Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHabitação | Preços com quebras de 10 por cento em termos anuais Os preços das casas em Macau continuam a cair: olhando para os meses de Maio a Julho deste ano, a queda foi de 10,4 por cento no Índice Global de Preços da Habitação face a igual período do ano passado. Em termos trimestrais, a queda foi de 1,1 por cento Os preços das casas continuam em queda, de acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas (DSEC). Nos meses de Maio a Julho deste ano, o Índice Global de Preços da Habitação foi de 194,0, o que representa uma quebra de 10,4 por cento face aos meses de Maio a Julho do ano passado. Destaca-se ainda uma quebra anual de 10,6 por cento no Índice das casas em Coloane, enquanto que na Taipa a quebra foi de 10,3 por cento. Olhando para o trimestre anterior, ou seja, os meses de Abril a Junho deste ano, a quebra dos preços foi de 1,1 por cento, registando-se a baixa de preços na ordem dos 2,1 por cento no Índice de preços das habitações construídas, que foi de 208,9 nos meses de Maio a Julho deste ano. Os dados revelam, porém, o aumento de 8,3 por cento no Índice de habitações em fase de construção, que entre Maio e Julho foi de 232,8, pelo facto de “novas fracções em construção terem sido colocadas à venda no período de referência”, informa a DSEC. Idades que pesam Os dados da DSEC dizem-nos também que os preços das casas também baixaram consoante os anos de construção, com a maior quebra, em termos trimestrais, a verificar-se nas casas que têm entre 11 e 20 anos de construção, com 3,3 por cento. Enquanto isso, nas casas com mais de 20 anos os preços baixaram 2,5 por cento entre Maio e Julho. Nas casas mais recentes, com seis a dez anos de construção, os preços até cresceram, mas apenas 0,5 por cento. Registou-se também uma quebra de 3,5 por cento, em termos trimestrais, nas casas que têm entre 75 e 99 metros quadrados, enquanto as casas com menos de 50 metros quadrados registaram uma quebra de 1,3 por cento face aos meses de Abril a Junho. Analisando por altura dos edifícios, o Índice de preços de habitações dos edifícios do escalão inferior ou igual a sete pisos aumentou 1,9 por cento, enquanto o índice dos edifícios com mais de sete pisos diminuiu 1,7 por cento.
Hoje Macau Manchete PolíticaMarcas | Nova classificação procura promover comércio Para promover o consumo e relançar a economia, a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico lançou um novo sistema de classificação para pequenas e médias empresas. O novo programa de classificação e distinção das marcas foi apresentado ontem numa conferência de imprensa. De acordo com a apresentação do novo sistema, relatada pelo canal chinês da Rádio Macau, o objectivo das novas classificação passa por valorizar mais as marcas e negócios locais, ao mesmo tempo que se tenta criar novas atracções turísticas que promovam o consumo e levem os turistas aos bairros comunitários. As novas classificações dividem-se em três categorias “Marca Centenária”, “Marca Típica de Macau” e “Lojas com Características Especializadas e Delicadas”. Na primeira fase, apenas 100 pequenas e médias empresas podem ser classificados como “Lojas com Características Especializadas e Delicadas”. Estas vão receber apoios financeiros que podem chegar às 150 mil patacas, para financiar 60 por cento dos gastos com campanhas de marketing online, processos criativos de decoração e o lançamento de produtos patenteados. Em relação às categorias “Marca Centenária” e “Marca Típica de Macau” as candidatura não estão limitadas e encontram-se abertas. A associação Macau Chain Stores and Franchise vai assistir no processo de candidatura.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEconomia | Comerciantes desvalorizam efeito de cupões de desconto Enquanto em Hong Kong se discute imitar a medida, em Macau, os comerciantes consideram que os descontos não são solução para os problemas estruturais relacionados com a quebra do consumo e o valor elevado das rendas Vários comerciantes locais desvalorizaram o impacto no volume de negócios e receitas produzido pelos cupões de consumo com descontos, no âmbito de iniciativas como o Grande Prémio do Consumo. Os depoimentos surgem no portal HK01, porque John Lee, Chefe do Executivo de Hong Kong, vai apresentar hoje as Linhas de Acção Governativa e a distribuição de cupões tem sido uma medida defendida por alguns deputados. Sobre o impacto em Macau, o dono de um café ao lado do Teatro Dom Pedro V, de apelido Ng, afirmou que o apoio é “leve” e que, quanto muito, contribui para a subida de 5 por cento do volume de negócios. O empresário explicou que actualmente o grande problema são as despesas de operação, como renda e salários, que continuam a ser elevadas. “Durante a pandemia, os senhorios eram mais flexíveis com as renda. Mas, hoje em dia, essa flexibilidade deixou de existir, ao mesmo tempo que os salários do funcionários também aumentaram”, explicou. “Se o Governo quiser mesmo alterar as tendências do mercado, espero que comunique directamente com as pequenas e médias empresas (PME), em vez de comunicar com as associações de PME. Esta comunicação não faz sentido,” destacou. Ng revelou que o seu café abriu há cerca de cinco anos e que foi logo atingido pela pandemia, depois de alguns meses. Após a pandemia, o empresário reconheceu que houve uma ligeira recuperação, à qual se seguiu uma nova quebra, que afirmou ter sido “drástica”. “O consumo dos residentes no Interior da China foi uma das razões, e também os clientes locais foram consumir para outros lados”, justificou. O proprietário do café considera que actualmente é mais arriscado apostar na restauração e serviços semelhantes do que jogar nos casinos: “No casino as hipóteses de perder são de 50 por cento, mas no sector de restauração as hipóteses de perder são de 70 por cento”, destacou. Consumo no norte dificulta Por seu turno, o dono de um restaurante na Rotunda de Carlos da Maia, de apelido Ho, também considerou que o apoio dos cupões não é assim tão significativo. O empresário do restaurante que está aberto há cerca de 40 anos explicou que o programa de descontos leva a um volume adicional de negócios na ordem dos 10 por cento. Ho explicou que este apoio não compensa o grande declínio do consumo, que indicou ter sido acelerado com a facilitação da deslocação para o Interior da China, onde os residentes consomem cada vez mais. “O declínio dos negócios é óbvio, o volume de negócios é mau nos fins-de-semana, em comparação com o que acontecia no passado”, explicou. Não vi qualquer recuperação depois da pandemia, e se houver vários dias consecutivos com feriados a situação torna-se mesmo péssima”, justificou. Também o empresário Un, que faz doces de barba de dragão na Rotunda de Carlos da Maia, afirmou não estar optimista face aos cupões de descontos. O residente que se dedica à confecção dos doces classificados como património cultural considera que a única solução para inverter a situação passa pelo consumo dos turistas. No entanto, lamenta que o ambiente e a confiança estejam longe de ser ideais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | CAEAL valida 24 votos anteriormente declarados nulos A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa validou 24 votos que anteriormente tinham sido considerados nulos, todos ligados ao sufrágio directo. As listas de Coutinho e Song Pek Kei ficaram, assim, com mais votos Estão fechados os resultados das eleições de domingo que levaram à escolha dos deputados para a Assembleia Legislativa (AL). A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) apresentou ontem os dados de apuramento dos votos, sendo que uma das alterações passa pela validação de 24 votos anteriormente considerados inválidos. Deste universo, oito tinham sido contestados pelas listas e 16 considerados nulos, antes da reversão. Cheang Kok Chi, presidente da assembleia de apuramento geral da CAEAL, explicou que “os 24 votos inválidos que passaram a ser válidos são do sufrágio directo e [a mudança] não prejudicou a ordem ou os resultados”. “Em cada assembleia de voto, depois de terminar a votação, a Mesa tem uma decisão preliminar em relação aos votos, em que sobre alguns se pode decidir no imediato que são inválidos. Há membros das listas presentes para ver se podem ou não protestar quanto a essa decisão, pelo que há dois tipos de situações”, adiantou ainda. Assim, a lista Nova Esperança, liderada por José Pereira Coutinho e que se sagrou a grande vencedora das eleições, colocando três deputados no hemiciclo, ganhou mais seis votos com esta alteração, pois no apuramento preliminar de domingo a lista ficou com 43.361 votos. Também a lista Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, liderada por Song Pek Kei, ganhou mais cinco votos, passando dos 29.459 votos registados na contagem de domingo para 29.464 votos divulgados ontem. Os votos em branco cifraram-se em 5.987, representando 3,42 por cento, enquanto que os votos nulos foram 7053, representando 4,02 por cento. O responsável da CAEAL garantiu que a lei “prevê também expressamente que, durante o apuramento dos votos, as pessoas [membros das listas candidatas] possam estar presentes além dos membros da assembleia de apuramento dos votos e assistentes”. Uma forma de trabalhar Cheang Kok Chi não deu uma justificação clara para o facto de não serem mostrados os votos nulos, evocando o dever de sigilo, apesar da prática ser comum das eleições anteriores. “Quanto ao facto de os votos não estarem identificados, antes de realizarmos os trabalhos de apuramento nunca sabemos como são os boletins de voto. Tendo isto em consideração, escolhemos esta forma para realizar os nossos trabalhos de apuramento”, afirmou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaFunção Pública | Coutinho diz que não recebeu queixas sobre votos forçados O candidato mais votado das eleições e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau recusou ter recebido queixas sobre pressões para votar e até referiu que houve elogios de funcionários públicos à organização das eleições José Pereira Coutinho, vencedor das eleições de domingo, afirmou não ter recebido queixas de funcionários públicos na sequência das várias pressões governamentais para que fossem votar. As declarações foram citadas pelo jornal Cheng Pou, e ocorreram na segunda-feira à tarde, durante um evento para agradecer aos votantes. De acordo com as declarações citadas pela publicação, José Pereira Coutinho afirmou não só não ter recebido qualquer queixa, como destacou ter havido elogios de funcionários públicos à forma como o processo eleitoral decorreu, principalmente no que diz respeito à questão do trânsito. José Pereira Coutinho elogiou também os trabalhos da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), ao afirmar que todas as mesas de voto funcionaram sem problemas, o que considerou uma “melhoria significativa” em comparação com as eleições de 2021. A lista Nova Esperança conta com o apoio da estrutura da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), presidida pelo próprio Pereira Coutinho. Antes das eleições foram reveladas várias pressões por parte dos serviços públicos da RAEM, a pedir aos trabalhadores públicos que fossem votar. Além disso, Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, escreveu cartas a informar os trabalhadores que considerava o voto um “dever” e uma prova “relevante” de lealdade à RAEM. A partir de Novembro os trabalhadores da administração pública que não foram considerados leais à RAEM podem ser despedidos. Pedida confiança na CAEAL No evento de agradecimento aos eleitores, Pereira Coutinho foi igualmente confrontado com as alterações promovidas pela CAEAL que passaram a impedir a população de ver os votos que são considerados nulos. Nas eleições de domingo, os votos nulos mais do que triplicaram, face a 2021, para mais de 7.000. Anteriormente, a CAEAL costumava projectar os boletins de voto inválidos, que muitas vezes exprimiam opiniões políticas, outras mensagens e até insultos. Sobre o facto destes votos deixarem de ser mostrados publicamente, José Pereira Coutinho indicou que as pessoas devem confiar no Governo da RAEM e nos funcionários públicos. O deputado defendeu também que se houver falhas os serviços públicos vão analisá-las e corrigi-las. O deputado afirmou igualmente não ter recebido qualquer tipo de queixa dos representantes da lista Nova Esperança que acompanharam a contagem dos votos sobre a forma como foram contados os votos nulos. Nas eleições de domingo, a lista liderada por José Pereira Coutinho conseguiu mais de 43 mil votos, o que fez com que fosse a mais votada e elegesse três deputados. Além de Coutinho, deputado desde 2005, a lista vai contar na Assembleia Legislativa com Che Sai Wang, deputado desde 2021, e Chan Hao Wang, que se vai estrear no hemiciclo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTroca de dinheiro | Quase 600 detidos entre Outubro e Julho As detenções resultaram de 387 casos de troca ilegal de dinheiro, que levaram à apreensão de 71 milhões de dólares de Hong Kong, entre dinheiro vivo e fichas de jogo Entre 29 de Outubro de 2024 e Julho deste ano, a polícia deteve 597 pessoas em 387 casos de troca ilegal de dinheiro e realizou a apreensão de 71 milhões de dólares de Hong Kong, entre dinheiro vivo e fichas de jogo. Os números foram divulgados ontem pelo portal do secretário para a Segurança, numa publicação que faz um balanço da criminalização da “exploração de câmbio ilícito para jogo”. O conteúdo da mensagem serve também como justificação para a criação do crime, depois de vários meses em que foi adoptada uma posição ambígua. As autoridades associam as trocas ilícitas de dinheiro para o jogo ao aumento do número de turistas e a prática de crimes graves: “Nos últimos anos, com o aumento contínuo do número de turistas, também tem vindo a aumentar o número de indivíduos que exercem ‘troca ilegal de dinheiro’ nos casinos de Macau e nas suas proximidades, o que não só perturba a ordem pública, como também contribui para a prática de crimes graves, tais como furto, roubo, ofensa à integridade física ou até homicídio”, foi justificado. Na perspectiva do responsável pela tutela da segurança esta criminalidade afecta “gravemente a segurança e a estabilidade da sociedade”. A mensagem aponta igualmente que antes da criminalização e alterações à lei faltavam “instrumentos legais, específicos e dissuasores” para combater o fenómeno, “apesar da repressão contínua”. Controlos cambiais Segundo as autoridades, a prática deste crime está relacionada com o “facto de Macau possuir um sistema de controlo cambial diferente do sistema do Interior da China” e dos turistas do Interior quererem vir ao território realizar actividades que implicam grandes quantias de dinheiro, quando nem sempre é fácil trazê-lo do Interior. “Ao aperceberem-se que os visitantes do Interior da China necessitam de grandes quantias de dinheiro em numerário para actividades de ‘elevado gasto’, tais como jogar nos casinos de Macau ou adquirir produtos de luxo, os criminosos têm actuado, ao longo dos anos, em conluio com os bancos clandestinos transfronteiriços, para a exploração das actividades de câmbio ilícito”, foi explicado. Durante grande parte do ano passado, o Governo considerou desnecessária a criminalização das trocas ilegais de dinheiro para o jogo, justificando a opção com a existência de outros meios de dissuasão. Contudo, o Executivo, então liderado por Ho Iat Seng, avançou para a criminalização, após o Ministério da Segurança Pública do Interior ter realizado uma reunião, a 5 de Julho, em que declarou que a troca ilegal de dinheiro em Macau era uma das principais preocupações a nível da segurança do país.
João Santos Filipe Manchete SociedadeHospital das Ilhas | Realizadas 15 mil consultas em 10 meses Os Serviços de Saúde estimam que, até 2027, o Hospital das Ilhas assuma 25 por cento dos serviços públicos actualmente disponibilizados no Centro Hospitalar Conde de São Januário Desde Setembro de 2024 até Julho deste ano, o Hospital das Ilhas realizou cerca de 15 mil consultas externas especializadas em regime de serviços públicos. O número foi revelado por Cheang Seng Ip, subdirector dos Serviços de Saúde (SS), na resposta a uma interpelação escrita do ainda deputado Ron Lam. Apesar de construído com dinheiros públicos, o Hospital das Ilhas é explorado pela entidade privada, o Peking Union Medical College Hospital. Os serviços prestados são assim privados, com excepção dos casos em que os pacientes são encaminhados pelos Serviços de Saúde para o instituição médica. Foi no âmbito do serviços públicos que o hospital realizou as cerca de 15 mil consultas externas especializadas. Também neste regime público, Cheang Seng Ip apontou para a realização de 12 mil exames imagiológicos, que inclui exames como radiografias, ressonâncias magnéticas, ecografias entre outros. No âmbito do que afirma ser o desenvolvimento dos serviços de cuidados de saúde públicos, o subdirector dos SS revela também que desde “meados de Julho” foram lançados “serviços conjuntos de cirurgias oftalmológicas de catarata”. “Tudo isto permite encurtar, com eficácia, o tempo de espera para diferentes serviços e aprimorar a experiência dos residentes na procura de tratamento médico”, sustentou Cheang. A resposta também indica que actualmente estão “disponíveis 25 serviços de consultas externas diferenciadas no Centro Médico de Macau Union”. A estes junta-se o Centro de Gestão de Saúde, os serviços de internamento hospitalar no contexto de cuidados de saúde internacionais, o Serviço de Medicina Estética e a Consulta Externa de Vacinação. Meta de 25 por cento Em relação ao desenvolvimento dos serviços públicos no Hospital das Ilhas, o dirigente dos SS traça como meta que até 2027 a instituição assuma 25 por cento dos trabalhos actualmente desenvolvidos no Centro Hospitalar Conde de São Januário. A estimativa teve em conta “o estado actual da procura e oferta de serviços médicos” em Macau, o “planeamento dos recursos humanos do Centro Médico de Macau Union” e “o ritmo de desenvolvimento dos hospitais recém-inaugurados no Interior da China e regiões vizinhas”. “Paralelamente, será efectuada uma melhor alocação de recursos, buscando assim, em sintonia com as políticas de saúde do Governo da RAEM, dar resposta às necessidades da sociedade”, prometeu o subdirector dos SS.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEconomia | Associação prevê estabilidade nos próximos meses O Índice de Prosperidade apresentado no domingo pela Associação Económica de Macau prevê estabilidade na economia local durante os próximos meses. Joey Lao, economista e dirigente da associação, estima um crescimento económico moderado A Associação Económica de Macau apresentou no domingo o relatório do mais recente Índice de Prosperidade Económica, onde se prevê que o Índice fique entre os 6 e os 6,1 pontos [numa escala de 0 a 10] nos meses de Setembro a Novembro, permanecendo, portanto, a economia de Macau num nível “estável”. Segundo um comunicado divulgado pela associação, liderada por Joey Lao, economista e deputado eleito no domingo para a Assembleia Legislativa (AL), além da estabilidade, prevê-se um crescimento mais moderado, dependendo da situação internacional, do panorama da economia a nível regional ou dos efeitos das políticas de apoio à economia implementadas pelo Governo de Sam Hou Fai. No mesmo relatório menciona-se que na época alta das férias de Verão a entrada de turistas oriundos da China e das regiões vizinhas trouxe mais movimento económico para as operadoras de jogo, já que em Julho e Agosto o número de visitantes que entraram em Macau ultrapassou os 7,68 milhões, o que se traduz em 123 mil visitantes por dia e um aumento de 15,2 por cento em termos anuais. Quanto à taxa de ocupação hoteleira, o relatório destaca que Macau atravessa uma elevada fase de procura, enquanto que as receitas brutas do jogo nos meses de Julho e Agosto foram “as ideais”. Por sua vez, é referido o agregado monetário M2, relativo ao dinheiro que pode ser usado para transacções imediatas ou fundos que podem ser convertidos em dinheiro, que aumentou 9,7 por cento em termos anuais, atingindo as 838,6 mil milhões de patacas, considerado um “recorde histórico”. Sinais positivos Outro destaque do relatório vai para o facto de o índice de confiança dos consumidores da China continua a manter-se “baixo”, enquanto que o rácio entre empréstimos e depósitos de residentes baixou de 50,1 para 49,4 por cento, estando ainda num “mau nível”, segundo os critérios do índice, pelo facto de haver mais empréstimos e menos depósitos, o que representa a entrada de menos capital no sistema económico. A associação concluiu também que, relativamente a Agosto, o Índice de Gestores de Compras da China foi de 49,4 por cento, um aumento ligeiro de 0,1 pontos percentuais face a Julho. Enquanto isso, o Índice de Actividade Empresarial Não Transformadora do país encontra-se, segundo o relatório, em expansão, além de que o Índice de Gestores de Compras Composto foi de 50,5 por cento, um aumento de 0,3 pontos percentuais também em relação a Julho. Para a Associação Económica de Macau, todos estes aspectos representam “sinais positivos” para projectar o crescimento económico até Dezembro.
Hoje Macau Manchete PolíticaEleições | Governo Central elogia funcionários públicos O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado considerou que as eleições de domingo foram um “marco significativo dos esforços para aplicar na íntegra o princípio de ‘Macau ser governado por patriotas’”, assim como “promover uma democracia de alta qualidade adaptada à realidade” do território. O comunicado foi emitido na manhã de ontem, ainda antes de ter terminado a contagem oficial. Na perspectiva do Governo Central, “o amplo envolvimento social, o elevado entusiasmo dos eleitores e o número sem precedentes de votantes nestas eleições reflectem vividamente o bom ambiente de participação democrática em Macau”. O Governo Central aproveitou ainda a ocasião para elogiar a revisão eleitoral, que criou a base política para as exclusões de candidatos que não são considerados patriotas, por entender que “reforçou e aperfeiçoou os critérios de elegibilidade e os mecanismos de verificação para os candidatos à Assembleia Legislativa”. O comunicado fala também de um processo eleitoral “justo, equitativo, transparente e íntegro”. Na mensagem, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado destaca também a adesão dos funcionários públicos ao “seu dever cívico” de votar “em grande número”, assim como a organização do Governo de Macau. O Governo Central deixou também elogios às associações e empresas locais por se movimentarem para aumentar a participação. Várias empresas e serviços públicos exigiram aos funcionários que revelassem se iam ou não votar e alguns pediram que os superiores fosse informados, depois dos funcionários ou trabalhadores exercerem o “dever”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEleições | Após novo recorde, CAEAL deixa de mostrar votos nulos A comissão eleitoral deixou de projectar os boletins de votos inválidos, durante a contagem oficial. A prática contraria a tradição da RAEM, e impede o acesso a mensagens políticas expressas sob o anonimato conferido pelo boletim de voto Com o número de votos nulos a subir para uma fasquia histórica na eleição por sufrágio directo de domingo, atingido 7.077, de acordo com os números preliminares, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deixou de mostrar os boletins de votos à imprensa, durante a contagem final. A informação da nova prática, que contraria a tradição da RAEM, foi divulgada durante a manhã de ontem pelo diário Ou Mun. Normalmente, durante a contagem final dos votos, a CAEAL costumava mostrar os votos nulos com um projector na parede, para que se percebesse o motivo de terem sido considerados inválidos. Como consequência desse procedimento, nos anos anteriores, e principalmente em 2021, após as primeiras exclusões políticas, as pessoas que assistissem à contagem deparavam-se com algumas mensagens políticas nos boletins, como as letras “DQ”, alusivas às exclusões, palavras de protestos ou simplesmente insultos. Com a presença dos média no local a fotografar alguns dos boletins, as imagens acabavam por se tornar virais em grupos das redes sociais. No entanto, ontem, o cenário foi completamente diferente. Não só a CAEAL deixou de mostrar os boletins com os votos nulos, como também afixou um sinal a indicar que é proibido tirar fotos dos boletins de voto. O sinal não tem qualquer base legal, como por exemplo o artigo da lei eleitoral violado, para justificar a nova proibição. Também não foi apresentada qualquer sanção para a prática que a CAEAL passou a banir. Também a projecção dos votos nulos deixou de ser pública, e os votos apenas são mostrados aos membros da comissão, em pequenos ecrãs, fora da vista dos jornalistas, que foram colocados de forma estratégia no lado oposto da sala, para não poderem ver os boletins de votos. A proporção de votos em brancos e nulos nas eleições atingiu os 7,45 por cento entre os 175.272 votantes, o maior número de participantes desde o estabelecimento da RAEM, mas que em termos relativos representou a terceira menor votação. Tomada de posse Após a contagem oficial dos votos, ficou confirmada a grande vitória de José Pereira Coutinho nas eleições, facto comprovado pela obrigação legal de publicar no Boletim Oficial os resultados, acompanhados pelos nomes dos deputados que vão passar a integrar o novo hemiciclo. A tomada de posse dos novos deputados deverá acontecer a 16 de Outubro, dia em que serão chamados a prestar juramento, diante do Chefe do Executivo. É também nesse dia que são eleitos o presidente, vice-presidente, secretários e presidentes da comissões permanentes da Assembleia Legislativa. Todavia, nesta altura, para que se conheça a constituição do hemiciclo ainda falta que o Chefe do Executivo revele a lista com os nomes dos sete deputados que irá nomear.
Hoje Macau Manchete SociedadeONU | Wan Kuok Koi ligado a centros de burlas em Timor Leste O empresário Wan Kuok Koi, também conhecido como Dente Partido, surge associado a um centro de fraudes estabelecido na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno, em Timor-Leste. A ligação consta de um relatório elaborado pelo Gabinete da Droga e do Crime da Organização das Nações Unidas, que aborda a ligação entre as políticas de investimento externo e o surgimento de redes de burlas no Sudeste Asiático. O relatório aponta o caso de 25 de Agosto deste ano, quando a polícia de Timor-Leste fez uma rusga num hotel em Oecusse-Ambeno, que resultou na apreensão de vários cartões SIM e ainda aparelhos de ligação à internet Starlink, conhecidos pela elevada velocidade. De acordo com a ONU, este tipo de aparelhos é indispensável para o funcionamento de centros de burla. O hotel em causa é detido por vários empresários, inclusive um membro do Governo de Timor-Leste. No entanto, Wan Kuok Koi, associado pela ONU à tríade 14 quilates, surge igualmente ligado a uma rede de exploração de casinos no Camboja e vários centros de burlas, que expandiu as operações para Timor-Leste. A ONU aponta ainda que esta rede tem várias ligações a complexos de burlas em Sihanoukville. O relatório também menciona Macau, ao indicar que várias redes criminosas, como a 14 quilates, Gasosa ou Sun Yee On, começaram por se organizar no território, onde controlavam as empresas promotoras de jogo. Todavia, após as campanhas das autoridades contra estas tríades, as redes criminosas mudaram-se para o Sudeste Asiático, com investimentos em locais onde os casinos são legais.
Hoje Macau Manchete SociedadeFinanças | Corte nos apoios sociais faz cair despesa 1,8 por cento Nos primeiros oito meses de 2025, a despesa pública caiu em termos anuais, devido à redução dos apoios sociais atribuídos à população. Um dos motivos que pode explicar a diferença anual é o novo modelo de distribuição do programa de comparticipação pecuniária A despesa pública caiu 1,8 por cento nos primeiros oito meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024, foi anunciado na sexta-feira, devido a um decréscimo nos apoios e subsídios sociais. De acordo com dados publicados pela Direção dos Serviços de Finanças (DSF), Macau gastou até Agosto 57,5 mil milhões de patacas. A despesa pública diminuiu sobretudo devido à queda de 4,4 por cento, em termos anuais, nos gastos em apoios e subsídios sociais, que ficaram perto de 31 mil milhões de patacas. Um dos motivos que poderá justificar a redução da despesa passa pelo facto de o Governo ter deixado de distribuir 10 mil patacas, ou 6 mil patacas, do plano de comparticipação pecuniária a residentes que não permanecem, pelo menos, meio ano na RAEM. A queda da despesa pública acontece apesar de no início de Julho, a Assembleia Legislativa ter aprovado uma proposta do Governo para aumentar em 2,86 mil milhões as despesas previstas no orçamento, para reforçar os apoios sociais. A revisão inclui a criação de um subsídio, no valor total de 54 mil patacas, para crianças até 3 anos de idade, para elevar a mais baixa natalidade do mundo. Também os gastos com o Plano de Investimentos e Despesas da Administração caíram 2,4 por cento, para menos de 11 mil milhões de patacas. Em sentido contrário, as despesas com pessoal aumentaram 3,4 por cento, atingindo 3,14 mil milhões de patacas. Jogo aumenta receitas Ao invés da despesa, a receita corrente subiu 3,4 por cento nos primeiros oito meses do ano, para quase 72 mil milhões de patacas. A principal razão para o aumento foi um acréscimo de 5,3 por cento, para 61,9 mil milhões de patacas, nas receitas dos impostos sobre o jogo – que representam 86 por cento do total. As seis operadoras de jogo pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social e ao desenvolvimento urbano e turístico, e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos. As receitas totais dos casinos de Macau ultrapassaram 163 mil milhões de patacas nos primeiros oito meses do ano, mais 7,2 por cento do que no mesmo período de 2024. Em 15 de Abril, O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, admitiu recear um défice orçamental em 2025, devido à desaceleração na recuperação das receitas do jogo, ainda aquém dos níveis atingidos antes da pandemia de covid-19. Ainda assim, Macau terminou Agosto com um excedente nas contas públicas de 14,9 mil milhões de patacas, mais 30,4 por cento do que no mesmo período do ano passado. Este valor já é mais do dobro da previsão inicial do Governo para todo o ano de 2025: 6,83 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado no ano anterior.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAbstenção | Mais votos, apesar de terceira participação mais baixa de sempre A taxa de participação no sufrágio directo fixou-se em 53,35 por cento com um total de 175.272 votantes. É o número mais alto de sempre de participantes, no entanto, como os inscritos têm crescido, a taxa de abstenção foi de 46,65 por cento. Sam Hou Fai considerou que os números mostram uma “adesão activa dos eleitores” Apesar da campanha do Governo a promover o voto como um “dever”, a taxa de participação de ontem foi a terceira mais baixa de sempre, fixando-se em 53,35 por cento com um total de 175.272 votantes, entre 328.506 registados. Se forem considerados os actos eleitorais com urnas abertas até às 21h, foi a segunda taxa mais baixa, apenas superada pela abstenção de 2021, em plena pandemia. Em reacção aos números, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, considerou que houve uma “adesão activa dos eleitores”. “Nas eleições deste ano, votaram um total de 175.272 eleitores, representando uma participação eleitoral de 53,35 por cento, número que reflecte uma adesão activa dos eleitores”, afirmou Sam Hou Fai, em comunicado. “Gostaria de agradecer aos eleitores pela sua iniciativa em participarem, e aproveitarem o poder do seu voto para escolherem, com acções concretas, os seus representantes na Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau, contribuindo para a implementação duradoura do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, acrescentou. Como parte da mensagem, Sam Hou Fai considerou também que “em geral” foram alcançados “os resultados esperados”. Em relação a 2021, o primeiro acto em que foram excluídos candidatos por motivos políticos, a taxa de participação cresceu de 42,38 por cento para 53,35 por cento. Todavia, 2021 ficou marcado como o acto eleitoral com a menor taxa de participação desde que foi estabelecida a RAEM, com a abstenção a cifrar-se em 57,62 por cento. A taxa de participação superou também o registo de 2001, quando a taxa de participação foi de 52,34 por cento, com a taxa de abstenção a atingir 47,66 por cento. Número mais alto Com 328.506 inscritos, houve um total de 175.272 votantes. Foi o número mais alto de sempre, ultrapassando o registo de 2017, quando tinham votado 174.872 pessoas, pelo que houve mais 400 votantes. No entanto, o último acto eleitoral antes das exclusões políticas tinha menos 22.891 votantes inscritos, o que levou a que a taxa de participação fosse maior, de 57,22 por cento, e a de abstenção mais baixa, não indo além 42,78 por cento. A taxa de participação ficou assim abaixo dos registos de 2005 (58,39 por cento/abstenção de 41,61 por cento), 2009 (59,91 por cento/abstenção de 40,09 por cento), 2013 (55,02 por cento/abstenção de 44,98 por cento) e 2017 (57,22 por cento/abstenção de 42,78 por cento). Na realização do acto eleitoral deste ano, o Governo envolveu-se para garantir que votavam tantas pessoas quanto as possíveis. Além da disponibilização de transportes públicos, ou a possibilidade de ver online o tamanho das listas para votar, as autoridades multiplicaram-se em apelos ao voto. Além disso, a Lusa revelou que antes das eleições vários departamentos da Função Pública perguntaram aos funcionários públicos se iam votar, pediram oralmente justificações para resposta negativas e exigiram ser informados através de mensagens, depois do exercício do voto. Afluência nas Eleições Legislativas – Sufrágio Directo Ano Número de Eleitores Taxa de Participação Taxa de Abstenção 2001 159.813 52,34% 47,66% 2005 220.653 58,39% 41,61% 2009 248.708 59,91% 40,09% 2013 276.034 55,02% 44,98% 2017 305.615 57,22% 42,78% 2021 323.907 42,38% 57,62% 2025 328.506 53,35% 46,65% CAEAL | Registada violação da lei em assembleia de voto O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, revelou que entre as 09h e as 18h foi registado um caso de violação da lei eleitoral, que foi acompanhado pela polícia. Em declarações aos jornalistas, o responsável apontou suspeitas de que eleitor terá fotografado o voto na assembleia e tentou partilhar através de uma aplicação chat com um amigo. No entanto, Seng Ioi Man considerou que o número de violações foi reduzido de forma significativa, em comparação com o passado, mostrando que os eleitores têm mais consciência da necessidade de cumprir as leis. Seng defendeu ainda que a redução das infracções mostra que os sinais nas assembleias de voto são eficazes a chamar a atenção das pessoas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEleições | Coutinho foi o vencedor de noite marcada pelos votos brancos e nulos “Ficamos na História de Macau com este resultado”, afirmou o líder da lista Nova Esperança, depois de arrasar a concorrência com uma vantagem de mais de 14 mil votos para a segunda lista mais votada A lista de Nova Esperança e José Pereira Coutinho foram os grandes vencedores da noite, com mais de 40 mil votos e uma diferença de quase 14 mil votos para a segunda lista mais votada, a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, liderada por Song Pek Kei. Nas primeiras eleições após a alteração à lei para garantir a governação por patriotas, o grande vencedor foi um cidadão português. Ao longo da campanha eleitoral, a Nova Esperança mostrou dificuldades em mobilizar o eleitorado e as fotos da acção na Praça do Tap Seac foram alvo de chacota nas redes sociais. Na noite de ontem, o número de apoiantes da lista na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau também não era superior a 30 pessoas. Mas nas urnas, onde realmente se construiu o resultado, a lista conseguiu uma vantagem arrasadora. A lista número 2 reuniu 43.361 votos e além de José Pereira Coutinho e Che Sai Wang, a lista apoiada pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau passa a contar no hemiciclo com Chan Hao Weng. A reeleição de Che Sai Wang acaba por ser um dos pontos altos da noite, dado que Che tinha sido despromovido de segundo a terceiro candidato da lista para estas eleições. “É uma vitória muito saborosa, foi custosa. […] É uma vitória estrondosa. Muitas pessoas ficaram surpreendidas, e nós também ficamos. Esperávamos um bom resultado, mas nesta altura… Viver em Macau, ficar em primeiro, eu, um residente de Macau com nome português estar na lista com mais votos…”, começou por afirmar José Pereira Coutinho, depois de serem conhecidos os resultados da noite. “A comunidade macaense e portuguesa votou em peso na Nova Esperança. Sabemos da nossa responsabilidade e vamos trabalhar mais e melhor. Este resultado nunca teria sido possível sem a coordenação da Rita Santos. Tem uma experiência de largos anos e não foi fácil coordenar a campanha, porque os nossos recursos eram extremamente limitados, comparando com as outras listas que tinham outros recursos financeiros”, realçou ao Canal Macau. “Ficamos na História de Macau com este resultado”, atirou. No segundo lugar terminou a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, ligada à comunidade de Fujian, que manteve os três deputados. A lista da deputada Song Pek Kei, que substitui Si Ka Lon como cabeça de lista, conseguiu um total de 29.459 votos, pelo se mantém no hemiciclo. Também Nick Lei segurou o lugar. A principal diferença face a 2021 prende-se com a entrada de Chan Lak Kei no parlamento, o último deputado a ser confirmado. Nulos e brancos A noite de ontem ficou também marcado pelo aumento exponencial dos votos brancos e nulos que totalizaram 13.064, uma proporção de 7,5 por cento. Este número seria suficiente para eleger um deputado, no décimo lugar entre os 14, à frente do segundo deputado da quarta lista mais votada. Em 2021, a proporção de votos brancos e nulos tinha sido de 3,8 por cento, o que significa que a proporção deste tipo de voto duplicou no espaço de quatro anos. Nesse ano, os votos brancos e nulos totalizaram 5.223 (3.141 brancos e 2.082 nulos). Questionado sobre o aumento, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, afirmou não ter comentários a fazer. Derrota para Jiangmen Entre os grandes derrotados da noite destaca-se a lista União de Macau-Guangdong, ligada à comunidade de Jiangmen. Após ter eleito como deputados em 2021 Zheng Anting e Lo Choi In, a lista apostou numa renovação completa e perdeu terreno, ficando inclusive atrás da lista União Promotora Para O Progresso, ligada à associação dos Moradores. A lista liderada por Joey Lao, que tinha sido dispensado como deputado nomeado por Ho Iat Seng, não conseguiu juntar mais do que 21.461 votos e o cabeça de lista só entrou no hemiciclo atrás do segundo candidato da Nova Esperança. Ainda assim, Lao vai voltar ao parlamento pela lista que tinha vencido as eleições de 2017, fazendo-se acompanhar de Lee Koi Ian. Outra das grandes desilusões da noite foi a lista Aliança de Bom Lar, da Associação das Mulheres. Wong Kit Cheng vai manter-se como deputada e vai ter como companhia Loi I Weng, que substitui o deputado Ma Io Fong no segundo lugar. No entanto, a associação viu a distância para a quinta lista crescer, quando se comparam com os resultados de 2021. Enigma de Ng Kuok Chong Na sexta-feira, Ng Kuok Cheong publicou uma mensagem enigmática nas redes sociais a indicar que tinha de sair da RAEM durante cerca de 10 dias, a pedido de terceiros, que não identificou. Numa escrita enigmática, Ng escreveu num chinês que tanto pode ser entendida como uma saída a pedido do “Governo” ou “dos pais”. “Por encomenda do Governo/dos pais, o meu corpo precisa de ser transportado para fora da RAEM, mas a saída foi autorizada, de forma prévia, e [o corpo] pode ser transportado, para regressar depois de 10 dias”, escreveu o ex-deputado. Ng Kuok Cheong foi durante anos colega de bancada de Au Kam San na Assembleia Legislativa, que se encontra detido e está indiciado de violar a lei da segurança nacional. “Espero poder voltar a encontrar-me com os meus irmãos, sem obstáculos quando chegar aquele momento [passagem dos 10 dias]. Tenham todos cuidado”, acrescentou. Foco no bem-estar No segundo e terceiro lugar do “pódio” eleitoral ficaram as listas ligadas a Fujian e aos Operários. Em reacção aos resultados, por parte da Associação dos Cidadãos Unidos de Macau ficou a promessa de “concretizar com todos os esforços o programa político”. Song Pek Kei, a líder da lista, adiantou que a eleição de ontem foi significativa pela conquista de três lugares. Já Ella Lei, que foi eleita com Leong Sun Iok pela União para o Desenvolvimento, promete “continuar o bom trabalho na promoção do emprego, reforço da economia e protecção do bem-estar da população”. Leong Sun Iok destacou o maior número de votos face a eleições anteriores, que tal demonstra “o apoio da população e as esperanças que os residentes têm em relação às políticas gerais de emprego”. O deputado destacou que, nos últimos anos, “a economia de Macau tem enfrentado desafios mais difíceis e toda a gente quer que o Governo continue a melhorar as políticas a nível social e económico, bem como as infra-estruturas”. RESULTADOS: Nova Esperança 26,73% Deputados José Pereira Coutinho Chan Hao Weng Che Sai Wang Associação dos Cidadãos Unidos de Macau 18,16% Deputados Song Pek Kei Nick Lei Leong Wong Chan Lak Kei União Para o Desenvolvimento 16,91% Deputados Ella Lei Cheng I Leong Sun Iok União Promotora para O Progresso 13,41 Deputados Leong Hong Sai Ngan Iek Hang União de Macau-Guangdong 13,32% Deputados Joey Lao Chi Ngai Lee Koi Ian Aliança do Bom Lar 11,56% Deputadas Wong Kit Cheng Loi I Weng Votos Brancos e Nulos 7,45% Abstenção 46,65%
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEmpresário Kevin Ho estreia-se como deputado eleito pela via indirecta A nova legislatura do hemiciclo fica marcada por quatro novos rostos eleitos pelo sufrágio indirecto. Entre os quais, Kevin Ho King Lun, sobrinho de Edmund Ho, é o mais conhecido. O empresário foi eleito com 127 votos pela União dos Interesses Empresariais de Macau, que concorreu a estas eleições em representação dos sectores industrial, comercial e financeiro. Neste sufrágio, estavam registados 7.500 eleitores na qualidade de representantes das associações, tendo votado 88,1 por cento, embora apenas um dos sectores, o laboral, tenha tido mais de uma lista de candidatos. Apesar da estreia na política local, Kevin Ho está, desde 2019, ligado à política do continente, ao ser delegado de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), tendo substituído, na altura, Ho Iat Seng, que viria a ser Chefe do Executivo. Mas Kevin Ho é essencialmente empresário, com uma importante posição accionista, com a KNJ Investment, no grupo Global Media, dono de vários meios de comunicação em Portugal, além de investir também na área do imobiliário em Portugal. Falando ainda de outras estreias, a próxima legislatura terá um novo rosto em representação do sector do trabalho, Leong Pou U, que ganhou 578 votos; e ainda Vong Hou Piu e Wong Chon Kit, estes últimos candidatos pelo sector profissional, nomeadamente na União dos Interesses Profissionais de Macau. Ainda no que diz respeito à União dos Interesses Empresariais de Macau, liderada pelo veterano José Chui Sai Peng, que recebeu 1.021 votos, destaque ainda para a reeleição de Si Ka Lon, deputado que fez parte das fileiras de Chan Meng Kam no sufrágio directo e que agora volta a ser eleito com 255 votos. Ho Ion Sang ganha assento No que diz respeito ao sector do trabalho, foram eleitos dois deputados, cabeça de lista das respectivas listas: Lam Lon Wai, legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, foi eleito pela Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, com 484 votos; e Leong Pou U, da União das Associações de Trabalhadores, com 578 votos. Nesta última, o candidato Choi Kam Fu não conseguiu ser eleito. Ho Ion Sang, da lista Associação de Promoção do Serviço Social e Educação, volta a ter um lugar no hemiciclo com 1.969 votos, através da lista com que concorria sozinho, a Associação de Promoção do Serviço Social e Educação. Já a empresária Angela Leong e Ma Chi Seng, candidatos com a União Cultural e Desportiva do Sol Nascente, voltam a sentar-se na Assembleia Legislativa, com um total de 1.648 votos.
João Luz Manchete SociedadeToi San | Mercado Municipal remodelado e com restauração O Instituto para os Assuntos Municipais planeia optimizar o Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, reorganizando a disposição de bancas e instalando um centro para refeições. A possibilidade de abrir um concurso público para explorar bancas está a ser estudada Depois da renovação dos mercados municipais da Taipa, Mitra e Mercado Vermelho, a linha de modernização destes espaços pode chegar em breve ao bairro do Toi San. O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelou ontem que planeia optimizar o Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, sem proceder a demolições ou grandes obras de construção. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o organismo presidido por Chao Wai Ieng indicou que o projecto pode passar pela reorganização do piso térreo de acordo com a oferta de produtos das bancas. No primeiro andar do mercado será instalado um centro de restauração com bancas de venda de comidas e bebidas. As autoridades esperam conseguir optimizar o espaço, disponibilizando suficientes lugares sentados que ainda permitam reservar um espaço para uma possível ligação ao jardim desportivo para os cidadãos, que será construído no antigo Canídromo. Além disso, face à baixa taxa de ocupação das bancas no Mercado Municipal de Tamagnini Barbosa, o IAM está a analisar a viabilidade de lançar um concurso público para a exploração de bancas. Gongbei ali ao lado O Mercado de Tamagnini Barbosa é apenas um dos muitos exemplos da decadência comercial que afecta, com especial acutilância, o norte da península de Macau devido à proximidade da fronteira de Zhuhai, onde todos os produtos e géneros alimentícios são muito mais baratos. O canal chinês da TDM ouviu um vendedor que testemunhou essa realidade, depois de cerca de duas décadas a trabalhar no Mercado de Tamagnini Barbosa. Face ao declínio dos negócios dos últimos anos, o comerciante gostaria de ver o mercado remodelado e com maior oferta, incluindo um centro de restauração, para atrair mais clientela. Outro comerciante, sugeriu a optimização do aspecto das bancas de rua e o aumento dos lugares de estacionamento nas imediações como formas de potenciar os negócios. Já o presidente da Associação de Assistência Mútua dos Moradores do Bairro Artur Tamagnini Barbosa, Luo Xiaoqing, salientou que apenas um terço das bancas do mercado estão em operação, ainda para mais por comerciantes que se aproximam da idade da reforma. O responsável, ligado aos Kaifong, sugeriu a abertura de um espaço para actividades comunitárias, de forma a atrair pessoas, e expressou esperança que o Governo comunique com os moradores do bairro e comerciantes antes de avançar com projectos concretos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaComércio livre | Estudada nova zona a ligar Macau, HK e Interior O vice-ministro do Comércio do Interior, Yan Dong, revelou em Hong Kong que Pequim está a estudar a criação de uma zona de circulação de bens entre Macau, Hong Kong e o Interior sem taxas alfandegárias. O objectivo é tornar as regiões administrativas especiais mais atractivas a nível comercial O vice-ministro do Comércio do Interior, Yan Dong, revelou que Pequim está a estudar a viabilidade de criar uma nova zona de comércio livre que envolva Macau, Hong Kong e o Interior. A afirmação foi feita na quarta-feira, no âmbito de um discurso relacionado com a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, de acordo com a emissora de Hong Kong RTHK, e o objectivo passa por ganhar atractividade comercial nas regiões administrativas especiais. De acordo com Yan, as trocas comerciais entre os países envolvidos na iniciativa e a China têm gerado resultados positivos, que ultrapassaram o volume de 3,1 biliões de dólares norte-americanos no ano passado, o que representou mais de metade do volume das trocas comerciais do país. Todavia, o objectivo não passa por ficar por estes resultados, e as autoridades centrais estão a estudar um maior envolvimento tanto de Hong Kong como de Macau. No entanto, como o discurso foi feito durante uma conferência no território vizinho, a RAEHK recebeu o maior foco da mensagem. “Vamos expandir ainda mais a abertura do Interior a Hong Kong em áreas como finanças, telecomunicações, construção e turismo, alinhar-nos com regras económicas e comerciais internacionais de alto padrão e estudar e promover a construção conjunta de uma zona de comércio livre entre o Interior, Hong Kong e Macau”, revelou Yan, “Também apoiaremos Hong Kong na assinatura de mais acordos de comércio livre e investimento com países estrangeiros e na adesão à RCEP [Parceria Económica Regional Abrangente ] o mais rapidamente possível, a fim de expandir ainda mais a sua rede económica e comercial externa”, acrescentou. As Zonas de Comércio Livre permitem circular entre diferentes territórios sem necessidade de pagar taxas alfandegárias. Participação na Faixa A participação de Macau na iniciativa Uma Faixa Uma Rota tem sido um objectivo dos diferentes governos locais pelo menos desde 2019, altura em que foram publicadas no portal da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSRPDR) as primeiras orientações de “Preparação para a participação plena de Macau na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”. Até 2023, os trabalhos prioritários de participação continuaram a ser elaborados e na versão mais recente incluíam tarefas, a nível económico, como a consolidação de Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, a promoção da instalação em Macau de instituições financeiras que já participavam na iniciativa e ainda a expansão das instituições financeiras a nível de actividades off-shore em renminbis. Quanto ao que o plano definia como a “interacção entre os povos” os objectivos passam por aspectos como a intensificação dos laços entre o Interior e Macau com os Países de Língua Portuguesa, e também com os países do sudeste asiático e outros países da União Europeia. A iniciativa Uma Faixa, Uma Rota é um mega projecto promovido pela República Popular da China que prevê o investimento e criação de ligações comerciais entre mais de 150 países.
João Luz Manchete PolíticaEleições | Campanha termina hoje à meia-noite O período de campanha eleitoral chega ao fim hoje à meia-noite, seguindo-se o dia de reflexão amanhã, antes da abertura das assembleias de voto. A comissão eleitoral lançou ontem um alerta às listas para cessarem a propaganda política a partir das 00h, para “garantir a equidade e a ordem do processo eleitoral” O período em que é permitido fazer campanha eleitoral termina hoje à meia-noite, dando início ao dia de reflexão, que decorrerá amanhã. Num comunicado emitido ontem pelo Gabinete de Comunicação Social, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) relembra que durante o período de reflexão e no dia das eleições não é permitida qualquer actividade de propaganda eleitoral. A CAEAL sublinha que mandatários, candidatos, e pessoas ligadas às listas com responsabilidades na afixação de propaganda política devem “remover ou eliminar todos os materiais, mensagens ou informações colocadas durante o período de campanha em qualquer local, incluindo na Internet”. A ideia é eliminar do espaço público materiais que “possam atrair a atenção do público para um ou mais candidatos e que, de forma expressa ou implícita, sugiram aos eleitores votar ou não votar nesses candidatos”. É, contudo, ressalvado que é “permitida a manutenção da tabuleta ou faixa em cada sede ou sub-sede de campanha, bem como a propaganda gráfica fixa nos locais designados pela CAEAL”. A comissão vai mais longe e especifica que no sábado e domingo, nenhuma pessoa ligada a listas “deve usar vestuário ou outros objectos em locais públicos que exibam números de ordem, nomes, abreviaturas ou símbolos que identifiquem claramente uma lista candidata”. Quem o fizer pode ser acusado de propaganda ilegal. Tudo a postos Para que nada falhe no domingo, a CAEAL terminou na quarta-feira uma formação destinada aos profissionais que vão trabalhar nas assembleias de voto. A formação, que começou no dia 28 de Agosto, contou com a participação de mais de 1.400 funcionários de quase 60 serviços públicos, além de 180 auxiliares. A formação incluiu o conteúdo e responsabilidades do trabalho, as precauções que devem ser tidas em conta pelos membros das assembleias de voto e pelos funcionários responsáveis pela contagem dos votos, assim como o funcionamento dos sistemas informáticos e tratamento de situações de emergência nas assembleias de voto. As autoridades salientam que, face às eleições legislativas de 2021, o número de assembleias de voto e de funcionários aumentou. De acordo com o jornal Ou Mun, a CAEAL indicou que os seus esforços estão focados na optimização das operações eleitorais através de processos electrónicos que podem encurtar as horas de trabalho e aumentar a eficiência.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDireitos Humanos | Governo mostra “forte desagrado” com UE O Executivo considera que tem alcançado resultados “notáveis” a nível dos direitos de liberdade, expressão e reunião. A UE criticou a nova lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, a dias das eleições, e fala na erosão de direitos que devem ser protegidos até 2049 O Governo de Sam Hou Fai criticou ontem o mais recente relatório da União Europeia sobre o desenvolvimento político, económico e social de Macau em 2024. O relatório de segunda-feira aponta que vários direitos fundamentais que deveriam ser protegidos até 2049 estão em erosão continuada, e critica os impactos das leis eleitorais para Assembleia Legislativa e dos juramentos. Para o Executivo local, o relatório “faz alguns comentários infactuais e tendenciosos sobre o desenvolvimento político e social” da RAEM. O Governo mostra-se particularmente insatisfeito com as críticas à lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, que surgem a dias das eleições, quando o Executivo está a promover uma campanha activa dentro da Administração Pública, para conseguir alcançar uma taxa de participação minimamente significativa. “O Governo da RAEM manifesta o seu forte desagrado e firme oposição por tal ocorrência”, foi escrito em reacção ao relatório. O Executivo de Sam Hou Fai aponta ainda que a RAEM tem implementado o princípio “Um País, Dois Sistemas”, “mantendo a estabilidade e harmonia social, elevando continuamente o bem-estar da população, garantindo aos residentes, de acordo com a lei, e de forma ampla, os seus direitos e liberdades de expressão, imprensa, reunião e outras”. “Os resultados obtidos são notáveis, e amplamente reconhecidos pela comunidade internacional e com total e pleno acordo dos residentes da RAEM, o que constitui factos fundamentais que não podem ser negados pela União Europeia”, foi acrescentado. Interferências O Executivo considera que as leis criticadas “incorporaram adequadamente experiências legislativas de outras jurisdições, tendo plenamente considerado as tradições jurídicas e a realidade social de Macau”. A RAEM acusa também a União Europeia de interferência externa: “Os assuntos de Macau são assuntos internos da China. A publicação repetida anualmente do dito relatório pela União Europeia constitui uma interferência nos assuntos internos da China e da RAEM, violando os princípios fundamentais do direito internacional”, foi indicado. Por último é pedida mais cooperação entre as duas partes: “Sendo uma parceria importante da China e da RAEM, a União Europeia já expressou por diversas vezes o seu apoio ao princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ e à sua implementação em Macau. Esperamos que a União Europeia cumpra as suas palavras, efectue mais acções que possam beneficiar e promover o desenvolvimento das relações bilaterais”, foi apelado. O outro lado No relatório, o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu consideram que no ano passado “se assistiu a uma continuada erosão da autonomia e das liberdades e direitos fundamentais em Macau que deveriam ser protegidas até 2049”. Na perspectiva da União Europeia, a erosão das liberdades resulta de alterações legislativas à lei das eleições para a Assembleia Legislativa e a exigência dos juramentos para funcionários público, ambas justificada pelas autoridades locais com a necessidade de consagrar a nova política “Macau governada por patriotas”. A nível do juramento, é indicado que a “nova legislação limita ainda mais o espaço para vozes plurais, tanto na política como na sociedade”, dado que candidatos e funcionários públicos podem ser despedidos, se o juramento de lealdade à RAEM não for considerado sincero. Em relação às eleições, a UE considera que a nova comissão que veta os candidatos e que conta com dois assessores do Governo Central resulta “numa influência directa” das autoridades de Pequim no acto eleitoral. O ano passado ficou marcado pela eleição de Sam Hou Fai como Chefe do Executivo. No documento consta que a eleição por um grupo restrito do líder da RAEM “levanta questões sobre a validade do princípio ‘Macau governada pelas suas gentes’”. Liberdade de Imprensa Na perspectiva do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu no ano passado as liberdades de imprensa, reunião e manifestação também ficaram com menos espaço. Sobre as liberdades de reunião e manifestação é apontada a ausência, pelo quarto ano consecutivo, da vigília sobre os acontecimentos de Tiananmen. O relatório aponta ainda o cancelamento de uma coluna no jornal Son Pou escrita por um ex-deputado, devido ao que a publicação afirmou serem “razões políticas especiais”. O relatório recorda ainda os comunicados da Associação de Jornalistas de Macau sobre os crescentes condicionamentos nos acessos às fontes e a eventos, nomeadamente em relação a certos eventos quando são apenas convidados alguns órgãos de comunicação social. Teatro proibido O caso do teatro proibido pelo Instituto Cultural com a participação de drag queens surge igualmente referido no relatório, como um dos argumentos sobre a redução dos direitos e liberdades em Macau. A proibição promovida por Deland Leong Wai Man é utilizada para mostrar as limitações em Macau face à comunidade LGBT. E o relatório não deixa de fora que o mesmo tipo de teatro foi autorizado em Shenzhen, no Interior. “Em 22 de Janeiro, o Instituto Cultural Culturais cancelou um teatro interactivo com drag queens no 22º Fringe Festival. Três dias depois, o Instituto explicou que a decisão de cancelar o espetáculo se deveu a inconsistências entre a apresentação real e as informações recebidas”, pode ler-se. “O mesmo espetáculo foi apresentado como parte de um festival de teatro na cidade vizinha de Shenzhen, no Interior da China”, surge apontado. Ainda assim o documento recorda que houve, pelo menos, duas associações cívicas que conseguiram organizar em Macau eventos sobre os direitos da comunidade LGBTIQ+ em Maio, o mês do orgulho LGBT. MNE atento O Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na RAEM manifestou “forte descontentamento” e “oposição” à publicação do Relatório Anual de 2024 sobre a RAEM pela União Europeia. Num comunicado, o MNE criticou o relatório por ignorar os factos, ter preconceitos, e “difamar maliciosamente” a implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau. Para o MNE, as instituições européias atacam “de forma imprudente” o Estado de direito e a situação dos direitos humanos em Macau, além de insistirem numa interferência grosseira nos assuntos internos da China.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCinema | Filmes de Hong Kong exibidos pela segunda vez em Lisboa A ex-residente de Macau Vanessa Pimentel é a directora artística da segunda edição da Mostra de Cinema de Hong Kong, que vai decorrer entre 25 e 28 de Setembro no Cinema Ideal, em Lisboa. “Making Waves – Navigators of Hong Kong” irá apresentar películas como “Papa”, o documentário “Four Trails” e a cópia restaurada de “Ah Ying”, de 1983 São seis filmes, quatro de ficção e dois documentários, que prometem mostrar o que de melhor se vai fazendo no cinema de Hong Kong. É assim a segunda edição da Mostra de Cinema de Hong Kong, a decorrer em Lisboa, no Cinema Ideal, entre os dias 25 e 28 de Setembro, e que tem como directora artística Vanessa Pimentel, também ela realizadora, ex-residente de Macau ligada à produtora Blue Lotus Lisboa. Além das exibições, o público português poderá ver de perto actores, realizadores e produtores de Hong Kong, numa prova de que é possível estabelecer laços entre Portugal e diferentes ambientes cinematográficos. O cartaz deste ano compõe-se de “Papa”, um filme de 2024 do realizador Philip Yung que será exibido logo no dia 25, uma quinta-feira. Segue-se “All Shall Be Well”, de Ray Yueng; “Never Too Late”, de Rikki Choy; “Montages of a Modern Motherhood”, de Chan Oliver Siu Kuen; “Four Trails”, um documentário de 2023 dirigido por Robin Lee. Para encerrar o festival em beleza, será projectada a cópia restaurada de “Ah Ying”, de Allen Fong, um filme de 1983. Vanessa Pimentel explicou ao HM que a mostra tem “um programa que parte de Hong Kong”, onde já existe desde 2022. “Trata-se de um programa itinerante que visa divulgar o cinema de Hong Kong, sobretudo o cinema feito por realizadores mais jovens em termos de experiência, embora os programas contenham sempre obras de realizadores mais veteranos”, disse. Este ano, além de Lisboa, a Mostra de Cinema de Hong Kong passará por cidades como Berlim, Paris, Montreal e Udine, na Itália. O evento pode estar ligado a festivais de cinema asiático ou não. E é intenção de Vanessa e da Blue Lotus criar um festival de cinema asiático em Lisboa, sendo que o cinema de Macau fará parte dele. “No nosso caso, a mostra não está associada a nenhum festival porque ainda não existe, mas espero conseguir fazê-lo”, contou. “Nasci e cresci em Lisboa, mas venho de Macau, e a minha vida de Macau está muito ligada em tudo isto. Claro que um festival de cinema asiático em Lisboa tem de incluir Macau, nem poderia ser de outra forma.” “Fazemos este programa com vista a irmos um pouco mais longe, e estamos de olhos postos na criação de um festival de cinema asiático”, disse ainda. “Ainda não conseguimos, temos de continuar a trabalhar, mas acho que estamos no bom caminho”. Vanessa Pimentel diz que, apesar de já não viver no território, continua a estar bastante ligada ao cinema que se faz por cá. “Vou a Macau, pelo menos, duas vezes por ano, e tenho estado em permanente contacto com as pessoas de cinema. Todos eles estão a par do nosso programa [na Mostra de Cinema de Hong Kong] e há uma relação.” Película a película Pedimos à directora artística da mostra para falar daquilo que o público poderá ver na pequena sala do Cinema Ideal, que funciona de forma independente, sem ligação a grandes grupos de exibição de cinema, e que se localiza no coração do Bairro Alto. “Papa”, que abre o festival, é descrito “como um filme bastante forte e bom, que fala sobre saúde mental e que tem uma abordagem incrível”. Vanessa Pimentel descreve que este filme foi premiado em Hong Kong com a distinção de melhor actor, apresentando-se em toda a trama “uma narrativa muito particular”. “All Shall Be Well” volta a ser exibido em Lisboa, depois da apresentação no Festival Internacional de Cinema Queer, além de que já passou por Berlim. “É um filme muito bom, não teve mais nenhuma exibição depois de ter estado em Berlim, achei que seria interessante colocá-lo na programação.” Vanessa Pimentel destaca ainda a apresentação da cópia restaurada de “Ah Ying”, que pertence “à Nova Vaga do Cinema de Hong Kong”, e que mostra uma história que vagueia de forma incessante entre “ficção e documentário”. Trata-se de um “filme interessantíssimo em que a história é inspirada na história da própria actriz [Hui So Ying] que o interpreta”. A segunda Mostra do Cinema de Hong Kong contará com a presença de Hui So Ying. “É uma honra muito grande porque a actriz fará uma viagem gigante. Ela já tem alguma idade, mas disponibilizou-se logo a vir. Será muito interessante termos um filme inspirado na sua vida e contar com a sua presença para partilhar connosco esse momento”, descreveu Vanessa Pimentel. Caminhos pouco conhecidos Outro destaque da mostra de cinema é a exibição do documentário “Four Trails”, que tem sido “um fenómeno de bilheteira”. Trata-se de um filme sobre a corrida de 298 quilómetros pelos quatro trilhos mais conhecidos de Hong Kong. A película retrata uma realidade quotidiana “das regiões de Hong Kong que quase ninguém conhece”. “É um filme sobre o desafio do desporto e das pessoas que, não sendo desportistas profissionais, inscrevem-se e fazem corrida, treinando o ano inteiro. É interessante ver o desafio a que se propõem e como vivem”, disse Vanessa Pimentel, que destaca também “Never Too Late”, “um filme sobre a nossa relação com o meio ambiente”. Aqui pode-se vislumbrar “um lado muito asiático e chinês dessa perspectiva do que é o meio ambiente e de como é a nossa relação com a natureza”. Há depois o “Montage of a Modern Motherhood”, um filme que “tem rodado bastante os festivais”. “É um filme que tem um lado muito interessante, sobre a maternidade e uma perspectiva que, se calhar, pode não ser tão romântica, sobre a ideia de que a maternidade não é só um mar de rosas, tendo um reverso qualquer”, conta Vanessa Pimentel. Aqui a directora artística da mostra alerta para o facto de a película “poder desafiar um bocadinho”, tocando “em coisas que dizem respeito a todos, como esta coisa da tradição da família e da partilha na maternidade e paternidade”. Vanessa Pimentel assegura que a primeira edição da mostra foi um êxito, com “cerca de mil pessoas a ir ao cinema em quatro dias”. “Foi surpreendente ver muita gente nova, mais velhos e também muitas pessoas de origem chinesa, ou seja, filhos de imigrantes, eventualmente de uma segunda geração, que já nasceram em Lisboa, falam português e moram aqui com as famílias. Tivemos sessões com muitos chineses a fazer perguntas no fim das sessões e nunca tinha visto isso em Lisboa”, salientou. A Mostra de Cinema de Hong Kong acaba também por entrar no roteiro dos espectadores que habitualmente vão a festivais. “Temos um público também muito interessante, constituído por pessoas que gostam de cinema e frequentam outros festivais. Não é frequente ver um programa que, em Lisboa, se concentre no cinema asiático. Temos o Doc Lisboa, ou o Indie, mas na sua programação a proporção desse cinema é muito menor. Não faço aqui uma crítica, acho isso perfeitamente normal”, disse Vanessa Pimentel. Entre a Mostra de Cinema de Hong Kong e o futuro festival, a responsável diz haver “espaço de exibição” em Lisboa e Portugal, pelo facto de o cinema asiático ser “muito vasto e rico, tendo uma relação de quantidade e qualidade muito elevada”.
Hoje Macau Manchete SociedadeSaúde / IA | Projecto-piloto em Macau e Évora Um projecto académico entre a Universidade de São José e a Universidade de Évora criou um sistema de inteligência artificial para ajudar profissionais de saúde a acelerar diagnósticos e terapias. O projecto deu origem a uma empresa, sediada no Alentejo, que pretende desenvolver um projecto-piloto em Portugal e Macau em 2026 Uma nova empresa tecnológica sediada em Évora quer criar um sistema de inteligência artificial (IA) que ajude profissionais de saúde a determinarem, de forma mais rápida, o diagnóstico e terapêutica dos doentes, revelou na terça-feira um dos responsáveis. A empresa Trustworthy AI foi criada, este mês, por Paulo Quaresma e Vítor Nogueira, docentes do Departamento de Informática da Universidade de Évora, em conjunto com Jianbiao Dai, da Universidade de São José, em Macau. “Não pretendemos, nem achamos que seja possível, nem desejável, nem vantajoso qualquer tipo de substituição” dos profissionais de saúde, mas será “um apoio à decisão”, afirmou à agência Lusa Paulo Quaresma. Segundo o docente e sócio da empresa, o sistema de IA a desenvolver pela Trustworthy AI vai “ter a capacidade de explicar [aos profissionais de saúde] o porquê de chegar a uma determinada proposta diagnóstica ou terapêutica” de uma doente. O sistema de IA vai analisar “os sintomas, a história clínica, o contexto e todas as características” do doente e, depois, explicar a médicos ou enfermeiros, “com níveis de confiança, o porquê de estar a fazer a sugestão”, salientou. Paulo Quaresma assinalou que a solução terá “o histórico de aprendizagem com muitas situações”, pelo que “pode até, eventualmente, alertar o profissional de saúde para situações que, no momento, podia não estar a ter em conta”. Com este sistema, “há a questão, claramente, de ganhar tempo e de também poder contribuir para melhorar a prestação de serviços de saúde”, considerou. Olhos no futuro De acordo com o responsável, o sistema, que pode constituir-se como um apoio aos profissionais de hospitais, centros de saúde e lares, baseia-se em metodologias de IA auditáveis, explicáveis e éticas para lhe conferir “um grau superior de confiança”. Ou seja, terá “a capacidade, por um lado, de começar por explicar exactamente o porquê de chegar a uma determinada geração de uma resposta” e de ser auditável para que “alguém externamente possa, com autorização, fazer uma auditoria para perceber e identificar exactamente todo esse processo”, explicou. Já instalada num espaço no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), a Trustworthy AI está agora a trabalhar em processos de candidatura a financiamento comunitário do programa regional Alentejo 2030 e a apoios em Macau. O docente e sócio realçou que a empresa pretende desenvolver, durante o próximo ano, um projecto-piloto no Alentejo e outro em Macau para testar e avaliar a solução, de forma a que, no final de 2026, possa ser alargado a outros locais.
João Luz Manchete SociedadeCaritas | Padaria em S. Lázaro e clínica na Areia Preta abertas este ano A Caritas Macau vai alargar os serviços comunitários com a abertura ainda neste ano de uma padaria na freguesia de São Lázaro, que irá empregar utentes de lares de reabilitação de saúde mental. Os produtos serão doados a pessoas carenciadas. Além disso, abrirá também uma clínica médica na Areia Preta A Caritas Macau irá acrescentar dois serviços à sua rede de apoio social, indicou Paul Pun, secretário-geral da organização de caridade ligada à Diocese de Macau, na terça-feira, numa conferência de imprensa sobre a gala deste ano da instituição, que se realiza no dia 20 de Setembro. Os dois projectos são uma padaria, que irá abrir ainda este ano na freguesia de São Lázaro e uma clínica médica e de fisioterapia na Areia Preta. Segundo o jornal Ou Mun, para a abertura da padaria solidária faltam afinar apenas alguns detalhes, como a contratação de um mestre pasteleiro, tarefa para a qual Paul Pun aproveitou a exposição mediática para chamar a atenção de potenciais candidatos ao cargo. Sobre a padaria que irá operar em São Lázaro, o secretário-geral da Caritas Macau revelou que irá empregar utentes de lares de reabilitação de saúde mental, permitindo-lhes a experiência de trabalho e a interacção com o público. Os produtos que a padaria irá disponibilizar serão gratuitos e têm como destinatárias famílias monoparentais ou pessoas carenciadas. Quanto à clínica comunitária, Paul Pun referiu que terá instalações na Areia Preta, disponibilizando serviços de medicina, fisioterapia, medicina dentária e pediatria. Para já, a Caritas Macau deu início ao processo de pedido de licença médica para operar junto dos Serviços de Saúde. No passado, o responsável apontou que o objectivo era oferecer aos utentes o serviço simultâneo de três consultórios. Toda a ajuda Em relação à gala de caridade, Paul Pun afirmou que se irá realizar no The Plaza Restaurant, e terá, com sempre, o objectivo de angariar fundos para que a instituição continue a prestar serviços sociais às camadas mais desfavorecidas e necessitadas da população. Como tem acontecido nos anos anteriores, a gala conta com várias actuações de variedades, que podem ser patrocinadas por participantes. Cada actuação terá duração entre três e cinco minutos. Ao mesmo tempo, serão colocadas à venda lembranças e artigos de artesanato também com o intuito de angariar fundos. O responsável recordou que no ano passado, durante a gala foram doadas verbas no valor de cerca de meio milhão de patacas. Os fundos angariados foram usados serviços como o transporte de deficientes e idosos.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEPM | Neto Valente acusa DSEDJ de interferir na autonomia pedagógica Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, acusou a DSEDJ de “interferir na autonomia pedagógica” da instituição de ensino no que diz respeito ao processo de verificação das competências de professores oriundos de Portugal O presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) acusa a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) de interferir na autonomia pedagógica da instituição de ensino no que diz respeito à qualificação das competências dos professores oriundos de Portugal que vão dar aulas na EPM, que tem um currículo português. “Não achamos bem que os Serviços de Educação [DSEDJ] interfiram na nossa autonomia pedagógica e achem que um professor que é qualificado, e que tem dezenas de anos de experiência em Portugal, possa não ser qualificado para dar aulas na escola”, disse ontem Neto Valente à margem da visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, à EPM. Há, portanto, “divergências na maneira de apreciar as capacidades e competências dos professores”, porque “a escola não recruta professores para outras escolas internacionais ou da RAEM, recruta apenas para a escola portuguesa”. Neto Valente diz que não existem entidades com “mais qualificações para apreciar a qualidade dos professores” do que “a EPM ou entidades responsáveis de Portugal, como o Ministério da Educação, Ciência e Inovação”. “Não são, com certeza, os Serviços de Educação que têm parâmetros locais para aferir a competência de professores chineses que ensinam currículos chineses. Basta pensar o que aconteceria se professores de currículo chinês fossem para Portugal integrar quadros do Ministério da Educação. Não era possível”, exemplificou. Desta forma, o presidente da FEPM pede que “cada um [fique] no seu sítio”. “É o que queremos que aconteça, e temos tido alguma dificuldade em fazer reconhecer” as competências dos docentes, acrescentou. BIR, mas pouco Outra queixa que Neto Valente fez aos jornalistas à margem da visita do primeiro-ministro português foi a demora na resposta dos pedidos de Bilhete de Identidade de Residente (BIR) para professores da EPM junto da Comissão de Desenvolvimento dos Quadros Qualificados. “É um problema, infelizmente, porque essa instituição dos talentos é muito demorada a tomar decisões. Há mais de um ano que fizemos diligências e ainda não temos respostas. Para nós é um problema”, admitiu. O presidente da FEPM garantiu também a neutralidade na escolha e contratação de professores, numa referência à antiga polémica com a saída de alguns docentes da EPM. “Não sei se têm prestado atenção, tem havido concursos para a selecção de professores, não são amigos deste ou daquele, isso não se passa agora. Esses quadros são seleccionados de entre as melhores pessoas que são validadas com décadas de experiência.” Neto Valente negou ainda que já haja discussões em torno da personalidade que o irá substituir à frente da FEPM. “Não abordámos isso [numa reunião recente], nem tenciono que se discuta. O que é que há para discutir? Que eu saiba, não estou para sair já.” “EPM é um activo importantíssimo” Luís Montenegro considerou a Escola Portuguesa de Macau um activo importantíssimo, durante a visita de ontem, que durou cerca de uma hora. “A Escola Portuguesa de Macau é um activo importantíssimo ao qual nós atribuímos uma relevância estratégica grande na promoção do ensino do português, mas também na possibilidade de dar condições de formação e qualificação a muitas centenas de jovens todos os anos”, afirmou Montenegro. “O interesse do Governo [de Portugal] será sempre o de apoiar a preservação da nossa identidade, da nossa cultura, da nossa projecção no mundo, da nossa presença aqui em Macau”, indicou. O Primeiro-Ministro descerrou uma placa, como tradicionalmente acontece na visita de governantes portugueses à instituição, e considerou a EPM “sinónimo” do que afirmou ser a “vocação universal” e da “perspectiva de olhar para o mundo” de Portugal.
João Luz Manchete PolíticaEleições | Sam Hou Fai deu instruções para funcionários votarem O Chefe do Executivo voltou a dar instruções aos funcionários públicos para votarem nas eleições legislativas, evento descrito como um dos mais importantes acontecimentos políticos do ano. Sam Hou Fai vincou que eleições podem reforçar a implementação do princípio de “Macau governada por patriotas” Após o envio de cartas a todos os trabalhadores da Função Pública, na semana passada a afirmar que o exercício do voto é uma demonstração de lealdade à RAEM, Sam Hou Fai voltou a dar “instruções para os funcionários públicos cumprirem o seu dever com competência e responsabilidade e apoiarem as eleições para Assembleia Legislativa”. As instruções foram dadas na sequência de uma reunião com “dirigentes a nível de direcção e superior, sobre o trabalho e as instalações preparadas para permitir aos funcionários públicos votarem nas eleições”, que se realizou na tarde de terça-feira. Segundo um comunicado do Gabinete de Comunicação Social, emitido na noite de terça-feira, Sam Hou Fai sublinhou que votar “não é só um direito, como também um dever cívico”, apelando a toda a população para a participação no sufrágio. Além de mencionar por inúmeras vezes que as eleições legislativas são um dos mais importantes momentos políticos deste ano, o Governo não se tem poupado a esforços para inverter os níveis de abstenção históricos registados nas últimas eleições, após a desqualificação de múltiplas listas de candidatura. Promover responsabilização Os esforços redobrados para alcançar uma grande participação eleitoral são também compreensíveis após as alterações às leis eleitorais e a exclusividade de representação no hemiciclo de associações tradicionais, designadas como patriotas. “Sam Hou Fai indicou que estas eleições serão as primeiras a realizar depois da revisão, no ano passado, da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, no sentido de reforçar a implementação do princípio de ‘Macau governada por patriotas’ e como um evento político de enorme importância para a RAEM e uma tarefa política de grande destaque para o actual Governo desde a sua tomada de posse”, é indicado. Como tal, Sam Hou Fai defende que “os líderes a nível de direcção devem assumir um papel de ligação entre superiores e subordinados, promover o cumprimento de responsabilização, apoiar em conjunto os trabalhos eleitorais, votar activamente no dia das eleições”. O governante refere mesmo que apoiar o Governo no objectivo de elevar a participação nas eleições “constitui um requisito básico dos princípios ético e moral da função pública”. O Chefe do Executivo encorajou ainda todos os serviços e entidades públicas a cooperarem, apoiarem, comunicarem uns com os outros, durante o processo eleitoral. Kaifong | Pedidos mais votos no sul da península A União Promotora para o Progresso, ou seja, a lista da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) que é candidata às eleições legislativas deste domingo, 14, apelou ao voto na zona sul da península, isto no âmbito de uma acção de campanha na noite da terça-feira. Segundo uma publicação da lista candidatada nas redes sociais, baseada nos principais discursos feitos nessa noite, o presidente da UGAMM, Chan Ka Leong, confessou que a equipa não está optimista com os resultados das eleições. Por seu turno, Ho Ion Sang, deputado eleito por sufrágio indirecto, e que concorre novamente nesse campo político, pelo sector da Educação, citou os responsáveis dos Kaifong, que consideram que estas eleições legislativas serão como uma “dura guerra” que têm de travar para tentar obter assentos no hemiciclo.