Bandeira

Já não nos interessará muito içar a bandeira aos ventos maus que varrem agora o mundo, pois que ela pode até rasgar-se no topo dos edifícios onde drapeia sem verdadeiro sentido. Se esse mundo é agora um só – ele não tardará a ter a sua própria -, talvez uma manta de retalhos com todas as outras configuradas em pontos e com meia dúzia de iridescentes marcas a salientar quem o comanda. Pensar agora nos imensos e outrora países embandeirados, é como estar a observar os quintais anexados pelo poder da grande tribulação. Tanto quisemos os nossos territórios que nos caíram os dons imediatos da defesa. As bandeiras, essas, serão sempre mais para o futebol que chegam bem para lembrar a última honra das Nações.

Mas falamos de Bandeira, Manuel Bandeira propriamente dito; Bandeira que honrou a nossa língua comum como brasileiro e como poeta, e que hoje estaria irremediavelmente envergonhado enquanto cidadão. Manuel Bandeira foi um poeta extraordinário! Pertence ao modernismo brasileiro, à geração de 1922, em parte, e foi a vida inteira um homem de saúde frágil, mas teve uma vida tão preenchida e culturalmente tão intensa, que só nos damos conta disso quando olhamos a sua imagem, que mesmo assim, é cheia de tenacidade! E as inúmeras influências que sempre relevam a qualidade literária, tinha-as ele em abundância, Bandeira não escrevia “poesia” Bandeira era um poeta: foi também inspector geral do ensino, professor de literatura e membro da Academia das Letras, tradutor, suas crónicas são também lendárias e dadas por uma perspectiva de ternura com uma audaz capacidade critica que fazem do seu estilo ensaístico o nunca vigorar como perspectiva de romance, o que só por si lhe dá um muito maior interesse. Era um espírito arguto, e sem sombra de dúvidas que a sua elegância era um elevado dom. Estas pessoas desapareceram do nosso pensamento como se fossem espectros, e o mundo tornou-se uma massa inorgânica incapaz de reconhecer nas lides humanas a sua função civilizadora.

O nosso poeta fora também alguém povoado de juventude, o que o norteia para a lide da renovação, ele o afirma «não é que eu tenha em tempo algum procurado os novos; jamais procurei ninguém o que da minha parte era timidez, não orgulho» o que o situa inegavelmente num homem cheio de futuro, e como bem vê a ciência hoje, o ser mais inteligente não é o que consegue procurar soluções de sobrevivência, mas aquele que vê e está sempre mais perto do futuro. A geração onde se iniciou, ainda não era a sua( não o será nunca para um poeta da estatura de Bandeira) estará troncado na geração de 45, e aí, ainda há-de dizer que há uma meia dúzia que não o toleram nem como poeta nem como homem. O que menos interessa a um poeta é o amor do próximo! Ele também diz não gostar de si, e achar irremediavelmente impossíveis os que dele não gostam.

O grande poema como o idolatrado «Parságada» não deve ser lido na correnteza das emoções desencontradas e desejos arbitrários- Parságada, campo dos persas- um país de delícias, será mais um arrebatamento absolutamente civilizacional, e é aqui que os poetas acontecem. Não há rotas geográficas que os definam, mas há caminhos por onde têm de passar. Nós já demos a volta ao mundo, mas há lugares no mundo que ainda oram aos poetas, é lá, com os antigos persas, e orar dessa maneira será sempre a mais elevada manifestação poética.

Bandeira é um caminho a seguir nas inusitadas manifestações que atravancam de desdém a Língua Portuguesa numa incapacidade onírica que explode de insucesso. Se não os reabilitarmos, este e outros, estaremos a atraiçoar a alma das fontes vivas que deram o melhor da consciência de uma língua, que falada por muitos, é cuspida por muitos mais, num insuportável desdém onde no cimo só jorram as ideias feitas. E para criá-la, quantas vezes perto, a morte ronda! Não teve filhos. Os poetas não devem ter filhos que para anátemas chegam os sortilégios daqueles outros que jamais serão dignos das suas presenças.
E agora, vamos embora para Parságada.

«…em Parságada tem tudo. É outra civilização. Tem um processo seguro de impedir a concepção…
…e quando eu estiver triste, mais triste de não ter jeito, quando de noite me der vontade de me matar
lá sou amigo do rei – terei a mulher que quero na cama que escolherei».

Ele deve ter vindo ainda dos antigos bandeirantes.

1 Mar 2021

Ensino | Grupo especializado no içar da bandeira estreia a 4 de Maio

A equipa de estudantes escolhida pela DSEJ vai realizar a estreia em cerimónias oficiais do içar da bandeira. Os 40 alunos de “elite” nesta tarefa foram treinados pelo Exército de Libertação do Povo Chinês

 

[dropcap]O[/dropcap] território vai celebrar o centenário do 4 de Maio – movimento estudantil de 1919 que teve na origem no reconhecimento da ocupação pelo Japão de partes da China – e a oportunidade vai servir para estrear a equipa escolar especializada em cerimónias do içar da bandeira. O cenário foi traçado, ontem, pelo Conselho da Juventude e os estudantes escolhidos para a cerimónia são considerados aqueles que melhor desempenho obtiveram na tarefa.

“É a primeira equipa escolar [do içar da bandeira]. A Direcção de Serviços de Educação e Juventude [DSEJ] deu formações às escolas sobre a cerimónia e depois foram escolhidos os alunos com melhor desempenho para fazerem parte desta equipa”, explicou Cheong Man Fai, chefe do Departamento da Juventude da DSEJ. “Espera-se que nas actividades oficiais e de grande envergadura que haja uma equipa escolar para o içar da bandeira”, foi acrescentado.

De acordo com Cheong Man Fai, o objectivo da cerimónia passa por promover os valores do patriotismo e do amor pela pátria. A equipa em causa foi escolhida entre 65 alunos propostos por 30 escolas, com 40 estudantes a serem escolhidos para a formação da DSEJ que é feita em conjunto com o Exército de Libertação do Povo Chinês. Entre estes, 30 vão fazer parte da equipa e os restantes 10 vão ser suplentes. A Escola Portuguesa de Macau e a Escola Internacional de Macau (TIS) também foram convidadas a propor nomes de alunos, mas optaram por não o fazer. “É uma participação voluntária”, apontou Cheong.

Patriotismo e democracia

Ainda em relação ao centenário vão ser organizados fóruns, exposições, cerimónias de hastear da bandeira e emissão de produtos filatélicos. “Espera-se que a realização destas actividades, para além de constituírem uma forma de comemorar este movimento patriótico, possam incentivar os jovens e Macau a divulgarem e a transmitirem o espírito do Movimento: ‘Patriotismo, progresso, democracia e ciência’”, foi sublinhado no final do Conselho de Juventude.

Na reunião de ontem foram abordadas as linhas gerais de planeamento para a integração dos jovens de Macau na Grande Baía. Em relação a este assunto, o Governo acredita que deve haver uma intensificação das relações entre as escolas locais e as do Interior da China. Segundo os dados avançados, há 84 escolas com parcerias do outro lado da fronteira e cada instituição de Macau recebe 80 mil patacas para eventos conjuntos. Os apoios representam uma despesa de 6,72 milhões de patacas, valor que deverá sofrer um aumento.

Estreia de Calvin Chui

Esta foi a primeira reunião do Conselho de Juventude com a participação do sobrinho de Chui Sai On, Calvin Chui Tin Lop. O novo membro do conselho que substituiu Lei Iok Pui, que está a ser julgado no âmbito do caso John Mo e que foi ilibado na primeira instância. Sobre a situação de Lei, Cheong Man Fai, chefe do Departamento da Juventude da DSEJ, explicou que a nomeação foi feita de acordo com as leis vigentes e que mesmo que o ex-membro seja considerado inocente, tem de aguardar um período de dois anos para poder voltar ao conselho. Contudo, a responsável explicou que a situação não está a ser equacionada.

27 Mar 2019

Bandeira, emblema e hino em mais lugares e ocasiões

[dropcap]A[/dropcap] partir de 1 de Junho, as bandeiras e os emblemas da China e da RAEM vão passar a ser exibidos em mais lugares e ocasiões e o hino vai tocar mais vezes. O Conselho Executivo deu aval ao projecto de regulamento administrativo que fixa “as disposições concretas” da utilização dos símbolos da China e da RAEM.

Além da residência oficial do Chefe do Executivo, da sede do Governo, dos postos fronteiriços e do Aeroporto, as bandeiras da China e de Macau serão também exibidas diariamente na Assembleia Legislativa, Tribunais, Ministério Público, no Palacete de Santa Sancha e no Terminal Marítimo de Passageiros.

As escolas primárias e secundárias também devem exibir ou hastear a bandeira da China durante os dias de aulas.

Em paralelo, aumentam também as datas em que as bandeiras da China e da RAEM devem ser desfraldadas. Para além do Dia Nacional (1 de Outubro), do Dia da RAEM (20 de Dezembro) e do Dia da Fraternidade Universal (1 de Janeiro) foram acrescentados os feriados do Ano Novo Lunar e o Dia Internacional do Trabalhador (1 de Maio).

Nestas datas, a bandeira da China pode também ser exibida ou hasteada nos lugares públicos, como praças ou jardins, geridos pelo Instituto para os Assuntos Municipais, sem que haja sanções caso tal suceda noutra altura, desde que cumprido o princípio do respeito.

O emblema da China estará igualmente em mais sítios, como a Assembleia Legislativa, Tribunais e Ministério Público, bem como no Palacete de Santa Sancha, local onde será também ostentado o emblema da RAEM que deve ainda ser colocado no Terminal Marítimo de Passageiros.

Música no coração

O projecto de regulamento administrativo também define as ocasiões em que o hino nacional é executado instrumental e vocalmente, como as cerimónias de juramento de tomada de posse dos titulares dos principais cargos, abertura do Ano Judiciário ou eventos desportivos importantes.

Define ainda que as estações de televisão e de rádio que explorem os serviços mediante contrato de concessão ou alvará devem reproduzir o hino nacional a 1 de Janeiro, 1 de Outubro, 1 de Maio e 20 de Dezembro, em horário a determinar por despacho do Chefe do Executivo.

À luz da alteração à lei da utilização, protecção da bandeira, o emblema e hino nacionais, aprovada pela Assembleia Legislativa no mês passado, tal é facultativo, não havendo lugar a sanções em caso de incumprimento. Não obstante, confrontado com a possibilidade de os órgãos poderem ser alvo de represálias se não o fizerem, como verem o alvará não ser renovado, o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, insistiu ser “muito clara” a mensagem do Governo de que “a liberdade de imprensa não vai ser prejudicada”.

10 Fev 2019

Bandeira mal hasteada em Coloane não era fotomontagem

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Alfândega (SA) anunciaram ontem que abriram um processo disciplinar para “investigação profunda” do caso da bandeira nacional hasteada de forma errada na Ponte Cais de Coloane. Trata-se de um episódio que foi inicialmente catalogado como sendo o resultado de uma fotomontagem, que envolveu a Polícia Judiciária (PJ) e o autor de uma publicação numa rede social, e que agora conhece novos desenvolvimentos.

No passado dia 3, os SA aperceberam-se de que estava a circular uma fotografia numa rede social que mostrava a bandeira nacional hasteada ao contrário no Terminal Marítimo do Porto Exterior. No mesmo dia, a situação foi corrigida.

Acontece que, no dia seguinte, foi de novo detectada outra fotografia, também da bandeira nacional, “hasteada não apropriadamente”. Desta vez, a imagem era relativa à Ponte Cais de Coloane. Após o que dizem ter sido uma “investigação meticulosa”, os SA confirmaram que a bandeira içada na ponte cais, naquele dia, estava hasteada de forma apropriada, pelo que afirmaram que se tratou de uma fotomontagem.

“Os SA informaram de imediato a situação ao secretário para a Segurança e apresentaram também denúncia à PJ, solicitando a sua intervenção e investigação”, recordam os serviços em comunicado.

A investigação envolveu “diálogo” com a pessoa que publicou a fotografia. A PJ fez ainda análises, tendo ficado provado que a foto em questão não era, afinal, uma fotomontagem.

Depois de terem sido informados das conclusões da PJ, os Serviços de Alfândega abriram um processo disciplinar para averiguarem o que aconteceu. “Os SA pedem desculpa pelo mal-entendido provocado e pela informação erradamente fornecida aos superiores e à imprensa no dia 4 do corrente mês”, escrevem os serviços. “De facto, terá sido insuficiente a investigação inicialmente realizada para o correcto apuramento da situação da bandeira hasteada na Ponte Cais de Coloane.”

 Secretário atento

Apesar de os SA garantirem que “aprenderam a lição”, tendo reforçado “as instruções permanentes e medidas de supervisão, e intensificado a formação interna”, o secretário para a Segurança emitiu também um comunicado sobre o assunto em que se demonstra desagradado com este episódio protagonizado por serviços sob a sua alçada.

Wong Sio Chak afirma “prestar atenção aos consecutivos erros, além de achar inaceitável a confusão causada pela comunicação dos SA”. O secretário deu orientações aos serviços para procederem a uma investigação rigorosa aos casos e ao pessoal neles envolvido, devendo divulgar o mais rápido possível os resultados apurados.

O responsável pela pasta da Segurança acrescenta ter dado ordens aos organismos da sua tutela para cumprirem com rigor as leis e instruções sobre as regras de colocação e exibição das bandeiras nacional e regional. Exortou-os também “a melhorar os trabalhos de gestão diários, garantindo a legalidade, o rigor e o profissionalismo dos serviços públicos”.

Turismo | Hotéis com maior ocupação e quartos mais baratos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro semestre do ano foi de subida de taxas de ocupação do sector hoteleiro, que registou um crescimento de 6,3 por cento em relação aos seis primeiros meses de 2016. Por outro lado, os preços dos quartos ficaram mais baratos, verificando-se uma descida de 3,5 por cento. Durante o primeiro semestre de 2017, a taxa de ocupação dos hotéis de Macau situou-se nos 87,2 por cento, um registo que contrasta com os 80,9 por cento de ocupação no período homólogo do ano transacto. De acordo com os dados publicados pelos Serviços de Turismo, o preço médio de um quarto de hotel no primeiro semestre deste ano foi de 1249,6 patacas, um valor ligeiramente inferior ao verificado nos primeiros seis meses de 2016, quando o preço médio foi de 1295,5 patacas.

 

Robótica| Aluno da UM ganha medalha de bronze

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hio Wan Long, aluno da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Macau, ganhou a medalha de bronze na competição WorldSkills Hong Kong 2017 – Mobile Robotics. O evento faz parte de uma iniciativa global, a WorldSkills Abu Dhabi 2017, que acontece em Outubro. Esta feira de tecnologia atrai participantes oriundos da Rússia, Japão, França, Canadá, Malásia, Singapura, China, Macau e Taiwan. A competição começou em 1954 e destina-se a promover a troca de conhecimentos técnicos na área das novas tecnologias. O robot desenvolvido pelo estudante da UM foi construído sob a supervisão do professor Vong Chi Man.

 

21 Jul 2017