Flora Fong PolíticaWong Kit Cheng preocupada com falta de recursos humanos na Alfândega [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Wong Kit Cheng está preocupada com a falta de recursos humanos nos Serviços de Alfândega (SA) e por isso quer saber como é que as autoridades irão melhorar o regime de carreiras para preencher o que diz ser uma insuficiência. Numa interpelação escrita, Wong Kit Cheng lembrou que o Conselho de Estado da China confirmou, em Dezembro passado, a gestão a cargo de Macau de 85 quilómetros quadrados de águas marítimas, conotando-a como uma política que irá trazer grandes vantagens para o território. No entanto, o alargamento desse direito de gestão, diz, faz também aumentar a necessidade de mão-de-obra, instalações e regulamentos complementares. Segundo o quadro dos SA devem existir 1600 funcionários ao todo, algo que não acontece actualmente, pois de momento os Serviços contam com 1100 trabalhadores, menos 500 do que os necessários. Apesar de um aumento de 37 funcionários alfandegários, que entraram para o Departamento de Inspecção, a deputada considera ser difícil lidar com todos os novos trabalhos. É necessário, apontou, melhorar o sistema e os equipamentos do pessoal para atrair mais trabalhadores. “O subdirector dos SA, Sin Wun Kao, admitiu durante o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) a falta de mão-de-obra e necessidade de revisão do regime de promoção [nas carreiras]. Pergunto como é que o organismo vai melhorar o regime para preencher a insuficiência do pessoal alfandegário?”, indagou. Além disso, Wong Kit Cheng quer ainda saber como é que a Alfândega irá aumentar a formação do pessoal, assegurando a capacidade de cumprir todos os trabalhos com a nova gestão sobre as águas.
Filipa Araújo Manchete PolíticaEleições | Governo diz não ter condições para votos no exterior Zheng Anting pediu, mas o Governo diz que não. Os eleitores que não estão em Macau vão continuar sem poder votar, porque a Administração não tem condições para que isso aconteça [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s residentes de Macau que moram no exterior vão continuar sem poder votar nas eleições para a Assembleia Legislativa (AL), uma vez que não existe mecanismo para que isso possa acontecer e não há condições para tal. Quem o diz é o Governo, numa resposta ao HM. “Para colocar pontos de votação fora do território é necessário considerar o transporte de votos, número de pontos de votação, a escolha da localização e os recursos humanos”, diz o Executivo, que enumera ainda as despesas das eleições e a coordenação com as entidades de outras regiões, entre outros “factores incertos”, como justificações. “Antes de haver condições maduras, a RAEM não considera adicionar esse mecanismo na legislação eleitoral.” O esclarecimento dado ao HM surge depois de, numa interpelação escrita entregue no início do mês, o deputado Zheng Anting apelar ao Governo a implementação de um sistema que permita aos residentes de Macau no estrangeiro votar. O deputado chega mesmo a pedir que seja realizada uma consulta pública sobre o assunto antes de 2017, altura das próximas eleições para a AL. Direito de todos Existindo milhares de residentes de Macau a trabalhar ou estudar no estrangeiro, assim como idosos que se encontram a viver em lares do interior da China, o deputado argumentou os benefícios da implementação de um novo sistema de voto. Para Zheng Anting, estas pessoas usufruem dos mesmos direitos de eleger e ser eleitos, tal como dita a Lei Básica. “Já há muitas opiniões que apelam ao Governo para estudar o regime de votação à distância através da designação de locais de voto, para que os residentes possam participar nas eleições quando estão no estrangeiro. Actualmente vários países e regiões com sistemas mais democráticos usam este sistema”, lembrou o deputado. O Governo explica, na resposta, que “a legislação eleitoral tem regulamentos claros sobre os procedimentos de votação, para assegurar a justiça e equidade” e que “ não existe um mecanismo de colocar pontos de votação em regiões fora de Macau”, nem vai haver.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaBIR | Conselho das Comunidades pede intervenção de Sereno As exigências salariais e registos bancários que estão a ser pedidos no processo de atribuição do BIR levou o Conselho das Comunidades Portuguesas a pedir a intervenção do Cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno. Este promete abordar o assunto no próximo encontro com o Secretário [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s portugueses que pretendem obter o seu Bilhete de Identidade de Residente (BIR) pela primeira vez, ou que visam apenas renovar a residência, têm sido confrontados pelas autoridades com a obrigatoriedade de apresentação de extractos bancários, para além de serem exigidos salários superiores a 25 mil patacas para garantir a permanência no território. Tais requisitos levaram o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) a pedir ontem ao Cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno, uma intervenção junto do Executivo. Segundo José Pereira Coutinho, um dos três Conselheiros, a situação acontece desde 2014, ano em que Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, visitou o território. “Chegou a altura do Cônsul-geral intervir e fazer um ponto de situação sobre esta matéria. Temos recebido dezenas de pedidos de apoio dos portugueses e sabemos que estas situações só se podem resolver a nível diplomático junto das autoridades locais, para que o sistema seja mais transparente e para que todas as pessoas percebam quais são os requisitos, para que estes sejam iguais para todos”, disse José Pereira Coutinho ao HM. Desbloqueámos vários casos junto do Secretário para a Segurança [Wong Sio Chak], mas achamos que com o novo Governo [em Portugal] essas questões têm de ser resolvidas de uma vez para sempre, para que as pessoas que vêm trabalhar para Macau mantenham a confiança”, disse ainda o Conselheiro do CCP. Ilegalidades? Para o Conselheiro, as exigências dos extractos bancários e dos salários são ilegais. “Nada vem na lei que as pessoas, para determinadas profissões, tenham de ter um determinado salário e os salários que estão a ser exigidos são extremamente elevados, na medida em que há várias profissões em que os salários são inferiores a 25 mil patacas”, referiu. Para além disso, diz, apresentar os movimentos bancários não é a forma mais correcta de controlo das pessoas. “Não temos casos de pessoas que se tenham aproveitado do sistema para permanecer em Macau e que tenham tido problemas sociais com a sua sobrevivência”, apontou Pereira Coutinho. Na carta, o CCP pede que a intervenção do Cônsul-geral ajude “a proceder de uma forma mais expedita os pedidos de autorização de permanência e acabar de vez com os pedidos de movimentos bancários e salários exagerados aquando da análise dos pedidos”. Confrontado com esta questão, Vítor Sereno garantiu ao HM que vai abordar o assunto no próximo encontro com Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança. “Tenho mantido contactos regulares com o Gabinete do Secretário para a Segurança e feito avaliações periódicas sobre tudo o que diz respeito à comunidade portuguesa. Temos tido [do Secretário] a maior abertura e simpatia para a resolução dos nossos problemas. Este tema de [ontem] na carta será seguramente um dos assuntos que será colocado no próximo encontro”, disse o Cônsul-geral de Portugal em Macau. Numa recente entrevista concedida à Rádio Macau, Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, também fez críticas às exigências burocráticas que têm sido feitas, considerando a situação um “exagero” e uma prática “ilegal”. O HM tentou obter mais esclarecimentos junto dos Serviços de Emigração e da Direcção dos Serviços de Identificação, mas até ao fecho da edição não foi possível obter respostas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaIniciativa para apresentação de Lei Sindical pelo Governo continua a ser “estudada” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo continua a não revelar uma posição clara quanto à possibilidade de apresentar uma proposta de Lei Sindical. Em resposta ao HM, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) afirma que o Executivo “tem vindo a manter uma atitude aberta sobre a elaboração da Lei Sindical”, mas não avança nada de concreto. O Governo acrescenta apenas que “irá auscultar, através de diferentes meios, as opiniões e sugestões dos sectores sociais sobre a elaboração da mesma”. É esta a posição oficial numa altura em que a Assembleia Legislativa (AL) se prepara para votar, pela sétima vez, um projecto de Lei Sindical apresentado pelos deputados. Ella Lei, Kwan Tsui Hang e Lam Heong Sang, todos ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), tiveram a iniciativa de apresentar o diploma. Anteriormente, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), através de Jorge Fão, quando deputado, e José Pereira Coutinho teve a mesma iniciativa, que registou sucessivos chumbos do hemiciclo. Aqueles que há muito esperam pela legislação de um dos direitos dos cidadãos consagrado na Lei Básica têm esperança que, desta vez, possam obter o apoio de todos os membros da AL. Numa recente entrevista ao HM, a deputada Kwan Tsui Hang admitiu já ter contactado os deputados para obter votos a favor e disse que cerca de metade dos membros admitiram apoiar o projecto de lei. “Não tenho muita certeza, mas estamos a tentar ganhar apoio. Mas alguns já mostraram que não vão votar a favor”, alertou, contudo, a deputada. Kwan Tsui Hang frisou ainda que o Executivo não deverá apresentar o seu projecto de lei a curto prazo. “Creio que o Governo não vai apresentar [a lei] num futuro próximo, porque o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) ainda não discutiu sobre esse assunto, apesar dos constantes pedidos dos representantes dos trabalhadores”, rematou. José Pereira Coutinho garantiu ao HM que espera que os deputados nomeados possam votar a favor da lei no plenário de amanhã. “Vejo com grande esperança o facto de haver colegas que finalmente decidiram apresentar o projecto. Espero que reúna o consenso e os votos necessários para a sua apreciação na generalidade. Não vai ser fácil [obter o apoio], mas acredito que se houver da parte do Chefe do Executivo uma boa vontade, e se der indicações positivas para que os deputados nomeados tenham abertura em relação a este diploma, então não vejo razão para que continuemos a aceitar lacunas desta natureza”, frisou o deputado directo.
Leonor Sá Machado PolíticaRevisão a crimes Sexuais entra em processo legislativo este ano [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]proposta de lei que vai alterar o capítulo do Código Penal referente aos crimes sexuais no território vai entrar em processo legislativo entre Julho e Dezembro deste ano, de acordo com declarações de Anson Ham, um representante da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ). Foi no programa Fórum Macau da TDM que o chefe substituto do Departamento de Estudo do Sistema Jurídico e Coordenação Legislativa da DSAJ confirmou a vontade do organismo em ter estes crimes em processo legislativo no segundo semestre deste ano. “Será elaborado o relatório final de consulta pública e a proposta de lei, para que se possa iniciar o processo legislativo de revisão, no decurso do segundo semestre do corrente ano”, escreve a DSAJ em comunicado. Em cima da mesa está uma revisão parcial ao Código Penal, nomeadamente à parte que diz respeito aos crimes sexuais, como são o assédio sexual, o lenocínio e a introdução de novos crimes. A ideia é “fortalecer o combate à actividade de prostituição e a introdução do crime de recurso à prostituição de menor para melhor proteger os menores, a introdução da importunação sexual”, entre outras alterações”, escreve a DSAJ. Recorde-se que, como o HM noticiou o ano passado, na revisão aos crimes sexuais inscritos no Código Penal, o Governo quer também rever os artigos relacionados com lenocínio e prostituição, uma “deixaram de estar ajustados ao desenvolvimento e às exigências sociais”. O programa teve lugar no passado dia 17 e contou com a presença da deputada Wong Kit Cheng, o coordenador do departamento de Sociologia da Universidade de Macau, Spencer Li, e o advogado Leong Weng Pun. A DSAJ garante já ter ouvido a opinião dos Tribunais, do Ministério Público, de advogados e de associações académicas e sociais e estudado, “intensiva e cientificamente, as políticas criminais gerais de Macau, a realidade social, a opinião do público e as características e tipos de comportamentos criminais”, informa a mesma direcção. A revisão está na fase da consulta pública até dia 22 de Fevereiro.
Flora Fong PolíticaBilinguismo | Ho Ion Sang questiona medidas do Governo O deputado directo quer saber se o Governo vai reforçar acções para a formação de profissionais que dominem o Português e o Chinês no campo jurídico. Um sector, cuja situação, diz, é horrível [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Ion Sang entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona os planos de longo prazo para a formação de profissionais bilingues na área jurídica, bem como as medidas que serão adoptadas para melhorar os conteúdos das publicações de Direito de Macau. “No relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016 o Governo disse que vai formar mais profissionais bilingues. Quais os recursos que o Governo vai investir nesta área a curto e longo prazo? Será que existe um mecanismo para reforçar a formação de profissionais bilingues na área judicial?”, questionou o deputado directo. Ho Ion Sang lembrou que os departamentos governamentais são os que mais necessitam de profissionais que dominam o Português e o Chinês mas, segundo dados divulgados pelo Executivo em 2014, só 30% dos funcionários públicos falavam Português. “No futuro, a ideia de ‘Um Centro, Uma Plataforma’ vai continuar a desenvolver-se em Macau e a procura destes profissionais vai aumentar. Neste momento há algum tipo de formação disponível para os funcionários públicos? Será analisada a situação dos recursos humanos bilingues em Macau?”, acrescentou. O deputado à Assembleia Legislativa (AL) fala ainda da fraca participação nos cursos existentes. “De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, de 2014, só sete pessoas se inscreveram no curso de tradução e interpretação organizado pelo Governo. A situação dos funcionários bilingues na área jurídica é horrível, sendo que faltam 91% destes profissionais para o sector”, frisou.
Flora Fong PolíticaKwan Tsui Hang questiona falta de supervisão de espaços de entretenimento [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Kwan Tsui Hang está preocupada com a segurança das instalações de entretenimento de grande dimensão e pede uma fiscalização mais apertada no que diz respeito à manutenção e reparação destes espaços. A ideia foi sugerida numa interpelação escrita, redigida depois do incidente na roda-gigante do Studio City em Dezembro passado, que deixou uma série de visitantes presos dentro das cápsulas durante uma hora. Kwan Tsui Hang lembra que, embora o Governo tenha elaborado, em 2014, as Instruções para Apreciação, Aprovação, Vistoria das Instalações de Entretenimento de Grande Dimensão, estas apenas incidem sobre o design e a obras até que o espaço fique concluído. No entanto, faltam requisitos que obriguem à manutenção e reparação depois desta entrar em funcionamento. “Mesmo que a construção destas instalações seja devidamente fiscalizada, faltam normas que regulamentem o seu funcionamento futuro e que obriguem a certos critérios de manutenção e reparação”, explicou. A deputada duvida que o Governo consiga assegurar a segurança dos cidadãos e turistas sem a devida supervisão numa base de manutenção diária. “Que medidas é que o Governo tem para garantir a manutenção e reparação a um nível positivo, de instalações de entretenimento de grande dimensão?”, questionou. Além disso, Kwan Tsui Hang afirma ainda que o Governo criou, em 2012, um grupo de trabalho interdepartamental para a melhoria da supervisão de instalações mecânicas e eléctricas. O grupo é responsável por criar uma base de dados centralizada, um regime de formação e um exame para os trabalhadores. A deputada quer saber como está o processo desses trabalhos.
Filipa Araújo PolíticaSecretário pede mais consciência a nova equipa do IAS [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ecorreu ontem a tomada de posse dos dois novos vice-presidentes do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai e Au Chi Keung, e de vários cargos de chefia do mesmo organismo. Depois da reestruturação que atribuíram ao organismo as funções de reinserção social, que eram dos Serviços dos Assuntos de Justiça, os novos vice-presidentes mostram-se confiantes com o futuro. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, presente no momento, apelou ao trabalho da nova equipa. “Gostaria de aproveitar o momento para alertar todos os colegas que no futuro têm de aumentar a vossa consciência no trabalho e perceber melhor quais as necessidades da população, bem como aumentar a vossa capacidade profissional. Peço-vos para trabalhar no futuro ainda mais activamente”, rematou. Hon Wai mostrou-se muito empenhado no desafio que agora abraça, garantindo esforços no atendimento das solicitações da sociedade. “Após o retorno de Macau à China, tem-se assistido ao rápido desenvolvimento político e económico e os problemas familiares e comunitários tendem não só a complicar-se como também a ficar camuflados. Irei desempenhar as minhas funções no sentido de conjugar forças das equipas do serviço social (…)”, discursou Au Chi Keung.
Flora Fong Manchete PolíticaLei Sindical | Ella Lei critica atitude passiva de Chui Sai On: “O Governo não pode não ter um papel a assumir” A Lei Sindical é fundamental e o Governo tem a “responsabilidade” de a fazer, mas está há anos a esquivar-se. É o que diz Ella Lei, que apresentou com Kwan Tsui Hang e Lam Heong Sang um projecto que vai a votos amanhã. Tudo se pode esperar de deputados nomeados, diz, habitualmente “contra” a protecção aos trabalhadores [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]orque é que decidiram apresentar agora o projecto da Lei Sindical? Não apresentámos o projecto de forma repentina mas, como temos vindo a dizer, a [criação] da Lei Sindical está fundamentada através da legislação de Macau. A Lei Básica regulamenta a liberdade de organizar e participar sindicatos, de fazer greve. A Convenção Internacional assinada por Macau [relativamente ao trabalho] tem artigos sobre os direitos de organização sindical. No entanto, ao longo dos anos, o Governo nem fez muitos estudos, nem impulsionou a criação da lei. Já consultámos as associações da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) e queremos apresentar o projecto e ganhar apoio, sendo que, se for aprovado [na generalidade], podemos discutir mais detalhes da lei. É mesmo preciso haver esta discussão neste território para que todos entendam porque é que necessitamos da Lei Sindical. Existem algumas diferenças entre este projecto e os anteriores apresentados pelo deputado Pereira Coutinho? Não comparamos, mas o projecto que elaborámos, fizemo-lo junto das associações e tendo em conta as suas opiniões. Tiveram ajuda de especialistas ? Agradecemos também aos assessores jurídicos da Assembleia Legislativa, porque eles apresentaram sugestões e eventuais problemas do projecto original para fazermos uma correcção. Acredito que cada associação tem o seu ponto de vista sobre a Lei Sindical e ouvimos diferentes opiniões. O que quero é apenas promover, discutir e implementar a lei. Os antigos projectos de Lei Sindical foram seis vezes chumbados. Acredita que desta vez os deputados vão votar a favor? Já contactaram alguns? Quando nos encontrámos com alguns deputados, ficamos com a esperança de que eles vão apoiar o projecto, mas não posso dizer agora quantos colegas do hemiciclo vão votar a favor. Cada deputado tem as suas opiniões. Só demos as nossas opiniões e razões para a necessidade da Lei Sindical. Quando há conflitos laborais, a parte laboral fica sempre em desvantagem face ao patronato, em qualquer situação económica. A Lei Sindical fará equilibrar esse problema e vai ajudar a resolver os conflitos laborais. Daí que tentemos ao máximo ganhar apoio. Mas pensa que a área que os deputados representam pode ter influência? Por exemplo, os deputados nomeados e da área comercial podem votar contra? Não apenas face à Lei Sindical, mas também quando discutimos a revisão de leis sobre o trabalho, metade de deputados tem opiniões contra. Agora é ver se nos apoiam no dia 20. Esses deputados poderão votar a favor apenas se Chui Sai On concordar com o projecto da lei? Não faço ideia se esse será o caso. O Governo declara sempre que tem uma atitude aberta perante a Lei Sindical, mas não concordo com isso. Em relação aos assuntos sociais, o Governo não pode não ter um papel para assumir. Por exemplo, quando as associações internacionais laborais pedem ao Governo que entregue um relatório para ver se está a pôr em prática o que diz a Convenção Internacional, o Governo diz apenas e sempre que “tem uma atitude aberta”. Para mim, isso não chega. O Governo deve ter uma ideia fundada, não apenas deixar os representantes dos trabalhadores e empregadores sozinhos face a um eventual consenso sobre a lei. Portanto, considera que tanto o Governo como o Chefe do Executivo ainda não têm uma opinião clara sobre a Lei Sindical? Considero que eles têm essa responsabilidade. Isto não é apenas uma política que mereça discussão, é um princípio consagrado na Lei Básica e é preciso esta lei para pôr em prática os direitos e liberdade dos trabalhadores e sindicatos. O Governo tem um grande papel nesta matéria mas, depois de tanto tempo, o Chefe do Executivo ainda não promoveu a implementação desta lei. Se este projecto de lei for reprovado, acredita que o Governo irá apresentar outro no futuro? Como já disse, o Governo tem essa responsabilidade e é também o que vamos solicitar [se o projecto reprovar]. O que nós vamos fazer é continuar a impulsionar a Lei Sindical, mesmo que possa demorar muitos anos, temos que nos esforçar. O vosso projecto de Lei Sindical também engloba os Trabalhadores Não Residentes (TNR). Quando elaborámos o projecto de lei não separamos a definição de trabalhadores locais e de TNR. O objecto da lei são os trabalhadores. Daí termos incluído os TNR propositadamente.
Flora Fong PolíticaNova passagem entre Zhuhai e Macau pode abrir em 2017 As autoridades de Zhuhai apontam 2017 como data de abertura de mais um canal fronteiriço, mas o GDI diz que só há condições para tal depois da transferência do mercado abastecedor, que não se sabe quando acontecerá [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Zhuhai asseguraram que o projecto de construção da nova passagem Guangdong-Macau poderá ser concluída este ano, sendo que, assim, tudo aponta para que o futuro posto fronteiriço abra no próximo ano. O Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) não confirma o anúncio, afirmando que a obra só pode começar depois de se mudar o mercado abastecedor da Nam Yue de sítio. Segundo o Jornal Ou Mun, o governo da cidade vizinha publicou recentemente numa proposta de trabalhos de construção esta nova passagem, onde afirma que vai “acelerar” a construção do projecto transfronteiriço, que fica na zona norte. As autoridades vizinhas dizem que vão criar um edifício de inspecção e instalações complementares acima do Canal dos Patos, bem como ligar esta saída à estação ferroviária de Zhuhai. A proposta revelou ainda que o novo modelo de passagem do posto fronteiriço – verificação de documentos de identidade só uma vez – poderá ser utilizado na nova passagem. Ao mesmo jornal, o GDI afirmou ainda que o projecto vai incluir a melhoria ambiental da zona do Canal dos Patos – onde aparecem muitas vezes peixes mortos – e da Avenida do Comendador Ho Yin. Mas, o GDI diz que ainda está a ser concebido o design e a planta de construção do posto fronteiriço. O organismo diz ainda que a obra só tem condições para avançar quando se fizer a transferência do actual mercado abastecedor da Nam Yue da Zona Industrial Transfronteiriça da Ilha Verde para a nova localização. A questão do mercado abastecedor já vem de uma longa data, sendo que só o ano passado a obra foi adjudicada por 860 milhões de patacas, desconhecendo-se um calendário para a sua conclusão.
Filipa Araújo Manchete PolíticaVong Yim Mui, presidente do Instituto de Acção Social: “Não acordámos agora para a violência doméstica” A nova presidente do IAS afirma que o envelhecimento da população é prioridade, com consulta pública sobre o assunto marcada para Março. Vong diz ainda que a Lei da Adopção poderá ser revista e que a UM está a fazer um estudo sobre creches. Mais: jura que a prevenção da violência doméstica esteve sempre na mira do Governo Acabou de tomar posse como presidente do Instituto de Acção Social (IAS). Quais são os planos de trabalho que gostaria de ver realizados? Com o constante desenvolvimento social, a acção social assume um papel muito relevante na sociedade, na medida em que está intimamente relacionada com a vida e bem-estar de milhares de residentes. Sendo o IAS o organismo público do Governo encarregado de assegurar os benefícios sociais, deve o mesmo estar imbuído de um elevado sentido de responsabilidade, uma vasta visão profissional, um grande espírito de solidariedade social, bem como de uma capacidade de acção delicada e minuciosa para organizar, planificar, promover e elevar cada projecto desta área específica e os respectivos trabalhos. O IAS tem vindo a empenhar-se na implementação das políticas e medidas inseridas das Linhas de Acção Governativa (LAG), estando actualmente a desenvolver de forma ordenada os diversos planos de trabalhos de curto, médio e longo prazos. Mas isso é, de algum modo, o trabalho regular e que espera do Governo. Algo de novo para o futuro? Perspectivando o futuro, o IAS vai continuar a consolidar o apoio aos grupos sociais vulneráveis, reforçar a rede dos serviços de apoio à família e comunidade, procurar aumentar o número de vagas das creches, implementar de forma ordenada o Plano Decenal de Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idoso e de Reabilitação, promover constantemente o desenvolvimento dos serviços de prevenção e tratamento da dependência do Jogo e da droga, optimizar o novo regime de subsídios às instituições, acompanhar a construção e o funcionamento dos novos equipamentos sociais, promover os trabalho relativos à prevenção e tratamento da violência doméstica, bem como assegurar os trabalhos legislativos relativos ao Regime de Garantia dos Direitos dos Idosos e ao Regime de Credenciação Profissional dos Assistentes Sociais. O IAS foi alvo de uma reestruturação orgânica… O IAS encetou uma nova página da sua história, com um âmbito de atribuições mais vasto por englobar agora os serviços de reinserção social. No futuro, irá reunir todos os seus trabalhos para nos empenharmos de forma incansável na prestação de apoio aos cidadãos, na resolução das suas dificuldades e na construção de uma nova vida, reforçando e desenvolvendo deste modo a cooperação amistosa com as instituições com as instituições particulares e os outros serviços do Governo, com vista a elevar conjuntamente o nível do seu profissionalismo, a fim de proporcionar à população serviços de elevada qualidade e eficiência e melhorar o bem-estar dos residentes. Em termos práticos, o que significam esses planos? O valor de risco social foi já aumentado de acordo com o mecanismo de ajustamento. O montante do seu valor para as famílias com um agregado familiar subiu de 3920 patacas para 4050 patacas, o que representa uma taxa de aumento de 3,3%. Quanto ao serviço de apoio alimentar de curto prazo, o mesmo irá transformar-se num serviço regular, prevendo-se que cerca de 3800 famílias ficarão beneficiadas com essa alteração. Além disso, será reforçado o trabalho de divulgação para mais famílias carenciadas tomarem conhecimento da existência do serviço. Paralelamente, serão implementados mais serviços diversificados de valorização pessoal e familiar. Em relação aos serviços de apoio às minorias, mediante o contacto directo ou encaminhando-os para os respectivos serviços de apoio, com vista a ajudar a uma mais rápida integração comunitária. Há uma lista vasta de serviços prestados pelo IAS. Serão suficientes? O IAS tem uma enorme área de actuação e com muitas tarefas. E todas as tarefas são importantes, mas temos que as dividir em várias fases, por exemplo trabalho a curto prazo, médio prazo e longo prazo. Todos são importantes, mas temos em foco o apoio aos grupos sociais vulneráveis, aos idosos e deficientes. Em relação a isto, temos à nossa frente – e damos a nossa importância – à área que está relacionada com o envelhecimento da população. Vamos criar mais lares para idosos, isso é um ponto essencial e prioritário do trabalho que temos pela frente. No primeiro trimestre vamos ter o plano decenal para o serviço de idosos – vamos concretizar isso este ano. Portanto, nos primeiros três meses de trabalho – e do ano – o foco serão os idosos. Sim. Temos de enfrentar o problema de envelhecimento populacional que se regista actualmente. Para prosseguir as diversas medidas do Plano Decenal de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Reabilitação, será lançada em Março uma consulta pública. No âmbito das suas atribuições, o IAS irá empenhar-se na concretização do trabalho do primeiro ano de implementação desse plano, como tarefa prioritária, na promoção do desenvolvimento do planeamento do serviço de tratamento precoce, do serviço de reabilitação para deficientes, da saúde mental da população, da construção de equipamentos sociais para deficientes e do alargamento do serviço de autocarro de reabilitação. O facto de ser mulher é uma mais valia para o cargo que agora ocupa por ter, porventura, outra sensibilidade por exemplo para os casos de violência doméstica em que maioritariamente, em Macau, as vítimas são mulheres? Claro que o IAS dá muita importância à violência doméstica. Mas é preciso esclarecer que o IAS não está à espera que a Lei da Violência Doméstica seja aprovada para fazer o que quer que seja. Não ficamos aqui sem fazer nada. Já estamos a fazer muitas coisas, por exemplo, os contactos com os serviços [de apoio]. Quando a lei for aprovada os serviços já estão preparados: a polícia, os Serviços de Saúde, o Instituto de Habitação. Está tudo preparado. E não é só com os serviços públicos, também com os privados, para que haja comunicação sobre a problemática. Temos na mão alguns dados e estamos a promover acções de formação para as pessoas da linha da frente, para que possam lidar com o problema da violência doméstica. É preciso ainda apontar que a nossa visão é unilateral, ou seja, os alvos de violência doméstica não são só mulheres, também podem ser homens. Esta é a nossa visão. Homens e mulheres. Vamos sempre dar apoio e formação às vítimas, para evitar mais ofensas. Temos ainda uma linha aberta, que já está a funcionar, que lida com este problema. Portanto, não acordámos agora. Concorda com que a violência doméstica seja crime público? Quanto a esta questão, após muitas discussões, o ponto essencial é definir a natureza do acto ou o próprio acto de violência doméstica. Na minha opinião pessoal, se realmente se verificar que é um acto de violência doméstica, então deve ser um crime público. O mais importante é preciso distinguir o acto, se é violência doméstica. Por exemplo, uma bofetada, como é que as pessoas vêem? Qual o ponto de vista? Depois da saída da lei isto vai estar muito bem definido. Tem-se notado um acréscimo nos pedidos de ajuda? De uma forma geral, o IAS recebe dois tipos de pedidos, os que surgem pelas instituições particulares ou pelo próprio IAS. A porta do IAS está sempre aberta, por exemplo, na sua sede e nos centros de acção social. É o grupo de deficientes que tem mais solicitações de ajuda. Por exemplo, sobre o plano decenal de apoio à deficiência – como sabemos ainda está em fase de consulta pública. É este grupo e o dos idosos os que mais pedidos de ajuda solicitam. A Lei da Adopção foi alvo de críticas sobre a protecção aos progenitores, permitindo que as crianças não possam ser adoptadas. Segundo o que o HM apurou, numa reportagem, existem poucas crianças disponíveis para adopção, sendo que as que estão não o são por serem deficientes. Como é que o IAS pretende resolver esta questão? Este é de facto um assunto importante. Temos de dar mais importância a isto. Temos aqui dois lados: o primeiro é o Regime de Protecção das Crianças e o Regime de Actuação. Vamos analisar o conteúdo e depois dar uma opinião aos serviços competentes para se estudar a possibilidade e viabilidade de alterar os regimes. Quanto à acusação da lei proteger os progenitores e, nesse caso, as crianças deficientes estarem mais vulneráveis, isso é preciso ver de forma concreta. É preciso estudar casos concretos. Se isto se confirmar, a nossa primeira preocupação será proteger a criança. Temos a responsabilidade de prestar cuidados e atenção. Podemos fazer isso também com as instituições privadas. Quanto ao Regime de Actuação já é um domínio diferente. Portanto temos de dividir a situação em dois lados: protecção e actuação. Por enquanto é assim. Sei que os Serviços de Justiça estão a propor uma revisão do regime, mas por enquanto só sabemos isso. Tal como avançado pelo HM, há pessoas a dormirem em restaurantes, por exemplo o McDonald’s, que estão abertos 24 horas por dia. O IAS tem conhecimento disto? Neste momento funcionamos em cooperação com uma instituição particular [Cáritas] para gerir um centro para os desalojados. Em Macau há um mecanismo para proteger estes desalojados, mas há pessoas que não querem essa ajuda. Quando elas não querem e optam por ficar nos McDonald’s, o IAS tem que ver a intenção da pessoa. Não sabemos qual a causa, pode não ser um desalojado. Há também casos de pessoas com perturbações psicológicas – é preciso ver o contexto e a intenção da pessoa. Temos ainda trabalhadores de um serviço extensivo, cabe-lhes a eles irem fazer as rondas. Vão à rua para tratar destes casos, perceber as necessidades. Temos uma equipa que faz isso. Relativamente às vagas nas creches, o IAS quer aumentar o número. Como? Para continuar a aumentar o número de vagas das creches, vamos cooperar com as instituições particulares e os serviços públicos, no âmbito da criação de novas creches e da ampliação das instalações das creches existentes, com vista a aumentar as vagas até mais de dez mil. Paralelamente, vamos continuar a desenvolver os serviços de creche diversificados que abrangem o prolongamento do horário de funcionamento, o serviços nos feriados, o serviço em situações de urgência e temporárias, etc., no sentido de responder às necessidades diferentes dos encarregados de educação. Além disso, será incumbida à Universidade de Macau a criação de um curso de diploma para monitores de creches com duas edições, para formar cem pessoas, no sentido de melhorar os seus conhecimentos e técnicas de cuidar e educar crianças. Entretanto, foi encarregada também a mesma universidade de efectuar um estudo sobre a procura dos serviços de creche e o planeamento da respectiva política, a fim de definir o plano de desenvolvimento dos serviços de creche de 2018 a 2022. Falou numa maior necessidade de prevenção da droga. A lei foi alterada recentemente, aumentando as penas. Concorda que é através de maiores penas que se controla o consumo? Na revisão da lei, todo o trabalho legislativo passou pela Comissão da Luta Contra a Droga e já tivemos discussões mais do que suficientes sobre o assunto. Demos os nossos pareceres também. Portanto, a maneira de estruturar a lei partiu de um consenso. O essencial é ajudar os toxicodependentes, apesar da lei ser mais rigorosa. É preciso ver que existe um mecanismo de suspensão de penas, num período onde é encorajado o tratamento dos toxicodependentes. Isso já é uma medida para dar a oportunidade para corrigir. A lei é o último meio. Dados Entre 2011 a 2015 foram recebidos 20 mil casos de pedidos de avaliação de deficiência, sendo que 50% são considerados portadores do Cartão de Registo de Avaliação de Deficiência válido. Entre Janeiro a Outubro do ano passado foi atribuído o subsídio regular a cerca de 4500 famílias. O apoio alimentar de curto prazo do Centro do Serviço de Fornecimento Temporário de Alimentos da Cáritas foi atribuído – no mesmo período de tempo – a cem novas pessoas, ultrapassando os 3100 beneficiários regulares. Em 2015 o subsídio de idosos garantiu a sobrevivência a 65 mil pessoas.
Filipa Araújo Manchete PolíticaRendas | Advogados apontam falhas a projecto de lei de deputados [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]uristas ouvidos pelo HM não têm dúvidas: é preciso rever a lei que controla as rendas, mas tem de se ter atenção ao projecto apresentado por deputados e que foi aprovado no ano passado na generalidade. Uma das ideias mais defendida é que Chui Sai On não fique, como sugerido, com a responsabilidade de definir o coeficiente de aumento das rendas – um organismo autónomo, defendem alguns, deveria ficar com essa matéria a seu cargo. “Este projecto de lei tem algumas desvantagens pois pode afectar o mercado livre, porque actualmente, com o Código Civil, existe a liberdade para os inquilinos e senhorios decidirem as rendas”, começa por apontar o advogado Lei Wun Kong, relativamente ao projecto de Lei de Arrendamento, apresentado pelo deputado Chan Meng Kam e assinado por Leonel Alves, Pereira Coutinho, Ho Ion Sang e Kwan Tsui Hang. Ainda assim, diz, existem vantagens. “Caso o projecto seja aprovado, os senhorios não podem aumentar a renda à vontade, pois as rendas devem seguir o acordo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), sendo que o coeficiente das actualizações deve ser aprovado pelo próprio Chefe do Executivo [Chui Sai On]. Isto é uma vantagem, assim conseguimos evitar os aumentos constantes do preços das rendas”, referiu. Para o advogado, contudo, esta é de facto uma lei que vem proteger mais os inquilinos do que os senhorios. “Mas por outro lado, evita os casos de pessoas que não aguentam os aumentos e são obrigadas a sair das suas casas, portanto, posso dizer que este projecto tem tanto de vantagens como de desvantagens”, sublinhou. Três pontos principais Para o advogado Bruno Almeida existem três pontos importantes no projecto que se encontra agora em consulta pública até Fevereiro. Parece-lhe ser um documento neutro, defende, beneficiando ambos os lados. A consideração de meios alternativos para a resolução de litígios é uma das alterações propostas que merecem destaque. “Neste caso, a previsão do recurso à arbitragem como uma via para resolução de conflitos, relativamente ao arrendamento, é relevante, porque permite que as partes recorram a meios mais céleres para pequenas causas, com valores pouco significativos”, apontou. Esta alteração vem permitir que alguns processos não precisem de chegar aos tribunais. “É uma proposta bem-vinda e que me parece trazer vantagens”, defendeu. Também o advogado José Filipe Salreta fez notar este primeiro ponto, defendendo que está é uma medida “positiva”, que “pode de facto simplificar a resolução de problemas nos contratos de arrendamento e descongestionar os tribunais, desviando litígios de menor complexidade jurídica para centros arbitrais especializados”. Bruno Almeida destaca ainda a actualização das rendas, ainda que aponte falta de clareza na forma como isso acontece. “Julgo que a formulação não é absolutamente clara sobre se alguma das partes pode impor alguma actualização dentro do coeficiente [determinado]”, defendeu, afirmando que o projecto em causa parece mostrar que a ideia é “definir um tecto máximo”. “Não me parece possível que, não havendo acordo e não estando previsto no contrato, algumas das partes possa obrigar a outra a actualizar a renda. Mas acho que o projecto não é absolutamente claro quanto a isso. Pode haver quem o interprete de outra forma”, referiu. Questionado sobre a última palavra de Chui Sai On na definição do coeficiente, Bruno Almeida concorda com esta hipótese. “Sim, julgo que [é viável], mas tenho algumas reticências quanto ao facto da situação do mercado imobiliário ser um factor considerado para esse efeito. Aquilo que se pretende com a fixação de um coeficiente de actualização é algo muito objectivo, é uma percentagem (…) e o critério da situação do mercado imobiliário parece-me que é demasiado aberto e subjectivo.” Por isso é que, indica, a habitação não costuma ser considerada no IPC. Para José Filipe Salreta a lei parece clara: esta medida envolve não só questões de ordem prática, mas também opções de política económica. “Muito embora a situação no mercado exigisse um travão às rendas especulativas – e muitas vezes predatórias -, esta revisão ao Código Civil vai obrigar o Chefe do Executivo a rever todos os anos o coeficiente de actualização e qualquer atraso implicará um desfasamento económico por imposição administrativa. Talvez fosse mais avisado autonomizar legislativamente o arrendamento urbano em Macau e atribuir a revisão do referido coeficiente a uma entidade autónoma, sem prejuízo de a mesma poder ser corrigida por intervenção do Governo”, apontou. A decisão de ser Chui Sai On a rever o coeficiente de actualização parece, ao advogado, uma “solução pouco ágil”, na medida que “obriga o Chefe do Executivo a rever todos os anos – ou quiçá mensalmente caso haja flutuações acentuadas na economia de Macau – o coeficiente de actualização”. Já para a advogada Helena de Nazaré Valente esta decisão, para além de exequível, é “desejável”, visto “que o assunto é urgente”. No entanto, alerta para os prazos apertados e para o facto de não poder haver atrasos na definição deste coeficiente. “Se se conseguir garantir que no dia 1 de Janeiro de cada ano teremos um coeficiente de actualização das rendas definido, isso parece-me perfeito. Caso contrário, penso que seria desejável constituir um organismo, ou um departamento, responsável apenas por esse assunto”, defendeu. Tudo às claras Bruno Almeida aponta ainda um outro ponto no novo diploma como positivo: uma maior solenização do contrato, já que se exige que, além da forma escrita, também haja uma intervenção de um notário. Esta alteração, aponta, vem “trazer à luz do dia arrendamentos que hoje, por falta de forma ou intervenção notarial, não são [re]conhecidos”. Isto traz também um maior protecção aos arrendatários, sendo que “obriga a que todas as situações de arrendamento sejam formalizadas e delas seja dado conhecimento às autoridades”. José Filipe Salreta admite que a “exigência de reconhecimento notarial das assinaturas pode dificultar o arrendamento a pessoas sem autorização de permanência ou em situação ilegal”, diz, enquanto fala ainda de consequências desta nova exigência formal, como a obrigatoriedade de todas as agências imobiliárias estarem devidamente legitimadas. Isto faz com que tenham de estar munidas de uma procuração, para “poderem assinar em nome dos senhorios que frequentemente não estão em Macau e deixam as referidas agências negociar – e muitas vezes inflacionar artificialmente – o valor da renda”. A pensar na prática O advogado Lei Wun Kong alerta ainda para os limites para as renovações dos contratos relativamente à actualização dos preços, sendo que esta obrigatoriedade deixa de existir se os inquilinos do imóvel em causa forem novos. Quer com isto dizer, explica, que este projecto poderá estar a provocar que os senhorios “prefiram estar a fazer novos contratos com novos inquilinos de forma constante em vez de renovarem com os mesmos, por causa das actualizações”. “É preciso olhar as questões na prática”, rematou. Ainda assim, para Helena de Nazaré Valente, só o facto deste projecto existir é positivo, visto que significa que “finalmente os órgãos decisores tomaram consciência de que alguma coisa precisa de ser feita neste campo”. Com Flora Fong
Tomás Chio PolíticaSegurança | Secretário fala de grande aumento de imigração ilegal Wong Sio Chak alerta para um elevado aumento de imigrantes ilegais em Macau, na ordem dos 60%, sendo que a maioria terá chegado ao território para trabalhar [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, disse numa entrevista ao jornal Ou Mun que Macau registou um elevado número de imigrantes ilegais em 2015 face a 2014, um aumento que será na ordem dos 60%. Para o Secretário, quase 99% desses trabalhadores terão chegado à RAEM para trabalharem de forma ilegal. “O Governo tem feito muito para ultrapassar o problema da imigração ilegal, sendo que mais de 1800 imigrantes ilegais foram detectados e presos de Janeiro a Setembro do último ano. Desses, 30% deles são oriundos de países do sudeste asiático”, apontou Wong Sio Chak. Cerca de 900 imigrantes ilegais terão entrado em Macau pelo trilho de Long Chai Kok, localizado junto à praia de Hac-Sá, em Coloane, sendo que muitos terão afirmado ter chegado a Macau apenas para jogar nos casinos. Contudo, o Secretário para a Segurança disse ao Ou Mun acreditar que muitos vêm para trabalhar. Resposta à altura O facto desses imigrantes terem sido presos significa, para o Secretário, que Macau tem capacidade de resposta para este problema, mas também é um sinal de que o problema é grave. Com a aprovação da nova área marítima, Wong Sio Chak espera poder reorganizar os trabalhos nesta área. O Secretário explicou que, enquanto os Serviços de Alfândega são responsáveis pela captura dos imigrantes ilegais no mar, a Polícia de Segurança Pública (PSP) trata dos casos em terra. Foi ainda garantida a cooperação entre a PSP e os Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), por forma a resolver o problema dos ilegais nas obras. “O Governo vai continuar a cooperar com o departamento de segurança de Guangdong, por forma a evitar que grupos criminosos utilizem o vazio legal para aumentar as actividades ilegais”, disse Wong Sio Chak na entrevista. O Secretário referiu ainda que o Governo já tem um plano para a segurança informática, mas que “o maior problema é que será difícil recrutar profissionais no futuro para este centro”.
Tomás Chio PolíticaChan Meng Kam quer telecomunicações transparentes [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Chan Meng Kam alega que o mercado das telecomunicações local continua a caracterizar-se como monopólio, mesmo com a entrada de mais empresas no mesmo. Isto porque, explica, é a CTM que fornece todos os recursos materiais – como cabos de ligação – às outras redes. Assim, quando os materiais da CTM falham, todas as outras sofrem problemas devido à utilização conjunta. Posto isto, o deputado pede ao Governo – na forma de interpelação escrita – que o sector das telecomunicações seja mais transparente. Chan Meng Kam diz que, de acordo com a celebração de Revisão Intercalar do Contrato de Concessão do Serviço Público de Telecomunicações, entre o Governo e a CTM, em 2009, a empresa teve de devolver os materiais ao Governo intactos no fim do contrato. No entanto, a CTM ainda não deu quaisquer detalhes ao Executivo acerca do prolongamento da revisão, em 2011. O director dos Serviços de Regulação de Telecomunicação (DSRT) já disse, em Dezembro passado, que a Direcção não pode lançar a lista de equipamentos exclusivos da CTM agora, mas sim apenas depois de findo o contrato de revisão. Chan Meng Kam considera que o Governo deve dar mais detalhes sobre os materiais necessários ao mercado para que o público e outras empresas de telecomunicações tenham mais informação e fiscalizem a utilização dos equipamentos com mais facilidade. “De acordo com as exigências da revisão, a CTM deveria entregar os detalhes em 2011. Queria então saber se o Governo já tem a lista dos equipamentos? E por que razão é que o Governo não publicou a lista?”, questionou Chan Meng Kam na interpelação. “Os equipamentos foram utilizados por uma outra empresa e isto é a maior causa da monopolização do mercado, pelo que quero saber se o Governo já reviu este problema para melhorar o desenvolvimento futuro do sector”, rematou.
Filipa Araújo PolíticaConsumidores | Leong Veng Chai critica Conselho O deputado Leong Veng Chai quer que o Governo alargue as funcionalidades e poderes do Conselho de Consumidores. Só assim, defendeu, o órgão administrativo poderá fiscalizar e proteger os interesses dos consumidores – razão pelo qual foi criado [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]Para Leong Veng Chai, deputado, o Conselho de Consumidores, criado para fiscalizar e proteger os interesses dos consumidores, não está a cumprir as suas funções. O deputado pede mais acção do Governo, que até já iniciou a criação de um Regime para alterar esta situação. “As funções do Conselho de Consumidores não passam, já desde há muitos anos, de coordenação de conflitos e da comparação de preços”, apontou o deputado, numa interpelação escrita. Mesmo tendo como principais funções este dois pontos, Leong Veng Chai considera que os mesmos não estão a ser devidamente cumpridos. “Quando há conflitos, o Conselho [de Consumidores] solicita apenas à respectiva associação para proceder à conciliação ou para encaminhar o processo ao serviço competente para efeitos de acompanhamento, portanto, não há lugar a qualquer efeito dissuasor”, criticou, frisando que em caso de prolongamento do conflito o Conselho pode apenas propor a instauração de uma acção em tribunal. Algo que por si só “demora muito tempo” e “não consegue dar resposta atempada às necessidades dos envolvidos”. “Trata-se, então, de uma medida não exequível, nomeadamente para os turistas”, apontou. Pouca definição Relativamente ao equilíbrio do preço dos produtos, o deputado indica que o Conselho consegue apenas “equilibrar os preços através da sua comparação”, através de relatórios que indicam onde é que determinadas coisas são mais baratas. No entanto, os dados relativos aos preços dos produtos são “recolhidos nas acções desenvolvidas pelos próprio Conselho, ou seja, são os preços que os nossos cidadãos vêem todos os dias marcados nos produtos, não são por conseguinte, os preços de venda por grosso”. Isto faz com que na realidade “não se conheçam os mecanismos para a definição dos preços”, aponta Leong Veng Chai. Depois de entregue o relatório final da consulta pública sobre a revisão da legislação relativa à protecção dos direitos e interesses dos consumidores, o deputado quer saber qual é a situação actual dos trabalhos dessa mesma revisão. Em forma de apelo, Leong Veng Chai defende que o Governo deve alargar as funções e os poderes do Conselho, pois só assim este conseguirá atingir os objectivos que justificam a sua criação. Analisando o ranking de queixas – liderado pela carne fresca, telecomunicações e equipamentos de comunicação – o deputado indagou ainda Governo sobre futuras resoluções. “Que medidas específicas dispõem os serviços competentes para resolver [este problema]?”, terminou Leong Veng Chai.
Joana Freitas PolíticaHotel Estoril | Ng Kuok Cheong quer avaliação de valor patrimonial Ng Kuok Cheong critica o Governo por não ter avaliado patrimonialmente o hotel Estoril e diz mesmo que o recente inquérito que vai de encontro às ideias do Governo para o edifício é tendencioso [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]resultado do inquérito sobre a reconstrução do antigo Hotel Estoril e da piscina, publicado pelo Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, indica que a maioria dos residentes concordam com a transformação do edifício. No entanto, o deputado Ng Kuok Cheong espera que o Governo não adie mais o início do processo de avaliação ao valor patrimonial do espaço, sendo que a petição para tal já foi entregue – por uma associação – há vários meses. Os dados recolhidos mostram que 72,8% dos membros de associações e organizações locais respondeu que “não há necessidade” de preservar o espaço, sem opinar quanto ao destino exacto. Para Ng Kuok Cheong, o Governo tem uma “intenção clara” de reconstruir o Hotel Estoril e a piscina para mostrar um “bom desempenho” do próprio Governo. No entanto, o deputado defende que fazer um inquérito e começar uma avaliação ao eventual valor patrimonial do edifício “são duas coisas diferentes”. Depois de classificar “O inquérito não foi feito em relação ao valor artístico do edifício, mostra apenas que as opiniões para manter o espaço são poucas. Isto é a verdade que o Governo quer mostrar ao público. Não me parece justo, pois parece que o Governo tem uma grande vontade de demolir o antigo hotel e a piscina”, indicou. Ng Kuok Cheong indicou ainda que apesar das opiniões mostrarem que a população não quer manter o espaço, não é o mesmo que dizer que o espaço não deva ser classificado como património. “O inquérito não inclui o significado histórico, ambiental e o design do edifício. Alguns residentes já entregaram uma petição para se iniciar uma avaliação ao valor do património. Acho que o Governo deve acelerar o processo. Caso seja para demolir o edifício, deve ser feito depois do mesmo ser avaliado”, reforçou. A Associação de urbanistas Macau Root Planning lançou a petição em causa em Setembro do ano passado. Também a Associação Novo Macau (ANM) duvida dos critérios usados no inquérito que o Governo pediu à empresa e-research & solutions para fazer. “O Governo realizou a consulta pública e a recolha de opiniões de forma independente, mas desta vez gastou 600 mil patacas para pedir o mesmo a uma empresa. É importante referir que a empresa em causa já esteve envolvida num escândalo relativamente a um inquérito feito para a Lei da Imprensa. A empresa chegou a ser acusada de tendenciosa”, pode ler-se num comunicado enviado à imprensa, pela ANM. Números claros Em esclarecimento aos dados fornecidos no inquérito, a empresa responsável, feito via telefónica, clarificou que a expressão “não tem opinião”, que levou os meios de comunicação a indicar que 80% dos inquiridos não tinha de facto opinião relativamente ao futuro do Hotel, queria apenas dizer que os inquiridos já não tinham mais opiniões a acrescentar. “A pergunta em causa é colocada apenas depois de 14 perguntas, o que quer dizer que 81,5% da população disse que já não tem mais opinião ou algo especial a acrescentar sobre a demolição e reconstrução do antigo Hotel Estoril e da Piscina Municipal Estoril. Se os residentes tiverem opinião, no questionário havia um outro conjunto de questões para saber as suas opiniões sobre as formas de disposição do edifício”, apontou a empresa, num comunicado enviado pelo Gabinete de Alexis Tam. O mesmo comunicado indica ainda que a maioria dos residentes que escolheu a opção “não tem opinião” manifestou o seu apoio à reconstrução. “A fim de evitar que a sociedade entenda que 80% da população assumiu uma posição neutra ou contra a reconstrução, a equipa de investigação reitera que, segundo os resultados das análises cruzadas, divulgados na conferência de imprensa, de entre a população que manifestou “não ter opinião”, 70,4% expressou o seu apoio à reconstrução”, rematou.
Flora Fong PolíticaElla Lei pergunta por sistema para responsabilizar empreiteiros Ella Lei critica o Governo por continuar a deixar que aconteçam casos de subempreitadas em Macau sem que haja uma lei para proteger os trabalhadores [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Ella Lei quer saber quando será implementado o regime que vai permitir mais protecção aos trabalhadores das obras, que muitas vezes não recebem salários. Numa interpelação escrita, a deputada pede ao Governo que esclareça a posição dos empreiteiros, nomeadamente na questão da contratação de sub-empreitadas. Além disso, Ella Lei quer ver feita justiça no que diz respeito à responsabilização dos empreiteiros em relação aos trabalhadores que são contratados pelas subempreiteiras e que ficam, muitas vezes, sem receber salários e sem saber a quem recorrer para tal – se aos empreiteiros, se aos subempreiteiros que os contratam directamente. Isto, porque as empresas empurram as responsabilidades de uns para os outros. Ella Lei fala ainda de casos em que os empregados sofrem com a falta compensação por acidentes laborais. Para a deputada, a responsabilidade é da concessionária, mas neste momento não há uma legislação que ajude estes empregados. Ella Lei considera que o sistema de contratação, pelos subempreiteiros, é muito comum nas operações diárias, geralmente para aumentar o grau de eficiência nos estaleiros e diminuir a necessidade de mais recursos humanos. No entanto, a deputada alerta para o facto do Executivo ainda não ter lançado qualquer medida para fiscalizar este sistema de subempreitada, assim dando azo a menos protecção para as pessoas que trabalham sob os responsáveis pela obra. Mal pelas aldeias A deputada indicou ainda que os subempreiteiros não devem arcar com 100% das culpas no caso de irregularidades na obra, ficando estes erros a cargo das concessionárias também. “O Chefe do Executivo já afirmou que é possível criar um regulamento sobre a gestão de funcionários de construção para entrar em processo legislativo ainda este ano, mas será que o regulamento vai obrigar o empreiteiro geral a pagar adiantado aos empregados em determinadas alturas?”, questionou. Ella Lei quer ainda saber se o documento vai incluir garantias para estes trabalhadores contratados pelos subempreiteiros.
Flora Fong Manchete PolíticaLei Sindical | Kwan Tsui Hang conta com metade do apoio do hemiciclo e alerta A deputada mostra-se “mais ou menos” confiante na aprovação da “sua” Lei Sindical, que diz ser necessária a Macau. Kwan Tsui Hang sabe que alguns deputados não a vão apoiar e assegura que o Governo não se vai chegar à frente com um diploma previsto na Lei Básica Porque decidiram apresentar agora o projecto da Lei Sindical? A lei já foi apresentada muitas vezes, inclusivamente pelo deputado José Pereira Coutinho que a apresentou durante vários anos, mas nunca conseguiu que fosse aprovada. Agora vamo-nos esforçar ao máximo para conseguir que seja aprovada. Quais as principais diferenças entre este projecto e os anteriores apresentados por Pereira Coutinho? Não fizemos uma comparação entre os projectos de lei, apenas nos conteúdos que achamos ser necessários. De uma forma geral, os pormenores são iguais, mas não comparamos as diferenças de cada cláusula. Mas há referências a qualquer um dos projectos já apresentados? Fizemos uma referência ao conteúdo do projecto da Lei Sindical que apresentei em 2006 ou 2007. Quais as cláusulas que foram alteradas ou melhoradas? É difícil dizer. Com base no ângulo dos três deputados, no actual projecto de lei foi adicionado algum conteúdo que não estava incluído, tendo sido também alterada a forma como foi escrito o próprio diploma. Acredita que desta vez os deputados vão votar a favor? Metade, metade. Não tenho muita certeza, mas estamos a tentar ganhar apoio. Mas alguns já mostraram que não vão votar a favor. Portanto já contactaram alguns deputados. Uma parte. Contactámos sobretudo aqueles que consideramos que poderão apoiar [o projecto de lei]. Contactaram os deputados nomeados? Alguns sim. De facto, já obtivemos as opiniões de alguns deputados nomeados, mas não podemos avançar agora quais são. Considera que os deputados vão apoiar mais este projecto de lei? É difícil dizer. Tudo depende da vontade de cada um, não depende do tipo de deputados (se são directos, indirectos ou nomeados). Mas pensa que a área que os deputados representam pode ter influência? Por exemplo, os deputados da área comercial podem votar contra? Sim. Existe uma preocupação em relação aos deputados que são empresários. Nós também os contactámos, mas não podemos deixar de apresentar um projecto de lei só porque vai contra os seus interesses. Os deputados que o HM contactou afirmaram ainda estar a analisar o diploma, que será votado a 20 de Janeiro. Acha que podem votar contra com o argumento de que não tiveram tempo para analisar a lei? Quanto a esta questão só podemos respeitar a decisão dos outros deputados. Para mim, a votação do projecto de lei no plenário é apenas a primeira fase, depois o conteúdo é aberto. Se for aprovado, a Comissão Permanente [que o analisar na especialidade] vai depois debater os pormenores do projecto. Essa não é a principal questão, mas sim o facto de Macau precisar de uma Lei Sindical. Sendo algo previsto na Lei Básica e tendo assinado as convenções internacionais, Macau precisa desta lei, sobretudo para os trabalhadores terem a liberdade de participar em sindicatos. Também os sindicatos devem estar devidamente regulamentados e não continuarem a ser apenas associações. A natureza é diferente. Se este projecto de lei for reprovado, acredita que o Governo irá apresentar outro? Creio que o Governo não vai apresentar num futuro próximo, porque o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) ainda não discutiu sobre esse assunto, apesar dos constantes pedidos dos representantes dos trabalhadores. Os deputados poderão votar a favor só quando o Governo apresentar o seu projecto de lei? Não adivinho isso. O vosso projecto de Lei Sindical também engloba os Trabalhadores Não Residentes (TNR). Os TNR são fundamentais para a sobrevivência das Pequenas e Médias Empresas (PME)? Os TNR não suportam apenas as PME, mas as grandes empresas também estão a recrutar muitos TNR. Em Macau existem quase 180 mil TNR, o que ocupa uma grande parte da mão-de-obra. Assim os TNR devem estar abrangidos no âmbito da Lei Sindical, bem como os seus direitos. Mas a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) tem criticado a importação de TNR. As duas coisas não podem ser faladas juntas. A importação de TNR deve estar de acordo com as necessidades da sociedade. Não contrariamos isso, mas apenas os abusos que acontecem nessa contratação.
Flora Fong PolíticaEleições | Ex-candidatos da AL concordam com prolongação de campanha [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]relatório publicado pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) sobre as últimas eleições para o hemiciclo sugere que o período de campanha eleitoral seja prolongado e Agnes Lam e Paul Pun, ex-candidatos a deputados, concordam com a sugestão. De acordo com o relatório, apesar de ser sugerido o alargamento deste período, é pedido que se mantenham os mesmos mecanismos de campanha: os encontros com a população e a publicidade nos carros. Ao Jornal Ou Mun, Agnes Lam – actualmente professora de Comunicação da Universidade de Macau (UM) – disse que duas semanas é pouco tempo para este tipo de actividades e para que os candidatos sem o apoio de grandes associações consigam divulgar as suas intenções. “Concordo com o prolongamento do período da campanha eleitoral, porque as pessoas de Macau são lentas no processo de conhecer os ideais e projectos dos candidatos”, começou a ex-candidata por explicar. “De acordo com experiências anteriores, os residentes só dão atenção às eleições a partir do décimo dia de campanha”, informou. Agnes Lam acrescentou que existem diferenças nos candidatos “ricos” e “pobres”. “É difícil evitar, a 100%, os gastos em termos de recursos, porque há quem não tenha dinheiro para oferecer presentes como outros, tendo em conta os dias de campanha”, disse. O ambiente é que ganha O relatório da CAEAL também se queixou de não ter “base legal para penalizar” actos de campanha eleitoral feitos com base nestas oferendas, consideradas como “corrupção”, por estas serem feitas através de associações. Agnes Lam concorda. “Macau não tem partidos, não se pode proibir que os candidatos se organizem em associações. Macau tem é ‘deformações políticas’ que não podem ser corrigidas”, referiu. A Comissão defende que não vai enviar programas políticos dos candidatos aos eleitores por razões económicas e cuidado com o ambiente. Agnes Lam, que liderou a equipa dos candidatos “Observatório Cívico” em 2013, não concorda com essa ideia. “As pessoas de Macau não ligam à política. Caso o Governo tenha intenções de promover as eleições, deve enviar programas políticos aos eleitores. As eleições apenas são realizadas uma vez a cada quatro anos e o princípio de proteger o ambiente não deve ser, neste caso, um facto decisivo”, lamentou. Para o secretário-geral da Cáritas de Macau, Paul Pun – que criou a equipa dos candidatos “Associação Esforço Conjunto para Melhorar a Comunidade”, em 2013 –, o alargamento do período de campanha é positivo. No entanto, acredita que o prolongamento vai obrigar ao acréscimo dos trabalhos da Comissão e das despesas de cofre público. Contrastando com a opinião de Agnes Lam, Paul Pun considera que “ser pobre” pode ser um factor positivo para a campanha: “o mais importante são os trabalhos do quotidiano junto da comunidade, as ideias que representam a população e a comunicação com o Governo”, afirmou.
Filipa Araújo PolíticaSugerida utilização de terrenos para estacionamentos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado José Pereira Coutinho sugere, num interpelação escrita ao Governo, que os terrenos desaproveitados sejam aproveitados para parques de estacionamento provisórios. A ideia não é nova, já que o Governo fê-lo com os autocarros na zona dos Nam Van. Pegando no exemplo, Pereira Coutinho afirma ser uma boa solução, apesar de provisória, para o problema de espaço que se vive em Macau. “A falta de parques de estacionamento tem sido desde sempre um problema irresolúvel. As opiniões manifestadas pelo público demonstram bem o descontentamento que este problema tem vindo a acumular ao longo dos tempos. Assim sendo, o Governo deve lançar, de imediato, medidas resolutivas, com vista a aliviar as dificuldades do público”, defende o deputado. Pereira Coutinho indaga assim a Administração relativamente aos planos futuros para a resolução da questão. Acrescentando uma pergunta sobre a possível existência de mais parques de estacionamento. “De que planos dispõe o Governo quanto à construção de mais parques de estacionamento, para acabar, de vez, com a sua falta?”, pergunta. Relativamente à polémica discussão sobre o regime de passes mensais, o deputado entende que “está em causa uma prática em que se exploram os interesses de alguns residentes de Macau para os oferecer a outros”. Para Pereira Coutinho o “método viável” passará, uma vez mais, pela primeira solução apresentada: aproveitar os terrenos para parques de estacionamentos provisórios. “Se depois de recuperar os terrenos desaproveitados o Governo os destinar para fins de estacionamento, vai ponderar sobre a manutenção do actual regime de passes mensais?”, indagou o deputado.
Hoje Macau PolíticaCondomínios | Sugerido aumento de preços conforme inflação [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s associações das empresas de administração de condomínios querem que o montante cobrado aos condóminos dos edifícios sejam actualizados consoante a taxa de inflação. A ideia foi apresentada ontem durante uma reunião na Assembleia Legislativa (AL) entre duas associações do sector com a 2.ª Comissão Permanente, presidida por Chan Chak Mo. Segundo a proposta das associações, a cada renovação de contrato, as empresas de administração de condomínios deveriam poder actualizar as verbas que cobram em função da taxa de inflação apurada nesse ano. “Segundo as opiniões do sector o que pretendem é que, aquando das renovações, os encargos se definam de acordo com a taxa de inflação ou com o índice de preços do consumidor”, referiu Chan Chak Mo, citado pela Rádio Macau. O deputado apresenta, contudo, algumas reticências, já que, diz, esta proposta pode afectar o mercado livre e a concorrência entre as empresas do sector. “Isto afecta o livre mercado e achamos que não é uma situação muito útil. É uma questão que merece a nossa discussão”, adiantou. A proposta de lei foi aprovada na generalidade em Outubro do ano passado e deverá continuar a ser discutida na especialidade nas próximas semanas. Pedidos de ajuda continuam A União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) sugeriu que o Governo conceda mais apoio às associações no âmbito da implementação do salário mínimo no dia 1 de Janeiro. Ao canal chinês da TDM, um representante da organização referiu que a Associação já apoiou associações de proprietários de 40 edifícios a fim de reunirem para decidir os aumentos das despesas de condomínio, sendo que apenas quatro associações recusaram o aumento. O responsável adiantou ainda que o Governo deve lançar medidas no âmbito da gestão predial, porque prevê que muitos edifícios vão ficar sem esta forma de gestão. À TDM, os Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) confirmaram a recepção de dois pedidos de apoio por parte de três trabalhadores de segurança locais, com idades entre os 60 e os 65 anos.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLei Sindical | Deputados têm “esperança” na aprovação Pereira Coutinho e Au Kam San esperam que os deputados, sobretudo os nomeados, possam aprovar a Lei Sindical apresentada pela FAOM. Mas também dizem que isso só acontece se houver o aval do Chefe do Executivo [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ela primeira vez na história da política local uma associação que não a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) apresentou um projecto de Lei Sindical na Assembleia Legislativa (AL). José Pereira Coutinho, actual presidente da ATFPM e autor de seis projectos desta mesma lei, espera que a iniciativa da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), através dos deputados Kwan Tsui Hang, Ella Leo e Lam Heong Sang, possa reunir os apoios necessários. “Vejo com grande esperança o facto de haver colegas que finalmente decidiram apresentar o projecto. Espero que reúna o consenso e os votos necessários para a sua apreciação na generalidade”, disse Pereira Coutinho ao HM, sublinhando que espera sobretudo o apoio dos sete deputados nomeados pelo Chefe do Executivo. “Não vai ser fácil [obter o apoio], mas acredito que se houver da parte do Chefe do Executivo uma boa vontade, e se der indicações positivas para que os deputados nomeados tenham abertura em relação a este diploma, então não vejo razão para que continuemos a aceitar lacunas desta natureza”, frisou o deputado directo. Deputados analisam diploma Contactado pelo HM, Lau Veng Seng, deputado nomeado, disse não ser a melhor altura para dizer se vai ou não votar a favor, por ainda estar a analisar o diploma. Também Gabriel Tong, nomeado, pediu mais tempo para analisar o projecto de lei. “Houve várias tentativas no passado propostas pelo deputado Pereira Coutinho e desta vez são outros deputados a apresentar. Temos de ver se há coisas novas e em que medida é que os direitos e a organização sindical estão garantidos”, disse ao HM. Leonel Alves, deputado indirecto, também não quis comentar por estar a analisar o diploma. Não vai ser fácil Ao HM, o deputado Au Kam San garantiu que vai votar a favor, tal como fez nas anteriores votações. Contudo, o deputado lembra que a lei só poderá ser aprovado se existir um “entendimento tácito” entre os três deputados [da FAOM] e os deputados que representam o sector empresarial. Só isto, diz, poderá facilitar a aprovação na generalidade. Na nota justificativa da proposta de lei pode ler-se que “a presente iniciativa legislativa tem por objectivo concretizar o disposto da Lei Básica da RAEM, dar cumprimento ao exigido pela Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e colmatar o vazio legislativo nesta matéria, criando-se a respectiva regulamentação no ordenamento jurídico da RAEM”, pode ler-se. O HM tentou ainda obter reacções junto de outros deputados, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.
Flora Fong PolíticaSusana Chou diz que Macau não cumpre bem papel de ligação [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, considera que Macau não está a desempenhar bem o papel de plataforma de serviços comerciais e empresariais entre a China e os países de Língua Portuguesa. A antiga responsável atribui essa ineficácia à falta de profissionais bilingues. Num artigo publicado no seu blogue, Susana Chou cita um estudo de 2011 feito pelo académico Guo Yongzhong, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), denominado “Pensamento de Estratégias da Plataforma em Macau da Cooperação Comercial e Empresarial entre a China e os países da Língua Portuguesa”, onde este aponta que o Governo Central investiu um grande apoio financeiro e de recursos humanos para a transformação de Macau numa plataforma. No entanto, frisa também, o território não consegue desempenhar de forma completa este papel. A ex-presidente referiu que esse estudo “mereceu grande concordância” sua. “Tenho muita pena que o Governo da RAEM não agarre esta boa oportunidade [de desenvolver a plataforma].” Como um dos exemplos para provar essa ideia, Susana Chou dá um exemplo próprio: a empresa privada criada por si em 2014 que tinha como objectivo providenciar serviços comerciais e empresariais entre a China e os países da Língua Portuguesa. A ex-presidente do hemiciclo afirma que esta empresa não conseguiu começar qualquer trabalho nos últimos dois anos porque não encontrou “talentos bilingues” apropriados em Macau. Susana Chou frisa que, para se tornar uma plataforma real, é necessário profissionais suficientes. Algo em que o Governo assegura estar a apostar. “Concordo muito com a ideia do doutor Guo, que sugere aumentar o ensino da Língua Portuguesa e dos estudos científicos. A verdade é que Macau não tem talentos bilingues e caso o Governo não arranje profissionais para trabalhar em Macau que compreendam as leis dos países de Língua Portuguesa, as finanças e a gestão empresarial do interior da China as leis internacionais, a criação da plataforma em Macau é apenas um discurso oco”, indicou.
Flora Fong PolíticaHo Ion Sang quer regulamentação para lojas de take-away [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang quer ver melhorados os regulamentos que ditam o licenciamento de estabelecimentos de comidas e bebidas, pedindo que sejam incluídas as lojas de take-away. Numa interpelação escrita, Ho Ion Sang explicou que, actualmente, para operar uma loja de comidas e bebidas de “take away”, produzir e fornecer alimentos não é preciso ter uma licença de estabelecimento alimentar, pelo que basta tratar do caso através de registo comercial junto dos Serviços para a Economia (DSE). O deputado avançou que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já respondeu, numa outra interpelação sua, garantindo que a segurança higiénica da produção alimentar está a ter o devido controlo desde a entrada em vigor, em 2013, da Lei de Segurança Alimentar. Na mesma resposta, explica Ho Ion Sang, o organismo defendeu que vai reforçar a fiscalização destes estabelecimentos. No entanto, tal não é suficiente para o deputado, pelo que este insiste na integração das lojas de take-away na mesma legislação. “Qual é o mecanismo de fiscalização de higiene e exames alimentares desenvolvido pelo IACM? Consegue este assegurar os padrões sanitários?”, questionou. Ho Ion Sang quer ainda saber quando é que o Governo considera a revisão do licenciamento para regulamentar melhor a operação das lojas de “take away”.