Hoje Macau EventosObras do cartunista político Zunzi retiradas das bibliotecas públicas de HK Os livros do cartunista político Zunzi foram retirados das bibliotecas públicas de Hong Kong, dias depois de o jornal Ming Pao anunciar o fim da publicação dos trabalhos do artista, após críticas das autoridades. O departamento de Lazer e Serviços Culturais de Hong Kong começou a retirar as obras de Zunzi, pseudónimo de Wong Kei-kwan, das prateleiras das bibliotecas da cidade para determinar se violam a lei de segurança nacional, de acordo com a agência de notícias Efe. Na quinta-feira, o jornal de Hong Kong Ming Pao anunciou que ia deixar de publicar os trabalhos de Wong Kei-kwan. “O Ming Pao gostaria de expressar gratidão a Zunzi por testemunhar como os tempos mudaram connosco ao longo das últimas quatro décadas”, disse a editoria responsável pela publicação do trabalho do cartunista. O trabalho de Zunzi caricaturava as frustrações da sociedade de Hong Kong já desde os tempos em que o território era administrado pelo Reino Unido. Várias caricaturas desenhadas por Wong foram criticadas, nos últimos meses, por diferentes departamentos do Governo, incluindo o da Segurança. Mais recentemente, o gabinete para os Assuntos Internos e Juventude criticou o trabalho por “manchar” o papel do Governo na nomeação dos membros do comité local que vão escolher, no final deste ano, os candidatos para os conselhos distritais. No cartoon de Zunzi, um homem diz a uma mulher que, mesmo que algumas pessoas tenham chumbado em exames e sofram de problemas de saúde, podem ser nomeadas para as comissões, desde que “altos funcionários” as considerem aptas. De acordo com o plano governamental para a reforma dos conselhos distritais, os comités locais, compostos por muitos apoiantes do Governo, vão escolher cerca de 40 por cento dos 470 assentos. Apenas 20 por cento dos assentos – ao contrário dos antigos cerca de 90 por cento – vão ser directamente escolhidos pelo público, um valor abaixo do nível estabelecido durante o domínio colonial britânico. Examinar precisa-se Num comentário à retirada dos livros, o Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, disse, na sexta-feira, que as obras devem ser examinadas para decidir se violam a lei de Hong Kong, se podem ter um impacto adverso na comunidade ou se são “obscenas e indecentes”. Lee afirmou que a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão em Hong Kong são garantidas pela Lei Básica, mas disse que o Governo se opõe a “mensagens falsas, tendenciosas, enganosas ou difamatórias”. Entretanto, o chefe da segurança de Hong Kong, Chris Tang, elogiou o jornal Ming Pao por ter assumido a responsabilidade e retirado conteúdos que poderiam ser utilizados para fazer acusações falsas contra as autoridades.
Andreia Sofia Silva EventosLivro | Relatos e cartoons sobre grandes cantores apresentado hoje José Manuel Simões escreveu durante anos sobre músicos e música e, desta vez, resolveu lançar um livro sobre nomes bem conhecidos como Cesária Évora, Céline Dion, Arnaldo Antunes ou Adolfo Luxúria Canibal, entre outros. A obra, intitulada “IE!! Na intimidade com as estrelas da música”, é baseada em crónicas jornalísticas, inclui cartoons de Rodrigo de Matos Cesária Évora, a grande diva da música de Cabo Verde, actuava descalça em palco e era conhecida por beber e fumar muito. Um dia, nos bastidores do Coliseu do Porto, antes de actuar, despejou uma garrafa de aguardente velha, que fez acompanhar com café e cerveja. Na hora de pedir a segunda garrafa, deixou o jornalista que a observava atónito: como é que ela ia cantar depois de beber tanto álcool? José Manuel Simões era esse jornalista e acabou por perguntar: “Dona Cesária, não me oferece um copinho?”. “Estabeleceu-se ali uma relação que foi até ao fim da vida dela”, recordou, ao HM, o então jornalista, hoje académico da Universidade de São José e autor do livro de crónicas “IE!! Na intimidade com as estrelas da música”. A obra, que conta com textos sobre músicos portugueses e internacionais bem conhecidos de todos, baseia-se em crónicas jornalísticas do mesmo autor e inclui cartoons de Rodrigo de Matos. A apresentação acontece hoje no bar Roadhouse, a partir das 17h30, com moderação do jornalista José Carlos Matias, mas a obra será também apresentada no Porto, em Portugal, em Dezembro. José Manuel Simões espera ainda editar um segundo volume do livro. As crónicas de música de José Manuel Simões foram publicadas na imprensa portuguesa entre os anos 90 e 2000, nomeadamente no Jornal de Notícias e Correio da Manhã. Nelas se revelam pormenores curiosos, interessantes ou engraçados sobre a relação que o autor foi estabelecendo com muitos dos músicos que entrevistou, e que deram origem a este livro. “Entre 2018 e 2019 comecei a compor [as crónicas] quase como um exercício de memória e um lugar de afecto”, disse o autor ao HM. “Tinha saudades das minhas relações com os músicos e com a música, pois Macau não é propriamente um lugar de música, muito menos de pop rock. As crónicas têm um aspecto insólito, que são as particularidades das relações que fui construindo ao longo dos anos. Como jornalista, quando entrevistamos a mesma pessoa várias vezes criamos laços. Conto histórias a que assisti, nos bastidores, essas intimidades fazem parte do livro”, descreveu ainda. O livro, editado pela Media XXI, retrata pedaços das vidas de músicos como os brasileiros Arnaldo Antunes, Ana Carolina e Daniela Mercury, ou ainda Debby Harry, vocalista dos Blondie, ou Ben Harper, entre outros. Numa nota, José Manuel Simões acrescenta que “alguns dos episódios aqui revelados baseiam-se nessas crónicas que davam a conhecer aos fãs, sempre ávidos de saber algo mais sobre quem admiram, momentos inesquecíveis que tive a felicidade de viver e que hoje, volvidas duas décadas, estão aqui expostos”. José Manuel Simões, que escreveu as biografias de Cesária Évora e Júlio Iglésias, contou ainda uma história particular que viveu com o músico espanhol, ainda que não esteja retratado em “Na intimidade com as estrelas”. “É um cantor que não aprecio particularmente, mas estive na casa dele em Miami, em Madrid, conheci o pai dele, a família. Ele não gostou do livro e disse que não me autorizava a publicá-lo, mas eu fi-lo na mesma. Perdi uma fonte e um amigo, mas achei que era do interesse público [contar a história].” O traço de Rodrigo Rodrigo de Matos foi desafiado a criar desenhos de personalidades bem conhecidas do mundo da música e não hesitou. “Tentei fazer caricaturas mais ou menos originais baseando-me nas coisas escritas nas crónicas. O desafio passou por fazer isso de forma pertinente e engraçada ao mesmo tempo. Já conhecia os artistas e alguns eram-me mais próximos. Mas tentei fazer o trabalho sempre da mesma forma.” O cartoonista confessou que fazer o desenho de Céline Dion revelou-se mais difícil. “As crónicas variam um pouco em termos de capacidade de visualização de uma cena. A de Celine Dion era bastante introspectiva e baseava-se numa relação pessoal que ele escreveu com ela, e não teve nenhum episódio muito rocambolesco. Tive uma certa dificuldade nesse desenho.” Acima de tudo, Rodrigo de Matos quis que o seu trabalho “fosse ilustrativo dos próprios textos, mas sem ser algo redundante”. “Isso consegue-se com uma introdução humorística, de um determinado aspecto do texto, sem fazer o retrato literal de uma cena”, acrescentou.
Hoje Macau EventosCartoon de português residente em Macau pela primeira vez na capa do Le Monde Um dos trabalhos do cartoonista português Rodrigo Matos, residente em Macau, e que integra o coletivo “Cartooning for Peace”, foi ontem publicado, pela primeira vez, na primeira página do jornal francês Le Monde. “É a primeira vez que me acontece e uma experiência nova para mim”, disse à Lusa Rodrigo Matos. “Este é o 12.º cartoon que envio para eles e espero que seja o primeiro de vários”, acrescentou. A associação “Cartooning for Peace”, criada pelo cartoonista do Le Monde, Plantu, em 2006, e que contou 225 membros, selecionou alguns autores, cujo estilo se adapte à primeira página do diário francês. “Eu sou um desses selecionados e quatro vezes por semana recebo uma lista de temas que podemos escolher e trabalhar como entendermos”, explicou. As escolhas são enviadas para o jornal, cujos editores decidem qual vai para a primeira página, disse. O trabalho de Rodrigo publicado na capa do Le Monde é sobre o novo presidente da Interpol, general Ahmed Naser al Raisi, dos Emirados Árabes Unidos, acusado de promover práticas de tortura. Al Raisi foi eleito para o cargo em 25 de novembro, durante a assembleia do organismo internacional de cooperação policial, em Istambul. Várias organizações internacionais, entre as quais a Human Rights Watch, tinha alertado sobre a candidatura de Al Raisi, que acusam de ser um dos máximos responsáveis policiais dos Emirados Árabes Unidos, um país que usa métodos repressivos contra os dissidentes políticos. Em abril, um antigo procurador inglês David Calvert-Smith publicou um relatório no qual é referido que Al Raisi “coordenou o aumento da repressão contra os dissidentes” através de práticas de tortura e de abusos do próprio sistema judicial dos Emirados Árabes Unidos. A organização Centro de Direitos Humanos para o Golfo fez uma denúncia contra Al Raisi em França, país onde se encontra a sede da Interpol, em Lyon, alegando que o ativista político Ahmed Mansur foi alvo de torturas nos Emirados Árabes Unidos. Da mesma forma, um gabinete de advogados turco apresentou uma denúncia à Procuradoria da Turquia contra o general por torturas a Ahmed Mansur.
Andreia Sofia Silva EventosCartoon | Rodrigo de Matos semi-finalista em concurso organizado em Itália O cartoonista Rodrigo de Matos, colaborador dos jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal, é um dos 56 semi-finalistas do concurso “Libex 2021”, organizado em Itália. O cartoon, inédito, mostra um olhar sobre a questão do politicamente correcto e da “cultura do cancelamento” A caneta usada pelo jornalista é a aquela que, ao mesmo tempo, corta a sua mão. Foi esta a metáfora usada por Rodrigo de Matos, cartoonista dos jornais Ponto Final e Expresso, para participar na terceira edição do concurso internacional “Libex 2021”, organizado em Itália e dedicado exclusivamente a cartoonistas profissionais. Rodrigo de Matos, que foi convidado a concorrer, está entre os 56 semi-finalistas, sendo que os dez finalistas do concurso só serão conhecidos no início do próximo mês. Este ano o tema da iniciativa é a “cultura do cancelamento e o politicamente correcto”, tendo o cartoonista optado por um inédito para chamar a atenção para o que se passa em todo o mundo. “Esta questão do politicamente correcto, da limitação da linguagem e das visões políticas é um problema mundial. Há uma bifurcação muito grande na sociedade. Esta é uma tendência que se observa em que tudo o que nos cerca acaba por levar a um duelo que é de extremismo político”, aponta. Rodrigo de Matos considera que a pandemia da covid-19 só veio tornar mais evidente esse cenário. “Na situação actual da covid-19, que é uma questão essencialmente científica, em que as decisões deveriam ser tomadas sempre com critérios científicos, vemos que a actuação das pessoas tem sido muito política.” Sem saber o que os outros concorrentes apresentaram a concurso, Rodrigo de Matos diz não pensar muito em ganhar. “É bom [estar entre os semi-finalistas] sobretudo num concurso que não é aberto a cartoonistas amadores. A maior parte dos participantes são nomes conhecidos nos seus países, e só estar entre esses convidados já diz alguma coisa.” Chamas de criatividade O ano passado Rodrigo de Matos também chegou ao grupo dos 55 semi-finalistas com um cartoon publicado no Ponto Final que versava sobre as celebrações de Tiananmen em Macau. Este ano a opção de levar um cartoon inédito a concurso foi algo natural. “Normalmente concorro com coisas já publicadas, mas estive a verificar os meus desenhos e, com este tema, e eram todos muito presos a um tema muito específico e à notícia em si. Não tinham uma leitura tão abrangente sobre este assunto.” Rodrigo de Matos confessa que a pandemia da covid-19 lhe trouxe uma nova visão criativa. “Sempre que ocorrem coisas assim no mundo, fora do normal, são pequenas centelhas que acendem a chama da criatividade. São coisas que despertam sempre o nosso olhar crítico para o que se passa à nossa volta, e de facto tem sido um período [produtivo]. Há muita coisa para fazer cartoons e situações que merecem a nossa veia crítica”, referiu. Para o concurso “Libex 2021” foram convidados 160 cartoonistas de um total de 55 países.
João Luz Eventos MancheteCartoon | Rodrigo de Matos em exposição internacional sobre o Brexit Amanhã é inaugurada, na cidade alemã de Schwaebisch Hall, uma exposição colectiva de cartoons sobre o Brexit que conta com um trabalho de Rodrigo de Matos. O artista, radicado em Macau, viu um dos seus cartoons ser seleccionado num universo de mais mil obras [dropcap]U[/dropcap]m cartoon de Rodrigo de Matos foi escolhido para integrar uma exposição itinerante, que vai percorrer a Alemanha ao longo do ano, que tem como tema a saída do Reino Unido da União Europeia. Organizada pela Union of World Cartoonists, em cooperação com o Goethe Institut, a exposição é inaugurada amanhã em Schwaebisch Hall onde vai ficar patente até 31 de Abril. De seguida, segue em digressão por Munique, Mannheim, Hamburgo, Duesseldorf, Dresden, Bremen, Bona e Berlim. Dos trabalhos submetidos por Rodrigo de Matos, o júri escolheu um publicado no semanário Expresso em que o cartoonista retrata o buraco que Theresa May tem cavado ao longo do processo de desvinculação da União Europeia, depois do referendo de 23 de Junho de 2016. A organização recebeu “mais de 1000 submissões, 631 das quais entregues por 231 artistas oriundos de 58 países”. Deste universo foram escolhidos para as exposições 49 cartoons, de autoria de 31 artistas residentes em 20 países. “A qualidade geral dos cartoons não ajudou à decisão do júri, principalmente tendo em conta que escolher todos não era opção”, revela em comunicado Guido Kühn, um dos organizadores da exposição e representante alemão da Union of World Cartoonists. Numa altura em que os média se multiplicam em diversos formatos e em que memes se tornam virais apesar do conteúdo, Rodrigo de Matos considera que “estas iniciativas são cada vez mais importantes”. “Os jornais em papel têm cada vez menos leitura. Assim sendo, exposições e edições de catálogos, por exemplo, permitem o acesso do público a informação a que, normalmente, não acederiam”, comenta o cartoonista. Rodrigo de Matos encara este tipo de iniciativas como uma “possibilidade destes trabalhos estarem expostos, publicados online, e chegarem a uma geração nova que, se calhar, nunca abriu um jornal”. Liberdade de traço O Brexit tem sido um tema incontornável no mundo noticioso e do comentário político, muita tinta fez correr e continua a encher infinitas páginas com oceanos de palavras nem sempre esclarecedoras. Trocado por miúdos, é um assunto perfeito para ser alvo da comédia mordaz dos cartoonistas. “O cartoon é muito importante na veiculação de informação, com pouco ou nenhum texto, de mensagens muito complexas e pontos de vista pertinentes que se conseguem apreender com um simples olhar.” É assim que Rodrigo de Matos descreve o papel do cartoon no actual panorama informativo e num contexto de permanente convulsão. A acutilância e acidez que caracterizam o cartoon, permite que, por vezes, se diga aquilo que todos pensam, mas que não ousam expressar. Além de ter a capacidade para consolidar numa tira assuntos altamente complexos. “Essa é a força do cartoon num mundo de recepção de informação tão instantânea, como acontece hoje em dia”, teoriza o cartoonista. Radicado em Macau, Rodrigo de Matos feito premiado em 2014 com o Grand Prix do Festival Press Cartoon Europe.