ONU | Wan Kuok Koi ligado a centros de burlas em Timor Leste

O empresário Wan Kuok Koi, também conhecido como Dente Partido, surge associado a um centro de fraudes estabelecido na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno, em Timor-Leste. A ligação consta de um relatório elaborado pelo Gabinete da Droga e do Crime da Organização das Nações Unidas, que aborda a ligação entre as políticas de investimento externo e o surgimento de redes de burlas no Sudeste Asiático.

O relatório aponta o caso de 25 de Agosto deste ano, quando a polícia de Timor-Leste fez uma rusga num hotel em Oecusse-Ambeno, que resultou na apreensão de vários cartões SIM e ainda aparelhos de ligação à internet Starlink, conhecidos pela elevada velocidade. De acordo com a ONU, este tipo de aparelhos é indispensável para o funcionamento de centros de burla. O hotel em causa é detido por vários empresários, inclusive um membro do Governo de Timor-Leste.

No entanto, Wan Kuok Koi, associado pela ONU à tríade 14 quilates, surge igualmente ligado a uma rede de exploração de casinos no Camboja e vários centros de burlas, que expandiu as operações para Timor-Leste. A ONU aponta ainda que esta rede tem várias ligações a complexos de burlas em Sihanoukville.

O relatório também menciona Macau, ao indicar que várias redes criminosas, como a 14 quilates, Gasosa ou Sun Yee On, começaram por se organizar no território, onde controlavam as empresas promotoras de jogo. Todavia, após as campanhas das autoridades contra estas tríades, as redes criminosas mudaram-se para o Sudeste Asiático, com investimentos em locais onde os casinos são legais.

15 Set 2025

Finanças | Corte nos apoios sociais faz cair despesa 1,8 por cento

Nos primeiros oito meses de 2025, a despesa pública caiu em termos anuais, devido à redução dos apoios sociais atribuídos à população. Um dos motivos que pode explicar a diferença anual é o novo modelo de distribuição do programa de comparticipação pecuniária

 

A despesa pública caiu 1,8 por cento nos primeiros oito meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024, foi anunciado na sexta-feira, devido a um decréscimo nos apoios e subsídios sociais. De acordo com dados publicados pela Direção dos Serviços de Finanças (DSF), Macau gastou até Agosto 57,5 mil milhões de patacas.

A despesa pública diminuiu sobretudo devido à queda de 4,4 por cento, em termos anuais, nos gastos em apoios e subsídios sociais, que ficaram perto de 31 mil milhões de patacas. Um dos motivos que poderá justificar a redução da despesa passa pelo facto de o Governo ter deixado de distribuir 10 mil patacas, ou 6 mil patacas, do plano de comparticipação pecuniária a residentes que não permanecem, pelo menos, meio ano na RAEM.

A queda da despesa pública acontece apesar de no início de Julho, a Assembleia Legislativa ter aprovado uma proposta do Governo para aumentar em 2,86 mil milhões as despesas previstas no orçamento, para reforçar os apoios sociais.

A revisão inclui a criação de um subsídio, no valor total de 54 mil patacas, para crianças até 3 anos de idade, para elevar a mais baixa natalidade do mundo. Também os gastos com o Plano de Investimentos e Despesas da Administração caíram 2,4 por cento, para menos de 11 mil milhões de patacas. Em sentido contrário, as despesas com pessoal aumentaram 3,4 por cento, atingindo 3,14 mil milhões de patacas.

Jogo aumenta receitas

Ao invés da despesa, a receita corrente subiu 3,4 por cento nos primeiros oito meses do ano, para quase 72 mil milhões de patacas. A principal razão para o aumento foi um acréscimo de 5,3 por cento, para 61,9 mil milhões de patacas, nas receitas dos impostos sobre o jogo – que representam 86 por cento do total.

As seis operadoras de jogo pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social e ao desenvolvimento urbano e turístico, e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos.

As receitas totais dos casinos de Macau ultrapassaram 163 mil milhões de patacas nos primeiros oito meses do ano, mais 7,2 por cento do que no mesmo período de 2024.

Em 15 de Abril, O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, admitiu recear um défice orçamental em 2025, devido à desaceleração na recuperação das receitas do jogo, ainda aquém dos níveis atingidos antes da pandemia de covid-19.

Ainda assim, Macau terminou Agosto com um excedente nas contas públicas de 14,9 mil milhões de patacas, mais 30,4 por cento do que no mesmo período do ano passado. Este valor já é mais do dobro da previsão inicial do Governo para todo o ano de 2025: 6,83 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado no ano anterior.

15 Set 2025

Abstenção | Mais votos, apesar de terceira participação mais baixa de sempre

A taxa de participação no sufrágio directo fixou-se em 53,35 por cento com um total de 175.272 votantes. É o número mais alto de sempre de participantes, no entanto, como os inscritos têm crescido, a taxa de abstenção foi de 46,65 por cento. Sam Hou Fai considerou que os números mostram uma “adesão activa dos eleitores”

 

Apesar da campanha do Governo a promover o voto como um “dever”, a taxa de participação de ontem foi a terceira mais baixa de sempre, fixando-se em 53,35 por cento com um total de 175.272 votantes, entre 328.506 registados. Se forem considerados os actos eleitorais com urnas abertas até às 21h, foi a segunda taxa mais baixa, apenas superada pela abstenção de 2021, em plena pandemia.

Em reacção aos números, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, considerou que houve uma “adesão activa dos eleitores”. “Nas eleições deste ano, votaram um total de 175.272 eleitores, representando uma participação eleitoral de 53,35 por cento, número que reflecte uma adesão activa dos eleitores”, afirmou Sam Hou Fai, em comunicado. “Gostaria de agradecer aos eleitores pela sua iniciativa em participarem, e aproveitarem o poder do seu voto para escolherem, com acções concretas, os seus representantes na Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau, contribuindo para a implementação duradoura do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, acrescentou.

Como parte da mensagem, Sam Hou Fai considerou também que “em geral” foram alcançados “os resultados esperados”.

Em relação a 2021, o primeiro acto em que foram excluídos candidatos por motivos políticos, a taxa de participação cresceu de 42,38 por cento para 53,35 por cento. Todavia, 2021 ficou marcado como o acto eleitoral com a menor taxa de participação desde que foi estabelecida a RAEM, com a abstenção a cifrar-se em 57,62 por cento.

A taxa de participação superou também o registo de 2001, quando a taxa de participação foi de 52,34 por cento, com a taxa de abstenção a atingir 47,66 por cento.

Número mais alto

Com 328.506 inscritos, houve um total de 175.272 votantes. Foi o número mais alto de sempre, ultrapassando o registo de 2017, quando tinham votado 174.872 pessoas, pelo que houve mais 400 votantes. No entanto, o último acto eleitoral antes das exclusões políticas tinha menos 22.891 votantes inscritos, o que levou a que a taxa de participação fosse maior, de 57,22 por cento, e a de abstenção mais baixa, não indo além 42,78 por cento.

A taxa de participação ficou assim abaixo dos registos de 2005 (58,39 por cento/abstenção de 41,61 por cento), 2009 (59,91 por cento/abstenção de 40,09 por cento), 2013 (55,02 por cento/abstenção de 44,98 por cento) e 2017 (57,22 por cento/abstenção de 42,78 por cento).

Na realização do acto eleitoral deste ano, o Governo envolveu-se para garantir que votavam tantas pessoas quanto as possíveis. Além da disponibilização de transportes públicos, ou a possibilidade de ver online o tamanho das listas para votar, as autoridades multiplicaram-se em apelos ao voto. Além disso, a Lusa revelou que antes das eleições vários departamentos da Função Pública perguntaram aos funcionários públicos se iam votar, pediram oralmente justificações para resposta negativas e exigiram ser informados através de mensagens, depois do exercício do voto.

Afluência nas Eleições Legislativas – Sufrágio Directo

Ano Número de Eleitores  Taxa de Participação Taxa de Abstenção

2001 159.813 52,34% 47,66%

2005 220.653 58,39% 41,61%

2009 248.708 59,91% 40,09%

2013 276.034 55,02% 44,98%

2017 305.615 57,22% 42,78%

2021 323.907 42,38% 57,62%

2025 328.506 53,35% 46,65%

CAEAL | Registada violação da lei em assembleia de voto

O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, revelou que entre as 09h e as 18h foi registado um caso de violação da lei eleitoral, que foi acompanhado pela polícia.

Em declarações aos jornalistas, o responsável apontou suspeitas de que eleitor terá fotografado o voto na assembleia e tentou partilhar através de uma aplicação chat com um amigo. No entanto, Seng Ioi Man considerou que o número de violações foi reduzido de forma significativa, em comparação com o passado, mostrando que os eleitores têm mais consciência da necessidade de cumprir as leis. Seng defendeu ainda que a redução das infracções mostra que os sinais nas assembleias de voto são eficazes a chamar a atenção das pessoas.

15 Set 2025

Eleições | Coutinho foi o vencedor de noite marcada pelos votos brancos e nulos

“Ficamos na História de Macau com este resultado”, afirmou o líder da lista Nova Esperança, depois de arrasar a concorrência com uma vantagem de mais de 14 mil votos para a segunda lista mais votada

 

A lista de Nova Esperança e José Pereira Coutinho foram os grandes vencedores da noite, com mais de 40 mil votos e uma diferença de quase 14 mil votos para a segunda lista mais votada, a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, liderada por Song Pek Kei. Nas primeiras eleições após a alteração à lei para garantir a governação por patriotas, o grande vencedor foi um cidadão português.

Ao longo da campanha eleitoral, a Nova Esperança mostrou dificuldades em mobilizar o eleitorado e as fotos da acção na Praça do Tap Seac foram alvo de chacota nas redes sociais. Na noite de ontem, o número de apoiantes da lista na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau também não era superior a 30 pessoas. Mas nas urnas, onde realmente se construiu o resultado, a lista conseguiu uma vantagem arrasadora.

A lista número 2 reuniu 43.361 votos e além de José Pereira Coutinho e Che Sai Wang, a lista apoiada pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau passa a contar no hemiciclo com Chan Hao Weng.

A reeleição de Che Sai Wang acaba por ser um dos pontos altos da noite, dado que Che tinha sido despromovido de segundo a terceiro candidato da lista para estas eleições.

“É uma vitória muito saborosa, foi custosa. […] É uma vitória estrondosa. Muitas pessoas ficaram surpreendidas, e nós também ficamos. Esperávamos um bom resultado, mas nesta altura… Viver em Macau, ficar em primeiro, eu, um residente de Macau com nome português estar na lista com mais votos…”, começou por afirmar José Pereira Coutinho, depois de serem conhecidos os resultados da noite. “A comunidade macaense e portuguesa votou em peso na Nova Esperança. Sabemos da nossa responsabilidade e vamos trabalhar mais e melhor. Este resultado nunca teria sido possível sem a coordenação da Rita Santos. Tem uma experiência de largos anos e não foi fácil coordenar a campanha, porque os nossos recursos eram extremamente limitados, comparando com as outras listas que tinham outros recursos financeiros”, realçou ao Canal Macau. “Ficamos na História de Macau com este resultado”, atirou.

No segundo lugar terminou a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, ligada à comunidade de Fujian, que manteve os três deputados. A lista da deputada Song Pek Kei, que substitui Si Ka Lon como cabeça de lista, conseguiu um total de 29.459 votos, pelo se mantém no hemiciclo. Também Nick Lei segurou o lugar. A principal diferença face a 2021 prende-se com a entrada de Chan Lak Kei no parlamento, o último deputado a ser confirmado.

Nulos e brancos

A noite de ontem ficou também marcado pelo aumento exponencial dos votos brancos e nulos que totalizaram 13.064, uma proporção de 7,5 por cento. Este número seria suficiente para eleger um deputado, no décimo lugar entre os 14, à frente do segundo deputado da quarta lista mais votada.

Em 2021, a proporção de votos brancos e nulos tinha sido de 3,8 por cento, o que significa que a proporção deste tipo de voto duplicou no espaço de quatro anos. Nesse ano, os votos brancos e nulos totalizaram 5.223 (3.141 brancos e 2.082 nulos). Questionado sobre o aumento, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, afirmou não ter comentários a fazer.

Derrota para Jiangmen

Entre os grandes derrotados da noite destaca-se a lista União de Macau-Guangdong, ligada à comunidade de Jiangmen. Após ter eleito como deputados em 2021 Zheng Anting e Lo Choi In, a lista apostou numa renovação completa e perdeu terreno, ficando inclusive atrás da lista União Promotora Para O Progresso, ligada à associação dos Moradores.

A lista liderada por Joey Lao, que tinha sido dispensado como deputado nomeado por Ho Iat Seng, não conseguiu juntar mais do que 21.461 votos e o cabeça de lista só entrou no hemiciclo atrás do segundo candidato da Nova Esperança. Ainda assim, Lao vai voltar ao parlamento pela lista que tinha vencido as eleições de 2017, fazendo-se acompanhar de Lee Koi Ian.

Outra das grandes desilusões da noite foi a lista Aliança de Bom Lar, da Associação das Mulheres. Wong Kit Cheng vai manter-se como deputada e vai ter como companhia Loi I Weng, que substitui o deputado Ma Io Fong no segundo lugar. No entanto, a associação viu a distância para a quinta lista crescer, quando se comparam com os resultados de 2021.

Enigma de Ng Kuok Chong

Na sexta-feira, Ng Kuok Cheong publicou uma mensagem enigmática nas redes sociais a indicar que tinha de sair da RAEM durante cerca de 10 dias, a pedido de terceiros, que não identificou. Numa escrita enigmática, Ng escreveu num chinês que tanto pode ser entendida como uma saída a pedido do “Governo” ou “dos pais”. “Por encomenda do Governo/dos pais, o meu corpo precisa de ser transportado para fora da RAEM, mas a saída foi autorizada, de forma prévia, e [o corpo] pode ser transportado, para regressar depois de 10 dias”, escreveu o ex-deputado.

Ng Kuok Cheong foi durante anos colega de bancada de Au Kam San na Assembleia Legislativa, que se encontra detido e está indiciado de violar a lei da segurança nacional. “Espero poder voltar a encontrar-me com os meus irmãos, sem obstáculos quando chegar aquele momento [passagem dos 10 dias]. Tenham todos cuidado”, acrescentou.

Foco no bem-estar

No segundo e terceiro lugar do “pódio” eleitoral ficaram as listas ligadas a Fujian e aos Operários. Em reacção aos resultados, por parte da Associação dos Cidadãos Unidos de Macau ficou a promessa de “concretizar com todos os esforços o programa político”. Song Pek Kei, a líder da lista, adiantou que a eleição de ontem foi significativa pela conquista de três lugares.

Já Ella Lei, que foi eleita com Leong Sun Iok pela União para o Desenvolvimento, promete “continuar o bom trabalho na promoção do emprego, reforço da economia e protecção do bem-estar da população”. Leong Sun Iok destacou o maior número de votos face a eleições anteriores, que tal demonstra “o apoio da população e as esperanças que os residentes têm em relação às políticas gerais de emprego”. O deputado destacou que, nos últimos anos, “a economia de Macau tem enfrentado desafios mais difíceis e toda a gente quer que o Governo continue a melhorar as políticas a nível social e económico, bem como as infra-estruturas”.

RESULTADOS:

Nova Esperança 26,73%

Deputados

José Pereira Coutinho

Chan Hao Weng

Che Sai Wang

Associação dos Cidadãos Unidos de Macau 18,16%

Deputados

Song Pek Kei

Nick Lei Leong Wong

Chan Lak Kei

União Para o Desenvolvimento 16,91%

Deputados

Ella Lei Cheng I

Leong Sun Iok

União Promotora para O Progresso 13,41

Deputados

Leong Hong Sai

Ngan Iek Hang

União de Macau-Guangdong 13,32%

Deputados

Joey Lao Chi Ngai

Lee Koi Ian

Aliança do Bom Lar 11,56%

Deputadas

Wong Kit Cheng

Loi I Weng

Votos Brancos e Nulos 7,45%

Abstenção 46,65%

15 Set 2025

Empresário Kevin Ho estreia-se como deputado eleito pela via indirecta

A nova legislatura do hemiciclo fica marcada por quatro novos rostos eleitos pelo sufrágio indirecto. Entre os quais, Kevin Ho King Lun, sobrinho de Edmund Ho, é o mais conhecido. O empresário foi eleito com 127 votos pela União dos Interesses Empresariais de Macau, que concorreu a estas eleições em representação dos sectores industrial, comercial e financeiro.

Neste sufrágio, estavam registados 7.500 eleitores na qualidade de representantes das associações, tendo votado 88,1 por cento, embora apenas um dos sectores, o laboral, tenha tido mais de uma lista de candidatos.

Apesar da estreia na política local, Kevin Ho está, desde 2019, ligado à política do continente, ao ser delegado de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), tendo substituído, na altura, Ho Iat Seng, que viria a ser Chefe do Executivo. Mas Kevin Ho é essencialmente empresário, com uma importante posição accionista, com a KNJ Investment, no grupo Global Media, dono de vários meios de comunicação em Portugal, além de investir também na área do imobiliário em Portugal.

Falando ainda de outras estreias, a próxima legislatura terá um novo rosto em representação do sector do trabalho, Leong Pou U, que ganhou 578 votos; e ainda Vong Hou Piu e Wong Chon Kit, estes últimos candidatos pelo sector profissional, nomeadamente na União dos Interesses Profissionais de Macau.

Ainda no que diz respeito à União dos Interesses Empresariais de Macau, liderada pelo veterano José Chui Sai Peng, que recebeu 1.021 votos, destaque ainda para a reeleição de Si Ka Lon, deputado que fez parte das fileiras de Chan Meng Kam no sufrágio directo e que agora volta a ser eleito com 255 votos.

Ho Ion Sang ganha assento

No que diz respeito ao sector do trabalho, foram eleitos dois deputados, cabeça de lista das respectivas listas: Lam Lon Wai, legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, foi eleito pela Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, com 484 votos; e Leong Pou U, da União das Associações de Trabalhadores, com 578 votos. Nesta última, o candidato Choi Kam Fu não conseguiu ser eleito.

Ho Ion Sang, da lista Associação de Promoção do Serviço Social e Educação, volta a ter um lugar no hemiciclo com 1.969 votos, através da lista com que concorria sozinho, a Associação de Promoção do Serviço Social e Educação. Já a empresária Angela Leong e Ma Chi Seng, candidatos com a União Cultural e Desportiva do Sol Nascente, voltam a sentar-se na Assembleia Legislativa, com um total de 1.648 votos.

15 Set 2025

Toi San | Mercado Municipal remodelado e com restauração

O Instituto para os Assuntos Municipais planeia optimizar o Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, reorganizando a disposição de bancas e instalando um centro para refeições. A possibilidade de abrir um concurso público para explorar bancas está a ser estudada

 

Depois da renovação dos mercados municipais da Taipa, Mitra e Mercado Vermelho, a linha de modernização destes espaços pode chegar em breve ao bairro do Toi San. O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelou ontem que planeia optimizar o Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, sem proceder a demolições ou grandes obras de construção.

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o organismo presidido por Chao Wai Ieng indicou que o projecto pode passar pela reorganização do piso térreo de acordo com a oferta de produtos das bancas. No primeiro andar do mercado será instalado um centro de restauração com bancas de venda de comidas e bebidas. As autoridades esperam conseguir optimizar o espaço, disponibilizando suficientes lugares sentados que ainda permitam reservar um espaço para uma possível ligação ao jardim desportivo para os cidadãos, que será construído no antigo Canídromo.

Além disso, face à baixa taxa de ocupação das bancas no Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, o IAM está a analisar a viabilidade de lançar um concurso público para a exploração de bancas.

Gongbei ali ao lado

O Mercado de Tamagnini Barbosa é apenas um dos muitos exemplos da decadência comercial que afecta, com especial acutilância, o norte da península de Macau devido à proximidade da fronteira de Zhuhai, onde todos os produtos e géneros alimentícios são muito mais baratos. O canal chinês da TDM ouviu um vendedor que testemunhou essa realidade, depois de cerca de duas décadas a trabalhar no Mercado de Tamagnini Barbosa. Face ao declínio dos negócios dos últimos anos, o comerciante gostaria de ver o mercado remodelado e com maior oferta, incluindo um centro de restauração, para atrair mais clientela.

Outro comerciante, sugeriu a optimização do aspecto das bancas de rua e o aumento dos lugares de estacionamento nas imediações como formas de potenciar os negócios.

Já o presidente da Associação de Assistência Mútua dos Moradores do Bairro Artur Tamagnini Barbosa, Luo Xiaoqing, salientou que apenas um terço das bancas do mercado estão em operação, ainda para mais por comerciantes que se aproximam da idade da reforma. O responsável, ligado aos Kaifong, sugeriu a abertura de um espaço para actividades comunitárias, de forma a atrair pessoas, e expressou esperança que o Governo comunique com os moradores do bairro e comerciantes antes de avançar com projectos concretos.

12 Set 2025

Comércio livre | Estudada nova zona a ligar Macau, HK e Interior

O vice-ministro do Comércio do Interior, Yan Dong, revelou em Hong Kong que Pequim está a estudar a criação de uma zona de circulação de bens entre Macau, Hong Kong e o Interior sem taxas alfandegárias. O objectivo é tornar as regiões administrativas especiais mais atractivas a nível comercial

 

O vice-ministro do Comércio do Interior, Yan Dong, revelou que Pequim está a estudar a viabilidade de criar uma nova zona de comércio livre que envolva Macau, Hong Kong e o Interior. A afirmação foi feita na quarta-feira, no âmbito de um discurso relacionado com a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, de acordo com a emissora de Hong Kong RTHK, e o objectivo passa por ganhar atractividade comercial nas regiões administrativas especiais.

De acordo com Yan, as trocas comerciais entre os países envolvidos na iniciativa e a China têm gerado resultados positivos, que ultrapassaram o volume de 3,1 biliões de dólares norte-americanos no ano passado, o que representou mais de metade do volume das trocas comerciais do país.

Todavia, o objectivo não passa por ficar por estes resultados, e as autoridades centrais estão a estudar um maior envolvimento tanto de Hong Kong como de Macau. No entanto, como o discurso foi feito durante uma conferência no território vizinho, a RAEHK recebeu o maior foco da mensagem.

“Vamos expandir ainda mais a abertura do Interior a Hong Kong em áreas como finanças, telecomunicações, construção e turismo, alinhar-nos com regras económicas e comerciais internacionais de alto padrão e estudar e promover a construção conjunta de uma zona de comércio livre entre o Interior, Hong Kong e Macau”, revelou Yan, “Também apoiaremos Hong Kong na assinatura de mais acordos de comércio livre e investimento com países estrangeiros e na adesão à RCEP [Parceria Económica Regional Abrangente ] o mais rapidamente possível, a fim de expandir ainda mais a sua rede económica e comercial externa”, acrescentou.

As Zonas de Comércio Livre permitem circular entre diferentes territórios sem necessidade de pagar taxas alfandegárias.

Participação na Faixa

A participação de Macau na iniciativa Uma Faixa Uma Rota tem sido um objectivo dos diferentes governos locais pelo menos desde 2019, altura em que foram publicadas no portal da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSRPDR) as primeiras orientações de “Preparação para a participação plena de Macau na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

Até 2023, os trabalhos prioritários de participação continuaram a ser elaborados e na versão mais recente incluíam tarefas, a nível económico, como a consolidação de Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, a promoção da instalação em Macau de instituições financeiras que já participavam na iniciativa e ainda a expansão das instituições financeiras a nível de actividades off-shore em renminbis.

Quanto ao que o plano definia como a “interacção entre os povos” os objectivos passam por aspectos como a intensificação dos laços entre o Interior e Macau com os Países de Língua Portuguesa, e também com os países do sudeste asiático e outros países da União Europeia.

A iniciativa Uma Faixa, Uma Rota é um mega projecto promovido pela República Popular da China que prevê o investimento e criação de ligações comerciais entre mais de 150 países.

12 Set 2025

Eleições | Campanha termina hoje à meia-noite

O período de campanha eleitoral chega ao fim hoje à meia-noite, seguindo-se o dia de reflexão amanhã, antes da abertura das assembleias de voto. A comissão eleitoral lançou ontem um alerta às listas para cessarem a propaganda política a partir das 00h, para “garantir a equidade e a ordem do processo eleitoral”

 

O período em que é permitido fazer campanha eleitoral termina hoje à meia-noite, dando início ao dia de reflexão, que decorrerá amanhã. Num comunicado emitido ontem pelo Gabinete de Comunicação Social, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) relembra que durante o período de reflexão e no dia das eleições não é permitida qualquer actividade de propaganda eleitoral.

A CAEAL sublinha que mandatários, candidatos, e pessoas ligadas às listas com responsabilidades na afixação de propaganda política devem “remover ou eliminar todos os materiais, mensagens ou informações colocadas durante o período de campanha em qualquer local, incluindo na Internet”. A ideia é eliminar do espaço público materiais que “possam atrair a atenção do público para um ou mais candidatos e que, de forma expressa ou implícita, sugiram aos eleitores votar ou não votar nesses candidatos”. É, contudo, ressalvado que é “permitida a manutenção da tabuleta ou faixa em cada sede ou sub-sede de campanha, bem como a propaganda gráfica fixa nos locais designados pela CAEAL”.

A comissão vai mais longe e especifica que no sábado e domingo, nenhuma pessoa ligada a listas “deve usar vestuário ou outros objectos em locais públicos que exibam números de ordem, nomes, abreviaturas ou símbolos que identifiquem claramente uma lista candidata”. Quem o fizer pode ser acusado de propaganda ilegal.

Tudo a postos

Para que nada falhe no domingo, a CAEAL terminou na quarta-feira uma formação destinada aos profissionais que vão trabalhar nas assembleias de voto. A formação, que começou no dia 28 de Agosto, contou com a participação de mais de 1.400 funcionários de quase 60 serviços públicos, além de 180 auxiliares.

A formação incluiu o conteúdo e responsabilidades do trabalho, as precauções que devem ser tidas em conta pelos membros das assembleias de voto e pelos funcionários responsáveis pela contagem dos votos, assim como o funcionamento dos sistemas informáticos e tratamento de situações de emergência nas assembleias de voto.

As autoridades salientam que, face às eleições legislativas de 2021, o número de assembleias de voto e de funcionários aumentou. De acordo com o jornal Ou Mun, a CAEAL indicou que os seus esforços estão focados na optimização das operações eleitorais através de processos electrónicos que podem encurtar as horas de trabalho e aumentar a eficiência.

11 Set 2025

Direitos Humanos | Governo mostra “forte desagrado” com UE

O Executivo considera que tem alcançado resultados “notáveis” a nível dos direitos de liberdade, expressão e reunião. A UE criticou a nova lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, a dias das eleições, e fala na erosão de direitos que devem ser protegidos até 2049

 

O Governo de Sam Hou Fai criticou ontem o mais recente relatório da União Europeia sobre o desenvolvimento político, económico e social de Macau em 2024. O relatório de segunda-feira aponta que vários direitos fundamentais que deveriam ser protegidos até 2049 estão em erosão continuada, e critica os impactos das leis eleitorais para Assembleia Legislativa e dos juramentos.

Para o Executivo local, o relatório “faz alguns comentários infactuais e tendenciosos sobre o desenvolvimento político e social” da RAEM. O Governo mostra-se particularmente insatisfeito com as críticas à lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, que surgem a dias das eleições, quando o Executivo está a promover uma campanha activa dentro da Administração Pública, para conseguir alcançar uma taxa de participação minimamente significativa.

“O Governo da RAEM manifesta o seu forte desagrado e firme oposição por tal ocorrência”, foi escrito em reacção ao relatório.

O Executivo de Sam Hou Fai aponta ainda que a RAEM tem implementado o princípio “Um País, Dois Sistemas”, “mantendo a estabilidade e harmonia social, elevando continuamente o bem-estar da população, garantindo aos residentes, de acordo com a lei, e de forma ampla, os seus direitos e liberdades de expressão, imprensa, reunião e outras”. “Os resultados obtidos são notáveis, e amplamente reconhecidos pela comunidade internacional e com total e pleno acordo dos residentes da RAEM, o que constitui factos fundamentais que não podem ser negados pela União Europeia”, foi acrescentado.

Interferências

O Executivo considera que as leis criticadas “incorporaram adequadamente experiências legislativas de outras jurisdições, tendo plenamente considerado as tradições jurídicas e a realidade social de Macau”.

A RAEM acusa também a União Europeia de interferência externa: “Os assuntos de Macau são assuntos internos da China. A publicação repetida anualmente do dito relatório pela União Europeia constitui uma interferência nos assuntos internos da China e da RAEM, violando os princípios fundamentais do direito internacional”, foi indicado.

Por último é pedida mais cooperação entre as duas partes: “Sendo uma parceria importante da China e da RAEM, a União Europeia já expressou por diversas vezes o seu apoio ao princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e à sua implementação em Macau. Esperamos que a União Europeia cumpra as suas palavras, efectue mais acções que possam beneficiar e promover o desenvolvimento das relações bilaterais”, foi apelado.

O outro lado

No relatório, o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu consideram que no ano passado “se assistiu a uma continuada erosão da autonomia e das liberdades e direitos fundamentais em Macau que deveriam ser protegidas até 2049”.

Na perspectiva da União Europeia, a erosão das liberdades resulta de alterações legislativas à lei das eleições para a Assembleia Legislativa e a exigência dos juramentos para funcionários público, ambas justificada pelas autoridades locais com a necessidade de consagrar a nova política “Macau governada por patriotas”.

A nível do juramento, é indicado que a “nova legislação limita ainda mais o espaço para vozes plurais, tanto na política como na sociedade”, dado que candidatos e funcionários públicos podem ser despedidos, se o juramento de lealdade à RAEM não for considerado sincero.

Em relação às eleições, a UE considera que a nova comissão que veta os candidatos e que conta com dois assessores do Governo Central resulta “numa influência directa” das autoridades de Pequim no acto eleitoral.

O ano passado ficou marcado pela eleição de Sam Hou Fai como Chefe do Executivo. No documento consta que a eleição por um grupo restrito do líder da RAEM “levanta questões sobre a validade do princípio ‘Macau governada pelas suas gentes’”.

Liberdade de Imprensa

Na perspectiva do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu no ano passado as liberdades de imprensa, reunião e manifestação também ficaram com menos espaço.

Sobre as liberdades de reunião e manifestação é apontada a ausência, pelo quarto ano consecutivo, da vigília sobre os acontecimentos de Tiananmen. O relatório aponta ainda o cancelamento de uma coluna no jornal Son Pou escrita por um ex-deputado, devido ao que a publicação afirmou serem “razões políticas especiais”.

O relatório recorda ainda os comunicados da Associação de Jornalistas de Macau sobre os crescentes condicionamentos nos acessos às fontes e a eventos, nomeadamente em relação a certos eventos quando são apenas convidados alguns órgãos de comunicação social.

Teatro proibido

O caso do teatro proibido pelo Instituto Cultural com a participação de drag queens surge igualmente referido no relatório, como um dos argumentos sobre a redução dos direitos e liberdades em Macau.

A proibição promovida por Deland Leong Wai Man é utilizada para mostrar as limitações em Macau face à comunidade LGBT. E o relatório não deixa de fora que o mesmo tipo de teatro foi autorizado em Shenzhen, no Interior.

“Em 22 de Janeiro, o Instituto Cultural Culturais cancelou um teatro interactivo com drag queens no 22º Fringe Festival. Três dias depois, o Instituto explicou que a decisão de cancelar o espetáculo se deveu a inconsistências entre a apresentação real e as informações recebidas”, pode ler-se. “O mesmo espetáculo foi apresentado como parte de um festival de teatro na cidade vizinha de Shenzhen, no Interior da China”, surge apontado.

Ainda assim o documento recorda que houve, pelo menos, duas associações cívicas que conseguiram organizar em Macau eventos sobre os direitos da comunidade LGBTIQ+ em Maio, o mês do orgulho LGBT.

MNE atento

O Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na RAEM manifestou “forte descontentamento” e “oposição” à publicação do Relatório Anual de 2024 sobre a RAEM pela União Europeia. Num comunicado, o MNE criticou o relatório por ignorar os factos, ter preconceitos, e “difamar maliciosamente” a implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau. Para o MNE, as instituições européias atacam “de forma imprudente” o Estado de direito e a situação dos direitos humanos em Macau, além de insistirem numa interferência grosseira nos assuntos internos da China.

11 Set 2025

Cinema | Filmes de Hong Kong exibidos pela segunda vez em Lisboa

A ex-residente de Macau Vanessa Pimentel é a directora artística da segunda edição da Mostra de Cinema de Hong Kong, que vai decorrer entre 25 e 28 de Setembro no Cinema Ideal, em Lisboa. “Making Waves – Navigators of Hong Kong” irá apresentar películas como “Papa”, o documentário “Four Trails” e a cópia restaurada de “Ah Ying”, de 1983

 

São seis filmes, quatro de ficção e dois documentários, que prometem mostrar o que de melhor se vai fazendo no cinema de Hong Kong. É assim a segunda edição da Mostra de Cinema de Hong Kong, a decorrer em Lisboa, no Cinema Ideal, entre os dias 25 e 28 de Setembro, e que tem como directora artística Vanessa Pimentel, também ela realizadora, ex-residente de Macau ligada à produtora Blue Lotus Lisboa.

Além das exibições, o público português poderá ver de perto actores, realizadores e produtores de Hong Kong, numa prova de que é possível estabelecer laços entre Portugal e diferentes ambientes cinematográficos. O cartaz deste ano compõe-se de “Papa”, um filme de 2024 do realizador Philip Yung que será exibido logo no dia 25, uma quinta-feira. Segue-se “All Shall Be Well”, de Ray Yueng; “Never Too Late”, de Rikki Choy; “Montages of a Modern Motherhood”, de Chan Oliver Siu Kuen; “Four Trails”, um documentário de 2023 dirigido por Robin Lee. Para encerrar o festival em beleza, será projectada a cópia restaurada de “Ah Ying”, de Allen Fong, um filme de 1983.

Vanessa Pimentel explicou ao HM que a mostra tem “um programa que parte de Hong Kong”, onde já existe desde 2022. “Trata-se de um programa itinerante que visa divulgar o cinema de Hong Kong, sobretudo o cinema feito por realizadores mais jovens em termos de experiência, embora os programas contenham sempre obras de realizadores mais veteranos”, disse.

Este ano, além de Lisboa, a Mostra de Cinema de Hong Kong passará por cidades como Berlim, Paris, Montreal e Udine, na Itália. O evento pode estar ligado a festivais de cinema asiático ou não. E é intenção de Vanessa e da Blue Lotus criar um festival de cinema asiático em Lisboa, sendo que o cinema de Macau fará parte dele.

“No nosso caso, a mostra não está associada a nenhum festival porque ainda não existe, mas espero conseguir fazê-lo”, contou. “Nasci e cresci em Lisboa, mas venho de Macau, e a minha vida de Macau está muito ligada em tudo isto. Claro que um festival de cinema asiático em Lisboa tem de incluir Macau, nem poderia ser de outra forma.”

“Fazemos este programa com vista a irmos um pouco mais longe, e estamos de olhos postos na criação de um festival de cinema asiático”, disse ainda. “Ainda não conseguimos, temos de continuar a trabalhar, mas acho que estamos no bom caminho”.

Vanessa Pimentel diz que, apesar de já não viver no território, continua a estar bastante ligada ao cinema que se faz por cá. “Vou a Macau, pelo menos, duas vezes por ano, e tenho estado em permanente contacto com as pessoas de cinema. Todos eles estão a par do nosso programa [na Mostra de Cinema de Hong Kong] e há uma relação.”

Película a película

Pedimos à directora artística da mostra para falar daquilo que o público poderá ver na pequena sala do Cinema Ideal, que funciona de forma independente, sem ligação a grandes grupos de exibição de cinema, e que se localiza no coração do Bairro Alto.

“Papa”, que abre o festival, é descrito “como um filme bastante forte e bom, que fala sobre saúde mental e que tem uma abordagem incrível”. Vanessa Pimentel descreve que este filme foi premiado em Hong Kong com a distinção de melhor actor, apresentando-se em toda a trama “uma narrativa muito particular”.

“All Shall Be Well” volta a ser exibido em Lisboa, depois da apresentação no Festival Internacional de Cinema Queer, além de que já passou por Berlim. “É um filme muito bom, não teve mais nenhuma exibição depois de ter estado em Berlim, achei que seria interessante colocá-lo na programação.”

Vanessa Pimentel destaca ainda a apresentação da cópia restaurada de “Ah Ying”, que pertence “à Nova Vaga do Cinema de Hong Kong”, e que mostra uma história que vagueia de forma incessante entre “ficção e documentário”. Trata-se de um “filme interessantíssimo em que a história é inspirada na história da própria actriz [Hui So Ying] que o interpreta”.

A segunda Mostra do Cinema de Hong Kong contará com a presença de Hui So Ying. “É uma honra muito grande porque a actriz fará uma viagem gigante. Ela já tem alguma idade, mas disponibilizou-se logo a vir. Será muito interessante termos um filme inspirado na sua vida e contar com a sua presença para partilhar connosco esse momento”, descreveu Vanessa Pimentel.

Caminhos pouco conhecidos

Outro destaque da mostra de cinema é a exibição do documentário “Four Trails”, que tem sido “um fenómeno de bilheteira”. Trata-se de um filme sobre a corrida de 298 quilómetros pelos quatro trilhos mais conhecidos de Hong Kong.

A película retrata uma realidade quotidiana “das regiões de Hong Kong que quase ninguém conhece”. “É um filme sobre o desafio do desporto e das pessoas que, não sendo desportistas profissionais, inscrevem-se e fazem corrida, treinando o ano inteiro. É interessante ver o desafio a que se propõem e como vivem”, disse Vanessa Pimentel, que destaca também “Never Too Late”, “um filme sobre a nossa relação com o meio ambiente”. Aqui pode-se vislumbrar “um lado muito asiático e chinês dessa perspectiva do que é o meio ambiente e de como é a nossa relação com a natureza”.

Há depois o “Montage of a Modern Motherhood”, um filme que “tem rodado bastante os festivais”. “É um filme que tem um lado muito interessante, sobre a maternidade e uma perspectiva que, se calhar, pode não ser tão romântica, sobre a ideia de que a maternidade não é só um mar de rosas, tendo um reverso qualquer”, conta Vanessa Pimentel.

Aqui a directora artística da mostra alerta para o facto de a película “poder desafiar um bocadinho”, tocando “em coisas que dizem respeito a todos, como esta coisa da tradição da família e da partilha na maternidade e paternidade”.

Vanessa Pimentel assegura que a primeira edição da mostra foi um êxito, com “cerca de mil pessoas a ir ao cinema em quatro dias”. “Foi surpreendente ver muita gente nova, mais velhos e também muitas pessoas de origem chinesa, ou seja, filhos de imigrantes, eventualmente de uma segunda geração, que já nasceram em Lisboa, falam português e moram aqui com as famílias. Tivemos sessões com muitos chineses a fazer perguntas no fim das sessões e nunca tinha visto isso em Lisboa”, salientou.

A Mostra de Cinema de Hong Kong acaba também por entrar no roteiro dos espectadores que habitualmente vão a festivais. “Temos um público também muito interessante, constituído por pessoas que gostam de cinema e frequentam outros festivais. Não é frequente ver um programa que, em Lisboa, se concentre no cinema asiático. Temos o Doc Lisboa, ou o Indie, mas na sua programação a proporção desse cinema é muito menor. Não faço aqui uma crítica, acho isso perfeitamente normal”, disse Vanessa Pimentel.

Entre a Mostra de Cinema de Hong Kong e o futuro festival, a responsável diz haver “espaço de exibição” em Lisboa e Portugal, pelo facto de o cinema asiático ser “muito vasto e rico, tendo uma relação de quantidade e qualidade muito elevada”.

11 Set 2025

Saúde / IA | Projecto-piloto em Macau e Évora

Um projecto académico entre a Universidade de São José e a Universidade de Évora criou um sistema de inteligência artificial para ajudar profissionais de saúde a acelerar diagnósticos e terapias. O projecto deu origem a uma empresa, sediada no Alentejo, que pretende desenvolver um projecto-piloto em Portugal e Macau em 2026

 

Uma nova empresa tecnológica sediada em Évora quer criar um sistema de inteligência artificial (IA) que ajude profissionais de saúde a determinarem, de forma mais rápida, o diagnóstico e terapêutica dos doentes, revelou na terça-feira um dos responsáveis.

A empresa Trustworthy AI foi criada, este mês, por Paulo Quaresma e Vítor Nogueira, docentes do Departamento de Informática da Universidade de Évora, em conjunto com Jianbiao Dai, da Universidade de São José, em Macau.

“Não pretendemos, nem achamos que seja possível, nem desejável, nem vantajoso qualquer tipo de substituição” dos profissionais de saúde, mas será “um apoio à decisão”, afirmou à agência Lusa Paulo Quaresma.

Segundo o docente e sócio da empresa, o sistema de IA a desenvolver pela Trustworthy AI vai “ter a capacidade de explicar [aos profissionais de saúde] o porquê de chegar a uma determinada proposta diagnóstica ou terapêutica” de uma doente. O sistema de IA vai analisar “os sintomas, a história clínica, o contexto e todas as características” do doente e, depois, explicar a médicos ou enfermeiros, “com níveis de confiança, o porquê de estar a fazer a sugestão”, salientou.

Paulo Quaresma assinalou que a solução terá “o histórico de aprendizagem com muitas situações”, pelo que “pode até, eventualmente, alertar o profissional de saúde para situações que, no momento, podia não estar a ter em conta”. Com este sistema, “há a questão, claramente, de ganhar tempo e de também poder contribuir para melhorar a prestação de serviços de saúde”, considerou.

Olhos no futuro

De acordo com o responsável, o sistema, que pode constituir-se como um apoio aos profissionais de hospitais, centros de saúde e lares, baseia-se em metodologias de IA auditáveis, explicáveis e éticas para lhe conferir “um grau superior de confiança”. Ou seja, terá “a capacidade, por um lado, de começar por explicar exactamente o porquê de chegar a uma determinada geração de uma resposta” e de ser auditável para que “alguém externamente possa, com autorização, fazer uma auditoria para perceber e identificar exactamente todo esse processo”, explicou.

Já instalada num espaço no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), a Trustworthy AI está agora a trabalhar em processos de candidatura a financiamento comunitário do programa regional Alentejo 2030 e a apoios em Macau.

O docente e sócio realçou que a empresa pretende desenvolver, durante o próximo ano, um projecto-piloto no Alentejo e outro em Macau para testar e avaliar a solução, de forma a que, no final de 2026, possa ser alargado a outros locais.

10 Set 2025

Caritas | Padaria em S. Lázaro e clínica na Areia Preta abertas este ano

A Caritas Macau vai alargar os serviços comunitários com a abertura ainda neste ano de uma padaria na freguesia de São Lázaro, que irá empregar utentes de lares de reabilitação de saúde mental. Os produtos serão doados a pessoas carenciadas. Além disso, abrirá também uma clínica médica na Areia Preta

 

A Caritas Macau irá acrescentar dois serviços à sua rede de apoio social, indicou Paul Pun, secretário-geral da organização de caridade ligada à Diocese de Macau, na terça-feira, numa conferência de imprensa sobre a gala deste ano da instituição, que se realiza no dia 20 de Setembro.

Os dois projectos são uma padaria, que irá abrir ainda este ano na freguesia de São Lázaro e uma clínica médica e de fisioterapia na Areia Preta.

Segundo o jornal Ou Mun, para a abertura da padaria solidária faltam afinar apenas alguns detalhes, como a contratação de um mestre pasteleiro, tarefa para a qual Paul Pun aproveitou a exposição mediática para chamar a atenção de potenciais candidatos ao cargo.

Sobre a padaria que irá operar em São Lázaro, o secretário-geral da Caritas Macau revelou que irá empregar utentes de lares de reabilitação de saúde mental, permitindo-lhes a experiência de trabalho e a interacção com o público. Os produtos que a padaria irá disponibilizar serão gratuitos e têm como destinatárias famílias monoparentais ou pessoas carenciadas.

Quanto à clínica comunitária, Paul Pun referiu que terá instalações na Areia Preta, disponibilizando serviços de medicina, fisioterapia, medicina dentária e pediatria. Para já, a Caritas Macau deu início ao processo de pedido de licença médica para operar junto dos Serviços de Saúde.

No passado, o responsável apontou que o objectivo era oferecer aos utentes o serviço simultâneo de três consultórios.

Toda a ajuda

Em relação à gala de caridade, Paul Pun afirmou que se irá realizar no The Plaza Restaurant, e terá, com sempre, o objectivo de angariar fundos para que a instituição continue a prestar serviços sociais às camadas mais desfavorecidas e necessitadas da população.

Como tem acontecido nos anos anteriores, a gala conta com várias actuações de variedades, que podem ser patrocinadas por participantes. Cada actuação terá duração entre três e cinco minutos. Ao mesmo tempo, serão colocadas à venda lembranças e artigos de artesanato também com o intuito de angariar fundos.

O responsável recordou que no ano passado, durante a gala foram doadas verbas no valor de cerca de meio milhão de patacas. Os fundos angariados foram usados serviços como o transporte de deficientes e idosos.

10 Set 2025

EPM | Neto Valente acusa DSEDJ de interferir na autonomia pedagógica

Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, acusou a DSEDJ de “interferir na autonomia pedagógica” da instituição de ensino no que diz respeito ao processo de verificação das competências de professores oriundos de Portugal

 

O presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) acusa a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) de interferir na autonomia pedagógica da instituição de ensino no que diz respeito à qualificação das competências dos professores oriundos de Portugal que vão dar aulas na EPM, que tem um currículo português.

“Não achamos bem que os Serviços de Educação [DSEDJ] interfiram na nossa autonomia pedagógica e achem que um professor que é qualificado, e que tem dezenas de anos de experiência em Portugal, possa não ser qualificado para dar aulas na escola”, disse ontem Neto Valente à margem da visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, à EPM.

Há, portanto, “divergências na maneira de apreciar as capacidades e competências dos professores”, porque “a escola não recruta professores para outras escolas internacionais ou da RAEM, recruta apenas para a escola portuguesa”.

Neto Valente diz que não existem entidades com “mais qualificações para apreciar a qualidade dos professores” do que “a EPM ou entidades responsáveis de Portugal, como o Ministério da Educação, Ciência e Inovação”.

“Não são, com certeza, os Serviços de Educação que têm parâmetros locais para aferir a competência de professores chineses que ensinam currículos chineses. Basta pensar o que aconteceria se professores de currículo chinês fossem para Portugal integrar quadros do Ministério da Educação. Não era possível”, exemplificou.

Desta forma, o presidente da FEPM pede que “cada um [fique] no seu sítio”. “É o que queremos que aconteça, e temos tido alguma dificuldade em fazer reconhecer” as competências dos docentes, acrescentou.

BIR, mas pouco

Outra queixa que Neto Valente fez aos jornalistas à margem da visita do primeiro-ministro português foi a demora na resposta dos pedidos de Bilhete de Identidade de Residente (BIR) para professores da EPM junto da Comissão de Desenvolvimento dos Quadros Qualificados.

“É um problema, infelizmente, porque essa instituição dos talentos é muito demorada a tomar decisões. Há mais de um ano que fizemos diligências e ainda não temos respostas. Para nós é um problema”, admitiu.

O presidente da FEPM garantiu também a neutralidade na escolha e contratação de professores, numa referência à antiga polémica com a saída de alguns docentes da EPM. “Não sei se têm prestado atenção, tem havido concursos para a selecção de professores, não são amigos deste ou daquele, isso não se passa agora. Esses quadros são seleccionados de entre as melhores pessoas que são validadas com décadas de experiência.”

Neto Valente negou ainda que já haja discussões em torno da personalidade que o irá substituir à frente da FEPM. “Não abordámos isso [numa reunião recente], nem tenciono que se discuta. O que é que há para discutir? Que eu saiba, não estou para sair já.”

“EPM é um activo importantíssimo”

Luís Montenegro considerou a Escola Portuguesa de Macau um activo importantíssimo, durante a visita de ontem, que durou cerca de uma hora. “A Escola Portuguesa de Macau é um activo importantíssimo ao qual nós atribuímos uma relevância estratégica grande na promoção do ensino do português, mas também na possibilidade de dar condições de formação e qualificação a muitas centenas de jovens todos os anos”, afirmou Montenegro.

“O interesse do Governo [de Portugal] será sempre o de apoiar a preservação da nossa identidade, da nossa cultura, da nossa projecção no mundo, da nossa presença aqui em Macau”, indicou. O Primeiro-Ministro descerrou uma placa, como tradicionalmente acontece na visita de governantes portugueses à instituição, e considerou a EPM “sinónimo” do que afirmou ser a “vocação universal” e da “perspectiva de olhar para o mundo” de Portugal.

10 Set 2025

Eleições | Sam Hou Fai deu instruções para funcionários votarem

O Chefe do Executivo voltou a dar instruções aos funcionários públicos para votarem nas eleições legislativas, evento descrito como um dos mais importantes acontecimentos políticos do ano. Sam Hou Fai vincou que eleições podem reforçar a implementação do princípio de “Macau governada por patriotas”

 

Após o envio de cartas a todos os trabalhadores da Função Pública, na semana passada a afirmar que o exercício do voto é uma demonstração de lealdade à RAEM, Sam Hou Fai voltou a dar “instruções para os funcionários públicos cumprirem o seu dever com competência e responsabilidade e apoiarem as eleições para Assembleia Legislativa”.

As instruções foram dadas na sequência de uma reunião com “dirigentes a nível de direcção e superior, sobre o trabalho e as instalações preparadas para permitir aos funcionários públicos votarem nas eleições”, que se realizou na tarde de terça-feira.

Segundo um comunicado do Gabinete de Comunicação Social, emitido na noite de terça-feira, Sam Hou Fai sublinhou que votar “não é só um direito, como também um dever cívico”, apelando a toda a população para a participação no sufrágio.

Além de mencionar por inúmeras vezes que as eleições legislativas são um dos mais importantes momentos políticos deste ano, o Governo não se tem poupado a esforços para inverter os níveis de abstenção históricos registados nas últimas eleições, após a desqualificação de múltiplas listas de candidatura.

Promover responsabilização

Os esforços redobrados para alcançar uma grande participação eleitoral são também compreensíveis após as alterações às leis eleitorais e a exclusividade de representação no hemiciclo de associações tradicionais, designadas como patriotas. “Sam Hou Fai indicou que estas eleições serão as primeiras a realizar depois da revisão, no ano passado, da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, no sentido de reforçar a implementação do princípio de ‘Macau governada por patriotas’ e como um evento político de enorme importância para a RAEM e uma tarefa política de grande destaque para o actual Governo desde a sua tomada de posse”, é indicado.

Como tal, Sam Hou Fai defende que “os líderes a nível de direcção devem assumir um papel de ligação entre superiores e subordinados, promover o cumprimento de responsabilização, apoiar em conjunto os trabalhos eleitorais, votar activamente no dia das eleições”. O governante refere mesmo que apoiar o Governo no objectivo de elevar a participação nas eleições “constitui um requisito básico dos princípios ético e moral da função pública”.

O Chefe do Executivo encorajou ainda todos os serviços e entidades públicas a cooperarem, apoiarem, comunicarem uns com os outros, durante o processo eleitoral.

Kaifong | Pedidos mais votos no sul da península

A União Promotora para o Progresso, ou seja, a lista da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) que é candidata às eleições legislativas deste domingo, 14, apelou ao voto na zona sul da península, isto no âmbito de uma acção de campanha na noite da terça-feira.

Segundo uma publicação da lista candidatada nas redes sociais, baseada nos principais discursos feitos nessa noite, o presidente da UGAMM, Chan Ka Leong, confessou que a equipa não está optimista com os resultados das eleições.

Por seu turno, Ho Ion Sang, deputado eleito por sufrágio indirecto, e que concorre novamente nesse campo político, pelo sector da Educação, citou os responsáveis dos Kaifong, que consideram que estas eleições legislativas serão como uma “dura guerra” que têm de travar para tentar obter assentos no hemiciclo.

10 Set 2025

Visita | Montenegro acredita em regime de vistos “mais ágil” para portugueses

Numa visita a Macau, que durou apenas algumas horas, o líder do Governo de Portugal mostrou-se confiante num novo regime para agilizar a vinda de portugueses para Macau. Montenegro elogiou ainda o desenvolvimento do território e falou numa fase “muito positiva” das relações entre Portugal e Macau

 

O Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro, acredita que a RAEM vai criar um regime de vistos “mais ágil” para os cidadãos portugueses. As declarações foram prestadas ontem aos jornalistas, quando Montenegro foi confrontado com o facto de a RAEM ter eliminado a atribuição de um regime preferencial para cidadãos portugueses no acesso ao Bilhete de Identidade de Residente.

De acordo com o político português, o assunto foi discutido na manhã de ontem, num encontro com o Chefe do Executivo, que decorreu antes da visita à Escola Portuguesa de Macau.

“Temos uma preocupação relativamente aos vistos de residência de todos aqueles [portugueses] que se dirigem para este território com vontade de trabalhar e de ajudar as instituições macaenses a poderem executar o seu trabalho”, reconheceu o líder do Governo de Portugal. “Os nossos staffs estão em contacto e ficou combinado dar sequência àquilo que já se tinha iniciado com a visita do senhor Ministro de Estado e de Negócios Estrangeiros, no passado mês de Março, […] Creio que as coisas estarão encaminhadas para podermos vir a ter a consagração de um regime mais ágil, mais fácil, mais expedito, e, portanto, para que se possa ultrapassar esse constrangimento que sabemos que existe”, acrescentou.

Quando questionado sobre se o regime seria igual ao aplicado antes do Governo de Ho Iat Seng propor a sua eliminação, aprovada pela Assembleia Legislativa, Montenegro recusou entrar em pormenores. “Eu não posso estar agora a entrar nesse detalhe. Aquilo que nós queremos, no ponto de vista das autoridades de ambos os lados, é que toda esta dinâmica seja o mais facilitada possível e, portanto, que as regras sejam rápidas e sejam também de modo a não desincentivar esta mobilidade [de portugueses em Macau] que é uma mobilidade positiva”, vincou.

Fase positiva da cooperação

Montenegro considerou igualmente ter sentido vontade do lado de Macau para continuar a receber portugueses. “Eu creio que sim [que há vontade de ter portugueses em Macau], creio que ficou muito claro da conversa que tivemos”, afirmou.

Quanto às relações entre Portugal e Macau, Montenegro considerou que atravessam “uma fase muito positiva” de cooperação, a nível das vertentes económica, social, cultural e histórica e de entidade.

“Nós registamos um compromisso muito forte do Executivo de Macau na preservação do património arquitectónico, do património histórico, que faz parte também daquilo que é a identidade de Macau”, atirou. “Nós queremos, de facto, que continue a haver o cumprimento de uma relação de cooperação mútua, que está alicerçada nos documentos que presidiram à transição […] e que atribui responsabilidades a todos. E nós estaremos à altura de poder cumprir as nossas [responsabilidades] e também, naturalmente, solicitar o cumprimento aos outros”, acrescentou.

Alguns obstáculos

Em relação à situação de Macau, Montenegro afirmou ser “um bom exemplo”, embora com alguns “obstáculos” e “tensões”, que explicou serem normais deste tipo de relações entre regiões.

“Eu acho que no global este é um bom exemplo de como foi possível organizar um processo de transição, acautelar os interesses mais relevantes em presença e contribuir para o desenvolvimento económico e social deste território”, disse o Primeiro-Ministro de Portugal. Os números, embora não expressem tudo, são um bom instrumento para nós podermos aferir o sucesso económico e social deste trajecto e deste processo que não é isento de tensões, não é isento de obstáculos. É como em todos os processos que implicam mudanças, algo que nunca está verdadeiramente acabado e que nos impele a sermos pró-activos”, atirou. O líder do Governo de Portugal não especificou os “obstáculos” nem as “tensões”.

Fora da agenda

Em declarações aos jornalistas, Montenegro abordou ainda o caso da detenção do ex-deputado Au Kam San, que também tem nacionalidade portuguesa. O Primeiro-Ministro revelou que o caso não fez parte da agenda desta deslocação e que deve ser tratado com discrição. “Não foi objecto da nossa conversa, mas é um assunto, esse e outros, que nós acompanhamos e que nós promovemos com a necessária descrição, porque há alguns assuntos que merecem também algum recato no tratamento. E esse é um deles”, explicou.

Montenegro recusou também explicar se houve alguma movimentação para apoiar o detido. “Nós não estamos a discutir esse caso, eu não vou particularizar. Neste contexto da visita, o que eu quero reiterar é o nosso firme propósito em levar mais longe a nossa relação de cooperação aos mais variados níveis e a preservação de uma ligação que tem dado frutos, apesar de ter também os seus problemas”, justificou.

Sam Hou Fai garante direitos de portugueses

O Chefe do Executivo afirmou que o Governo de Macau atribui grande importância aos direitos e tradições dos portugueses residentes no território. As declarações de Sam Hou Fai foram proferidas na manhã de ontem, quando recebeu Luís Montenegro, de acordo com o Gabinete de Comunicação Social (GCS).

Numa nota de imprensa, consta que o representante da RAEM frisou “que o Governo da RAEM tem atribuído sempre, ao longo do seu desenvolvimento, grande importância à protecção e ao respeito pelos direitos, costumes e tradições culturais dos portugueses residentes de Macau”.

O líder do Governo associou ainda as tradições portuguesas ao “ensino e a difusão da língua portuguesa”, que indicou ser alvo de uma promoção pró-activa por parte do Executivo.

O líder do Governo também “destacou que a amizade entre os povos chinês e português é longa e duradora, e os dois países têm estabelecido, há 20 anos, uma parceria estratégica mais abrangente, com ênfase especial no aproveitamento da plataforma de Macau na promoção do intercâmbio e da cooperação sino-portuguesa”.

Como resposta, o GCS indica que Montenegro defendeu a implementação do princípio um país, dois sistemas. “O primeiro-ministro português, Luís Montenegro enalteceu a implementação bem-sucedida do princípio ‘um país, dois sistemas’ em Macau e os enormes avanços alcançados desde o seu regresso à pátria. Elogiou ainda a preservação da diversidade cultural em Macau, incluindo da cultura portuguesa”, foi comunicado.

Segurança | Visita de Montenegro com grande aparato

Ao contrário das visitas de outros dirigentes portugueses a Macau, como aconteceu com Marcelo Rebelo de Sousa, em 2019, a passagem de Luís Montenegro ficou marcada por um grande aparato de segurança, que foi garantida por uma equipa com seguranças e agentes chineses, assim como das forças da RAEM. Antes do primeiro-ministro de Portugal chegar à Escola Portuguesa de Macau (EPM), todos os que desejavam estar no interior da instituição tiveram de ser revistados. Também os jornalistas ou repórteres de imagem que não se tivessem registado de antemão não puderam entrar.

No interior da instituição havia também um cão a acompanhar um dos agentes. No exterior da escola, quando chegou o carro que transportava Montenegro, polícias afastaram os transeuntes e impediram a passagem. Durante a paragem da viatura que transportava Montenegro, o carro estava a ser protegido por uma carrinha mais alta, que parou ao lado, para bloquear um dos ângulos de visão. Após a passagem pela EPM, a zona entre o Consulado de Portugal e a zona da Sé estava repleta de agentes de segurança.

Cultura | Montenegro destaca “valores” portugueses

Durante o discurso da recepção à comunidade portuguesa, Luís Montenegro destacou os “valores” trazidos pela comunidade em Macau, e em principal a difusão da língua.

“Quero dizer-vos que atribuímos uma especial importância àqueles que aqui estão, nas mais variadas afinidades, que trazem os valores de Portugal, que trazem e transportam e preservam a cultura e a tradição portuguesa, que são, portanto, um elo de ligação entre os nossos países e os nossos povos”, afirmou.

O governante disse também que a comunidade “por via do trabalho” pode “levar mais longe” a “preservação da língua”, que considerou ser um “factor identitário insubstituível e também como um factor de aproximação”. Na vertente económica, Montenegro considerou que a comunidade contribui para o objectivo comum de construção de “sociedades com prosperidade”, com “oportunidades para todos” e que promove “igualdade e justiça social”. O primeiro-ministro prometeu ainda apoiar a comunidade: “Contem com o Governo de Portugal, nós contamos também muito convosco”, afirmou.

10 Set 2025

Jogo | JP Morgan prevê subida de receitas acima de 10%

O relatório mais recente do banco de investimento aponta que as receitas de jogo nos primeiros sete dias atingiram 4,45 mil milhões de patacas e podem registar um crescimento anual até 13 por cento

 

A JP Morgan prevê um crescimento das receitas de jogo em Setembro entre os 10 e 13 por cento, de acordo com o relatório mais recente sobre o mercado de Macau. Segundo o documento citado pelo portal GGR Asia, as estimativas têm por base as receitas de 4,45 mil milhões de patacas nos primeiros sete dias deste mês.

No relatório, o banco de investimento indica que os primeiros dias deste mês, ainda antes da passagem do tufão Tapah, resultaram numa média diária das receitas 635 milhões de patacas e num total de 4,45 mil milhões de patacas.

Tendo em conta, estes números a JP Morgan prevê um crescimento anual das receitas de 10 a 13 por cento, o que significa que o valor deverá ir rondar entre os 19 mil milhões de patacas e os 19,5 mil milhões de patacas.

“Como era de se esperar, este valor é inferior aos crescimentos de Julho e Agosto – 714 milhões de patacas por dia – devido à sazonalidade”, escreveram no relatório os analistas DS Kim, Selina Li e Lindsey Qian.

A equipa da JP Morgan indica também que historicamente Setembro tem sido um dos meses mais fracos em termos do desempenho das receitas brutas do jogo. “Mas, os números ainda sugerem um crescimento de dois dígitos em relação aos 575 milhões de patacas por dia de Setembro do ano passado, indicando que a desaceleração sequencial está dentro da sazonalidade normal”, acrescentaram os analistas.

O melhor trimestre

Os analistas apontam também que no caso destas previsões se confirmarem, o terceiro trimestre do ano vai ter “o valor das receitas mais elevado dos últimos 23 trimestres”. Em comparação com o período homólogo, é esperado um crescimento de 14 a 15 por cento, para valores de 63 mil milhões de patacas ou 64 mil milhões de patacas.

Em Agosto, as receitas brutas dos casinos apresentaram um crescimento de 12,2 por cento, para 22,16 mil milhões de patacas, naquele que foi o melhor desempenho mensal desde Janeiro de 2020. Entre Janeiro e Agosto deste ano, as receitas brutas do jogo atingiram 163,05 mil milhões de patacas, o que representou um crescimento de 7,2 por cento, face ao montante acumulado nos primeiros oito meses do ano passado, quando as receitas foram de 152,10 mil milhões de patacas.

10 Set 2025

Tapah | Autoridades negam ligação entre lesão de idosa e gafe

As autoridades recusam que as declarações de um representante dos Serviços de Polícia Unitários, que pediu inadvertidamente às pessoas para irem para a rua durante a passagem do tufão, tenham conduzido à lesão de uma idosa. Segundo os SPU e o COPC não há coincidência temporal entre os acontecimentos. Na sequência do desmentido foi detido um residente

 

Os Serviços de Polícia Unitários (SPU) e o Centro de Operação de Protecção Civil (COPC) recusam ter existido qualquer ligação entre o caso de uma mulher que partiu a perna e a gafe de um representante dos SPU, durante a passagem do Tufão Tapah. Como consequência, as autoridades detiveram ontem um residente, que está a ser responsabilizado pelo rumor.

Na segunda-feira, enquanto falava à população sobre o tufão, um representante dos SPU enganou-se e apelou à população para evitar ficar em casa ou em espaços interiores e seguros. A informação acabou por ser corrigida momentos mais tarde por Kam Chit Soi, também dos SPU, com o COPC a apelar à população para ficar em casa, em espaços interiores e seguros.

No entanto, o erro tornou-se viral, gerou várias brincadeiras online e levou a que começasse a circular nas redes sociais um vídeo em que um homem, o alegado filho da mulher, acusava a informação errada de ter feito com que a sua progenitora tivesse ido para a rua. O autor do vídeo afirmava ainda que a mãe, de 80 anos, tinha caído numas escadas, devido ao piso escorregadio, e que tinha atingido outras seis pessoas.

No vídeo, o homem nunca se mostrou, apenas era possível ver um telemóvel e ouvir uma alegada chamada para o Centro de Operação de Protecção Civil com queixas sobre a informação incorrecta. Na resposta, o centro garantia que a opinião ia ser encaminhada para os superiores para “ser acompanhada”.

Tudo falso

Com o vídeo a tornar-se viral, os SPU e o COPC emitiram um comunicado a desmentir a situação e apelaram à população para “manter um ambiente saudável” nas redes sociais.

De acordo com a informação oficial, após as alegações transmitidas no vídeo foi realizada “uma investigação imediata”. “Após investigação, a hora em que a idosa sofreu ferimentos e a subsequente chamada a pedir ajuda aconteceram meia hora antes da transmissão deste Centro. Não há sobreposição temporal entre os dois eventos”, comunicaram. “Portanto, os ferimentos da idosa não foram, de forma alguma, causados pela transmissão deste centro”, foi acrescentado. “Naturalmente, expressamos a nossa profunda preocupação pela idosa ferida e desejamos-lhe uma rápida recuperação”, foi frisado.

No comunicado, as autoridades voltaram a pedir desculpa pelo erro, mas não deixaram de criticar o ambiente online. “Reiteramos as nossas sinceras desculpas pelo mal-entendido causado pelo lapso verbal do nosso funcionário e tomaremos medidas para evitar que situações semelhantes ocorram”, foi prometido. “Lamentamos também as acusações infundadas que circulam online e exortamos o público a discernir a verdade, trabalhando em conjunto para manter um ambiente online saudável e racional”, foi acrescentado.

Residente detido

Durante a tarde de ontem, e depois do primeiro desmentido, a Polícia Judiciária anunciou a detenção de um residente local, com cerca de 50 anos, relacionado com o caso. Nas perspectiva do CPSP, a actuação do homem “danificou seriamente a imagem e a credibilidade do Governo da RAEM”, com o detido a inventar uma ligação entre o apelo lançado na conferência de imprensa pelo representante dos SPU e a lesão da idosa.

O detido está indiciado de um crime relacionado com a violação da lei ao combate à criminalidade informática, que não foi especificado pelo jornal Ou Mun, quando revelou a detenção, de um crime de ofensa a pessoa colectiva que exerça autoridade pública e do crime de publicidade e calúnia.

Quando interrogado pelas autoridades, o homem admitiu ter sido o autor do vídeo, mas argumentou que se confundiu na hora do acidente da mãe e na hora do erro, o que levou a que tivesse feito o vídeo da polémica. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.

9 Set 2025

Tufões / Segurança | DSAL apela à boa-fé de empresas

Para evitar que trabalhadores fiquem impedidos de regressar a casa devido a tufões, o Governo diz-se empenhado a incentivar empresas a acordarem de boa-fé as condições de trabalho para facilitarem a vida dos funcionários. A falta de regulamentação foi levantada por Ron Lam, que lembrou que a emissão de sinal 10 este ano manteve os casinos abertos

 

No passado dia 20 de Julho, o tufão Whipa obrigou as autoridades de Macau a emitir o sinal 10 de tempestade tropical meia-hora depois de ter sido içado o sinal 9. A forma repentina como os alertas se sucederam, sem aviso-prévio, e o encerramento de pontes e fronteiras fizeram com que muitos trabalhadores de casinos ficassem retidos, sem forma de regressar a casa.

Esta situação foi levantada por Ron Lam, numa das últimas interpelações escritas que submeteu ao Governo. Foi ontem divulgada a resposta do Governo, assinada pelo director dos Serviços para os Assuntos do Tráfego, Chiang Ngoc Vai.

O deputado afastado destas eleições lembrou que no passado, após o mortífero tufão Hato, o Governo mandou encerrar os casinos em caso de super-tufões, como ocorreu com o tufão Mangkhut e, em 2023 com o Saola. Porém, este ano durante a passagem do tufão Whipa, que chegou a sinal 10, os casinos permaneceram abertos. Recorde-se que no rescaldo do Hato, o Executivo de Chui Sai On foi bastante criticado pelos avisos curtos em relação à severidade da tempestade, com o comércio e casinos a operarem normalmente.

Como tal, Ron Lam perguntou ao Governo quais os critérios para ordenar o encerramento dos casinos, pilar da indústria que mais emprega no território. O Governo não respondeu e limitou-se a citar a lei que determina a suspensão do funcionamento dos casinos e a referir a existência de canais de comunicação para ajustar medidas à “situação real”, de forma salvaguardar a segurança dos trabalhadores e clientes dos casinos.

Harmonia patronal

Entre domingo e segunda-feira, Macau esteve 18 horas sob o alerta de sinal 8 de tufão, sem interrupção nas operações dos casinos. Aliás, o Governo, através da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, coordenou com as concessionárias de jogo planos para proporcionar “áreas de descanso apropriadas para os trabalhadores e clientes no local, fornecendo refeições e outros apoios necessários, prestando toda a atenção aos trabalhadores e clientes que estão nos recintos”.

Sobre as regras gerais para salvaguardar a segurança dos trabalhadores e o funcionamento das empresas, o Governo realça que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), elaborou as “Orientações de trabalho em situações de tufão e incidentes súbitos de natureza pública”, que não são vinculativas.

Na resposta a Ron Lam, é indicado que a DSAL apela aos empregadores e trabalhadores para negociarem a programação do trabalho nos casos de tufão. Além disso, é referido que a DSAL incentiva os “empregadores a acordarem as condições de trabalho com os trabalhadores, segundo as regras da boa-fé, em períodos de más condições atmosféricas, bem como a resolverem as dificuldades reais encontradas pelas partes através do entendimento e concertação”. Como é habitual, as autoridades não têm em conta a desigualdade de poder nas relações laborais, e apelam à manutenção das “relações laborais harmoniosas”.

9 Set 2025

Visita | Câmara de comércio pede aproveitamento de tensões comerciais

Integrado na comitiva de Luís Montenegro à China, Japão e Macau, Bernardo Mendia, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, defende que Portugal deve aproveitar as tensões comerciais actuais para atrair mais investimento chinês, aproveitando Macau como plataforma

 

As tensões comerciais entre a Europa, os Estados Unidos da América (EUA) e a China abrem uma janela de oportunidade para Portugal atrair investimento industrial chinês, defendeu ontem, em Pequim, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, Bernardo Mendia.

Em declarações à agência Lusa, à margem da visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, ao país, Mendia destacou diversas áreas em que as empresas chinesas são competitivas e que coincidem com prioridades europeias, como a transição energética.

“Energias renováveis, veículos eléctricos, baterias, armazenamento de energia, tecnologias associadas ao 5G e a inteligência artificial são áreas em que Portugal deve dar a mão e aproveitar o facto de termos Macau como ponte”, frisou.

A Comissão Europeia impôs taxas de até 35 por cento sobre fabricantes de carros eléctricos chineses, para evitar concorrência desleal face às subvenções atribuídas pelo Estado chinês. Isto criou um incentivo à deslocalização da produção para a Europa. A fabricante chinesa BYD prevê inaugurar uma nova fábrica no sul da Hungria, num investimento avaliado em 4 mil milhões de euros. A China acumula também já mais de 10 mil milhões de euros em investimentos em Espanha, nas áreas dos veículos eléctricos e da energia verde.

A CALB (China Aviation Lithium Battery), uma das maiores fabricantes chinesas de baterias, confirmou em Fevereiro passado um investimento de dois mil milhões de euros em Portugal, para a construção de uma fábrica de baterias de iões de lítio em Sines, no âmbito da estratégia de expansão europeia.

Referindo-se ao investimento da CALB, Mendia considerou que esse é o tipo de projecto que “deve ser multiplicado”. “Temos de recordar, nesta visita, as vantagens de Portugal para acolher este tipo de investimento. Não só atrai capital, como gera emprego qualificado, novas receitas fiscais e exportações futuras”, afirmou.

A concorrência

Bernardo Mendia lembrou que Portugal chegou a atrair bastante investimento chinês em anos anteriores, mas que a concorrência aumentou, nomeadamente de Espanha e da Hungria, e que “é preciso mais”.

A guerra comercial entre Pequim e Washington ameaça penalizar a produção chinesa de quase todos os produtos exportados para os EUA, incentivando os fabricantes chineses a deslocar produção para contornar as tarifas, actualmente fixadas em 30 por cento, como resultado de uma trégua temporária entre ambos os lados.

“É uma forma de contornar essas barreiras, mas também de gerar boa vontade e relações duradouras, tal como a Europa fez quando deslocalizou produção para a China há 20 ou 30 anos”, afirmou.

Mendia advertiu, contudo, que é preciso ter noção das diferentes escalas entre os dois países. “Portugal não tem a mesma capacidade industrial instalada. Para cada 140 empresas chinesas que investem em Portugal, nós, para sermos proporcionais, traríamos uma”, ilustrou.

Durante a permanência na China, a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa participa em várias feiras e fóruns, como a China International Fair for Trade in Services (CIFTS) e a cimeira da Iniciativa Faixa e Rota, em Hong Kong.

“Queremos mostrar que Portugal está aberto à colaboração e transmitir oportunidades concretas. Por vezes resultam contactos com empresas, outras vezes com governos locais chineses que também procuram investimento estrangeiro para os seus municípios”, indicou.

“O que os chineses procuram é viabilidade. E a nossa missão é apresentar Portugal como uma alternativa estável e aberta, num momento em que a tensão comercial e o proteccionismo estão a crescer”, concluiu.

Bernardo Mendia considerou que a visita de Montenegro “é sempre muito positiva”, sublinhando que “já não havia uma visita deste nível desde 2016”. “A presença do primeiro-ministro tem muito peso, sobretudo do lado chinês. Portugal tem essa tradição de boas relações com várias culturas e esta viagem, que inclui também Macau e o Japão, reflete isso mesmo”, afirmou.

9 Set 2025

China | Montenegro espera frutos de “relação próxima” com a Rússia

O primeiro-ministro português disse ontem, num encontro com o Presidente Xi Jinping, que espera que a “relação próxima” entre a China e a Rússia ajude a alcançar um acordo de paz na Ucrânia. De visita oficial à China, com passagem por Macau, Luís Montenegro realçou papel fundamental da China no contexto global

 

O primeiro-ministro português afirmou ontem, perante o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, que conta com a sua relação próxima com a Rússia para “construir uma paz justa e duradoura” na Ucrânia.

Luís Montenegro fez estas declarações no início do primeiro dia da visita oficial à China, durante o encontro com Xi Jinping, do qual os jornalistas só puderam gravar os primeiros três minutos. “Não posso deixar de, em nome do Governo de Portugal, transmitir ao Sr. Presidente que contamos muito com o vosso contributo e a relação próxima que a China mantém com a Federação Russa para podermos, o mais rápido que seja possível, construir uma paz justa e duradoura na Ucrânia”, afirmou.

Antes, Montenegro sublinhou que, no contexto internacional, Portugal e a China têm mantido “em muitas ocasiões uma base de cooperação e de partilha de valores”. “A China tem um papel fundamental no contexto global e internacional, é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e nós esperamos o vosso contributo para podermos construir pontes entre povos, aproximar alguns daqueles que se encontram em conflito, promover a paz, promover o multilateralismo, promover o respeito pelos direitos humanos”, afirmou o político português.

Montenegro disse estar confiante de que o apelo que dirigiu ao Presidente da China, sobre o conflito Rússia-Ucrânia, vai ser ouvido. “Creio que o apelo, vindo de um país amigo, vindo de um país da União Europeia (UE), vindo de um país, como o Sr. Presidente Xi Jinping enfatizou também, que tem uma identidade de valores e de percurso, não cairá em saco roto”, afirmou.

Dizendo não poder responder pelo Presidente da China, Montenegro manifestou-se convicto de que Portugal tem feito o que lhe é exigido quanto a este conflito.

“A minha convicção é que, à nossa dimensão e sem nenhum tipo de pretensiosismo, nós fazemos aquilo que se exige a uma nação com a história e com a respeitabilidade internacional que Portugal tem. Nós somos construtores de pontes, nós somos protagonistas da aproximação entre povos, nós somos defensores da paz, defensores dos valores, do respeito pelos direitos das pessoas”, sublinhou.

Montenegro considerou que, no encontro com Xi Jinping, se limitou “a ser franco, leal e directo no apelo” para que a capacidade de influência da China possa ser desenvolvida e “trazer resultados práticos” para a Ucrânia.

Luís Montenegro referiu também que “é com muito gosto” que realiza esta visita oficial à China, depois de breves declarações do Presidente chinês, Xi Jinping.

“Como o Sr. Presidente afirmou, Portugal e a China têm uma relação fundada numa história que partilharam com vários momentos em comum, mas também uma relação virada para o futuro. Recordo bem a visita do Sr. Presidente a Portugal há sete anos e quero transmitir-lhe também os cumprimentos do Sr. Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa”, disse.

Bons amigos

O primeiro-ministro português manifestou concordância com as palavras de Xi Jinping sobre a forma como decorreu a transição da administração de Macau de Portugal para a China, em 1999.

“Tivemos na transição de Macau uma boa expressão da forma como conseguimos convergir e conseguimos garantir a identidade cultural e o relacionamento entre a região administrativa especial de Macau, com Portugal e com a China”, disse.

No encontro de ontem, Xi Jinping disse que “Portugal é um bom amigo da China”, referindo ser “um prazer” conhecer o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

“Seja bem-vindo na visita à China. Lembro que em 2018 eu fiz uma visita de Estado a Portugal, que me deixou uma bela impressão, e profunda”, disse, aproveitando para pedir a Montenegro que transmita ao chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, “sinceros cumprimentos”, de acordo com a tradução simultânea para português das suas declarações.

O Presidente chinês salientou que China e Portugal “são países com profunda história, e os dois povos possuem idiossincrasia, abertura, inclusão, progresso e autonomia”, defendendo que “Portugal desempenha um papel importante e singular no palco internacional”.

Xi Jinping destacou ainda “o papel importante” desempenhado por três antigos primeiros-ministros portugueses nos assuntos internacionais e regionais.

“O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso. Eu tenho boas relações com eles”, frisou.

Na breve declaração, o Presidente chinês afirmou que “Portugal é bom amigo da China” e considerou que ambos os países resolveram “de forma adequada a questão de Macau através de negociações amistosas”.

“Portugal também foi o primeiro país da Europa Ocidental a assinar com a China actos de cooperação no âmbito da iniciativa ‘Uma faixa, uma rota”, e o primeiro país da Zona Euro que emitiu títulos” na moeda chinesa, disse.

Uma ajudinha na crise

Por sua vez, Luís Montenegro agradeceu o apoio da China a Portugal durante o período da crise financeira. “Ao nível da nossa cooperação económica bilateral, é meu dever dizer-lhe que não nos esquecemos, pelo contrário, temos muito bem presente e respeitamos a aposta que a China desenvolveu na economia portuguesa, num dos momentos mais críticos do nosso país, aquando da crise financeira”, afirmou.

Tal como tinha sido destacado momentos antes pelo Presidente da República Popular da China, também Montenegro considerou que, nos últimos anos, os dois países reforçaram laços “em vários sectores da economia, da energia à banca, da saúde ao abastecimento de água”. “A nossa convicção é que podemos continuar a trilhar esse caminho na base da confiança”, disse o primeiro-ministro.

Luís Montenegro aterrou em Pequim ao início da tarde de segunda-feira, num momento fechado à comunicação social, e não teve qualquer agenda pública nesse dia. A agenda oficial do primeiro-ministro começou ontem de manhã com uma cerimónia de deposição de uma coroa de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça Tiananmen, em que esteve acompanhado pela mulher e pelos três ministros que integram esta visita: Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e da Coesão Territorial, e Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia.

Além do encontro com Xi Jinping, Luís Montenegro reuniu-se antes com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.

Ao final da tarde, o chefe do Governo português teve um encontro de trabalho com o homólogo chinês, Li Qiang, também no Grande Palácio do Povo, tendo seguido para Macau, onde tem hoje agenda apenas na parte da manhã. Amanhã e sexta-feira, Montenegro fará uma visita oficial ao Japão, com passagens por Tóquio e Osaka.

Medir o pulso

Ao HM, o analista Tiago André Lopes, professor auxiliar responsável pela área de estudos sobre a Ásia na Universidade Lusíada do Porto, defendeu que “Lisboa e Pequim partilham visões bastante diferentes no que concerne aos conflitos internacionais”. De frisar que Montenegro visita a China quando passam poucos dias sobre a realização da cimeira da Organização da Cooperação de Xangai, que decorreu na cidade chinesa de Tianjin, e onde foram discutidos conflitos Gaza ou Rússia-Ucrânia.

“Podemos notar que Lisboa é displicente na questão palestiniana, parecendo pouco incomodada com a barbárie que se abate sobre os palestinianos; enquanto a China se posiciona num espectro diferente de Portugal na Guerra da Ucrânia. O que é que isto nos diz? A viagem será muito focada na dimensão de diplomacia económica e muito menos na chamada diplomacia tradicional”, defendeu o analista.

Tiago André Lopes considera que Portugal poderia aproveitar esta viagem pela Ásia “para se autonomizar um pouco da dependência do eixo Bruxelas-Washington e ganhar espaço de manobra integrando a força de Pequim”, embora considere que “o actual Governo aposta num Atlanticismo-Europeísta sem ambições globais”.

Questionado sobre a questão do 5G, que pautou a relação Portugal-China nos últimos meses, Tiago André Lopes entende que a ida de Montenegro a Pequim serve para “minimizar o impacto” dessa questão e “tentar alavancar a cooperação económica entre os dois países”.

“Um elemento que poderá ajudar a medir o pulso da visita do Primeiro-Ministro de Portugal será a assinatura de documentos. Serão assinados Memorandos de Entendimento (que geralmente não são vinculativos), ou Acordos Comerciais? Ou apenas notas de imprensa vagas? Este será o melhor barómetro, para além das palavras de circunstância que naturalmente serão proferidas”, destacou.

Investimentos | Montenegro diz que Portugal é “confiável e confiante”

Luís Montenegro afirmou ontem que, durante a visita oficial à China e depois ao Japão, quer trazer a mensagem de que Portugal “é um país confiável e confiante” para investimentos económicos.

Segundo o primeiro-ministro, o programa “congrega a oportunidade que o primeiro-ministro português tem de conversar e interagir directamente com o presidente da Assembleia Nacional da República Popular da China, com o Presidente da República, com o primeiro-ministro”.

“Ao mesmo tempo que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, o ministro da Economia e a ministra do Ambiente e Energia interagem bilateralmente com os seus congéneres e também com empresários e empresas chinesas que operam em Portugal e com empresas portuguesas que operam na China”, acrescentou.

Para Montenegro, o facto de as visitas estarem a ser feitas “com alguma compressão em termos de durabilidade” – quatro dias divididos entre China e Japão – deve ser visto por outra perspectiva.

“É apenas o registo de que nós somos capazes de fazer tudo isto em simultâneo, somos capazes de partir daqui para Macau, somos capazes de Macau partir para Tóquio e para podermos, nesta área geográfica, trazer a mensagem de que Portugal é um país confiante, é um país confiável, é um país para onde vale a pena olhar e que também olha para o mundo”, defendeu.

Montenegro salientou ainda que Portugal já “usufrui de vários investimentos que têm origem na China e que têm sido alavancas para a transformação e desenvolvimento económico de Portugal”.

“É a nossa pretensão contribuir com esta nossa vinda cá para podermos também abrir portas a que mais empresas portuguesas possam encontrar no mercado chinês o destino dos seus produtos e, por via disso, também aumentar a nossa quota de exportação para esta geografia”, afirmou. A.S.S. / Lusa

9 Set 2025

Visita | PM português desde ontem a Pequim

Luís Montenegro chegou ontem a Pequim onde será recebido pelo Presidente chinês, Xi Jinping. Segue depois para o Japão com uma curta passagem por Macau pelo meio

 

O primeiro-ministro português aterrou ontem em Pequim para uma visita oficial à China que se inicia hoje, durante a qual terá um encontro com o Presidente Xi Jinping e passará por Macau, seguindo depois para o Japão.

A deslocação aos dois países, com um total de quatro dias de programa oficial, acontece nove anos depois de o anterior primeiro-ministro, António Costa, ter visitado a China em 2016 e de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter estado no território em 2019.

Integram a comitiva o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, – que terá à chegada um encontro oficial com o seu homólogo chinês – e o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, além da presidente da AICEP, Madalena Oliveira e Silva.

A agenda oficial da visita do primeiro-ministro arranca hoje, com uma cerimónia de deposição de coroa de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça Tiananmen, seguindo depois para o Grande Palácio do Povo.

Além do encontro com o Presidente da República Popular da China Xi Jinping – o mais significativo politicamente por o chefe de Estado chinês receber em audiência poucos primeiros-ministros estrangeiros -, Luís Montenegro reunir-se-á antes com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.

Ao final da tarde, terá uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, estando prevista uma cerimónia de assinatura de instrumentos jurídicos.

Paragem em Macau

A visita do primeiro-ministro português à China acontecerá na semana seguinte ao encontro em Pequim dos dirigentes chinês, Xi Jinping, russo, Vladimir Putin, e norte-coreano, Kim Jong-un, numa parada militar que assinalou o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Este encontro foi classificado na quarta-feira pela chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, como um “desafio directo” à ordem internacional baseada em regras, que envia “sinais antiocidentais”.

Fonte do gabinete do primeiro-ministro enquadrou a visita de Luís Montenegro à China na “tradição diplomática” de Portugal, já que todos os chefes de Estado e vários primeiros-ministros visitaram este país, a “segunda maior economia do mundo” e membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Além dos encontros políticos “ao mais alto nível”, em termos económicos, o objectivo é melhorar a balança comercial entre os dois países, “fortemente desequilibrada” a favor de Pequim, devendo ser assinados alguns memorandos de entendimento na área agroalimentar.

O primeiro-ministro parte ainda hoje à noite para a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), onde tem prevista agenda na manhã de quarta-feira, seguindo nesse dia para o Japão, com programa em Tóquio e Osaka até sexta-feira, regressando nessa noite a Lisboa.

8 Set 2025

Ciclone | Tapah paralisa Macau, sem escolas, serviços públicos e transportes

O ciclone tropical Tapah obrigou a 18 horas de sinal 8 e de estado de prevenção imediata, paralisando a cidade por completo. Apesar dos poucos danos, as aulas e serviços públicos foram suspensos durante todo o dia, e registaram-se quatro feridos. Este foi o nono ciclone tropical a afectar Macau este ano, total que não se via há mais de 30 anos

 

Cerca de 20 minutos depois da emissão do sinal 8 de tempestade, devido à passagem do ciclone tropical Tapah por Macau, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude indicava que as aulas dos ensinos infantil, primário, secundário e especial ficariam suspensas durante todo o dia de ontem. Cerca de 25 minutos antes, o Centro de Operações de Protecção Civil declarava o estado de prevenção imediata, em antecipação da chegada do sinal 8 de tempestade tropical emitido às 21h de domingo, que só foi levantado ontem às 15 horas.

Também o sinal 8 permaneceria içado durante 18 horas, paralisando por completo Macau no arranque desta semana. O Tapah foi o nono ciclone tropical a passar por Macau este ano. A última vez que nove tempestades tropicais afectaram o território no mesmo ano foi em 1993.

No final da manhã de ontem, os Serviços de Administração e Função Pública anunciavam que “os serviços e entidades da Administração Pública mantêm-se encerrados na parte da tarde e estão suspensos os seus serviços”, devido a manutenção do sinal 8 até às 15h de ontem.

Porém, como é natural, o Corpo de Polícia de Segurança Pública, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Judiciária, os Serviços de Alfândega e os Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário (incluindo o Posto de Urgência das Ilhas) continuaram a prestar serviços de emergência aos cidadãos.

Seguindo o exemplo dos serviços da Administração Pública da RAEM, o Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong encerrou ontem os serviços de atendimento ao público durante todo o dia.

“Entraremos em contacto com todos os utentes para reagendar os atendimentos, de modo a que, se possível, todos sejam marcados até ao final desta semana”, foi acrescentado numa publicação na página de Facebook do consulado, que também apelou às comunidades portuguesas de Macau e Hong Kong, que seguissem as “recomendações das autoridades sobre os cuidados a observar enquanto estiverem emitidos sinais de alerta”.

Entre um ponto e outro

Também os transportes públicos foram severamente afectados pelo ciclone Tapah, com as autoridades a decretarem a suspensão de circulação, que só foi levantada depois das 15h de ontem, com a redução do alerta para sinal 3.

Antes do reinício da circulação dos transportes públicos, os Serviços de Alfândega lançaram um apelo a residentes, turistas e trabalhadores “para entrarem em Macau de forma faseada, colaborarem com as instruções do pessoal do posto fronteiriço e utilizarem os meios de transporte público de forma ordenada”. Apesar do apelo, assim que os autocarros começaram a circular, formaram-se longas filas em paragens nos pontos mais movimentados, como a Praça Ferreira do Amaral e zona da Barra.

A partir do momento em que se deu a gradual normalização do trânsito, as autoridades reabriram as quatro pontes que ligam Macau à Taipa.

Com a entrada em vigor do sinal 3, os autocarros públicos retomaram faseadamente a operação, o Metro Ligeiro voltou a circular, assim como os táxis especiais e os autocarros entre o posto fronteiriço de Macau e o Aeroporto Internacional de Hong Kong. Os ferries da TurboJET retomaram as ligaões entre Macau e Hong Kong às 14h30 (partida de Sheung Wan) e 16h (partida de Macau).

Entre domingo e as 14h de ontem, foram cancelados 81 voos no Aeroporto Internacional de Macau. Segundo informações veiculadas pela Autoridade de Aviação Civil, deste total, 47 estavam agendados para ontem. Além disso, 29 voos sofreram atrasos e nove tiveram alteração de horário. Com o levantamento do sinal 8 de tempestade, o Aeroporto Internacional de Macau coordenou com as companhias aéreas a retoma faseada das operações aéreas. Em Hong Kong, cerca de uma centena de voos foram ontem suspensos no Aeroporto Internacional.

Causa e efeito

Além da paralisia de serviços e transportes a que o Tapah votou Macau durante o dia de ontem, os efeitos do ciclone tropical levaram ao registo de 25 ocorrências, até às 14h de ontem, no Centro de Operações de Protecção Civil. As autoridades foram chamadas para 11 casos de remoção de materiais de construção/candeeiro/árvore em risco de queda e 13 casos de remoção de reboco, reclamo, janela, toldo ou outros objectos em risco de queda ou já caídos. Além disso, houve um pedido de uma pessoa retida num elevador.

No rescaldo das operações no final da tarde de ontem, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, revelou terem sido contabilizados quatro feridos devido ao ciclone tropical, três dos quais ligeiros e um que obrigou a hospitalização devido a uma fractura de osso.

Até às 14h, com a redução do alerta de tempestade no horizonte, 13 pessoas tinham recorrido aos centros de acolhimento de emergência desde que abriram portas.

Entre as 07h e as 08h da manhã, algumas zonas do Porto Interior e da Taipa foram afectadas por inundações ligeiras, que levaram algumas lojas a não abrir e a proteger a entrada com barras de protecção contra as cheias, mas noutras lojas e restaurantes as operações decorreram sem alterações.

Por volta das 08h da manhã de ontem, o ciclone tropical estava no ponto mais aproximado de Macau, a cerca de 110 quilómetros, à medida que se deslocava calmamente, a cerca de 20 quilómetros por hora para a cidade de Taishan, da província de Guangdong, afastando-se progressivamente do território. Também o vento foi gradualmente enfraquecendo.

No entanto, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) alertavam para a possibilidade de aguaceiros fortes, trovoadas e vento com rajadas fortes devido à influência da banda de chuva externa de Tapah. Esta influência levou as autoridades a emitir o aviso de “Storm Surge” Azul às 10h, o mais baixo dos avisos de cheias, que prevê a subida do nível da água acima do pavimento inferior a meio metro. Ainda assim, “a maré astronómica em combinação com o Storm Surge, elevou o nível da água em cerca de 1 metro de altura máxima e a maré registada foi de 3,7 metros”.

No resumo dos SMG, foi indicado que o Tapah constituiu um desafio em termos previsibilidade devido à sua “circulação pequena, trajectória sinuosa e proximidade a Macau”.

Em relação ao estado do tempo nos próximos dias, os SMG previam ontem a continuação da instabilidade hoje de manhã com aguaceiros por vezes fortes e trovoadas, devido à influência das bandas de chuva associadas ao ciclone. Os aguaceiros e as trovoadas devem continuar amanhã, com o sol a regressar aos céus de Macau a partir de quarta-feira e a manter-se durante o fim-de-semana.

Centro de operações

Duas horas antes da emissão do sinal 8, o Chefe do Executivo presidia a uma reunião no Centro de Operações de Protecção Civil (COPC), para ficar a par dos preparativos para responder ao ciclone tropical “Tapah”, e dos planos de reacção dos diversos departamentos e instituições.

Segundo o Gabinete de Comunicação Social, Sam Hou Fai “exigiu consideração antecipada e planeamento dos trabalhos de restauração da normalidade da cidade pós-tufão, de modo a evitar qualquer influência nos deslocamentos da população aos serviços e às escolas”.

“O Chefe do Executivo disse também que, devido à passagem sucessiva de ciclones tropicais por Macau, nos últimos meses, a estrutura da protecção civil manteve o seu alerta de forma contínua e realizou inúmeros trabalhos preparativos de reacção imediata contra tempestades”, motivo pelo qual agradeceu o empenho e trabalho constante.

O governante pediu uma atenção especial para a resposta a inundações através da monitorização das zonas baixas, garantindo o funcionamento normal dos sistemas de drenagem e preparando planos de evacuação se as condições no terreno a isso obrigarem. Situação que não se verificou. Além disso, exigiu que foram assegurados o abastecimento ininterrupto de água e electricidade.

Ponte Macau | Concluídos testes de circulação durante sinal 8

Na noite de domingo, enquanto esteve içado o sinal 8 de tufão, foram realizados testes de circulação de veículos na Ponte Macau com o objectivo de recolher dados sobre as condições de tráfego em diversos cenários para uma análise e avaliação abrangente, indicaram ontem os serviços para os Assuntos do Tráfego e das Obras Públicas, num comunicado conjunto. Os testes incluíram múltiplas circulações em diferentes faixas de rodagem, para apurar conhecimentos que permitam circulação em segurança durante períodos com condições meteorológicas adversas na nova ponte, nomeadamente o sinal 8 de tufão. As autoridades estão a processar a informação, “procedendo à análise e avaliação dos pormenores de implementação do plano de circulação que irão definir as regras e restrições ao tráfego na Ponte Macau durante tempestades.

Viver no limite

Um representante dos Serviços de Polícia Unitários (SPU) foi ontem protagonista da gafe do dia, motivando a partilha de publicações humorísticas nas redes sociais. Dirigindo-se à população para apelar a uma postura preventiva face à passagem do ciclone tropical Tapah por Macau, o responsável afirmou o oposto do que queria transmitir. “O Centro de Operações de Protecção Civil apela aos residentes e turistas que, durante o sinal oito de tufão, por favor evitem o máximo possível ficar em casa, ou em espaços interiores e seguros”. Mais tarde, a comissária dos SPU, Kam Chit Soi, disse que o seu colega teve um lapso durante a transmissão ao vivo e pediu desculpas, corrigindo o Centro de Operações de Protecção Civil e apelando à população para permanecer em casa ou abrigar-se em espaços interiores e seguros.

8 Set 2025

Pátio do Espinho | Defendida demolição de prédio

O deputado Leong Hong Sai considera que é necessário preservar as “construções históricas tradicionais” do território. No entanto, o Executivo recusa que o prédio demolido se enquadre nessa categoria, por não ter sido classificado

 

O Governo defendeu a demolição de um prédio no n.º 10 do Pátio do Espinho, após a queda de parte da fachada da estrutura. A posição foi tomada através da resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Hong Sai, ligado aos Moradores de Macau.

Na interpelação, o legislador abordava o caso para defender a necessidade de garantir que a renovação urbana na cidade é colocada em prática, ao mesmo tempo que se produz legislação para assegurar que se protegem “as construções históricas tradicionais, em prol da manutenção da história e dos laços culturais da cidade”.

Na resposta, assinada pelo director da Direcção de Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), Lai Weng Leong, o Executivo defende a demolição, por considerar que a infra-estrutura não estava protegida, o que afasta as obrigações de conservação. Esta opção foi tomada depois de ter sido ouvido o Instituto Cultural (IC).

“O edifício número 10 localizado na Travessa Três do Pátio do Espinho, após o seu desmoronamento, foi classificado como encontrando-se em estado iminente de ruína e, depois de consultado o parecer do IC, a DSSCU procedeu, por razões de segurança pública, à sua demolição em 8 de Agosto de 2025, que presentemente está concluída”, foi explicado. “O IC afirmou que o aludido edifício não faz parte dos bens imóveis classificados, devendo estas espécies de construções ser reguladas pelo respeitante regulamento jurídico em vigor sobre as construções urbanísticas normais”, foi acrescentado.

Mais de 600

Lai Weng Leong cita também os dados fornecidos pelo IC para indicar que os “actuais 165 itens de bens imóveis classificados de Macau” estão relacionados com “mais de 600 edifícios”.

Ao mesmo tempo, o IC nega também ter responsabilidades no estado de degradação do edifício demolido, dado que não faz parte do património fiscalizado, por não ser protegido. “Ao longo dos anos, o IC tem sempre como base a Lei de Salvaguarda do Património Cultural, tendo procedido, em cada semestre do ano, à verificação e fiscalização da segurança das relíquias antigas culturais existentes em Macau, procurando tomar conhecimento sobre o estado geral de preservação delas e verificar e estimular com sucesso os respeitantes proprietários executar os necessários trabalhos de manutenção”, foi justificado.

Em relação aos trabalhos de manutenção pelos proprietários, é explicado que o IC tem um serviço de apoio para que os privados quando fazem obras no seu património protegido tenham orientações de “manutenção da aparência exterior”, através da emissão de “pareceres técnicos”, mas também de outros apoios “à realização de obras de restauração e manutenção”.

8 Set 2025

Grande Prémio do Consumo | Receitas do comércio aumentam 10%

Apesar dos comerciantes destacarem o aumento das receitas e do número de clientes, o programa continua a merecer críticas por parte dos consumidores, dado que os descontos não podem ser utilizados durante os dias de semana

 

No primeiro fim-de-semana de utilização dos vales de desconto emitidos no âmbito da ronda mais recente do Grande Prémio do Consumo, os comerciantes afirmaram que as receitas cresceram à volta de 10 por cento. Os números foram apontados por vários comerciantes em declarações citadas pelo jornal Ou Mun.

Ao jornal em língua chinesa, o proprietário de uma padaria, não identificado, reconheceu que normalmente no fim-de-semana o volume de vendas é afectado negativamente pelas viagens dos residentes para o Interior da China. No entanto, devido ao programa de descontos que pode ser utilizado para compras, o proprietário afirmou que as receitas no fim-de-semana apresentaram um crescimento de 10 por cento, face aos períodos sem descontos.

O proprietário indicou também que, para aproveitar os descontos, a loja tenta ter as suas próprias promoções, com preços mais atractivos, e também com o lançamento de novos produtos, que se espera despertar maior interesse dos clientes.

Por sua vez, o gestor de uma loja de produtos de primeira necessidade indicou que os descontos mais recentes contribuíram para que o número de pessoas a visitar o espaço aumentasse em cerca de 20 por cento.
Todavia, explicou que as pessoas optam pelos bens mais necessários, sem grandes gastos, como papel higiénico ou produtos de higiene pessoal e de limpeza para a casa. Também neste caso, o sucesso não é apenas atribuídos aos descontos da iniciativa promovida pelo Governo, a loja também oferece preços mais atractivos.

Mais flexibilidade

Apesar da satisfação dos comerciantes, a nível dos consumidores surgem pedidos de maior flexibilidade, a pensar nas pessoas com menor capacidade económica. No programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau de alguns ouvintes a pedirem mais flexibilidade no prazo e no uso dos cupões de descontos.

Um ouvinte de apelido Chan apontou que o facto de os cupões só poderem ser utilizados ao fim-de-semana é negativo, porque acaba por criar sempre filas nas lojas mais populares. Chan considerou que a experiência de utilização dos descontos é má, e que devia ser possível utilizar os descontos durante os dias da semana.

Chan argumentou não compreender a resistência a fazer pequenos ajustes, de acordo com as opiniões dos consumidores, dado que já foram realizadas várias rondas do programa.

Outra ouvinte de apelido Leong sugeriu a utilização dos cupões nas sexta-feiras. No entanto, Leong alertou as autoridades para a possibilidade de o programa levar ao aumento da inflação no comércio local, pelo que pediu um aumento da fiscalização dos preços pelas autoridades.

Por sua vez, um ouvinte de apelido Lei indicou que o programa promovido pelo Governo falha em pensar nas pessoas com menor capacidade financeira. Lei exemplificou que para os estudantes e idosos é difícil utilizar os cupões de desconto de 200 patacas porque esse valor só pode ser utilizado quando gastam pelo menos 600 patacas.

8 Set 2025