Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Pequim pede a EUA para não interferir na relação com El Salvador [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]equim pediu no fim-de-semana a Washington para não interferir na política externa de El Salvador, após a Casa Branca ter anunciado que os Estados Unidos vão rever a sua relação com Salvador, que rompeu relações diplomáticas com Taiwan. “Apenas o povo de El Salvador sabe qual é a decisão correcta e qual beneficia os seus interesses, assim esperamos que certos países respeitem o direito dos Estados soberanos de desenvolverem as suas relações internacionais, em vez de interferirem nos seus assuntos internos”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang. O dirigente chinês recordou ainda que El Salvador se juntou a outros 176 países que mantém relações oficiais com a China (e não com Taiwan, por imposição de Pequim). Países que mantêm laços diplomáticos com Pequim não podem ter ligações a Taipé e vice-versa. Taiwan conta agora com apenas 17 aliados diplomáticos no mundo, nove dos quais na América Latina e nas Caraíbas.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | China e El Salvador estreitam relações e deixam Taiwan à margem El Salvador estabeleceu ontem laços diplomáticos com a China, anunciaram os dois países em Pequim, numa vitória para a República Popular, que reduz para 17 o número de países que mantêm laços com Taiwan [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]documento que estabelece as relações diplomáticas foi assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, em frente às bandeiras da China e do pequeno Estado da América Central. “O nosso Governo toma esta decisão para mudar a nossa estatura histórica e elevar o nosso nível de vida. Esperamos trazer benefícios tangíveis para os nossos cidadãos e esperança para todos”, afirmou o ministro salvadorenho, Carlos Castañeda. O responsável garantiu que Pequim é “um parceiro estratégico”. “El Salvador escolheu comprometer-se a reconhecer uma só China, sem condições prévias, adoptando a mesma posição que a maioria dos Estados do mundo”, disse, entretanto, Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros da China. Também o Presidente de El Salvador, Salvador Sanchez Ceren, confirmou num discurso difundido pela rádio e pela televisão que o Governo decidiu “romper as relações com Taiwan” e reconhecer a República Popular da China. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, condenou veementemente a estratégia de Pequim de isolar diplomaticamente a ilha, através da atribuição de generosos incentivos financeiros a aliados de Taipé. “Não vamos alinhar numa diplomacia do dólar contra a China comunista”, afirmou Wu, revelando que El Salvador pediu “um enorme financiamento” para o desenvolvimento de uma infra-estrutura portuária, que Taiwan recusou. O reconhecimento por El Salvador de Pequim como o único governo legítimo de toda a China, encerra 58 anos de aliança entre o país da América Central e Taiwan. Taipé e Pequim atravessam um período de renovadas tensões, desde a vitória de Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista (DPP), pró-independência, nas eleições presidenciais em Taiwan, em 2016. Sob o seu mandato, um total de cinco Estados rompeu relações com Taipé, incluindo São Tomé e Príncipe. Reacção americana A embaixadora dos Estados Unidos em El Salvador anunciou ontem que Washington está a analisar a decisão preocupante do Estado centro-americano em estabelecer relações diplomáticas com a China e romper com Taiwan. “Os Estados Unidos estão a analisar a decisão de El Salvador. É preocupante por muitas razões, entre as quais se inclui a decisão de romper uma relação com mais de 80 anos”, afirmou Jean Manes. “Sem dúvida, isto terá impacto na nossa relação com o Governo salvadorenho”, acrescentou, nas redes sociais. A diplomata advertiu, em Julho passado, para a “alarmante estratégia de expansão” económica e militar da China na América Latina. O anúncio do Governo de El Salvador não foi bem recebido pela oposição, que apontou possíveis represálias por parte dos EUA. “A ruptura das relações diplomáticas com Taiwan é uma notícia com forte impacto na comunidade internacional, (…) isto pode ter repercussões com o nosso principal parceiro comercial, os Estados Unidos”, afirmou o presidente do Congresso de El Salvador, Norman Quijano, do partido de oposição, Alianza Republicana Nacionalista. Em 2017, El Salvador exportou 2,6 mil milhões de dólares em produtos e serviços para os Estados Unidos, e importou 3,4 mil milhões. Em Maio passado, o Burkina Faso rompeu as relações diplomáticas com Taipé, depois de a República Dominicana ter anunciado, em 1 de Março, a ruptura com Taiwan. Em Dezembro de 2016, São Tomé e Príncipe também rompeu relações diplomáticas com Taiwan e passou a reconhecer a República Popular da China. Após a ruptura do Burkina Faso, a Suazilândia é o único país africano a manter relações com Taipé. Desde 2000 que diversos países africanos, incluindo o Chade e o Senegal, que recebiam ajudas de Taiwan, romperam as suas relações com a ilha para beneficiar da cooperação chinesa.