China celebra aproximação entre Pyongyang e Seul

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China enalteceu ontem as “mensagens positivas” entre Pyongyang e Seul, após o governo norte-coreano ter assumido o interesse em participar nos Jogos Olímpicos de Inverno, que se celebram no próximo mês na cidade sul coreana de PyeongChang.

“Acreditamos que é um bom sinal e damos as boas-vindas e apoiamos as duas partes a aproveitarem a oportunidade e fazerem esforços concretos visando a melhoria dos laços bilaterais”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Geng Shuang.

A aproximação poderá também servir para “aliviar a tensão na península coreana e alcançar a desnuclearização”, acrescentou.

O ministro da Coreia do Sul para a Unificação, Cho Myoung-gyon, propôs hoje que representantes das duas coreias se reúnam no próximo dia 9 de Janeiro na aldeia Panmunjom, dentro da Zona Desmilitarizada que divide a península.

A proposta surge depois do líder norte-coreano, Kim Jong-un, ter assegurado na sua mensagem de ano novo que está aberto ao diálogo com Seul para que o seu país envie uma delegação aos Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizam em território sul coreano, entre 9 e 25 de Fevereiro.

O porta-voz chinês sublinhou que a China continua “comprometida com a desnuclearização” e a manutenção da paz e estabilidade na península coreana. Geng afirmou que as principais causas do conflito são “as contradições entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos” e apelou aos governos dos dois países para que “construam confiança mútua e façam esforços concretos visando o regresso às negociações através do diálogo e consultas”.

A península coreana está dividida desde a devastadora Guerra da Coreia (1950-53), que terminou sem a assinatura de um tratado de paz. Nos últimos meses, os sucessivos ensaios nucleares de Pyongyang e a retórica beligerante do Presidente norte-americano, Donald Trump, elevaram a tensão para níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia.

 

Seul propõe conversações oficiais

O Governo sul-coreano propôs hoje a Pyongyang realizar conversações oficiais a 9 de Janeiro sobre a cooperação nos Jogos Olímpicos de Inverno, que vão realizar-se em Fevereiro na Coreia do Sul.

O ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-gyon, anunciou que o Sul propõe que as duas Coreias se encontrem a 09 de Janeiro, na aldeia de Panmunjom, na fronteira entre os dois países, para debater a cooperação durante os Jogos Olímpicos e a forma de melhorar as relações bilaterais.

A proposta sul-coreana surge um dia depois de o líder da Coreia do Norte afirmou que Norte e Sul deviam reunir-se para negociar a presença de uma delegação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de inverno em PyeongChang (Coreia do Sul), que vão decorrer entre 9 e 25 de Fevereiro.

“Esperemos que Sul e Norte se possam sentar, frente a frente, para debater a participação da Coreia do Norte nos jogos de PyeongChang, tal como outras questões de interesse mútuo para melhorar as relações intercoreanas”, declarou o ministro Cho, em conferência de imprensa.

Na mensagem de Ano Novo, Kim Jong-un voltou a ameaçar os Estados Unidos e indicou que o país tinha completado o programa nuclear.

No ano passado, a Coreia do Norte realizou um sexto teste nuclear a lançou três mísseis balísticos intercontinentais, no âmbito do desenvolvimento dos programas nuclear e de armas, levando a ONU a agravar as sanções contra o país.

3 Jan 2018

Coreia do Sul : UE criticada por inclusão em lista de paraísos fiscais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério das Finanças da Coreia do Sul criticou ontem a União Europeia (UE) por incluir o país na lista negra de paraísos fiscais, argumentando que essa decisão “não está em conformidade com padrões internacionais”. Os ministros da Economia e Finanças da União Europeia (UE), reunidos na terça-feira em Bruxelas, adoptaram uma “lista negra” de 17 paraísos fiscais, por serem consideradas jurisdições não cooperantes, entre as quais figura a Coreia do Sul.

A inclusão da quarta economia da Ásia surge em resposta ao facto de ter “regimes fiscais preferenciais prejudiciais e de não se ter comprometido a corrigi-los ou aboli-los antes de 31 de Dezembro de 2018”, de acordo com o documento emitido pelo Ecofin.

Segundo um comunicado publicado hoje pelo Ministério das Finanças da Coreia do Sul, “a UE decidiu que o regime fiscal [de isenções] para empresas estrangeiras em zonas económicas especiais e outras zonas designadas” que se aplica na Coreia do Sul “entra dentro da classificação de regime tributário preferencial”.

Seul considera, no entanto, que “estas decisões da UE não se encontram em conformidade com padrões internacionais como os da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] e também vão contra acordos internacionais”.

Entre outros, o executivo sul-coreano advoga que, segundo o projecto BEPS [sigla do Plano de Acção para o Combate à Erosão Tributária e à Transferência de Lucros da OCDE], o sistema de apoio ao investimento sul-coreano não cai na qualificação de ‘regime preferencial’”.

Também considera que o bloco dos 28 estendeu o foco de aplicação ao sector manufactureiro quando, segundo Seul, os critérios do BEPS geralmente apenas limitam sectores como o financeiro ou de serviços.

A “lista negra” inclui Samoa Americana, Bahrein, Barbados, Granada, Guam, Coreia do Sul, Macau, Ilhas Marshall, Mongólia, Namíbia, Palau, Panamá, Santa Lúcia, Samoa, Trinidad e Tobago, Tunísia e Emirados Árabes Unidos. Além da lista de 17 jurisdições consideradas não cooperantes, a UE elaborou uma lista “cinzenta” de 47 jurisdições que se comprometeram a cumprir os critérios exigidos e que serão reavaliadas, entre as quais se conta Cabo Verde.

7 Dez 2017

Visita de Trump à Ásia foi “tremendo sucesso”

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, regressou ontem a Washington, depois de uma visita à Ásia que declarou ter sido um “tremendo sucesso” e serviu para alertar o mundo de que as “regras mudaram” no comércio.

O líder norte-americano revelou que fará, esta semana, uma “declaração importante” sobre o comércio e o seu périplo pela Ásia, na Casa Branca, onde deverá promover o plano de reforma fiscal do Partido Republicano.

Um avião Air Force One partiu ontem de Manila, onde Trump disse aos jornalistas que se deslocam com ele que “foram 12 dias fantásticos”. Sobre o comércio, o Presidente norte-americano afirmou que os parceiros comerciais dos EUA “vão passar a tratar [os EUA] de forma muito diferente”.

O Presidente partiu de Washington, em 3 de Novembro, para um périplo de quase duas semanas que incluiu Japão, Coreia do Sul, China, Vietname e Filipinas.

“Penso que os frutos do nosso trabalho vão ser incríveis, seja para a segurança das nossas nações, ou para a segurança do mundo, ou em questões comerciais”, afirmou.

Trump, que durante a campanha eleitoral prometeu rasgar acordos comerciais multilaterais, que considera prejudicarem os Estados Unidos, insistiu durante a viagem que o défice comercial norte-americano, de centenas de milhares de milhões de dólares, será reduzido a zero.

O líder norte-americano frisou que o comércio deve ser justo e mutuamente benéfico.

“Os Estados Unidos devem ser tratados de forma justa e reciproca”, escreveu ontem Trump, na rede social Twitter. “Os défices comerciais gigantes devem reduzir-se rapidamente”, acrescentou.

Trump afirmou que, durante a viagem, foram fechados negócios no valor conjunto de 300.000 milhões de dólares, uma soma que previu irá triplicar num curto período de tempo.

“Explicámos que os EUA estão abertos ao comércio, mas que queremos comércio reciproco”, disse.

15 Nov 2017

Xi Jinping reúne com homólogo sul-coreano na próxima semana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Presidentes da Coreia do Sul e da China vão reunir-se na próxima semana para tentar melhorar as relações bilaterais beliscadas pela instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano, foi ontem anunciado.

Moon Jae-in e Xi Jinping vão manter conversações à margem de um fórum regional anual que vai decorrer no Vietname, na próxima semana, afirmou Nam Gwan-pyo, responsável da presidência sul-coreana.

O encontro tem lugar no quadro dos esforços por parte de Seul e Pequim para melhorar as relações bilaterais, indicou o mesmo responsável, em declarações transmitidas pela televisão e citadas pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

Em resposta à controversa instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano (THAAD), Pequim lançou uma retórica agressiva, argumentando que o THAAD representa uma ameaça à segurança nacional chinesa. Os negócios sul-coreanos presentes na China foram alvo de retaliações económicas.

Isto apesar de Seul e o seu principal aliado, Washington, garantirem que o sistema tem objectivos meramente defensivos e visa responder a ameaças por parte da Coreia do Norte.

O encontro com Xi Jinping vai ser o segundo desde que Moon assumiu a presidência da Coreia do Sul em Maio, depois do que teve lugar na Alemanha à margem da cimeira do G20.

1 Nov 2017

Economia | Cabo Verde seduz investimento chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Economia e Emprego cabo-verdiano, José da Silva Gonçalves, apontou ontem, em Pequim, a “localização estratégica” e “estabilidade política e económica” de Cabo Verde como valências para atrair investimento chinês.
Cabo Verde “está numa encruzilhada entre quatro continentes” e, “certamente, a China, pelos seus interesses e posicionamento no mundo, vê isso como uma complementaridade”, disse à agência Lusa o ministro cabo-verdiano.
José da Silva Gonçalves, que participou na China da 22.ª Assembleia-Geral da Organização Mundial do Turismo, lembrou ainda que Cabo Verde “é o único país de rendimento médio na [sua] região” e que goza de “estabilidade política, social e macroeconómica”.
As relações entre as duas nações, que remontam ao início da luta pela independência em Cabo Verde, foram formalizadas a 25 de abril de 1976, com o estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
Alguns dos principais edifícios em Cabo Verde, como a Assembleia Nacional, Palácio do Governo ou Estádio Nacional, foram financiados e construídos por Pequim.

Mão de Macau

A primeira iniciativa de uma empresa privada chinesa no país, contudo, só agora está a nascer.
Com um investimento estimado em 250 milhões de euros, o empreendimento turístico da praia da Gamboa e ilhéu de Santa Maria, do empresário de Macau David Chow, vai ocupar uma área de aproximadamente 153 mil metros quadrados e inclui, além de um empreendimento turístico de luxo, um casino.
A expectativa é que venha a gerar 2.100 postos de trabalho directos e a receber diariamente 12 mil pessoas nos sectores do comércio, lazer, desporto e cultura.
José da Silva Gonçalves lembra a importância do projecto para diversificar a oferta turística do país africano, muito ligada ao sol e mar, acrescentando jogos de azar, golfe e salas de conferência, que permitirão atrair turismo de negócios.
“Será uma extensão daquilo que é Macau, numa escala muito diminuta”, apontou o ministro, numa referência à Região Especial Administrativa chinesa, que é o maior centro de jogo do mundo.
Com uma população de cerca de 530.000 habitantes, Cabo Verde recebeu, em 2016, 644.000 turistas, um acréscimo de 13,2% face ao ano anterior.
“É uma área muito importante para a nossa economia, que corresponde a mais de 20% do PIB”, lembrou o ministro.
Na China, José da Silva Gonçalves vai ainda participar esta semana num fórum dedicado à Economia Azul, na ilha de Pingtan, província de Fujian.

Seul | Oito milhões de dólares em ajuda humanitária para Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eul aprovou ontem o envio de oito milhões de dólares  em ajuda humanitária para Pyongyang, apesar da tensão na península e a recente aprovação de novas sanções contra o regime pelos seus testes de armas.

O Executivo de Moon Jae-un deu ontem luz verde ao envio destas ajudas, que vão ser canalizadas através de organismos da ONU e que são especialmente destinadas a mulheres grávidas e crianças, explicou o Ministério de Unificação norte-coreano em comunicado.

Seul considera estes dois grupos especialmente vulneráveis a nível alimentar, atendendo às más colheitas que se esperam este ano na Coreia do Norte.

Um recente relatório da ONU alerta para os problemas de má nutrição que afectam 72% dos norte-coreanos, enquanto a UNICEF recordou em comunicado que os menores de cinco anos são especialmente vulneráveis a esta situação, assim como as deficiências dos sistemas de saúde locais.

O Governo sul-coreano anterior, no poder até Maio último, tinha decidido suspender toda a ajuda humanitária ao país vizinho na sequência do quarto teste nuclear realizado em Janeiro de 2016.

Esta é a primeira ajuda que Seul vai enviar para Pyongyang desde Dezembro de 2015.

22 Set 2017

Dezenas de feridos em Seongju em protestos contra a instalação de escudo antimísseis

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ezenas de pessoas ficaram feridas na Coreia do Sul em confrontos entre polícias e manifestantes durante um protesto contra a instalação do escudo antimísseis THAAD, que acabou por ser ontem concluída.
Os confrontos ocorreram, durante a noite de quarta-feira, entre 400 residentes da cidade de Seongju, próxima do local que acolhe o sistema de Defesa Terminal de Área de Grande Altitude (THAAD), e as forças de segurança destacadas na zona.
Cerca de oito mil polícias foram destacados para uma zona próxima do local, onde dezenas de civis e agentes ficaram feridos e foram transportados para hospitais, sem que se saiba o número exacto ou a gravidade dos ferimentos, segundo a agência Yonhap.
Os manifestantes protestavam contra a chegada de quatro plataformas de lançamento, para terminar a instalação do THAAD e que se juntam às duas já operacionais no terreno, um antigo campo de golfe situado a cerca de 18 quilómetros de Seongju.

Ajuda americana

Cerca de dez veículos militares norte-americanos que transportavam os dispositivos abandonaram a base militar aérea de Osan (a cerca de 70 quilómetros de Seul) depois da passada meia-noite e chegaram ao seu destino, uma base militar de artilharia a cerca de 300 quilómetros da capital, às 8:20.
Os manifestantes bloquearam o acesso durante várias horas antes de serem dispersados pela polícia pelas 5:00.
O Governo sul-coreano congelou a instalação de quatro plataformas de lançamento do THAAD no passado mês de Junho, por considerar que o anterior executivo, que aprovou a sua instalação em Julho de 2016, não realizou os estudos de impacto ambiental a que a lei sul-coreana obriga.
No entanto, perante o contínuo desenvolvimento do programa de armamento da Coreia do Norte, o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, pediu em Agosto que fosse estudada a instalação das quatro plataformas que faltavam.
Os residentes temem que a sua cidade se converta num alvo primário dos ataques de Pyongyang, além de recear os efeitos que os seus radares tenham para a saúde e para as suas plantações.

Pyongyang celebra sexto teste nuclear com fogo de artifício

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte celebrou na quarta-feira com fogo de artifício o seu sexto e mais potente teste nuclear, que classificou como um “evento nacional auspicioso” e um “marco sem precedentes”.
A praça de Kim Il-sung em Pyongyang recebeu civis e membros da elite do regime, incluindo o chefe de Estado honorífico, Kim Yong-nam, e o vice-marechal do exército Hwang Pyong-so, e “os que contribuíram para o bem-sucedido teste da bomba H que pode ser instalada num míssil”, segundo a agência oficial KCNA.
Os participantes testemunharam diversos discursos que classificaram o teste nuclear como “um evento nacional auspicioso que deu grande coragem e força ao exército (norte) coreano e ao povo”.
O teste foi um “presente” para os líderes Kim Il-sung e Kim Jong-il, avô e pai do actual líder, Kim Jong-un, que com a sua “orientação enérgica, dedicação incansável e esforços” fizeram com que a Coreia do Norte possa “emergir com um Estado com armas nucleares”, disse a KCNA.
O regime elogiou o “marco sem precedentes” conseguidos pelo jovem Kim no desenvolvimento atómico do seu país e reafirmaram a sua postura de levar a cabo “os ataques preventivos mais implacáveis e fortes”, se os Estados Unidos puserem em marcha uma guerra.
Pyongyang realizou no passado domingo o seu sexto e mais forte teste nuclear até à data, em que garantiu ter detonado uma bomba H (de hidrogénio, mais potente que as armas convencionais) que pode ser instalada num míssil intercontinental.
Trata-se do quarto teste nuclear que a Coreia do Norte executa sob a liderança de Kim Jong-un.

8 Set 2017

Coreias | Pequim denuncia “papel destrutivo” de “alguns países”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, principal aliado diplomático da Coreia do Norte, denunciou ontem o “papel destrutivo” de “alguns países”, que sabotam os esforços das negociações para resolver a questão na península coreana, referindo-se aos apelos por mais sanções.

“É lamentável que alguns países ignorem consecutivamente os apelos ao diálogo e apenas falem em mais sanções, enquanto a China e outros estão a promover um diálogo pacífico”, disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Face ao deteriorar da situação, [estes países] evitam as suas responsabilidades, e as suas acções e discursos constituem um papel destrutivo e não construtivo”, afirmou Hua, em conferência de imprensa.

A porta-voz da diplomacia chinesa lembrou que a crise nuclear na Coreia do Norte “não se trata de um filme ou de um jogo de computador, mas de uma situação real, com impactos para a paz na região”.

“Trata-se de um problema grave e importante”, afirmou Hua Chunying, apelando às várias partes para que adoptem uma “atitude responsável”.

O Conselho de Segurança da ONU, do qual a China é membro permanente, condenou na terça-feira o último lançamento de um míssil norte-coreano, que sobrevoou o Japão.

O grupo composto por 15 países não referiu, no entanto, a possibilidade de reforçar as sanções contra o regime de Kim Jong-un.

No entanto, o Japão disse já esperar que o Conselho de Segurança aprove uma nova “resolução forte” contra o país.

O Reino Unido apelou também a novas sanções internacionais, incluindo que China e Rússia repatriem à Coreia do Norte os trabalhadores norte-coreanos nos seus territórios, uma fonte de receitas significativa para o Governo de Pyongyang.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira que a solução para a Coreia do Norte não passa por negociações.

Acções e diálogos

A sétima ronda de sanções internacionais, adoptada no início de Agosto pelo Conselho de Segurança da ONU, visa reduzir em mil milhões de dólares as receitas do país com as exportações de carvão, ferro, minério de ferro e pesca, um valor equivalente a um terço do conjunto das exportações.

Segundo fontes diplomáticas, as Nações Unidas estudam outras sanções, nomeadamente no sector do petróleo – a China é o principal fornecedor de crude do país.

O gigante asiático continua, no entanto, a defender uma “solução pacífica” e a retoma das “Conversações a Seis” (as duas Coreias, Estados Unidos, China, Rússia e Japão), interrompidas desde 2009.

Pequim defende também a suspensão dos testes atómicos e com misseis de Pyongyang, em troca do fim dos exercícios militares conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul na península coreana.

1 Set 2017

Coreia do Norte | Sul reafirma a vontade de paz. Estados Unidos tentam acabar com exportações

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eul não quer a guerra, reiterou ontem o Presidente da Coreia do Sul, que garante que tudo fará para que as ameaças entre Pyongyang e Washington não aterrem no seu país. Os Estados Unidos lançaram outra batalha, ao procurarem o isolamento económico total do regime de Kim Jong-un. Num momento de aparente acalmia, a questão reside em saber o que vem a seguir

Não vai haver guerra na Península Coreana, afirmou ontem o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-In, apesar da grande tensão em torno de Pyongyang e do programa de mísseis que tem vindo a testar nos últimos meses, cada vez com maior intensidade.

“Todos os sul-coreanos trabalharam arduamente para reconstruir o país das ruínas deixadas pela Guerra da Coreia”, afirmou Moon Jae-In numa conferência de imprensa que assinalou os primeiros 100 dias no cargo. “Vou evitar a guerra a todo o custo”, prometeu. “Por isso, quero que todos os sul-coreanos acreditem, com confiança, que não haverá guerra.”

O Presidente da Coreia do Sul revelou que está a colocar a possibilidade de destacar um enviado especial para Pyongyang.

Na terça-feira passada, durante um discurso transmitido pela televisão, Moon Jae-In tinha já dito que não haverá acção militar na Península da Coreia sem o consentimento de Seul, garantindo que o Governo do Sul irá fazer tudo para evitar um conflito armado.

A tensão na península tem aumentado nos últimos meses, sendo que estas semanas foram particularmente difíceis, com a Coreia do Norte e os Estados Unidos a ameaçarem-se mutuamente com intenções militares. Pyongyang tem dado sinais de que não pretende desistir do desenvolvimento do programa nuclear, estando aparentemente a trabalhar em armamento com capacidade para atingir os Estados Unidos.

Na semana passada, a Coreia do Norte avisou que estava a preparar um plano para um ataque a Guam. Uns dias depois, na terça-feira, o regime de Kim Jon-un disse ter mudado de ideias, com Pyongyang a explicar que vai “observar” os Estados Unidos antes de avançar com a ofensiva. Já o Governo de Guam garantiu que se mantém alerta relativamente a um possível ataque norte-coreano com mísseis.

Recorde-se que o anúncio do ataque a Guam surgiu depois de Donald Trump ter prometido atingir a Coreia do Norte com “fogo e fúria” se o país não reduzisse o tom das ameaças.

Cortar com os aliados

Na Coreia do Sul, país que teria uma situação muito complicada para resolver com um eventual conflito armado, os líderes políticos tentam desdramatizar um cenário com contornos difíceis; noutro ponto do planeta, os Estados Unidos procuraram isolar, ainda mais, a Coreia do Norte.

Mike Pence, vice-presidente norte-americano, pediu esta semana ao Brasil, ao México e a outros países da América Latina que acabem de vez com os laços diplomáticos e económicos com Pyongyang, recordando as ameaças que foram feitas nas últimas semanas por Kim Jong-un.

“Pedimos veementemente ao Chile, ao Brasil, ao México e ao Peru que cortem todos os laços com a Coreia do Norte”, declarou Pence, numa conferência de imprensa em que esteve acompanhado pela Presidente chilena, Michelle Bachelet. O vice-presidente dos Estados Unidos pediu ao Chile que reclassifique produtos exportados para a Coreia do Norte, de modo a que passem a ser abrangidos pelas sanções impostas ao regime.

A pretensão de Mike Pence não será, por agora, atendida. O chefe da diplomacia chilena disse, mais tarde, respeitar o pedido dos Estados Unidos, mas acrescentou que não existem intenções de mudar o modo como o país lida com Pyongyang. “São já relações distantes porque aplicamos com rigor todas as sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas” contra a Coreia do Norte, declarou Heraldo Munoz.

Em 2015, o regime de Kim Jong-un importou vinho chileno no valor de 65 milhões de dólares. Já o México vendeu petróleo avaliado em 45 milhões e o Peru exportou 22 milhões de dólares em cobre.

A Presidente Michelle Bachelet faz parte dos líderes que acham que a diplomacia é a chave para resolver o problema, tendo defendido que é necessário um esforço adicional de todas as partes envolvidas para garantir a desnuclearização da Península Coreana.

Em açambarcamento?

Os esforços de Mike Pence para isolar Pyongyang surgem numa altura em que se acredita que a Coreia do Norte tem estado a preparar-se para resistir à progressiva perda de parceiros económicos. Números avançados esta semana pelo South China Morning Post demonstram que a importação de bens alimentares da China aumentou drasticamente no último ano, um sinal de que Pequim será mesmo o último aliado do regime.

Dados oficiais da alfândega chinesa apontam para um aumento das exportações em quase 30 produtos. A quantidade de milho enviada para a Coreia do Norte aumentou 32 vezes, ultrapassando as 12.700 toneladas, sendo o bem alimentar mais procurado. Seguem-se as bananas e a farinha.

As bebidas alcoólicas mais do que quadruplicaram, chegando aos 9,5 milhões de litros. Entre os alimentos mais importados pelo país estão ainda o chocolate, o pão e os biscoitos. As estatísticas sobre o arroz exportado pela China no ano passado não estão ainda completas, mas a Coreia do Norte recebeu, no segundo trimestre deste ano, mais de 11 milhões de toneladas de arroz, bastante mais do que os 3,5 milhões que importou no mesmo período do ano passado.

Os recentes lançamentos de mísseis levados a cabo por Kim Jong-un levaram a comunidade internacional a aumentar as sanções ao regime, mas os bens alimentares não fazem parte do pacote de sanções, na esperança de que seja possível manter um padrão de vida mínimo para os cidadãos de um país onde a fome é a realidade da maioria. No entanto, a Coreia do Norte viu serem impostos limites nas exportações. Na passada segunda-feira, a China deixou de comprar marisco ao vizinho, acabando assim com uma fonte de rendimento que, no ano passado, deu a Pyongyang 190 milhões de dólares norte-americanos.

Especialistas analisam dificuldades bélicas de Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a grande incógnita do momento para os observadores da Coreia do Norte e especialistas em armamento. Existe a convicção de que Pyongyang está efectivamente a preparar armamento nuclear capaz de atingir os Estados Unidos. A retórica de Kim Jong-un tem sido acompanhada por testes a mísseis balísticos que demonstram capacidades militares norte-coreanas que surpreenderam muitos analistas.

Constatado que está o facto de que existe uma ameaça que vai além da propaganda, tenta-se perceber a verdadeira dimensão do poder bélico do regime. Presume-me que os norte-coreanos estão a tentar produzir um dispositivo nuclear com uma dimensão suficientemente pequena e com pouco peso para que possa ser utilizado num míssil, sem prejuízo do seu alcance.

Os especialistas contactados pela Agência Reuters acreditam que, para atingir este objectivo, o regime terá de fazer pelo menos mais um teste nuclear – o sexto – e levar a cabo mais testes com mísseis de longo alcance. No mês passado, a Coreia do Norte testou dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla inglesa) com uma carga explosiva mais leve do que qualquer ogiva nuclear que conseguirá produzir neste momento, indicam os analistas.

Uma forma de conseguir fazer uma ogiva mais leve é apostar no hidrogénio, explicam ainda os peritos, recordando que Pyongyang alega ter conseguido testar um engenho do género. O feito está por provar, recorda o director do Programa de Informação Nuclear da Federação Americana de Cientistas, Hans Kristensen. “Fazer algo deste tipo implicará mais testes nucleares”, diz. “A vantagem de uma ogiva termonuclear é que tem maior poder destrutivo com menor peso.”

Choi Jin-wook, especialista sul-coreano, também acredita que será necessário um sexto teste nuclear para que seja possível desenvolver um ICBM com capacidades nucleares. “A ogiva terá de ser pequena e leve, mas a Coreia do Norte não parece ter a tecnologia necessária”, afirma.

Apesar de prometer que tudo fará para a manutenção da paz na península, a Coreia do Sul avisou que a colocação, pelo Norte, de uma ogiva nuclear num ICBM será “pisar uma linha vermelha”. Os Estados Unidos foram mais gráficos na ameaça que fizeram a um eventual ataque do regime de Kim Jong-un.

Sem movimentações

Tratando-se de um regime muito isolado do qual pouco se sabe, as respostas à pergunta “o que vem a seguir” são, por norma, pouco mais do que hipóteses. Ainda assim, poder-se-á dizer que o tempo que Kim Jong-un procura agora ganhar, depois da violência verbal da semana passada com Washington, estará relacionado com a necessidade de não antagonizar totalmente a China. As últimas sanções das Nações Unidas também não terão deixado Pyongyang com desejos de mais punições.

Fonte do exército norte-americano, que pediu à Reuters para não ser identificada, contou que costuma ser observada, com alguma regularidade, actividade em Punggye-ri, o local dos testes nucleares da Coreia do Norte. Mas há já mais de um mês que não se registam movimentos e não há sinais da iminência de um teste.

Além de ter de fazer uma bomba de hidrogénio em miniatura, alguns peritos indicam que os cientistas de Kim Jong-un precisam ainda de desenvolver tecnologia que proteja a ogiva do imenso calor e pressão à reentrada na atmosfera, depois de um lançamento intercontinental.

A Coreia do Sul acredita que os vizinhos do Norte precisam, pelo menos, de mais um ou dois anos para obterem este tipo de tecnologia. Especialistas dos Estados Unidos subscrevem este prazo.

20 Ago 2017

Pyongyang diz que diálogo não vai funcionar

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]yongyang enviou ontem através do seu principal diário uma mensagem pouco favorável em relação à recente oferta de diálogo apresentada pela Coreia do Sul, argumentando de que nada serve enquanto Seul mantiver a sua política “hostil” e próxima dos EUA. “As autoridades sul-coreanas estão a mostrar uma atitude incongruente (ao proporem diálogo), enquanto continuam a dançar com os Estados Unidos e as hostes conservadoras”, indica um editorial do diário Rodong Sinmun. “Eliminar o confronto e a hostilidade é uma condição prévia para abrir a porta da reconciliação e unidade das duas Coreias”, acrescentou. “Não parece que seja uma resposta direta (à proposta de Seul), mas estamos a analisar as suas implicações”, disse por sua vez um porta-voz do Governo sul-coreano à agência Yonhap.

O Ministério de Unificação informou que o regime norte-coreano não respondeu às chamadas realizadas ontem na linha telefónica situada na fronteira.

Seul propôs esta semana que ambos os países mantenham a 21 de julho conversações militares – as primeiras em quase três anos – para aliviar a tensão e também um encontro das suas delegações da Cruz Vermelha a 1 de agosto para tentar retomar os encontros de famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953).

No entanto, Pyongyang manteve silêncio a respeito e assumiu que, a aceitar a proposta, a data para o diálogo militar (prevista para amanhã) deveria ser adiada face à falta de tempo para organizar uma agenda e designar os respectivos porta-vozes.

21 Jul 2017

Okja: o E.T. boçal da Coreia do Sul

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando o filme mais recente de Bong Joon-ho acabou de ser exibido na última edição do Festival de Cinema de Cannes, a audiência aplaudiu de pé, mas quando o logo da produtora, a Netflix, apareceu no ecrã foi recebido com vaias. Okja é um filme maravilhoso e a primeira obra-prima da Netflix.

A história começa com uma apresentação encantatória da personagem que dá nome ao filme. Quem é Okja? Lucy Mirando (Tilda Swinton), uma entusiasmadíssima mulher de negócios, está ansiosa por contar a história. Lucy recorre a uma apresentação multimédia, para revelar aos jornalistas e aos accionistas da sua multinacional uma descoberta fantástica: uma nova estirpe de porco, um “super-porco”. Uma criatura estranha e gigantesca é apresentada como o futuro da culinária. Resultado de experiências genéticas, este enorme animal tem também um temperamento dócil e representa sobretudo uma enorme fonte de alimento. Mas a multinacional mente sobre a origem deste animal e alega que pertence a uma nova espécie encontrada no Chile, em estado selvagem.

Okja, uma fêmea premiada, é enviada para uma quinta na Coreia do Sul, no âmbito de um programa global desenhado para encontrar o melhor habitat para a espécie. Neste cenário a nossa “porquinha” vai deambular pelas montanhas durante 10 anos, comer o pasto e tornar-se a companheira inseparável da pequena Mija (Ahn Seo-hyun), neta do fazendeiro. E, neste panorama bucólico, vemos Mija e a sua gigantesca amiga passeando de cá para lá, sob o olhar protector do avô (Byun Hee-bong). No entanto, fica claro desde o início, a realidade vai entrar em cena e, quando entra, magoa.

Okja é uma espécie de E.T., mas mais boçal e, imaginando que o E.T. tinha corrido o risco de se tornar num produto para consumo alimentar das massas. Este filme fala-nos da perda da inocência, mas mais importante do que isso, fala-nos sobre o valor da inocência. A força do filme de Bong está na pureza do espírito de Mija, que pode servir de lição para muitos de nós (especialmente para os consumidores de carne).

Okja é, evidentemente, um ícone—os espectadores já sabem isso antes de lhe terem visto o focinhito. É um símbolo que representa todos os animais criados em quintas industriais, onde acontecem as maiores desumanidades, decorrentes da produção em massa e do comércio global. Mas o amor que Mija sente por ela não é superficial, nem se apaga facilmente. Mesmo a multinacional que a fabricou compreende o valor comercial deste afecto—e é por isso que Lucy tenta apresentar Okja como um animal doméstico, igual aos outros, de modo a que clientela não tenha medo de fritar o seu toucinho geneticamente modificado para o pequeno almoço.

Okja é o primeiro filme de Bong Joon-ho a participar num dos mais importantes Festivais de Cinema europeus. Bong não foi “acarinhado” pelo júri do Festival porque os seus filmes são considerados “comerciais”: o que ele faz é para ser visto e apreciado por grandes audiências. Inicialmente Okja não foi aceite para concorrer à Palma d’Ouro. Depois, Okja foi exibido na Netflix e acusado de ter um “problema de identidade”. Tudo isto não passa de um sintoma do eterno conflito entre a liberdade criativa e os diversos poderes instalados.

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5 Jul 2017

Amiga de ex-presidente sul-coreana detida 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal sul-coreano condenou a três anos de prisão a amiga da presidente destituída Park Geun-hye, que usou aquela relação para conseguir a admissão ilegal da filha numa universidade do país.

O tribunal afirmou que Choi Soon-sil “cometeu várias ilegalidades” para pressionar a universidade Ewha, uma das mais prestigiadas do país, a admitir a filha e a conceder facilidades académicas apesar das poucas qualificações de Chung Yoo-ra. Choi, amiga de longa data de Park e conhecida como a “Rasputina” sul-coreana, está também a ser julgada por ter criado uma rede de tráfico de influências para extorquir cerca de 70 milhões de dólares a grandes empresas.

Depois de meses de protestos maciços e de um processo de destituição, Park abandonou formalmente o cargo e detida no âmbito do mesmo escândalo de corrupção. Em Abris, foi acusada de abuso de poder, coação, suborno e divulgação de segredos oficiais.

A antiga directora da Ewha Choi Kyung-hee e Namkung Gon, antigo responsável pelas admissões da universidade, foram também condenados a curtas penas de prisão por terem dado tratamento preferencial a Chung.

Era hipismo

Em Maio, Chung foi extraditada da Dinamarca e está actualmente a ser investigada pelos procuradores sul-coreanos que consideram a filha de “Rasputina” uma figura-chave na rede de subornos entre Park e o gigante das telecomunicações Samsung. Seul acusou a jovem, de 20 anos, de corrupção e de ter recebido tratamento privilegiado na universidade e no bacharelato – título que lhe foi retirado por suspeita de falsificação de notas e dos registos de presença.

As autoridades de Seul acreditam que o grupo Samsung assinou um contrato na ordem dos 22.000 milhões de wons (cerca de 170 milhões de patacas) com uma empresa com sede na Alemanha propriedade de Choi Soon-sil e que deu apoio financeiro para que a jovem Chung Yoo-ra, que pratica hipismo, treinasse no território alemão e comprasse cavalos.

A jovem, que justificou estar na Dinamarca por causa de actividades relacionadas com o hipismo, negou todas as acusações, mas admitiu que assinou em várias ocasiões documentos que lhe foram apresentados pela mãe.

26 Jun 2017

Seul pede apoio da ONU para resolver crise na Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Kang Kyung-wha, pediu, no domingo, ao secretário-geral da ONU um forte apoio por parte do órgão para que se alcance a desnuclearização do regime norte-coreano.

Kang Kyung-wha falou ao telefone com António Guterres no domingo, logo depois de ser oficialmente designada para o cargo pelo Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, segundo informou ontem a diplomacia sul-coreana em comunicado.

A nova ministra dos Negócios Estrangeiros garantiu a Guterres que a Coreia do Sul vai continuar a trabalhar com as Nações Unidas para resolver a crise que o programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte gera, e para “melhorar a situação dos direitos humanos no hermético país”, tendo-lhe solicitado um forte apoio neste domínio, indica a mesma nota oficial.

Por seu lado, o secretário-geral da ONU comprometeu-se a apoiar as metas de Seul e expressou o desejo de que as relações entre o organismo internacional e a Coreia do Sul continuem a crescer “com base na extensa experiência que Kang teve nas Nações Unidas”.

Com currículo

Kang, a primeira mulher a chefiar a diplomacia na Coreia do Sul, começou a trabalhar na missão sul-coreana na ONU em 2001.

Em 2007 foi nomeada Alta-comissária adjunta dos Direitos Humanos da ONU e em 2013 subsecretária-geral para os Assuntos Humanitários antes de se tornar, no mesmo ano, assessora especial para assuntos políticos do próprio diplomata português.

Kang foi designada para o cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul no final de Maio, mas a sua nomeação oficial atrasou-se devido às fortes objecções por parte da oposição.

Apesar de o parlamento não ter poder para vetar a sua designação, os blocos da oposição teceram duras críticas a Kang nomeadamente por, no passado, ter alegadamente falsificado a sua morada para que a sua filha pudesse frequentar uma determinada escola, e supostamente ter fugido a impostos.

20 Jun 2017

Pyongyang insta Seul a travar “confrontação” após eleição de Moon

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte instou ontem o novo governo da Coreia do Sul a acabar com as “políticas de confrontação”, incluindo os exercícios militares conjuntos anuais com os Estados Unidos.

A mensagem foi transmitida num editorial do diário estatal Rodong Sinmun dirigido ao executivo do novo Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que tomou posse na quarta-feira, acabando com uma década de governos conservadores.

As duas Coreias devem respeitar-se mutuamente e abrir um novo capítulo para avançar para uma melhoria dos seus laços e a unificação inter-coreana”, indica o texto.

Para isso, o editorial considera que a Coreia do Sul deve acabar com os exercícios militares anuais com os Estados Unidos e proibir os activistas conservadores sul-coreanos de enviarem balões para o Norte com panfletos contra o regime.

Pyongyang alega frequentemente que os exercícios conjuntos Seul-Washington são na realidade ensaios para invadir o seu território.

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul deveriam procurar o diálogo e a negociação a diferentes níveis”, refere o editorial.

A eleição de Moon ocorreu numa altura de particular tensão na península devido aos contínuos ensaios de armamento de Pyongyang e à retórica endurecida de Washington.

No entanto, o novo chefe de Estado sul-coreano disse durante a campanha que procuraria uma maior aproximação ao Norte e sugeriu, após tomar posse, que, com as condições adequadas, poderia visitar Pyongyang para uma cimeira com Kim Jong-un.

12 Mai 2017

Seul e Tóquio concordam em cooperar de perto sobre Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo Presidente da Coreia do Sul e o primeiro-ministro japonês concordaram ontem, num primeiro contacto telefónico, em cooperar de perto para lidarem em conjunto com a Coreia do Norte, cujo programa de mísseis ameaça os dois países.

Fontes oficiais japonesas descreveram o primeiro telefonema entre o novo Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, como “positivo e cheio de significado”, com os dois a concordarem em cooperar estreitamente para lidar com Pyongyang.

Os dois líderes falaram durante 25 minutos, tendo concordado em encontrar-se o mais rapidamente possível para aprofundar as conversações.

Já o gabinete de Moon informou que, ao longo do telefonema, o Presidente sul-coreano transmitiu a Shinzo Abe que ambos não devem deixar que o historial de conflitos entre os dois países fragilize a cooperação, especialmente no que toca a lidar com a Coreia do Norte.

Matéria delicada

No mesmo telefonema, os dois líderes abordaram o controverso tema do acordo de 2015 sobre a compensação a pagar a mulheres sul-coreanas, forçadas a serem escravas sexuais de militares japoneses durante a II Guerra Mundial.

O gabinete de Moon disse que este transmitiu a Abe que o acordo era “emocionalmente difícil” de aceitar por parte do grande público sul-coreano.

O acordo entre os dois países, muito impopular na Coreia do Sul, implica pagamentos monetários às vítimas destes crimes.

A Coreia do Sul, por seu lado, comprometeu-se a resolver o problema, motivo de queixa do Japão, da instalação de uma estátua de uma mulher – a representar as vítimas de abusos – em frente à embaixada japonesa em Seul.

As fontes oficiais japonesas escusaram-se a confirmar que o Presidente sul-coreano tenha dito a Abe que a sociedade sul-coreana tem dificuldade em aceitar o acordo de 2015.

Segundo as mesmas fontes, Abe disse a Moon que o acordo tem de ser “gerido adequadamente”, sem entrar em mais pormenores.

Os dois lados, sublinhou, têm a responsabilidade de respeitar o acordo, um tratado diplomático reconhecido internacionalmente.

12 Mai 2017

Novo Presidente da Coreia do Sul irá a Pyongyang se houver condições

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo Presidente da Coreia do Sul, o liberal Moon Jae-In, afirmou ontem estar disponível para visitar a Coreia do Norte caso estejam reunidas as condições para tal, pouco depois de ter prestado juramento no cargo.

“Estou disponível para ir a qualquer lado, pela paz na península coreana: se necessário irei imediatamente a Washington [e] a Pequim e a Tóquio. Se as condições estiverem reunidas irei a Pyongyang”, afirmou.

Moon Jae-in, de 64 anos, do Partido Democrático, iniciou ontem um mandato de cinco anos como Presidente, após vencer as eleições antecipadas de terça-feira com 41,1% dos votos, contra os 24,03% de Hong Joon-pyo, do Partido da Liberdade (da anterior Presidente, Park Geun-hye).

No discurso proferido na cerimónia de posse na Assembleia Nacional, horas depois de ter sido proclamado oficialmente vencedor, Moon comprometeu-se a trabalhar pela paz na península coreana, numa altura de crescentes receios relativamente à expansão do programa de armamento da Coreia do Norte, prometendo “agir rapidamente para resolver a crise de segurança nacional”.

Ser verdadeiro

Moon Jae-In afirmou que vai “negociar sinceramente” com os Estados Unidos, o principal aliado de Seul, e com a China, o principal parceiro comercial, a controversa instalação de um sistema de defesa antimíssil norte-americano (THAAD), no sul do país.

À semelhança de Washington, Seul garantiu que tem objectivos meramente defensivos, mas Pequim, por exemplo, considerou que o THAAD tem capacidade para reduzir a eficácia dos sistemas de mísseis chineses.

O início do mandato presidencial de cinco anos sem a normal transição de dois meses, devido às eleições antecipadas, vai obrigar Moon a depender, nesta fase inicial, dos ministros e assessores do governo da antecessora, Park Geun-hye.

O novo Presidente irá designar o primeiro-ministro, “número dois” na Coreia do Sul, e o chefe de gabinete. As duas escolhas têm de ser aprovada pelo parlamento.

Estas foram as primeiras presidenciais antecipadas desde que a Coreia do Sul voltou a realizar eleições democráticas, em Dezembro de 1987, convocadas após a também inédita destituição de um Presidente eleito democraticamente.

Park Geun-hye, de 65 anos, destituída e colocada em prisão preventiva em Março, começou a ser julgada no início do mês devido ao escândalo de corrupção e de tráfico de influências, conhecido como “Rasputina”, arriscando uma pena que pode ir até à prisão perpétua.

11 Mai 2017

Coreia do Sul | Termina campanha para presidenciais antecipadas 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul viveu ontem o último dia de campanha de uma eleição presidencial marcada pelo caso “Rasputine”, que forçou a renúncia da Presidente Park Geun-hye levando a eleições antecipadas e ajudou Moon Jae-in a liderar as sondagens.

O escândalo conhecido por “Rasputine” está centrado em Choi Soon-Sil, uma amiga da ex-Presidente Park Geun-hye, suspeita de ter usado pessoas para obrigar os grandes grupos industriais do país a “doar” quase 70 milhões de dólares (a duvidosas fundações por si controladas.

Às eleições de terça-feira concorrem 13 candidatos, que cumpriram ontem os últimos actos da campanha que começou no dia 17 de Abril e terminou à meia-noite de ontem.

O candidato do Partido Democrático, Moon Jae-in lidera, 42,4% das intenções de voto, segundo as últimas sondagens, realizadas na quarta-feira já que a lei eleitoral do país não permite sondagens nos últimos cinco dias de campanha.

Seguem-se o centrista Ahn Cheol-soo, do Partido Popular, e o conservador Hong Joon-pyo, do Partido da Liberdade (da ex-presidente Park Geun-hye, com 18,6% das intenções de voto cada um.

Cerca de 42,4 milhões de sul-coreanos são chamados para votar na eleição do Presidente da república para um mandato de cinco anos.

Corrida às urnas

As últimas presidenciais, realizadas em Dezembro de 2012, tiveram uma taxa de participação de 75,8%.

Esta é a primeira vez que a Coreia do Sul usa o sistema de voto antecipado numas eleições presidenciais, o que levou já milhões de eleitores a votar.

Até sexta-feira, de acordo com a Comissão Nacional Eleitoral, um número recorde de mais de 11 milhões de sul-coreanos, cerca de 26,06% do eleitorado, já tinham votado.

Esta foi também a primeira vez que o Tribunal Constitucional ratificou a destituição de um Presidente.

Park Geun-hye, deposta a 10 de Março devido à sua implicação no caso “Rasputine” e actualmente em prisão preventiva, foi a primeira Presidente mulher da Coreia do Sul.

Foi eleita em 2012 no meio de uma onda de nostalgia conservadora pelo seu pai, o ditador Park Chung-hee, que governou o país durante 18 anos (entre 1961 e 1979) marcados por um rápido crescimento económico e abusos contra os direitos humanos.

9 Mai 2017

Director da CIA em Seul para “reunião interna”, diz embaixada dos EUA

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] director da CIA, Mike Pompeo, estava ontem na Coreia do Sul para uma “reunião interna” e não para reunir com dirigentes sul-coreanos, afirmou a embaixada dos Estados Unidos, numa altura de tensão na península.

O jornal sul-coreano Chosun Ilbo tinha noticiado que Pompeo, que foi nomeado em Fevereiro para liderar os serviços secretos norte-americanos, tinha chegado durante o fim de semana a Seul e tinha participado em reuniões à porta fechada com o chefe dos serviços secretos sul-coreanos e representantes da presidência.

Citando várias fontes próximas dos serviços secretos, o jornal escreveu que o director da CIA informou os seus homólogos sobre a política norte-coreana da administração Trump e avaliou a situação interna da administração norte-coreana.

O Chosun Ilbo também refere que Pompeo falou sobre as perspectivas da relação americana-coreana na sequência das eleições presidenciais sul-coreanas agendadas para 9 de Maio.

Um responsável da embaixada dos Estados Unidos confirmou que o director da CIA estava na Coreia do Sul, mas informou que o seu programa era muito limitado.

“O director da CIA e a sua mulher estão em Seul para uma reunião interna com as forças norte-americanas na Coreia do Sul e responsáveis da embaixada”, disse.

“Ele não se vai encontrar com nenhum responsável da Casa Azul nem nenhum candidato”, acrescentou, sem adiantar detalhes sobre o programa de Pompeo. A Casa Azul é o local da presidência sul-coreana.

Tempos difíceis

Esta visita decorre num clima de tensão relacionado com os programas nuclear e balístico de Pyongyang, numa altura em que a Coreia do Norte, que voltou a lançar novo míssil no sábado, poderia estar a preparar um sexto teste nuclear.

Estas tensões são igualmente alimentadas pela retórica incendiária de Donald Trump, que disse estar preparado para “tratar” sozinho do problema norte-coreano se a China não controlasse o seu vizinho turbulento.

O Presidente norte-americano suscitou igualmente a consternação em Seul, ao indicar que a Coreia do Sul devia pagar pelo sistema antimísseis norte-americano actualmente em fase de instalação.

A implantação do THAAD suscitou a forte oposição de parte da opinião pública sul-coreana e a irritação da China, que vê o dispositivo como um atentado à sua própria soberania.

“Há questões bem mais importantes do que o dinheiro”, refere um editorial do Chosun Ilbo, que acusa Trump de “minar a confiança” com as suas exigências financeiras.

2 Mai 2017

Pequim pede fim dos exercícios militares americanos na Coreia do Sul

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China voltou ontem a pedir aos Estados Unidos para pararem com os exercícios militares na Coreia do Sul, num momento em que existe um agravamento do clima de tensão entre Washington e o regime norte-coreano.

“A continuação dos testes nucleares viola as resoluções da ONU, mas as manobras militares em redor da península [coreana] também não respeitam as resoluções da ONU”, declarou ontem o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, reiterando o apelo para o fim dos exercícios militares conjuntos dos exércitos americano e sul-coreano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês falava numa conferência de imprensa em Berlim após um encontro com o seu homólogo alemão, Sigmar Gabriel.

As autoridades de Seul anunciaram exercícios conjuntos com um porta-aviões americano que é aguardado em breve naquela região.

Washington mobilizou o porta-aviões nuclear USS Carl Vinson e respectiva escolta para a península coreana, onde deverá chegar até ao final da semana.

“O perigo que novos conflitos ecludam a qualquer momento é grande, é por essa razão que apelamos a todas as partes que mostrem sangue frio e evitem qualquer acção ou palavra que possa levar a novas provocações”, declarou Wang Yi na capital alemã.

Questionado sobre os riscos de um eventual conflito armado, o ministro chinês considerou que “mesmo um risco de 1% não pode ser tolerado” porque uma guerra teria consequências “inimagináveis”.

Pára tudo

Pequim tem defendido nas últimas semanas uma solução que tem por base a ideia “suspensão contra suspensão”, ou seja, o regime de Pyongyang deve interromper as suas actividades nucleares e balísticas e Washington deve parar com as manobras militares comuns com a Coreia do Sul, exercícios anuais considerados pela ‘vizinha’ Coreia do Norte como uma provocação.

Os Estados Unidos rejeitaram o plano chinês e voltaram a insistir que a China, um aliado tradicional de Pyongyang, pressione o regime norte-coreano, que tem intensificado os avisos e as ameaças a Washington. Responsáveis norte-americanos já avisaram que todas as opções, incluindo militares, estão “em cima da mesa”.

Pequim, que continua a defender que a solução da mútua suspensão é “a única opção viável”, desafiou Washington a avançar com “uma melhor proposta”.

Sobre a influência de Pequim sobre o regime norte-coreano, o ministro chinês afirmou em Berlim que é limitada.

“A Coreia do Norte é um Estado soberano e deve decidir por si mesmo se quer ou não parar com as suas actividades nucleares”, argumentou Wang Yi.

“Naturalmente, também acreditamos que estas actividades não são do interesse da Coreia do Norte”, acrescentou o ministro, sublinhando que Pyongyang justifica as suas acções com a “ameaça americana”.

1 Mai 2017

Coreia do Sul instala partes sistema antimíssil norte-americano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou ontem ter instalado partes do controverso sistema de defesa antimíssil norte-americano, um dia depois da Coreia do Norte ter exibido o seu poderio militar, com exercícios de artilharia com fogo real.
Em comunicado, a Coreia do Sul indicou que partes não especificadas do sistema defesa antimíssil norte-americano (THAAD) foram implantadas, e que Seul e Washington têm impulsionado o andamento dos trabalhos de modo a que esteja operacional em breve para lidar com as ameaças por parte de Pyongyang.
A agência noticiosa sul-coreana Yonhap detalhou que foram instalados seis lançadores, incluindo alguns para serem usados para interceptar mísseis e pelo menos um radar.
O trabalho com vista à montagem ainda este ano do sistema defesa antimíssil norte-americano desagradou a Coreia do Norte, mas também a China e a Rússia.
Seul, à semelhança de Washington, garante que tem objectivos meramente defensivos, mas Pequim, por exemplo, considera que o THAAD e o seu potente radar têm capacidade para reduzir a eficácia dos seus sistemas de mísseis.
A Coreia do Norte realizou exercícios de artilharia com fogo real de grande dimensão na terça-feira por ocasião do 85.º aniversário do seu exército, segundo Seul.
Fontes do Governo sul-coreano, citadas pela agência Yonhap, indicaram na terça-feira que se acredita que o simulacro, realizado perto da cidade de Wonsan, pode ter sido um dos maiores exercícios com fogo real levado a cabo até à data pela Coreia do Norte.

27 Abr 2017

Sondagens consolidam Moon Jae-in como favorito à presidência da Coreia do Sul

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] liberal Moon Jae-in ampliou a sua vantagem nas sondagens e consolida-se como o candidato favorito às eleições presidenciais na Coreia do Sul, que se realizam dentro de duas semanas, indicam dados divulgados ontem.
Moon Jae-in, do Partido Democrático, conta com entre 37 e 39% das intenções de voto para as presidenciais de 9 de Maio, o que reflecte uma subida de entre um e três pontos percentuais nas últimas duas semanas, segundo as mais recentes sondagens, cujos resultados foram citados ontem pela imprensa sul-coreana.
Os dados indicam que Moon Jae-in, que perdeu as presidenciais de 2012 contra Park Geun-hye, ampliou a vantagem frente ao seu principal rival, o candidato do Partido Popular (de centro-esquerda), Ahn Cheol-soo, o qual caiu cerca de quatro pontos nos últimos 15 dias, para a faixa de entre 26 e 30% nas intenções de voto.
Hong Joon-pyo, que pertence ao conservador Partido da Liberdade, da Presidente destituída, Park Geun-hye, surge em terceiro lugar, mas a larga distância dos dois primeiros candidatos, com menos de 10% das intenções de voto, de acordo com as sondagens.

Recorde de participantes

No total, 15 políticos registaram-se oficialmente como candidatos à presidência – o que supera o recorde de 12 nas presidenciais de Dezembro de 2007 – e participam na campanha eleitoral, que arrancou na semana passada e termina na véspera da votação.
Esta é a primeira vez que se realizam presidenciais antecipadas na Coreia do Sul desde que a junta militar do general Chun Doo-hwan autorizou a realização de eleições democráticas em Dezembro de 1987, o que sucedeu depois de Park Geun-hye se ter tornado na primeira chefe de Estado a ser destituída em democracia.
Em prisão preventiva desde 31 de Março, Park vai começar a ser julgada a 2 de Maio, por acusações que incluem abuso de poder, corrupção e revelação de segredos de Estado.
A acusação considerou provado que Park criou, com a sua amiga de longa data Choi Soon-sil, conhecida como “Rasputina”, uma rede através da qual pediu e obteve subornos de pelo menos três empresas – Samsung, Lotte e SK – no valor de cerca de 59.200 milhões de won (cerca de 48 milhões de euros).

25 Abr 2017

Ex-Presidente sul-coreana regressa a casa após 21 horas de interrogatório

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ex-Presidente sul-coreana regressou ontem a casa, depois de passar mais de 21 horas na Procuradoria, onde esteve a ser interrogada sobre o papel no escândalo de corrupção “Rasputina” que levou à sua destituição.

Park Geun-hye, que se submeteu pela primeira vez às perguntas do Ministério Público após ter perdido a imunidade, ao ser destituída a 10 de Março, foi interrogada durante 14 horas e passou outras sete a rever a declaração.
Já tinha amanhecido quando Park, de 65 anos, abandonou a sede da procuradoria, em Seul, com um ar cansado e sem falar com os jornalistas concentrados no local.
Durante o processo, a antiga Presidente negou as 13 acusações das quais é suspeita, incluindo suborno e abuso de poder, mas não foram facultadas mais informações.
No exterior da sede da procuradoria, vários partidários de Park – que passaram toda a noite no local – saudaram a ex-Presidente à saída, agitando bandeiras.
Outro grupo recebeu-a de forma idêntica quando chegou à residência privada, na luxuosa zona de Gangnam, em Seul, com parte da rua que dá acesso à casa coberta com cartazes e mensagens de apoio.

A queda

Park foi a primeira chefe de Estado a ser destituída desde que a Coreia do Sul voltou a realizar eleições democráticas em 1987, algo que os defensores, quase todos nostálgicos da ditadura liderada pelo pai (Park Chung-hee), dizem ser uma conspiração da esquerda e dos meios de comunicação social sul-coreanos.
A antiga chefe de Estado perdeu a imunidade em 10 de Março, após o Tribunal Constitucional ratificar a destituição, aprovada pelo parlamento, controlado pela oposição, em Dezembro.
Após a destituição de Park, foram convocadas eleições presidenciais para 9 de Maio, as primeiras antecipadas na Coreia do Sul.
O Ministério Público considerou, no início do processo, que Park terá actuado como cúmplice no caso de corrupção e tráfico de influências que tem como protagonista Choi Soon-sil, conhecida como a “Rasputina” sul-coreana por ser próxima da ex-chefe de Estado.
Park é acusada de ter permitido a intervenção de Choi em assuntos de Estado, apesar de não deter qualquer cargo público.
Já Choi Soon-sil foi acusada de ter extorquido aos principais conglomerados do país 77.400 milhões de won (cerca de 61 milhões de euros) a favor de em duas fundações que controlava, em troca de favores.
Ao todo, 30 pessoas foram até agora indiciadas no escândalo, que também afectou 53 empresas, incluindo gigantes como a LG, Hyundai ou Samsung.
Park Geun-hye foi a primeira mulher a ser eleita chefe de Estado na Coreia do Sul.

23 Mar 2017

Donos do grupo sul-coreano Lotte julgados por corrupção

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uatro membros da família que controla o gigante retalhista sul-coreano Lotte, incluindo o seu fundador, de 93 anos, foram presentes ontem a tribunal onde começaram a ser julgados por desvio de dinheiro, evasão fiscal e fraude.

O processo contra o presidente da empresa, Shin Dong-Bin, de 61 anos, o seu irmão, irmã e pai – e também a amante do patriarca quase 40 anos mais nova – surge numa altura em que o quinto maior conglomerado da Coreia do Sul enfrenta boicotes por parte da China.

A empresa facultou terrenos a Seul para acolher um sistema de defesa antimíssil norte-americano THAAD, e quase 90% das lojas Lotte Mart na China foram desde então obrigadas a fechar portas ou pelas autoridades ou devido a manifestações populares.

O julgamento é o mais recente golpe na reputação de conglomerados controlados por famílias que nas últimas décadas impulsionaram o crescimento da quarta economia da Ásia.

Mais recentemente tornaram-se num crescente foco de descontentamento popular contra a corrupção e desigualdade como ocorreu no escândalo que resultou, no início do mês, na destituição definitiva da Presidente sul-coreana, Park Guen-Hye.

O presidente da Lotte, Shin Dong-Bin, é acusado de ter custado à firma 175 mil milhões de won (145 milhões de euros) através de uma série de evasões fiscais, esquemas financeiros e outras irregularidades.

Foi ainda acusado de negligência por conceder lucrativos negócios ou pagar “salários” no valor de milhões de dólares a parentes que pouco contribuíram para a gestão.

“Sinto muito ter causado preocupação. Vou cooperar sinceramente no julgamento”, afirmou Shin, aos jornalistas, antes de entrar ontem na sala de audiências.

Tudo em família

Idênticas acusações pendem contra o seu irmão mais velho, Shin Dong-Joo, a sua irmã mais velha, Shin Young-Ja, bem como contra o seu pai, Shin Kyuk-Ho.

Não ficou claro se o fundador nonagenário compareceu em tribunal, mas não passou pelos jornalistas que se encontravam à entrada do edifício em Seul.

A sua amante, de 57 anos, também foi acusada por desvio de dinheiro por ter encaixado avultadas somas em “salários” apesar de ter um pequeno papel na gestão da empresa.

Os cinco foram formalmente indiciados pelo Ministério Público em Outubro.

As acusações não estão directamente relacionadas com o escândalo de corrupção e tráfico de influências que levou à queda de Park.

O grupo Lotte, sediado em Seul e fundado em Tóquio em 1948, tem uma vasta rede de negócios na Coreia do Sul e no Japão, com activos combinados avaliados em mais de 90 mil milhões de dólares norte-americanos.

A decisão de Seul de destacar o sistema antimíssil norte-americano THAAD como forma de se proteger contra ameaças da Coreia do Norte desencadeou a ira da China, que receia que belisque as suas próprias capacidades militares.

As primeiras partes do sistema THAAD chegaram à Coreia do Sul há duas semanas depois de a Lotte ter assinado um acordo de troca de terrenos oferecendo um campo de golfe no condado de Seongju, no sul, para a instalação do sistema.

Desde então, as autoridades fecharam dezenas de lojas da Lotte, devido a “questões de segurança”, com manifestantes a realizar protestos em todo o país denunciando o grupo e outros negócios sul-coreanos.

A Lotte, focada em alimentos, retalho e hotelaria, investiu mais de 8 milhões de dólares nas suas operações na China e tem mais de 120 estabelecimentos no país, empregando 26 mil funcionários locais.

A família Shin tornou-se alvo de investigação estatal depois de 2015, quando uma azeda disputa pública entre os dois irmãos pelo controlo do grupo desencadeou a ira pública sobre como os conglomerados administrados por famílias conduzem os seus negócios.

21 Mar 2017

Apoiantes da ex-Presidente sul coreana em confrontos com a polícia

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de apoiantes de Park Geun-hye envolveu-se ontem em confrontos com a polícia e jornalistas que se encontravam frente à casa da ex-presidente da Coreia do Sul destituída na sexta-feira.

Uma dezena de apoiantes de Park, que inicialmente se encontravam concentrados junto ao edifício da presidência sul-coreana, no sul de Seul, organizaram uma vigília frente à residência da ex-Presidente, agitando bandeiras e insultando os jornalistas presentes no local.

Os manifestantes tentaram impedir os fotógrafos e os repórteres das televisões de captarem imagens do interior da casa de Park Geun-hye, situada no bairro de Gangnam, em Seul.

O comportamento dos apoiantes da ex-Presidente obrigou a polícia a intervir.

Por volta das 15:30 o número de jornalistas e de apoiantes de Park aumentou o que levou as autoridades a instalar barreiras para separar os dois grupos.

Os apoiantes da ex-Presidente envolveram-se em violentos confrontos com a polícia no sábado e na sexta-feira, depois do Tribunal Constitucional ter anunciado a ratificação da destituição de Park, aprovada pelo Parlamento no passado mês de Dezembro, por ligações à rede “Rasputina”.

Teoria da conspiração

Nos confrontos dos últimos dias, três apoiantes de Park morreram e várias pessoas ficaram feridas.

Segundo a agência Yonhap, muitos dos seguidores de Park declaram-se “nostálgicos” da ditadura de Park Chung-hee, pai da chefe de Estado destituída, e que governou o país entre 1961 e 1979.

Para os apoiantes da família Park, o processo de destituição foi uma conspiração dos partidos de esquerda e dos meios de comunicação social.

Na sexta-feira, o Tribunal Constitucional considerou que a ex-Presidente infringiu a lei ao permitir que a amiga Choi Soon-sil, conhecida como “Rasputina”, se tivesse imiscuído em assuntos de Estado, sem ocupar qualquer cargo público e envolvendo-se em processos de extorsão de fundos a grandes empresas sul-coreanas.

Após a decisão do Tribunal Constitucional, Park perdeu a imunidade e o Parlamento é obrigado a marcar eleições presidenciais nos próximos 60 dias.

Segundo a Yonhap, que consultou especialistas, é provável que as eleições se realizem no próximo dia 9 de Maio.

14 Mar 2017

Coreia do Sul | Presidente destituída já deixou o palácio presidencial

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ark Geun-hye foi destituída pelo Tribunal Constitucional, que ratificou a decisão do parlamento tomada a 9 de Dezembro, por suspeita de envolvimento num caso de corrupção e tráfico de influências que envolve uma amiga confidente.

A Presidente destituída deixou a Casa Azul às 10:00 de ontem e partiu para a sua residência privada no sul de Seul, onde centenas de simpatizantes se reuniram para protestar contra a decisão do tribunal, adianta a agência de notícias sul-coreana.

Park Geun-hye, a primeira Presidente eleita democraticamente a ser destituída, esteve enclausurada na Casa Azul, da presidência sul-coreana, até ontem.

Segundo a Yonhap, foram mobilizados cerca de 800 polícias para junto do palácio para evitar possíveis actos de violência.

Com a destituição, Park perdeu a imunidade e a Coreia do Sul tem que realizar eleições presidenciais no prazo inferior a 60 dias. A imprensa local aponta o dia 9 de Maio como a data mais provável para a votação.

Os deputados da Coreia do Sul aprovaram, a 9 de Dezembro, a destituição da Presidente do país, Park Geun-hye, mas a decisão tinha de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

Em conclusão

O escândalo “Choi Soon-sil Gate” reduziu a taxa de aprovação da Presidente a 5%, o valor mais baixo alguma vez alcançado por um chefe de Estado na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980.

Uma equipa independente de procuradores tornou públicas esta semana as suas conclusões da investigação de mais de três meses sobre o caso de corrupção que envolve a amiga Choi Soon-sil e na qual se volta a referir a Presidente como suspeita de vários crimes.

Os investigadores consideram que Park e Choi se puseram de acordo para pressionar a Samsung e outros grandes conglomerados empresariais sul-coreanos para que fizessem doações a organizações relacionadas com a amiga da chefe de Estado, em troca de um tratamento favorável das autoridades, afirmaram em comunicado.

A investigação conclui também que a Presidente estava a par da criação de uma lista negra de quase 10.000 artistas e profissionais do mundo da cultura críticos do Governo, concebida com o objectivo de cortar as suas vias de financiamento público e privado.

A Procuradoria da Coreia do Sul revelou que a Presidente teve um papel “considerável” no caso e acusou formalmente Choi Soon-sil e dois antigos assessores presidenciais, indicando que Park cooperou com a amiga e os outros dois ex-colaboradores, que são suspeitos de terem pressionado mais de 50 empresas do país a doar 65,7 milhões de dólares a duas fundações.

13 Mar 2017