Bienal de Macau | “Botânica”, a obra de Vasco Araújo que olha para o passado colonial

Vasco Araújo, artista plástico português, participa na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau” com a peça “Botânica”, que mais não é do que uma ironia ao antigo passado colonial do Ocidente e aos chamados “zoos humanos”, quando nacionais dos países colonizados eram expostos como se de espécies exóticas se tratassem

 

Realizada entre os anos de 2012 e 2014, “Botânica” é uma série de obras realizada pelo artista plástico português Vasco Araújo que mais não é do que uma representação irónica daquilo que o homem branco fez aos naturais dos países colonizados. Três das doze peças que compõem “Botânica”, que usa materiais como a fotografia e madeira, podem agora ser vistas na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau”, inserida na secção “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”. Esta, descreve “o olhar do Ocidente sobre a China, reescrito e subvertido ao longo de 500 anos”.

Ao HM, Vasco Araújo, natural de Lisboa, cidade onde ainda vive e trabalha, diz ter ficado “surpreendido” com o convite do curador da bienal, Qiu Zhijie. “Botânica” não é mais do que “umas mesas atravessadas por fotografias dos jardins botânicos de Portugal”, bem como por imagens de arquivo “relacionadas com todas as exposições que se chamavam ‘Zoos Humanos’, feitas pela Europa fora e EUA, que traziam pessoas das ex-colónias, de vários países, e as expunham como se fossem animais”.

O título desta peça é irónico porque “tal como foram construídos os jardins botânicos com espécies exóticas e vindas de todas as antigas colónias, faziam-se estas exposições para mostrar [as pessoas] e para exercer o poder em termos de dominação”. Vasco Araújo afirma fazer sempre uma crítica “a essa situação que, na realidade, tem repercussões até hoje, de racismo e por aí fora…”.

Uma vez que o tema principal da bienal é a globalização, o artista plástico português considera que “faz todo o sentido” expor “Botânica” em Macau. “[O curador] falou da questão da globalização e de como este assunto ainda hoje nos afecta a nível positivo e negativo. Estas peças falam sobre isso. [A ideia] de império e das colónias era replicar o que se fazia na Europa, em África, América do Sul e Ásia, pelo que faz todo o sentido [expor esta obra].”

O artista recorda que, apesar de Macau ter feito parte do império colonial português, “se calhar na China não há tanto a noção do que foram os impérios coloniais europeus”.

Questão de poder

“Botânica” já esteve exposta em lugares como Lisboa e Londres, e é muito mais do que uma obra que olhe exclusivamente para o império colonial português. Temas como o colonialismo e história são, aliás, temas muito presentes na obra de Vasco Araújo.

“O que me interessa aqui é o jogo de poder, como construímos a nossa identidade não só enquanto nação, país ou continente, mas também como pessoas. Como exercemos o poder e como é desenvolvida essa relação de superioridade – inferioridade?”

Terão sido estes os elementos que, na visão do artista, despertaram o olhar do curador. “As peças não são especificamente sobre Portugal nem sobre o colonialismo português. Os ‘Zoos Humanos’ foram um movimento internacional do final do século XIX, princípio do século XX, que durou até aos anos 60 desse século. O que dizemos hoje sobre a globalização, o facto de perdermos a identidade, já vinha desde o passado, são repercussões de coisas que [aconteceram]”, apontou o autor.

Vasco Araújo confessa que expor numa mostra desta natureza constitui sempre um desafio por comparação a uma mostra individual, pois numa bienal “são as minhas peças em confronto com as peças de outros artistas, há um diálogo maior”.

O artista é licenciado em escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e tem ainda um curso avançado em artes plásticas. Esta é a primeira vez que expõe em Macau, depois de ter exposto, há dois anos, em Xangai.

24 Ago 2021

O auto didacta botânico e naturalista Alfredo Augusto de Almeida

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lfredo Augusto de Almeida (1898-1971) é das poucas pessoas que em Macau tem, ou teve, uma estátua. Mas quem reconhece o seu nome? Não foi político, nem exerceu nenhum cargo de governação, assim como não era rico, nem esteve ligado ao comércio. Era um humilde funcionário público, homem autodidacta que gostava de saber, de aprender e ensinar, que se especializou em botânica e com quem muitos estrangeiros, que vinham a Macau, gostavam de falar. Também a ele se deve a recuperação de muitas das pedras pertencentes à História da cidade, atiradas para o lixo depois de partidas.

Tetraneto do Primeiro Barão de Porto Alegre, um dos comerciantes de ópio mais ricos de Macau nos inícios do século XIX, Alfredo Augusto de Almeida nasceu em Macau a 21 de Janeiro de 1898 e aqui faleceu a 13 de Novembro de 1971. Era o sexto filho de Carlos Eugénio de Almeida e de D. Adelaide Maria Marques, tendo-se casado na Sé no dia 26 de Julho de 1925 com D. Rosalina Maria Boyol, mas não deixou descendência. Segundo o que refere Jorge Forjaz, “não herdou a fortuna dos seus antepassados e, por isso, foi toda a vida um humilde funcionário público e municipal. Mas herdou as suas virtudes, a sua grandeza de alma e um nobre coração. Filho de Macau, da mais ilustre aristocracia macaense, este homem foi sempre leal e honesto, nobre e respeitador no trato social e amigo da sua terra como poucos. A este botânico e naturalista, os jardins de Macau devem-lhe muito e o da Flora deve-lhe quase tudo, inclusivamente a classificação científica de todas as plantas e animais que lá existiam. Apaixonado pela floricultura e pela ornitologia”, reconstruiu o jardim da Igreja de S. Lourenço em 1935, sob as indicações da Sra. D. Laura Lobato.

Depois da II Grande Guerra Mundial, Alfredo Augusto de Almeida, ao serviço do Leal Senado, renovou e transformou o espaço verde do Jardim da Flora, introduzindo novas espécies de flores, árvores de fruto e até uma pequena fauna.

“Era um homem que se fez a si mesmo, um self made man, lia e consultava as autoridades em botânica e na arqueologia; por isso o Prof. Williams, de St. Francis Xavier College, perito em botânica, nunca vinha a Macau que não fosse a sua casa; o mesmo fez sempre o brigadeiro e historiador Sir Lindsay Ride, que tinha por ele o maior apreço; o então Governador Jaime Silvério Marques (1959-1962) correspondia-se frequentemente com este funcionário, a quem tanto apreciara e elogiara durante o seu Governo de Macau”, segundo refere o Padre Manuel Teixeira.

Museu Arqueológico de S. Paulo

Terminamos o artigo da semana anterior com a transferência das lajes sepulcrais, que foram removidas do chão do átrio do edifício do Leal Senado e colocadas no Museu Arqueológico das Ruínas de S. Paulo, instituído pelo então Governador Jaime Silvério Marques (1959-1962), nele se empenhando com todo o interesse o Sr. Fernando da Silva Amaro. Muito mais tarde, a esposa do então Governador Nobre de Carvalho disse ao presidente da Câmara que removesse as pedras do recinto de S. Paulo para outro local, onde não estivessem expostas às intempéries do tempo. “O presidente deu as suas ordens aos assalariados da Câmara e estes, achando as pedras enormes e muito pesadas, desconhecendo o seu valor histórico, pegaram em marretas e partiram-nas em vários pedaços e lançaram-nas para a doca de Lamau”, como refere o Padre Manuel Teixeira, dizendo ter-lhe sido tal relatado pelo amigo Alfredo de Almeida, que sabia melhor que ninguém o que se passara.

Preparava Sir Lindsay Ride, ex-Chanceler da Universidade de Hong Kong, a obra The Voices of Macao Stones e pediu ao Padre Manuel Teixeira que fizesse a revisão. Foi então que este padre, encontrando grandes lacunas por faltarem as pedras do Museu Arqueológico de S. Paulo, descobriu terem estas daí desaparecido. Procurou o Sr. Alfredo de Almeida e ele, após contar o que ocorrera, levou-os à Doca de Lamau onde andaram à procura das pedras quebradas em 1966. Passaram vários meses nessa tarefa, andando Alfredo de Almeida também a recolhê-las pelas valetas da cidade. Sir Lindsay Ride, em conjunto com o Padre Manuel Teixeira, reuniram pedaço por pedaço até as reconstituir e Almeida incumbiu-se de os cimentar. Mas muitas pedras tinham desaparecido. A 5 de Maio de 1969 fizeram um Ofício ao Governador da Província Nobre de Carvalho onde dão a Voz das Pedras de Macau. “E elas falaram e pediram que transmitisse a V. Exa. o seu pedido: queixam-se de que estão votadas ao abandono, parte na Flora e parte na doca do Lamau, onde se vêem em risco de serem destruídas e levadas para construção de casas”.

Assim a pedido do Padre Manuel Teixeira, o Governador de Macau mandou, no início de 1971, colocar na Fortaleza do Monte as pedras históricas recuperadas e o Museu ficou na parada da Fortaleza, à direita de quem entra.

Das muitas pedras que Alfredo de Almeida conseguiu salvar, encontrava-se a cabeça de leão, por onde jorrava a água da Bica do Nilau (Fonte do Lilau), no sopé da Colina da Penha. Devido à sua remodelação daí fora retirada, mas agora está ela de novo desaparecida, restando dessa fonte a cabeça de Neptuno, hoje incrustada no muro do jardim da Casa Garden. Também a estátua de granito dum holandês, que se encontrava na Fortaleza da Guia, foi levada para o Museu Arqueológico das Ruínas de S. Paulo. O corpo aí se manteve, mas a cabeça foi encontrada pelos funcionários das Obras públicas no esgoto da Calçada do Botelho. Almeida reuniu de novo a cabeça ao tronco e a estátua foi para o Jardim da Flora, passando depois para os Jardins da Casa Garden, encontrando-se hoje no Museu do Oriente, em Lisboa.

Assim Macau deve bastante a Alfredo de Almeida pela recuperação de muitas das pedras de alto valor arqueológico pertencentes à História da cidade, atiradas para o lixo depois de partidas pois, conseguiu salvar da destruição inúmeras delas.

“Oseo Acconci, que tanto o estimava, moldou o seu busto, um mês antes da sua morte, o qual foi colocado no passeio central do Jardim da Flora, com a seguinte legenda: <A Alfredo Augusto de Almeida que em vida tanto amor dedicou a este jardim 1898-1971>”, segundo refere o Monsenhor Manuel Teixeira.

Lembro-me de ver esta estátua ainda em 1994 e quando dela de novo me recordei, não a encontrei. Por indicação do Eng. Agrónomo António Paula Saraiva, ela encontrava-se agora no Jardim do NAPE. Bem a procurei, mesmo nas arrecadações do jardim, mas nada, a estátua desaparecera e ninguém sabe dela.

NOTA: Antes de encerrar o ano do Macaco no calendário chinês, deixamos aqui corrigido o lamentável erro publicado no artigo de 18 de Novembro de 2016 com o título Gincana de automóveis na Feira de Macau. O primeiro automóvel a circular em Portugal foi adquirido pelo Conde Jorge Avillez que, em Outubro de 1895, (e não em 11 de Outubro de 1914, como por lapso fizemos referência), na sua primeira viagem, que demorou três dias, feita entre Lisboa, onde tinha ido buscar o Panhard and Levassor e a sua casa, em Santiago do Cacém, este aristocrata conduzindo-o a 15 km/h, entre várias peripécias, atropelou um burro, causando-lhe a morte.

13 Jan 2017

Entrevista | António Paula Saraiva, autor de “Árvores e Arbustos de Macau”

“Árvores e Arbustos de Macau” é um livro que resulta de quatro anos de trabalho e descreve as mais de 200 espécies da flora local. Da autoria de António Paula Saraiva, a obra é a ilustração da natureza do território e serve de alerta para a necessidade de a conhecer. Está disponível em Janeiro

[dropcap]P[/dropcap]orque é que sentiu necessidade de explorar as espécies de Macau?
Considero que uma das falhas da nossa educação é o pouco caso que se faz da educação biológica. Tenho feito perguntas a várias pessoas acerca de aspectos que, para mim, são muito simples, e as respostas que tenho tido mostram um profundo desconhecimento dos factos mais simples da biologia ou mesmo do ambiente em geral. Tenho um amigo, por exemplo, uma pessoa informada, que ficou muito espantado quando lhe falei do nome das nuvens. Nem lhe passava pela cabeça que as nuvens pudessem ter nome. A maior parte das pessoas desconhece o nome das rochas e anda à procura de Pokémon, que são coisas que nem existem.

Considera que há um desconhecimento da realidade natural à nossa volta?
Sim. Hoje em dia as pessoas passam largos anos na escola e, no entanto, não sabem o nome das árvores que as rodeiam. Mas, por exemplo, sabem as marcas de automóveis. Se não existissem carros, o homem poderia viver, mas sem árvores, não. Há 200 ou 300 anos, havia um interesse e um conhecimento da botânica que não existe hoje. Penso que houve uma regressão. Não só estávamos numa fase de exploração activa do mundo, como havia o espanto da descoberta. A curiosidade acaba por se estender às plantas. Outro aspecto importante é que, antigamente, os remédios eram encontrados nas plantas e por isso muitos botânicos eram médicos. Dizia-se por brincadeira que as senhoras de um certo estrato social tinham de tocar piano e falar francês, mas houve épocas também em que o conhecimento da botânica era um apanágio do homem culto. É algo que hoje em dia desapareceu.

O facto de actualmente existir uma maior consciência ecológica em nada contribui para um maior conhecimento da botânica?
Isto é discutível, mas há muitas coisas que são fingidas e não correspondem à realidade. Toda a gente gosta de falar em ecologia, mas depois isso não se traduz em verdadeiras preocupações. Por exemplo, fala-se que é preciso gastar menos energia, mas as pessoas cada vez têm mais aparelhos de ar condicionado. É uma preocupação um pouco postiça.

Neste estudo da flora local, que particularidades encontrou?
Há um aspecto muito característico de Macau e ainda pouco estudado: a existência das raízes aéreas. Vemos as plantas crescerem contra a lógica porque há situações em que não há terra, nem água e as plantas continuam lá. Isso significa que se estão a alimentar através dessas raízes e sem suporte, mas ainda não se sabe como.

Em Macau há uma maior quantidade desse tipo de plantas?
Talvez, porque este tipo de plantas aparece mais em lugares com muita humidade.

Como é que decorreu toda esta investigação?
Não se pode dizer que seja uma exploração exaustiva, mas tentei que fosse completa. Há dois aspectos que contribuem para que não seja uma investigação exaustiva. Um deles é que estamos na era da globalização e, como tal, aparecem cada vez com mais frequência espécies de outras regiões. Por outro lado, e em relação às plantas espontâneas, há umas que apresentam características mais especiais e por isso saltam à vista, e outras que se confundem. Logo, é possível que aquelas que não apresentam aspectos muito característicos ou distintivos acabem por passar despercebidas e não constem no meu trabalho.

Mencionou a globalização e o acréscimo de espécies com esse fenómeno. Macau é um lugar de misturas. Podemos aplicar a miscigenação à flora local?
Posso responder de duas formas a esta questão. As pessoas quando vão para outros locais adaptam-se sempre, mas tentam também ter algo do seu mundo de origem. Um aspecto muito característico deste fenómeno verificou-se na Nova Zelândia em que os ingleses que foram para lá tentaram recriar a fauna do seu país. Em Macau verifica-se, por exemplo, que houve pessoas que trouxeram videiras. As videiras são características de climas mediterrânicos, mas infelizmente aqui já desapareceram quase todas com o avanço da urbanização. Mas ainda se encontram figueiras que, também sendo do mesmo tipo de clima, permanecem. As misturas culturais não se aplicam à botânica. Existe mesmo a noção de espécie invasora, ou seja, uma espécie que provém de uma outra localização geográfica, mas que se instala de tal forma que começa a acabar com a flora espontânea. Para dar um exemplo conhecido, em Portugal tem havido várias campanhas para acabar com as acácias que são da Austrália ou mesmo com o chorão das praias.

Podemos dizer que este trabalho é o primeiro do género a ser publicado, visto ser uma compilação e estar em três línguas, português, inglês e chinês?
Existe em Macau uma publicação acerca da flora local, mas só está publicada em chinês. É muito completa mas tem a limitação da língua. Nesse sentido, este livro tenta ser mais abrangente a chegar a pessoas que possam falar português ou inglês também. É um livro que tenta entrar por outros caminhos que ainda não foram explorados, nomeadamente o aspecto da reprodução das plantas que, para mim, tem uma importância fundamental: estamos numa época em que tudo é comprado, há viveiros onde se podem comprar as plantas, mas pode ser interessante as pessoas cultivarem as suas próprias espécies e, para isso, é necessário terem alguns conhecimentos. Os livros de botânica que existiam falavam apenas das plantas e não na sua cultura. Outro aspecto que também tentei abordar foi a história da introdução das plantas em Macau. Não havia praticamente fontes sobre a introdução de espécies no território. Encontrei apenas duas listas, uma de 1886 e outra de 1933 mas, entretanto, devido ao fenómeno da globalização e até do enriquecimento de Macau, foi possível trazer mais plantas para cá. Um número razoavelmente grande de espécies já entrou no território perante os meus olhos. É um dos capítulos mais insuficientes do livro e que gostaria de explorar mais, mas acabei por achar que era melhor pôr alguma coisa, e dar início a essa abordagem, do que não pôr nada. Quando introduzia espécies não tinha, por vezes, o cuidado de fazer uma descrição dessa introdução. Isso depois teve de ser feito a partir da memória.

Com factores como o desenvolvimento do território e a poluição, a flora está em risco?
Os chineses gostam mais de fazer as cidades em locais planos ao contrário dos europeus que preferem cidades em colinas. Aqui deitam por vezes montanhas abaixo para planar o terreno e é aí que fazem as suas cidades. No caso de Macau, toda aquela zona do Cotai é uma zona plana e isso leva a que as plantas localizadas nas montanhas estejam mais protegidas, enquanto aquelas que se situam nos locais mais baixos estão mais em risco ou já foram mais ou menos eliminadas. Não totalmente porque, sendo plantas de sítios húmidos, têm mais resistências do que as de sítios secos. Com certeza que a poluição causa danos; no entanto, como é que isso se traduz na evolução da população ou no desaparecimento de certas espécies, já é mais difícil de afirmar.

Quais as maiores dificuldades que teve na concepção deste livro?
Há espécies que não são de fácil identificação e, por isso, pedi ajuda a colegas para o fazer de uma forma mais precisa.

Este é um livro acompanhado de ilustrações. Porque é que decidiu recorrer a este tipo de representação?
O livro tem ilustrações técnicas na parte geral e depois tem a descrição das espécies acompanhadas por fotografias. A opção pelas 44 ilustrações que foram feitas pela Catarina França e pela Mafalda Paiva foi um retomar da tradição dos antigos botânicos que faziam, numa altura em que não havia fotografias, ilustrações e muitas delas muito bonitas. Quando se tira uma fotografia, a planta, que é constituída por uma série de planos, vai aparecer com aspectos focados e outros mais desfocados. Por outro lado, os desenhos têm ruído, ou seja, têm muitos aspectos secundários que dispersam a atenção. Nestas ilustrações todos os órgãos da planta aparecem ‘focados’ para que a sua leitura seja fácil. Há um ajeitar da natureza de forma a torná-la mais compreensiva. Mas foi sobretudo uma homenagem aos antigos botânicos.

EXPOSIÇÃO

https://www.facebook.com/events/1078674292241318/

Entre os dias 29 de Dezembro e 13 de Janeiro, os desenhos da flora de Macau que ilustram a obra de António Paula Saraiva serão objecto de uma exposição no auditório do Instituto Internacional de Macau. Para acompanhar o evento basta seguir a ligação em cima.


29 Dez 2016