Flora Fong PolíticaSaúde | Deputada pede centro de transplante de órgãos A Comissão de Ética para as Ciências da Vida já definiu um protocolo para a questão do transplante de órgãos, mas Wong Kit Cheng pede agora um centro equipado para o efeito. Entre sins e nãos, o Governo garantiu, em Julho, que o novo hospital poderá integrar um local para o efeito [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Comissão de Ética para as Ciências da Vida já se decidiu sobre o protocolo a seguir no caso de morte cerebral, mas Wong Kit Cheng quer mais. A deputada pede, numa interpelação escrita, um centro de transplante de órgãos e a criação de uma campanha de sensibilização de doação voluntária de órgãos. Além disso, quer que o presente diploma seja calendarizado e que esse plano seja publicamente divulgado. A justificação é simples: Wong acredita que a decisão vem eliminar obstáculos relacionados com a necessidade de cirurgias de transplante de órgãos, mas quer um trabalho breve. No início da semana, a Comissão, que tem natureza de órgão consultivo, definiu o conceito e os critérios a adoptar em casos de morte cerebral de doentes. Segundo o Jornal Ou Mun, Wong Kit Cheng apontou que no território tem existido a necessidade de transplante de órgãos, mas nestes últimos 20 anos, o Governo só elaborou um quadro que regulamenta o regime de registo de doação e transplante de órgãos. Este apenas estabelece normas para a operabilidade dos órgãos. Assim, considera que definir os critérios de morte cerebral é um símbolo importante em relação ao transplante de órgãos no futuro em Macau. “Actualmente os pacientes que necessitam de transplante de órgãos só podem fazê-lo no estrangeiro”. De 2009 a 2014, apenas 23 doentes conseguiram, mas neste momento existem 500 pacientes a precisar de um novo rim e a percentagem de o conseguirem é ínfima”, indicou na interpelação. Wong Kit Cheng frisa que é necessário implementar um calendário da legislação em relação a leis e disposições sobre transplante de órgãos, esclarecendo a orientação de desenvolvimento deste serviço de saúde e formando os profissionais de saúde. Para ontem Embora o Governo tenha dito, no ano passado, que não tinha capacidade para suportar a existência de um centro de transplante de órgãos no território, os Serviços de Saúde (SS) vieram, em Julho passado, garantir que poderá mesmo ser criado um novo centro no Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. “No futuro Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas está prevista a existência de um centro de transplante de órgãos que se responsabilizará pela coordenação da actividade a respeito de transplantação de órgãos”, asseguraram os SS, numa resposta ao HM. A preocupação do hemiciclo com a doação e transplante de órgãos para os residentes da RAEM já não é nova. Tanto Si Ka Lon como Leong Veng Chai questionaram várias vezes o Governo sobre esta questão. “É difícil encontrar doadores vivos com vontade de assumir os riscos uma vez que, em consequência, as dificuldades de se realizar um transplante deste tipo são enormes”, escrevia Leong Veng Chai numa interpelação escrita de Janeiro deste ano. O deputado sublinhou ainda o peso nas finanças que acarreta um tipo de operação destas. No caso dos doentes da RAEM terem que ir até à China para efectuar um transplante, “todo o processo de tratamento médico poderá variar entre 400.000 e 500.000 patacas, um valor insuportável para famílias normais”, frisou.