Andreia Sofia Silva Eventos MancheteDelta do Rio das Pérolas retratado em conferência multidisciplinar É já nos próximos dias 8 e 9 de Julho que se realiza a palestra online “Narrating Pearl Delta River” [Narrando o Delta do Rio das Pérolas], organizada por Mário Pinharanda Nunes, da Universidade de Macau (UM) e Rogério Miguel Puga, da Universidade Nova de Lisboa. A ideia é olhar para esta zona do sul da China não apenas de uma perspectiva literária ou histórica, trazendo também para o diálogo áreas como as artes plásticas, incluindo um ângulo de contemporaneidade. “Queríamos que a conferência tivesse uma perspectiva mais alargada”, disse ao HM Mário Pinharanda Nunes. Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “é um imaginário cada vez mais presente”, apesar de hoje “se mencionar mais como a Grande Baía”. “Optámos por este título porque a maioria dos trabalhos se centram em épocas passadas, como o século XIX, e temos mesmo um trabalho sobre o século XVII. Felizmente, conseguimos captar também o interesse de colegas que trabalham a contemporaneidade, nomeadamente na área da literatura.” Rogério Miguel Puga confessou que o objectivo desta conferência “não é apenas estudar Macau, Hong Kong ou Cantão de forma isolada, mas tentar também comparar os mesmos espaços na representação do Delta do Rio das Pérolas como um espaço geopolítico e também psicogeográfico do sul da China, através de uma abordagem comparatista”. “É um espaço terreno e fluvial ao mesmo tempo, que nasce do comércio e que ainda hoje se centra nessa área”, acrescentou. Para o académico, o Delta do Rio das Pérolas “continua a ter interesse e cada vez mais na vertente da actual política chinesa”. “É um espaço comercial e político da China e é único na história universal de encontros e desencontros, e interesses transaccionais. É um espaço histórico palimpsesto, que pode ser estudado por camadas e que exige ser estudado desta forma comparada, tendo sempre em mente o passado histórico e a sua importância actual”, referiu. Do passado ao presente Quais são então os autores que podem ser vistos e ouvidos neste evento que traz “uma abordagem global e interdisciplinar”? Os organizadores destacam o diálogo sobre o trabalho de Kit Kelen, onde será feita uma leitura ilustrada da sua poesia. “A ideia era alargar o evento às artes plásticas e temos a contribuição do professor Kit Kelen, já aposentado, mas que é bastante conhecido em Macau pelo trabalho que fez na década de 90 até há uns cinco anos atrás. Trabalhava muito com jovens poetas”, referiu Mário Pinharanda Nunes. Sara Augusto, académica do Instituto Politécnico de Macau, irá falar da “Poemografia, a escrita a preto e branco de António Mil-Homens”, imprimindo à conferência um tom mais contemporâneo, enquanto que Paul Van Dyke vai falar sobre casas de penhores. Será também dado destaque às obras de Maria Ondina Braga ou Rodrigo Leal de Carvalho, sem esquecer a obra de Henrique de Senna Fernandes. “Mónica Simas falará sobre ‘Os Dores’ de Henrique de Senna Fernandes, um autor macaense que também se ocupa de vários espaços do Delta do Rio das Pérolas nos seus romances, incluindo Portugal e cidades chinesas”, explicou Rogério Miguel Puga. Everton Machado, da Universidade de Lisboa, irá ainda falar do poeta Wenceslau de Moraes. Esta conferência conta também com a participação do Centro Cultural e Científico de Macau. A conferência pode ser vista aqui.
Manuel de Almeida VozesViagens por Macau [dropcap]A[/dropcap] melancolia das manhãs, manhãs de agonia, levam-me habitualmente a fazer “viagens” – “viajar é um exercício de tentar perder-se de si, um dos caminhos mais rápidos em direcção a nós mesmos” – a um lugar chamado Macau, lugar de pertença – retomar caminhos, com um outro olhar (o olhar escolhe, os olhos vêem), uma nova percepção -, o voltar ao território de exílio, o buscar do desconhecido conhecido, espaço de saudade e contemplação do lugar… a cidade abandonada. Nos últimos anos, muita coisa mudou – demografia, arquitectura, trânsito, poluição, clima, ambiente, usos e costumes -, Macau tornou-se um laboratório de ansiedade. Gosto do convívio da noite, de estar só – nasce um desespero ingénuo -, surgem ideias, daí palavras, formam-se esboços de frases – nasce o texto! As rotinas são terríveis – matam o pensamento -, fazem-nos perder a inquietação, a dúvida, necessárias à mudança. A imaginação é essencial para se desfrutar de um lugar como Macau, onde os pormenores em que a vista atenta não são o que parecem, mas antes outros tantos pontos de referência para todo um sistema secreto de mundos sobrepostos mas espantosamente divergentes na complicada vida da cidade. Foram alguns velhos resistentes – uma velha guarda já desaparecida –, e não outros, que me ajudaram e me iniciaram a perceber a maneira como eu próprio podia estabelecer uma relação com o espírito da cidade. Hoje em dia ocupo-me – comigo eu entendo-me -, a tentar determinar a relação ente Macau e eu próprio – é vida! A memória – “memorizar é restaurar a intimidade” – não abandona as suas imagens tão prontamente, as minhas estão inextricavelmente associadas aos seus sabores, odores, cores e sons. “A desistência é uma revelação”, já o constatava Clarice Lispector. Reprimem-nos, mas não nos roubam as almas, transformam-nos, mas não nos mudam a identidade, subjugam-nos, mas não nos tiram o pensamento. Já sabemos calcular a vida – o que a vida custa – sacrifícios, doenças, a morte; pensamos, agimos, mas como existe um hiato entre cérebro e coração – amor e compaixão -, adiamos resoluções. Nascer é um começo, o resto é discutível. A vida – assim como a cidade – não segue uma coerência narrativa. Macau ainda é uma cidade catita, atraente, sóbria. Não é desmantelada por defeito, somente desleixada, suja – já foi pior -, um pouco desbotada, enferrujada. Tem uma certa unidade decrépita no estilo e concepção arquitectónica, tanto tem uma concordância, como uma colisão de conceitos ocidentais e orientais de proporções e formas – possui uma história social e humana. – essa é a verdadeira essência da cidade. Macau é uma cidade desnorteada, impreparada, vive deslocada da realidade presente e o seu sentido de colectivo e confiança está em erosão de pensamentos e ideias – tudo o que é solução é inaplicável e tudo o que é aplicável não é solução. Deambulemos (pensamentos), pela cidade – “é obrigatório ter outros em face” -, sem restrições nem representações. Os habitantes dos bairros periféricos – “as periferias são a parte mais importante das cidades. São fábricas de desejos e sonhos”, na opinião do arquitecto italiano Renzo Piano -, Iao Hon, Patane, Tagmanini Barbosa, Ilha Verde vivem num silêncio contido. A alma deles é generosa, vivem domesticados, são classes assistidas, têm consciência da asfixia social em que vivem, mas vivem longe da praça, do palácio, do governo, mas existem! Em contexto social de bairro, a sua solidariedade é grande, já que há “um movimento intrínseco de inserção e um propósito social de inclusão”, que no seu conjunto exprimem a ideia cívica de união, aquilo a que Tomás de Aquino chamava “amizade civil”. São pessoas – lê-se-lhes nos seus rostos, não são precisas palavras – que desejam uma sociedade em que mulheres e homens pudessem ser livres. E para serem livres bastar-lhes-ia ter uma vida digna e decente, com um conteúdo económico e social, gostariam de ter uma independência ética. Do programa faz parte a gramática social… não a gramática teórica. O rio das Pérolas lá no fundo, continua a representar o trânsito do desejo e da aventura, daí as noites continuarem a ser uma mera continuação do dia – existimos logo vivemos!
Hoje Macau EventosExposição | Armazém do Boi organiza retrospectiva com artistas do Delta [dropcap]C[/dropcap]hama-se “Fluxos Ardentes – Retrospectiva de Artes do Delta do Rio das Pérolas em Macau” e é a nova exposição que estará patente no Armazém do Boi a partir do dia 23 deste mês até ao dia 13 de Outubro. Esta mostra parte de uma parceria com a Academia de Belas-Artes do Museu de Arte de Guangzhou e conta com curadoria de Hu Bin, director do museu, e Noah Ng, presidente do Armazém do Boi. De acordo com um comunicado, o principal objectivo desta mostra é “olhar para o meteórico progresso do Delta do Rio das Pérolas em termos de urbanização e fenómeno cultural com um dualismo considerável”. Neste contexto, a exposição nasce de parcerias já antes estabelecidas, onde é feito um escrutínio daquilo que tem vindo a ser realizado nas cidades que compõem esta zona “nas mais diversas comunidades criativas, colectividades e instituições”. Ao longo dos tempos “tem vindo a ser estabelecida uma forte ligação na esperança de estimular uma ecologia não ortodoxa e práticas artísticas”. Em 2016 foi feita uma exposição semelhante onde se revelaram trabalhos de nove artistas. Três anos depois da segunda edição da exposição, a “Hot Flows” volta a mostrar nove artistas que prometem mostrar a sua “trajectória de integração num modelo orientado para a comunidade no contexto do Delta do Rio das Pérolas”, onde a questão ambiental desempenha um importante papel. A exposição conta com artistas como Fong Fo, Xi San Chorus, Luwei HD e Jin Society, entre outros, incluindo os grupos Macau Comuna de Pedra e Soda City Experimental Workshop. A mostra vai estar patente na Rua do Volong, 15 e conta com os apoios do Instituto Cultural e Fundação Macau.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteCooperação | Portugal quer aproveitar centralidade de Macau Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, disse ontem em Lisboa que o país pretende aproveitar a centralidade de Macau na zona do Delta do Rio das Pérolas para aprofundar as suas relações com a China [dropcap]N[/dropcap]a conferência “O Futuro de Macau na Nova China” o crescimento económico chinês e as relações diplomáticas com Portugal acabaram por dominar grande parte dos painéis de debate. Sobre o futuro de Macau, as grandes palavras de ordem foram a integração e a história que Portugal possui com o território. Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, defendeu que o país deve tirar partido da centralidade do território no sul da China. “Devemos tirar todo o partido do facto de Macau ter uma posição muito central na zona do Delta do Rio das Pérolas, que é uma das grandes regiões de expansão económica na China”, começou por dizer. Sem querer pronunciar-se sobre o futuro de Macau, por ser “um processo que será decidido pela República Popular da China (RPC)”, Augusto Santos Silva disse que essa centralidade ditou a abertura do consulado-geral de Portugal em Cantão, bem como a abertura de uma delegação da AICEP na mesma cidade chinesa. Quanto ao Fórum Macau, Augusto Santos Silva apontou que “nos primeiros 15 anos provou a vantagem de ter esta plataforma”, não sem antes tecer algumas críticas ao financiamento de projectos específicos de investimento. “(O Fórum Macau) precisa agora de mostrar a sua utilidade através de projectos concretos financiados pelo Fundo”, frisou. Cumprimento da Lei Básica Falando de um “relacionamento muito antigo”, Augusto Santos Silva lembrou que “devemos olhar para o futuro de Macau na China e o futuro das nossas relações com a RAEM dentro do quadro mais geral do relacionamento bilateral entre Portugal e a China”. O dirigente destacou “a qualidade desse relacionamento histórico que sempre foi isento de qualquer conflitualidade e que foi capaz de desenvolver-se em vários planos, a nível comercial, cultural e de cooperação política”. Santos Silva lembrou ainda a pacífica transferência de soberania de Macau para a China, que este ano celebra o seu 20.º aniversário. O ministro destacou “a transição exemplar de Macau e a forma como têm sido cumpridos todos os compromissos constantes na Lei Básica”, algo que “tem acentuado a qualidade e a natureza do relacionamento entre Portugal e a China, de tal modo que um país pode dizer do outro que é parceiro numa dimensão tão importante como as áreas político-diplomática, cultural, educativa e linguística”. Neste sentido, Santos Silva destacou o facto da língua portuguesa continuar a ser falada e ensinada no território. “O português nunca se ensinou tanto como agora, e nunca se usou tanto o português em Macau. Usa-se mais o português e ensina-se do que nos tempos em que Macau estava sob Administração portuguesa.” Existe hoje, em Macau, “um pleno respeito pelas instituições, pela cidadania macaense e pelos compromissos assumidos pelos dois Estados”. “Espero que continuemos a cumprir a Lei Básica e a assegurar que este processo de transição continue a ser exemplar”, acrescentou. Sim à integração Cai Run, embaixador da China em Portugal, defendeu também que a integração regional é uma das metas para o futuro de Macau. “O Governo Central apoia Macau na sua integração e nos projectos de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e da Grande Baía Guangdog-Hong Kong-Macau, realizando o desenvolvimento e prosperidade comum entre Macau e o continente chinês.” O embaixador adiantou também que, com o mesmo apoio de Pequim, a RAEM “vai integrar-se aceleradamente na trajectória do desenvolvimento chinês fazendo maiores contributos para a relação sino-portuguesa”. Já o ministro Adjunto e da Economia português considerou ontem que as relações entre Portugal, a China e o mundo falante de português “têm um caminho de progresso muito significativo”, sublinhando que Macau pode desempenhar “um papel muito importante nesse relacionamento”. “Portugal e a China têm relações de mais de 500 anos que surgiram e se densificaram, sobretudo, a propósito de Macau. A relação de confiança que se estabeleceu entre os dois Estados, particularmente na questão da transição da administração do território para a RPC permitiu consolidar relações históricas e o conhecimento recíproco em benefício de ambos os povos”, realçou Pedro Siza Vieira, no encerramento da conferência. Numa mensagem vídeo, o ministro salientou que o “protagonismo de Macau num futuro de cooperação entre a China e os países falantes de português” representa um “factor decisivo do futuro” do relacionamento de Portugal “em benefício do desenvolvimento económico e da prosperidade” dos povos. “Portugal conhece bem Macau. Macau conhece bem a realidade lusófona. Está bem integrada na República Popular da China e a presença muito significativa de uma comunidade importante de portugueses na região, também apoia este processo”, argumentou. Pedro Siza Vieira indicou ainda que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) representa mais de 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e situa-se “em mercados muitos importantes” como a União Europeia, mercado com quase 500 milhões de habitantes e também nos continentes americano, africano e asiático.
Hoje Macau ReportagemBurocracia estorva criação de grande metrópole no sul da China Por João Pimenta, da agência Lusa [dropcap]A[/dropcap]grande metrópole do Sul da China, no Delta do Rio das Pérolas, é um exemplo de dinamismo chinês, limitado pelas fronteiras com Macau e Hong Kong, exemplo de um “país dois sistemas”. No Centro Logístico do Oeste do Rio das Pérolas, dezenas de operários embalam, dia e noite, produtos para a firma de comércio electrónico Tmall, que são depois enviados para diferentes pontos da província chinesa de Guangdong. O sistema, semi-automático, permite processar, em média, 300.000 encomendas por dia, mas, no terreno em frente, estão já a ser erguidas novas instalações logísticas, ilustrando as expectativas num aumento da procura, face à criação de um mercado único que integrará Guangdong com os territórios vizinhos de Hong Kong e Macau. “O objectivo é formar um porto terrestre que sirva como centro de distribuição na Área da Grande Baía”, explica à Lusa Li Weichao, vice-director do Centro Logístico, situado no condado de Heshan, entre as cidades de Jiangmen e Foshan. É o lado menos desenvolvido do Rio das Pérolas. No lado oposto, as cidades de Cantão, Shenzhen ou Hong Kong representam a vanguarda da manufactura, tecnologia ou finanças da China, e acumulam dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) da região, que na totalidade ascende a mais de 1,3 bilião de euros – superior ao PIB da Austrália ou México. Mas as autoridades de Heshan acreditam que a localização do condado, no coração da Grande Baía, vai impulsionar a economia local. O projecto visa construir uma metrópole mundial a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas. Guangdong é a província chinesa mais exportadora e a primeira a beneficiar da política de Reforma e Abertura adoptada pelo país no final dos anos 1970, contando com três das seis Zonas Económicas Especiais da China – Shenzhen, Shantou e Zhuhai. “O Governo quer usar a Área da Grande Baía para encurtar a lacuna [tecnológica] que a China tem com os Estados Unidos, Japão e outros países desenvolvidos”, revela Edmond Wu, professor de Economia na South China University of Technology, em Cantão. “Existe aqui uma cultura de inovação, porque a província de Guangdong e, [em particular], Shenzhen, foram sempre o berço das reformas na China”, resume. Após concluído, o Centro Logístico do Oeste do Rio das Pérolas terá mais de 30 quilómetros quadrados e estará ligado por autoestrada ao novo aeroporto de Foshan. Mas Li Weichao sabe que o sucesso do empreendimento depende da resolução dos obstáculos à integração de três diferentes entidades políticas e aduaneiras, com os seus próprios sistemas legais, fiscais e controlo na circulação de pessoas e capitais entre si. “O sistema regulatório é diferente entre as regiões. É urgente promover o diálogo entre as partes para encontrar soluções”, diz. Macau e Hong Kong têm as suas respectivas leis básicas e gozam de um alto grau de autonomia, incluindo ao nível dos poderes executivo, legislativo e judicial, ao abrigo da política ?um país, dois sistemas’, que perdura até meados deste século. A mega ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (HKZM), o mais emblemático projecto construído no âmbito do desenvolvimento da Grande Baía, ilustra os desafios que acompanham a integração regional. Cada região tem um número limitado de quotas atribuído aos veículos locais – Macau, por exemplo, tem direito a apenas 600 quotas para veículos locais circularem na ponte. É preciso ainda obter três autorizações diferentes, emitidas pelos governos de Macau, Hong Kong e Guangdong, um seguro especial, que cobre os três territórios, e registar os documentos pessoais com as autoridades do Continente chinês, num processo que demora, pelo menos, doze dias úteis. Desde que a obra foi inaugurada, em Outubro passado, “o volume de trânsito tem sido baixo”, admite Yu Lie, vice-director do organismo que gere a infraestrutura, num encontro com jornalistas. Questionado pela Lusa, Yu admite que, num período inicial, a obra, que custou cerca de 20 mil milhões de dólares, não será rentável. Porém, o seu objectivo político parece ter já sido alcançado. Prestes a atravessar a maior travessia marítima do mundo, o funcionário público aposentado Zhang Lei não tem dúvidas: o Partido Comunista Chinês é “grandioso” e a China é “number one”. “Hong Kong e Macau já estão unidos à pátria”, diz Zhang, que viajou milhares de quilómetros, desde o nordeste da China. “E, a seguir, é Taiwan”, atirou.
Hoje Macau China / ÁsiaCientistas alertam para extinção de golfinhos brancos no sul da China [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ezenas de projectos imobiliários e de infra-estruturas em curso na região do Delta do Rio das Pérolas, no sul da China, estão a comprometer a vida marinha local, ameaçando de extinção os golfinhos brancos, alertaram vários cientistas. O número de golfinhos brancos no sul da China atingiu um “número crítico”, apontou na passada semana um relatório publicado pelo Departamento de Pesca e Conservação da Agricultura chinês, segundo o qual apenas 47 golfinhos foram avistados em Hong Kong entre Abril de 2017 e Março deste ano. Ontem, em declarações ao jornal diário South China Morning Post, vários cientistas marinhos garantem que os projectos naquela região estão a comprometer a qualidade das águas e o habitat daquela espécie. “Já temos edifícios alfandegários e a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Já existem cerca de 30 projectos em curso no Delta do Rio das Pérolas. Todos têm impacto na reprodução e sobrevivência dos golfinhos brancos chineses”, disse àquele jornal diário Kenneth Leung Mei-yee, professor de ecologia aquática e toxicologia da Universidade de Hong Kong. Leung faz parte de um número crescente de cientistas marinhos preocupados com as consequências dos projectos de recuperação de terras na região do Delta, que integra a zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e pretende assumir-se como a mais dinâmica da Ásia em 2020. Para o biólogo marinho David Baker, professor assistente na mesma Universidade, estamos perante “um roubo do mar” e não apenas um projecto de “recuperação de terras”. “Acho que precisamos de olhar para esta questão com uma abordagem diferente”, sublinhou, lançando a questão: “que valor tem para a sociedade um fundo do mar sem ser perturbado” pela acção humana? Perante o relatório do Departamento de Pesca e Conservação da Agricultura, os especialistas apontam não apenas para a destruição irrecuperável de habitats, mas também da microbiota (conjunto dos micro-organismos que habitam um ecossistema). Por fim, garantiram que o impacto da acção humana no fundo do mar e a substituição de praias e zonas húmidas por muros de betão podem contribuir para o aumento de inundações costeiras e afectar negativamente o sistema ecológico, com a proliferação de algas nocivas.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesA Grande Baía de Guangdong – Hong Kong – Macau “China will continue to explore new mechanisms and pathways for achieving coordinated development among regions, and “build world-class city clusters and foster new sources of growth.” 2017 APEC CEO Summit – President Xi Jinping [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o longo da última década, a China tem trabalhado para mudar o modelo de crescimento dirigido pela produção, alimentado por mão-de-obra de baixo custo, para um modelo de maior valor acrescentado, liderado pela inovação e sustentado por fortes ganhos de produtividade. A urbanização é fundamental para facilitar essa mudança, inclusive através de economias de escala. Ainda que a China seja o país mais populoso do mundo e a segunda maior economia, a taxa de urbanização do país permanece muito abaixo da média global. Apenas metade da população vive em áreas urbanas e menos de 10 por cento são residentes permanentes nas suas megacidades. É nas megacidades da China que se encontra o maior potencial para impulsionar o progresso futuro da produtividade e, logo, do crescimento do PIB. A China tem quatro principais cidades em termos de população e desenvolvimento que são Pequim, Xangai, Guangzhou e Shenzhen e, dado o tamanho da população e da sua economia, pode-se considerar muito pouco e, de facto, não existem motivos para acreditar que essas megacidades tenham atingido a sua capacidade, em termos de população ou contribuição para o crescimento económico. A China tem muitas cidades dinâmicas de segundo nível, como Chengdu, Tianjin, Hangzhou, Wuhan e Suzhou, que são capazes de atingir o estatuto de primeiro nível se tiverem oportunidade. Mas, para maximizar o potencial das cidades da China, o governo terá que ser muito mais adaptável e flexível, especialmente no que se refere ao controlo rigoroso dos rácios de desenvolvimento da área urbana, caso contrário, a urbanização continuará a fazer subir os custos de habitação que já são altos, mas não eficientes para impulsionar o desenvolvimento sustentado. A boa notícia é que os governos locais estão a trabalhar para aliviar, ou mesmo eliminar, as restrições administrativas existentes e estão a introduzir as chamadas conversões das cidades e vilas, para expandir os distritos urbanos para as jurisdições rurais. Tais esforços podem permitir maior construção de habitações e expansão industrial e comercial. A outra estratégia electiva para promover a transição da China para um modelo de crescimento liderado pela cidade, é expandir o papel desempenhado pelos aglomerados urbanos que incentivam a força das cidades de primeiro nível para impulsionar o crescimento em áreas menos desenvolvidas. O rio Yangtzé e o “Delta do Rio das Pérolas” são do ponto de vista económico, as áreas mais importantes. O primeiro-ministro, em Março de 2017, anunciou um plano para o “Desenvolvimento de um Cluster da Cidade (CCD na sigla em língua inglesa)”, que é uma abordagem de desenvolvimento liderada por cidades, que melhoram as suas capacidades de promover o crescimento económico em uma zona urbana alargada, que é definida por esferas espaciais de influência económica e não jurisdições administrativas. O CCD foi adoptado pelo “Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB na sigla em língua inglesa)” como uma nova estratégia a longo prazo (Estratégia 2020) para reduzir a pobreza nos países membros em progresso, através do desenvolvimento inclusivo e das actividades de promoção do crescimento, que oferece uma excelente oportunidade para atingir um crescimento económico e social sustentável. O desenvolvimento assente em “clusters” converteu-se em um tema cada vez mais atractivo durante a última década no campo da competitividade empresarial e desenvolvimento económico. O CCD é uma visão conduzida pelas cidades que melhoram o potencial de desenvolvimento de urbes e pessoas dentro de uma região urbana ao vincular estrategicamente os seus campos de desenvolvimento, através da provisão eficiente de infra-estruturas, serviços urbanos e financiamento inovador. O termo “cluster” ligado às indústrias foi introduzido pelo economista americano, Michel Porter, em 1990, no seu livro “Competitive Advantages of Nation”. O CCD na “Área da Grande Baía de Guangdong – Hong Kong – Macau” abrange onze cidades, sendo Dongguan, Foshan, Guangzhou, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai da província de Guangdong, Hong Kong e Macau. É de considerar que entre 2010 e 2016, o PIB anual da “Área da Grande Baía (AGB)” subiu de oitocentos e vinte mil milhões de dólares para quase o dobro, tornando-se a terceira maior economia urbana do mundo, depois de Tóquio e Nova Iorque. Todavia, a população da AGB está a crescer rapidamente, e o seu PIB per capita é menos de metade de Tóquio, indicando que o seu potencial está longe de se esgotar. Os líderes chineses estudam uma segunda AGB, centrada na Baía de Hangzhou, que, por sobrepor-se ao “Delta do Rio Yangtze”, poderia percorrer um longo caminho para integrar a região já próspera. Esse CCD poderia cobrir a megacidade do litoral de Xangai, bem como cerca de dez cidades mais importantes nas províncias vizinhas de Zhejiang e Jiangsu, que incluiu portos de categoria mundial, como o Porto de Ningbo – Zhoushan, que é o mais movimentado do mundo em termos de tonelagem de carga e abarcaria duas das onze zonas de comércio livre da China. O ritmo do crescimento económico da China nas últimas quatro décadas não tem antecedentes. A China ainda não completou a sua elevação ao estatuto de país rico e à medida que moderniza a sua economia para se tornar mais assente no conhecimento e orientada para a tecnologia, é novamente impulsionada nos seus pontos fortes e não existe melhor exemplo do esforço em curso para aproveitar o potencial das megacidades. O novo plano de desenvolvimento e integração regional consubstanciado no projecto da AGB foi concebido como parte da estratégia nacional da “Iniciativa Cinturão e Rota (Iniciativa)”, que é o maior plano de desenvolvimento do país. É de esperar que o projecto da AGB tenha um apoio mais forte do governo central do que a cidade de Shenzhen tem desfrutado no seu caminho para o sucesso. Ainda que se encontre no seu estádio inicial, a fase de planeamento, ainda é caracterizada pela falta de detalhes, pois o projecto de desenvolvimento regional e de integração, atraiu muitos cépticos, que se tiverem a preocupação em observar a história do sucesso de Shenzhen e possuírem uma visão a longo prazo, poderão quiçá, visualizar o sucesso final do projecto da AGB, bem como as enormes oportunidades que oferecerá a todas as cidades participantes. O apoio total do governo central faz antever que a região de Guangdong, Hong Kong e Macau tem todas as condições necessárias para que um CCD de super cidade se desenvolva com sucesso e que incluem excelentes portos de águas profundas, centros de inovação possantes, mercados financeiros sofisticados, centros de transporte, bem como um enorme agrupamento de talentos. O plano preliminar para converter a AGB no maior contribuinte mundial em termos de Produto Interno Bruto (PIB) até 2030, foi apresentado à “Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (CNDR)” de onde consta o desenvolvimento de um grupo de cidades na área, que abrange a maioria das regiões da China, onde o cantonense é falado. O “Centro Internacional de Intercâmbios Económicos e Técnicos de China (CIIETCH)”, estabelece os objectivo, gestão, desenvolvimento e as principais tarefas do plano para a área. É de esperar que a AGB até 2020, se torne uma das principais áreas de baía do mundo e forme o quadro básico para um agrupamento de cidades de categoria mundial. É de esperar que também, em 2030, a AGB tenha o PIB mais alto de todas as áreas de baía do mundo e seja um centro de produção avançado, bem como um importante elo global para a inovação, finanças, transportes e comércio. A AGB registará melhorias substanciais no seu dinamismo, em termos de cooperação e competitividade globais, e elevar-se-á à frente dos grupos de cidades de renome mundial no mesmo ano. As estimativas sugerem que o PIB da AGB chegará a quatro triliões e sessenta e dois mil milhões de dólares até 2030, acima do das áreas da baía de Tóquio, Nova Iorque e São Francisco e tornar-se-á líder entre as suas congéneres. O plano inclui importantes projectos de infra-estruturas, plataformas de desenvolvimento e cooperação económica e comercial que terão um impacto muito para além da AGB. A ideia de criar este plano surgiu em 2009, em um relatório de pesquisa para o desenvolvimento coordenado do grupo de cidades na grande região do “Delta do Rio das Pérolas”, publicado em conjunto pelos governos locais das três regiões. A iniciativa proposta é uma prova do significativo desenvolvimento económico da região. O PIB combinado das onze cidades da área atingiu um trilião e quatrocentos mil milhões de dólares em 2016, ou seja, 12 por cento da economia nacional, ainda que represente apenas 5 por cento da população do país. À medida que a área se desenvolve, a sua influência provavelmente estender-se-á para além dos limites geográficos do “cluster” da cidade, para desempenhar um papel fundamental na Iniciativa, servindo como um vínculo fundamental, que ligará os países da “Rota Marítima da Seda” ao longo do século XXI. O objectivo da iniciativa da AGB é ambicioso, pois combina Hong Kong, Macau e as cidades do “Delta do Rio das Pérolas” da província de Guangdong para criar uma região com o peso económico que é comparável às “Áreas da Baía de S. Francisco e de Nova Iorque” e à “Grande Área de Tóquio”, e para ter sucesso, as relevantes infra-estruturas, políticas e regulamentos terão que estar funcionáveis para garantir que pessoas, bens e serviços possam fluir livremente dentro da região. A transformação da China de uma economia agrícola em uma poderosa fonte de produção nas últimas décadas tem sido admirável. O país encontra-se a meio de outra mudança importante, para um serviço impulsionado pela economia e em nenhuma outra parte do mundo é mais verdadeiro que no “Delta do Rio das Pérolas”, onde Shenzhen, por exemplo, é um dos principais centros de inovação de alta tecnologia do mundo. A região também está no centro de uma rede de cadeias de fornecimento que ligam Guangdong ao resto do mundo, e é capaz de recorrer a uma forte base de produção. A região também é apoiada por indústrias de serviços financeiros e profissionais dos melhores do mundo. O crescimento futuro da região exige maior coordenação de recursos financeiros, materiais e humanos, daí a pressão da China para o estabelecimento da AGB. Esta iniciativa visa reunir as principais cidades da região do “Delta do Rio das Pérolas”, para construir uma nova potência, comparável a outros “clusters” da cidade como a “Grande Área de Tóquio”, a “Área da Baía de S. Francisco” e a “Grande Nova Iorque” . As onze cidades da AGB têm uma população total de quase sessenta e sete milhões de habitantes, sendo maior que a área metropolitana de Tóquio, que é o maior conjunto de cidades do mundo, com uma população de quarenta e quatro milhões de pessoas. A AGB possui um PIB combinado de um trilião e trezentos e quarenta mil milhões de dólares, que é inferior ao da “Grande Nova Iorque”, com um trilião e seiscentos e dez mil milhões de dólares e ao da “Grande Tóquio” com um trilião e setecentos e oitenta mil milhões de dólares, em 2016. Hong Kong continua a ser a maior economia da AGB. O seu PIB de trezentos e dezanove mil milhões de dólares, em 2016, será provavelmente ultrapassado no futuro previsível por Guangzhou com duzentos e oitenta e cinco mil milhões de dólares e Shenzhen com duzentos e oitenta e três mil milhões de dólares. Macau com um PIB de quarenta e quatro mil milhões e setecentos milhões de dólares, apenas está à frente das cidades de Jiangmen e Zhuhai. O conceito detalhado da AGB remonta a 2011, com um estudo chamado de ” Plano de Acção para a Zona da Baía do Estuário do Rio das Pérolas”, elaborado em conjunto por funcionários de Hong Kong, Macau, Shenzhen, Dongguan, Guangzhou, Zhuhai e Zhongshan. A ideia de uma cidade “cluster” no sul da China foi reforçada pelo “Décimo Terceiro Plano Quinquenal” para o período de 2016 a 2020 que foi aprovado na “Quinta Sessão Plenária do Décimo Oitavo Comité Central do Partido Comunista da China”, celebrada em Pequim, de 26 a 29 de Outubro de 2015, que levou à celebração de um acordo – quadro, em Julho de 2017, que foi assinado pelo principal órgão de formulação de políticas da China, a “Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC na sigla em língua inglesa) ” e os governos de Guangdong, Hong Kong e Macau. Um dos principais objectivos da AGB é melhorar o nível de cooperação dentro da região, que inclui a identificação das principais vantagens competitivas das cidades e explora formas para que se complementem como por exemplo, construir sobre a conjuntura forte de recursos financeiros e profissionais dos sectores de serviços de Hong Kong, a fabricação de alta tecnologia e capacidades de inovação de Shenzhen, e as forças de produção de Dongguan e Guangzhou. A AGB, tem o potencial de estender o seu alcance para além do “Delta do Rio das Pérolas”, para as províncias próximas de Fujian, Jiangxi, Hunan, Guangxi, Hainan, Guizhou e Yunnan, e tem como objectivo alcançar mercados no Sudeste e Sul da Ásia. O desenvolvimento da AGB, também deve actuar como um catalisador para a Iniciativa, que é uma estratégia ambiciosa que visa ligar as economias ao longo do “Cinturão Económico da Rota da Seda” (Ásia Central para a Europa) e a “Rota da Seda Marítima” (Sul da Ásia para a África e Médio Oriente), conjuntamente. As cidades da região oferecem uma ampla gama de competências e serviços e devem desenvolver-se de acordo com as suas vantagens comparativas. A possível abordagem prevê que a R&D deverá ser realizada em Shenzhen, Hong Kong ou Guangzhou e a produção em Dongguan e outras cidades do “Delta do Rio das Pérolas”. As empresas podem tirar proveito de Hong Kong com base no princípio “um país, dois sistemas “, que faz parte da China, mas com seus próprios regimes legais e financeiros, e também podem aproveitar o seu estatuto de Região Administrativa Especial, como porta de entrada entre a China e o mundo e como um centro financeiro internacional para angariação de fundos, gestão de activos, passivos e riscos, serviços de tesouraria corporativa, seguros e re-seguros e, mais recentemente serviços de renminbi no mercado offshore. A região possui algumas das cadeias de fornecimentos mais eficientes do mundo, bem como um grupo de talentos bem desenvolvido e bilingues. Os maiores movimentos transfronteiriços de capital, pessoas, bens e serviços dentro da AGB são essenciais para o desenvolvimento bem sucedido da região. As cidades da AGB enquadram-se em diferentes zonas alfandegárias, bem como em sistemas administrativos, pelo que as melhorias nos movimentos transfronteiriços dependem da cooperação e esforços das instituições e organismos interinstitucionais. A questão mais urgente é para os governos locais dentro da região colaborarem em uma ampla gama de temas, que incluem as políticas económicas, meio ambiente, transporte e as questões de harmonização regulatória. A conclusão da ponte Macau – Zhuhai – Hong Kong e a ligação ferroviária de alta velocidade vão melhorar a ligação terrestre e induzir maior cooperação entre as cidades da AGB, pelo que este tipo projectos somados a muitas outras iniciativas fará da região um contribuinte chave para a maior abertura da economia chinesa.
João Luz EventosIIM lança livro sobre evolução económica da região do Delta do Rio das Pérolas [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ublicado em inglês, sob a chancela editorial do Instituto Internacional de Macau (IIM), “Pearl River Delta – From the World Factory to Global Innovator”, é um livro que estuda o desenvolvimento económico de Cantão, Shenzhen, Foshan, Dongguan, Huizghou, Zhongshan, Jianmen, Zhuhai e Zhaoqing. Este livro surge na sequência de outros oito volumes, um sobre cada grande cidade, escrito por Thomas Chan, especialista na zona em análise, consultor do Executivo de Hong Kong e do Governo chinês, e por Louise do Rosário, jornalista do Economist. Gonçalo César de Sá, do Macaulink, foi o coordenador da obra. Mas porquê focar a atenção nesta zona? “Vivem nesta região cerca de 60 milhões de pessoas e achámos que pode ser mais utilizada pelos empresários de língua portuguesa. Existe tudo aqui no sul, este é o grande motor económico da China”, explica César de Sá. Dar a conhecer estas cidades pode despoletar oportunidades de investimento, de criação de parcerias entre empresários de países de língua portuguesa e os seus congéneres chineses do Delta do Rio das Pérolas. Outro dos objectivos passou por transmitir aos empresários portugueses o conceito de desenvolvimento económico local “e dizer: aprendam”, esclarece o coordenador do livro. Uma ponte económica Depois da publicação dos oito livros em língua portuguesa, para cada uma das cidades acima elencadas, faltava um que somasse tudo. O problema é que, com o rápido desenvolvimento da zona, as oito publicações em língua portuguesa estavam completamente ultrapassadas. Dessa forma, o IIM resolveu fazer um novo livro, desta vez em inglês, para alargar o público-alvo que estava limitado aos países de língua portuguesa. A obra já inclui as novas directivas da China para o desenvolvimento da zona. Analisam-se os planos de “integração e criação de uma megalópolis que vai abarcar tudo, desde Guangdong, até Hong Kong e Macau tornando isto uma zona de grande desenvolvimento”, comenta o coordenador do livro. Neste âmbito estão também grandes obras públicas, como a ponte Hong Kong – Macau – Zhuhai. Para Gonçalo César de Sá, esta obra é “apenas uma pequena peça do puzzle da grande integração económica. Outras peças serão, por exemplo, “a linha de caminho-de-ferro rápida que vai ligar Zhuhai a Cantão, que mais tarde ligará a Hengqin, finalmente entrando em Macau com o metro. Um exemplo de que os chineses planeiam a longo prazo e cumprem a curto prazo”, explica César de Sá.