EUA / China | Confirmado acordo comercial entre os dois países

Os EUA e a China parecem ter finalmente alcançado um consenso sobre as trocas comerciais entre as duas nações. O acordo foi firmado após as negociações em Londres

 

A China e os Estados Unidos chegaram a acordo sobre os termos do pacto assinado na última ronda de negociações, realizada em Londres, anunciou sexta-feira o Ministério do Comércio da China, após meses de uma guerra tarifária.

“Após as negociações em Londres, as equipas chinesa e norte-americana mantiveram uma comunicação próxima. Recentemente, com a aprovação, ambas as partes confirmaram os detalhes do acordo”, afirmou sexta-feira um porta-voz no portal oficial do Ministério do Comércio chinês.

“Assinámos com a China ontem [quinta-feira], certo? Acabámos de assinar com a China”, disse, anteriormente, o Presidente norte-americano, Donald Trump, durante um evento na Casa Branca, não fornecendo mais detalhes sobre o acordo.

Segundo o documento divulgado pelo Ministério do Comércio chinês, “a China analisará e aprovará os pedidos de exportação de bens controlados que cumpram as condições previstas na lei”, numa aparente referência às terras raras, minerais essenciais para sectores como a defesa e o automóvel, cuja produção é controlada pela China, que impôs restrições à sua venda ao estrangeiro no início de Abril.

Em troca, o Departamento do Comércio norte-americano afirmou que “os Estados Unidos cancelarão uma série de medidas restritivas adoptadas contra a China”, sem fornecer detalhes.

“Espera-se que os Estados Unidos e a China encontrem um compromisso e cumpram o importante consenso e as exigências alcançadas pelos chefes de Estado em 05 de Junho”, sublinhou o comunicado, referindo-se à conversa telefónica entre os Presidentes dos Estados Unidos e da China, Donald Trump e Xi Jinping, que desbloqueou a situação e permitiu que os representantes comerciais de ambas as potências se reunissem em Londres.

Acordo em Londres

A China confirma assim as declarações de Trump, que revelou que os Estados Unidos tinham assinado o acordo com a China na véspera.

Em meados de Junho, após dois dias de negociações na capital britânica, o líder republicano indicou que o acordo incluía uma tarifa norte-americana de 55 por cento sobre os produtos chineses e uma tarifa de 10 por cento sobre os produtos norte-americanos para a China.

O acordo de Londres previa o estabelecimento de uma estrutura para implementar o “consenso” alcançado por Xi e Trump na referida conversa telefónica, embora ainda estivesse pendente da aprovação final de ambos os líderes para a sua assinatura.

Esta ronda de negociações procurou aliviar as tensões entre as duas potências, depois de se terem acusado mutuamente de violar um acordo assinado em Genebra, na Suíça, em Maio. Este acordo havia dado início a uma trégua comercial de 90 dias, segundo a qual a China reduziria as suas tarifas sobre os produtos norte-americanos de 125 por cento para 10 por cento, enquanto os EUA reduziriam as tarifas sobre os produtos chineses de 145 por cento para 30 por cento.

A China alegou, na altura, que os EUA violaram a trégua ao restringir a exportação de ‘chips’ de inteligência artificial (IA), suspender as vendas de ‘software’ para o design de semicondutores e ameaçar revogar os vistos de estudantes chineses. Washington acreditava que Pequim não estava a honrar o pacto devido às restrições anteriormente referidas à exportação de terras raras.

A escalar

Após o seu regresso à Casa Branca, Trump intensificou a guerra comercial que já tinha iniciado em 2018, lançando uma escalada tarifária contra a China que resultou, na prática, numa espécie de embargo comercial entre as duas maiores potências económicas do mundo. Os EUA chegaram a impor tarifas até 145 por cento à China, que respondeu com tarifas de 125 por cento sobre os produtos norte-americanos.

O Presidente norte-americano afirmou sexta-feira também que os Estados Unidos estão “a receber grandes ofertas” de outros governos e sugeriu que o próximo país com o qual se pode chegar a um acordo é a Índia. “Temos um a caminho, talvez com a Índia, um acordo muito grande”, observou Trump.

30 Jun 2025

OMC | China exige supervisão de “tarifas unilaterais”

O representante do comércio chinês esteve em Paris onde discutiu com a directora-geral da OMC a grave situação internacional

 

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, instou a Organização Mundial do Comércio (OMC) a reforçar a supervisão das “tarifas unilaterais” e a apresentar propostas políticas “objectivas e neutras”, segundo um comunicado divulgado ontem.

De acordo com o Ministério do Comércio chinês, Wang reuniu-se na terça-feira com a directora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, à margem de uma reunião ministerial da organização em Paris, onde mantiveram uma “discussão aprofundada sobre a grave situação do comércio mundial”.

“Em resposta à imposição arbitrária de tarifas por parte de alguns membros, a OMC deve reforçar a supervisão destas tarifas unilaterais e oferecer recomendações políticas objectivas e neutras”, afirmou o ministério, numa referência velada aos Estados Unidos.

A mensagem instou ainda os países-membros da OMC a garantir que quaisquer acordos comerciais bilaterais “cumpram as regras” da organização e “evitem prejudicar os interesses de terceiros”.

Wang reiterou a posição da China de defender “um sistema comercial multilateral” e afirmou que a OMC tem o seu apoio para desempenhar “um papel mais importante na governação económica global”.

O ministro chinês reuniu-se ainda com o Comissário Europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, com quem manteve discussões “profundas, francas e abrangentes” sobre “questões urgentes e importantes relacionadas com a cooperação económica e comercial entre a China e a União Europeia”.

De acordo com o ministério, Wang apelou a maiores esforços para “preparar a importante agenda entre a China e a UE este ano”, que inclui uma cimeira para celebrar o 50.º aniversário das relações bilaterais.

Viagem a Pequim

Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e António Costa, respectivamente, deverão deslocar-se a Pequim na segunda metade de Julho para se reunirem com o líder chinês, Xi Jinping.

Von der Leyen afirmou que a UE deve “trabalhar construtivamente com a China para encontrar soluções” ao longo deste ano, e que Bruxelas deve “manter uma relação mais equilibrada com Pequim, num espírito de justiça e reciprocidade”.

A UE apelou ainda à China para evitar “uma nova escalada” na guerra comercial desencadeada pelas tarifas anunciadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, embora Pequim acredite que Washington não está a cumprir o acordo alcançado pelas duas potências em Genebra.

Outras conversas

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, reuniu-se na terça-feira com o embaixador dos Estados Unidos na China, David Pound, a quem chamou a atenção para a introdução recente de “uma série de medidas negativas baseadas em argumentos infundados, minando os direitos e interesses legítimos da China”.

“Opomo-nos firmemente a isso”, sublinhou o chefe da diplomacia chinesa. Entre as medidas referidas estão a suspensão das vendas de programas informáticos para o desenho de semicondutores, novos controlos à exportação de semicondutores vitais para a inteligência artificial e a revogação de vistos para estudantes chineses, uma medida que a China descreveu como discriminatória.

Em 12 de Maio, ambas as potências acordaram uma trégua tarifária de três meses, na qual os EUA se comprometeram a reduzir as tarifas de 145 por cento para 30 por cento e a China de 125 por cento para 10 por cento, numa tentativa de abrir caminho a um acordo mais amplo.

4 Jun 2025

Tarifas | China aponta para imensa procura do mercado dos EUA após trégua de 90 dias

A China destacou ontem o aumento do envio de contentores para os Estados Unidos, desde que os dois países acordaram uma trégua comercial de 90 dias, o que demonstra “imensa procura” e que os laços económicos “beneficiam ambos”.

“Isto mostra que a cooperação entre as duas maiores economias do mundo trouxe benefícios tangíveis para as empresas e os consumidores dos dois países”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mao acrescentou que, na sequência do acordo alcançado na Suíça para baixar as taxas alfandegárias durante três meses – os EUA de 145 por cento para 30 por cento e a China de 125 por cento para 10 por cento -, “as encomendas dos Estados Unidos aumentaram”, demonstrando “enorme procura”. “O proteccionismo não leva a lado nenhum”, disse Mão. Pequim “dá as boas-vindas aos EUA e a outros países para cooperarem e fazerem negócios” na China, apontou.

A suspensão das taxas termina a 10 de Agosto e alguns analistas estão otimistas quanto à possibilidade de um acordo comercial mais duradouro ajudar a reduzir o risco de perturbações na cadeia de abastecimento antes das férias do fim do ano.

29 Mai 2025

Comércio | Presidente indonésio e PM chinês abordam expansão

Face aos ataques da administração norte-americana, os países do Sudeste Asiático vão desenvolvendo cada vez mais parcerias comerciais que favoreçam as economias da região

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, reuniu-se com o Presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, no domingo, para discutir formas de expandir o comércio, no contexto da guerra comercial lançada pelos Estados Unidos.

Li chegou à capital da Indonésia, Jacarta, no sábado à tarde, para uma visita de três dias à maior economia do Sudeste Asiático. Esta foi a primeira paragem da sua primeira visita ao estrangeiro este ano. A Indonésia e a China são membros do Grupo dos 20 (G20), que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes, e do grupo BRICS.

Li viajou com 60 empresários chineses para participar na Recepção Empresarial Indonésia–China, no sábado à noite. Nas suas declarações, sublinhou que a economia chinesa registou um crescimento rápido este ano, apesar dos crescentes desafios externos.

“A actual situação internacional é um impasse”, afirmou Li, no evento que contou também com a presença de Subianto. “O unilateralismo e o proteccionismo estão a aumentar, e o comportamento de intimidação está a crescer”, vincou.

Li referiu que este ano se assinala o 70.º aniversário da criação do Movimento dos Não Alinhados, iniciado por países asiáticos e africanos na cidade indonésia de Bandung, num momento em que o mundo se encontrava numa encruzilhada histórica.

O espírito de solidariedade, amizade e cooperação de Bandung desempenhou um papel fundamental na unidade e cooperação entre os países do Sul Global, afirmou. “Mais de sete décadas depois, o mundo está mais uma vez numa importante encruzilhada”, observou. Li apelou a todos os países para que procurem um terreno comum e resolvam as diferenças através do diálogo e da coexistência pacífica.

Em crescendo

Subianto expressou gratidão ao Governo chinês e às empresas chinesas que participaram na economia indonésia, “criaram postos de trabalho, transferiram tecnologia e geraram confiança entre todas as empresas”.

O líder convidou também os empresários chineses a investirem mais na Indonésia. O comércio bilateral ultrapassou os 147,8 mil milhões de dólares no ano passado, registando um crescimento de 6,1 por cento.

Li destacou que a China é, há nove anos consecutivos, o maior parceiro comercial da Indonésia. O programa de cooperação internacional “Faixa e Rota”, lançado por Pequim, tem registado um “progresso substancial” no país, incluindo a construção de fundições de níquel e da primeira ligação ferroviária de alta velocidade do Sudeste Asiático.

A Indonésia pretende desempenhar um papel mais relevante no fornecimento de níquel e outras matérias-primas aos fabricantes chineses de automóveis eléctricos, um sector em rápido crescimento.

Encontro de líderes

No domingo, Subianto recebeu Li numa cerimónia no Palácio Merdeka, em Jacarta, antes de ambos se encontrarem à porta fechada para uma reunião bilateral. “A actual situação internacional atravessa uma enorme perturbação, e o desenvolvimento pacífico enfrenta numerosos factores incertos e instáveis”, afirmou Li, no discurso de abertura.

Subianto sublinhou a estreita relação histórica entre a Indonésia e a China, afirmando que os dois países vivem um momento importante nas relações bilaterais. “Reitero o nosso empenho em reforçar a nossa parceria estratégica global com o povo e o Governo da China”, afirmou. “Acreditamos que isso trará benefícios não apenas para os dois países, mas também para toda a região asiática”, vincou.

26 Mai 2025

Comércio | Pagamentos electrónicos em queda

No primeiro trimestre do ano, o volume de transacções com pagamentos electrónicos no comércio a retalho teve uma queda de 17,4 por cento, em comparação com o período homólogo. O montante pago com recurso às aplicações móveis caiu para 13,12 mil milhões de patacas, de acordo com os dados publicados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Neste período, as transacções de mercadorias e quinquilharias apresentaram uma redução de 26,6 por cento face ao período homólogo, enquanto a venda de couro registou uma diminuição de 25,9 por cento.

O volume de transacções de relógios e joalharia diminuiu 17 por cento, enquanto nos produtos cosméticos e de higiene a diminuição foi de 15,4 por cento. Em termos de saúde, nas farmácias houve um crescimento de 2,1 por cento no volume, contra a tendência, enquanto nos supermercados o crescimento foi de 1,4 por cento.

No que diz respeito ao ramo da restauração, o terceiro trimestre trouxe um aumento do volume de negócios com pagamentos electrónicos de 2,2 por cento para 3,52 mil milhões de patacas.

O maior crescimento das transacções aconteceu ao nível dos restaurantes de comida rápida, com uma subida 10,3 por cento. O volume de transacções dos restaurantes ocidentais e o dos estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canjas também cresceu 6,4 por cento e 5,2 por cento, respectivamente. Em relação ao primeiro trimestre de 2024, contudo, o volume de transacções com pagamentos electrónicos dos restaurantes chineses registou uma redução de 1,9 por cento.

19 Mai 2025

Exportações chinesas para os países lusófonos atingem recorde até Março

As exportações chinesas para os países de língua portuguesa tiveram o melhor arranque de ano de sempre, aumentando 2,3 por cento nos primeiros três meses, em comparação com igual período de 2024, segundo dados oficiais.

De acordo com informação do Serviços de Alfândega da China, divulgada na segunda-feira, as mercadorias vendidas para os mercados lusófonos até Março atingiram 19,7 mil milhões de dólares. Este é o valor mais elevado para um primeiro trimestre desde que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) começou a apresentar estes dados, em 2013.

Os dados divulgados revelam que a principal razão para o novo recorde foi Angola, cujas importações vindas da China mais que duplicaram, para 1,58 mil milhões de dólares.

Ainda assim, e apesar de uma descida homóloga de 2 por cento, o Brasil continua a ser o maior comprador no bloco lusófono, com as mercadorias vindas da China a atingirem 15,8 mil milhões de dólares.

Contas portuguesas

Em terceiro na lista, agora atrás de Angola, vem Portugal, que comprou à China produtos no valor de 1,48 mil milhões de dólares, mais 1,3 por cento do que nos primeiros três meses de 2024.

Na direcção oposta, as exportações dos países de língua portuguesa para a China caíram 30,1 por cento no primeiro trimestre de 2025, em comparação com igual período do ano passado.

Entre Janeiro e Março o bloco lusófono vendeu mercadorias no valor de 24,5 mil milhões de dólares para o mercado chinês. Este é o valor mais baixo para os três primeiros meses de um ano desde 2020, no início da pandemia de covid–19.

A descida deveu-se sobretudo ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas caíram mais de um terço (34,1 por cento) para 19,3 mil milhões de dólares.

Além disso, também o segundo maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, Angola, viu as exportações decrescerem 10,6 por cento para 3,87 mil milhões de dólares. Da mesma forma, as vendas de mercadorias de Portugal para a China diminuíram 14,4 por cento para 635,3 milhões de dólares.

Pelo contrário, as exportações de Moçambique subiram 18,5 por cento para 484,5 milhões de dólares. Já as exportações da Guiné Equatorial para o mercado chinês desceram quase um terço (32,1 por cento), para 204 milhões de dólares.

Também as vendas de Timor-Leste e São Tomé e Príncipe encolheram 97,4 por cento e 53,2 por cento, respectivamente, embora nenhum dos dois países tenha exportado mais de três mil dólares em mercadorias para a China. Cabo Verde e a Guiné-Bissau não venderam quaisquer produtos para o mercado chinês nos primeiros três meses de 2025.

30 Abr 2025

Comércio | Fornecedores pedem autonomia face a produtos americanos

Para evitar o impacto das tarifas dos Estados Unidos da América, a Associação da União dos Fornecedores de Macau defende uma maior autonomia gradual face aos produtos importados da América. A ideia veio do presidente da associação, Ip Sio Man, segundo o canal chinês da Rádio Macau.

De acordo com Ip, a dependência dos EUA é negativa porque as políticas tarifárias são imprevisíveis e estão constantemente a mudar. O responsável indicou que no ano passado, o valor de produtos que Macau exportou para os EUA foi de 300 milhões de patacas, enquanto o valor dos produtos importados dos EUA foi de 70 mil milhões de patacas. Por outro lado, Ip Sio Man antecipou que o Governo de Macau não está em condições de seguir o Interior na adopção de políticas de retaliação contra os EUA, pelo que deverá seguir um caminho alternativo.

Mas mesmo que Macau siga a política de retaliações, Ip desvalorizou o caso, ao considerar que não vai ter grande impacto, porque, nos últimos anos, Macau tem explorado activamente novos mercados e pode importar produtos de outras regiões para substituir os dos EUA.

9 Abr 2025

China preparada para travar combate comercial com EUA

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) admitiu ontem que as taxas impostas por Washington terão impacto na economia chinesa, mas ressalvou que a liderança em Pequim já vinha a preparar-se para este momento.

“Embora os mercados internacionais considerem, de modo geral, que os abusos tarifários dos Estados Unidos excederam as expectativas, o Comité Central do Partido [Comunista] já tinha previsto esta nova ronda de contenção e repressão económica e comercial contra a China, estimou plenamente o seu potencial impacto e preparou planos de resposta com tempo de antecipação e reservas suficientes”, afirmou o Diário do Povo.

Reconhecendo que a aplicação de taxas alfandegárias adicionais de 34 por cento sobre as importações oriundas da China, além das taxas de 20 por cento impostas anteriormente, resultará numa “redução do comércio bilateral com os EUA” e num “impacto negativo a curto prazo para as exportações”, o jornal lembrou que “muitos produtos dos EUA têm elevada dependência da China”.

“Os EUA dependem da China não só para muitos bens de consumo, mas também para investimento e produtos intermédios, com uma dependência superior a 50 por cento em várias categorias, o que torna difícil encontrar alternativas no mercado internacional a curto prazo”, lê-se no editorial.

A percentagem das exportações da China para os Estados Unidos, em relação ao total das suas vendas externas, caiu de 19,2 por cento, em 2018, para 14,7 por cento, em 2024. Parte desta queda deve-se ao ‘comércio triangular’, no qual os produtos são exportados quase concluídos da China para outros países, incluindo Vietname, Tailândia ou Camboja, onde é acrescentado um componente ou acabamento, visando alterar o local de fabrico, visando contornar as taxas.

O Diário do Povo lembrou que, nos últimos anos, “apesar das pressões internas e externas”, Pequim “tem persistido em fazer coisas difíceis, mas correctas”, incluindo desalavancar o sector imobiliário e reduzir o endividamento das administrações locais e das pequenas e médias instituições financeiras. “Estes três grandes riscos foram eficazmente controlados e contidos e estão a diminuir”, assegurou.

Em grande

Apontando a “grande dimensão” da economia chinesa, o jornal lembrou que a China dispõe de instrumentos de política monetária, como a redução do rácio de reservas obrigatórias e das taxas de juro, para estimular o consumo interno com uma “força extraordinária”, o que permitiria ao país asiático reduzir a sua dependência das exportações.

“O mercado interno tem uma ampla margem de manobra”, afirmou o jornal oficial do Partido Comunista Chinês. E sublinhou ainda a capacidade do país para transformar o efeito adverso das medidas dos EUA num “impulso” para acelerar a transformação económica e a “inovação industrial”.

“Estrangular, reprimir e restringir apenas forçará a China a acelerar os avanços tecnológicos fundamentais em áreas-chave”, avisou.

7 Abr 2025

Comércio | EUA acusados de unilateralismo, proteccionismo e intimidação

A guerra comercial imposta ao mundo por Donald Trump intensifica-se. Pequim responde com novas taxas e suspende importações de vários produtos norte-americanos, enquanto assegura que “o céu não vai cair”

 

A China acusou ontem os Estados Unidos de unilateralismo, proteccionismo e intimidação económica, face ao intensificar da guerra comercial entre Pequim e Washington.

“Colocar a ‘América em primeiro lugar’, acima das regras internacionais, é um acto típico de unilateralismo, proteccionismo e ‘bullying’ económico”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Lin Jian, em conferência de imprensa.

Na semana passada, Trump impôs uma taxa adicional de 34 por cento sobre produtos oriundos da China, como parte do “Dia da Libertação”, que se somou a duas rondas de taxas de 10 por cento já declaradas em Fevereiro e Março. A China retaliou rapidamente com a sua própria taxa de 34 por cento sobre produtos norte-americanos.

Pequim também suspendeu as importações de sorgo, aves de capoeira e farinha de ossos de algumas empresas norte-americanas. As últimas medidas de retaliação da China incluem mais controlos de exportação sobre minerais de terras raras, essenciais para várias tecnologias, e uma acção judicial na Organização Mundial do Comércio.

Lin afirmou que as taxas impostas por Trump prejudicam a estabilidade da produção global e das cadeias de abastecimento e afectam seriamente a recuperação económica mundial. “A pressão e as ameaças não são a melhor forma de lidar com a China,” disse Lin. “A China salvaguardará firmemente os seus direitos e interesses legítimos”, acrescentou.

Votos de confiança

Pequim transmitiu ontem confiança, com o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, a assegurar que “o céu não vai cair”. “Perante os golpes indiscriminados das taxas americanas, sabemos o que estamos a fazer e temos instrumentos à nossa disposição”, acrescentou.

Não se sabe se o líder da China, Xi Jinping, se vai reunir com Trump para chegar a um acordo. Lin dirigiu as perguntas sobre uma possível reunião a outros departamentos. No domingo, funcionários do Governo chinês reuniram-se com representantes de empresas norte-americanas, incluindo a Tesla e a GE Healthcare.

“A raiz do problema das taxas alfandegárias está nos EUA”, disse Ling Ji, vice-ministro do Comércio, na reunião com 20 empresas norte-americanas, de acordo com um comunicado. “Esperamos que as empresas americanas possam resolver o problema pela raiz, emitir declarações razoáveis, tomar medidas concretas e trabalhar em conjunto para salvaguardar a estabilidade das cadeias de abastecimento global”, afirmou.

Ling, que é também o negociador comercial adjunto da China, garantiu que o país asiático protegerá os “direitos e interesses legítimos das empresas financiadas por estrangeiros de acordo com a lei” e “promoverá activamente a resolução dos seus problemas e exigências”

Protecção garantida

O vice-ministro chinês do Comércio, Ling Ji, disse ontem a representantes de empresas norte-americanas como a Tesla e a GE Healthcare que Pequim “sempre protegerá” os direitos das empresas com capital estrangeiro, face à guerra comercial desencadeada por Washington.

“A China tem sido, é e será um destino de investimento ideal, seguro e promissor para investidores estrangeiros”, disse Ling, durante uma mesa redonda com mais de 20 empresas de capital norte-americano, em Pequim, segundo um comunicado difundido pelo Ministério do Comércio chinês.

7 Abr 2025

OMC | China apresenta queixa sobre tarifas dos EUA

Pequim contesta veementemente as taxas aplicadas por Trump às suas exportações, acusando os EUA de violarem as regras básicas da Organização Mundial do Comércio

 

A China anunciou sexta-feira que remeteu para a Organização Mundial do Comércio (OMC) a questão das tarifas impostas pelos Estados Unidos às suas exportações, tendo apresentado queixa no mecanismo de resolução de litígios.

“A China apresentou uma queixa no mecanismo de resolução de litígios da OMC”, anunciou o Ministério do Comércio de Pequim, em comunicado citado pela AFP.

A China anunciou também sexta-feira a imposição de uma tarifa de 34 por cento a importações de todos os produtos dos EUA a partir de 10 de Abril, em resposta às novas tarifas impostas pelos EUA.

“A imposição pelos Estados Unidos das chamadas ‘tarifas recíprocas’ viola gravemente as regras da OMC, prejudica gravemente os direitos e interesses legítimos dos membros da OMC e prejudica gravemente o sistema de comércio multilateral baseado em regras e a ordem económica e comercial internacional”, afirmou o Ministério do Comércio.

“É uma prática típica de intimidação unilateral que põe em perigo a estabilidade da ordem económica e comercial global. A China opõe-se firmemente a isto”, acrescentou.

As medidas da China surgem depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter imposto, na quarta-feira, uma nova tarifa de 34 por cento sobre os produtos chineses, parte do que Washington chama de tarifas “recíprocas” sobre os países de todo o mundo. No caso de Pequim, estas tarifas são adicionais às tarifas de 20 por cento já em vigor, o que faz com que as importações chinesas passem a estar sujeitas a uma tarifa de, pelo menos, 54 por cento.

Ásia atacada

O Ministério do Comércio chinês manifestou, na quinta-feira, a sua “firme oposição” às tarifas e prometeu retaliar, para “salvaguardar” os direitos e interesses do país asiático. No início de Março, a China anunciou tarifas de 10 por cento e 15 por cento sobre os produtos agrícolas dos Estados Unidos em resposta às tarifas de 20 por cento que Trump impôs sobre os produtos chineses.

Durante a sua primeira presidência (2017-2021), Trump já tinha tido uma relação tensa com Pequim ao impor várias rondas de tarifas no valor de cerca de 370 mil milhões de dólares anuais, às quais a China respondeu com taxas sobre as exportações dos EUA.

O Presidente dos EUA também impôs tarifas elevadas na quarta-feira aos países para os quais as fábricas chinesas se mudaram após o primeiro conflito comercial, incluindo o Vietname (46 por cento), o Camboja (49 por cento) e o Laos (48 por cento), bloqueando a saída de produtos chineses.

7 Abr 2025

Comércio | Pequim, Tóquio e Seul respondem a Trump com aceleração de acordos

China, Japão e Coreia do Sul respondem aos ataques da administração norte-americana e colocam em marcha mecanismos para acelerar acordos de comércio livre

 

O Japão, Coreia do Sul e China anunciaram ontem que pretendem reforçar a cooperação e proporcionar um “ambiente previsível” às empresas e “acelerar” as negociações sobre um acordo de comércio livre, que responda às incertezas provocadas pelos EUA.

Os ministros da Indústria e do Comércio dos três países realizaram ontem uma reunião de emergência em Seul, destinada a acertar políticas de resposta à aceleração dos aumentos tarifários impostos por Washington – uma reunião tripartida de emergência e a primeira neste formato desde 2020.

O ministro sul-coreano da Indústria, Ahn Duk-geun, o seu homólogo japonês, Yoji Muto, e o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, concordaram em “prosseguir as discussões com vista a acelerar as negociações para um acordo de comércio livre trilateral abrangente” e “justo”, de acordo com uma declaração conjunta.

As discussões sobre esse acordo começaram em 2013 e continuaram até 2019, altura em que estagnaram. Foram relançadas em 2024, numa cimeira tripartida especial, que reuniu os líderes dos três países em Seul.

Por enquanto, “continuaremos a trabalhar para garantir condições de concorrência equitativas a nível mundial, a fim de promover um ambiente comercial e de investimento previsível, livre, aberto, justo, não discriminatório, transparente e inclusivo”, acrescenta a declaração conjunta.

Para os três países, o objectivo é “intensificar gradualmente a sua cooperação”, a fim de “criar um ambiente comercial previsível, estabilizar as cadeias de abastecimento e melhorar a comunicação sobre os controlos das exportações”, insistiu Seul numa declaração separada.

De uma forma mais geral, Seul, Pequim e Tóquio concordaram ontem em “trabalhar em estreita colaboração” para promover a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) e incentivar novos membros a aderir à vasta Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP), que reúne a China e 14 países asiáticos.

Entre eles, a China, o Japão e a Coreia do Sul representam cerca de 20 por cento da população mundial, um quarto da economia mundial e 20 por cento do comércio global.

Debaixo de “fogo”

A reunião tripartida surge após a imposição por parte da Administração norte-americana de Donald Trump, em meados de Março, de direitos aduaneiros de 25 por cento sobre o aço e o alumínio, poucos dias antes da imposição, a partir de 2 de Abril, de sobretaxas aduaneiras de 25 por cento sobre os automóveis importados para os Estados Unidos.

O Japão e a Coreia do Sul representam, respectivamente, 16 por cento e 15 por cento do total das importações de automóveis dos Estados Unidos, um sector importante para as respectivas economias nacionais.

A China, por seu lado, enfrenta uma sobretaxa aduaneira total de 20 por cento sobre todas as suas exportações para os Estados Unidos. Há ainda o espectro dos direitos aduaneiros “recíprocos”, que Washington também ameaça impor a partir da próxima semana.

31 Mar 2025

Comércio | Lao Ngai Leong quer mais veículos vindos de Hong Kong

Com o comércio local a perder cada vez mais receitas para o Interior, o membro da Assembleia Popular Nacional por Macau sugere que o território aceite mais viaturas de Hong Kong, para ajudar à recuperação dos negócios as pequenas e médias empresas

 

O membro da Assembleia Popular Nacional por Macau, Lao Ngai Leong, sugere a atribuição de mais quotas para veículos de Hong Kong podere circular em Macau, para compensar as pequenas e médias empresas (PME), pelas perdas das receitas para o Interior. A proposta foi apresentada durante uma sessão para aprender o “espírito das duas sessões”, realizada Associação de Federação e Comercial União de Shun De de Macau, na quarta-feira.

Durante a sessão, de acordo com o Jornal do Cidadão, Lao Ngai Leong abordou os problemas do comércio local, provocados pelo consumo cada vez mais frequente dos residentes do outro lado da fronteira. Contudo, Lao destacou que a questão é mais abrangente e que tem vantagens, dado que “também as pequenas e médias empresas começaram a consumir mais no Norte”.

Apesar deste cenário, o também empresário espera que os veículos de Guangdong possam circular cada vez mais perto de Macau, para visitarem o território e aumentar o volume de negócios das PME.

No entanto, o político avisou a população local da necessidade de ter maior capacidade para aceitar o aumento de tráfego nas estradas de Macau. A sugestão foi apresentada numa altura em que os residentes de Hong Kong tendem a consumir cada vez mais no Interior, em especial em Shenzhen, onde os preços são mais baratos do que na RAEHK ou em Macau.

A reconhecer a realidade

Em relação às PME dos bairros comunitários, o deputado reconheceu a existência de dificuldades acrescidas, dado que os novos turistas de Zhuhai não ficam, nem compram nessas zonas. Lao Ngai Leong defendeu assim que o Governo tem de criar outras atracções nos bairros e atribuir maior apoios ao comércio local, para atravessar esta fase complicada.

Apesar das dificuldades, o empresário defendeu que a economia de Macau está a “recuperar relativamente bem depois da pandemia” e que é a “obrigação de todos os sectores aproveitarem as políticas preferenciais do Governo Central”. O político afirmou igualmente que “as PME devem revitalizar-se e criar novo valor, para serem mais competitivas”.

Lao contou ainda que a sua empresa de comida no Interior começou a trabalhar com universidades para criar novos produtos e a seguir as novas tendências de consumo, pedindo ao comércio local que siga este exemplo.

21 Mar 2025

Comércio | Pequim quer integrar exportadores no mercado interno face a proteccionismo

As alterações na estrutura económica mundial, desencadeadas pelas medidas proteccionistas norte-americanas, levam o Governo chinês a intensificar a promoção do consumo interno

 

A China está a estudar medidas para ajudar empresas dependentes das exportações a expandirem-se no mercado interno, numa altura em que procura compensar o impacto das medidas proteccionistas nos Estados Unidos e outros mercados.

O Ministério do Comércio chinês está actualmente a explorar as formas mais eficazes de ajudar os exportadores a reorientarem-se para o mercado interno. O ministro Wang Wentao visitou uma empresa de comércio de têxteis em Xangai, este fim de semana, de acordo com Yuyuan Tantian, uma conta na rede social chinesa Weibo afiliada à televisão estatal CCTV.

Para os exportadores chineses, uma mudança de foco para o mercado interno traz uma série de desafios, incluindo a adaptação a diferentes preferências dos consumidores, sistemas de pagamento e regimes regulamentares.

“Integrar o comércio interno e externo e apoiar as empresas exportadoras na expansão das suas vendas locais será uma estratégia a longo prazo, em vez de uma resposta temporária a choques externos”, lê-se na publicação da Yuyuan Tantian.

A medida surge após o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter imposto taxas alfandegárias adicionais de 20 por cento sobre todos os produtos chineses. Washington estará também a preparar-se para lançar um regime tarifário recíproco mais amplo no próximo mês.

Pequim retaliou com a imposição de taxas alfandegárias sobre uma série de produtos agroalimentares norte-americanos e restringiu a exportação de vários minerais essenciais.

Mas a guerra comercial já se faz sentir em toda a economia chinesa. As exportações da China cresceram 2,3 por cento, em termos homólogos, durante os primeiros dois meses de 2025, um abrandamento significativo em comparação com o crescimento de 10,7 por cento registado em Dezembro.

Pequim convocou também executivos do Walmart para conversações na semana passada, depois de ter sido noticiado que o gigante retalhista norte-americano pressionou os fornecedores chineses a baixarem os preços, para compensar o impacto do aumento das taxas alfandegárias.

Mas as empresas chinesas enfrentam medidas proteccionistas noutros mercados também, incluindo a Europa e países em desenvolvimento. A Indonésia, por exemplo, impôs taxas de até 200 por cento sobre produtos têxteis chineses, a fim de proteger as pequenas e médias empresas do país contra o que considera ser concorrência desleal.

Os EUA são também um mercado importante para a indústria têxtil e de vestuário da China. Cerca de 17 por cento das exportações chinesas de têxteis e vestuário foram para aquele país no ano passado, de acordo com a Yuyuan Tantian.

Olhar para dentro

Para apoiar a transição para as vendas no mercado interno, o Ministério do Comércio planeia organizar uma série de exposições em todo o país para aconselhar os exportadores a adaptarem os seus canais de vendas e as normas dos produtos ao mercado interno.

“A expansão das vendas no mercado interno para as empresas de comércio externo não tem a ver com o escoamento das exportações não vendidas – tem a ver com a introdução de produtos de comércio externo de elevada qualidade no mercado interno”, apontou a conta afiliada à CCTV.

A estratégia enquadra-se nos esforços crescentes de Pequim para aumentar a procura interna. Na segunda-feira, o governo revelou um vasto plano para estimular o consumo, que abrange desde a redução dos custos dos cuidados infantis até à estabilização dos mercados imobiliário e bolsista.

Os sinais de melhoria estão a surgir gradualmente. Os dados divulgados na segunda-feira mostraram que as vendas a retalho na China aumentaram 4 por cento, em termos homólogos, nos primeiros dois meses de 2025, superando as expectativas dos analistas.

19 Mar 2025

Comércio | Pedidas mudanças no arrendamento público

O legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, Leong Sun Iok, pede ao Governo que apresente alternativas para acabar com as lojas desocupadas durante vários anos e promover a diversificação económica

 

O deputado Leong Sun Iok defende uma nova política de arrendamento dos espaços comerciais geridos pelo Governo nos edifícios de habitação pública. A posição foi tomada através de uma interpelação escrita, para fazer face à redução do número de arrendamentos.

Com o objectivo de promover a diversificação da economia, Leong indica a necessidade de aplicar ao arrendamento destes espaços o mesmo tipo de estratégia que foi adoptado no arrendamento dos espaços de restauração do mercado do Patane.

Neste espaço, indica o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a escolha dos inquilinos teve por base critérios como “o plano de negócios, a experiência, qualificações e a diversidade dos produtos” vendidos. Este foi um método que Leong indicou ser mais “flexível” e que traduz uma postura do Governo “mais consciente” da realidade actual.

No entanto, o legislador lamenta que nas lojas arrendadas nas habitações públicas a escolha ainda seja feita através de um sorteio entre os candidatos interessados, como determinado pelo Decreto-Lei sobre o Regulamento da Concessão, Arrendamento e Cedência Gratuita de Espaços em Edifícios de Habitação Social para o Exercício de Actividades Comerciais.

Este é um documento que deputado considera desactualizado, por estar “em vigor há mais de 30 anos”, pelo que questiona o Executivo sobre a vontade de substituí-lo para “ter em conta factores como o actual ambiente social e a situação do mercado”.

A pensar na mudança

De acordo com a versão apresentada pelo deputado, em Abril do ano passado havia 12 lojas vagas e algumas sem qualquer inquilino desde Março de 2018. “A falta de regularidade na realização de concursos públicos para as lojas de habitação pública não favorece a revitalização e o funcionamento eficaz dos recursos e dificulta o planeamento antecipado dos residentes de acordo com a procura prevalecente no mercado”, criticou.

Por isso, Leong questiona o Governo sobre a possibilidade de criar um mecanismo de atribuição do arrendamento destes espaços a cada três meses ou a cada seis meses, para acabar com as situações em que as lojas ficam vários anos desocupadas.

Numa altura em que vários espaços comerciais nos bairros residenciais encerram portas ou enfrentam dificuldades para competir com os preços em Zhuhai, Leong Sun Iok defende que se siga o exemplo de Hong Kong. Na perspectiva do legislador, o Governo devia ponderar criar um novo programa, para jovens empreendedores, com menos de 35 anos, em que não há uma renda fixa, e os arrendatários apenas têm de pagar 20 por cento dos lucros líquidos obtidos com o negócio.

18 Mar 2025

China | Exportações e importações abrandam

As exportações da China aumentaram 2,3 por cento e as importações caíram mais de 8 por cento, em Janeiro e Fevereiro, em termos homólogos, num período marcado pela incerteza em relação às taxas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos.

O excedente da China nas trocas comerciais com o resto do mundo fixou-se nos 170,52 mil milhões de dólares nos primeiros dois meses do ano. As alfândegas da China publicam os dados comerciais para Janeiro e Fevereiro em conjunto, a fim de evitar qualquer distorção decorrente da semana de férias do Ano Novo Lunar, que acontece todos os anos em dias diferentes.

“O crescimento das exportações arrefeceu nos primeiros dois meses de 2025, com a antecipação das taxas a dar menos impulso à procura do que tínhamos previsto”, afirmou Julian Evans-Pritchard, da consultora Capital Economics.

“Esta desaceleração ocorre antes de qualquer impacto substancial das taxas, o que quase certamente levará a quedas acentuadas nas exportações para os EUA em breve”, disse. O abrandamento das importações sugere que o aumento da procura impulsionado pelas despesas do governo, no final do ano passado, “já se inverteu parcialmente”, indicou Evans-Pritchard.

Esta semana, entrou em vigor o segundo de dois aumentos de 10 por cento nas taxas impostas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações da China, o que deverá afectar as exportações chinesas nos próximos meses.

Os compradores e os fornecedores chineses apressaram-se a concluir os negócios, visando evitar o impacto das taxas.

As autoridades chinesas manifestaram confiança na capacidade de resistência da economia e no facto de o comércio com outros países poder ajudar a compensar as eventuais reduções das exportações para os EUA após a entrada em vigor das taxas. Pequim afirmou ainda que está aberta a conversações com Washington numa base de respeito mútuo.

Saltos e quedas

No ano passado, as exportações ajudaram a China a atingir a sua meta de crescimento económico de 5 por cento. Pequim voltou a fixar o objectivo em cerca de 5 por cento, apesar das incertezas quanto às perspectivas comerciais para este ano.

As exportações para os EUA cresceram 2,3 por cento, em termos homólogos, em Janeiro-Fevereiro, enquanto as exportações para a União Europeia e o Japão cresceram apenas 0,6 por cento e 0,7 por cento, respectivamente. As exportações para a Rússia caíram 10,9 por cento.

A Associação das Nações do Sudeste Asiático continuou a ser o maior parceiro comercial da China, com as exportações a crescerem 5,7 por cento, em termos homólogos.

“Embora não se deva dar muita importância a alguns meses de dados, a repartição levanta questões sobre como as tendências de exportação podem mudar quando as taxas começarem a afetar os EUA também”, disse Lynn Song, da ING Economics, num relatório. “Com as taxas a entrarem em vigor em Fevereiro e Março, é provável que o impacto se faça sentir gradualmente nos próximos meses”, afirmou.

10 Mar 2025

EUA | Pequim adverte que vai retaliar aumento de taxas

A China advertiu ontem que vai tomar “todas as medidas necessárias” para defender os seus interesses, em resposta às taxas alfandegárias que os Estados Unidos planeiam implementar a partir de hoje.

“A China opõe-se firmemente à decisão dos Estados Unidos de impor mais taxas sob o pretexto de alegadas ameaças à sua segurança”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa.

“Tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os nossos interesses legítimos”, acrescentou. O porta-voz acusou Washington de “politizar questões económicas e comerciais” e disse que “numa guerra comercial não há vencedores”. “As acções dos EUA minam a cooperação económica normal e prejudicam a sua própria economia e credibilidade internacional”, disse Lin.

Pequim também avisou ontem que “tentar desacreditar e confrontar a China não trará qualquer benefício para as relações bilaterais” e instou os EUA a regressar ao “caminho correcto do diálogo e da cooperação com base no respeito mútuo”.

“Uma mentira, por mais vezes que seja repetida, nunca se tornará verdade”, concluiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

As tensões comerciais entre as duas potências voltaram a intensificar-se nos últimos dias, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado um novo aumento de 10 por cento das taxas sobre produtos chineses, para além dos 10 por cento já aplicados recentemente.

4 Mar 2025

China /EUA | Pequim avisa que coerção não é a melhor forma de lidar com problemas

O Governo chinês avisou sexta-feira que pressionar e coagir “não são a melhor forma de lidar com a China”, depois de Washington ter anunciado que vai duplicar para 20 por cento as taxas alfandegárias adicionais colocadas sobre produtos chineses.

“A China lamenta e opõe-se a esta decisão e fará tudo o que considerar necessário para defender os seus interesses legítimos”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Lin disse que as taxas unilaterais prejudicam tanto a Organização Mundial do Comércio como as relações comerciais internacionais e insistiu que “não há vencedores nas guerras comerciais”.

Considerando o fentanil “um problema interno dos Estados Unidos”, o porta-voz da diplomacia chinesa disse que Washington está a utilizar a sua crise de opioides para “pressionar e coagir” a China, apesar de o país asiático ser “um dos mais duros” na luta contra a droga. O diplomata sublinhou ainda que Pequim tem apoiado os EUA na sua resposta ao problema do fentanil, uma cooperação transnacional com resultados que descreveu como “muito notáveis”.

O diplomata instou Washington a voltar a abordar os problemas “através do diálogo e numa base de igualdade” e reiterou que a China está disposta a continuar a cooperar com os EUA para alcançar uma relação “sólida, estável e saudável”.

A condenação do Ministério dos Negócios Estrangeiros segue-se à do Ministério do Comércio, que afirmou horas antes que a China tomará “todas as contramedidas necessárias” para “defender os seus direitos e interesses legítimos”.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu na quinta-feira que o seu país iria impor uma taxa adicional de 10 por cento à China, a juntar-se a outra taxa no mesmo valor anunciada anteriormente, com o argumento de que o país asiático não fez esforços suficientes para combater a entrada de fentanil nos EUA.

3 Mar 2025

DSEC | Comércio externo de mercadorias caiu 11,2% em Janeiro

Em Janeiro registou-se uma queda anual de 11,2 por cento no valor total do comércio externo de mercadorias, que foi de 11,90 mil milhões de patacas. Em Janeiro do ano passado, esse valor tinha sido de 13,40 mil milhões, apontam dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Além disso, no mês referido, o valor exportado de mercadorias foi de 1,13 mil milhões de patacas, mais 0,3 por cento em termos anuais, enquanto o valor das importações foi de 10,77 mil milhões de patacas, menos 12,2 por cento. Por conseguinte, o défice da balança comercial no primeiro mês do ano foi de 9,64 mil milhões de patacas.

Nas estatísticas divulgadas ontem, destaca-se também o crescimento, em termos anuais, de 16 por cento nas exportações para os países que compõem a iniciativa “Faixa e Rota”, no valor global de 26 milhões de patacas, e para a queda de 32,3 por cento no valor das exportações para o Interior da China, no montante de 52 milhões de patacas. O valor global da importação de mercadorias diminuiu 12,2 por cento, em termos anuais.

27 Fev 2025

EUA | Pequim espera cooperação comercial durante novo mandato

A China disse ontem que espera cooperar com Washington em questões comerciais, após a tomada de posse do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou impor taxas alfandegárias punitivas sobre produtos chineses.

“A China está pronta para reforçar o diálogo e a comunicação com os Estados Unidos (e) gerir adequadamente as diferenças”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun. “Esperamos que os Estados Unidos trabalhem com a China para promover conjuntamente o desenvolvimento estável (…) das relações económicas e comerciais sino-americanas”, acrescentou.

Embora admitindo a existência de “diferenças e fricções” entre os dois países, Guo Jiakun observou que “os interesses comuns e as possibilidades de cooperação são imensos”. As duas maiores economias do mundo têm mantido relações comerciais tumultuosas nos últimos anos.

Durante o seu primeiro mandato, Donald Trump impôs taxas sobre as exportações chinesas, invocando alegadas práticas desleais. O seu sucessor democrata, Joe Biden, manteve a pressão ao limitar drasticamente o acesso da China a semicondutores utilizados na produção de alta tecnologia.

Durante a campanha eleitoral, Trump ameaçou impor taxas ainda mais elevadas à China, cujas exportações atingiram um nível recorde no ano passado.

21 Jan 2025

Comércio | Negócios continuam aquém das expectativas

A quebra do volume das vendas no ano passado levou a Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau a marcar uma reunião para discutir estratégias e ajudar as PME a encararem o novo cenário económico

 

Apesar de o número de entradas e saídas em 2024 ter atingido um novo recorde histórico, com um registo de 210 milhões de entradas e saídas, muitas pequenas e médias empresas (PME) não sentiram os benefícios da maior circulação de pessoas. O cenário foi traçado pelo o vice-presidente da Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau, Lo Wang Chun, num programa da Radio Television Hong Kong (RTHK).

Face ao facto de os negócios em áreas de luxo, como a venda relógios, joias, artigos de couro ou equipamento de telecomunicações terem inclusive registado uma perda de 20 por cento entre Janeiro e Setembro de 2024, a Associação de Retalhistas e Serviços de Turismo de Macau realizou um encontro para discutir o problema.

Na visão de Lo Wang Chun o menor consumo deve-se ao facto de Macau ter perdido as vantagens comerciais face a outros destinos, como o Japão ou a Tailândia. “O Japão e Tailândia aplicaram medidas de isenção de visto para os turistas da China, enquanto os turistas da China ainda precisam de pedir visto de entrada em Macau. Este aspecto significa que Macau perdeu uma vantagem”, afirmou Lo. “Também temos de ter em conta a taxa de câmbio nestes países. Viajei para a Tailândia e troquei uma pataca por 4,2 Baht, se estivesse a trocar renminbis até recebia mais Baht”, apontou.

No programa, foram ouvidos outros comerciantes que se mostraram preocupados por terem registado uma redução nas vendas durante as festividades recentes, em comparação com o que aconteceu no final de 2023.

Pensar diferente

Lo Wang Chun recusou ainda a ideia de que Macau seja um destino para turistas do Interior com pouco dinheiro: “Eles consumem em Macau, têm vontade e capacidade para pagar três mil patacas para um bilhete de concerto, por isso não acredito que a redução do consumo esteja ligada à falta de poder de compra dos visitantes”, argumentou.

Apesar das dificuldades, Lo Wang Chun mostrou confiança de que a recente medida de permissão de entradas múltiplas para os turistas de Zhuhai possa ajudar a indústria. “Esta medida de múltiplas entradas para os residentes de Zhuhai vai permitir que eles sejam como nós, quando nos deslocamos frequentemente para Hong Kong. A cidade de Zhuhai tem uma população de 1,7 milhões de pessoas, não é um número pequeno, por isso devemos pensar em como atrair estes clientes e como fazer com que gastem mais dinheiro”, considerou.

Lo Wang Chun apelou ainda às PME para evitarem pessimismos e que adoptem uma nova mentalidade, com novas estratégias de comércio. A título de exemplo, Lo sugeriu uma maior ligação entre as PME e outros fornecedores, para melhor promover os produtos locais, ao mesmo tempo que se deve apostar numa maior diferenciação da oferta para os turistas face às regiões vizinhas de Hong Kong e do Interior.

7 Jan 2025

Comércio | China destaca relação forte com Macau

O Governo Central afirmou que as relações económicas e comerciais com Macau estão a fortalecer-se, num comunicado divulgado no dia do 25.º aniversário da transferência da administração.

O Ministério do Comércio informou que o comércio entre o Interior da China e a RAEM atingiu os 3,84 mil milhões de dólares em 2023, um aumento de mais de quatro vezes em relação a 1999.

O comércio de serviços também registou um crescimento, marcado pelo afluxo de turistas da China continental para a região administrativa especial, segundo os dados do ministério do Comércio. Entre 2004 e 2023, Macau recebeu cerca de 310 milhões de visitantes do continente, detalhou. “O aumento do turismo impulsionou os sectores locais do comércio a retalho, da hotelaria e da restauração”, destacou.

O Governo Central aumentou, em Julho, a isenção de taxas alfandegárias para os viajantes que entram na China oriundos de Macau, de 5.000 yuan para 12.000 yuan, visando aumentar as despesas na RAEM.

Entre Janeiro e Outubro, o Interior atraiu 23,93 mil milhões de dólares em investimento directo de Macau e investiu 14,19 mil milhões de dólares na região.

O ministério assegurou que vai continuar a promover a colaboração económica entre o Interior e Macau, a apoiar o rápido desenvolvimento económico da região e a contribuir para a modernização da China, no âmbito da construção da área da Grande Baía.

21 Dez 2024

EUA | Congresso vota lei que restringe investimento na China

A Reuters noticiou na terça-feira que o Congresso dos EUA deverá votar nos próximos dias uma legislação que restringe os investimentos dos EUA na China, como parte de um projecto de lei para financiar as operações do governo até meados de Março.

O projecto de lei alarga as restrições emitidas pelo Departamento do Tesouro dos EUA em Outubro sobre os investimentos dos EUA em inteligência artificial e outros sectores tecnológicos na China que considera uma ameaça à segurança nacional dos EUA. O projecto de lei também exige os chamados estudos de risco de segurança nacional sobre os routers e modems de consumo fabricados na China e análises das compras de bens imobiliários chineses, segundo a Reuters.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian, afirmou na quarta-feira que a cooperação económica e comercial entre a China e os Estados Unidos beneficia os dois países e os seus cidadãos. “Exagerar o conceito de segurança nacional e obstruir deliberadamente o intercâmbio económico e comercial normal por razões políticas é contrário aos princípios da economia de mercado, da concorrência leal e do comércio livre, que os EUA afirmam defender. Tais acções também desestabilizam as cadeias industriais e de abastecimento mundiais e não servem os interesses de nenhuma das partes”, afirmou Lin.

“A China exorta os políticos norte-americanos relevantes a deixarem de politizar e de transformar em armas as questões económicas e comerciais e a promoverem as condições necessárias para a cooperação económica e comercial entre os dois países”, afirmou o porta-voz.

Espaço para a cooperação

Embora alguns políticos norte-americanos continuem provavelmente a insistir na adopção de mais medidas repressivas contra as empresas chinesas, existem também áreas em que a China e os EUA podem cooperar, de acordo com Chen Fengying, antigo director do Instituto de Estudos Económicos Mundiais do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China.

“Os EUA também se apercebem de que, sem a China, não podem resolver muitas questões globais. Por isso, mesmo que alguns políticos continuem a insistir em mais medidas de repressão contra a China, também haverá áreas em que os EUA querem cooperar com a China”, disse Chen na quarta-feira.

A China tem mantido uma abordagem coerente em relação aos EUA, em que o lado chinês permanece aberto ao diálogo e à cooperação, ao mesmo tempo que responde às medidas repressivas dos EUA. Reflectindo esta abordagem, na semana passada, os grupos de trabalho económicos e financeiros da China e dos EUA realizaram reuniões separadas, durante as quais as duas partes trocaram pontos de vista sobre uma vasta gama de questões, incluindo as políticas macroeconómicas. Mas a parte chinesa também manifestou a sua preocupação com as restrições económicas e comerciais impostas pelos EUA.

Chen afirmou que, embora seja improvável que a tentativa geral de Washington de conter a China mude em breve, as tácticas sob diferentes administrações dos EUA podem mudar e as áreas de foco para a cooperação podem ser diferentes. “A China irá provavelmente analisar a questão com base nos seus méritos e prosseguir o diálogo e a cooperação sempre que possível, ao mesmo tempo que responderá com firmeza às medidas de repressão dos EUA no domínio da alta tecnologia e noutros domínios”, afirmou.

AMEC retirada da lista negra do Pentágono

Entretanto, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) retirou a empresa chinesa Advanced Micro-Fabrication Equipment Inc. (AMEC) de sua lista de empresas militares chinesas (EMC), depois que a empresa processou os EUA, informou a Bloomberg na quarta-feira.

A retirada da AMEC da lista negra fez com que o preço das acções da empresa no mercado chinês de acções A subisse 1,78% no fecho do mercado. “A medida não só retira a AMEC da designação incorrecta, como também constitui um sinal positivo para outras empresas chinesas que enfrentam as medidas de repressão dos EUA, que podem recorrer a meios legais para defender os seus direitos e interesses legítimos contra as alegações infundadas dos EUA”, afirmou um perito do sector.

“Sob o pretexto de proteger a segurança nacional, vários departamentos governamentais dos EUA criaram listas negras de empresas chinesas, embora as acusações contra as empresas chinesas sejam infundadas”, disse Ma Jihua, um veterano observador do sector das telecomunicações.

“Influenciados pelo sentimento político actual nos EUA, adicionam arbitrariamente empresas chinesas a várias listas negras, apesar de não poderem apresentar quaisquer provas concretas”, disse Ma na quarta-feira, acrescentando que as empresas chinesas podem tomar medidas legais para proteger os seus próprios direitos e interesses. “O caso da AMEC é um sinal positivo de que existem meios legais para as empresas chinesas defenderem os seus direitos e interesses contra alegações infundadas dos EUA”.

Em janeiro de 2024, o DoD dos EUA adicionou a empresa chinesa à sua lista de EMC. Depois de “extensos esforços para se envolver com o DoD a fim de esclarecer os factos e demonstrar que não cumpre nenhum dos critérios de EMC” não terem conseguido alterar a designação do DoD dos EUA, a AMEC anunciou a 16 de Agosto que tinha formalmente apresentado uma acção judicial contra o DoD dos EUA no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia por designar “ilegalmente” a AMEC como uma EMC, disse a empresa num comunicado na altura.

Esta é a segunda vez que a AMEC foi adicionada à lista negra do DoD dos EUA e posteriormente removida. Em Janeiro de 2021, a empresa foi designada como EMC, mas após uma petição ao DoD dos EUA com fatos e evidências suficientes, a empresa foi removida com sucesso dessa lista em Junho de 2021, de acordo com a empresa.

Para além da AMEC, o Departamento de Defesa dos EUA também retirou outra empresa, a IDG Capital, da sua lista EMC. A inclusão na lista de EMC não implica sanções específicas ou penalidades directas, mas a inclusão na lista pode causar danos à reputação e desencorajar outras empresas a trabalhar com as empresas listadas, de acordo com a Bloomberg.

20 Dez 2024

Antigo chefe da OMC pede “frente unida” de UE e China contra Trump

O antigo director-geral da Organização Mundial do Comércio Pascal Lamy pediu à China para procurar um consenso com outras potências comerciais, como a União Europeia, para formar uma “frente unida contra o protecionismo” de Donald Trump.

Em entrevista ao jornal de Hong Kong South China Morning Post, o antigo Comissário Europeu do Comércio (1999-2004) afirmou que “o que a China tem de fazer é falar com outras potências comerciais, como a União Europeia, a Índia, o Japão e a Coreia, e procurar uma posição comum”. “Estas potências comerciais do mundo que não são os Estados Unidos podem manter o comércio aberto entre si e decidir o que fazer com os EUA”, afirmou o francês, diretor da OMC entre 2005 e 2013.

Durante a campanha que conduziu à vitória eleitoral, Trump prometeu taxas alfandegárias de 60% a 100% sobre bens importados da China, bem como uma taxa geral de 10-20% sobre todos os bens provenientes do estrangeiro. No primeiro mandato na Casa Branca (2017-2021), o republicano iniciou uma guerra comercial contra a China.

Lamy, actualmente professor honorário da China-Europe International Business School (CEIBS), disse acreditar que Trump está errado no diagnóstico do impacto do comércio externo na economia do país: “O que está a acontecer é que os EUA consomem demasiado e poupam muito pouco”.

“No sistema macroeconómico chinês, com muito pouco consumo e muita poupança, a capacidade de produção excedentária tem de ir para as exportações”, descreveu.

“Se temos uma grande capacidade de produção e um consumo interno insuficiente, somos obrigados a internacionalizar-nos para vender no mercado mundial a um preço mais baixo do que no mercado interno. Trata-se de um problema macroeconómico, mas com uma dimensão comercial, que terá inevitavelmente de ser resolvido”, disse.

Um dos setores emergentes em que a concorrência feroz a nível interno fez com que os fabricantes chineses procurassem expandir-se para o estrangeiro foi o dos veículos elétricos, agravando as fricções com a UE.

Embora Pequim tenha respondido às taxas impostas por Bruxelas com investigações contra a carne de porco e os produtos lácteos importados da UE, Lamy não é favorável à descrição da situação como uma guerra comercial: “Não há nada disso entre os dois. Quem diz isso está a confundir a questão”.

Na opinião do especialista, existe apenas uma “diferença de perceção” sobre a extensão dos subsídios chineses ao setor dos elétricos: “A OMC resolverá este desacordo (…) Não merece ser chamado de guerra comercial”.

Apesar de a autoridade da OMC ter sido posta em causa nos últimos anos, Lamy considerou que a organização continua a ser relevante, embora reconheça que necessita de reformas mais eficazes. Lamy pediu a Pequim e a Bruxelas que desempenhem um papel de liderança.

“As regras da OMC, redigidas há 30 anos, já não estão em conformidade com os tempos atuais (…). Se a UE e a China chegarem a acordo sobre a forma de o atualizar e de abordar melhor a OMC, muitos outros países juntar-se-ão e participarão”, afirmou.

13 Nov 2024

Carros eléctricos | Ministro do Comércio na Europa para discutir taxas

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, vai deslocar-se na próxima semana à Europa para discutir as tarifas impostas por Bruxelas sobre veículos eléctricos provenientes da China, após uma investigação aos subsídios concedidos por Pequim aos fabricantes.

O porta-voz do ministério, He Yongqian, disse em conferência de imprensa que Wang vai encontrar-se com Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo e comissário de comércio da Comissão Europeia, no dia 19 de Setembro, para discutir a questão.

“As informações sobre a visita e o andamento das negociações serão divulgadas oportunamente”, disse o porta-voz.

A tensão comercial entre China e União Europeia (UE) tem vindo a aumentar. No mês passado, a China anunciou a abertura de uma investigação sobre os subsídios atribuídos pela UE aos produtores de laticínios.

A decisão surgiu um dia após a UE ter fixado a taxa de importação de veículos eléctricos chineses em 36,3 por cento. Bruxelas considera que os preços dos veículos chineses são artificialmente baixos devido a subsídios estatais que distorcem o mercado e prejudicam a competitividade dos fabricantes europeus.

Pequim já tinha anunciado, em Janeiro, que estava a investigar uma alegada infração à concorrência envolvendo bebidas espirituosas, como o conhaque, importadas da UE.

Em Junho, lançou igualmente um inquérito ‘antidumping’ sobre as importações de carne de porco e de produtos à base de carne de porco provenientes da União Europeia, principalmente produzidos em Espanha, França, Países Baixos e Dinamarca.

13 Set 2024