Infiltrações | Pedida revisão da lei para simplificar casos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Zheng Anting defendeu que o Governo deve rever a actual legislação para facilitar os casos de infiltrações em edifícios. Segundo o jornal Ou Mun, as ideias foram defendidas no âmbito de um encontro realizado entre a Associação dos Conterrâneos de Kong Mun e a Associação para Diagnóstico de Edifícios de Macau. Zheng Anting lembrou que, desde a criação do Centro do Tratamento da Infiltração dos Prédios que vários casos foram resolvidos de forma eficaz, mas que há ainda proprietários que não permitem a entrada dos funcionários, o que não possibilita a resolução dos casos. A actual lei não permite que estes trabalhadores entrem nestes imóveis ou edifícios sem uma autorização. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) já referiu que está a rever o Código do Processo Penal em relação a esta matéria, mas não foi adiantado nenhum calendário para a conclusão desta iniciativa.

17 Jun 2016

Gás tóxico na Zona Norte incomoda moradores

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma máquina de mistura e queima de betume está a incomodar os moradores da Avenida General Castelo Branco, na Zona Norte. Apontam os residentes que a máquina em causa produz um gás irritante e liberta um fumo branco que se espalha entre ruas e residências.
Um responsável da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) pede ao Governo que retire a máquina e que a lei defina a proibição da instalação dos locais industriais perto de zonas residências.
Gou Yeung, responsável do Centro Lok Chon dos Kaigonf, da área, afirmou, em declarações ao Jornal Ou Mun, que as pessoas que ali trabalham, não ousam abrir as janelas. O responsável entende que a intenção inicial do Governo passava pela instalação da máquina num local longe das residências, mas com o tempo foram construídas escolas, creches e mais casas. Gou Yeung acredita que com a conclusão da habitação pública na Ilha Verde vai provocar um grande movimento dos residentes para esta zona, por isso é essencial que o Governo retire de lá a máquina. “O Governo precisa de tomar conta disto, a queima de betume causa poluição do ar e ameaça a saúde dos cidadãos,” frisou. 
Este não é o primeiro aviso ao Governo. Há dois anos o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) garantiu que ia procurar um lugar melhor, mas até agora nada fez. “A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) só emitiu uma orientação sobre a questão da emissão da gás produzida pela máquina de queima de betume, mas não se definiu a distância necessária para a área de residência,” referiu, adiantando que “espera que o Governo possa legislar para reforçar a fiscalização, assegurando que sítios industriais possam ficar afastados das áreas de residência”.

17 Jun 2016

Lusofonia | Semana de Moçambique na RAEM está aí

Moçambique está quase a celebrar a sua independência e assinala a data com uma semana de gastronomia para “promover um encontro povo a povo”, explica o cônsul do país na RAEM. Para já, são apenas 50 os moçambicanos em Macau mas o diplomata espera que no futuro mais possam vir

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]oçambique celebra a independência dia 25 mas as celebrações já começaram com a organização de uma semana gastronómica.
Para Rafael Marques, cônsul geral do país no território, “as relações entre Moçambique e Macau são excelentes”.
A presença no Fórum de Macau é vista como crucial para as relações bilaterais com a China mas também como uma oportunidade para impulsionar a cooperação com a própria RAEM.
Segundo Rafael Marques, Moçambique tem beneficiado no âmbito dos diversos protocolos assinados, nomeadamente na área do turismo e da tributação fiscal evitando a taxação dupla.
A participação de moçambicanos em diversos colóquios e acções de formação do Fórum de Macau é outro dos pontos que o cônsul de Moçambique considera relevantes.
“Temos tido diversos bolseiros nas universidades de Macau e até cooperação na área da comunicação com o treino de quadros da televisão de Moçambique na TDM”.
Na perspectiva do cônsul, também a China tem beneficiado desta aproximação especialmente no âmbito das trocas comerciais, “que têm sido substanciais”, com diversas empresas chinesas a investirem no país.
“Há vantagens e benefícios mútuos”, garante o diplomata que desvaloriza
a instabilidade política no país pois “não tem afectado o investimento estrangeiro” até porque “é localizada na zona centro e o governo está a trabalhar a todo gás para resolver pelo diálogo”.

Mais moçambicanos

Entre estudantes, trabalhadores e corpo diplomático existem apenas 50 moçambicanos registados no consulado. Um número que o cônsul não se importaria de ver aumentado até porque não têm tido dificuldades na obtenção de vistos.
“Quanto mais moçambicanos mais experiência se colhe em Macau, especialmente na área do turismo que está bem desenvolvido”, explica Rafael Marques, adiantando mesmo que “é uma boa ideia virem para aqui mais moçambicanos para ganharem experiência com os locais”.
A possível vinda de mais nacionais para o território será, então, um processo normal faltando “mais divulgação das oportunidades que Macau oferece”, ainda numa fase precoce pois, explica, “o consulado é recente”, mas, acredita, “com o tempo e a circulação de pessoas, mais ficarão a saber e poderão vir à procura de oportunidades”.

Conquistar pelo estômago

A semana de divulgação que agora começa vai ser essencialmente dedicada à gastronomia.
“Trazer os sabores do país. Será um encontro povo a povo”, explica Rafael Marques que não vê com maus olhos a fundação de um restaurante moçambicano no território.
“As perspectivas estão abertas e, se alguém quiser enveredar por esse caminho, terá todo o apoio do consulado e do governo moçambicano”, garante.
No curto prazo, o cônsul espera “utilizar cada vez mais Macau como plataforma de cooperação com a China” e que mais empresas do território invistam em Moçambique.

17 Jun 2016

Arraial | Venha mais um balão com o S. João

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] festa já conta com 10 anos de existência e S. Lázaro recebe mais uma vez o arraial de S. João a 25 e 26 de Junho para comemorar não só o dia do santo que já foi padroeiro de Macau como ainda para fazer referência histórica à mesma data que celebrava a derrota da frota Holandesa que no Séc XVII tentou a sua sorte em invadir a actual RAEM.
Apesar do feriado já ser coisa doutros tempos o arraial de S. João está mais vivo que nunca, disseram ontem Amélia António e Miguel Senna Fernandes em conferência de imprensa.
Este ano a festa vai contar com 35 tendas , sensivelmente mais dez do que no ano passado e é alargada a outras ruas do bairro de S. Lázaro. O palco da igreja, muito cobiçado pela organização é ainda incerto e aguarda-se autorização da diocese.
Miguel de Senna Fernandes diz que “era muito bom, a festa pode ganhar outra dimensão se conseguirmos esse espaço pretendido”
Na música, a festa conta com João Melo a par de uma lista de convidados em que a exigência, nesta edição, foi a conformidade da música com a ambiente de arraial.
Apesar dos cada vez mais adeptos do arraial, Miguel de Senna Fernandes adianta que “um dos sonhos ainda não está realizado” referindo-se ao gosto que sentiria de ver maior adesão da comunidade chinesa. Salienta, no entanto, a conquista evidente que a festa tem tido junto da comunidade. Relembra que “Há dez anos atrás quisemos revitalizar esta tradição, havia muita resistência nessa altura. Julgo que dez anos depois deu para as pessoas entenderem e pusemos esta festa no calendário de festas de Macau”.
Este ano a novidade vai ainda para a estreia do pedido por parte da Direcção dos Serviços de Tráfego que pede à organização uma compensação pelos parquímetros das áreas da festa que estarão sem utilização.
A festa tem lugar sábado e domingo das duas da tarde às onze da noite.

 
 
 
 

17 Jun 2016

Saúde | Mais dadores de sangue em 2015

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Centro de Transfusões de Sangue registou mais dadores o ano passado face a 2014. Segundo um comunicado oficial dos Serviços de Saúde (SS), o número de dadores actual é de 2,44% do número de dadores aptos para dar sangue, o que representa um aumento de 0,2% de dadores. Em 2015 foram registados mais de 12.700 cidadãos como dadores, sendo que o centro recebeu mais de 13 mil unidades de sangue.
O Centro de Transfusões pretende arrancar com uma série de iniciativas de promoção à doação de sangue junto dos estudantes universitários e dos “novos imigrantes”. Para isso a viatura de doação de sangue passará a estar estacionada “em diversos pólos universitários e de ensino superior, que manifestaram a sua total disponibilidade para colaborar nestas iniciativas”. A partir de Julho, locais “onde existe uma maior concentração de novos imigrantes” vão também receber a carrinha, que tem estado estacionada a título experimental na zona da Praia Grande, junto ao complexo comercial New Yahoan. Neste local a carrinha vai continuar a estar estacionada em todas as terças-feiras da primeira semana de cada mês, entre as 13h00 e as 18h00. À mesma hora e no mesmo período estará estacionada em frente do Centro de Saúde de Fai Chi Kei. Já no Jardim da Cidade de Flores, na Taipa, a viatura de recolha de sangue estará parada todas as terças-feiras da segunda e quarta semana do mês, no mesmo horário.

16 Jun 2016

Ilha da Montanha | Pais criticam localização de nova creche

Uma boa notícia que parece não agradar todos. Pais acreditam que a nova creche, na Ilha da Montanha, beneficiará apenas quem por lá trabalha. Obras das mães desvaloriza e acredita ser o local indicado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns residentes de Macau não apoiam a criação de uma nova creche na Universidade de Macau, na Ilha da Montanha. A notícia foi avançada no início desta semana, pelo Governo, que indicou ser a Obra das Mães a explorar o espaço que poderá acolher até 200 crianças.
Em reacções, alguns pais, em declarações à MASTV, defenderam que este novo espaço vai beneficiar apenas os trabalhadores da Universidade de Macau e pessoas que ali morem. É que, frisam, a distância é grande e com o trânsito que se faz sentir em Macau não permite um acesso fácil e rápido à Ilha da Montanha.
“O sítio é muito longe, não será com certeza uma opção para nós. Acho que muitos pais que vivem deste lado vão concordar que aquele não vai ser um bom sítio. É muito mais conveniente novos espaços aqui em que temos só de caminhar, nem sequer precisamos de usar transportes”, explicou um dos encarregados de educação ao canal televisivo.
Os progenitores acreditam ainda que esta creche nasce para facilitar as acessibilidades e serviços da própria Ilha da Montanha, e os funcionários da Universidade de Macau.

Do outro lado

Van Iat Kio, presidente da Obra das Mães, mostra-se contra essa teoria, admitindo as vantagens. “Claro que a creche vem facilitar a vida dos funcionários, professores e estudantes, mas é muito perto da Taipa, pode facilitar também os residentes de lá”, apontou, indicando que existem “vários estacionamentos” e que os problemas de trânsito não se fazem notar naquela zona. “Não é somente um serviço para quem mora na Ilha da Montanha”, remata.

Outras vozes

Para a responsável da Creche D. Ana Sofia Monjardino dos Kaifon, este não será um espaço de sucesso. “Não é fácil ir buscar as crianças, por isso os pais não vão optar por esta creche”, apontou.
Apesar de muitas creches terem aumentado as suas vagas para crianças ainda há necessidade de mais. A responsável acredita que com a construção de habitação pública, o Governo deve aproveitar para abrir mais creches. Ideia também já defendida pelo próprio Executivo, pela boca de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.
A taxa de natalidade, em Macau, está cada vez mais alta. Para resolver a falta de vagas nas creches, o Instituo de Acção Social (IAS), pretende aumentar o número para 10 mil, sendo que actualmente existem 20 mil crianças com idade para entrar na creche, mas só 8400 serão seleccionadas através de sorteio. O IAS revelou que até ao próximo ano, cinco novas creches vão abrir portas.

Angela Ka
16 Jun 2016

Maioria apoia fim de aves de capoeira vivas

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]erca de 57% dos inquiridos mostra-se a favor da substituição do abastecimento de aves de capoeira vivas por aves de capoeira refrigeradas. Este é um dos resultados do relatório da consulta pública sobre o assunto ontem divulgado, sendo que 42% estão “expressamente contra” o fim das aves vivas nos mercados. Segundo um comunicado, 26% dos inquiridos considera que a medida deve ser implementada nos próximos dois anos, enquanto que 33% se mostrou indiferente quanto à altura de implementação.
“Considerando outras condições adicionais, como a saúde pública a longo prazo, a percentagem dos cidadãos que estão contra esta medida desce de 42% para 39%”, aponta o comunicado. Cerca de 80% dos entrevistados mostrou-se indiferente quanto ao tipo de carne utilizada nos restaurantes, porque “os cidadãos já se habituaram a consumir aves refrigeradas ou congeladas nos estabelecimentos de comidas”.
O inquérito foi realizado com o apoio do Instituto Politécnico de Macau (IPM), tendo sido inquiridos 1026 pessoas e 187 responsáveis por restaurantes. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) promete “continuar a manter a comunicação com o sector para conhecer as suas dificuldades e necessidades, no sentido de tomar as medidas mais adequadas quando dos trabalhos preparatórios da implementação da referida medida”.

16 Jun 2016

Pedofilia | Casos escondidos e sem protecção num território de lei curta

Vivem nas sombras. Nas mais escuras de todas. São famílias a esconder um problema que deveria ser “uma responsabilidade social”: a pedofilia. Uma psicóloga relata-nos casos. “Muitos, muitos casos”. Vergonha, medo e mundo que desaba levam a que se viva este drama em silêncio. Macau diz querer rever o Código Penal. Enquanto isso crianças vêm o seu mundo ser estilhaçado. Para sempre…

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão quer dizer quantos casos já lhe passaram pelas mãos. Nem estamos ali para isso. Recorda o primeiro e o choque que foi perceber o que tinha à sua frente. Mas agora já não é surpresa por, infelizmente, ser tão comum. Goreti Lima, psicóloga, conta que há “muitos, muitos, mas mesmos muitos casos de pedofilia em Macau”. Este não é um território especial. Aqui, como em qualquer parte do mundo, as crianças sofrem de abusos sexuais. Um drama que se vive em silêncio, que mora em casas com cortinas fechadas, portas trancadas e corações partidos.
Perceber o que leva uma família, uma mãe, uma avó, um pai ou alguém que ama uma criança, vítima de pedofilia, a esconder esta tragédia pode ser um desafio difícil de enfrentar. “O que leva os pais a esconder… bem, para já é super-difícil acreditar que isto [a pedofilia] está a acontecer. Então o que normalmente fazem é achar que a criança está a inventar ou que não é bem aquilo que ela diz ou que até está a fazer confusão. Isto porque aquela pessoa [que pratica pedofilia], por norma, até é uma pessoa amiga da família”, começa por explicar.
Um acto que é calculado, ao milímetro. “É maquiavélico, tudo é muito bem preparado. A actuação de um pedófilo é muito calculada. Não são casos rápidos. Vão conhecendo a criança, o seu ambiente, vão fazendo a preparação para o acto. Vão preparando a sua presa e isto leva o seu tempo. O grande alvo deste processo, por norma, é a família para minimizar todas as suspeitas. Quando a criança começa a deixar de querer estar onde aquela pessoa está, a família nunca pensa que é por isto, mas sim outra razão qualquer”, relata.

Um perfil definido

Os casos que trabalhou, e tantos outros que estudou, trazem uma infeliz certeza à psicóloga. A pessoa pedófila age de forma padronizada e respeita um perfil muito próprio, como por exemplo, vontades, desejos ou concretização dos seus ímpetos durante pelo menos seis meses.
Reconhecido como uma patologia no mundo da psicologia e psiquiatria, os doentes, “normalmente são pessoas muito bem vistas na sociedade. Têm posições de estatuto, são sempre muito amáveis, muito prestáveis, muito simpáticas e super metódicos. À partida não existe nenhum indício que leve a crer que aquela pessoa possa sequer ter actos pedófilos”, caracteriza, frisando que este perfil despista qualquer desconfiança.
Conquistando uma postura de confiança é nesse momento que se desenrola o crime. “Depois de conquistar a criança, de entrar no mundo dela e de lhe fazer entender os laços de carinho e amor que os liga, é aqui que o pedófilo actua”, aponta.

Será errado?

No outro lado da moeda, temos a criança, que nem sempre percebe que é errado. “O que acontece é que a criança sente-se muito baralhada”, aponta. Algo perfeitamente natural depois de tanto trabalho de conquista. “As crianças têm imensas dúvidas sobre sexualidade ou sobre as mudanças no corpo e eles normalmente fazem essa aproximação. Portanto, quando um dia tocam, mostram ou querem ver, não é uma coisa totalmente despropositada, porque eles já foram expondo a criança ao estímulo, ou seja, nunca é um acto totalmente descontextualizado”, indica. violence
Ainda assim, para a criança, é uma surpresa, porque lhe suscita dúvidas. “Se esta pessoa é minha amiga, está próxima de mim, diz que gosta de mim, será errado? É o pensamento da criança”, relata. No entanto, há sempre uma altura em que a vítima percebe que não está certo, mas sente vergonha por tudo o que aconteceu. “Ao mesmo tempo o pedófilo faz com que a criança sinta culpa no assunto, porque introduz-lhe ideias de que ela [a criança] o quis fazer, e teve prazer nisso”, continua, assinalando que os dados mundiais indicam que há mais pedófilos homens do que mulheres. “Mas há pedófilos homens e mulheres”, assinala.

Verdade escondida

Depois de, no início do mês passado, terem surgido dois casos de alegada pedofilia, envolvendo um português e um idoso chinês, a sociedade de Macau parece ter ficado chocada. “A verdade é que todos os dias há casos destes que nunca chegam a ser conhecidos”, garante Goreti Lima.
Fonte do HM, responsável por uma associação que acolhe crianças, confirma esta realidade. Existem muitos casos e algumas das crianças que o espaço acolhe são vítimas.
Os números oficiais em nada compactuam com estes relatos. Indica-nos a Polícia Judiciária (PJ), por email, que desde 2011, as autoridades receberam um total de 11 casos, quatro em 2012 e três no ano passado. Números que não batem certo com a realidade, porque a PJ garante que este ano ainda não recebeu qualquer acusação.

Assobiar para o lado

Em Macau, as crianças vítimas de pedofilia estão protegidas pelo Código Penal, mais precisamente pelo capítulo que diz respeito aos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais, mais especificamente nos artigos 166º ao 170º. Diz a lei que “quem praticar acto sexual de relevo com ou em menor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo consigo ou com outra pessoa, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos”. Pena que poderá aumentar até aos 10 anos de prisão se o agente tiver cópula ou coito anal com menor de 14 anos.
No artigo seguinte é definido que “quem tiver cópula com menor entre 14 e 16 anos, abusando da sua inexperiência, é punido com pena de prisão até 4 anos, sendo que é alvo da mesma pena quem praticar coito anal. Violação sexual a crianças em momento algum é referido na lei. “É uma falha”, frisa a responsável pela associação de crianças. “Na lei não está definido se é ou não é criança, trata a violação de forma igual. Não pode ser assim, não deve ser assim”, argumenta.
As penas são também alvo de crítica. Goreti Lima aponta o dedo a um Direito que não protege as crianças. Já Song Pek Kei, deputada por sufrágio directo, caracteriza as penas de “muito leves” para crimes que mereciam “mãos mais pesadas”.
“Em Macau não existe uma punição muito exigente, como por exemplo a pena de morte, mas podemos abordar essa questão”, garantiu a deputada, ao HM. Para a legisladora, as notícias “de casos de abusos de crianças” têm sensibilizado a sociedade para este drama. “É preciso pensar nisto, admitirmos que existe este problema na nossa sociedade, ao fazê-lo será mais fácil tratarmos do assunto e evitar que mais casos venham acontecer. O que está a faltar é a consciencialização deste drama”, defende.
Para o advogado Miguel de Senna Fernandes, “nos tempos que correm”, apesar de não existir, em Macau, um alto registo de números de casos, há “todo o interesse em rodear o tratamento desta matéria com uma medida penal acentuada”. Para Goreti Lima, este devia ser uma “responsabilidade social”. A sociedade devia sentir que têm a obrigação de tornar estes casos públicos e puni-los. Numa conferência na Florida, Estados Unidos da América, a psicóloga espantou-se com a defesa de introdução do ensino sexual no jardim de infância. “Na altura pensei, que horror, esta gente está doida, estão a acordar quem está a dormir. Porque não estava a ver o outro lado da questão, que é quanto mais informação a criança tiver, mais alerta pode estar e pode dizer ‘isto não está certo’”, explica.

Abrir de olhos

É, por isso, que a solução passa sempre pela educação. “Tocar numa criança de forma a estimular os órgãos sexuais ou a própria criança é pedofilia”, garante Goreti Lim, indicando que muitas vezes as crianças “não sabem porque é que aquilo está a acontecer mas até gosta”. “São festinhas, é carinho, é mimo, portanto a criança gosta, mas não está preparada para saber se aquilo está certo. Mas não está. É errado”, frisa. “Temos de avisar que não é certo tocar nas suas zonas íntimas, nem que a criança toque em alguém”, remata.
Da sua experiência, a especialista não tem qualquer dúvida “todos nós temos à nossa volta casos de pedofilia, muitas vezes de pessoas já adultas que foram vítimas em crianças”. As consequências, aponta, são nefastas. Crianças que se tornam problemas com auto-estimas destruídas, com problemas relacionais, marcas profundas. Adultos que em crianças acreditaram numa pessoa amiga. Que, finalmente, lhes roubaram a possibilidade de acreditar e de sonhar.

15 Jun 2016

Património | Queda de telhado de igreja foi “lição” para IC

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] queda de parte do telhado da igreja de Santo Agostinho de Macau, classificado pela UNESCO, “serviu de lição” ao Instituto Cultural (IC) da cidade, que admite a necessidade de aumentar e melhorar as inspecções ao património.
“Este acidente é uma lição para o Instituto Cultural. Após a avaliação das causas, [concluímos que] podemos aumentar as inspecções”, disse ontem Leong Wai Man, chefe do departamento do património cultural, sublinhando a necessidade de aumentar a equipa técnica, modernizar o equipamento e investir em quadros qualificados para a salvaguarda do património.
Além da Igreja de Santo Agostinho – onde parte da estrutura do telhado ruiu no dia 29 de Maio devido às chuvas intensas –, o IC diz-se preocupado com outros quatro imóveis, “em risco de severos danos”: Igreja de Santo António, Seminário de São José, capela de Nossa Senhora da Penha e Armazém do Boi.
“Estamos preocupados que haja mais riscos no futuro. Depois do acidente em Santo Agostinho, receamos que estes cinco espaços possam sofrer mais danos. Já fizemos alguma manutenção”, indicou.
Actualmente, o departamento de protecção do património conta com 40 funcionários, cerca de dez responsáveis pelas duas fiscalizações anuais aos 128 imóveis classificados como património de Macau.

Mau tempo

Após uma avaliação, o IC concluiu que a queda das vigas que suportavam o telhado de Santo Agostinho, uma igreja que data de 1591, se deveu à chuva intensa que se fez sentir naquele período.
“Entre Maio e Junho foram activados seis sinais de chuva intensa. No dia do acidente houve um grande volume de chuva, essa é a causa principal. Foi descoberto um buraco na parede, de suporte da viga, que estava alagado”, explicou a responsável.
Segundo Leong Wai Man, a igreja foi submetida a inspecções em 2015, não tendo sido detectado qualquer “fenómeno anormal” ou praga de formiga-branca, um problema comum em Macau.
As obras de reparação devem durar três meses, sendo também inspeccionada a restante área do telhado para evitar problemas semelhantes. Caso não sejam necessárias mais intervenções, a igreja voltará a abrir ao público.
Um milhão de patacas é o valor estimado para a reparação da Igreja, referiu Leong Wai Man, ao Canal Chinês da Rádio Macau. Apesar do imóvel pertencer à Diocese de Macau, o IC avançou com a reparação, já que “o caso é muito urgente”, negociando depois os custos com o proprietário, que é quem “tem o dever de fazer a manutenção”.
Segundo o Governo de Macau, o dano será reportado primeiro ao Ministério da Cultura da China e só depois à UNESCO.

15 Jun 2016

Zona Norte | Gestora de prédio e moradores em pé de guerra

Moradores e a empresa de gestão de um edifício habitacional na zona norte de Macau, bem perto das Portas do Cerco, continuam a não se entender. Desta vez a empresa vem falar de falta de comunicação

[dropcap style=´circle´]A[/dropcap] empresa de gestão do edifício Pou Fai, junto à fronteira com a China, veio defender-se das acusações de moradores ao jornal Ou Mun. Ieong Ki, gerente da empresa I On Kui, referiu que os conflitos se devem à falta de comunicação com os proprietários dos apartamentos. Em resposta à Associação dos Condóminos do edifício Pou Fai Seaview Garden, Ieong Ki garante que os lugares de estacionamento do prédio, uma das matérias em discussão, nunca foram arrendados a outras pessoas. Outra das queixas dos moradores dizia respeito a um alegado uso ilegal de uma sala de armazenamento de lixo para alojamento, a troco de renda.
Quanto a esta segunda queixa, a gerente confirma o aluguer e explica as razões. “A nossa empresa disponibilizou na sala de armazenamento de lixo um alojamento para os trabalhadores da limpeza, porque as suas casas estão afastadas do edifício Pou Fai. Os empregados têm de trabalhar três vezes por dia e precisam de um período de descanso, pelo que este alojamento é conveniente para eles”, explicou Ieong Ki ao jornal de língua chinesa.
“Quando percebemos que os moradores estavam insatisfeitos sobre esta situação, a empresa pediu de imediato para os trabalhadores retirarem as suas coisas da sala para podermos albergar os equipamentos de limpeza”, referiu ainda Ieong Ki.
A gerente da empresa explicou que o proprietário com maior número de casas é também o que detém o maior número de lugares de estacionamento, pelo que a empresa I On Kui não tem qualquer direito de vender ou arrendar estes lugares para outras pessoas. Quanto à presença de veículos abandonados na zona de estacionamento, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) já foi chamada a intervir, mas referiu que, como se trata de um espaço privado, o Governo nada pode fazer.

Estranho arrendamento

O terraço do edifício Pou Fai está ainda a ser arrendado a uma empresa de telecomunicações para esta instalar equipamentos. Ieong Ki explicou ao Ou Mun que a comissão de condóminos começou a exigir o pagamento da renda no ano passado. “A nossa empresa começou a receber as rendas entre 2013 e 2015, e o dinheiro sempre foi entregue aos moradores. Usámo-lo também para comprar alguns presentes para os idosos durante as férias. A nossa empresa nunca teve nenhum interesse nestas rendas”, disse a gerente da empresa.
Os proprietários do edifício Pou Fai têm vindo a pedir a saída da empresa I On Kui acusando-a de má gestão e de abuso das infra-estruturas do prédio. O pedido, feito com a ajuda de um advogado, gerou num conflito que obrigou mesmo à chamada da polícia. Ieong Ki garante que a empresa ainda não saiu porque isso iria significar vários despedimentos, com consequências negativas para as famílias.

15 Jun 2016

DSEJ quer fim de modelo de repetição de matérias

[dropcap style=´circle´]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) garantiu, em resposta à interpelação escrita do deputado Zheng Anting, que um dos objectivos principais da execução das exigências das competências básicas é cultivar a criatividade dos alunos, por forma a incentivar o seu potencial de aprendizagem. A DSEJ garante que a intenção é acabar com o modelo pedagógico designado de “duck stuffing” – um método de ensino em que os alunos apenas precisam de aprender de cor os conteúdos que os professores indicam que vão estar nos exames.
Na resposta ao deputado, a DSEJ garantiu ainda que já promoveu várias acções de formação dirigida a professores, para que estes tenham a capacidade de orientar os alunos e estes possam desenvolver o pensamento crítico, a criatividade e colocar questões na sala de aula.

Má pedagogia

Na sua interpelação escrita, o deputado Zheng Anting falou das consequências negativas da adopção do método “duck stuffing”. “Actualmente muitas escolas adoptam o modelo pedagógico designado por duck-stuffing, um método em que os alunos precisam apenas de aprender de cor os conteúdos que os professores indicam que vão constar nos exames. Mas com este modelo de aprendizagem os alunos ficam a saber muito mas não compreendem nada. De facto este modelo priva os alunos do seu tempo de descanso e da vida extracurricular, e resulta na sua falta de capacidade para pensar e analisar de forma independente, enfraquecendo a sua competitividade social. O Governo deve analisar e avaliar esta situação e dar instruções às diversas escolas para que introduzam melhorias o quanto antes. O Governo já fez isso?”, questionou.
A DSEJ confirmou ainda que as novas exigências sobre as competências académicas básicas no ensino infantil serão plenamente concretizadas até ao ano lectivo de 2019/2020. A partir de Setembro deste ano, os três primeiros anos do ensino primário vão executar as novas regras, as quais serão implementadas até ao ensino secundário a partir do próximo ano lectivo. Até 2020 as regras serão implementadas nos 15 anos de escolaridade gratuita. Zheng Anting questionou também o Governo sobre os currículos e os materiais pedagógicos adoptados.

Angela Ka
15 Jun 2016

Festival Rota das Letras registou défice nas contas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Festival Literário Rota das Letras tem vindo a registar um défice nas contas finais todos os anos. A garantia foi dada ao HM por Ricardo Pinto, director da Praia Grande Edições, empresa responsável pela organização do evento. “Temos conseguido que o défice do festival tenha sido reduzido de ano para ano, mas não é muito fácil controlar o orçamento do festival, são muitas as condicionantes e os factores imprevisíveis. Temos procurado que o orçamento possa crescer um pouco mas a conjuntura não é muito favorável, já que estamos numa altura em que uma série de entidades têm evocado a situação de menores receitas a nível global.”

Deve e haver

Ricardo Pinto falou ao HM no seguimento de uma carta enviada por um dos vencedores do concurso de contos, Darío Bravo, em que este se queixa do atraso no pagamento do prémio, de 10 mil patacas. Entretanto o valor já foi pago, segundo confirmou Ricardo Pinto e Hélder Beja, director do festival.

“Os gastos excederam as receitas e estamos a levar mais algum tempo do que gostaríamos, mas os pagamentos serão todos efectuados. Dentro de duas a três semanas todos os pagamentos relacionados com o festival estarão feitos”, confirmou Ricardo Pinto.

O vencedor de língua portuguesa, oriundo do Brasil, enviou a carta a todas as redacções de vários meios de comunicação locais e às empresas patrocinadoras do Rota das Letras, falando de má gestão.

“O porquê desta mensagem: tornar público que os organizadores do IV Concurso Rota das Letras não cumpriram a palavra e que eles não têm ideia de quando isso será resolvido; se daqui a um mês, um semestre ou um ano. Se isso se deveu a uma falha organizacional, sugiro que em futuras edições os promotores do evento só anunciem o prémio se tiverem lastro económico, isto é, se estiverem em reais condições de cobrir possíveis percalços e contratempos. Aproveito a oportunidade para desabafar: o assunto me é desconfortável, e eu gostaria de ter sido poupado deste constrangimento”, pode ler-se na carta. Ao HM, Hélder Beja garantiu que sempre respondeu aos e-mails e que nunca foi dito que o pagamento seria efectuado com um ano de atraso. Jane Camens, outra das vencedoras do concurso, também já recebeu o seu prémio, disse a própria ao HM.

14 Jun 2016

Polytec perde lucros e culpa Governo

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egundo a Rádio Macau, a empresa Polytec contava ter um lucro de, pelo menos, 19 mil milhões de dólares de Hong Kong com o empreendimento Pearl Horizon. O valor foi avançado pela construtora ao Tribunal de Segunda Instância (TSI) e que alega que os elevados prejuízos são devido à decisão do Governo de recuperar os terrenos onde estava a ser construída a obra. Através da justiça, a Polytec está a tentar reverter a declaração do Chefe do Executivo que deu por terminada a concessão dos lotes, ao fim de 25 anos sem aproveitamento. A acção principal ainda decorre, mas a empresa perdeu já duas batalhas.
Ainda na quarta-feira, o TSI indeferiu uma providência cautelar e já em Fevereiro, o Tribunal Administrativo tinha rejeitado a primeira acção da empresa que tenta estender o prazo de concessão do terreno por mais cinco anos. A Polytec apresentou recurso para o TSI mas novamente sem sucesso. A decisão foi tomada por um colectivo do TSI presidido pelo juiz José Cândido de Pinho.
A caducidade da concessão do terreno foi declarada em Janeiro deste ano pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário
O colectivo de juízes reconhece que os prejuízos para empresa são elevados, mas diz que os danos podem ser recuperados através de indemnização, caso a construtora acabe por ganhar o recurso que contesta a caducidade da concessão.
No acórdão que indeferiu a providência cautelar publicado na passada sexta-feira, é ainda tornado público que a Polytec fez um investimento directo de 3,6 mil milhões de patacas no projecto Pearl Horizon. A empresa celebrou ainda cerca de três mil contratos promessa de compra e venda de apartamentos e concedeu créditos no valor de 90 milhões de patacas aos compradores. Há ainda um acordo de co-investimento com a New Bedford Properties Limited, que financiou parte do projecto em troca de uma percentagem dos lucros da venda de fracções.

13 Jun 2016

Educação | Novas creches na Ilha da Montanha e em Macau

O Governo prometeu e parece estar a cumprir. Até ao próximo ano cinco novas creches vão abrir portas, uma na Ilha na Montanha e as restantes em Macau. Ao todo, mais de 1400 crianças poderão usufruir do serviço

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Obra das Mães vai abrir uma nova creche no campus da Universidade de Macau, junto à rotunda depois da saída do túnel. A informação foi avançada por Tang Kit Fong, chefe do Departamento de Estudos e Planeamento do Instituto das Acções Sociais (IAS), ao Jornal Ou Mun, que informou que o espaço será ocupado de forma gratuita, mas que o custo de construção será assumido pelos IAS e pela Obra das Mães conjuntamente. Depois de aberto, este espaço será uma das maiores creches de Macau, com capacidade até 200 crianças.
Para já, explica a publicação, a Obra das Mães ainda está a tratar dos trabalhos preliminares, incluindo pormenores logísticos como o transporte das crianças, o aumento da proficiência e o número dos professores e funcionários.
Tang Kit Fong diz acreditar que a nova creche na UM poderá facilitar a vida aos residentes, nomeadamente aos funcionários da universidade, que poderão colocar os seus filhos naquela creche.
Van Iat Kio, presidente da Obra das Mães, espera que o novo espaço possa entrar em funcionamento no fim do ano ou no início do próximo, e que possa aliviar a falta de quotas de estudantes nos creches em Macau.
Depois da anúncio da notícia, alguns funcionários da UM afirmaram, à imprensa local, que iriam inscrever os seus filhos se for necessário. Há também manifestos de interesse por parte do alguns residentes da zona da Taipa.

Trabalho em conjunto

Para facilitar a vida quotidiana de mais de 1,500 funcionários e professores, e dos 3,400 estudantes a frequentar a UM – e a viver naquela zona – já foram instalados serviços como restaurantes, centros comerciais, livrarias, bancos, farmácias, supermercados, entre outros.
Enfrentando a necessidade de acolhimento de crianças dos que moram no campus, o IAS e a UM chegaram ao consenso na atribuição dos trabalhos à Obra das Mães, que conta com uma experiência de mais de quarenta anos de gestão de creches.
“Considerando a vasta experiência acumulada ao longo de mais de 40 anos pela Obra das Mães na gestão de creches, o que é demonstrada pela boa qualidade de serviços prestados pelas suas três creches, o IAS convidou especialmente a referida associação para criar a referida creche, por forma a poder proporcionar serviços de qualidade às crianças que a irão frequentar”, indicou o Governo, em comunicado. O IAS vai ainda lançar um projecto de investigação com a Faculdade de Educação relativamente ao ensino infantil.

13 Jun 2016

Turismo | Promover a estada de turistas é a solução para Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s conclusões parecem ser simples. Durante a segunda sessão da consulta pública sobre o Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau, no sábado passado, os participantes chegaram a um consenso. Se Macau se quer tornar no Centro Mundial de Turismo e Lazer precisa de atrair os turistas e mantê-los cá, pelo menos mais tempo que o até agora registado. Segundo os últimos dados apresentados pelo Governo, os turistas permaneceram no território, em média, 2,1 dias e os excursionistas 0,2 dias.
Os presentes na sessão sugeriram que os preços dos hotéis devem diminuir para que mais turistas fiquem. É também necessário aumentar a qualidade do serviços dos mesmo e adicionar facilidades e serviços aos turistas de faixas etárias diferentes, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos.

Mais que jogo

Um representante da Associação de Promoção de Guia de Turismo de Macau afirmou que a grande massa de turista, provenientes do interior da China, só conhece o Jogo em Macau, desconhecendo a cultura ocidental e oriental patente no território. O participante sugeriu que os Serviços de Turismo devem, quando estão a fazer promoção de Macau, aprofundar melhor a história e a cultura. Só assim, diz, os turistas irão perceber que existe um outro lado de Macau.
Ma Yong, director da Faculdade do Turismo Internacional e Gestão da Universidade da Cidade de Macau e especialista em Planeamento de Turismo diz que esta mistura cultural do território não está bem explorada pelo Governo. “Passar pelos bairros e visitar os museus são visitas muito superficiais, ” afirmou, explicando que muitos países já inventaram produtos, ou serviços, que promovem o envolvimento dos turistas. Por exemplo, apontou, há equipamentos que podem, aproveitando as novas tecnologias, contar as histórias do monumentos de uma forma moderna e interactiva. Enquanto se está a valorizar o património está também a promover-se uma maior estada por cá, apontou.
Até ontem, a consulta pública do Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau recolheu um total de 167 sugestões dos cidadãos. Para já, os assuntos predominantes nas sessões são os produtos turísticos, a qualidades dos serviços e o desenvolvimento do turismo.

13 Jun 2016

Videovigilância | Mais de 200 câmaras a funcionar em Julho

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] primeira fase do sistema de videovigilância no território vai começar a entrar em funcionamento já a partir de Julho, confirmou Leong Man Cheong, comandante da Polícia de Segurança Pública (PSP), citado pelo jornal Ou Mun. Em relação às outras três fases de instalação de câmaras, a PSP ainda está a trabalhar nas obras de instalação e pedidos, para tudo seja feito de forma ordenada, disse o responsável.
A primeira fase do sistema de videovigilância vai levar à instalação de 219 câmaras nos arredores dos postos transfronteiriços, as quais começam a funcionar em Julho, dez meses após terem sido instaladas. As 263 e 338 câmaras da segunda e terceira fases, respectivamente, serão instaladas em zonas onde a insegurança é maior, nas principais vias e locais turísticos. Na quarta e última fase serão instaladas 800 câmaras de videovigilância em lugares mais isolados de Macau. Mesmo sem o recurso às câmaras, o comandante da PSP confirmou que houve um aumento de patrulhas em várias áreas.
O regime jurídico da videovigilância em espaços públicos entrou em vigor em 2012 mas só agora está a ser plenamente implementado. Todos os dados capturados e questões relativas à instalação são da competência do Gabinete para a Protecção dos Dados Pessoais, para que os dados e imagem dos locais não sejam violados.

10 Jun 2016

Galgos | Reportagem da ABC denuncia exportação ilegal

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Greyhound Racing NSW, órgão regulador das corridas de galgos do estado australiano de Nova Gales do Sul, acusou 179 treinadores e donos de cães de violarem as regras da indústria ao alegadamente enviarem, sem autorização, animais para a Macau. Segundo a emissora pública australiana, ABC, as acusações surgem no âmbito de uma investigação, lançada pelo órgão regulador estadual em Dezembro, a exportações de galgos para Macau.
A investigação foi motivada após a divulgação de um trabalho do programa televisivo “7.30”, que revelou como centenas de galgos australianos, considerados demasiados lentos para competir, foram exportados para a Ásia, violando as regras das corridas.
Lyn White, presidente da associação Animals Australia, alertou que as condições dos galgos em Macau são “repugnantes”, e disse ao programa, na altura, que a ida para Macau representa “para esses cães uma pena de morte”.
O regulador do estado de Nova Gales do Sul baniu a exportação de galgos para Macau em 2013. Se os acusados forem considerados culpados, enfrentam multas, suspensão e possível desqualificação da modalidade desportiva. Organizações de todo o mundo, incluindo a Animals Australia, levam a cabo uma campanha para encerrar a pista de corridas de Macau, a seis meses do fim da concessão.
Segundo a associação local de protecção dos animais Anima, centenas de cães são abatidos todos os anos por já não serem considerados rentáveis. Os animais estão frequentemente lesionados, são submetidos a treinos cruéis e acondicionados em espaços sem condições, segundo as associações.

10 Jun 2016

Habitação pública | Estudo da UM inconclusivo. Governo faz nova consulta pública

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto da Habitação (IH) vai realizar uma consulta pública sobre a criação de uma nova tipologia de habitação pública depois de ter recebido um estudo realizado pela Universidade de Macau (UM). Segundo declarações de Arnaldo Santos, presidente do IH, ao Jornal do Cidadão, o estudo não trouxe nenhuma conclusão para uma nova tipologia.
“Os resultados mostraram que parte dos inquiridos concordam com a criação de uma nova tipologia de habitação pública, uns não discordam e outros não têm qualquer ideia sobre isto. O estudo não dá qualquer orientação para o Governo e então vamos precisar de mais sugestões”, explicou o director.
O IH está ainda a preparar o documento de consulta pública, tendo Arnaldo Santos garantido que até finais deste ano será lançado o processo, por forma a recolher opiniões de vários sectores.
Dado o início do estudo da UM, o Governo suspendeu o Plano de Aquisição de Imóveis para Habitação por Residentes o ano passado. Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, referiu que era necessário o Governo analisar uma nova tipologia de casas públicas, por forma a facilitar um maior acesso de residentes aos concursos. Raimundo do Rosário confirmou também que a decisão da realização do estudo foi tomada antes de assumir o cargo no Executivo.
De referir que um relatório recente do Comissariado de Auditoria fez referência ao excesso de despesas públicas relacionadas com estudos, consultadorias e sondagens que não tiveram nenhum resultado.

10 Jun 2016

Função Pública | Mudaram as regras de recrutamento

SAFP vão analisar as competências gerais dos candidatos. Depois haverá outra avaliação por departamentos. Para Coutinho, isto é aumento de burocracia

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi anunciado esta quarta-feira no Conselho Executivo a proposta que vai alterar a formar como se recruta na Função Pública. Segundo a agência Lusa, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) vai avaliar as aptidões gerais de cada candidato, podendo, depois, os candidatos aprovados submeter-se a uma segunda etapa, de aferição de “competências funcionais”, efectuada por departamentos específicos, para vagas existentes no momento.
Questionado sobre as novas regras, o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), José Pereira Coutinho, falou do aumento de burocracia.
“Há que verificar se, em primeiro lugar, há um processo mais célere na contratação dos trabalhadores. No passado, com o recrutamento central organizado pelos SAFP, para contratar um mero condutor, levava cerca de dois anos e o processo era muito moroso. Agora estão a dividir as coisas para que o recrutamento continue a ser dos SAFP, mas quem vai ver as qualificações das pessoas são os próprios departamentos. Penso que isto é mais burocracia, muita gente a pegar no mesmo processo. Mais valia que o recrutamento fosse entregue directamente aos serviços. É muita burocracia e não vejo que haja um sistema mais justo de contratação e mais célere”, disse ao HM.
Coutinho considera que o recrutamento centralizado “mostrou ser um falhanço”. “Com os SAFP metidos na contratação, quando deveriam estar alheios, vão demorar mais tempo. Se for o próprio departamento a resolver o caso demora menos tempo a contratar uma pessoa”, concluiu. O HM tentou contactar mais dirigentes de associações mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.

10 Jun 2016

10 Junho | Governo português quer reforçar trabalhadores nos consulados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, referiu, na sua habitual mensagem por ocasião do 10 de Junho, que o Governo português quer continuar a resolver a falta de recursos humanos nos diversos consulados espalhados pelo mundo, sendo que o consulado em Macau não é excepção.
“Outra das preocupações políticas é a reparação gradual das insuficiências mais críticas, designadamente em recursos humanos, da rede consular. O novo Sistema de Gestão Consular (eSGC) vai permitir uma maior simplificação e modernização dos serviços prestados aos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro e um melhor e mais eficiente funcionamento da rede diplomática e consular”, pode ler-se no comunicado.
Lembrando que o Instituto Camões tem duas redes de ensino do português no estrangeiro, com existência em 17 países e com mais de 68 mil alunos e 815 professores, José Luís Carneiro destacou ainda o papel do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). “No plano institucional deve fazer-se especial menção ao CCP e ao seu insubstituível papel de representação e consulta.” No último Congresso do Partido Socialista (PS), Tiago Pereira, coordenador-geral da secção do partido em Macau, pediu o fim do CCP.
José Luís Carneiro referiu ainda que os objectivos do Executivo português são a aposta na “promoção da participação eleitoral dos emigrantes através de um trabalho que visa garantir a melhoria dos processos de recenseamento e das condições de exercício do direito de voto”.

10 Jun 2016

IPOR | CESL-Ásia continua a ser um dos associados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] CESL-Ásia mantém-se, afinal, como um dos associados do Instituto Português do Oriente (IPOR). O HM confirmou esta informação junto do próprio director do IPOR, João Laurentino Neves, que referiu que a empresa “se mantém como um dos associados e não formalizou a sua saída”. “Não lhe posso dizer se vai ou não sair, é uma decisão do próprio associado”, disse ainda Laurentino Neves. António Trindade, CEO da CESL-Ásia, referiu não ter informações sobre o assunto.
O director do IPOR confirmou que a única saída de facto concretizada foi a do Banco Espírito Santo (BES, actual Novo Banco). O HM questionou o IPOR depois de ver que, um ano depois de noticiar a saída destes dois associados, os logótipos das empresas se mantém no website da entidade de ensino do português.
Em Maio de 2015 o HM questionou António Trindade sobre o assunto, o qual se justificou com a saída da Somague do quadro accionista da CESL-Ásia. “Tínhamos uma pequena participação no IPOR, que foi correspondendo a uma indicação do então sócio maioritário da CESL-Ásia, a Somague, a quem tinha sido pedida a participação no IPOR. A CESL-ÁSIA deixou de ter raízes no IPOR em Portugal e o papel no IPOR deixou de fazer sentido”, disse o CEO na altura. João Laurentino Neves não confirmou quando é que o lugar deixado vago pelo antigo BES vai ser ocupado.

10 Jun 2016

Hotel Estoril | Siza Vieira aceita recuo do Governo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] arquitecto português Álvaro Siza Vieira diz “naturalmente” aceitar a decisão do Governo de Macau de realizar um concurso público para a reconversão do antigo Hotel Estoril, apesar de o projecto ter sido encomendado ao Prémio Pritzker.
“Tomei conhecimento da decisão em organizar um concurso para o projecto respectivo, decisão que naturalmente aceitei, comunicando-o ao excelentíssimo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura”, disse o arquitecto, em resposta escrita à Agência Lusa. Na sexta-feira, o Secretário Alexis Tam anunciou que por uma “questão política”, o projecto do hotel deixaria de ser entregue por ajuste directo a Siza Vieira, já que muitos arquitectos locais manifestaram interesse em participar, o que só seria possível com um concurso público.
Questionado, ainda na sexta-feira, sobre se já tinha informado o arquitecto português, o governante respondeu que “muito por alto, informalmente”, indicando que Siza será convidado a participar no concurso. “Vai ser convidado, em vez de ser adjudicação directa. [O ajuste directo está] de acordo com a legislação. Só que isso foi a ideia do ano passado. Hoje em dia, a situação é diferente porque muitos arquitectos querem concorrer. No fim, é uma questão política”, afirmou Alexis Tam, citado pela Rádio Macau e pelo canal em português da TDM.

8 Jun 2016

Lai Chi Vun | Arquitecto quer preservação de toda a área

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] arquitecto André Chak Keong Lui disse ao Jornal do Cidadão que o Governo deve preservar todas as casas e estaleiros da povoação de Lai Chi Vun, em Coloane, já que, caso seja mantida apenas uma parte, o valor histórico e cultural da zona vai perder-se.
André Chak Keong Lui falou do exemplo da Avenida Almeida Ribeiro, em que todos os edifícios são mantidos, referindo que a povoação de Lai Chi Vun deve ser classificada e que devem ser conhecidos os detalhes do futuro planeamento.
O responsável considera que é fácil resolver os problemas de reparação e do risco de queda que actualmente afectam a maior parte dos estaleiros. “As casas podem ser transformadas em museu sem que sejam destruídas, como foi feito com a Casa do Mandarim, que também chegou a ser considerado um edifício em risco de queda, mas que foi reparado pelo Instituto Cultural. A melhor maneira para resolver o problema é manter a estrutura original e uma transferência da utilização desses espaços”, sugeriu.
Actualmente os dez estaleiros estão em risco iminente de ruína e o Governo já referiu que não deseja prolongar a sua licença de ocupação, estando neste momento fechados por uma questão de segurança, referiu ontem o Governo num comunicado. Houve suspeitas de que o Governo estaria a tentar recuperar os terrenos para a alçada da Administração, mas a Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) já disse que não vai recuperar os terrenos onde estão os estaleiros.

Sem consenso

Ao canal chinês da Rádio Macau, o presidente do IC, Ung Vai Meng, disse que o organismo já apresentou uma sugestão para a recuperação dos estaleiros de Lai Chi Vun mas que ainda não foi atingido consenso com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), sendo que isso levou a que não tenham sido publicadas mais informações sobre o projecto.
Li Canfeng, director da DSSOPT, confirmou que o Governo ainda não tomou uma decisão final sobre a zona e que ainda está a estudar a questão com outros departamentos. Li Canfeng referiu que, para já, a segurança dos estaleiros é a prioridade.

8 Jun 2016

DSAT | Centro logístico só depois de concessões para Jogo

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) referiu que irá publicar mais informações sobre o terreno onde está prevista a construção de um Centro Logístico, algo que só acontecerá depois de confirmadas todas as concessões territoriais para o sector do Jogo, no Cotai.
Lam Hin San, director da DSAT, indicou, em resposta a uma interpelação do deputado Si Ka Lon, que o Governo está a alterar o plano de desenvolvimento do Cotai, plano este que envolve a construção mais hotéis e complexos desportivos. Está ainda prevista a construção do Centro Logístico, algo que só acontecerá depois de todas as concessões para o sector de Jogo e Lazer estarem definidas.
Apesar do Governo já ter reservado um terreno destinado para o sector logístico, na Ilha Artificial do Posto Fronteiriço de Macau da Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau, Lam Hin San explicou que actualmente a Administração está em fase de estudo e análise detalhada, portanto, ainda não existe um calendário de trabalho.
Relativamente ao desenvolvimento do comércio electrónico, Lam Hin San acrescentou que a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) está a planear assinar mais um acordo de cooperação, nesta área, com a Comissão do Comércio do Município de Guangzhou, promovendo uma maior cooperação e a possibilidade de explorar o mercado do Interior da China. Algo que, diz, poderá alargar o espaço de desenvolvimento desta indústria.

7 Jun 2016