China | Actualizada lista de “sectores sensíveis” no investimento além-fronteiras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] organismo máximo chinês encarregado da planificação económica estipulou novas restrições no investimento das empresas chinesas além-fronteiras, que penalizam as áreas imobiliária, hoteleira e os fundos de investimento, e beneficiam os sectores da electricidade e telecomunicações.

Segundo a actualização da lista dos “sectores sensíveis”, publicada pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), a partir de Março, as empresas chinesas que queiram investir em projectos de telecomunicação e redes eléctricas deixam de precisar de aprovação oficial.

O investimento em imobiliário, fundos de investimento, armamento, hotéis, cinema, entretenimento e clubes desportivos passam a depender da aprovação do Governo. A NDRC manteve os sectores de recursos aquáticos e órgãos de comunicação na mesma lista.

O ‘boom’ do investimento chinês no exterior dos últimos anos levou os reguladores chineses a emitir um comunicado conjunto, no qual advertem para investimentos “irracionais” além-fronteiras, em sectores em que abundam “riscos e perigos ocultos”. Em 2017, o investimento chinês não financeiro no exterior caiu 29,4%, face ao ano anterior, para 120.080 milhões de dólares.

O país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

13 Fev 2018

A China no Ano do Cão

“Compared with the congress of two parties (Republican Party and Democratic Party) in the United States, the National Congress of the Communist Party of China takes a longer time for the change of state leadership compared with the President selection of the United States, the democratic form is more completed, the democratic selection procedure is more completed, the democratic contents are more adequate, the democratic essence is more effective and the democratic achievements are more abundant, already exceeding the United States.”
“China’s Road and China’s Dream: An Analysis of the Chinese Political Decision-Making Process Through the National Party Congress” – Angang Hu

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ano Novo Chinês do Cão, que começa oficialmente a 16 de Fevereiro de 2018 e termina em 4 de Fevereiro de 2019, será palco da realização e execução de profundas e sérias alterações na China, no seguimento do decidido pelo Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), a 19 de Janeiro de 2018, ao propor e escrever o pensamento do presidente Xi Jinping sobre o “Socialismo com Características Chinesas para uma nova era na Constituição da China”, a lei fundamental do país. O presidente Xi Jinping, que também é Secretário-geral do Comité Central do PCC, pronunciou um discurso na Segunda Sessão Plenária do 19.º Comité Central do PCC, realizada em Pequim entre 18 a 19 de Janeiro de 2018.

A Segunda Sessão Plenária aprovou uma proposta do Comité Central do PCC sobre a revisão da Constituição. As principais conquistas teóricas, princípios e políticas adoptadas no 19.º Congresso Nacional do PCC devem ser incorporadas em uma revisão da Constituição, de acordo com o conteúdo divulgado após a dita Sessão Plenária. As novas realizações, experiências e requisitos do desenvolvimento do Partido e do país devem ser incorporados na Constituição revista, em que se deve manter o compasso dos tempos e melhorar a Constituição, mantendo a sua consistência, estabilidade e autoridade.

O Comité Central do PCC convidou o Partido a unir-se, com o presidente Xi Jinping, no seu centro, e aderir ao Estado de direito socialista com características chinesas. A sessão foi presidida pelo Politburo Político do Comité Central do PCC. O presidente Xi fez um discurso na dita sessão, tendo contado com a participação de duzentos e três membros e cento e setenta e dois membros suplentes do Comité Central do PCC, membros do Comité Permanente da Comissão Central de Inspecção Disciplinar do PCC, responsáveis principais em assuntos proeminentes, alguns deputados ao 19.º Congresso Nacional do PCC, eleitos de base de organizações e especialistas. Na sessão, os líderes adoptaram uma proposta de alteração de algumas partes da Constituição. O presidente da Comissão Permanente do Congresso Nacional do Povo apresentou o projecto de proposta na referida sessão, pelo que se tornava necessário alterar a Constituição da China, nesta nova era.

A República Popular da China (RPC) promulgou a sua primeira Constituição em 1954. O Quinto Congresso Nacional do Povo, em 1982, aprovou a presente Constituição, que sofreu quatro alterações, em 1988, 1993, 1999 e 2004, respectivamente. A Constituição tem desempenhado um papel importante no progresso do país, pois foi alterada em conformidade com a realidade e desenvolvimento do Partido e do país, e desde a última alteração em 2004, o Partido e o país passaram por importantes mudanças.

O 19.º Congresso Nacional do PCC fez importantes implementações estratégicas no socialismo com características chinesas para a nova era, pelo que é essencial alterar a Constituição para incorporar realizações teóricas, práticas e institucionais feitas pelo Partido e pelo povo. O processo de modificação deve levar o marxismo-leninismo, o “Pensamento de Mao Tse Tung”, a “Teoria de Deng Xiaoping”, a “Teoria dos Três Representantes” que têm como pilares os interesses da maioria do povo, a cultura e as forças produtivas avançadas, a “Perspectiva Científica do Desenvolvimento”, e o “Pensamento do presidente Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas” para uma nova era, como guia.

O pensamento do presidente Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era é uma orientação que o Partido e o país defenderão a longo prazo. É de enfatizar que o pensamento do presidente Xi Jinping é a última conquista na adaptação do marxismo ao contexto chinês e é o tipo de marxismo para a China contemporânea e para o século XXI.  O pensamento deve ser uma ideologia orientadora a ser mantida a longo prazo pelo PCC e pelo país, pelo que a liderança do Partido, deve ser fortalecida e confirmada em todas as áreas de actuação.

A adesão à liderança do PCC é justificada como um princípio na revisão da Constituição e a liderança do PCC é o atributo essencial do socialismo com características chinesas e a maior força do sistema. O plano integrado de cinco alcances, que é de promover de forma coordenada o avanço económico, político, cultural, social e ecológico, e a nova visão do desenvolvimento inovador, verde, aberto e universal, são vitais para o rejuvenescimento nacional. Os objectivos passam pela finalização da construção de uma sociedade moderadamente próspera, em todos os aspectos até 2020, basicamente, realizando a modernização socialista em 2035 e construindo a China, como um grande país socialista moderno, em meados do século XXI.

É de atender que, seguindo o caminho do desenvolvimento pacífico, procurar uma estratégia mutuamente benéfica de abrir e promover a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado, é de grande importância para a causa do desenvolvimento pacífico da humanidade. A reforma para estabelecer um sistema de supervisão nacional, que está sob a liderança do Partido e abrange todos os que exercem o poder público é uma reforma significativa do sistema político e uma decisão importante para fortalecer a auto-supervisão do Partido e do Estado, pelo que todos, devem obedecer à Constituição. É de destacar o importante papel da Constituição na governança estadual e o comprometimento universal na garantia da sua implementação. Os empenhos para aderir ao domínio da lei devem dar prioridade à regra da Constituição.

Os esforços para aderir ao governo pela lei devem colocá-lo em conformidade com a supremacia da Constituição. É de entender que todo comportamento anti-constitucional deve ser corrigido, sem falhas, e nenhuma organização ou indivíduo tem o poder de violar a Constituição ou a lei. Assim, todas as pessoas, órgãos do Estado, forças armadas, partidos políticos, grupos civis, instituições públicas e empresas devem ter a Constituição como seu guia fundamental. As pessoas em todos os níveis de cargos públicos, especialmente os principais funcionários, devem exercer o poder e trabalhar de acordo com a Constituição e a lei, e submeterem-se à supervisão do povo.

É obrigação geral enriquecer as principais disposições institucionais da Constituição, o que desempenharia um papel importante na melhoria e desenvolvimento do sistema de socialismo com características chinesas. A revisão da Constituição, proporcionará uma garantia poderosa para o desenvolvimento do socialismo com características chinesas na nova era, dado que a Constituição é o cerne do sistema de direito socialista chinês, e a adesão ao Estado de Direito deve dar prioridade à regra da Constituição. Os esforços para aderir ao governo pela lei devem fazer, que se actue em conformidade com a Constituição, como sendo a máxima prioridade.  Esta experiência, que é aprendida com a história do desenvolvimento da China, deve ser respeitada e amada.

A partir do 18.º Congresso Nacional do PCC, em 2012, o Comité Central do PCC com o presidente Xi no centro do poder, levou o país a manter e a desenvolver o socialismo com características chinesas, estabelecendo o referido Pensamento. A revisão pode manter a Constituição ao ritmo do desenvolvimento do Partido e do país, mantendo a sua consistência, estabilidade e autoridade. Este é o compromisso do Comité Central do PCC de oferecer o seu conceito de governança de acordo com a Constituição.

O PCC também fortalecerá a supervisão para garantir o cumprimento da Constituição, avançar na revisão constitucional e salvaguardar a poder da Constituição. O Comité Central do PCC, desde 2012, tomou medidas significativas para salvaguardar a dignidade e autoridade da Constituição, como por exemplo, ao estabelecer o “Dia Nacional da Constituição”, que é um mecanismo que tem por fim assegurar fidelidade à Constituição. A revisão proposta reforçará a implementação e a adesão à Constituição por toda a sociedade, aumentará a confiança das organizações de base em reformas e desenvolvimento, e fornecerá orientação constitucional para diversos sectores com vista a acelerar a reforma.

O presidente Xi Jinping pediu, em 4 de Dezembro de 2017, no “Dia Nacional da Constituição”, para aumentar a conscientização pública sobre a Constituição e a sua implementação, que tem sido observada pela China desde 2014. A Constituição contém as regras fundamentais do país, e deve ser cumprida durante a implementação da lei, como disse o presidente Xi, em uma instrução enviada para a abertura de uma sala de exposições em Hangzhou. O salão apresenta documentos sobre a primeira Constituição da RPC, que foi redigida no mesmo local e promulgada em 1954.

A legislatura da Assembleia Popular Nacional, adoptou a actual Constituição, a 4 de Dezembro de 1982, com base na versão de 1954. A sala de exposições é importante para a promoção da Constituição, para que mais pessoas se tornem conscientes e respeitem as leis do país de acordo com o Pensamento do presidente Xi, que solicitou ainda, à administração da sala de exposições para defender a liderança e o Estado de Direito e do Partido, e desempenhar o seu papel na promoção e implementação da Constituição. A partir de 4 de Dezembro de 2016, todos os funcionários eleitos ou nomeados, têm que fazer juramento público de fidelidade à Constituição.

É importante salientar que a 28 de Novembro de 2017, um conjunto de regulamentos para promover a transparência nos assuntos do Partido foi revisto e adoptado, em uma reunião do Politburo Central do PCC, e publicados a 25 de Dezembro de 2017. O Regulamento do PCC sobre “Transparência nos Assuntos do Partido (Julgamento)”, foi o primeiro documento oficial divulgado desde o 19.º Congresso Nacional do PCC, em Outubro de 2017, que estabelecem as bases para as futuras regras de divulgação dos assuntos do Partido e especificam a definição, princípios, conteúdo, procedimentos e formas de trabalho. A transparência foi um passo importante para a implementação do espírito do 19.º Congresso Nacional do PCC e uma obrigação para o desenvolvimento da democracia intrapartidária e democracia socialista.

O PCC, nos últimos anos, fez grandes esforços para explorar o caminho para a transparência nos assuntos do Partido, tendo revelado um conjunto de documentos, como o “Regulamento sobre o Estabelecimento de um Sistema de Porta-Vozes para os Comités do PCC”, o “Regulamento para Promover a Transparência dos Assuntos do Partido nas Organizações Primárias do PCC” e do “Regulamento de Estabelecimento e Melhoramento de Mecanismos de Divulgação de Informações e Interpretação de Políticas”. A partir do 18.º Congresso Nacional do PCC, em 2012, o Partido acelerou a sua campanha anticorrupção.

A divulgação de informações sobre funcionários corruptos de alto nível e os casos de violações do Código de Austeridade de oito pontos do Comité Central do PCC, atraiu a atenção das pessoas para a “Comissão Central de Inspecção Disciplinar do PCC (CCDI) ”, em uma clara demonstração dos esforços para promover a transparência nos assuntos do Partido. Além disso, um relatório anual divulgado pelo Departamento de Organização do Comité Central do PCC, contém o número de membros e organizações do Partido, bem como a composição das organizações a todos os níveis. Além de promover a transparência em alguns assuntos dentro do escopo das suas funções, alguns departamentos do Partido, incluindo o CCDI, bem como a organização e os departamentos internacionais do Comité Central do PCC, também realizaram eventos do dia aberto aos diplomatas estrangeiros, agências de média estrangeira e público.

Todavia, permanece um fosso entre o actual nível de transparência nos assuntos do Partido e os requisitos da nova era. O propósito da informação a divulgar não é suficientemente amplo, os procedimentos não são totalmente institucionalizados e a transmissão ao público muitas vezes mostra-se rígida e restrita. Algumas organizações e departamentos do Partido não conseguiram divulgar as informações mais interessantes para as pessoas mas, em vez disso, tornam públicas informações inadequadas, como segredos de comemorações. Os regulamentos sobre a transparência nos assuntos do Partido são de grande importância no exercício de uma governança completa e rigorosa, fortalecendo a supervisão intrapartidária e aproveitando o entusiasmo, a iniciativa e a criatividade de todo o PCC.

É de considerar que há muito tempo houve divergências em teorias e práticas sobre a conotação de transparência nos assuntos do Partido. Os novos regulamentos do PCC pela primeira vez dão uma definição clara e autorizada a este respeito, pois exigem que as organizações do Partido divulguem assuntos relativos à sua liderança e construção, entre os seus membros. Assim, a liderança e a construção do Partido constituem todos os assuntos do PCC. Os assuntos do Partido, referem-se principalmente ao seu funcionamento interno, são o que as suas organizações e os membros têm o direito de conhecer, pois o PCC é o partido no poder na China e os seus assuntos e políticas influenciarão o desenvolvimento nacional.

9 Fev 2018

Embaixador: “China permanece confiante e aberta apesar do fraco juízo de alguém nos EUA”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador chinês nos Estados Unidos, Cui Tiankai, disse recentemente que apesar do fraco juízo de alguém nos Estados Unidos, a China permanecerá confiante no caminho do desenvolvimento e os que esperam pelo contrário devem enfrentar a realidade.

“Recentemente, registaram-se alguns desenvolvimentos nas relações China-EUA que são matéria de preocupação, o que reflecte a deficiência de alguém dos Estados Unidos no seu entendimento da China, e também o seu fraco juízo de estratégias adoptadas pela China. Por exemplo, alguém se sente deprimido por causa de adesão da China ao seu próprio caminho de desenvolvimento,” disse Cui numa reunião realizada na embaixada chinesa para celebrar o Ano-Novo chinês.

O caminho do desenvolvimento escolhido pela China está baseado nas realidades nacionais do país, guiado pelas suas próprias teorias, garantido por seu próprio sistema e estabelecido em sua própria cultura, disse Cui. “Então, nosso caminho do desenvolvimento não pode e não deve mudar.”

“A escolha chinesa do caminho do desenvolvimento não mudará devido ao pensamento de outras pessoas. Espero que aqueles O embaixador disse que a China permanece confiante, mas também permanecerá aberta a novas ideias e está disposta a aprender com outras culturas.

8 Fev 2018

Jornal do PC garante relações com o Vaticano “mais cedo ou mais tarde”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) considerou ontem que Pequim e o Vaticano vão estabelecer relações diplomáticas “mais cedo ou mais tarde”, o que implicaria que a Santa Sé cedesse na nomeação dos bispos. “Acreditamos que os diplomatas de Pequim podem gerir as negociações tendo em conta o interesse nacional e as crenças religiosas”, escreve o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Pequim e a Santa Sé não têm relações diplomáticas, divergindo sobretudo na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. A China tem cerca de 12 milhões de católicos, mas as manifestações católicas no país são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica Católica Chinesa, a igreja aprovada pelo PCC e independente do Vaticano. O objectivo é garantir que os católicos do país funcionam “independentemente” de forças externas e “promovem o socialismo e patriotismo através da religião”.

Milhões de católicos chineses estão, porém, ligados às chamadas igrejas clandestinas, constituídas fora do controlo daquele organismo estatal e que juram lealdade ao papa. “A chegada a um acordo com a China sobre a escolha dos bispos iria reflectir a habilidade dos católicos para se adaptarem às mudanças”, acrescenta o Global Times, em editorial.

Vários órgãos de comunicação próximos do Vaticano afirmam que um acordo entre ambos os Estados está pronto e pode ser assinado nos próximos meses, mas não se sabe ainda como será resolvida a questão da nomeação dos bispos.

No caso do Vietname, país vizinho da China e também governado por comunistas, um acordo assinado em 1996 estabelece que a Santa Sé propõe três bispos a Hanói, e o governo vietnamita escolhe um deles.

Na semana passada, o cardinal de Hong Kong Joseph Zen criticou a própria Santa Sé pelos seus avanços diplomáticos com o regime chinês. Zen acusou a igreja de forçar bispos a retirarem-se, para que possam ser substituídos por outros, apoiados por Pequim.

7 Fev 2018

Pequim, contra declarações dos EUA, sai em defesa da Venezuela 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo da China tomou posição na segunda-feira sobre as ameaças feitas pelos Estados Unidos à Venezuela, depois da viagem do secretário Rex Tillerson a vários países da América Latina. Tillerson chegou a defender um golpe militar na Venezuela e criticou a China, ao dizer que não há espaço para uma nova “potência imperial” na região. O secretário norte-americano pediu, inclusive, aos países do continente que intervenham no país vizinho, liderado por Nicolas Maduro.

O Tesouro dos Estados Unidos acusou a China de ajudar o governo do presidente venezuelano com investimentos suspeitos envolvendo empréstimos em troca de petróleo. Num discurso proferido na sexta-feira,no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, o principal diplomata especialista em economia do Tesouro dos EUA, David Malpass, disse que o foco da China nas “commodities e em acordos financeiros vagos” prejudicaram, e não ajudaram, países da América Latina. O ataque ao papel chinês no apoio ao governo da Venezuela veio um dia depois de o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, ter aventado a hipótese de um golpe militar no país sul-americano rico em petróleo, antes de iniciar uma digressão de cinco dias pela América Latina.

O porta-voz do MNE chinês Geng Shuang disse que a cooperação financeira bilateral com a Venezuela foi estabelecida com base em princípios comerciais benéficos para os dois países. “O que os Estados Unidos disseram é infundado e extremamente irresponsável”, afirmou Geng. A cooperação entre a China e a Venezuela auxiliou a construção de mais de 10 mil casas de baixo custo, a geração de electricidade e o gasto com electrodomésticos para três milhões de lares venezuelanos de baixo rendimento, acrescentou, segundo informa a Reuters.

“A cooperação China-Venezuela incentivou favoravelmente o desenvolvimento socioeconómico da Venezuela e é aprovada e apoiada por todos os níveis da sociedade”, disse Geng. “Uma Venezuela estável atende aos interesses de todos os lados”. Ainda segundo a Reuters, recentemente, após a imposição de sanções individuais e económicas sobre Caracas pelos EUA, Maduro acusou Washington de tentar depô-lo para ter mais acesso à riqueza petrolífera do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

 

EUA temem perder influência

Washington advertiu vários países latino-americanos sobre os riscos da influência cada vez maior de Pequim na região e sobre os riscos de uma suposta dependência excessiva da segunda economia mundial, advertências vistas pela China como uma falta de respeito à política exterior dessas nações.

Enquanto a administração Trump rompeu acordos e questiona alianças, o gigante asiático impulsionou os laços políticos, culturas e sociais, com destaque para a América Latina; as viagens constantes de Xi Jinping continuam a seguir a proposta de construir “uma comunidade global de futuro partilhado”. Na América Latina, a China, que há mais de dez anos é um importante parceiro comercial, aumenta agora sua influência política, cultural e social para ocupar o vazio criado pela ausente estratégia norte-americana. E, dessa maneira, a China acabou por se tornar uma ameaça aos interesses dos EUA na região, que por décadas esteve presente interferindo continuamente na soberania e nas decisões dos países latino-americanos.

Tillerson, pouco antes de fazer uma viagem por países como o México, Argentina, Peru e Colômbia, afirmou que a região não precisa de “novas potências imperiais” e advertiu sobre a estratégia de se apoiar excessivamente na China, “que significa ganhos no curto prazo em troca de uma dependência no longo prazo”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês considerou que essa premissa é falsa e que o intercâmbio com a América Latina se baseia “em interesses comuns e necessidades mútuas”. Como a China defendeu até o momento, a sua aproximação com as outras nações acontece seguindo os princípios de “igualdade, reciprocidade, abertura e inclusão”.

A China reforçou recentemente seus laços com a região durante o segundo fórum ministerial entre o gigante asiático e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizado há apenas duas semanas em Santiago, no Chile, como informa o El País. O bloco decidiu apoiar, numa declaração oficial, a iniciativa chinesa da nova Rota da Seda – o megaprojeto de interconexão mundial idealizado pelo presidente chinês, Xi Jinping, que colocou sobre a mesa bilhões de dólares para investi-los em obras de infra-estrutura que melhorem a conectividade. O objectivo, segundo o MNE chinês, Wang Yi, é que o país se transforme no “parceiro mais confiável” da região.

7 Fev 2018

China | Estudante de 81 anos recebe diploma da Universidade de Tianjin

[dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]ue Minxiu, estudante de 81 anos, recebeu no domingo um diploma de graduação da Universidade de Tianjin. “Eu acho que o significado da vida é desafiar-se continuamente e melhorar, por isso queria agradecer à Universidade de Tianjin por me oferecer esta oportunidade preciosa para tornar os sonhos que não foram concluídos antes numa realidade”, disse Xue, que falava como representante dos estudantes na cerimónia.

“Para mim, o mais importante na vida é seguir meu próprio caminho. Isto é, não sucumbir à pressão dos colegas. Mesmo com tempo limitado, devemos permanecer fiel às nossas aspirações originais mesmo que estejamos com fome. O mais importante é ter a coragem de prosseguir”, assinalou Xue.

A idosa mencionou que, apesar de todas as dificuldades durante o estudo, tornou-se mais sábia e mais madura, acrescentando que alguém só se pode conhecer depois de enfrentar adversidades.

Xue elogiou a educação moderna à distância, que lhe forneceu os meios para conseguir o diploma. Também agradeceu aos professores da Universidade de Tianjin, que a apoiaram com cordialidade, esperança e coragem.

Xue inscreveu-se no curso “E-commerce” pela educação à distância da Universidade de Tianjin em Março de 2014 quando tinha 77 anos. Estudante mais velha da turma, ela era uma das mais estudiosas. Levantava-se às cinco da manhã todos os dias e a primeira coisa que fazia era ligar o computador e estudar por algum tempo. Xue nunca ligou a televisão na sua casa durante quatro anos, pois acreditava que devia aproveitar o tempo todo para estudar.

Xue tentou seis vezes antes de passar a última prova online e finalmente recebeu o diploma. A estudante de 81 anos fala cinco línguas (chinês, inglês, francês, russo e latim), também é boa em Excel e Photoshop. No seu tempo livre, Xue gosta de tirar fotos, patinar e nadar.

6 Fev 2018

Pequim critica nova estratégia americana de armas nucleares

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China criticou ontem a nova estratégia de armas nucleares dos Estados Unidos, aconselhando os americanos a perderem a “mentalidade da Guerra Fria” e a assumirem a “responsabilidade principal” no desarmamento nuclear. O Ministério da Defesa chinês afirmou que o documento sobre a nova política de armas nucleares, elaborado pelos serviços americanos da Defesa, Estado e Energia, “especula com o caminho do desenvolvimento” chinês e exagera a ameaça que representam as forças nucleares do país asiático.

A nova estratégia de armas nucleares americana, anunciada esta semana pelo Pentágono, exige a introdução de dois novos tipos de armamento, acabando com os esforços da era de Barack Obama para reduzir o tamanho e o alcance do arsenal norte-americano. Durante a apresentação, o secretário de Defesa, Jim Mattis, afirmou que a capacidade dos arsenais nucleares russo e chinês “estão a melhorar”, ao contrário do que acontece com os Estados Unidos.

A política da administração anterior dependia do que o então Presidente Barack Obama chamou de obrigação moral para que os Estados Unidos liderassem com o exemplo para livrar o mundo das armas nucleares. Mas oficiais da administração de Donald Trump e do Exército norte-americano argumentam que a abordagem de Obama se mostrou excessivamente idealista, particularmente quando a Rússia ressurgiu, com os Estados Unidos a não conseguirem persuadir os seus adversários nucleares a seguir o exemplo.

“Esperemos que os Estados Unidos compreendam correctamente a intenção estratégica da China e que assumam uma visão justa sobre a defesa nacional e o desenvolvimento militar da China”, respondeu hoje o porta-voz da Defesa chinês, Ren Guoqiang, citado pela agência estatal Xinhua. O porta-voz chinês exortou ainda os americanos a perderem “mentalidade da Guerra Fria”.

 

EUA desrespeitam América Latina

Entretanto, a China acusou os Estados Unidos de desrespeitarem a América Latina depois do secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, ter alertado os países da região contra a dependência excessiva dos laços económicos com a China.

Tillerson, num discurso antes de uma visita ao México, Argentina, Peru, Colômbia e Jamaica, disse que a China estava a ficar mais forte na América Latina, usando políticas económicas para atrair a região para sua órbita.

Em comunicado divulgado no final da sexta-feira, respondendo a Tillerson, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China informou que a cooperação entre a China e a América Latina é baseada em interesses comuns e necessidades mútuas. “O que os Estados Unidos disseram é inteiramente contra a verdade e mostrou desrespeito ao vasto número de países latino-americanos”, afirmou o ministério.

A cooperação entre a China e os países latino-americanos baseia-se na igualdade, reciprocidade, abertura e inclusão, acrescentou. “A China é um importante comprador internacional de commodities a granel da América Latina e importa cada vez mais produtos agrícolas e de alto valor agregado da região”, informou o ministério. O investimento e a cooperação financeira da China com os países latino-americanos estão em plena conformidade com as regras comerciais e as leis e regulamentos locais, acrescentou.

5 Fev 2018

Turismo à procura de adrenalina traz dinheiro a região pobre

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]poiada no braço de uma amiga, Fang Bing atravessou a mais longa ponte de vidro do mundo, suspensa num desfiladeiro no noroeste da China, numa experiência de “adrenalina”, onde o truque é “não olhar para baixo”. “Arrependi-me quando cheguei a meio”, admite à agência Lusa Fang, uma das curiosas que viajou até ao parque natural de Hongyagu, para caminhar a quase 218 metros de altitude sobre uma plataforma transparente.

Inaugurada em Dezembro passado, a ponte de Hongyagu é constituída por 1.077 placas de vidro – cada uma com quatro centímetros de espessura -, e tem 488 metros de comprimento. Fang Bing, que se deslocou cerca de 80 quilómetros desde Shijiazhuang, a capital da província de Hebei, assume ter sentido “muito medo” ao caminhar sobre a ponte. “Mas também se não tivesse sentido, não tinha valido a pena gastar 398 yuan”, acrescenta, referindo-se ao preço do bilhete de acesso à plataforma.

Para alcançar a ponte é necessário subir 2000 degraus, num percurso de quase uma hora, que poderá ser evitado a partir de Maio, quando a organização inaugurar um teleférico. Em redor da estrutura, erguem-se até perder de vista dezenas de montanhas, áridas devido ao inverno seco do noroeste chinês.

Outros visitantes revelam-se mais corajosos: “No início senti medo, mas quando cheguei a meio já estava bem”, conta Sheng Yuxiao, que vive a poucos quilómetros do parque. Sentada ao lado de uma amiga sobre a plataforma, Sheng diverte-se a tirar ‘selfies’, indiferente à vertigem sentida por outros visitantes.

Pontes de vidro não são novidade na China, que conta já com 60 estruturas deste género, segundo a imprensa local. É também no país asiático que se encontra a ponte de vidro mais alta do mundo, suspensa a 300 metros do solo, no parque de Zhangjiajie, que inspirou as Montanhas Aleluia do filme “Avatar”.

“As pontes de vidro são muito populares na China”, explica à Lusa Liu Qiqi, engenheiro-chefe da estrutura em Hongyagu.

Sentado num dos restaurantes da cidade antiga de Hongyagu, onde são servidos pratos típicos da região, incluindo massa com carne de javali, Liu revela que o vidro usado nesta obra é de “tecnologia militar”. “Cada bloco de um metro tem capacidade para suportar 500 quilos”, diz. “Este tipo de vidro é apenas frágil ao impacto de objectos pequenos: varas com pontas de ferro, bengalas, ou objectos bicudos”. Liu revela que o custo de construção da ponte fixou-se em 150 milhões de yuan.

Hongyagu pertence ao condado de Pingshan, no extremo noroeste de Hebei, junto à fronteira com a província de Shanxi. Hebei produz mais aço do que qualquer país no mundo – com excepção da própria China. Shanxi é o núcleo da indústria do carvão no gigante asiático – o maior consumidor de carvão do planeta. No dia em que a agência Lusa esteve em Hongyagu, um espesso manto de poluição cobria ambas as províncias e persistia no ar o cheiro a carvão.

Na auto-estrada que liga Shijiazhuang e Hongyagu, a circulação de camiões carregados daquele minério negro era constante, num fluxo que o Governo chinês espera diminuir, através da promoção de outras fontes energéticas, como o gás natural ou as renováveis, parte da sua “guerra à poluição”. Só nas indústrias do aço e do carvão, a China deverá extinguir 1,8 milhão de empregos ao longo dos próximos anos.

A ponte de vidro de Hongyagu parece assim ligar uma região pobre e isolada à emergente indústria do turismo chinesa, que só no ano passado facturou 5,4 biliões de yuan. “Queremos dinamizar o turismo na região, torna-lo mais competitivo”, afirma Liu. “Por isso, erguemos aqui esta ponte”.

5 Fev 2018

China | Human Rights Watch denuncia intimidação de familiares de fugitivos

[dropcap]A[/dropcap] organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou ontem as intimidações e detenções impostas pelas autoridades chinesas a familiares de suspeitos de corrupção que vivem além-fronteiras, visando pressioná-los a voltarem à China.

Uma investigação da organização revelou que a China está a utilizar os alertas vermelhos da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), cuja presidência pertence ao chinês Meng Hongwei, enquanto persegue e detém familiares de suspeitos de corrupção.

Agentes da polícia visitaram familiares sem qualquer documento legal e ameaçaram com detenção, caso não conseguissem convencer o fugitivo a regressar à China. “As autoridades chinesas exerceram todo o tipo de pressões ilegais sobre os familiares dos suspeitos de corrupção para que regressem à China”, denunciou um comunicado da directora do HRW no país asiático, Sophie Richardson. “Não há base legal para estas tácticas traumáticas de culpabilidade por associação”, acrescentou.

Segundo a HRW, as autoridades congelaram os bens ou despediram dos seus empregos em empresas estatais cinco dos suspeitos que a China quer extraditar. A polícia proibiu também os seus cônjuges, pais ou irmãos de viajar para fora do país. Para além da HRW, também a Amnistia Internacional denunciou por várias vezes que a China está a utilizar estes alertas de detenção e extradição contra dissidentes e activistas, para que regressem ao país asiático, onde enfrentam o risco de tortura.

2 Fev 2018

A China acusa Donald Trump de ter “mentalidade da Guerra Fria”

[dropcap]O[/dropcap]s governos de China e do Irão foram alvos do presidente americano, Donald Trump, no seu primeiro discurso sobre o Estado da União, no qual o chefe de Estado faz um balanço do ano no governo e indica prioridades legislativas ao Congresso.

No entanto, os dois países responderam com críticas ao republicano. A China pediu aos Estados Unidos para abandonar sua “mentalidade de Guerra Fria”, depois de Trump classificar Pequim como um rival que ameaça os interesses americanos.

“Esperamos que os Estados Unidos abandonem sua mentalidade de Guerra Fria, que é um conceito superado”, reagiu Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A China espera trabalhar com os americanos a fim de reduzir diferenças de posição, com base no respeito mútuo, e concentrando-se na cooperação e na gestão das diferenças”, enfatizou numa conferência de imprensa.

Já autoridades iranianas afirmaram que os comentários de Trump demonstram a “ignorância” do presidente americano. O republicano indicou que é “hora de mudança” no Irão, fazendo referência à onda de protestos no início deste ano. “Trump novamente confirma sua ignorância sobre o Irã e a região. Todos sabemos como ele se posiciona, e certamente não é do lado dos iranianos”, disse o ministro do Exterior, Javad Zarif, em mensagem no Twitter. “Os seus ‘virtuosos’ clientes ‘democraticamente eleitos’ na nossa região podem comemorar, mas não aqueles que estão na ponta que recebe tirania e armas, incluindo crianças iemenitas”, disse, numa referência à Arábia Saudita, rival regional do Irão, que desde 2015 intervém na guerra civil no Iémen.

2 Fev 2018

Vaticano | Papa responde ao Cardeal Zen sobre a Igreja Católica na China

Quando o Papa Francisco consegue passos importantes para uma reconciliação com Pequim , o Cardeal Zen resolveu incendiar a internet

[dropcap]O[/dropcap] director da Sala de Imprensa do Vaticano, Greg Burke, divulgou na terça-feira, 30 de Janeiro, uma declaração na qual afirma que o Papa Francisco está bem informado sobre a situação da Igreja Católica na China e que é “lamentável” que algumas “pessoas da Igreja” afirmem o contrário, causando “confusões e polémicas”.

A declaração afirma que “o Papa está em constante contacto com os seus colaboradores, em particular da Secretaria de Estado, sobre as questões chinesas, e é informado por eles de forma fiel e pormenorizada sobre a situação da Igreja Católica na China e sobre os passos do diálogo em andamento entre a Santa Sé e a República Popular da Chinesa, que ele acompanha com especial solicitude”. “Por isso é um surpresa e lamentável que se afirme o contrário por parte de pessoas de Igreja e se alimentem assim confusões e polémicas”, concluiu.

Embora não tenha mencionado, a declaração ocorreu um dia depois que o Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, publicou no seu portal uma carta na qual explica e analisa a difícil situação da Igreja Católica na China, em particular os bispos, ante as pressões e a perseguição do governo.

Na carta publicada no seu portal, o Cardeal recordou que nos últimos dias a imprensa informou que o Vaticano pediu a um bispo para que renuncie e a outro bispo para que aceite a sua renúncia a fim de permitir que os bispos relacionados ao governo assumam os seus cargos.

A carta é bem crítica em relação às negociações do Vaticano com o governo chinês, na qual também denuncia vários problemas sofridos pelos prelados católicos no país: “Vi directamente a escravidão e a humilhação à qual os nossos irmãos bispos estão submetidos”, assinala. O Bispo Emérito pergunta: “Acreditaria que o Vaticano está a vender a Igreja Católica na China? Sim, definitivamente, se estão a ir na direcção na qual estão segundo o que eles estão a fazer nos últimos anos e meses”.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano foram cortadas em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros. Desde então, a China permite o culto católico unicamente à Associação Patriótica Católica Chinesa, subordinada ao Partido Comunista da China, e recusa a autoridade do Vaticano para nomear bispos ou governá-los. Há alguns anos, a Santa Sé trabalha num acordo para o restabelecimento das relações diplomáticas com a China, uma aproximação incentivada pelo Papa Francisco.

Entretanto, o Papa Francisco prometeu analisar o caso dos dois bispos chineses reconhecidos a quem a Santa Sé havia pedido para se afastar e abrir caminho a prelados ordenados ‘ilicitamente’. A Santa Sé pediu que Dom Zhuang Jianjian, da Diocese de Shantou, de 88 anos e que vive na província de Guangdong, e Dom Vincent Guo Xijin, da Diecese de Mindong, de 59 anos, morador da província de Fujian, se aposentassem das suas funções eclesiásticas. Ambos são reconhecidos por Roma.

Zhuang recebeu o pedido para dar espaço a Dom Huang Bingzhang, da Diocese de Shantou, de 51 anos, ilicitamente ordenado e que está excomungado. Guo recebeu o pedido para se afastar a fim de dar lugar ao bispo sancionado pelo governo, Dom Zhan Silu, da Diocese de Mindong, de 57 anos, que também fora ordenado ilicitamente.

O Cardeal Zen foi a Roma após uma solicitação de Zhuang para “levar ao Santo Padre a sua resposta à mensagem que recebeu da Santa Sé por uma delegação vaticana em Pequim. O cardeal disse ter tido sucesso em transmitir ao “Santo Padre as inquietações dos seus filhos fiéis na China” e pediu-lhe que considerasse o assunto.

“A Sua Santidade disse: ‘Sim, eu disse a eles (Cúria Romana) para não criarem um outro caso Mindszenty’”, escreveu Zen. “Penso que foi muitíssimo significativo e apropriado o Santo Padre fazer esta referência histórica ao Cardeal Jozsef Mindszenty, um dos heróis da nossa fé”.

Mindszenty era o cardeal primaz da Hungria sob os anos de perseguição comunista. Após ser condenado à prisão perpétua em 1949, foi libertado na Revolução Húngara de 1956 e recebeu asilo na embaixada americana de Budapeste, onde viveu por 15 anos. Sob pressão do governo, a Santa Sé ordenou-lhe deixar a Hungria em 1971 e, imediatamente, nomeou-lhe um sucessor segundo o gosto do governo húngaro.

Em Outubro passado, a Santa Sé contactou Zhuang, quando este procurou a ajuda de Zen. O cardeal enviou a carta do bispo ao prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, anexando uma cópia ao Santo Padre. Na época, Dom Savio Hon Tai Fai ainda estava em Roma e levou os dois casos – de Shantou e Mindong – ao conhecimento do papa, quem ficou surpreso e prometeu olhar o assunto com atenção.

De acordo com a imprensa católica, Zhuang foi forçado a ir para Pequim em Dezembro de 2017 para se reunir com uma delegação vaticana liderada por um “prelado estrangeiro do alto escalão”. Pediram-lhe que renunciasse e passasse o seu episcopado a Huang.

Guo ficou detido pelo governo por um mês na época da Semana Santa do ano passado, quando lhe solicitaram para assinar um documento afirmando que se “voluntariava” para sair como condição para o reconhecimento do governo. Zen destacou que “o problema não é a renúncia dos bispos legítimos, mas o pedido para abrir caminho a bispos ilegítimos e mesmo excomungados”.

Para ele, “com base em informações recentes, não há motivos para mudar de opinião”, já que o governo está a criar regulamentos mais severos que limitam a liberdade religiosa e que “a partir de 1 de Fevereiro, frequentar a missa clandestina [missa não autorizada pelo Estado chinês] não será mais tolerado”.

“Será que pode haver algo realmente ‘mútuo’ com um regime totalitário?”, perguntou Zen. “Pode-se imaginar um acordo entre São José e o Rei Herodes?”

2 Fev 2018

China supera Europa e assume papel de liderança em energias renováveis

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ntes na vanguarda, Alemanha e União Europeia foram superadas de longe pelos chineses, que reconhecem potencial económico do sector. O bloco europeu seria capaz de voltar à posição de liderança?

As energias renováveis estão a ganhar espaço mundo afora. Acima de tudo, as energias eólica e solar conhecem um boom e já são competitivas perante os combustíveis fósseis. De acordo com a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), os custos das energias geradas a partir do vento e da luz solar continuarão a cair ainda mais e, nos próximos três anos, o da energia fotovoltaica cairá em torno de 50%, na média global.

“Esta nova dinâmica sinaliza uma mudança significativa no sistema energético”, afirma Adnan Amin, director-geral da Irena. “A decisão por energias renováveis para a geração de electricidade não representa apenas uma consciência ambiental, mas uma decisão económica muito inteligente. Governos de todo o mundo reconhecem esse potencial e promovem os sistemas de energia com baixa emissão de carbono.”

A China, em particular, faz grandes avanços na área de tecnologias do futuro e amplia sua energia eólica e solar como nenhum outro país do mundo. “A China assume esse papel de liderança, pois reconhece as enormes oportunidades de mercado e as vantagens económicas”, afirma a economista Claudia Kemfert, do instituto económico alemão DIW, que também assessora o governo federal.

De acordo com a Bloomberg News Energy Finance, no ano passado, a China investiu 133 mil milhões de dólares em energias renováveis – o maior investimento que já fez no sector. O gigante asiático destinou mais da metade desse valor à energia solar. Segundo a Agência de Energia da China (NEA), em 2017, foram construídas no país usinas fotovoltaicas que geram 53 gigawatts (GW) – mais da metade da capacidade instalada no mundo. A Alemanha, antes na vanguarda da energia fotovoltaica, estima ter instalado cerca de 2 GW em 2017.

Com sua política de expansão, a China ultrapassou claramente a Alemanha e a Europa na liderança no campo das energias renováveis. Os investimentos da Europa vêm diminuindo de forma constante desde 2011 e, de acordo com a Bloomberg News Energy Finance, o investimento caiu mais da metade entre 2011 e 2017, para 57 bilhões de dólares.

“A União Europeia tinha um claro papel de liderança até por volta de 2011, que foi abandonado devido a uma falha activa da própria política”, afirma Hans-Josef Fell, presidente do Energy Watch Group. “Foi feita uma política para proteger a energia nuclear, os sectores de carvão, petróleo e gás – tudo isso contra as energias renováveis.”

Sem mudanças, a China dominará o mercado

Em termos de energia renovável, a China tem facilidades em comparação com a Europa, pois no gigante asiático o consumo de energia está a aumentar constantemente. “Os chineses investem no aumento da capacidade, sem necessariamente cessar a produção de energia fóssil ou nuclear”, explicou Julian Schorpp, da Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK) em Bruxelas.

“Na Europa, por outro lado, há excedente de capacidade, e o consumo de energia deverá também diminuir de acordo com as regras da União Europeia. Existe a tendência de as renováveis substituírem os outros tipos de energia no mercado”, acrescentou Schorpp. Se a Europa não corrigir sua política energética e seguir o exemplo de Pequim, “a China continuará liderando e dominará o mercado”, concluiu.

1 Fev 2018

China constrói base militar no Afeganistão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] província afegã de Badakhshan faz fronteira com a Região Autónoma de Xinjiang. Costumava fazer parte de uma artéria entre o Oriente e o Oeste conhecida como a antiga Estrada da Seda . Hoje, essa estrada está a ser revivida como um elemento da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”.

O Afeganistão é o lar de importantes depósitos de matérias-primas que a China poderia importar. Pequim está  a investir US $ 55 mil milhões no vizinho Paquistão e planeia construir um corredor económico que se estende até ao mar da Arábia. A “Uma Faixa, Uma Rota” (UFUR) vai estimular a economia global e beneficiar também o Afeganistão. A China é o maior parceiro comercial e investidor do país. A estabilidade no Afeganistão é do interesse da China, mas há poucas esperanças que os Estados Unidos, país invasor, possam providenciá-la.

Afinal, Washington não alcançou nada de substancial desde 2001. Houve surtos e retracções, mudanças de tácticas e de estratégia e muitos tratados sobre como virar a maré da guerra, mas os talibãs são fortes e a economia afegã está em tumulto – o tráfico de drogas é o único tipo de negócio que prospera. Até agora, a administração Trump não apresentou a estratégia há muito aguardada, apesar de haver pelo menos 8,4 mil soldados americanos no país. O relacionamento entre os EUA e outros actores relevantes, como o Paquistão, são uma confusão. Washington recentemente suspendeu a ajuda militar ao país.

A instabilidade no Afeganistão ameaça o corredor económico China-Paquistão – um elemento importante da UFUR. A China actua como mediadora, tentando conciliar as diferenças entre os actores regionais. As relações afegão-paquistanesas deterioraram-se em 2017, quando cada um acusou o outro de prestar apoio aos jihadistas que operam nas áreas fronteiriças. Pequim está a trabalhar para melhorar esses laços bilaterais.

O Movimento islâmico do Turquestão Oriental, um movimento uigur nacionalista e islâmico da região chinesa de Xinjiang, actua no Afeganistão. Os militantes ganham experiência de combate lutando lado a lado com os talibãs e outros grupos militantes. Ora Pequim não quer que guerreiros experientes regressem e se envolvam em actividades terroristas no seu solo.

A Rússia e a China intensificaram a ajuda militar aos estados da Ásia Central. Ambos acreditam que a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) pode contribuir substancialmente para alcançar uma solução pacífica. Ambos tentam construir uma rede de estados regionais. Moscovo e Pequim são motivados pelos seus interesses nacionais. Conscientes das suas responsabilidades como grandes potências, estão a trabalhar emconjunto para promover a segurança no Afeganistão e na Ásia Central.

A China pode sentir que os seus interesses na área são fortes o suficiente para justificar um envolvimento militar fora das suas fronteiras. Funcionários do governo afegão informaram que a China planeia construir uma base militar em Badakhshan. As discussões sobre os detalhes técnicos devem começar em  breve. As armas e os equipamentos serão chineses, mas as instalações serão equipadas por pessoal afegão. Veículos e hardware serão trazidos através do Tajiquistão. Sem dúvida, instrutores militares chineses e outros funcionários irão realizar missões de treino e assistência. O vice-presidente da Comissão Militar Central da China, Xu Qilian, afirmou que a construção deverá estar completa em 2018.

Depois de algumas ofensivas poderosas em 2017, os talibãs  capturaram temporariamente Ishkashim e Zebak no Badakhshan. O governo afegão não conseguiu fornecer uma presença militar suficientemente substancial para garantir a segurança. Chegou a um acordo com os comandantes de campo locais, dando-lhes uma parcela da produção de lápis lazuli , em troca do fim das hostilidades. Mas as discussões internas prejudicaram a frágil paz entre os grupos locais, e os talibãs aproveitaram a oportunidade para intervir.

A questão é: até que ponto a China está preparada para ir? Até agora, limitou suas actividades militares a equipas de operações especiais que patrulham o Corredor de Wakhan . Uma base militar em Badakhshan seria uma jogada importante demonstrando que Pequim está pronta para expandir sua presença no país e fornecer uma alternativa aos Estados Unidos. A China tem um trunfo que os EUA não tem – são as boas relações com a Rússia e o Paquistão. Pequim representa o SCO, uma grande organização internacional que inclui actores como a Turquia, o Irão, a Índia, o Paquistão e os países da Ásia Central. No ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, tomou a iniciativa de reiniciar  o trabalho do grupo de contacto da SCO Afeganistão. Essas actividades foram suspensas em 2009. A Rússia defende a  abertura de negociações directas entre o governo afegão e os talibãs o mais rápido possível. Pequim também apoia a ideia. Moscovo disse que está preparada para sediar uma conferência sobre o Afeganistão.

O OCS pode fazer do processo de paz um esforço real e multilateral. Isso irá enfraquecer a influência dos EUA na região, mas fortalecerá as hipóteses de encontrar uma solução para o conflito. Cooperação e diplomacia podem abrir um novo capítulo na história do Afeganistão.

1 Fev 2018

China pede destruição de catálogo devido a ‘erros’ sobre Taiwan

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas pediram ao retalhista japonês Muji que destrua um catálogo contendo um mapa que Pequim considera identificar Taiwan “inadequadamente”, depois de outras grandes marcas mundiais terem sido repreendidas este mês por motivos idênticos. A Administração Nacional de Informação Topográfica da China acrescentou em comunicado que o mapa, distribuído na cidade de Chongqing, sudoeste do país, e que mostra onde estão localizadas as lojas da Muji, omitem as ilhas de Diaoyu, que são disputadas por Pequim e Tóquio. A agência considera que o mapa contém “erros graves” e informa que ordenou a Muji a recolher e destruir os catálogos.

No mesmo mês, diferentes reguladores chineses criticaram a marca têxtil espanhola Zara, a companhia aérea norte-americana Delta Air Lines, a fabricante de equipamento médico Medtronic e o grupo hoteleiro Marriott International por colocarem Taiwan como um país nos seus portais electrónicos. Frequentemente, a China comunista critica editoras de livros, mapas e outros materiais que se referem a Taiwan como um país.

No caso do Marriott International, o grupo foi obrigado a suspender o seu portal electrónico e aplicativo na China, por uma semana, depois de ter listado Macau, Hong Kong, Taiwan e Tibete como países independentes num inquérito aos clientes.

À excepção da Defesa e das Relações Externas, que são da competência exclusiva de Pequim, as Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e de Macau gozam de “um alto grau de autonomia”, são governadas pelas respetivas populações, mantêm as suas moedas e não pagam impostos ao governo central chinês, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”. A noção de independência para aqueles territórios é, no entanto, denunciada por Pequim como sendo “contra a Constituição da China e a Lei Básica” das respectivas regiões.

1 Fev 2018

Correspondentes estrangeiros denunciam crescente intimidação do Governo

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de uns anos mais soft, o poder chinês volta a cerrar fileiras e tornar difícil a vida aos jornalistas.

O Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China denunciou ontem “uma crescente perseguição e intimidação” por parte do Governo chinês, que intensificou as tentativas de negar ou limitar o acesso de jornalistas estrangeiros a muitos locais do país.

A organização publicou ontem o relatório “Acesso negado: vigilância, perseguição e intimidação enquanto as condições para informar na China se agravam”, elaborado a partir de inquéritos feitos a correspondentes e órgãos de comunicação social sobre as suas experiências o ano passado neste país asiático.

O documento dá conta de um aumento do número de correspondentes estrangeiros que dizem que o jornalismo na China se tornou mais difícil devido às crescentes pressões das autoridades, que tentam impedir o acesso a locais sensíveis, como Xinjiang, região no noroeste e casa da minoria muçulmana uigur, a fronteira com a Coreia do Norte e zonas industriais. “Os resultados da nossa pesquisa dão evidências sólidas que sugerem que, a partir de um ponto e referência muito baixo, as condições para informar estão a piorar”, alerta o Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China em comunicado.

Cerca de metade dos correspondentes entrevistados confessaram ter experimentado a interferência, perseguição e violência física no exercício do seu trabalho e 26% garantiu que as suas fontes também foram perseguidas, detidas e interrogadas, uma situação que se repete há anos.

O ano passado também não diminuíram os ataques violentos contra jornalistas estrangeiros e a intimidação aos órgãos de comunicação, que continuaram, assim, como as crescentes preocupações sobre a vigilância governamental e a invasão da privacidade que sofrem os seus correspondentes.

O relatório nota ainda que as autoridades chinesas estão a utilizar o processo de renovação de vistos para pressionar os jornalistas e os meios de comunicação cujo trabalho não é do seu agrado. O Comité para a Protecção de Jornalistas, no seu último relatório, publicado em Dezembro último, deu conta que a China era o segundo país no mundo com mais jornalistas detidos, 41 no total.

31 Jan 2018

Tecnologia 5G : Pequim responde a declarações americanas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s EUA estão desagradados com a competência tecnológica das empresas chinesas e o proteccionismo parece ser o caminho escolhido para a defesa

Pequim apelou, na segunda-feira, à comunidade internacional para melhorar o diálogo e a cooperação com base na confiança mútua, de modo a lidar conjuntamente com ameaças à segurança cibernética. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, solicitou a cooperação depois de declarações de um alto funcionário dos EUA, no domingo, sobre os planos do governo americano para criar uma rede sem fios 5G, visando combater uma alegada ameaça de espionagem da China aos telefonemas dos EUA.

O funcionário, confirmando o essencial de um relatório do portal de notícias Axios.com, disse que a opção estava a ser debatida num nível inferior na administração, estando entre seis a oito meses de ser considerada pelo próprio presidente.

O conceito de rede 5G tem como objectivo abordar o que as autoridades consideram uma ameaça da China à segurança cibernética e à segurança económica dos EUA. Este mês, a AT&T foi forçada a retirar um plano para oferecer aos seus clientes aparelhos construídos pela Huawei Technologies Co, da China, por causa da pressão sobre os reguladores federais por parte de alguns membros do Congresso. Em 2012, a Huawei e a ZTE Corp foram alvos de uma investigação dos EUA sobre se os seus equipamentos proporcionavam oportunidades para espionagem estrangeira.

“A China mantém uma posição consistente sobre a questão e o governo proíbe e reprimirá qualquer forma de ataque cibernético”, reforçou Hua. “Acreditamos que a comunidade internacional deve, com base no respeito mútuo e na confiança, fortalecer o diálogo e a cooperação e dar as mãos para enfrentar a ameaça dos ataques cibernéticos, de modo a manter a paz e a estabilidade do ciberespaço”, disse.

Wang Yiwei, professor de estudos internacionais na Universidade Renmin da China, disse que a acção dos EUA tem vários propósitos. Sob o pretexto da ameaça, os EUA estão a disseminar o proteccionismo, o que desagrada à China, disse Wang. “Os EUA atribuem demasiada importância ao mercado 5G, mas perderam o estatuto de monopólio na área. Por isso, o país está a tentar recuperar do atraso e permanecer vigilante contra a China”, concluiu.

31 Jan 2018

China e Japão concordam em realizar cimeira Pequim-Tóquio-Seul o mais cedo possível

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e o Japão concordaram em realizar o mais cedo possível uma nova ronda de reuniões de líderes da China, Japão e Coreia do Sul, e prometeram criar um ambiente adequado para a cimeira trilateral. O acordo foi atingido no domingo durante as conversações entre o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e seu homólogo japonês, Taro Kono, que está em visita oficial a Pequim.

“As relações de alto nível podem desempenhar um importante papel na melhoria das relações bilaterais”, segundo um comunicado de imprensa emitido depois das conversações. As duas partes também saúdaram a criação de um mecanismo de contactos aéreos e marítimos entre os dois países e comprometeram-se assinar um acordo o mais cedo possível. “A China e o Japão devem trabalhar em conjunto para tornar o Mar do Leste da China num mar de paz, cooperação e amizade”, segundo o documento.

Este ano marca o 40º aniversário da assinatura do Tratado de Paz e Amizade China-Japão. Os dois países concordaram em aproveitar a oportunidade para fortalecer as suas relações em todos os níveis e em diversas áreas, como cultura, governos locais, meios de comunicação e juventude, bem como intensificar a cooperação de benefício mútuo. “Os laços bilaterais China-Japão experimentaram uma viragem extraordinária nos últimos 40 anos”, disse Wang, pedindo que as duas partes se “mantenham fiéis às suas aspirações originais, aprendam com as experiências e promovam o constante desenvolvimento das relações”. Os dois países devem construir uma confiança política mútua, assinalou Wang.

O MNE também pediu à parte japonesa trate a China como um parceiro em vez de um rival, e trate o desenvolvimento da China como uma oportunidade em vez de uma ameaça. Além disso, Wang pediu ao Japão que cumpra os seus compromissos, trate o assunto de Taiwan com base no princípio de Uma Só China e respeite a soberania e os direitos de segurança da China relacionados com o Tibete e Xinjiang.

Desde que se normalizaram os laços diplomáticos em 1972, a China e o Japão assinaram quatro importantes documentos políticos, além de um acordo de princípios de quatro pontos. “Os dois países devem sempre seguir esses documentos e garantir a base política das relações bilaterais”, manifestou Wang.

Quanto ao assunto de Taiwan, o Japão respeitará os princípios estabelecidos no comunicado conjunto Japão-China 1972 que normalizou as relações bilaterais. O Japão também tratará de forma adequada os assuntos relacionados com o Tibete e Xinjiang, que são parte dos assuntos internos da China, de acordo com Kono.

“A China e o Japão são a segunda e a terceira maiores economias do mundo, respectivamente. Por isso, desenvolver uma relação bilateral estável não apenas corresponde aos interesses dos dois países, mas também a toda a comunidade internacional”, assinalou Kono.

O MNE japonês prometeu impulsionar as relações bilaterais com base no benefício mútuo e no consenso de “ser parceiros cooperativos um do outro, em vez de ameaça”. Kono mostrou a atitude positiva do Japão para a sua participação na iniciativa Uma Faixa, Uma Rota.

Os dois ministros também trocaram pontos de vistas sobre questões regionais e internacionais, incluindo a situação da península da Coreia. Ambos se comprometeram em garantir conjuntamente o sistema de livre comércio, promover a integração económica regional e construir uma economia mundial aberta.

30 Jan 2018

No Ártico com novas rotas e exploração de recursos

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m alto diplomata chinês desvalorizou ontem as preocupações face à crescente dinâmica da China no Ártico, referindo que Pequim quer gerar oportunidades na região e não vai interferir nos interesses de outros países. Kong Xuanyou, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, assumiu o interesse da China em participar em estudos científicos e na exploração de rotas marítimas que se abriram com o degelo das placas glaciares.

O envolvimento do Governo e empresas da China “trará oportunidades para o Ártico”, afirmou Kong, numa conferência de imprensa que serviu para divulgar a política chinesa para o continente. O responsável apontou a possibilidade de explorar petróleo, gás, recursos minerais, a pesca e o turismo, em conjunto com outros países que têm a soberania da região, e com base “no respeito pelas tradições e culturas dos residentes, incluindo os povos indígenas, e a conservação do meio ambiente”.

“Sobre o papel que a China vai desempenhar nos assuntos do Ártico, quero destacar dois pontos: primeiro, não vamos interferir; segundo, não vamos ausentar-nos”, afirmou Kong. “Não sendo um país do Ártico, a China não vai interferir em questões que são exclusivamente dos países do Ártico”, acrescentou.

A presença da China no Ártico levou alguns países da região a temer que Pequim procure oportunidades para explorar recursos naturais face ao aquecimento global. A China beneficiou sobretudo do apoio da Islândia para conseguir o estatuto de observador, em 2013, no Conselho do Ártico, cujos principais membros são o Canadá, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Noruega, Rússia, Estados Unidos e Islândia. Reiquejavique autorizou a petrolífera estatal chinesa China National Offshore Oil Company a explorar as águas do país. Ambas as nações construíram um observatório conjunto para estudar o fenómeno da aurora polar. A China opera também uma estação de pesquisa na Noruega.

Em 2011, contudo, o Governo islandês rejeitou a proposta de um empresário chinês para comprar 300 quilómetros quadrados do território do país, visando construir um ‘resort’ ecológico. O Ártico ocupa oito milhões de quilómetros quadrados de terra e 12 milhões de quilómetros quadrados de oceano, no qual muitos países partilham de interesses geridos segundo a lei internacional.

 

Livro Branco

Entretanto, a China sublinha a importância da protecção ambiental, a utilização racional, a governanção segundo a lei e a cooperação internacional quando participa dos assuntos árticos, destacou na sexta-feira num seu Livro Branco. A China comprometeu-se a manter uma ordem ártica pacífica, segura e estável, apontou o documento titulado “Política Ártica da China” publicado pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado.

“O Pólo Ártico tem um grande valor para a pesquisa científica”, indica o documento, que acrescenta que explorar e entender o Ártico é uma prioridade e um foco para a China. Mas o país respeitará “a jurisdição exclusiva dos Estados árticos sobre as actividades de pesquisa sob as suas jurisdições nacionais, e sublinha que todos os Estados têm a liberdade da pesquisa científica em alto mar no Oceano Ártico”, segundo o mesmo livro branco.

“A China está comprometida na melhora de sua capacidade na expedição e pesquisa no Pólo Ártico, o fortalecimento da construção, manutenção e funções das estações de pesquisa, navios e outras plataformas de apoio no Pólo Ártico, e a promoção da construção de navios quebra-gelo com propósitos científicos”, acrescenta.

Por outro lado, a China também está a trabalhar para reforçar a formação do pessoal e a consciência pública sobre o Ártico, promover a cooperação internacional na pesquisa ártica, e estimular o desenvolvimento de ecológicos equipamentos técnicos polares.

29 Jan 2018

Caso livreiros : Pequim pede à UE e Suécia respeito pela sua justiça

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] União Europeia (UE) exortou ontem Pequim para que “liberte “imediatamente” o dono de uma livraria de Hong Kong Gui Minhai, que vende obras críticas do regime chinês, novamente detido na semana passada na China. “Esperamos que as autoridades chinesas libertem imediatamente Gui Minhai, lhe permitam encontrar-se com a sua família, e receber apoio consular e ajuda médica”, insistiu o embaixador da UE Hans Dietmar Schweisgut, numa conferência de imprensa na capital chinesa.

Gui Minhai, que tem dupla nacionalidade, chinesa e sueca, seguia num comboio com dois diplomatas suecos, no sábado passado, quando foi detido por polícias chineses, em Pequim, segundo avançou a filha, Angela Gui, à emissora pública Rádio Sweden. “É evidente que ele voltou a ser raptado e que se encontra detido num lugar secreto”, disse.

Segundo o diplomata, a União Europeia “apoia por completo o comunicado oficial divulgado ontem [terça-feira] pela Suécia e os esforços que o Governo sueco está a desenvolver para encontrar uma solução para esta situação”, acrescentou Schweisgut, que falava numa conferência de imprensa sobre turismo. Num comunicado, a ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Margot Wallström, afirmou que o seu país “leva muito a sério” a detenção, “sem nenhuma razão específica” de Gui.

“Quando foi preso, Gui Minhai estava acompanhado por pessoal diplomático, que prestava assistência consular a um cidadão sueco que necessitava de cuidados médicos. Isto está perfeitamente alinhado com as regras internacionais, que nos dão o direito a dar apoio consular aos nossos cidadãos”, acrescentou a governante sueca.

Wallström, que chamou o embaixador chinês em Estocolmo esta terça-feira, disse também que as autoridades chinesas asseguraram à Suécia em várias ocasiões que Gui é um homem livre, desde que acabou de cumprir a sua pena de dois anos de prisão em outubro passado e que o seu país “pode ter todo o contacto que deseje com o seu cidadão”.

 

Resposta rápida

Entretanto, a resposta do governo chinês não se fez esperar. Pequim apelou ontem à Suécia e à União Europeia que respeitem o seu sistema legal. “Não vejo o motivo para esta petição, porque devem ser respeitados os direitos da China de lidar independentemente com este caso”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying.

Hua lembrou que os “estrangeiros na China devem cumprir com as leis e regulamentos do país” e afirmou que “qualquer governo estrangeiro, se quer mesmo proteger os seus cidadãos, deve informá-los da importância de respeitar a lei dos países que visitam”.

Quatro funcionários na livraria de Gui foram também detidos nos meses seguintes, mas acabaram por ser libertados passado pouco tempo, enquanto Gui permaneceu preso até Outubro passado. Foi então libertado e mantido “sob vigilância” na cidade de Ningbo, segundo a filha. No sábado passado, voltou a ser detido à chegada a Pequim, onde se deslocou para participar de um encontro na embaixada da Suécia.

25 Jan 2018

Endividamento chinês como principal ameaça à economia mundial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] alto nível de endividamento da China foi esta terça-feira apontado como a maior ameaça para a economia mundial. O vice-presidente do supervisor de valores mobiliários da China, Fang Xinghai, diz que a dívida do país não é um “cisne negro” impossível de prever, mas um “rinoceronte cinzento” que todos vêem, mas do qual ninguém se atreve a aproximar.

A conclusão foi apresentada por Fang Xinghai, durante o Fórum Económico Mundial, a decorrer em Davos. Em mesa redonda, o economista Kenneth Rogoff revelou que os bancos centrais “não têm sequer um plano A” para enfrentar uma nova surpresa nos mercados, algo com que a directora-geral da M&G Investments concordou.

Fang Xinghai admite que a dívida do seu país é muito alta e atingiu proporções difíceis de controlar. O vice-presidente do supervisor sublinhou que a dívida está hoje mais estável e descartou a ideia de que o país viva em algum tipo de bolha.

O presidente da Barclays, Jes Staley, defendeu que os bancos estão numa posição completamente diferente daquela em que se encontravam em 2008, quando rebentou a crise económica e financeira nos Estados Unidos. Ainda assim, Jes Staley admite que os altos níveis de endividamento – e não apenas o que se verifica na China – são muito altos e “os mercados vão ser testados”.

O Fórum Económico Mundial é uma reunião anual que se realiza na localidade Suíça de Davos, juntando os principais líderes empresariais e políticos, assim como intelectuais de diferentes áreas, para discutir questões prementes em termos mundiais. O encontro é promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e este ano realiza-se entre os dias 23 e 26 de Janeiro, com o tema “encontrar caminhos para reafirmar a cooperação internacional na partilha de interesses cruciais”.

25 Jan 2018

Davos : China promete acabar com miséria no país em três anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês comprometeu-se ontem, em Davos, na Suíça, a acabar com a miséria na China no prazo de três anos, apostando no fim do proteccionismo e defendendo o livre comércio. O compromisso de Pequim foi anunciado por Liu He, principal assessor económico do Governo de Pequim chinês e membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), ao discursar no Fórum Económico Mundial, que decorre naquela cidade suíça.

Na intervenção, Liu He explicou que o principal objectivo do executivo chinês é criar uma sociedade mais próspera e com menos desigualdades, afastar o proteccionismo e apostar no livre comércio. O responsável chinês salientou que, nos últimos cinco anos, o número de residentes em áreas rurais onde grassa a pobreza desceu de 100 para 30 milhões.

Segundo Liu He, Pequim vai assumir, “de frente”, vários dos problemas com que a China tem vindo a ser confrontada, como o mercado paralelo ou a elevada taxa de endividamento, que espera estabilizar também num prazo de três anos. Nesse mesmo período, acrescentou, serão tomadas medidas para controlar a poluição atmosférica e reduzir as emissões de gases, para que “o céu da China volte a ser azul”.

A comunidade internacional, disse Liu He, está a seguir com atenção todas as medidas tomadas por Pequim, “que tem controlado os riscos sistémicos do endividamento”, e pretende melhorar os fluxos de actividade económica num país com elevadas taxas de juro.

Para enfrentar estes desafios, sublinhou, a China conta com uma economia que conjuga os modelos tradicionais de produção com as últimas novidades tecnológicas, “o que é uma vantagem”. “A China vai conseguir um crescimento [económico] de qualidade e ser muito atrativa para os investidores”, com iniciativas como a “nova rota da seda”, conhecida localmente como “One Belt, One Road” (“Um Cinto, Um Caminho”), que tem subjacente a ideia de formar um corredor comercial que estreitará as relações com todo o espaço euro-asiático.

Davos lança Centro Global para a Cibersegurança

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fórum Económico Mundial anunciou ontem a criação de um Centro Global para o Ciberespaço que pretende fomentar a colaboração público-privada na luta contra as ameaças cibernéticas. Alois Zwinggi, director geral do fórum, disse em conferência de imprensa, em Davos, que a “cibersegurança transformou-se num dos assuntos mais importantes em todo o mundo”, acrescentando que o custo dos crimes informáticos atinge 500 mil milhões de dólares todos os anos.

A cibersegurança “afecta todos os aspectos da sociedade, incluindo o crescimento económico”, afirmou sublinhando que o fórum – como organização internacional – considera ser necessária uma melhor cooperação entre os sectores público e privado sobre o assunto.

O Fórum Económico Mundial, com sede em Genebra, disse o responsável, “compromete-se a criar um ciberespaço mais robusto e resistente”, através de soluções “comuns”. Em concreto, o Fórum de Davos quer criar um “depósito” para a informação cibernética porque “é crucial que os sectores público e privado venham a compartilhar dados a nível global”. O centro vai ficar localizado em Genebra e pode começar a funcionar a partir de Março, disse Zwinggi.

Apesar da ligação ao Fórum Económico e Mundial, a nova entidade vai ficar dotada de organização e infra-estruturas próprias. O novo organismo vai ser constituído pelas empresas globais que se encontram mais afectadas pelas ameaças cibernéticas e governos do G20, assim como por “países relevantes”, além de organizações internacionais.

O director da Europol, Rob Wainwright, qualificou a criação do centro como um “passo importante” na luta contra as ameaças cibernéticas, “cada vez mais complexas” e recordou que cerca de quatro mil ciberataques com o “vírus randsomware” recorrem ao uso ilícito de moedas virtuais.

Wainwright mencionou especificamente o caso ocorrido no passado mês de Maio quando o “vírus WannaCry afectou serviços públicos e privados em todo o mundo” e que bloqueava os computadores exigindo resgates. “Assistimos ao roubo de dados que afectam milhões de utilizadores” e há uma tendência para ataques contra serviços fundamentais, estando o sector bancário “na primeira linha de fogo dos criminosos”.

25 Jan 2018

Livreiro de Hong Kong volta a ser detido na China

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] filha do dono de uma livraria de Hong Kong, que vendia obras críticas do regime de Pequim, afirmou que o pai foi novamente levado pelas autoridades chinesa, depois de ter sido secretamente detido em 2015. Angela Gui disse à emissora sueca em língua inglesa Rádio Sweden que o pai, Gui Minhai, seguia num comboio com dois diplomatas suecos quando foi detido por polícias chineses.

Gui, que tem dupla nacionalidade, chinesa e sueca, desapareceu no final de 2015, quando passava férias na Tailândia. Era então o dono da “Mighty Current”, editora de Hong Kong conhecida por publicar livros críticos dos líderes chineses. O livreiro apareceu mais tarde na televisão estatal chinesa CCTV a confessar que se tinha entregado às autoridades pelo atropelamento e morte de uma jovem em 2004.

Quatro funcionários na livraria de Gui foram também detidos nos meses seguintes, mas acabaram por ser libertados passado pouco tempo, enquanto Gui permaneceu preso até Outubro passado. Gui foi depois colocado num apartamento na cidade de Ningbo, na costa leste da China, e mantido sob vigilância da polícia, afirmou a filha.

Gui deslocou-se de comboio até Pequim para um encontro na embaixada da Suécia, mas foi detido por agentes da polícia à chegada à capital, contou Angela Gui. “É evidente que ele voltou a ser raptado e que se encontra detido num lugar secreto”, disse à agência noticiosa Associated Press (AP).

A ministra dos Negócios Estrangeiros sueca, Margot Wallstrom, disse já que o país vai convocar o embaixador chinês para discutir a detenção de Gui. “O Governo sueco tem um conhecimento aprofundado sobre o que se passou e está a trabalhar 24 horas por dia nesta questão”, disse Wallstrom, que mais tarde confirmou que o embaixador chinês fora chamado para discutir a detenção de Gui.

24 Jan 2018

Contra o hip-hop, cortar, cortar

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China iniciou uma luta contra o hip-hop, um género musical que é ainda uma novidade no país, e contra actores com tatuagens. Depois de ter retirado alguns rappers de programas de televisão, o regulador chinês para a comunicação social veio nesta segunda-feira “aconselhar” os canais a não darem visibilidade a este tipo de artistas.

Um dos primeiros alvos de Pequim foi, como lembra a Reuters, um popular programa de televisão chamado Rap da China. Os artistas Wang Hao, conhecido como “PG One”, e Zhou Yan, conhecido como “GAI” – e que foram os dois vencedores do programa de talentos – foram avisados e sancionados por mau comportamento e por apresentarem conteúdos que entram em confronto com os valores do Partido Comunista chinês.

“GAI”, que ficou na terceira posição de um outro programa de talentos chamado The Singer, transmitido pela Hunan TV, foi expulso sem serem avançadas explicações para a decisão. Por sua vez, “PG One” foi obrigado a pedir desculpa pelas suas letras, que foram criticadas por insultarem as mulheres e por encorajar a utilização de drogas.

A agência noticiosa chinesa Xinhua escreveu que “PG One” “não merece o palco” e que todos deveriam “dizer ‘não’ a qualquer coisa que sirva de plataforma para conteúdo de mau gosto”. Também o rapper “Vava” sofreu as consequências desta política ao ser cortado do programa de variedades Happy Camp.

Mas nesta segunda-feira o director da Administração do Estado para a Imprensa, Publicações, Rádio, Filmes e Televisão da China, Gao Changli, apresentou propostas de regras que as televisões deveriam respeitar. Citado pela agência Sina, o responsável sugeriu quatro regras concretas para os convidados dos programas televisivos: “Não utilizar actores cujo coração e moral não estejam alinhados com o partido e cuja moral não é nobre”; “não usar actores de mau gosto, vulgares e obscenos”; “não usar actores cujo nível ideológico é diminuído e que não têm classe”; “não usar actores com manchas, escândalos e integridade moral problemática”. De acordo com a Sina, estas regras incluem artistas com tatuagens e do hip-hop.

24 Jan 2018

Pequim convida América Latina e Caribe para “Uma Faixa, Uma Rota”

O ministro dos Negócios Estrangeiros está na América Latina para promover dezenas de iniciativas. Há um lugar vazio à espera da China no comércio multilateral

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]equim convidou a América Latina e o Caribe para fazer parte do seu bloco económico, a iniciativa chamada de “Uma Faixa, Uma Rota”. A oferta foi feita nesta segunda-feira (22) pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante reunião com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Com a retracção da influência global dos Estados Unidos com a presidência de Donald Trump, Pequim procura ocupar os espaços deixados por Washington.
“A China estará sempre comprometida com o caminho do desenvolvimento pacífico e com a estratégia de benefício comum de abertura e está pronta para compartilhar dividendos de desenvolvimento com todos os países”, disse Wang em reunião com os 33 países da CELAC. O bloco latino e a China assinaram uma espécie de acordo de princípios que rejeita o “unilateralismo” e fala sobre a importância de combater a mudança climática.
A Nova Rota da Seda foi proposta pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013 e busca fortalecer os laços económicos entre Ásia, África e Europa com investimento de bilhões de dólares em infra-estruturas. O MNE chinês discursou sobre a importância de melhorar a conectividade entra mar e terra e citou a necessidade de construir conjuntamente “logística, electricidade e percursos de informação”.

Contra o proteccionismo

O ministro das Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz, que já criticou publicamente Trump, afirmou que o acordo marcou uma nova era “histórica” de diálogo entre a região e a China. “A China disse algo que é muito importante, que quer ser nosso parceiro confiável na América Latina e no Caribe e valorizamos isso”, afirmou Muñoz. “Este encontro representa um repúdio categórico ao proteccionismo e ao unilateralismo”.
A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, Argentina e Chile. O ministro chinês, entretanto, nega que esteja em curso uma competição por influência. “Não tem nada a ver com concorrência geopolítica. Segue o princípio de alcançar o crescimento compartilhado através da discussão e colaboração”, disse Wang.
Pequim busca ampliar seu leque comercial com a região e deixar de comprar apenas matérias-primas para também movimentar sectores como o comércio digital e o comércio de veículos.
“As nossas relações com a China são amplas. Isto [reuinão entre CELAC e China] é mais uma ferramenta para o Brasil trabalhar com a China. Juntos, identificámos novas áreas de cooperação”, afirmou o vice-ministro do Brasil, Marcos Galvão.

24 Jan 2018