesmo divisão no CA da FEPM, com Miguel de Senna Fernandes a opor-se à conduta do director, considerada “intempestiva e carecida de justificação ou fundamento”. O ministro revela no despacho que os despedimentos avançaram, apenas com o apoio minoritário no CA, só com os votos a favor de dois dos cinco membros do CA, Neto Valente e um outro membro em representação do Estado Português, que não surge identificado. Face a este cenário, o ministro pede aos membros representantes do Estado Português no CA que solicitem ao próprio CA da FEPM para informar o director da escola que as tomadas de posição do CA da FEPM passam a ser feitas por escrito, inclusive com os resultados das votações dos membros. Além disso, é também pedido ao CA da FEPM que transmita “ao Director da EPM que, em todas as matérias relativas ao funcionamento da EPM que não estejam sujeitas à apreciação e deliberação do CA de FEPM, adopte critérios objectivos, imparciais e transparentes e promova um diálogo permanente e construtivo com a comunidade educativa”. Incapacidade dos responsáveis No despacho, Fernando Alexandre considera igualmente que os “actuais responsáveis” da fundação e da escola têm demonstrado incapacidade para resolver os problemas. “Este novo ciclo iniciado com a nomeação dos administradores da entidade titular e com o novo diretor da EPM deveria coincidir com uma fase de consolidação da missão da Escola e de desenvolvimento ou mesmo de expansão da sua área de intervenção, porém, logo que iniciado, os problemas surgiram e com grande impacto na comunidade escolar e expressão, inclusivamente, nos serviços de Educação locais”, escreveu o ministro. Fernando Alexandre aponta depois que o desenrolar mais recente de acontecimentos mostrou “uma incapacidade dos actuais responsáveis para os resolver e debelar, tranquilizando pais, educadores, professores, pessoal não docente e a comunidade escolar no seu conjunto”. Os mandatos dos membros escolhidos pelo Estado de Português no Conselho de Administração da Fundação da Escola Portuguesa de Macau prolongam-se até Setembro de 2026, podendo ser renovados automaticamente por mais um ano.
Hoje Macau SociedadeEPM | Amélia António pede que “todos” garantam estabilidade A presidente da Casa de Portugal apelou a “todos” que garantam a estabilidade dos alunos que frequentam a Escola Portuguesa de Macau, devido ao “muito ruído” à volta da instituição. Foi desta forma que Amélia António reagiu à instabilidade criada por uma vaga de despedimentos de professores e funcionários. “Tem havido muito ruído. Penso que as coisas estão a ser tratadas serenamente, que é o que é preciso”, afirmou Amélia António, em declarações à Rádio Macau. “Acho que todos devemos contribuir para garantir a estabilidade, à escola, aos alunos”, acrescentou. A responsável pela associação de matriz portuguesa destacou também que é importante ter a garantia de que a escola pode funcionar normalmente, com as aulas a começarem nas datas previstas, para os alunos se poderem focar no ensino. A presidente da Casa de Portugal criticou também o aproveitamento que está a ser feito de toda a polémica. “É preciso não deixar que a imagem e o crédito da escola seja abalado por situações, por vezes, um bocadinho exploradas. Uma coisa são problemas reais, outra são o empolamento e o partido que se tenta tirar para outras guerras que não são as reais e que não são os problemas reais”, afirmou. “Cabe a cada um de nós, empurrar os assuntos para o sítio certo, para que sejam resolvidos com a serenidade que eles merecem”, destacou. A secção de Macau do Partido Social-Democrata, através do porta-voz, António Sousa de Bessa Almeida, tem associado as demissões na EPM ao que diz ser “um lóbi” ligado ao Partido Socialista e a Coimbra.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEPM | Nova petição junta mais de 100 assinaturas A agitação na Escola Portuguesa de Macau tarda em acalmar, e uma nova petição dirigida às autoridades locais vem pedir a continuidade dos professores e da psicóloga dispensados. Além disso, os signatários apelam ao respeito pela lei local O respeito pela lei de Macau, a manutenção dos professores e da psicóloga dispensados e a continuidade da disciplina do português como língua não materna. São estes os pedidos que constam de uma nova petição sobre a Escola Portuguesa de Macau (EPM), dirigida às autoridades de Macau, que está a circular online e que ontem tinha mais de 100 assinaturas. O texto escrito em nome dos “residentes” do território defende a “manutenção dos professores e da psicóloga dispensados”, o que é justificado com o “saber acumulado ao longo de muitos anos” do exercício das funções em Macau. Este pedido é igualmente fundamentado com o “profissionalismo e empenho” dos visados pelas dispensas, sendo considerado que a sua continuação vai permitir o “sucesso nos estudos” e “numa língua curricular” que “na maioria das vezes” não é a língua materna dos alunos. Outro dos aspectos mencionados, passa pela defesa da continuidade da disciplina do português como Português como Língua Não Materna (PLNM). Segundo o texto que reuniu mais de 100 assinaturas, o PLNM “permite aos alunos” da “comunidade que frequentam a EPM e que não são de língua materna portuguesa (muitos deles alunos inclusivos), imersos no seu dia-a-dia em línguas e culturas tão diversas, aprenderem o português de forma gradual, sistemática e consolidada, alicerçando o estudo das restantes disciplinas do currículo português”. Em relação ao PLNM, numa resposta recente da escola à associação de pais, foi reafirmado o compromisso com a manutenção da disciplina. Por último, a petição apela ao “respeito pela lei da RAEM, nomeadamente no que diz respeito às orientações da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) relativas ao pagamento do trabalho realizado pelos professores com os alunos do ensino inclusivo”. O texto aponta também que o pagamento visa permitir que os alunos sejam “devidamente acompanhados nas suas necessidades educativas” e que possam cumprir a “escolaridade obrigatória na EPM”, permitindo assegurar a “salvaguarda do princípio da inclusão, da defesa da multiculturalidade e da igualdade de oportunidades para todos”.