Justiça sul-coreana analisa “lista negra” de artistas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério Público da Coreia do Sul convocou ontem o embaixador do país em França devido a uma alegada “lista negra” com milhares de artistas, no âmbito da investigação do caso de corrupção que levou à destituição da Presidente.

A equipa especial do Ministério Público quer questionar Mo Chul-min, secretário para a Educação e Cultura em 2013 e 2014, sobre uma alegada “lista negra” criada durante a sua administração que incluía nove mil artistas considerados hostis ao Governo da Presidente, Park Guen-hye, sendo-lhes por isso negado apoio estatal.

Em 2014, os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Busan entraram em confronto com o autarca local, que tentou bloquear um documentário sobre o naufrágio do ‘ferry’ Sewol, que fez mais de 300 mortos, um desastre parcialmente atribuído à incompetência do Governo e à corrupção.

O autarca de Gwangju admitiu recentemente que foi pressionado pelo Governo para excluir uma pintura que satiriza Park da feira de arte bianual da cidade em 2014.

A alegada lista negra inclui algumas das figuras culturais mais famosas do país, como o realizador de “Oldboy”, Park Chan-wook, e o poeta Ko Un.

Ambos terão sido incluídos na suposta lista por comentários críticos ao Governo e por apoiarem candidatos da oposição em eleições presidenciais e autárquicas, segundo Do Jong-hwan, deputado da oposição que revelou a lista aos jornalistas.

Alta pressão

Grupos de artistas afirmam que os nomes na lista viram-lhes ser inexplicavelmente negado apoio de programas governamentais e interdito o acesso a instalações do Estado.

O antigo ministro da Cultura Yoo Jinryong, que deixou o cargo em Julho de 2014, afirmou numa entrevista recente que a lista negra foi actualizada várias vezes antes de sair e entregue ao seu ministério pelo hoje embaixador em França ou por outros secretários presidenciais.

Cho Yoonsun, a actual ministra da Cultura, que desempenhou o cargo de secretário para os assuntos políticos de Junho de 2014 a Maio de 2015, negou a acusação de Yoo de que esteve envolvida na elaboração da lista, garantindo que nunca a viu.

O Ministério Público acusou Park de conluio com uma amiga para extorquir dinheiro e favores de algumas das maiores empresas do país e de permitir que essa amiga, Choi Soon-sil, manipulasse assuntos de Estado.

O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 9 de Dezembro, decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

O tribunal tem até seis meses para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo.

A equipa especial do Ministério Público começou a investigar as alegações sobre a lista negra na sequência de uma queixa de um grupo de artistas.

Os investigadores também convocaram Kim Jae-youl, chefe da unidade de ‘marketing’ do desporto do grupo Samsung, dado que olham ainda para as alegações de que o gigante sul-coreano patrocinou a amiga da Presidente Choi Soon-sil para receber favores do Governo.

30 Dez 2016

Seul | Centenas de milhares protestam contra Presidente

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]entenas de milhares de pessoas saíram este sábado à rua na capital da Coreia do Sul, numa das maiores manifestações antigovernamentais da história do país, para reclamar a demissão da presidente Park Geun-Hye, envolvida num escândalo político.

A polícia, que inicialmente esperava uma multidão de 170 mil pessoas, estimou depois em 260.000 o número de manifestantes, enquanto os organizadores do protesto falam em um milhão de pessoas na rua.

Esta é a terceira de uma série de manifestações semanais contra Park, que luta pela sua sobrevivência política.

As autoridades apelaram à calma e cerca de 25.000 polícias foram mobilizados na capital, bloqueando todos os acesso à Casa Azul, a sede da presidência em Seul.

Durante a noite, uma maré humana invadiu a avenida Gwanghwamun, empunhando velas e cantando slogans em que pediam a demissão da presidente.

Cuidado com os amigos

O escândalo que envolve Park Geun-Hye há três semanas deve-se à sua amiga Choi Soon-Sil, que está detida e acusada de fraude e abuso de poder.

Os procuradores estão a investigar alegações de que Choi, de 60 anos, usava a sua amizade com a Presidente para conseguir donativos de grandes empresas como a Samsung para fundações sem fins lucrativos que ela própria criara e usava para fins pessoais.

Choi é também acusada de interferir nos assuntos do Estado e de aceder a documentos confidenciais apesar de não ter qualquer cargo oficial ou habilitações de segurança.

Os relatos da influência nefasta de Choi sobre Park lançaram as taxas de aprovação da Presidente para cinco por cento, um mínimo histórico para um Presidente em exercício.

Na manifestação de sábado ouviram-se ainda outras críticas, desde a queda do preço do arroz até à forma como as autoridades coreanas lidaram com o naufrágio do ferry Sewol em 2014, que fez mais de 300 mortos, entre os quais 250 estudantes.

Tentando apaziguar a cólera popular, a Presidente apresentou várias desculpas, demitiu altos responsáveis e até aceitou renunciar a algumas das suas prerrogativas, mas em vão.

Park reconheceu ser responsável pelo escândalo, admitindo ter sido, por amizade, “negligente” e pouco vigilante.

No entanto, recusou ter participado, sob influência daquela a quem os media sul-coreanos chamam de “Raspoutine”, num culto religioso de inspiração xamânica.

A amiga de 40 anos da Presidente é filha de um misterioso chefe religioso, Choi Tae-Min, que se tornou no seu mentor após o homicídio da mãe em 1974.

A manifestação de sábado é a maior na Coreia do Sul desde 10 de Junho de 2008, quando uma vigília contra a decisão governamental de pôr fim à importação de carne dos EUA reuniu 80 mil pessoas, segundo a polícia, ou 700 mil, segundo a organização.

No verão de 1987, milhões de pessoas manifestaram-se durante semanas em Seul e em outras cidades até que o então governo militar cedeu a realizar eleições presidenciais livres.

14 Nov 2016

Coreia do Sul | Presos dois ex-assessores da Presidente

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades sul-coreanas prenderam ontem dois antigos assessores presidenciais no âmbito da investigação ao escândalo político envolvendo uma colaboradora próxima da Presidente, Park Park Geun-hye, suspeita de manipular o poder.

O tribunal distrital central de Seul, acedendo ao pedido do Ministério Público, emitiu mandados de prisão para Ahn Jong-beom, ex-secretário para a coordenação política de Park, suspeito de pressionar empresas a fazerem donativos a organizações sem fins lucrativos controladas por Choi Soon-sil, a amiga de Park que está no centro do caso; e Jung Ho-sung, outro antigo assessor suspeito de lhe ter passado documentos confidenciais, indicou Shin Jae-hwan, porta-voz do tribunal.

As autoridades também citaram ontem para interrogatório Woo Byung-woo, antigo secretário presidencial para os assuntos civis, que culpam por ter falhado em evitar que Choi Soon-sil interferisse nos assuntos de Estado e que está a braços com um outro caso suspeito de corrupção envolvendo a sua família.

Na rua

Dezenas de milhares de manifestantes voltaram no sábado a pedir a demissão da presidente sul-coreana, Park Geun-hye, naquele que foi o maior protesto anti-governamental na capital em quase um ano.

A polícia estimou em 45.000 o número de pessoas que se juntaram à manifestação, enquanto os organizadores falaram, por seu turno, em 200.000 participantes.

O protesto teve lugar mesmo depois de Park Geun-Hye ter feito na sexta-feira um discurso à nação, em que voltou a pedir desculpa ao país e afirmou aceitar ser investigada formalmente.

Park Geun-Hye reconheceu, no discurso transmitido pelas televisões, que o escândalo envolvendo a sua amiga de longa data Choi Soon-Sil foi culpa sua, afirmando sentir-se “devastada”.

“Estes últimos acontecimentos são todos culpa minha, foram causados pela minha imprudência”, declarou, explicando que “baixou a guarda” relativamente a Choi Soon-sil acusada de se ter aproveitado da relação pessoal com a Presidente para aceder a documentos confidenciais e intervir em assuntos de Estado, incluindo na nomeação de membros do Governo ou na revisão de discursos.

Choi Soon-sil, de 60 anos, amiga íntima da Presidente, está a ser investigada por alegadamente se ter apropriado de fundos públicos e exercido influência na política do país, apesar de não desempenhar qualquer cargo público.

Na segunda-feira foi detida preventivamente até que na quinta-feira um tribunal de Seul aprovou formalmente um mandado de prisão, sob a acusação de prática dos crimes de tentativa de fraude e de abuso de poder.

Este caso desencadeou a maior crise política que a Presidente Park enfrentou desde que assumiu o poder em 2013.

A indignação dos sul-coreanos, incluindo de membros do seu partido, tem por base a ideia de que a Presidente foi manietada durante o seu mandato por Choi, a qual foi comparada pelos meios de comunicação social à figura de Rasputin.

A Presidente sul-coreana fez, nos últimos dias, uma remodelação governamental, substituindo nomeadamente o primeiro-ministro e despedindo oito assessores, na tentativa de responder à onda de críticas que se gerou no país devido ao caso conhecido como “Choi Soon-sil Gate”.

Contudo, partidos da oposição descreveram as mudanças como cosméticas.

Uma sondagem nacional divulgada na sexta-feira coloca a taxa de aprovação de Park nos 5% – o valor mais baixo alguma vez alcançado por um Presidente na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980 após décadas de ditadura militar.

O mandato da Presidente termina dentro de 15 meses. Caso Park se demita antes, a lei determina que têm de ser realizadas eleições presidenciais no prazo de 60 dias.

7 Nov 2016

Coreia do sul com plano de destruição de Pyongyang

A Coreia do sul criou um plano de destruição massiva da capital norte coreana, caso esta mostre qualquer intenção de voltar a usar armamento nuclear. O aviso foi feito por fonte militar

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul desenhou um plano para destruir a capital da Coreia do Norte, através de bombardeamentos intensivos se Pyongyang mostrar sinais de ataque nuclear, disse fonte militar de Seul à agência sul-coreana de notícias Yonhap. “Todos os distritos de Pyongyang, particularmente naqueles onde possa esconder-se o líder norte-coreano, serão completamente destruídos por mísseis balísticos e projécteis de alto poder explosivo assim que o Norte mostre sinais de usar arsenal nuclear. Por outras palavras, a capital do Norte será reduzida a cinzas e eliminada do mapa”, disse aquela fonte militar de Seul à agência sul-coreana de notícias Yonhap.
Os detalhes da operação são divulgados depois de o Ministério da Defesa sul-coreano ter dado conta do denominado “Castigo Massivo e Represália da Coreia do Norte” à Assembleia Nacional, em resposta ao mais recente teste nuclear do Norte. O conceito operativo do Ministério de Defesa pretende lançar bombardeamentos preventivos contra o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e a liderança militar do país, se forem detectados sinais iminentes do uso de armas nucleares ou em caso de guerra, explicou a fonte. Nesse caso, a Coreia do Sul tem previsto lançar os seus mísseis balísticos Hyunmoo 2A e 2B, com um alcance entre 300 e 500 quilómetros, assim como os seus mísseis de cruzeiro Hyunmoo 3, cujo alcance é de 1.000 quilómetros.
Seul anunciou, em meados de Agosto, a intenção de incrementar de forma significativa o seu arsenal de mísseis para fazer frente à “crescente” ameaça da Coreia do Norte.
Outra fonte disse que Seul criou recentemente uma unidade especial encarregada da destruição da cúpula militar da Coreia do Norte, cuja missão se centra no “lançamento de ataques preventivos sobre eles”, segundo declarações recolhidas pela Yonhap.

Puxão de orelhas chinês

Na sequência do teste nuclear levado a cabo por Pyongyang na sexta-feira, o Governo chinês disse que o ambiente e a saúde da população não foram afectados, mas chamou embaixador coreano alertando-o para o aumento da tensão na região. “A persistência no desenvolvimento de armamento nuclear e os testes vão contra as expectativas da comunidade internacional e aumentam a tensão na península”, disse Zhang Yesui, vice-primeiro ministro chinês Zhang Yesui a Ji Jae-ryong, embaixador norte-coreano, acrescentando que essa acção “não conduz à paz e estabilidade da península Coreana”, segundo a Xinhua. Zhang instou a Coreia do Norte a evitar acções que possam exacerbar essas tensões e a “regressar ao caminho correcto da desnuclearização o mais rápido possível”.

Todos contra um

O Japão e a Coreia do Sul também estão preocupados com a situação e, numa conversa telefónica entre a ministra da Defesa Tomomi Inada, e o seu homólogo sul-coreano, Han Min-koo, acordaram estreitar a cooperação para lidar com o programa nuclear norte-coreano. O ministro Han disse que o teste nuclear foi um grave desafio para a estabilidade regional e global, e que a comunidade internacional necessita fazer esforços de cooperação para lidar com a situação, segundo a informação recolhida pela agência japonesa de notícias Kyodo. O Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos mantiveram na sexta-feira teleconferências de alto nível em matéria de Defesa, concordando que as acções provocadoras de Pyongyang requerem a união da comunidade internacional para preparar sanções adicionais ao regime norte-coreano, revelou Han.

12 Set 2016