Justiça | TUI agrava pena de Kong Chi para 21 anos

Song Man Lei, José Maria Dias Azedo e Ho Wai Neng deram como provado que Kong Chi foi líder de uma associação criminosa e o ex-Procurador-Adjunto Kong Chi viu serem somados mais quatro anos à pena de prisão de 17 anos

 

O Tribunal de Última Instância (TUI) agravou a pena do ex-Procurador-Adjunto Kong Chi, por considerar que cometeu criou e liderou uma associação ou sociedade secreta. O acórdão com a decisão sobre os recursos apresentado pelos arguidos e pelo Ministério Público foi divulgado na noite de terça-feira.

A 17 de Janeiro do ano passado, Kong Chi tinha sido condenado a 17 anos de prisão, pela prática de 22 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 19 crimes de prevaricação, 7 crimes de violação de segredo de justiça, 3 crimes de abuso de poder, 1 crime de favorecimento pessoal e 1 crime de riqueza injustificada. No Tribunal de Segunda Instância, que julgou o ex-Procurador-Adjunto em primeira instância, Kong Chi tinha conseguido evitar a condenação pelo crime de associação ou sociedade secreta.

Contudo, no TUI, os juízes Song Man Lei, José Maria Dias Azedo e Ho Wai Neng deram como provado que Kong Chi foi o líder da associação o que permitiu agravar a pena final, mesmo se vários outros crimes tenham prescrito.

Em relação a Kong Chi, a pena a 21 anos de prisão resulta da condenação por 1 crime de direcção ou chefia de associação ou sociedade secreta, 10 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 2 crimes de violação de segredo de justiça, 3 crimes de prevaricação, 1 crime de abuso de poder, e 2 crimes de inexactidão dos elementos.

Ao mesmo tempo, face a Kong Chi, o TUI considerou prescritos 1 crime de corrupção passiva e 3 crimes de prevaricação, dando ainda como não provada a acusação por um crime de abuso de poder.

Casal envolvido

No entendimento do TUI, a associação criada por Kong Chi era ainda constituída pelo casal de empresários Choi Sao Ieng e Ng Wai Chu, os outros arguidos do caso que acabaram igualmente condenados.

Choi Sao Ieng vai ter agora pela frente uma pena de 16 anos de prisão que resulta da condenação por 1 crime de participação em associação ou sociedade secreta, 9 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 2 crimes de violação de segredo de justiça, 3 crimes de prevaricação, 1 crime de abuso de poder. Na primeira decisão, a empresária tinha sido condenada a uma pena de 14 anos de prisão, pela prática de 14 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 15 crimes de prevaricação, 6 crimes de segredo de justiça, 3 crimes de abuso de poder e 1 crime de favorecimento pessoal.

Por sua vez, Ng Wai Chu, cônjuge de Choi, foi condenado com uma pena de 10 anos de prisão, devido à prática de 1 crime de participação em associação ou sociedade secreta, 7 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 2 crimes de violação de segredo de justiça, 3 crimes de prevaricação, 1 crime de abuso de poder. Anteriormente, Ng tinha sido condenado a 6 anos de prisão pela prática de 2 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 2 crimes de prevaricação, 2 crimes de violação do segredo de justiça, 2 crimes de abuso de poder e 1 crime de favorecimento pessoal.

A advogada Kuan Hoi Lon chegou a ser acusada no âmbito deste caso, mas acabou absolvida pelo TSI, sem que este aspecto tenha sido alterado pelo TUI.

20 Fev 2025

Economia | CE alerta para riscos de instabilidade internacional

O Chefe do Executivo (CE) alertou ontem para o perigo económico das tarifas impostas pela Casa Branca à China e o efeito na economia de Macau, muito exposta ao exterior. Numa reunião do Conselho para o Desenvolvimento Económico, Sam Hou Fai diz serem precisas respostas para os desafios que a economia chinesa atravessa

 

O líder da RAEM, Sam Hou Fai, lançou ontem um alerta para os tempos difíceis que se avizinham para a economia de Macau, durante a primeira reunião do ano do Conselho para o Desenvolvimento Económico. O Chefe do Executivo começou por afirmar que o mundo está a enfrentar o aceleramento de “grandes mudanças não vistas num século”, com a entrada “num novo período de mudanças turbulentas”.

O agravamento significativo do unilateralismo e proteccionismo dos últimos anos acrescentaram instabilidade e incerteza na economia global, especialmente em Macau enquanto “micro-economia altamente aberta ao exterior”, que “não pode ficar imune”. Além de destacar a crescente concorrência internacional ao principal sector do território, o turismo, Sam Hou Fai salientou o aumento das taxas aduaneiras impostas este mês pelos Estados Unidos (EUA) às importações chinesas. “A estratégia internacional do novo governo dos EUA e a incerteza das políticas em relação à China trazem-nos um novo impacto negativo”.

Também a nível nacional o panorama não é o mais optimista. “O funcionamento económico do nosso país continua a enfrentar muitas dificuldades e desafios, continuando a confrontar com certas pressões respeitantes nomeadamente à insuficiência de procura doméstica, às dificuldades de produção e exploração de algumas empresas, ao emprego e aumento do rendimento dos residentes”, indicou o líder do Governo.

Rol de dependências

Tendo em conta as fragilidades apontadas, Sam Hou Fai afirmou ser essencial “atenção redobrada e resposta adequada, uma vez que a economia de Macau tem como pilar a indústria de turismo e lazer integrado e está altamente dependente do mercado de visitantes do Interior da China”.

O governante voltou a apontar o dedo aos desequilíbrios estruturais da economia local com o “desenvolvimento exclusivo do sector de jogo como um único sector da economia”, admitindo que durante “um determinado período de tempo” será difícil alterar “substancialmente” esse cenário. Até lá, “os velhos problemas como escassez de recursos, estrutura única das fontes de turistas, desequilíbrio das receitas financeiras e insuficiência da capacidade de inovação, persistirão por resolver mais efectivamente”.

O Chefe do Executivo salientou também que a economia de Macau está “numa fase crucial de transição de um desenvolvimento de recuperação para um desenvolvimento de alta qualidade” e pediu a contribuição dos membros do Conselho para o Desenvolvimento Económico.

Porém, Sam Hou Fai mostra-se confiante que “a longo prazo a economia do Interior da China e o navio da economia do país irá certamente navegar no vento e quebrar as ondas para um futuro mais brilhante”. Para contornar as dificuldades económicas, o governante apontou para o cumprimento dos objectivos traçados pelo Governo Central para a RAEM, não defraudando as expectativas do Presidente Xi Jinping para o território.

“A grande pátria é, desde sempre, o nosso firme respaldo e, o ‘apoio do país e interligação com o mundo’ constituem, sem dúvida nenhuma, as maiores vantagens da RAEM”, afirmou Sam Hou Fai.

20 Fev 2025

AL | Kou Hou In quer mais articulação entre leis de Macau e do Interior

O presidente da Assembleia Legislativa pretende que os deputados se inspirem na forma como Shenzhen utiliza novas tecnologias para facilitar a governação e fornecer serviços mais convenientes aos cidadãos

 

O presidente da Assembleia Legislativa defendeu a necessidade de se avançar com medidas que melhorem a articulação das leis, regras e sistemas entre Macau e as cidades da Grande Baía. As declarações de Kou Hoi In foram citadas pelo jornal Ou Mun, após a visita de uma delegação de deputados a Zhuhai e Shenzhen.

Em jeito de balanço, o também empresário considerou que a visita oficial às cidades do Interior foi muito produtiva e que serviu para alargar os horizontes dos deputados, ao mesmo tempo que lhes permitiu ficar a conhecer melhor os feitos alcançados pela cidade de Shenzhen nos últimos 40 anos.

Sobre a cidade vizinha de Hong Kong, Kou Hoi In explicou que mostrou aos legisladores o “desenvolvimento pelo sector privado nas tecnologias de ponta”, assim como aplicação destas tecnologias aos serviços sociais, o que defendeu dever servir como inspiração para o desenvolvimento da RAEM.

Kou Hoi In defendeu assim um reforço da cooperação com Interior da China e sejam tidos como exemplos os feitos alcançados a nível das novas tecnologias de ponta para impulsionar o desenvolvimento da RAEM, melhorar a governação local, aumentar o nível dos serviços prestados, e tornar os serviços mais convenientes para os residentes.

O político recordou também que o Presidente Xi Jinping apontou a necessidade de continuar a promover a construção da Grande Baía, através de uma maior articulação das regras e dos sistemas em vigor tanto no Interior, como em Macau e Hong Kong.

Desafios em Hengqin

Sobre a Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin, o presidente da Assembleia Legislativa reconheceu que existem desafios para as empresas de Macau, que decorrem do facto de se aplicarem nesta zona o sistema e as regras do Interior da China. Kou Hoi In deu como exemplo os produtos alimentares que são desenvolvidos por empresas de Macau em Hengqin, mas que têm de ser identificados como “feitos na China”, em vez de “feito em Macau”.

O presidente da Assembleia Legislativa destacou ainda que esta foi a primeira vez que uma delegação da actual Legislatura visitou oficialmente Zhuhai e Shenzhen. Todavia, deixou o desejo que Macau e as cidades da Grande Baía se estudem mutuamente, e que as vantagens de Macau no âmbito do princípio “Um País, Dois Sistemas” sejam melhor entendidas. Neste capítulo, o político expressou a esperança que a Ilha Montanha possa ser aproveitada como um projecto experimental.

Na deslocação ao Interior, a delegação da AL visitou algumas das empresas mais conhecidas de alta tecnologia chinesas, como a BYD, Huawei e a empresa de drones DIJ. A delegação visitou ainda o cento de serviços municipais para conhecer as medidas digitais mais convenientes para os residentes, também participou numa actividade de intercâmbio com as autoridades legislativas de Zhuhai e Shenzhen.

20 Fev 2025

Mark O’Neil lança obra biográfica sobre Liang Sicheng e contributo para a arquitectura chinesa

Mark O’Neill, jornalista e autor a residir em Hong Kong, publicou uma biografia de Liang Sicheng, responsável por documentar a arquitectura chinesa antiga, e que durante a Revolução Cultural foi alvo de perseguição política. O livro escrito pelo autor de origem inglesa, lançado pela editora Joint, intitula-se “Liang Sicheng: Guardião da História Arquitetónica da China”

 

Quando teve contacto com a figura de Liang Sicheng?

Quando vivi em Pequim interessei-me pela parte antiga da cidade, pois era como nenhuma outra no mundo. Liang Sicheng disse o seguinte sobre esta parte antiga de Pequim: “O traçado geral mostra o sistema tradicional das cidades históricas da China, sendo resultado da geografia, condições políticas e económicas das dinastias Yuan, Ming e Qing. Exprime também uma gestão artística que conduziu a um elevado nível de sucesso. Serviu bem a era feudal e serve também muito bem a vida na nova era. Pode ser a capital da nova era. Isto não impede de forma alguma um bom desenvolvimento. Toda esta criatividade ao longo de muito tempo deixa-nos orgulhosos”. Na década de 1950, Liang e um colaborador elaboraram uma proposta de 25.000 caracteres para a construção de um novo centro administrativo na parte ocidental da cidade, para albergar todos os ministérios e edifícios oficiais e deixar a cidade antiga como estava. Mas o novo Governo rejeitou esta proposta e demoliu a maior parte da cidade antiga. Construiu a sua nova capital no centro da cidade antiga. Isso partiu o coração de Liang e da sua esposa Lin Huiyin. Em Pequim, conheci a segunda esposa de Liang, Lin Zhu. Ela explicou-me todos estes acontecimentos dramáticos. Foi um estímulo para escrever o livro. Tanto ela como a sua filha, Liang Zaibing, escreveram excelentes livros que descrevem tudo isto. Foram um material de investigação fundamental para o livro.

O que considera mais fascinante na carreira de Liang Sicheng?

Admiro muito os valores estéticos de Liang e o seu trabalho meticuloso na documentação dos edifícios antigos da China, 2.738 no total. Em 1944, no meio dos piores horrores da guerra do Japão contra a China, que matou muitos dos seus amigos e familiares, escreveu uma carta ao representante militar dos Estados Unidos da América em Chongqing. Fez uma lista de locais históricos em Nara, Quioto e Osaka, e propôs que fossem poupados à destruição pelos bombardeiros americanos. Que generosidade e sentido de humanidade extraordinários. Em 2009, Nara ergueu uma estátua em sua honra. Viveu durante a guerra anti-japonesa e as terríveis campanhas do início do período comunista. Mas manteve o seu sentido de missão: preservar os tesouros da arquitectura chinesa e formar uma nova geração de arquitectos e a Universidade de Tsinghua.

Quais as principais correntes arquitectónicas, ou edifícios específicos, que Liang ajudou a preservar ou a chamar a atenção?

Ele e a sua mulher [Lin Huiyin] documentaram 2.738 edifícios antigos, com medições preciosas, em chinês e inglês, e chamaram a atenção nacional e internacional para eles. Sem isso, muitos poderiam ter sido destruídos ou deixados cair no processo de degradação. Definiu as caraterísticas da arquitectura tradicional chinesa e descreveu os arquitectos e artesãos que a construíram.

Pode dizer-se que, enquanto intelectual, Liang Sicheng sofreu perseguições durante a Revolução Cultural. Em termos concretos, como foi esse período para Liang?

No capítulo 10, descrevemos a Revolução Cultural como o calvário de Liang, tal como o foi para milhares de intelectuais e funcionários do partido [Partido Comunista Chinês]. Liang viveu e trabalhou no campus da Universidade de Tsinghua. O Governo entregou o controlo do campus a guardas vermelhos frívolos. Liang era um alvo óbvio para eles porque tinha estudado nos Estados Unidos, falava inglês e tinha muitos amigos estrangeiros. A perseguição que sofreu foi tão severa que acabou por o levar à morte. Em 1966, a sua saúde já era frágil; tinha 65 anos. Foi obrigado a escrever “auto-confissões” e a assistir a sessões de crítica em massa. Os guardas vermelhos saquearam o seu apartamento. Mas ele não cometeu nenhum crime, era simplesmente um arquitecto e professor. As críticas eram absurdas.

Após os anos do regime de Mao, duas das suas obras foram publicadas. O que nos dizem sobre a arquitectura do país?

Após a morte de Mao e o fim da Revolução Cultural, foi reabilitado e as suas obras foram publicadas em chinês e inglês. O seu maior legado é a explicação da história da arquitectura chinesa, a análise dos edifícios antigos e das técnicas utilizadas para os construir. Um dos mais famosos é o templo budista Fo Guang Si, situado nas montanhas Wutai, em Shanxi. Liang Sicheng chamou a atenção do mundo chinês e estrangeiro para este legado.

Liang Sicheng foi um dos poucos arquitectos da época com formação estrangeira. Quais foram as principais influências reveladas nos principais projectos arquitectónicos da época?

Liang e a sua mulher, bem como um pequeno número de colegas chineses formados no estrangeiro, trouxeram de volta à China a arquitectura moderna. Ensinou-a na Universidade do Nordeste, em Shenyang, de 1928 a 1931, e na Universidade de Tsinghua, de 1945 até à sua morte, sendo que, durante a Revolução Cultural, estas aulas tornaram-se impossíveis. Este é outro legado importante – as centenas de arquitectos que formou e os livros didácticos que escreveu para eles. Na memória global da arquitectura chinesa antiga, o seu trabalho foi fundamental. Lançou os alicerces para a mesma. Desde então, muitos seguiram o seu exemplo na investigação, tanto chineses como estrangeiros.

Liang Sicheng, uma “vida extraordinária” devota à arquitectura

Segundo uma nota oficial sobre a obra, divulgada pela editora Joint Publishing, Liang Sicheng teve “uma vida extraordinária”. Filho de Liang Qi-chao, um dos intelectuais mais famosos da China, Liang Sicheng cresceu no Japão. Educado na Universidade da Pensilvânia, Liang também estudou em Harvard e foi muito influenciado pelos arquitectos e pela arquitectura americana.

Um dos poucos chineses do seu tempo com conhecimento profundo sobre arquitectura moderna, Liang Sicheng regressou à China em 1928 e passou mais de 12 anos a investigar a arquitectura da China antiga, continuando o seu trabalho mesmo durante os anos da Segunda Guerra Mundial, quando a China foi parcialmente ocupada pelos japoneses.

Publicou as suas descobertas em jornais chineses e ingleses, revelando ao mundo, pela primeira vez, a história, os conhecimentos e a beleza da arquitectura chinesa. Após a Segunda Guerra Mundial, leccionou na Universidade de Yale e foi o representante da China na concepção da nova sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque.

A vida pós-1949

Depois de 1949, permaneceu em Pequim como chefe do departamento de arquitectura da Universidade de Tsinghua. Projectou os principais edifícios do novo regime comunista, mas não conseguiu persuadir o Presidente Mao Zedong a preservar a antiga cidade de Pequim. Na década de 50, e nos anos da Revolução Cultural, foi severamente criticado.

Em Janeiro de 1972 acabou por falecer na capital chinesa. Com o fim da Revolução Cultural, a sua figura e reputação foram reabilitados e a as suas foram publicadas a título póstumo. Em 1984, a sua “História Pictórica da Arquitectura Chinesa” foi publicada em inglês por Wilma Fairbank, amiga do arquitecto e da sua esposa, e casada com o o sinólogo John Fairbank.

20 Fev 2025

Suicídio | Macau voltou a bater recordes com 90 casos em 2024

O número de suicídios continua a aumentar em Macau. No ano passado, 90 pessoas tomaram a própria vida no território, um dos registos mais elevados em mais de duas décadas e desde que há registo, afectando pessoas entre os 12 e os 76 anos de idade. O Governo aponta doenças mentais, problemas emocionais e financeiros entre as principais causas dos suicídios

 

No ano passado, o número de suicídios em Macau bateu o recorde absoluto desde, pelo menos, 2003, quando os casos eram quase metade dos actuais. Em 2024, 90 pessoas tomaram a sua própria vida, ultrapassando a marca negra de 2023 em 2,27 por cento.

Quando comparado com 2022, no ano passado registaram-se mais 12,5 por cento de suicídios. A discrepância é ainda maior face a 2021, com o registo de 2024 a representar um crescimento de 50 por cento. Em termos demográficos, no ano passado, cometeram suicídio 48 pessoas do sexo masculino e 42 do sexo feminino, com idades compreendidas entre 12 e 76 anos. Segundo os Serviços de Saúde (SS), entre os 90 suicídios cometidos em 2024, 76 eram residentes da RAEM e 14 não-residentes ou turistas.

O HM analisou os dados estatísticos relativos ao suicídio desde 2003, que têm estado espalhados em várias categorias ao longo dos anos, entre estatísticas da criminalidade e indicadores da saúde. Uma realidade salta à vista: antes de 2017, nunca se verificaram mais de 80 suicídios anualmente. Aliás, a média anual de suicídios entre 2003 e 2013 foi de 53,5 casos, com um total nesses 11 anos de 589 casos. Total que fica muito aquém da soma dos anos entre 2014 e 2024, período durante o qual se suicidaram em Macau 806 pessoas, ou seja, uma média anual de cerca de 73,3 casos.

Face a mais de duas décadas de estatísticas, o período durante e depois da pandemia regista não só uma tendência crescente, com a excepção de 2021, como também supera os registos anuais de suicídios desde 2003.

Palavras já ditas

No comunicado divulgado ontem sobre a monitorização do suicídio no quarto semestre de 2024, os SS apontam que as causas do suicídio “são complexas e frequentemente envolvem doenças mentais, factores psicológicos, socioeconómicos, familiares, de relações humanas e factores genéticos biológicos”.

As autoridades acrescentam que a prevenção requer a atenção de todos e que “para reduzir a incidência de suicídio, os residentes devem contactar, comunicar e preocupar-se mais com as pessoas que estão ao seu redor, com as suas vidas diárias e incentivar aquelas que estão com problemas emocionais a procurar activamente ajuda profissional”.

Apesar dos números, o Governo indica que “tem dado grande importância à saúde mental dos residentes”, aumentando a acessibilidade aos serviços, e alargando a rede de apoio social, “mas também mobilizando toda a sociedade, através das famílias, escolas e da comunidade”.

Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.

Número de suicídios por ano:

2024 – 90 casos

2023 – 88 casos

2022 – 80 casos

2021 – 60 casos

2020 – 74 casos

2019 – 67 casos

2018 – 82 casos

2017 – 73 casos

2016 – 60 casos

2015 – 61 casos

2014 – 71 casos

2013 – 68 casos

2012 – 51 casos

2011 – 75 casos

2010 – 50 casos

2009 – 60 casos

2008 – 69 casos

2007 – 49 casos

2006 – 51 casos

2005 – 39 casos

2004 – 55 casos

2003 – 46 casos

Fontes: Serviços de Saúde e DSEC

19 Fev 2025

Habitação | Custo médio com redução de 17,5 por cento

Os dados divulgados pela Direcção de Serviços de Finanças revelam que no espaço de um ano as casas ficaram mais baratas, com a diferença do metro quadrado a atingir 15.278 patacas

 

Em Janeiro, o preço médio do metro quadrado da habitação registou uma redução de 17,5 por cento face ao período homólogo, de acordo com a Direcção de Serviços de Finanças (DSF).

Segundo os dados divulgados pelas autoridades, no primeiro mês do ano, o preço médio do metro quadrado da habitação foi de 71.917 patacas, o que representa uma redução de 17,5 por cento, em comparação com Janeiro de 2024. Nesse mês, o metro quadrado era comprado e vendido a uma média de 87.195 patacas, o que representa uma diferença de 15.278 patacas por metro quadrado.

Quando a comparação é feita entre Janeiro deste ano e Dezembro do ano passado, o preço médio do metro quadrado apresentou uma redução de 9,7 por cento, dado que em Dezembro de 2024 o preço médio foi de 79.619 patacas por metro quadrado. No espaço de um mês a diferença foi de 7.702 patacas.

Face a estes números, um apartamento com 75 metros quadrados avaliado em 5,97 milhões de patacas em Dezembro, valeria em Janeiro 5,39 milhões de patacas.

No que diz respeito ao número de transacções, Janeiro apresentou uma ligeira recuperação em relação ao que acontecia há um ano. No primeiro mês deste ano, registou-se um total de 270 transacções de habitação, um crescimento de 2,7 por cento, face às 263 transacções registadas em 2024.

O crescimento do número de transacções é mais significativo se a comparação for realizada entre Janeiro e Dezembro. No último mês do ano passado foram registadas 190 transacções. Janeiro representou, assim, um crescimento de 42,1 por cento no número de transacções, ou seja, mais 80 compras e vendas de habitação.

Taipa mais cara

Ao contrário da tendência normal, em Janeiro as habitações mais caras foram compradas e vendidas na Taipa, onde o preço por metro quadrado atingiu 78.744 patacas. Em comparação, em Janeiro de 2024, a média na Taipa era de 93.954 patacas por metro quadrado, enquanto em Dezembro de 2024 foi de 85.923 patacas.

Coloane, que é o local de Macau onde as casas tendem a ser mais caras, viu o metro quadrado ser negociado por 75.866 patacas, quando em Dezembro o valor médio foi de 99.972 patacas por metro quadrado. Em Janeiro de 2024, o preço do metro quadrado em Coloane era de 103.478 patacas.

Em relação à Península de Macau, o preço do metro quadrado foi de 67.023 patacas, enquanto em Dezembro de 2024 foi de 70.756 patacas. Em Janeiro de 2024, o preço por metro quadrado na Península de Macau era de 83.063 patacas.

19 Fev 2025

PME | Associação alerta para problemas de recrutamento

Enquanto nas regiões vizinhas as empresas oferecem salários cada vez mais competitivos, o presidente da Macau Oversea Worker Employment Agency Association alerta para as dificuldades das PME locais no preenchimento de 10 mil vagas de emprego

 

O presidente da Macau Oversea Worker Employment Agency Association, Ao Ieong Kuong Kao, afirmou que as pequenas e medias empresas (PME) estão a enfrentar problemas na contratação de trabalhadores. A posição foi tomada por Ao Ieong, ao jornal Cheng Pou, com o reconhecimento de que as PME de Macau não oferecem condições atractivas, tanto para residentes, como para os trabalhadores não-residentes.

Segundo Ao Ieong Kuong Kao, nas condições actuais da economia, as PME têm dificuldades em conseguir oferecer salários e outros benefícios competitivos, além de não disponibilizarem aos trabalhadores oportunidades internas de desenvolvimento da carreira profissional. Estes factores, defende o presidente da associação das agências de emprego, fazem com que os residentes prefiram trabalhar nas concessionárias de jogo ou na Administração Pública.

No entanto, as dificuldades sentidas a nível dos residentes começam a alastrar também à contratação de trabalhadores não-residentes, que cada vez mais encontram melhores condições nas regiões vizinhas.

De acordo com Ao Ieong Kuong Kao, a nova política da contratação de não residentes de Hong Kong marcou uma mudança de paradigma face a Macau e ao Interior. Como consequência da alteração, as próprias empresas do Interior foram obrigadas a responder, e começaram a aumentar os salários para manter ou contratar novos trabalhadores.

Este cenário levou a que as condições das PME em Macau se agravassem, porque sem aumento dos salários, mesmo para os não-residentes, não é possível atrair, como no passado, não-residentes.

A grande fatia

Até Dezembro do ano passado, Macau tinha cerca de 182 mil trabalhadores não residentes, dos quais 120 mil eram oriundos do Interior, a larga maioria. No entanto, Ao Ieong Kuong Kao explicou que devido ao encerramento de vários restaurantes nos bairros comunitários o número ainda não ultrapassou os registos pré-pandemia.

No entanto, com o Governo Central a lançar a medida de entradas múltiplas em Macau para os cidadãos que vivam em Zhuhai ou Hengqin, Ao Ieong Kuong Kao prevê que a restauração, vendas a retalho e outros serviços tenham necessidade de contratar mais trabalhadores.

Apesar das dificuldades, segundo as estimativas do dirigente associativo, as PME precisam de contratar mais trabalhadores para fazerem face à nova procura, indicando existirem cerca de 10 mil vagas de empregos, principalmente na restauração e outros serviços.

19 Fev 2025

Metro Ligeiro | Deputado pede divulgação de planos da Linha Oeste

Leong Sun Iok defende a necessidade aumentar a rede de transportes numa zona da cidade onde residem cerca de 250 mil pessoas. Além disso, salienta que as zonas por onde irá passar a Linha Oeste do Metro Ligeiro ficam perto de locais turísticos

 

O deputado Leong Sun Iok apelou ao Governo para apresentar o planeamento para a construção da Linha Oeste do Metro Ligeiro, que vai fazer a ligação entre a Barra e as Portas do Cerco. A opinião do legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) foi partilhada ontem em comunicado.

No entendimento do deputado, a necessidade de completar a Linha Oeste é evidente, uma vez que a Zona Interior da Península de Macau tem cerca de 250 mil residentes, mas não está coberta por aquele que pode ser um dos meios de transporte mais convenientes.

“Se olharmos para a zona do Porto Interior, que seria coberta pela Linha Oeste do Metro, percebemos que é uma alternativa a uma das principais estradas de Macau, que serve uma população de cerca de 250 mil pessoas, situada num raio de 500 metros”, justificou o deputado. “Não só é uma área residencial tradicional, como também fica perto de várias atracções turísticas. Pelo que é óbvio que durante as horas de ponta e os feriados os grandes congestionamentos são uma constante”, acrescentou.

Leong Sun Iok indicou também que faz cada vez mais sentido avançar com o planeamento detalhado da Linha Oeste do Metro Ligeiro, dado que há cada vez mais passageiros neste meio de transporte. Além disso, destaca que com a cidade a fazer a transição para um período em que há cada vez mais espectáculos e eventos desportivos, é necessário ter meios para a deslocação dos milhares de pessoas que assistem ou participam nesses eventos.

Mais utilizadores

O deputado também defende que a expansão da linha a lugares com mais população tem levado ao aumento do número de passageiros.

Segundo Leong Sun Iok, em 2023, antes da abertura da Estação da Barra, que permitiu ligar a Península de Macau àLinha da Taipa, a média diária de passageiros do Metro Ligeiro era de 6 mil por dia. Contudo, após a abertura dessa linha, conjugada com as novas linhas de Seac Pai Van e da Ilha da Montanha, a média diária de passageiros subiu para 23,1 mil por dia.

Leong Sun Iok recordou ainda que as estimativas do Governo apontavam que até 2030 houvesse uma média diária de 137 mil passageiros. Todavia, sem a abertura da Linha Oeste, o deputado duvida que a meta seja alcançada, mesmo com a abertura da Linha Leste, que vai fazer a ligação entre as Portas do Cerco com a Taipa, através do Zona A dos Novos Aterros.

O deputado apelou ainda ao Governo para modernizar o sistema de pagamentos no Metro Ligeiro, para permitir pagamentos através das aplicações móveis mais popular no território. Segundo o deputado, este é um dos factores que tornam pouco prático o uso do Metro Ligeiro.

19 Fev 2025

Diplomacia | Plataforma de Macau vista no contexto da política externa chinesa

Em “Paradiplomacia na China: O papel de Macau nas relações entre os países de língua sino-portuguesa”, Xu Heng Wang conclui que o papel de plataforma com a lusofonia “pode ser visto com extensão da política externa da China”. Porém, a RAEM apresenta as suas próprias ideias, sem uma “completa obediência ao Governo Central”, indica a académica

 

O papel diplomático de Macau no relacionamento com a China e os países de língua portuguesa foi o foco da tese de doutoramento de Xu Heng Wang defendida em Janeiro na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (UC). Em “Paradiplomacia na China: O papel de Macau nas relações entre os países de língua sino-portuguesa”, a autora defende que, no tocante ao papel de plataforma económica e comercial da RAEM na ligação de Pequim e os países de língua portuguesa, há uma certa extensão da política externa chinesa, mas, ao mesmo tempo, ideias próprias das autoridades locais.

“Embora o papel de Macau como plataforma económica e comercial possa ser visto como uma extensão da política externa da China, tal não significa que Macau esteja num estado de completa obediência ao Governo central”, é referido no trabalho de investigação.

Embora seja salientado que “é difícil discernir a vontade de Macau em se desenvolver, deve ser mencionado que Macau tem as suas próprias ideias sobre o rumo do seu desenvolvimento”, nomeadamente em relação ao jogo e toda a estrutura económica.

“Há muito que Macau previu que a estrutura da sua economia seria desequilibrada e que o jogo seria dominante. As autoridades e os académicos têm também realizado muitos debates sobre a questão do desenvolvimento insustentável assente na indústria do jogo. Em simultâneo, Macau está também muito consciente das suas vantagens em termos de integração cultural, tendo levado a cabo a construção de uma cidade histórica e cultural, transformando-se numa atracção turística.”

Entre as ideias próprias e o que está definido em matéria de política externa por Pequim, existe “uma direcção do desenvolvimento de Macau que, basicamente, é consistente com o papel que o Governo central concebeu para Macau”.

Neste contexto, a autora conclui que “os interesses de Macau e do Governo central são basicamente os mesmos”, sendo “um caso especial de paradiplomacia na China”, em virtude da implementação da política “Um País, Dois Sistemas” no território e do elevado grau de autonomia que lhe proporciona em diversas áreas.

O papel do Fórum Macau

Xu Heng Wang fez uma abordagem diferente sobre esta questão, não recorrendo a teorias tradicionais da área das relações internacionais, pelo facto de “as interacções em Macau envolverem tanto actores estatais como não-estatais”, pelo que essas teorias “não fornecem uma explicação precisa do papel de Macau”. Desta forma, e para compreender o papel de Macau nas relações entre a China e os países de língua portuguesa, foi combinada a ideia de paradiplomacia com a teoria do Guanxi, termo usado para descrever relações sociais, económicas ou políticas que podem potenciar negócios ou outros benefícios.

Assim, é referido que “a criação do Fórum Macau pode ser considerada uma das actividades paradiplomáticas em destaque”, com “Macau a desempenhar um papel que mistura o seu desenvolvimento com os objectivos estratégicos do Governo Central chinês, especialmente no que concerne aos países de língua portuguesa”.

Entende-se que “Macau tem desempenhado algumas actividades relevantes nas relações entre a China e os países de língua portuguesa”, embora se assuma que “os resultados tenham sido limitados até agora”.

A académica refere que estas actividades são “concentradas principalmente nos campos da economia, educação, turismo, cultura e tecnologia, com efeitos políticos que ainda não são tão evidentes”. Além disso, é apontado que “a influência de Macau nas relações entre a China e os diferentes países de língua portuguesa tem variado em intensidade”. Ainda assim, “grande parte da interacção e cooperação entre Macau, China e os países de língua portuguesa ocorreu através do Fórum Macau”.

Ajuda com objectivos

Em termos gerais, a “paradiplomacia de Macau é um processo complexo e fluído”, sendo que o território “mostra a sua identidade como um centro mundial de turismo e lazer e um centro financeiro característico com actividades internacionais”, com o objectivo de “melhorar a estrutura económica” e fazer uma diversificação além jogo.

A autora destaca áreas fundamentais como os serviços para pequenas e médias empresas, intercâmbio-cultural e formação de talentos bilingues. Além disso, é explicado que “o Governo Central presta apoio político a Macau com base nas suas necessidades de política externa, com o reforço da cooperação” com os países de língua portuguesa. Nestas acções, incluem-se o projecto da Grande Baía, bem como a ideia do estabelecimento de Macau como centro de compensação do renminbi (RMB).

“Por um lado, o Governo Central proporciona conveniências a Macau e ajuda [o território] a estabelecer a sua identidade, ‘apoiada pelo mercado da China continental’. Por outro, ajuda Macau a desenvolver a actividade de centro de compensação em RMB para as transacções que ocorrem na plataforma de negociação de Macau.”

Assim, denota a autora, “o papel de Macau na paradiplomacia, mas como auxiliar da implementação da política externa central, é também evidente”. Porém, “a paradiplomacia de Macau não reflecte apenas o objectivo diplomático de ajudar o Governo chinês a estabelecer relações com os países de língua portuguesa, mas também a melhoria da própria influência internacional de Macau”.

A tese de doutoramento apresenta também uma análise de casos práticos do relacionamento de Macau com os países de língua portuguesa mais marcantes na relação económica com a China, nomeadamente Angola e Brasil. “Para Angola, Macau tem desempenhado um papel de aproximação à China”, uma vez que o país africano necessita de “investimento estrangeiro para o sector da energia hidroelétrica, infra-estruturas e agricultura”. Desta forma, o eixo de ligação faz-se no Fórum Macau, onde “Angola pode estabelecer relações com o Governo Central chinês e cooperar em matéria de investimentos, além do sector petrolífero”.

Além disso, “a maior parte do investimento da China em Angola provém de grandes empresas, enquanto as pequenas e médias empresas ainda dependem principalmente de Macau para a cooperação comercial”.

No caso do Brasil a situação é ligeiramente diferente, pois “nas relações sino-brasileiras, o papel de Macau não é óbvio”, mais “centrada em torno dos BRICS”, grupo de economias emergentes inicialmente fundado pelo Brasil, Rússia, Índia e China, e que hoje conta com dez países membros.

“Embora a primeira reunião ministerial do Fórum de Macau (2003) tenha precedido a primeira reunião dos líderes dos BRICS (2009), o impacto do Fórum de Macau nas relações sino-brasileiras não é obviamente tão bom como a influência estabelecida através de reuniões directas. Por conseguinte, nos primeiros tempos do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil, as relações entre os dois países desenvolveram-se mais a nível nacional.”

É destacado ainda que “embora o papel que Macau tem na abertura de uma porta para o mercado da China continental tenha sido estabelecido aos olhos do Brasil, o impacto de Macau nas relações sino-brasileiras ainda não se tornou óbvio”.

É certo, porém, que nos últimos anos “o desenvolvimento contínuo do Fórum de Macau e a melhoria contínua das actividades organizacionais, a sua atracção pelo Brasil tornou-se cada vez mais evidente”. “À medida que o Brasil tenta expandir o comércio, a cooperação comercial e o investimento com a China deixarão de estar concentrados apenas nos gigantes empresariais nacionais e serão cada vez mais direcionados para as empresas privadas”, é ainda concluído.

Em relação a Portugal, a “atitude é muito positiva”, à conta da ligação histórica existente. “Em muitos memorandos e declarações assinados com a China, foi afirmado que Macau está a desempenhar um papel cada vez mais importante como elo de ligação entre a China e Portugal. Portugal e a China têm uma grande cooperação técnica nos domínios das novas energias, da indústria aeroespacial e de outras inovações tecnológicas. Existe também uma profunda relação de cooperação no domínio da educação.”

Destaca-se ainda que Portugal “não só assinou acordos de cooperação no domínio do ensino com universidades do Interior da China, como também assinou vários acordos de cooperação e intercâmbio com as principais universidades de Macau”.

19 Fev 2025

Economia | Moradores pedem estímulos com urgência

O presidente da Associação dos Moradores acha que a economia comunitária e as pequenas e médias empresas enfrentam uma emergência, sem tempo para esperar pelas linhas de acção governamental. Chan Ka Leong pede ao Governo para lançar o mais rapidamente possível um novo Grande Prémio do Consumo

 

Daqui até Março e Abril muita água ainda vai passar debaixo da ponte. O ditado popular resume a mensagem do presidente da direcção da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Chan Ka Leong, que acha que até à apresentação de medidas de apoio à economia, constante das Linhas de Acção Governativa (LAG) do Executivo de Sam Hou Fai. Chan Ka Leong, que também é membro do Conselho Executivo, entende que são urgentes medidas de curto-prazo para estimular o desenvolvimento económico, apoiar e revitalizar as pequenas e médias empresas, antes da apresentação.

Como tal, o dirigente recomenda ao Governo que lance urgentemente uma nova ronda do programa de cupões de desconto, Grande Prémio do Consumo. Além disso, deve ser também promovida a ligação estreita entre grupos comunitários, empresários e comerciantes para organizar eventos que atraiam pessoas para os bairros comunitários fora dos circuitos turísticos. Em declarações citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, Chan Ka Leong indicou que a intervenção do Governo nos dois sentidos, estímulos económicos e eventos atractivos, pode aliviar a curto-prazo as dificuldades sentidas por cidadãos e pequenas e médias empresas. Além disso, o dirigente acha que vale a pena estudar a possibilidade de lançar mais um cartão de consumo.

Mensagem divina

Chan Ka Leong indicou também que o programa de comparticipação pecuniária, ou cheques pecuniários, deve ser optimizados no que diz respeito aos seus beneficiários. Porém, acha que será preciso primeiro reunir o consenso social, não esperando já alterações nas próximas LAG.

O dirigente fez as recomendações ao Executivo durante uma cerimónia de danças do dragão e leão, realizada no domingo à tarde no Jardim do Iao Hon.

Na mesma ocasião, o deputado e membro da direção dos Moradores Leong Hong Sai apontou como solução para os problemas económicos de Macau o apoio nacional. O legislador recordou que este é o “primeiro ano de implementação do espírito dos importantes discursos proferidos pelo Presidente Xi Jinping durante a visita a Macau”.

Além disso, Macau irá beneficiar da introdução contínua de políticas lançadas pelas autoridades do Interior da China, que irão ajudar à diversificação económica da RAEM.

Durante as festividades de celebração do Ano Novo Lunar, no Jardim do Iao Hon foram montadas barraquinhas com jogos e performances culturais.

18 Fev 2025

Habitação económica | Pedidas candidaturas mais flexíveis

A lei da habitação económica deve ser alterada para permitir que candidatos individuais possam adquirir apartamentos maiores do que T1, ou mudar de casa se a família aumentar, segundo Nick Lei e Lo Choi In. A deputada recordou que a procura por este tipo de habitação tem decrescido

 

Com a legislação que está hoje em dia em vigor, um candidato individual apenas pode concorrer a uma fracção do tipo T1 nos concursos para habitação económica. Além disso, após a entrega da casa, se a pessoa contrair casamento, tive um filho e o seu agregado familiar aumentar, não pode mudar para uma fracção com mais assoalhadas.

Na óptica dos deputados Nick Lei e Lo Choi In, o Governo tem de alterar a lei que regula a habitação económica e acrescentar flexibilidade às candidaturas e às políticas de habitação pública.

Em declarações ao jornal do Cidadão, Nick Lei salientou que a população quer há muito tempo que a lei seja alterada, aliviando a rigidez normativa que afecta a procura por este tipo de habitação pública, mas que o Governo não tem correspondido à vontade dos residentes.

O deputado ligado à comunidade de Fujian defende também a introdução das candidaturas permanentes na habitação económica, ou seja, a entrega de candidaturas a qualquer momento e a entrada para uma lista de espera, à semelhança do que acontece com a habitação social.

Oferta e procura

A deputada Lo Choi In também defende a flexibilização das candidaturas à habitação económica, mas salienta que nos últimos anos a procura por este tipo de habitação tem diminuído significativamente. Aliás, no último concurso, aberto em Setembro de 2023, o número de candidaturas válidas (5.076) foi inferior às fracções disponíveis (5.415). No total, foram entregues 6.562 candidaturas.

Na óptica de Lo Choi In, para tornar a habitação económica mais atractiva é necessário aumentar a proporções de apartamentos T2, baixar o preço das casas (que estão demasiado próximos do mercado privado) e permitir que os compradores possam revender as fracções no mercado. Actualmente, se um morador quiser vender um apartamento de habitação económica só o pode alienar ao Instituto de Habitação por um valor correspondente ao da compra inicial.

Em declarações também ao jornal do Cidadão, a deputada demonstrou ainda preocupação face ao aumento do crédito malparado relativo a empréstimos hipotecários para habitação. Lo Choi In apelou à atenção do Governo para um problema que considera colocar em risco a estabilidade do mercado financeiro de Macau.

18 Fev 2025

Economia | Lei Chan U pede elaboração de Plano Quinquenal

Com o 2.º Plano Quinquenal da RAEM a chegar ao fim até ao final deste ano, Lei Chan U pede à Direcção dos Serviços de Estudos de Políticas e Desenvolvimento Regional que faça um balanço e indique como está a ser desenvolvido o plano para o período 2026-2030

 

Lei Chan U pretende que o Governo faça um ponto de situação sobre o andamento dos trabalhos do 3.º Plano Quinquenal da RAEM (2026-2030), que deverá entrar em vigor no próximo ano. O assunto é abordado numa interpelação escrita partilhada ontem pelo gabinete do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Em 2015, a RAEM começou a seguir o modelo do Interior da China que a cada cinco anos apresenta um plano sobre o desenvolvimento da sociedade a cinco anos. O deputado defende esta opção e justifica que a “elaboração de um plano quinquenal ajuda a construir um modelo de desenvolvimento futuro e a definir os objectivos de desenvolvimento económico e social”.

Face à importância que atribui ao plano, Lei Chan U considera ser necessário que Direcção dos Serviços de Estudos de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR) faça uma actualização dos trabalhos para o futuro programa e que indique quando vão arrancar os trabalhos de elaboração.

Por outro lado, o deputado da FAOM pretende que o Executivo faça um ponto de situação sobre o plano actualmente em vigor o 2.º Plano Quinquenal da RAEM (2020-2025), que está no último ano de vigência. “Quando se espera que o Governo comece a rever e a concluir a eficácia do Segundo Plano Quinquenal?”, questiona.

Entre as preocupações do deputado consta ainda a necessidade de “convergência perfeita” entre o final do plano actualmente em vigor e o início do futuro plano.

O papel da Ilha

Ao longo da interpelação, Lei Chan U praticamente não faz referência a conteúdos que gostaria de ver no plano. No entanto, quer saber se parte do plano vai visar a Zona de Cooperação Aprofundada entre Macau e Guangdong e em que moldes a cooperação vai seguir “o espírito dos discursos de Xi Jinping”, proferidos aquando da passagem em Macau, durante o Dezembro do ano passado.

Em relação aos discursos do Xi, Lei defende ainda que o “Governo deve seguir estas instruções e tomar medidas específicas na elaboração do terceiro plano quinquenal”.

Ao mesmo tempo, o legislador da FAOM defende que o 3.º Plano Quinquenal da RAEM se deve articular com 15.º Plano Quinquenal da República Popular da China e seguir o exemplo do que é feito “com sucesso” no Interior da China.

18 Fev 2025

Comunicação | Ex-candidato à AL critica Sam Hou Fai

Johnson Ian, candidato nas eleições legislativas, critica a forma de comunicação utilizada pelo Chefe do Executivo para divulgar a equipa de secretários do actual mandato. Considerando “incrível” a forma como a divulgação foi realizada, Johnson Ian, que é parceiro do deputado Ron Lam, defende que há matérias que têm de ser anunciadas de outra maneira

 

O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, anunciou a equipa de secretários com que vai trabalhar nos próximos anos através de um comunicado, sem direito a conferência de imprensa ou outras explicações adicionais, o que levou Johson Ian, ex-candidato à Assembleia Legislativa (AL), a classificar essa acção como “incrível”.

O antigo jornalista e também presidente da Associação de Sinergia de Macau, a que está ligado o deputado Ron Lam U Tou, disse ao jornal All About Macau que a forma adoptada pelo Executivo para comunicar políticas através de comunicados é “unidireccional”, não conseguindo explicar de forma plena as questões à população.

Johson Ian alertou ainda para o facto de, nas redes sociais, existirem vozes a duvidar da nova liderança governativa, por não se registar muito “movimento” de acções públicas e comentários após a tomada de posse.

Na opinião do responsável, se o Governo continuar a comunicar com a população simplesmente através de comunicados, tal pode prejudicar a sua imagem e credibilidade.

“Macau tem muitos problemas que não podem ser explicados apenas através de comunicados”, defendeu. Para Johson Ian, se Sam Hou Fai e os secretários se mantiverem em silêncio, é certo que os chefes de departamento e demais subordinados também não irão prestar declarações públicas. Tal pode provocar uma desconexão com a sociedade, defendeu.

Menos limitações

O novo Executivo tomou posse a 20 de Dezembro, mas apenas foram divulgados comunicados para anunciar as visitas realizadas em bairros comunitários com Sam Hou Fai e demais membros da equipa governativa. Além disso, e segundo Johnson Ian, não foram aceites entrevistas à margem das actividades e visitas a associações.

Só Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, respondeu de forma simples às questões colocadas pelos jornalistas no passado dia 1 de Fevereiro, depois de mais uma visita com o Chefe do Executivo.

Assim, Johnson Ian sugere que o Governo acabe com as limitações de acesso a alguns meios de comunicação social que, desde Outubro, não têm permissão de entrada em alguns serviços governamentais, com o argumento de que não existe espaço suficiente para todos.

“Sempre que é dito que existe limitação de espaço, as imagens mostram que há muitas cadeiras vazias, o que demonstra que é mentira”, disse Johnson Ian.

O responsável afirmou que actualmente existe uma maior diversidade na comunicação social local, pois esta não se limita a publicar em papel, recorrendo também às redes sociais e plataformas digitais para disponibilizar conteúdos e informações, tal como outros media em todo o mundo. Desta forma, o presidente da associação considera que a RAEM tem também de seguir esta tendência, a fim de acolher as visões dos meios de comunicação social, ao invés de os limitar na sua acção.

Johnson Ian apresentou os casos de alguns governantes da Europa, EUA e Hong Kong que recorrem às redes sociais para dar explicações públicas e comentar diversos assuntos, entendendo ainda que as actuais práticas do Governo de Macau já não conseguem atingir os objectivos a que se propõem. Para Johnson Ian, já não basta divulgar comunicados de imprensa para que sejam reproduzidos nos meios de comunicação tradicionais, dado o menor número de leitores ou espectadores face às plataformas digitais.

18 Fev 2025

Ensino profissional | Estudo alerta para falhas em recursos humanos na China

Um estudo publicado na revista “The China Quarterly” conclui que há ainda muitas questões a resolver para que o ensino técnico-profissional na China consiga responder às necessidades de recursos humanos. O trabalho alerta para a “rápida massificação” deste tipo de ensino, com prioridade para “número de matrículas em detrimento da qualidade”

 

O ensino técnico-profissional na China tem-se popularizado, mas um estudo publicado recentemente na revista “The China Quarterly”, da Cambridge University Press, conclui que há ainda lacunas a colmatar para que os cursos consigam, de facto, dar resposta às necessidades do país em matéria de mão-de-obra no sector industrial.

“More graduates, fewer skills? Vocational education expansion and skilled labour shortages in China” [Mais graduados, menos competências? A expansão da educação vocacional e as faltas de mão-de-obra qualificada na China] é o nome do estudo desenvolvido por Xinmiao Song, da Universidade de Lingnan, e Duduo Xu, do departamento de sociologia da Universidade de Hong Kong.

O trabalho académico chama atenção para a “tendência perturbadora” da “rápida massificação do ensino profissional, que dá prioridade ao número de matrículas em detrimento da qualidade do ensino” e que “não responde à procura de formação de competências e de mão-de-obra qualificada”.

Além disso, os autores acrescentam para as “consequências adversas, tanto para a gestão administrativa como para o ensino”, causadas por este panorama. “O desenvolvimento de competências cabe frequentemente a associações profissionais pós-escolares e a um grupo exclusivo de alunos de elite. Entretanto, as iniciativas de reforma, como a campanha de artes manuais e os concursos de competências, beneficiam apenas alguns, sem melhorar as perspectivas de emprego da população estudantil em geral.”

Desta forma, os dois académicos defendem que “se preste mais atenção às tensões inerentes ao sistema de ensino e formação profissional da China”, pois “só quando houver uma compreensão mais profunda das causas subjacentes à formação ineficaz de competências nas escolas profissionais a China poderá atingir o seu objectivo nacional de modernização industrial”.

O estudo foi desenvolvido em duas escolas vocacionais, tendo sido feitas entrevistas a 104 estudantes. Além disso, foram utilizados dados etnográficos de quatro projectos de doutoramento na área do ensino profissional, desenvolvidos entre Outubro de 2017 e Dezembro de 2020.

É também referido que o país tem necessidade “cada vez mais urgente” de trabalhadores qualificados “devido à concorrência económica mundial”. Porém, “apesar da expansão massiva do sistema de ensino e formação profissional nas últimas duas décadas, continua a existir um défice significativo de mão-de-obra qualificada”, existindo “debates sobre a ineficácia do ensino profissional”. Estes centram-se, sobretudo, “na falta de sinergias institucionais entre o ensino e a indústria, mas ignoram frequentemente os conflitos inerentes ao sistema de ensino profissional e aos processos de formação de competências a nível micro”.

Dificuldades práticas

Ao “nível micro”, ou seja, nas escolas, os autores denotam a existência de diversas dificuldades no funcionamento efectivo destes cursos em consonância com os resultados pretendidos.

No ensino secundário existe “um equilíbrio delicado entre a promoção da igualdade social e o desenvolvimento de competências”. Porém, “a análise indica que, no contexto da rápida expansão do ensino secundário, as escolas têm dificuldade em harmonizar eficazmente estes objectivos”.

“A fim de manter um corpo discente adequado, as escolas e os professores vêem-se muitas vezes obrigados a comprometer a qualidade dos candidatos e os padrões de ensino na sala de aula. Esta situação gera uma mudança na pedagogia quotidiana e na administração escolar no sentido de preservar a disciplina e a estabilidade, atribuindo assim o desenvolvimento de competências e a selecção de talentos – idealmente uma missão de toda a escola – a associações profissionais extra-curriculares, prosseguidas apenas por alguns”, é acrescentado.

Conclui-se também que “a aquisição de competências é um processo multifacetado, moldado pela interação dinâmica entre educadores e alunos”, pois “a preparação académica dos alunos e as suas motivações para aprender são igualmente pertinentes para a formação de microcompetências, tal como o são os recursos das escolas e as capacidades dos professores”.

Desta forma, “a resolução do problema da formação ineficaz de competências exige mais do que iniciativas do topo para a base”, sendo “necessária uma abordagem que reconheça os obstáculos que os estudantes enfrentam na aquisição de competências, bem como as suas apreensões e incertezas na procura de emprego”, é referido.

Os autores falam ainda de “elitismo” nalgumas formações relacionados com cursos de trabalhos manuais e “concursos de competências”. “Estas iniciativas podem inadvertidamente sugerir que os trabalhos manuais estão reservados a um número restrito de pessoas, uma vez que os concursos de competências permanecem muitas vezes inacessíveis à maioria dos estudantes do ensino profissional, quer objectiva quer psicologicamente.”

Assim, os autores salientam que “existe um desfasamento significativo entre esta abordagem elitista da aquisição de competências e as condições reais enfrentadas pelos estudantes do ensino profissional”.

“A promoção superficial do espírito de trabalho manual e a exclusividade de competências não conseguiram resolver verdadeiramente os desafios associados à aquisição de competências, à procura de emprego e ao empenho em seguir profissões técnicas entre os estudantes do ensino profissional”, é também referido.

Ainda assim, são referidas limitações no estudo, nomeadamente o facto de se centrar apenas nas escolas profissionais públicas do ensino secundário superior, podendo “os resultados não representar totalmente outros níveis de ensino profissional, como os institutos superiores de formação profissional”.

Números da “fábrica do mundo”

No estudo é referido o intenso desenvolvimento industrial que a China tem conseguido nos últimos 40 anos, emergindo como a “fábrica do mundo”, conforme descrevem os autores, “tirando partido dos seus dividendos demográficos”.

“No entanto, o modelo de crescimento intensivo em mão-de-obra revelou-se insustentável devido ao envelhecimento da população e à intensa concorrência global. Para escapar à ‘armadilha do rendimento médio’, o Governo chinês lançou uma série de acções de modernização industrial nos sectores da indústria transformadora e dos serviços”, mas “apesar das ambiciosas agendas para a próxima década, a persistente escassez de trabalhadores qualificados continua a dificultar estes esforços”, é referido.

Em 2020, eram mais de 23 milhões os estudantes do ensino profissional, pelo que “esta escassez de mão-de-obra qualificada constitui uma surpresa”, é referido no estudo, que destaca “os esforços e recursos substanciais que o Governo chinês dedicou à melhoria do ensino profissional nos últimos anos”.

Surgiu, por exemplo, “o ensino profissional secundário superior gratuito, a expansão dos estabelecimentos de ensino profissional superior em um milhão de estudantes de 2019 a 2021 e a criação de universidades de tecnologia aplicada”. Além disso, o sistema de ensino profissional assistiu a uma trajectória sem precedentes, com as matrículas nos estabelecimentos de ensino profissional secundário superior a aumentarem de 4,56 milhões em 2004 para 7,11 milhões em 2009″.

Em termos de necessidade de recursos humanos, o estudo cita dados do Ministério dos Recursos Humanos e da Segurança Social da China relativos a 80 cidades do país. “Os relatórios trimestrais do ministério revelaram que o rácio entre posto de trabalho/pessoa que procura mão-de-obra qualificada atingiu um pico histórico de 2,0 no início de 2020”, sendo que “os trabalhadores qualificados de nível superior, os técnicos e os técnicos superiores tiveram uma procura particularmente elevada”.

É também referido que o Ministério da Educação prevê que o país continue a confrontar-se, este ano, “com um défice de 30 milhões de trabalhadores qualificados, o que representa uma quebra de 48 por cento em domínios como os materiais, a poupança de energia e os veículos movidos a novas energias”.

18 Fev 2025

Taiwan | Macau apoia famílias de vítimas de explosão

Uma equipa de Macau está em Taiwan desde a noite de quinta-feira, a prestar assistência aos feridos e familiares das vítimas da explosão que matou dois residentes da RAEM. A criança de dois anos atingida permanece nos cuidados intensivos

 

À chegada a Taichung, no centro de Taiwan, na quinta-feira à noite, o grupo de coordenação de crises de turismo e elementos da Cruz Vermelha de Macau dirigiram-se “ao hospital para visitar os familiares das vítimas mortais e feridos no caso da explosão de gás num centro comercial na cidade, transmitindo as profundas condolências do Chefe do Executivo”, lê-se num comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau.

Pelo menos quatro pessoas morreram e 26 ficaram feridas na sequência de uma explosão, na quinta-feira, num centro comercial de Taichung, indicaram no mesmo dia os bombeiros locais.

O caso envolve sete residentes de Macau, dos quais dois morreram e cinco ficaram feridos. Dois dos cinco feridos tiveram alta hospitalar, enquanto outros dois foram submetidos a cirurgia e encontravam-se ontem em situação estável, mas ainda hospitalizados. A DST indicou ainda que nessa altura outro ferido permanecia nos cuidados intensivos, ou seja, a criança de dois anos. Segundo responsáveis clínicos do hospital, a criança está sob observação devido a graves lesões cranianas.

No apoio burocrático, o Governo da RAEM indicou que pessoal de uma “seguradora de Macau envolvida está também no local para prestar apoio aos familiares no acompanhamento de assuntos relacionados com compensação”.

O grupo de crises de turismo e o pessoal da Cruz Vermelha de Macau acompanharam no sábado familiares das vítimas numa reunião com “agentes fúnebres e profissionais da área legal locais e, através da delegação da Cruz Vermelha local, de acordo com o desejo dos familiares, fizeram o acompanhamento junto das organizações e entidades relevantes sobre o processamento dos restos mortais e das compensações dos falecidos”, acrescentou a DST.

Dias de pesar

Na quinta-feira à noite, o líder do Governo da RAEM manifestou, em comunicado, “sinceras e profundas condolências” aos familiares das vítimas da explosão. Sam Hou Fai “segue com elevada atenção o caso da explosão de gás” num centro comercial”, lê-se na nota emitido pelo Gabinete de Comunicação Social.

A explosão ocorreu na zona da restauração no 12.º andar do centro comercial Shin Kong Mitsukoshi. Dezenas de bombeiros foram enviados para o local, onde partes do exterior do edifício ficaram danificadas e fragmentos espalharam-se pelas ruas.

O jornal Taipei Times avançou que “o incidente (…) foi alegadamente causado por uma explosão de gás no 12.º andar”, versão corroborada pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Taichung, Cheng Chao-hsin, que acrescentou ter ocorrido uma fuga de gás.

“O presidente do Grupo Shin Kong, Richard Wu, disse que a empresa assumiria a responsabilidade por uma aparente explosão de gás que resultou em quatro mortes e 26 feridos”, informou o Taipei Times. Como tal, as famílias de cada uma das quatro vítimas mortais vão receber cerca de 2,7 milhões de patacas da empresa.

Entretanto, foi noticiado pela imprensa da Formosa que no sábado à noite voltaram a cair destroços da fachada do edifício na rua, onde foi estabelecido um cordão de segurança, não provocando feridos. Com Lusa

17 Fev 2025

Jogo | Wynn Macau com lucros de 672,3 milhões de dólares

A concessionária norte americana aumentou os ganhos em 44,4 por cento durante 2024, em comparação com o ano anterior. No entanto, o último trimestre do ano ficou marcado por uma quebra dos lucros operacionais

 

A operadora de jogo Wynn Macau registou lucros de 672,3 milhões de dólares em 2024, um aumento de 44,4 por cento face ao ano anterior. Os resultados da subsidiaria de Macau da americana Wynn Resorts foram anunciados na sexta-feira.

Em 2023, a Wynn Macau tinha alcançado lucros de 465,7 milhões de dólares, depois de três anos de prejuízos devido à pandemia da covid-19.

Em termos trimestrais, a Wynn Macau registou lucros operacionais de 160,8 milhões de dólares entre Outubro e Dezembro de 2024, uma quebra de 5,3 por cento em termos anuais. No último trimestre de 2023, o valor alcançou 169,8 milhões de dólares.

Os dois casinos da empresa em Macau, o Wynn Macau e o Wynn Palace, arrecadaram, no ano passado, 3,03 mil milhões de dólares em receitas, mais 23,9 por cento do que no ano anterior. Em 2024, os casinos fecharam o ano com receitas de 226,8 mil milhões de patacas, também mais 23,9 por cento do que em 2023, quando arrecadaram receitas de 183,1 mil milhões de patacas.

Mercado saudável

Os resultados da Wynn Macau foram anunciados com os resultados da Wynn Resorts, empresa mãe que explora casinos nos Estados Unidos e que está a preparar as entradas no Médio Oriente e Londres.

Em relação ao mercado de Macau, o director-geral da Wynn Resorts mostrou-se satisfeito com o que afirmou ser o forte desempenho segmento premium de massas e VIP. “Apresentámos um forte desempenho trimestral em Las Vegas, com base em dados comparáveis muito difíceis, e conseguimos uma quota de mercado saudável em Macau, liderada pela força tanto no segmento premium de massas como no VIP”, afirmou Craig Billings, director-geral da Wynn Resorts.

Contudo, o responsável também destacou a força da empresa no mercado de Las Vegas: “Os nossos resultados do quarto trimestre e do ano inteiro reflectem a força contínua em todo o nosso negócio, estabelecendo outro recorde anual para o EBITDAR Ajustado por hotel-casino em 2024, com outro recorde anual em Las Vegas”, sublinhou Craig Billings.

Apesar do comunicado mencionar a quota do mercado, durante a apresentação dos resultados, a direcção da empresa reconheceu que está mais focada no EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e na margem de lucro, mais do que na quota de mercado. Com Lusa

17 Fev 2025

Consumo | Governo estuda incentivos para zonas comunitárias

O Executivo de Sam Hou Fai está a analisar formas de promover o consumo nos bairros residenciais, fora dos circuitos turísticos. Sem especificar que medidas vão ser tomadas, o Governo destaca o sucesso do programa de descontos Grande Prémio para o Consumo e a importância da organização de eventos desportivos e culturais nos bairros

 

A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) está a “rever e avaliar” a eficácia das actividades de promoção do consumo nos bairros comunitários. Sem especificar exactamente que medidas de incentivo ao comércio nas zonas residenciais, fora dos circuitos turísticos, vão ser implementadas, o director da DSEDT, Yau Yun Wah, começa por realçar os resultados do Grande Prémio para o Consumo.

A campanha de distribuição de cupões de desconto contou com a participação de mais de 22 mil lojas, incluindo restauração e venda a retalho. Durante 13 semanas, foram usados cerca de 227 milhões de patacas em cupões, gerando um consumo total de 1,1 mil milhões de patacas, indicou o director da DSEDT em resposta a uma interpelação escrita de Ella Lei.

Para já, o organismo está a auscultar “opiniões de diversos sectores”, para estudar o lançamento de mais actividades de promoção do consumo nos bairros comunitários, e garante que vai continuar a cooperar com as diferentes associações industriais e comerciais do território.

Porém, o Executivo aponta que a economia pode ser estimulada de outra formas, além de apoios financeiros directos. A organização de eventos turísticos e culturais em bairros residenciais podem ser soluções alternativas.

Neste domínio, Yau Yun Wah indica que a Direcção dos Serviços de Turismo está empenhada em colaborar com as concessionárias para estender aos bairros comunitários “actividades emblemáticas de marca”, como as comemorações do Ano Novo Lunar, a Festa Internacional das Cidades de Gastronomia de Macau, o Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício e o Festival da Luz.

Além disso, o Governo irá apoiar actividades que tragam turistas para estas zonas, como a exposição “Coastal Fantasia: The Lobster King’s Vacation in Macao” e a “Philip Colbert’s Macao Art Tour”, mostras trazidas para Macau pela Sands China.

Arte na rua

O Governo refere ainda três programas de apoio financeiro a associações que realizem actividades de turismo, combinando recursos comunitários e lojas locais. Para 2025, foram aprovadas 43 actividades, que o Governo estima envolverem mais de 2.000 estabelecimentos comerciais e que poderão contar com a participação de 2,2 milhões de pessoas.

O director da DSEDT menciona também como exemplo a seguir os eventos desportivos que envolveram os bairros comunitários, como a exposição de automóveis na Praça do Tap Seac durante os fins-de-semana do Grande Prémio de Macau e as visitas de tenistas aos bairros durante o Macau Tennis Masters do ano passado.

17 Fev 2025

Cooperação | Sam Hou Fai foi recebido por John Lee em Hong Kong

O líder do Governo de Macau discutiu com o seu homólogo o reforço da cooperação em termos de assistência judiciária. O projecto da Grande Baía foi outro dos assuntos discutidos por Sam Hou Fai e John Lee

 

O Chefe do Executivo da RAEM, Sam Hou Fai, foi recebido por John Lee, Chefe do Executivo de Hong Kong, na sexta-feira, numa reunião que serviu para debaterem a cooperação entre os dois territórios. O encontro foi divulgado através de uma nota de imprensa emitido pelo Gabinete de Comunicação Social, e serviu para discutir o aprofundamento da cooperação da assistência judiciária.

Durante a reunião, de acordo com o Gabinete de Comunicação Social, os dois líderes discutiram o “reforço contínuo da cooperação entre as duas regiões nas áreas da inovação tecnológica, finanças, medicina tradicional chinesa, turismo, cultura e desporto, e convenções, exposições e comércio”. Em cima da mesa também esteve a “promoção conjunta para uma construção de alta qualidade da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Entre os temas discutidos estiveram também a adopção de medidas para “servir melhor a conjuntura do desenvolvimento nacional”.

No que diz respeito à cooperação, Sam Hou Fai e John Lee debateram o aprofundamento da assistência judiciária entre as duas regiões, embora sem mencionar detalhes concretos.

O Chefe do Executivo de Macau terá ainda indicado que “Hong Kong e Macau possuem enormes vantagens institucionais por serem regiões administrativas especiais do país”, e por serem “altamente complementares, apesar de possuírem diferentes posicionamentos e elementos de desenvolvimento”.

O líder do Governo de Macau considerou ainda que “o reforço da cooperação entre Hong Kong e Macau, com base nos bons alicerces existentes, contribuirá para um melhor desenvolvimento dos dois territórios”.

Os discursos de Xi

Na intervenção de Sam Hou Fai foi ainda indicado que “o espírito dos discursos importantes e instruções do Presidente Xi Jinping, incluindo as esperanças de empenho na promoção do desenvolvimento da diversificação adequada da economia e na construção de uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado, injectaram uma nova dinâmica na cooperação Hong Kong-Macau”.

Tendo em conta os discursos de Xi Jinping, o Chefe do Executivo “afirmou que os dois territórios devem alinhar-se à estratégia global do desenvolvimento nacional”, e “agarrar as oportunidades do desenvolvimento da Grande Baía”.

Sam Hou Fai pediu ainda que as regiões elevem “constantemente o nível da cooperação entre si” para terem “benefícios mútuos e melhorar em conjunto o bem-estar dos residentes de Hong Kong e de Macau”. Antes da reunião com John Lee, a comitiva liderada por Sam Hou Fai visitou o Parque de Ciência de Hong Kong e o Museu do Palácio de Hong Kong.

17 Fev 2025

Trabalho | Programa de talentos “Future Ready” lançado em Macau e Hong Kong

A Wynn e a seguradora AIA são duas das 14 empresas que fazem parte do projecto “Future Ready”, lançado pelo LinkedIn na quinta-feira em Hong Kong. O programa aposta na formação profissional nas duas regiões administrativas especiais, com especial foco para a inteligência artificial

 

A rede social LinkedIn, virada para o mundo do trabalho, lançou na última semana, em Hong Kong, um programa de formação de talentos que conta com a colaboração de 14 empresas do território e de Macau, nomeadamente a seguradora AIA e a operadora de jogo Wynn. O programa, intitulado “LinkedIn Future Ready”, visa “equipar os profissionais de Hong Kong e Macau com as competências necessárias para prosperar num mercado de trabalho em rápida evolução”, é referido numa nota da organização.

As outras empresas ou entidades participantes são a companhia aérea Cathay Pacific, o grupo de joalharia Chow Tai Fook, o grupo CLP, a English Schools Foundation, o grupo FWD, a Hop Lun, a Link Asset Management, a MTR Corporation, empresa que gere o metro de Hong Kong, e a consultora PCCW, sem esquecer a Prudential, a Swire Properties, que opera no mercado imobiliário, e o Jockey Club de Hong Kong.

O programa inclui “iniciativas para a actualização de competências, intercâmbio de conhecimentos e [partilha] de informações baseadas em dados”. Essencialmente, o “Future Ready” pretende “equipar empresas com ferramentas e recursos necessários para navegar num cenário de transformação da força de trabalho e promover uma cultura de inovação”.

Tendo em conta as últimas projecções da rede social, que publicou, em Janeiro, o relatório “Work Change Report – AI is coming to work” [Relatório da Mudança Laboral – Inteligência Artificial (IA) está a chegar ao trabalho], o programa “Future Ready” pretende disponibilizar mais formação nesta área nos dois territórios.

“O programa ‘LinkedIn Future Ready’ é uma iniciativa arrojada que visa apoiar a força laboral em Hong Kong e colmatar lacunas existências em termos de competências, além de desbloquear novas oportunidades numa economia em crescimento”, disse Mei Mei Ng, directora-geral da rede social LinkedIn em Hong Kong.

A responsável acrescentou ainda que a rede social vai trabalhar de forma estreita com as 14 empresas participantes, para construir “uma força de trabalho mais resiliente” através do fornecimento de “empresas que desenvolvam e implementem estratégias inovadoras de talento e garantam que os seus funcionários estejam equipados com as competências necessárias para ter sucesso no futuro”.

Competências aquém

Segundo o mesmo comunicado, antes de se avançar para este programa de formação foi feita uma avaliação dos mercados em ambos os territórios. Conclui-se que “Hong Kong e Macau apresentam um bom desempenho em competências transversais e inovação – ambas essenciais para navegar no dinâmico panorama empresarial actual”, sendo que por competências transversais se entende a “comunicação, trabalho de equipa e liderança”.

Em termos de inovação, outro factor analisado, “Hong Kong excede a média da APAC [países da região Ásia-Pacífico] em capacidades de inovação, reforçando o seu papel como centro de negócios com visão de futuro que também promove a transformação na indústria”. Porém, a região vizinha “fica atrás na média da APAC em proficiência em IA”, pelo que os mentores do programa “Future Ready” consideram que existe “uma necessidade urgente de iniciativas de melhoria de competências para ajudar a capacitar a força de trabalho a adaptar-se sem problemas ao avanço tecnológico”.

Há, neste domínio, uma “crescente procura de competências relacionadas com a IA”, pois “77 por cento dos líderes empresariais de Hong Kong afirmaram que contratariam um candidato menos experiente com competências em IA em vez de um candidato mais experiente sem essas competências”.

Além disso, “embora as competências transversais continuem a ser a área mais forte de Hong Kong, a região continua a situar-se abaixo da média da APAC e está atrasada em quatro dos cinco domínios de competências críticas avaliadas”.

Um dos objectivos do programa anunciado na quinta-feira é “melhorar e requalificar a mão-de-obra” dos dois territórios “para um futuro alimentado com a IA”, para que haja “uma combinação certa de competências técnicas e humanas”, constituindo “uma vantagem competitiva para profissionais e organizações”.

As 14 empresas parceiras vão ter acesso a mais de 23 mil cursos disponíveis na plataforma “LinkedIn Learning” que se baseiam em 41.000 conjuntos de competências, nomeadamente “percursos de aprendizagem com curadoria, formação com tecnologia, treino com IA e recursos de aprendizagem digital de ponta”, é explicado.

O futuro acelera

Segundo o mesmo relatório divulgado pela LinkedIn em Janeiro, a crescente adopção da IA em todo o mundo vai levar a uma “procura de novos empregos e competências”. Os dados da rede social revelam que “mais de 10 por cento dos trabalhadores contratados actualmente têm cargos que não existiam em 2000, incluindo funções como Cientista de Dados, Gestor de Redes Sociais, Gestor de Sustentabilidade, Gestor de Sucesso do Cliente e Engenheiro de IA”.

No caso concreto de Hong Kong, até 2030, “60 por cento de todas as competências utilizadas para realizar um trabalho terão mudado, com as inovações de IA a acelerarem esta transformação para 80 por cento”, é referido. Assim, conclui-se que “este ritmo acelerado de mudança criou uma lacuna de competências que é difícil de colmatar a curto prazo”.

Além da aposta em profissionais, o programa “Future Ready” também quer promover ideias e debates, prometendo, por exemplo, “mesas redondas trimestrais para executivos” e reuniões “com líderes do sector para discutir a evolução dos empregos, das competências e dos requisitos de aprendizagem”. “O programa também proporcionará uma plataforma para a partilha das melhores práticas, influenciando o desenvolvimento mais alargado da força de trabalho em todos os sectores”, é ainda acrescentado.

Destaque ainda para o facto de o relatório do LinkedIn sobre alterações nas estruturas de trabalho descrever as formas mais usuais da utilização da IA, nomeadamente na comunicação na área dos recursos humanos ou no marketing. Assim, “os recrutadores que utilizam as mensagens assistidas por IA do LinkedIn para envolver os candidatos estão a registar uma taxa de aceitação 44 por cento superior em comparação com as mensagens sem recurso à IA”. Além disso, “os profissionais de marketing que utilizam a ferramenta de criação de campanhas de anúncios do LinkedIn, o Accelerate, estão a apresentar um custo por acção até 42 por cento mais baixo em comparação com as campanhas clássicas” desta rede social.

Para este relatório foram realizados vários inquéritos, nomeadamente a mais de 2,500 empresários de cinco países (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Índia). O questionário focado em executivos de várias áreas empresariais (recursos humanos, operações ou marketing) foi feito em nove país e teve 19.991 participantes de empresas com mais de 1000 empregados. Este inquérito realizou-se de 26 de Novembro e 13 de Dezembro do ano passado.

Em termos mundiais, em 2030 cerca de 70 por cento das ferramentas e capacidades de cada trabalhador vão mudar, com a “IA a emergir como catalisador”, além de que “os investimentos feitos em IA [por parte das empresas] estão a começar a compensar: nos últimos dois anos, 51 por cento dos negócios que adoptaram a IA Generativa reportaram um aumento de receitas de 10 por cento ou mais”. “Sem surpresa, 88 por cento dos executivos com cargos de gestão de topo afirmaram que a adopção da IA para ajudar a acelerar os negócios é algo importante a desenvolver no próximo ano”, lê-se ainda.

17 Fev 2025

MGM | Lucros com crescimento de 25,2 por cento em 2024

Os casinos da MGM em Macau apresentaram lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 9,06 mil milhões de dólares de Hong Kong. As receitas saltaram para 31,39 mil milhões de dólares de Hong Kong

 

Em 2024, os lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês) da concessionária MGM China registaram um aumento de 25,2 por cento, para 9,06 mil milhões de dólares de Hong Kong, em comparação com o ano homólogo. Os dados foram revelados ontem pela concessionária que tem como empresa-mãe a americana MGM Resorts International, que também apresentou os seus resultados.

Em comparação, em 2023, ano em que foram levantadas as restrições de circulação de pessoas ligadas à pandemia, as receitas da MGM China tinham atingido 7,23 mil milhões de dólares de Hong Kong.

De acordo com os dados da concessionária, o hotel-casino MGM Cotai foi o que gerou lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização mais elevados no ano passado, com um valor de 5,23 mil milhões de dólares. Ao mesmo tempo, o outro hotel-casino da concessionária, o MGM Macau gerou lucros de 3,38 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Em termos das receitas, a concessionária apresentou um aumento de 27,2 por cento, para 31,39 mil milhões de dólares de Hong Kong, quando no ano anterior tinha atingido os 24,68 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Mais visitantes

Na apresentação dos resultados, os membros do conselho administrativo da MGM Resorts International foram questionados sobre a situação mais recente do mercado do jogo em Macau, que visou o período do Ano Novo Lunar, tradicionalmente uma das épocas altas da indústria.

Face às questões, William Hornbuckle, presidente e director-geral da MGM Resorts International, mostrou-se satisfeito com a quota de mercado da concessionária em comparação com as competidoras, embora sem adiantar números concretos: “Penso que tivemos um excelente Ano Novo Chinês em termos de quota de mercado, particularmente em termos de ganhos e visitas às nossas propriedades”, afirmou Hornbuckle.

A informação foi depois complementada por Kenneth Fong, presidente e director-geral da MGM China, que indicou que o número de pessoas a entrar no éis-casinos da concessionária aumentou 18 por cento: “Acho que tivemos um Ano Novo Chinês bastante sólido. Ambos os recintos registaram um forte tráfego, cerca de 18 por cento superior ao do Ano Novo Chinês de 2024”, indicou Fong. “O volume de jogo também foi superior ao do Ano Novo Chinês do ano passado, e mantivemos a nossa quota de mercado em cerca de 15 por cento. Gostaria de salientar, em particular, que notámos um final de Ano Novo Chinês muito forte, com uma elevada percentagem de jogadores a chegar após os feriados, isto em comparação com 2024”, detalhou. “Na verdade, o nosso volume de negócios foi quase tão forte na segunda semana do Ano Novo Chinês como na primeira semana do Ano Novo Chinês”, frisou.

De fora das respostas, e apesar de terem sido questionados sobre o assunto, os responsáveis da empresa deixaram o possível impacto no mercado de Macau das novas tarifas nos Estados Unidos sobre os produtos importados da China.

Osaka em Abril

A MGM Resorts International vai realizar a cerimónia de lançamento da primeira pedra do casino em Osaka a 24 de Abril, de acordo com a informação divulgada por William Hornbuckle, presidente e director-geral da empresa norte- americana. “A cerimónia oficial de inauguração está agendada para 24 de Abril. Além disso, a abertura da estação de metro de Yumeshima em Janeiro constitui um marco significativo em termos de infra-estruturas, melhorando as opções de transporte para os futuros hóspedes do nosso resort integrado”, afirmou Hornbuckle. A abertura do projecto que tem um preço estimado de 8,22 mil milhões de dólares americanos está prevista para o final de 2030.

14 Fev 2025

Taiwan / Explosão | Turistas de Macau morrem atingidos por estilhaços

Uma família de Macau foi atingida por uma explosão num 12.º andar num centro comercial de Taichung, quando caminhava na rua, o que fez com que os avós morressem, e a neta de dois anos esteja a lutar pela vida

 

Dois residentes de Macau morreram ontem, depois de terem sido atingidos pelos objectos projectados por uma explosão num centro comercial, que ocorreu em Taichung, no centro de Taiwan. Além das vítimas mortais, uma criança de dois anos, também de Macau, está a lutar pela vida, de acordo com a informação que foi disponibilizada, preliminarmente, ontem pelas autoridades da RAEM.

A família de Macau não se encontrava no 12.º andar do centro comercial Shin Kong Mitsukoshi, onde aconteceu a explosão, por volta das 11h33. No entanto, foi atingida pelos estilhaços que foram projectados para a rua. Todos os feridos de Macau fazem parte da mesma família, com sete elementos, e estavam numa viagem turística à Ilha Formosa. As vítimas mortais foram identificadas como os avós da família, enquanto a criança em estado grave é uma das netas. Os restantes quatro familiares também ficaram feridos, mas com menos gravidade.

A explosão aconteceu no 12.º andar de centro comercial Shin Kong Mitsukoshi dedicado à restauração, onde estavam a decorrer obras de renovação. Os relatos iniciais apontavam para a possibilidade de a explosão ter sido causada pela troca de uma botija de gás, mas as autoridades indicaram mais tarde que a explosão se deveu a um corte num tubo de canalização de gás natural, durante uma obra de remodelação realizada sem autorização legal.

Segundos os bombeiros de Taiwan, o avô da família de Macau foi declarado morto no local, enquanto a avó foi transportada para o hospital em paragem cardiorrespiratória, tendo sido declarada morta momentos depois. Por sua vez, a neta foi transportada de urgência para o hospital num carro particular, dado que tendo em conta a sua situação, com paragem cardíaca, optou-se por não esperar pelas ambulâncias. Durante a tarde de ontem, estava entubada e a lutar pela vida, devido a uma fractura no crânio e lesões nos pulmões, embora já tivesse recuperado os batimentos cardíacos.

O acidente ficou registados em vários vídeos, que circularam ontem nas redes sociais, e que mostram as janelas do edifício a rebentarem e a caírem para a rua, onde estaria a família de residentes de Macau.

Além dos dois mortos e cinco feridos da RAEM, terão morrido mais duas pessoas tendo sido ainda registados mais 21 feridos, num total de quatro mortes e 26 feridos, contabilizados até à tarde de ontem.

Mobilização geral

Após a ocorrência do acidente, as autoridades de Taiwan mobilizaram 37 veículos de salvamento com 86 bombeiros. A tragédia foi classificada na escala interna como um desastre de segundo nível, e as ruas foram fechadas ao trânsito, para que os esforços de salvamento pudessem decorrer sem constrangimentos.

A proporção do acidente levou o líder do Governo de Taiwan, William Lai, a intervir e a pedir para que fossem “activados todos os recursos médicos para prestar a melhor assistência médica aos feridos”.

William Lai deixou ainda desejos de rápida recuperação a todos os feridos e pediu às autoridades de Taiwan para apurarem e explicarem as causas do acidente.

Em Macau, também a Direcção de Serviços de Turismo emitiu um comunicado sobre o assunto, a revelar estar a acompanhar a situação. “A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) está a seguir atentamente a suspeita de explosão de gás ocorrida num centro comercial na cidade de Taichung, na região de Taiwan, tendo recebido hoje (dia 13) notificação sobre a existência de residentes de Macau entre as vítimas”, foi comunicado. “Segundo informações preliminares, dois residentes de Macau morreram e um ficou gravemente ferido, aguardando-se confirmação dos detalhes”, é acrescentado. “A DST está a acompanhar o caso e expressa as suas profundas condolências à família dos falecidos, estando actualmente em contacto com a família para prestar a assistência adequada”.

Uma equipa de Macau, com elementos da Cruz Vermelha, vai deslocar-se a Taichung para apoiar os feridos e familiares das vítimas da explosão, anunciaram ainda as autoridades.

“Um grupo de coordenação de crises de turismo irá, entretanto, acompanhar a Cruz Vermelha de Macau numa deslocação ao local, para prestar todo o apoio necessário aos familiares dos falecidos e aos feridos”, foi complementado.

14 Fev 2025

Taipa | Obras vão condicionar centro durante um mês

A avenida Dr. Sun Yat Sen, na Taipa, vai estar condicionada ao trânsito até 15 de Março devido a obras que vão ligar um prédio em construção à rede de esgotos, obrigando a escavações na estrada. O Governo indica que 24 carreiras de autocarro serão afectadas até meados do próximo mês

 

Uma das principais artérias rodoviárias da Taipa vai ter o trânsito condicionado durante, pelo menos, um mês, indicou ontem a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Para fazer “obras preliminares”, os condicionamentos ao fluxo rodoviário começaram ontem e prolongam-se hoje, fora das horas de ponta, garante a DSAT, no troço da avenida Dr. Sun Yat Sen, na Taipa, entre a rotunda Ouvidor Arriaga e a rotunda Dr. Sun Yat Sen.

A partir de amanhã e até ao dia 15 de Março, a parte da avenida entre a rotunda onde fica o McDonald’s e a rotunda que liga à avenida Olímpica ficará vedada ao trânsito por fases e zonas, devido a “obras de ligação à rede de tubagens, decorrentes da conclusão de um novo edifício privado”.

Entre os dias 16 de Março e 12 de Junho “serão realizadas obras de recuperação de passeios e vias públicas”.

A DSAT reconhece que “a obra terá um grande impacto no trânsito”, “tendo em conta que a avenida Dr. Sun Yat Sen é a artéria principal daquela zona”. Porém, refere que a fase de escavação das faixas de rodagem “foi reduzida de mais de 80 dias para cerca de 30 dias”, e que foi exigida “às entidades de interesse público a instalação conjunta de tubagens, cabos eléctricos, entre outras condutas, de modo a evitar a repetição de escavações”.

A DSAT aponta ainda que a empresa responsável pela construção do prédio em causa indicou que a obra irá ligar as infraestruturas de abastecimento de água do edifício à rede pública de esgotos, “um trabalho essencial a realizar antes da vistoria, sendo, por isso, urgente e necessário”.

Paragens e experiências

Também a rede de transportes públicos que atravessa a principal artéria da zona central da Taipa será fortemente condicionada. A DSAT indica que até 15 de Março as obras vão afectar a normal circulação de 24 carreiras de autocarros públicos.

Numa primeira fase, entre amanhã e 1 de Março, as paragens “Edf. Chun Leong”, “Chun U Villa” e “Treasure Garden” serão temporariamente desactivadas, com esta última a ser retomada numa segunda fase entre 2 e 15 de Março. Durantes estes dois períodos, até 15 de Março, as 24 carreiras de autocarros que passam pelas paragens em causa vão passar pelas Avenida de Guimarães e Avenida Olímpica. Apenas a carreira 25AX fará escalas adicionais nas paragens “Chun Lai Garden”, “Edf. Greenville” e “Jardim Lameiras”.

A DSAT informou ainda que, para aumentar a capacidade de escoamento das vias envolventes, entre o próximo domingo e 15 de Março, “será retomado, a título provisório e experimental, o sentido de circulação da Avenida do Estádio em direcção à Rotunda da Piscina Olímpica”. Além disso, será permitido virar à direita da Avenida do Estádio (em direcção à Rotunda do Estádio) para a Rua do Desporto, enquanto o troço da Rua do Pai Kok, entre a Avenida do Estádio e a Rua do Colégio, será temporariamente encerrado.

14 Fev 2025

Trabalho | Lei Chan U pede transparência sobre emprego de menores

O deputado Federação das Associações dos Operários de Macau pretende que as autoridades passem a revelar de forma sistemática dados estatísticos sobre trabalhadores menores de idade

 

Lei Chan U pretende que o Governo reveja a publicação de estatísticas sobre o trabalho de menores, de forma a controlar eventuais abusos laborais. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita que foi partilhada ontem pelo gabinete do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Um dos aspectos que preocupa Lei Chan U passa pela possibilidade de os trabalhadores com idades entre os 16 e os 18 anos poderem estar envolvidos em horas extras, trabalho por turnos, ou a desempenhar funções que lhes estão legalmente vedadas. O deputado defende a manutenção das restrições por considerar que visam “evitar qualquer situação que prejudique a educação dos trabalhadores menores e ponham em perigo a sua segurança, saúde e desenvolvimento físico e mental”.

De acordo com os dados oficiais disponíveis, citados pelo deputado, no terceiro trimestre do ano passado, havia 14.200 trabalhadores por conta de outrem na faixa etária dos 16 aos 24 anos, entre os quais 10.900 eram residentes locais. Contudo, não é possível saber quantos trabalhadores são menores de idade.

Face a este cenário, o legislador pede ao Governo que indique “as características do emprego de menores com idade igual ou superior a 16 anos, mas inferior a 18 anos”, bem como “as principais indústrias e profissões em que estão envolvidos”.

Lei Chan U questiona ainda se as autoridades têm planos para “melhorar, no futuro, as estatísticas de emprego relativas aos trabalhadores menores” para que a “comunidade tenha um conhecimento pormenorizado da situação laboral dos menores”.

Actualizar listas

No mesmo documento, o deputado pretende saber se “nos últimos anos” as autoridades “detectaram algum caso de violação dos direitos e interesses laborais de trabalhadores menores de idade”. Por outro lado, Lei Chan U indica que passaram 16 anos desde a entrada em vigor a actual lista de empregos que não podem ser desempenhados por menores, nem sequer propostas nesse sentido.

Todavia, o deputado da FAOM considera que passaram muitos anos e que pode estar na altura de actualizar a lista, por isso, quer se há planos nesse sentido. “O Governo tem palmos para rever e alterar as listas de empregos proibidos à luz do desenvolvimento económico e social, de modo a promover o desenvolvimento saudável dos trabalhadores menores?”, perguntou.

14 Fev 2025

Corrupção | Relatório alerta para lacunas em Hong Kong e Singapura

O Índice de Percepção da Corrupção 2024 apresenta Singapura como a terceira jurisdição mais limpa de corrupção a nível mundial, de um total de 180 países e regiões. Hong Kong está em 17º lugar no ranking, mas o relatório deixa um alerta: os centros financeiros mundiais continuam vulneráveis à corrupção

 

Foi divulgado, esta terça-feira, o Índice de Percepção da Corrupção (CPI, na sigla inglesa), que analisa a corrupção no sector público de 180 países e regiões, da responsabilidade da organização não-governamental Transparência Internacional.

No caso da China, o CPI revela que não houve uma mudança significativa. Se 100 pontos significa um país praticamente isento de corrupção, e 0 pontos um país altamente corrupto, a China registou, no ano passado, 43 pontos em 100, subindo uma posição em relação a 2023, ocupando a 76ª posição do ranking.

O CPI olha também para a situação de Hong Kong, que obteve 67 pontos em 100, ocupando a 17ª posição em 180 países e regiões de todo o mundo. Taiwan, está actualmente em 25ª posição no ranking dos 180 países, não se tendo registada qualquer mudança de posicionamento face ao CPI de 2023.

De registar a presença de um país asiático na lista dos quatro menos corruptos. É o caso de Singapura, em terceiro lugar com 84 pontos em 100, a seguir à Finlândia (2º) e Dinamarca (1º). A lista dos quatro melhores termina com a Nova Zelândia.

Segundo os dados oficiais do CPI, os países e regiões que são considerados “democracias plenas” têm uma média de 73 pontos, enquanto aqueles que têm sistemas políticos em que vigoram as “democracias com falhas” têm 47 pontos. Segundo o índice, os regimes não-democráticos recebem apenas, em média, 33 pontos.

O CPI analisa a corrupção em 180 países com base em fontes como estudos ou especialistas, medindo a corrupção apenas no sector público. São, contudo, assumidas limitações nesta contagem, pois o ranking não inclui “a corrupção de empresas privados, o secretismo financeiro ou a corrupção transnacional”.

Se a pontuação representa “o nível de percepção da corrupção do sector público numa escala de 0-100”, a posição do país no ranking é apenas a comparação com outros países, sendo que estas listas “podem mudar meramente se o número de países se alterar”.

Olhando para o cenário global, o relatório destaca que “mais uma vez que as economias desenvolvidas dominam o top do ranking CPI de 2024”, tratando-se de países que “beneficiam há bastante tempo de um Estado de Direito forte, do funcionamento de instituições governamentais e estabilidade política – factores que contribuem para uma percepção de baixos níveis de corrupção a nível interno”. Porém, “estes atributos fazem destes países alvos principais dos actores corruptos para lavagem de dinheiro e protecção dos ganhos ilícitos”.

O rasto do dinheiro

Segundo o relatório, o facto de economias desenvolvidas dominarem o CPI pode dar uma falsa ideia de que estes países “estão a combater a corrupção de forma efectiva e que se mantém intocados”. “Esta ideia não podia estar mais longe da verdade. Em particular, as nações que constituem grandes centros financeiros estão mais vulneráveis aos fluxos financeiros da corrupção. Enquanto as suas fortes instituições transmitem uma ideia de integridade, os sectores financeiros e quadros regulatórios providenciam, muitas vezes, oportunidades para explorar lacunas, diminuindo os esforços globais anti-corrupção”, é ainda descrito.

A este respeito são apresentados os exemplos de Hong Kong e de outros territórios associados a jurisdições offshore, onde nem sempre é possível determinar o rasto do dinheiro. “Centros financeiros ocidentais como a Suíça, Luxemburgo ou Reino Unido têm um histórico de escrutínio da facilitação das movimentações da lavagem de dinheiro. Contudo, os centros não ocidentais, como Hong Kong, Singapura e os Emirados Árabes Unidos progressivamente têm desempenhado papéis semelhantes e requerem uma análise semelhante.”

“Tal como os homólogos ocidentais, eles ostentam a existência de um forte Estado de Direito e instituições com um bom funcionamento, ainda que as leis bancárias, estruturas corporativas e provisões secretas permitem casos de lavagem de fundos e desvio de regulações, evitando-se a detecção” de casos menos legais, é ainda descrito.

Refere-se o caso da transferência de fundos africanos para centros financeiros, como é o caso de Carlos São Vicente, antigo CEO de uma empresa estatal angolana que transferiu cerca de 1.2 mil milhões de dólares americanos para empresas registadas nas Bermudas, e que posteriormente transferiu tranches de dinheiro para contas em Singapura e Suíça. Só para uma conta registada em Singapura foram transferidos 558 milhões de dólares americanos.

Opacidade aqui ao lado

No que diz respeito a Hong Kong, é revelado que em 2023 o território “impôs multas a quatro bancos no total de 3.2 milhões de dólares americanos, uns negligentes 0,0085 por cento dos lucros reportados por esses mesmos bancos nesse ano”.

Ainda no tocante à RAEHK, é revelado que “não existe um sistema central de registo sobre a posse de beneficiários – simplesmente é exigido às empresas que mantenham essa informação para si”. “Alguns tipos de fundos de investimento estão ainda isentos de manter registos dos seus proprietários. Com mais de 1,4 milhões de empresas registadas em 2023, manter o cumprimento da monitorização destas regras é um enorme desafio, criando-se lacunas que actores na sombra podem facilmente explorar”, descreve-se ainda.

Refere-se também que “a opacidade é ainda pior no que diz respeito a fundos de investimento”, com Hong Kong, Singapura e os Emirados Árabes Unidos “a não terem qualquer forma de registo dos beneficiários dos fundos”. “Como resultado, mesmo as autoridades não têm forma de saber quantos fundos existem e como operam nos seus países, deixando sozinhos os activos adjacentes a esses fundos. Nos casos em que há suspeita de ilegalidades, as autoridades confiam nos beneficiários para providenciarem informação: um processo que consome muito tempo e não é eficiente”, acrescenta-se.

Dinheiro e clima

Em termos gerais, o relatório do CPI destaca que, na região da Ásia-Pacífico, “os líderes têm falhado em travar a corrupção no meio da escalada de uma crise climática”. Numa nota assinada por Ilham Mohamed, Yuambari Haihuie e Urantsetseg Ulziikhuu, conselheiros regionais da Transparência Internacional, consideram que “os governos em toda a região da Ásia-Pacífico continuam a falhar nas promessas anti-corrupção”, chamando a atenção para o facto da região enfrentar muitos desastres naturais e ser “casa de um terço da população mundial, com o segundo maior número de população jovem” do mundo.

“Sem esforços concertados para combater a corrupção agora, a primeira geração que está a enfrentar a extrema alteração climática vai enfrentar consequências desastrosas”, é descrito.

“A corrupção obstrui políticas ambientais, trava financiamentos climáticos e impede o avanço em regulamentos e políticas, deixando mais vulneráveis aqueles que têm menos recursos”, descreve-se no relatório, que aponta para o facto de a corrupção travar “o uso efectivo do dinheiro” no combate às alterações climáticas.

É mencionado o Paquistão, “que sofreu vulnerabilidades climáticas sem precedentes nos últimos anos, com falhas sistémicas de governação e barreiras na implementação de políticas – incluindo atrasos na implementação de regulações e estabelecimento de instituições no âmbito da ‘Climate Change Act 2017’ – tenham deixado o contexto de financiamento muito aquém dos 348 mil milhões de dólares americanos projectados para finais de 2030”.

Destaca-se ainda o caso do Vietname, que teve 32 projectos de energia solar e eólica sob investigação devido a “abuso de poder”. O relatório descreve “que a falta de espaço cívico para uma fiscalização efectiva, bem como um número limitado de mecanismos para um apoio efectivo de sistemas de queixas – como a protecção de informadores – tem ameaçado estes programas fundamentais”.

14 Fev 2025