Zé Pedro, guitarrista dos Xutos e Pontapés, morreu aos 61 anos

O funeral da figura icónica do rock português decorreu na sexta-feira no Mosteiro dos Jerónimos, com o presidente da República e o ministro da Cultura a destacarem o legado deixado por Zé Pedro. Os Xutos e Pontapés actuaram em Macau em 1989 e 2006

 

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]rimeiro ouviram-se os “Contentores” e depois foi um desfilar de grandes canções, que ficaram para sempre nos ouvidos dos portugueses. Assim começou o concerto dos Xutos e Pontapés em Macau, corria o ano de 1989 e ainda se ouvia música no Fórum, perto do Instituto Politécnico de Macau. O evento inseriu-se na iniciativa “Rock Macau”, promovida pelo Governo de Carlos Melancia.

A banda repetiria a passagem por Macau 17 anos depois, com o concerto que decorreu em 2006 junto ao Lago Nam Van, inserido no Festival Internacional de Música de Macau.

Na altura, o grupo referiu-se ao concerto como sendo uma “desfolhada de memórias”, muito diferente do espectáculo de 1989, ano em que, além do Fórum Macau, também actuaram no Estabelecimento Prisional.

“Entre o público só havia chineses e não batiam palmas. Estavam muito quietos. Acho que ouviram a música e a seguir foram para as celas. Não reagiram e ficámos sem saber se tinham gostado”, recordou Zé Pedro à agência Lusa, ao fazer o contraste com a excitação dos portugueses presentes no concerto integrado no Rock Macau.

Zé Pedro referiu ainda, em 2006, que “há menos portugueses a viver em Macau” e o sucesso do espectáculo “depende da atitude dos músicos em palco”.

Anos depois, a banda está de luto com o desaparecimento de Zé Pedro, guitarrista e autor de muitos sucessos dos Xutos e Pontapés. Falecido aos 61 anos, vítima de doença prolongada, o músico foi recordado no funeral que decorreu na sexta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos.

Além da homenagem prestada pelas milhares de pessoas que decidiram aparecer no local, Zé Pedro foi também recordado pelos governantes portugueses.

Em comunicado, o ministro da cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, disse que o músico “contribuiu de forma decisiva e inovadora para o sucesso continuado de uma das mais prestigiadas bandas rock nacionais”.

Castro Mendes disse lamentar “profundamente a morte do músico Zé Pedro”, que “contribuiu de forma decisiva e inovadora para a história da música electrónica em Portugal e para o sucesso continuado de uma das mais prestigiadas bandas rock nacionais”.

“O seu entusiasmo, carisma e empatia deixaram uma marca indelével no panorama musical português, com músicas que acompanharam várias gerações, que o admiram com reconhecida ternura”, afirmou Castro Mendes.

“Dotado de um sentido musical notável, a música foi o seu sonho desde cedo e com ela conseguiu transformar o universo do rock português, a par da vida de muitos milhares de pessoas”, disse Castro Mendes, que traça o percurso do guitarrista “desde os ensaios na garagem de casa do seu avô, ainda adolescente, até aos dias de hoje, em grandes palcos portugueses e estrangeiros”.

Zé Pedro “teve uma vida intensa e uma brilhante carreira ao longo de quatro décadas”.

O músico, “que dizia ter sempre as mãos ocupadas com a guitarra, deixa-nos canções, como o ‘Ai a minha vida’, ‘À Minha Maneira’ ou ‘Contentores’, que inspiram também um retrato especial do país e de um certo modo de ser português”, remata o ministro da Cultura, que envia “sentidas condolências” à família.

 

As palavras de Marcelo

Também o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, classificou Zé Pedro como sendo um “guerreiro da alegria” e “da vontade de viver”.

“Era um guerreiro da alegria, da vontade de viver, de superar dificuldades, de nunca desistir. Chegou cedo demais o descanso deste guerreiro, que certamente não será esquecido por tantos e tantos amigos que deixou”, escreveu o chefe de Estado português numa mensagem publicada no website oficial.

Depois de manifestar o seu pesar a “toda a família e amigos do Zé Pedro”, lembrando que o músico “era assim afectuosamente tratado por todos os portugueses”, Marcelo recordou que “os seus primeiros passos na música coincidiram com o despertar do país para o movimento punk, tendo mais tarde fundado uma das maiores bandas de rock de Portugal, e sobretudo uma das que mais tempo sobreviveu e acompanhou várias gerações”.

Zé Pedro estava doente há vários meses, mas a situação foi sempre mantida de forma discreta pelo grupo, tendo só sido assumida publicamente em Novembro, a propósito do concerto de fim de digressão dos Xutos e Pontapés, no Coliseu de Lisboa.

José Pedro Amaro dos Santos Reis nasceu em Lisboa, em 14 de Setembro de 1956, numa família de sete irmãos, “com um pai militar, não autoritário, e uma mãe militante-dos-valores-familiares”, como recordou num dos capítulos da biografia “Não sou o único” (2007), escrita pela irmã, Helena Reis.

No final na década de 1970, Zé Pedro, com Zé Leonel e Paulo Borges, decidiu criar uma banda, baptizada Delirium Tremens. Passou depois a chamar-se Xutos e Pontapés, com a entrada de Kalú e de Tim para o lugar de Paulo Borges. O primeiro concerto realizou-se há 38 anos, em 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa.

4 Dez 2017

Isolda Brasil lança primeiro romance em português

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] escritora Isolda Brasil, radicada em Macau, distinguida em 2015 com um prémio literário nos Estados Unidos, lança “O Último Sangue da Trindade”, o seu primeiro romance em português, com a chancela da Alfarroba. O livro “conta a história de várias gerações de uma família extremamente matriarcal”, habitante de uma ilha que, embora sem ser identificada, encontra “paralelismo com os Açores, acompanhando acontecimentos históricos do arquipélago ao longo do século XX, ainda que ‘en passant’, com muitos elementos de realismo mágico”, explicou a autora, em entrevista à agência Lusa.

A saga familiar, narrada por uma das bisnetas de Trindade (a quem se deve o título da obra), explora “um universo feminino em que os homens assumem um papel muito particular”, desvelando “mulheres que são sempre só mulheres ou mães que são sempre só mães a vida toda, sem nunca chegarem a ser mulheres”.

Embora seja madeirense, Isolda Brasil mudou-se muito cedo para os Açores, pelo que conhece bem a realidade com a qual encontra paralelismo a ilha que concebeu como palco para o desenrolar da história d’ “O Último Sangue da Trindade”. “Os Açores são conhecidos pelos fenómenos meteorológicos, pelo que os estados de humor ou os episódios marcantes que acontecem na vida das personagens têm um impacto muito grande no tempo”, explica a escritora, dando o exemplo de uma tempestade de granizo desencadeada por um desgosto amoroso. “Esta presença vincada do elemento mágico por toda a narrativa, em íntimo convívio com a história da família, e em sobreposição do real acaba por trazer um forte elemento místico à história”, salienta Isolda Brasil, advogada de profissão.

“O Último Sangue da Trindade” tem ainda a singularidade de não estar dividido por partes ou capítulos, tornando una, a “série de histórias intricadas” que dão vida ao romance de cerca de 500 páginas. “É um aspecto que perturba um pouco as pessoas, mas que é propositado”, porque “pretende-se transmitir a ideia ou a sensação de estares sentada a ouvir uma história oral a ser contada”, algo que a própria linguagem também vai sustentando, sublinha Isolda Brasil. “Quando um acontecimento acaba, há sempre um elemento de ligação para o seguinte – todas as histórias estão interligadas”, frisa a escritora de 39 anos.

Reconhece que ‘encaixar’ o romance num formato de “história corrida”, sem qualquer separador, foi “a parte mais difícil e a que mais trabalho deu”, mas considera que a escolha que fez, fruto da vontade de “fazer algo diferente”, acabou por conferir um “encadeamento distinto” à obra.

“O Último Sangue da Trindade” figura como o primeiro livro em português de Isolda Brasil que, em 2015, venceu, na categoria de romance, o prémio revelação de escritores independentes dos Estados Unidos The IndieReader Discovery Awards (IRDA, na sigla em inglês).

A obra premiada foi “The Wanton Life of My Friend Dave”, uma edição de autor que lançou em 2014 sob o pseudónimo de Tristan Wood, e que marcou a sua estreia no mundo da escrita ao qual gostava, confessa, de dedicar-se a tempo inteiro. “O que eu gosto realmente de fazer é escrever. A escrita é a minha paixão e era o que gostava de fazer da minha vida”, sublinha a autora d’“O Último Sangue da Trindade”, obra que terminou há dois anos, mas que apenas agora é dada à estampa.

Isolda Brasil começou por ‘pôr-se à prova’ no género literário do conto, com “Love Letters from Macau” a valer-lhe, em 2013, uma menção honrosa no concurso inserido no Rota das Letras, que seria depois publicado no segundo volume da colecção de contos do Festival Literário de Macau, que se realiza em três línguas (português, chinês e inglês).

“O Último Sangue da Trindade” vai estar disponível nos escaparates das livrarias nos próximos dias, sem que haja lugar a uma sessão de lançamento em Portugal devido à ausência da autora, embora não esteja descartada a hipótese de uma apresentação da obra em Macau, onde vive.

4 Dez 2017

Casa Garden | Exposição de Rafaela Silva inaugurada terça-feira

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]afaela Silva traz 20 obras pintadas em placas de cortiça com pigmentos naturais para mostrar uma África que conheceu em criança e que não mais a deixou. “Com África no Coração” é inaugurada na próxima terça-feira e conta com organização do Grupo Lusotropical de Macau e Humberto Évora.

Nasceu em Nova Lisboa, Angola, e não mais esqueceu os cheiros e a cultura tão próprios de África. Depois de ter exposto em Macau na iniciativa “Pó e Pedra”, em Janeiro, Rafaela Silva está de volta para uma exposição em nome próprio. “Com África no Coração” é inaugurada na próxima terça-feira na Casa Garden, da Fundação Oriente (FO). O evento vai contar com apresentação musical de Zé Gonçalo e Jandira Silva.

O Grupo Lusotropical de Macau e o médico Humberto Évora juntaram-se para que a pintora pudesse realizar um desejo seu. O público poderá ver 20 trabalhos que retratam as diversas vertentes de África, mas sempre com a pessoa humana como protagonista. Dois poemas de poetas angolanos acompanham a mostra.

“Estou muito agradecida a este grupo de amigos que se juntaram para que eu possa fazer uma festa bonita”, começou por contar ao HM. “Os trabalhos foram feitos de propósito para esta exposição. É sobre pigmentos naturais, quis trazer uma coisa inovadora.”

Rafaela Silva pintou em papel de aguarela e também em placas de cortiça trabalhada. “Além de fazer as coisas com muita paixão quero que cada um compreenda as coisas à sua maneira, porque eu gosto muito de retratar pessoas, sentimentos. Também trago alguns animais nestas obras. Mas essencialmente o que me interessa mesmo é trazer pigmentos não tóxicos e ir para a pintura mais simples.”

“Com África no Coração” será uma verdadeira “farra africana”, como a artista sempre quis. “É assim mesmo que eu quero que as pessoas se sintam: que vão lá, oiçam música e apreciem a diversidade que África nos pode dar.”

Isto porque os sons a que se habituou desde nova sempre fizeram parte das suas memórias. “Em Angola fazíamos muitas festas sempre e costumo dizer que fui criada ao som do batuque, porque desde pequena que participava nestas festas e quem lá esteve não consegue esquecer o pôr-do-sol e o cheiro da terra.”

Transpor fronteiras

Rafaela Silva trabalhou na área da aviação civil e após a reforma decidiu dedicar mais tempo à pintura. Os pigmentos naturais descobriu-os há cinco anos, num workshop realizado no Algarve, onde vive.

“Sempre gostei de desenhar e fazer caricaturas de pessoas, mas depois há cerca de 22 anos comecei a estudar desenho a sério. Durante 20 anos pintei sempre com óleo, recorrendo a técnicas mistas, como acrílico, colagens, gostava de fazer telas muito grandes. Há cinco anos foram-me apresentados os pigmentos naturais e fiquei fascinada. É a génese da pintura, foi como tudo começou, desde o paleolítico”, recordou.

Com a realização de uma nova exposição, Rafaela Silva assume que gostava de expandir a carreira e alargar horizontes.

“Conheço pouca gente que pinte com pigmentos naturais, porque são extremamente caros, são pesados e não são fáceis de pintar. Não sei se será por isso. Utilizam pigmentos naturais noutras técnicas, e como é uma coisa inovadora, gostaria [de transpor fronteiras].”

O lado oriental

Rafaela Silva assume estar sempre com novas ideias em mente, e antes de pintar sobre África andou com “uma grande paixão pela Ásia”. “Fiz várias exposições relacionadas com isso, em Lisboa por exemplo. Mas depois resolvi regressar às minhas origens. Sempre me fascinaram as pessoas, embora na Ásia sejam diferentes. Retratei-as a três dimensões, pessoas do Vietname, Tibete, China.”

O próximo passo será ir à procura de um papel para pintar que só se faz no Japão. “Quero ver se consigo arranjar um papel que existe no Japão, feito de materiais reciclados e que é feito só lá. Mas será a próxima fase.”

Na gaveta está também uma ideia de retratar a pessoa humana na sua ligação com a cidade. “Gosto muito do ser humano e tenho um projecto que será dentro do conceito urbano, as pessoas nas cidades. Quero retratar os sentimentos que as pessoas têm com as cidades”, concluiu.

A exposição estará patente na Casa Garden até ao dia 15 de Dezembro.

 

1 Dez 2017

Fernando Pessoa no Museu Rainha Sofia, em Madrid

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ernando Pessoa e os seus contemporâneos protagonizam a exposição “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura”, que o Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid, vai inaugurar em Fevereiro, segundo o calendário publicado no seu sítio na internet.

Com curadoria de João Fernandes, subdirector do museu, e da historiadora de arte Ana Ara, a mostra vai buscar o título a um verso de Álvaro de Campos, “um dos heterónimos mais vanguardistas de Fernando Pessoa”, e reúne os nomes de Almada Negreiros, Amadeo de Souza Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Afonso ou Júlio (Saul Dias), entre outros.

O objectivo da mostra, de acordo com o texto de apresentação do museu, é o de estabelecer uma perspectiva das principais correntes estéticas portuguesas das primeiras décadas do século XX, até 1935, ano da morte de Pessoa, e do modo como a obra do escritor foi determinante para a particularização das expressões portuguesas da época.

“Através da prolífica produção escrita dos seus mais de cem heterónimos, Pessoa criou uma vanguarda própria e converteu-se num intérprete de excepção da crise do sujeito moderno e das duas certezas, transpondo para a sua obra uma ideia múltipla do ‘outro'”, escreve o museu espanhol.

Os movimentos de vanguarda criados por Pessoa – “Paulismo”, a partir da abertura (“Pauis”) das “Impressões de Crepúsculo”, “Interseccionismo” ou “Sensacionismo” – são recordados pelo museu madrileno como elementos de uma estrutura que sustenta “a especificidade da modernidade portuguesa”.

“Esta exposição recorre a esses ‘ismos’ para articular um relato visual” do modernismo português, “reunindo uma seleção de obras de José de Almada Negreiros, Amadeo de Souza Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Afonso ou Júlio, entre outros”, numa abordagem das principais correntes estéticas do século XX, até 1935.

“Estas correntes acusaram uma inevitável influência das tendências europeias dominantes, embora tenham tratado também de se distanciarem delas. Diferentes textos de Pessoa dão conta de um lugar específico para estes ‘ismos’ de sua colheita, assim como do seu carácter distintivo, no contexto europeu, com alusões explícitas, por exemplo, às diferenças entre o Futurismo e o Interseccionismo”, escreve o museu, na apresentação da mostra.

Ao mesmo tempo – prossegue o comunicado da instituição – várias obras seleccionadas refletem “um gosto pelo popular” e traduzem “a idiossincrasia portuguesa”, que aparecem “tanto no trabalho dos artistas portugueses que passaram por Paris”, caso de Amadeo de Souza Cardoso, como no trabalho de estrangeiros que passaram por Portugal, como Sonia e Robert Delaunay.

A mostra anunciada pelo museu de arte contemporânea da capital espanhola – que somou mais de 3,6 milhões de visitantes em 2016 – dedica também uma “especial atenção” às publicações desse período, como a pioneira Orpheu, Águia, K4 Quadrado Azul, Portugal Futurista ou Presença, nas quais apareceram textos de Pessoa, e que “funcionaram como caixa-de-ressonância dessas ideias de vanguarda, exercendo uma grande influência estética e ideológica no meio intelectual português, na primeira metade do século XX”.

A exposição “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura” abre ao público a 7 de Fevereiro de 2018 e encerra a 7 de Maio. Deverá ser acompanhada por iniciativas paralelas, a anunciar pela Embaixada de Portugal, na capital espanhola.

30 Nov 2017

Albergue SCM | Mercado de Natal com mais animação e solidariedade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rtesanato, gastronomia, espírito natalício e o ambiente único do bairro de São Lázaro são alguns dos ingredientes para a concretização de um evento especial próprio da época: o Mercado de Natal.

Cerca de 15 expositores estarão presentes na 2ª edição do Mercado de Natal, apresentando os seus produtos personalizados, feitos à mão, em áreas bastante distintas, desde bijutaria, cerâmica, decoração, doçaria, entre outras, proporcionando, aos visitantes, ideias originais para prendas de natal. Para esta segunda edição que há maior qualidade no trabalho dos artesãos, “esperando por isso que esta iniciativa seja também uma forma de agraciar o esforço dos nossos artesãos em elevarem o seu nível de qualidade de ano para ano” realça Cátia Silva, manager do Bad Bad Maria, responsável pelo Mercado de Natal. “Os vendedores nossos parceiros têm vindo a preparar as suas criações para surpreender neste natal e não faltarão presentes para todos os gostos”, garante Cátia Silva.

Está prevista animação musical pela Banda da Escola Portuguesa de Macau; pintura de uma estrela de natal por meninos do 1º ciclo que depois será colocada numa árvore do mercado; apresentação de um espetáculo de dança pelo Grupo de Artes Performatvas ArtFusion e também workshops que tornarão este dia numa autêntica festa para toda a família

O evento assume, desde a sua génese, iniciativas de responsabilidade social, e este ano vai ser promovida a recolha de bens alimentares para doar a uma instituição de solidariedade social de Macau: Casa das Irmãs Missionárias da Caridade. “A época natalícia é um ótimo momento para apelar mais à solidariedade entre as pessoas”, justifica Cátia Silva.

Com mais novidades, animação e maior qualidade a organização do Mercado de Natal espera superar o marco dos 2000 visitantes da primeira edição nesta iniciativa organizada por Bad Bad Maria e que irá decorrer no sábado, 9 de Dezembro, das 11h às 18h. O apoio institucional é do Albergue SCM, em São Lázaro, Macau.

30 Nov 2017

Livro | Obra completa de Manuel da Silva Mendes com dois volumes em 2018

Os escritos de Manuel da Silva Mendes já conheceram várias edições desde os anos 40, mas nunca com esta envergadura. O projecto, coordenado por Rogério Beltrão Coelho, teve a colaboração de Amadeu Gonçalves, António Aresta e Tiago Quadros

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m jeito de celebração dos 150 anos do nascimento de Manuel da Silva Mendes, um dos grandes intelectuais portugueses de Macau, é reeditada a sua obra completa, estando prevista a publicação de mais dois volumes durante o próximo ano.

“Têm existido reedições de Silva Mendes, desde os anos quarenta, pela mão de Luís Gonzaga Gomes, seu antigo aluno e emérito historiador de Macau, também nos anos sessenta, oitenta e noventa se reeditou o autor”, contextualiza António Aresta, um dos colaboradores da reedição.

Essas edições tiveram uma tiragem reduzida e que ficou circunscrita a Macau, mas à medida que se multiplicam artigos e teses sobre Manual da Silva Mendes, “a ambição é torna-lo global e acessível ao estudo e à investigação”, projecta António Aresta.

O projecto teve a coordenação de Rogério Beltrão Coelho e colaboração de Amadeu Gonçalves, Tiago Quadros e António Aresta.

Manuel da Silva Mendes viveu em Macau entre 1901 e 1931, ano em que morreu. Um dos espaços que definiu o autor foi a sua casa, a Vila Primavera, situada no sopé da Colina da Guia. Tiago Quadros participa num dos volumes com um pequeno texto sobre a importância do local e “o que representa para alguém que veio de Portugal no início do século XX e que inicia um percurso de numa geografia distante, num sítio com referências culturais diferentes”.

Eclectismo total

Para Tiago Quadros, foi na Vila Primavera que o intelectual se tentou construir, ao mesmo tempo que edificava a casa cercada por vegetação num lugar ameno e longe das suas origens, estando, em simultâneo, “em Macau e afastado de Macau”. Essa casa viria a ser “o útero original onde a sua colecção de arte teve início”, explica Tiago Quadros.

A Vila Primavera era marcada pelo “eclectismo arquitectónico português com expressão neo-romântica muito ténue que dava a ideia de uma paisagem não real, quase como uma ideia de paraíso para ele próprio”.

A reedição da obra de Silva Mendes procura reunir todos os escritos do autor, alguns deles inéditos, em temas tão díspares como a filosofia, arte, política, religião, ética e educação.

“Temos a noção de que existe uma parcela quase perdida, que são os artigos não assinados, mas que saíram da sua pena. Essa constatação já tinha sido notada por Luís Gonzaga Gomes”, conta António Aresta.

Com uma forte consciência social e política, Manuel da Silva Mendes, como muitos pensadores do seu tempo, era um republicano e anarquista. Inclusive, defendeu na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra uma tese sobre o socialismo libertário, documento que se tornou de referência e que foi reeditado há poucos anos.

Com a chegada a Macau, um mundo filosófico abriu-se para o intelectual. “A sua adesão ao taoísmo filosófico entendo-a como natural porque o taoísmo filosófico parece assentar numa metafísica da perplexidade e num anarquismo espiritual”, teoriza António Aresta.

No Oriente, Manuel da Silva Mendes era a personificação da “arte de ser português em Macau, com alheamento da politiquice, mas não da política”, conta o académico. Um militante de uma governação justa e ética, ao mesmo tempo que estudava a pluridimensionalidade da cultura chinesa.

A marcar os 150 anos do seu aniversário é reeditada a sua obra completa, com alguns inéditos que nunca conheceram a edição em livro.

30 Nov 2017

Vhils inaugura exposição em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] artista português Alexandre Farto, que assina Vhils, inaugura na quinta-feira em Hong Kong “Remains”, uma exposição composta por trabalhos novos desenvolvidos e inspirados naquele território.

Em “Remains”, que estará patente na galeria Over the Influence, Vhils irá apresentar “um novo conjunto de trabalhos, desenvolvidos e inspirados em Hong Kong”, de acordo com o texto de apresentação da mostra. A galeria refere que o trabalho do artista português “está há muito ligado ao contexto urbano e reflete e espelha a experiência humana de habitar uma megalópolis contemporânea”. “Remains” é inaugurada na quinta-feira ao final do dia e estará patente entre sexta-feira e 05 de janeiro.

Em maio, Vhils inaugurou a sua primeira exposição individual em Macau, “Debris”, nas Oficinas Navais de Macau, que deveria ter ficado patente até 05 de novembro. No entanto, em agosto teve que ser cancelada devido a danos nas peças e no local, causados pelo tufão Hato. A par da exposição, realizou naquele território uma série de murais. Em Junho, estreou-se a solo em Pequim, no Cafa Art Museum, com a exposição “Imprint”, constituída inteiramente por trabalhos novos, cerca de 70 retratos esculpidos em baixo relevo, que espelham “a reflexão contínua do artista sobre a relação entre as cidades contemporâneas e os seus habitantes”.

A sua primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, foi inaugurada em Março do ano passado. Uma mostra que reflecte a cidade e a identidade de quem nela habita para ver e, sobretudo, “sentir”.

29 Nov 2017

Cartas inéditas entre Saramago e Jorge Amado publicadas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] troca de correspondência entre José Saramago e Jorge Amado, durante cinco anos, regista uma “bela amizade”, nascida na velhice, e testemunha desabafos políticos, crises de saúde e anseios literários, entre os quais o Nobel por que ambos suspiravam.

A publicação inédita da troca epistolar que os dois escritores de língua portuguesa mantiveram regularmente, entre 1992 e 1997, acaba de chegar às livrarias, numa edição ilustrada com ‘fac-símiles’ e fotos raras, pela Companhia das Letras, intitulada “Com o mar por meio”.

A amizade entre os dois teve início quando “já iam maduros nos anos e na carreira literária”, o primeiro com 80 anos, e o segundo com menos dez anos, segundo a editora. O vínculo tardio, porém, não impediu que os escritores criassem fortes laços de amizade e fraternidade, que se estenderam às suas companheiras de vida, Zélia Gattai e Pilar del Río.

Uma dessas cartas, entre muitas outras, dá nota dessa relação, quando José Saramago escreve a Jorge Amado, em 1993, por ocasião do seu aniversário: “Esta mensagem vai em letra gorda para que não se perca nos azares da transmissão nem um só sinal da nossa amizade, deste carinho tão bonito que veio enriquecer de um sentimento fraterno uma relação nascida tarde, mas que, em lealdade e generosidade, pede meças à melhor que por aí se encontre”.

Este livro nasce de uma coincidência ocorrida quando a filha de Jorge Amado, Paloma, juntamente com a Fundação Casa Jorge Amado, estava a trabalhar as cartas trocadas com José Saramago – no âmbito da organização do acervo do pai, iniciada em 2015 – e, em troca de mensagens com Pilar del Río, tomou conhecimento de que a Fundação José Saramago planeava também fazer um livro.

A organização e selecção de cartas, feita por Paloma Jorge Amado e Ricardo Viel, da Fundação José Saramago, só foi possível por Jorge Amado ter sido um “homem muito disciplinado e organizado, qualidades exacerbadas pelos anos de militância comunista”, que, com “o advento das copiadoras”, passou a reproduzir as cartas enviadas, conta a filha do brasileiro, na introdução do livro.

São cartas, bilhetes, cartões, faxes e mensagens várias, enviados ao longo dos anos, com troca de ideias sobre questões, tanto da vida íntima, como da conjuntura contemporânea, social e política, sobre a qual partilhavam a mesma visão comunista.

Várias mensagens são reveladoras do afecto entre os dois casais, uma das quais assinada por José e Pilar, na qual se referem ao “manjar supremo que é a amizade”. A saúde e a velhice também são amiúde referidas, e Jorge Amado escreve, em 1995, esperar que o trabalho ocupe os seus “dias de velhice – velhice não é coisa que preste”.

As cartas reflectem também o anseio que os dois escritores partilhavam por receber prémios literários e a alegria que cada um deles sentia de saber que o outro o recebera. Em Julho de 1993, José Saramago escreve ao seu amigo, a propósito da atribuição do Prémio Camões a Rachel Queiroz, que não discute os méritos da premiada, mas não entende “como e porquê o júri ignora ostensivamente (quase apeteceria dizer: provocadoramente) a obra de Jorge Amado”.

No ano seguinte, Jorge Amado receberia então o prémio, e José Saramago escreveria “finalmente o Camões para quem tão esplendidamente tem servido a língua dele!”, acrescentando: “Será preciso dizer que nesta casa se sentiu como coisa nossa esse prémio?”. Mas a vez de Saramago chegou em 1995 e, em resposta às felicitações enviadas por Jorge Amado, o autor português confessou: “Em nenhum momento da vida, desde que o prémio existe, me passara pela cabeça que um dia poderiam dar-mo. Aí está ele, para alegria minha e dos meus amigos, e raiva de uns quantos ‘colegas’ que não querem admitir que eu existo…”.

Também o Nobel era tema frequente e José Saramago chega a partilhar, numa missiva para Jorge Amado, em 1994, o desejo de que o prémio lhes fosse atribuído em conjunto, ideia que o escritor brasileiro recebeu com regozijo, considerando-a “magnífica”, mas temendo que “os suecos da Academia” dividissem “o milhão entre Lobo Antunes e João Cabral”.

No entanto, os anos passavam e o prémio não chegava para nenhum deles, levando José Saramago, em 1997, a escrever, em desabafo, a Jorge Amado, que os membros da Academia não gostam da língua portuguesa e que “não têm metro que chegue para medir a estatura de um escritor chamado Jorge Amado”.

Nesse mesmo ano, a correspondência entre os dois cessou devido ao agravamento da saúde do coração e dos olhos de Jorge Amado, que foi perdendo a visão mais rapidamente do que se esperava, acabando por mergulhar numa profunda depressão, que o deixava dias inteiros deitado num cadeirão na sala, com os olhos fechados.

A 8 de Outubro de 1998, Zélia sentou-se a seu lado e deu-lhe a notícia de que o “seu amigo José Saramago vinha de ganhar o Prémio Nobel”, conta a filha. “Como num passe de mágica, um milagre luso-sueco, Jorge pulou do cadeirão, chamou Paloma, pediu que se sentasse no computador, que ele iria ditar uma nota”.

Foi a última carta. Brindou com champanhe, fez a festa com a mulher e a filha e “foi dormir contente”. “No dia seguinte, não quis mais abrir os olhos”.

29 Nov 2017

Filme português “Farpões Baldios” vence prémio no Japão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme “Farpões Baldios”, de Marta Mateus, que reflecte sobre ruralidade e trabalho, conquistou o Grande Prémio do Hiroshima International Film Festival, no Japão, anunciou ontem a Portugal Film – Agência Internacional de Cinema.

Primeira obra de Marta Mateus, o filme estreou-se na Quinzaine des Réalisateurs, no Festival de Cannes, em Maio deste ano, e venceu em Julho o Grande Prémio do Curtas Vila do Conde – International Film Festival.

De acordo com um comunicado da Portugal Film, o documentário foi distinguido no Japão por um júri composto pelos cineastas Rithy Pahn e Albert Serra, e por Kim Dong, presidente do Festival de Busan, na Coreia do Sul.

Realizada este ano, a obra tem também argumento e montagem de Marta Mateus, som de Olivier Blanc e Hugo Leitão, e é uma produção da C.R.I.M. Filmes – Joana Ferreira e Isabel Machado, em co-produção da OPTEC (Sociedade Óptica Técnica) – Abel Ribeiro Chaves, com distribuição da Portugal Film.

Na primeira pessoa

Os protagonistas do filme, resistentes de uma velha luta por melhores condições de trabalho, contam a sua história pessoal às gerações de hoje, nas suas próprias palavras.

Estreado em Portugal em Setembro, o filme “Farpões Baldios” também recebeu uma Menção Especial no Festival Cineuropa de Santiago de Compostela, em Espanha.

Até ao final do ano, será ainda exibido no Festival de Mar del Plata e no Festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.

Em Julho, quando o filme venceu o Grande Prémio do 25.º Curtas Vila do Conde, no valor de 2.000 euros, o júri do festival sublinhou que o filme “revivifica uma linhagem de obras onde a infância desbloqueia os sofrimentos, os erros e a virtualidades do passado”.

No filme participam Maria Clara Madeira, Gonçalo Prudêncio, Maria Catarina Sapata, José Codices, Francisco Barbeiro, Lúcia Canhoto, Mariana Nunes, Tatiana Prudêncio, João Neves, António Prudêncio, Rodrigo Rosas, Tobias Liliu, Joaquim Prudêncio, Augusto Frade, Paula Pelado, Maria Inácia Cunha e Tânia Ramos.

28 Nov 2017

This Is My City | Festival acontece em Shenzhen e Macau

Depois de dez anos, é tempo de alargar fronteiras. O This Is My City vai, este ano, ter lugar também em Shenzhen. A ideia é ter uma rede que se alargue ao Delta do Rio das Pérolas. O festival conta, como nas edições anteriores, com várias actividades e Paulo Furtado vem tocar ao vivo a banda sonora do filme que também estreia no território

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é só mais uma edição do This Is My City (TIMC), á a décima primeira e marca uma mudança de estratégia por parte da organização. “Dez anos significa que é uma altura de pensar o que fizemos nesta década e no que vamos fazer para a próxima” começou por explicar, ontem, Manuel Silva, um dos responsáveis pela iniciativa. O resultado é o alargamento do festival à região e este ano, o TIMC vai também ter lugar em Shenzhen, além de Macau.

O objectivo é fazer mais do que um festival. “O alargamento a Shenzhen é para provar que o festival quer ser mais do que isso e que se quer desenvolver enquanto rede, até porque os festivais morrem e as redes perduram”, explicou Manuel Silva.

O conceito também muda: não se tratando mais de uma só cidade, trata-se agora de “uma rede criativa intercidades, em que do local se passa ao regional.”

A ideia é partilhar culturas numa mesma região. A Shenzhen o TIMC vai levar a multiculturalidade do território e do outro lado vem a riqueza cultural associada ao Delta do Rio das Pérolas.

O TIMC nasceu em 2006 e “fechado o ciclo de dez anos de existência redesenha-se e dá agora os primeiros passos para integrar o Delta do Rio das pérolas numa rede criativa, promovendo a lusofonia na região”, lê-se na apresentação do evento.

Cinema imprevisto

Além da expansão geográfica o TIMC volta a trazer um conjunto de actividades distribuídas entre Macau e Shenzhen.

A presença de Paulo Furtado, mais conhecido por The Legendary Tiger Man, não é nova, mas vem agora ao território estrear o seu último trabalho cinematográfico “How to be nothing”. O filme não será uma mera projecção a ter lugar no próximo dia 16 de Dezembro, mas pretende ser uma mostra multifacetada. Paulo Furtado faz, ao vivo, a banda sonora e Pedro Maia, co- realizador da película, manipula as imagens enquanto são projectadas. A experiência promete, diz Manuel Silva, “ser única”. O evento tem lugar no espaço What´s Up na Calçada do Amparo.

O D2 Club também é palco do TIMC, nesta décima primeira edição com uma noite preenchida com os DJs campeões do mundo de scratch e turntablism, os portugueses Beatbombers. A dupla composta por Ride e Stereossauro, depois de tocar no Magma em Shenzhen, a 15 de Dezembro, vem ao território, para encerrar a festa no clube nocturno local.

Entretanto, e a representar o território, há concertos marcados da banda local Fase Lane e o saxofonista e clarinetista Paulo Pereira. Paulo Pereira vai ao What´s Up apresentar um projecto feito especialmente para o evento em que traz a união das tradições musicais ocidentais com a herança cultural oriental através do jazz.

Fronteiras no mapa

Mas o TIMC tem planos de aquecimento para o festival e para o efeito, já no próximo fim-de-semana, começa o projecto TIMC Pearl PAKmap. A ideia é “explorar abordagens interdisciplinares para mapear a percepção da paisagem e a relação entre as fronteiras do Rio Das Pérolas e a sua produção cultural”, diz a organização.

O projecto começa com a realização de dois workshops no Albergue SCM a 2 e 3 de Dezembro e conta com a colaboração de académicos internacionais. No primeiro dia, tem lugar a parte formativa que inclui sessões e discussões académicas e no segundo dia decorre a parte prática em que os participantes vão para o terreno e procuram mapear as fronteiras entre Macau e Zhuhai, a partir da Doca dos Pescadores. A 9 de Dezembro, e após o material recolhido, os participantes encontram-se na Universidade de São José para a fase de pós produção do material recolhido. O resultado: duas exposições, a 15 e 16 de Dezembro nas cidades que acolhem o TIMC. Depois, os trabalhos efectuados passam a integrar a plataforma pakmap.net que “funcionará como arquivo destas e de outras histórias ligadas às fronteiras do Delta do Rio das Pérolas”.

28 Nov 2017

Ilustração | “Imaginary Beings” em exposição na Taipa Village Art Space

São seres imaginados, habitantes de uma Macau desconhecida e vão estar em exposição a partir do próximo dia 6 na galeria Taipa Village Art Space. A mostra é da artista portuguesa Ana Aragão que se estreia no território

 

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]ão “monstros imaginados” os que saem das ilustrações de Ana Aragão. Não são seres com origem num espaço vazio, a inspiração é Macau, uma terra desconhecida para a artista. O desafio para produzir uma exposição tendo como referência apenas imagens do território foi do curador João Ó, responsável pelas exposições da galeria do Taipa Village Art Space.

A ideia está inserida no próprio plano anual de exposições daquele espaço, em que a última mostra do ano é sempre dedicada a um artista internacional, que não conheça o território. A razão apontou o curador João Ó ao HM, é para “que exista uma interpretação de um artista de fora sobre Macau. Uma visão nova.”

A escolha de Ana Aragão começou pelo contacto com o seu trabalho na internet. João Ó ficou, desde logo, interessado na forma como as ilustrações de Ana Aragão saiam do papel. “Achei interessante o grafismo e o desenho muito minucioso das cidades imaginárias que ela fazia”, refere. Para o curador, trata-se de “um trabalho refrescante pelo detalhe que se verifica em cada desenho, pela forma como transforma edifícios em objectos sem ter de estar comprometida com a realidade”.

Para a exposição no Village Art Space, Macau, a artista teve como referência alguma imagens do território. Com elas trabalhou “Imaginary Beings”, os seres que pensa habitarem Macau.

O título é inspirado na obra “The book of imaginary beings” de Jorge Luís Borges. De acordo com o curador, a obra literária teve uma forte influência no percurso de Ana Aragão. “Foi um forte fundamento para a procura da artista dos seus próprios seres, expandindo o sempre incompleto trabalho do mestre visionário”, diz João Ó, na apresentação do evento.

Em “Imaginary Beings” vão estar expostas 50 peças produzidas com caneta de tinta preta e aguarela.

Confronto com o real

Outro aspecto de interesse, refere João Ó, é a possibilidade que estas exposições de final de temporada dão aos artistas de se confrontarem, depois do trabalho feito, com a Macau real. Ana Aragão vem ao território para a abertura da exposição e “este é o momento em que vai confrontar os seres que imaginou, através de imagens soltas, com a realidade”. Para João Ó, a viagem de Ana Aragão ao oriente vai marcar um momento em que a artista vai ser motivada a produzir mais.

A ideia de trazer ao território um artista de fora e que não conheça Macau mas que trabalhe sobre o território tem um duplo objectivo. “Por um lado trata-se da visão de alguém sobre Macau, que nunca conheceu antes, e por outro, é uma oportunidade de abrir a exposição destes artista a coleccionadores de arte que vão ter também uma visão diferente do território”, diz João Ó.

Mas mais importante, aponta, é a oportunidade que este tipo de trabalho representa também para os locais. “Nós que estamos cá também queremos ver esta frescura, esta reinterpretação aos olhos de quem nunca aqui esteve”.

Da arquitectura ao desenho

Ana Aragão, arquitecta licenciada com distinção pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto FAUP (2009), dedica-se actualmente ao cruzamento entre arte e arquitectura através do seu universo gráfico.

Após uma incursão no meio académico enquanto bolseira no Doutoramento em Coimbra decide interromper a investigação científica para se dedicar em exclusivo ao desenho artístico. É a partir do universo da arquitectura que nasce o seu fascínio pela representação de cidades, imaginárias ou não. Prossegue a sua reflexão acerca da cidade e seus imaginários urbanos através da exploração gráfica dos seus atlas mentais. Intrigada com os mapas emocionais que nascem da experiência quotidiana entre habitante e espaço, as suas “anagrafias” intrincadas são um pretexto para lançar um olhar crítico sobre o território, as formas de construir, e sobretudo, os modos de habitar. Todas as suas obras nascem da articulação entre mão e pensamento, não recorrendo a meios digitais.

A dedicação de Ana Aragão ao desenho e pintura tem sido reconhecida nacional e internacionalmente, salientando-se a sua participação na Bienal de Veneza 2014 e de 2016, o destaque como capa da publicação chinesa “Casa”, a selecção pela Luerzer’s Archive – “200 Best Illustrators Worldwilde”. Destacam-se também colaborações e parcerias com marcas de referência como a Porto Barros (100 anos Porto Barros, Coleção Cidades Portuguesas), as Tapeçarias Ferreira de Sá (Tapeçaria Eudóxia), a Jofebar (Projecto FUTURE FRAMES), a Schmidt Light Metal, a Essência do Vinho, a Vista Alegre, entre outras.

Foi também convidada a desenvolver projectos específicos sobre algumas cidades portuguesas, nomeadamente Lisboa (Meo Out Jazz), Espinho (Cartografia (des)encontrada), Braga (Noite Branca), Aveiro (Lugares Múltiplos) e Guimarães (Casa da Memória). O Porto, cidade onde vive e trabalha, tem lugar de destaque em toda sua obra.

27 Nov 2017

Vitorino Nemésio | Obras completas publicadas em 2018

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma edição das obras completas do escritor Vitorino Nemésio, em 16 volumes, vai ser lançada a partir de 2018, numa iniciativa da editora Companhia das Ilhas, em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, foi ontem anunciado. “Nos Açores, nunca estiveram disponíveis as obras do Vitorino Nemésio. Existe uma edição da Imprensa Nacional, com alguns anos, e há muitos títulos esgotados. Justificava-se plenamente esta edição”, declarou à agência Lusa o responsável pela editora Companhia das Ilhas, Carlos Alberto Machado.

O editor disse que as novas gerações de leitores desconhecem Nemésio, apesar de se “aludir muito ao seu nome” e de “qualquer açoriano saber que foi um escritor nascido na ilha Terceira”, mas “pouco mais”.

Vitorino Nemésio, cuja obra literária compreende, entre outros, o título “Mau Tempo no Canal”, considerado pela crítica literária um dos maiores romances portugueses do século XX, nasceu em 19 de Dezembro de 1901, na Praia da Vitória, na ilha Terceira, e morreu em Lisboa, em 20 de Novembro de 1978.

Considerando que a falta de títulos no mercado desaconselha qualquer professor a incentivar os alunos a lerem o escritor, Carlos Alberto Machado considera que se está perante uma “grande falha”, que pode agora ser colmatada.

Esta edição “ultrapassa largamente a importância local, sendo de âmbito nacional, com particular importância nos Açores”, afirma o editor. A publicação compreende mais de quarenta obras distribuídas por dezasseis volumes, a publicar até 2011, devendo cada um ter pelo menos mil exemplares de tiragem.

Face à dimensão literária de Vitorino Nemésio, o editor defende que o Governo dos Açores, além dos apoios à edição, deveria promover a sua obra, de forma “profunda e alargada”, em todas as ilhas do arquipélago.

A direcção científica da publicação é assegurada pelo professor universitário Luiz Fagundes Duarte, contendo cada volume, além dos textos do autor, uma breve introdução a cargo de especialistas na obra de Nemésio, a par de um texto de síntese da sua vida e obra, de acordo com a editora.

“Vitorino Nemésio promoveu de várias maneiras os Açores. Não foi só um grande escritor. E, onde viveu (França, Brasil e continente), por largos períodos da sua vida, foi o maior promotor do arquipélago, da sua identidade específica e um grande defensor dos Açores como região autónoma, no sentido mais profundo do termo, que não apenas político”, disse o editor.

Considerado um dos grandes escritores portugueses do século XX, Nemésio recebeu, em 1965, o Prémio Nacional de Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.

A sua obra compreende cerca de 40 títulos na área da fição, poesia, ensaio e crítica, a par da crónica, como “Festa Redonda” (1950), “Nem Toda a Noite a Vida” (1952), “O Pão e a Culpa” (1955), “O Verbo e a Morte” (1959), “O Cavalo Encantado” (1963), “Canto da Véspera” (1966) e “Sapateia Açoriana” (1976), além de “Mau Tempo no Canal” (1944).

A Vitorino Nemésio é atribuída a criação do termo “açorianidade”, num artigo sobre a condição histórica, geográfica, social e humana do açoriano, publicado em 1932.

Além do lançamento da obra do escritor de origem terceirense, a Companhia das Ilhas vai apresentar, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, a sua programação editorial para 2018 e 2019, que contempla escritores como Carlos Alberto Machado, Leonor Sampaio da Silva, Paula de Sousa Lima e Urbano Bettencourt.

27 Nov 2017

Armelle no espaço Creative Macau – As ironias do realismo

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]rancesa, criativa, residente em Macau há 25 anos. O aspecto é seco, os olhos são azuis, sombreados a negro. O olhar é penetrante. Aqui e ali vislumbra-se um olhar entre o divertido e o irónico. É a segunda exposição de Armelle Lainsecq, e não deixa de surpreender. Deu também para um reencontro com o marido, Jacques Lenantec, escultor.

Quando se observam as fotomontagens de Armelle Lainsecq, encontramo-nos inevitavelmente como que perante delírios que podem raiar a classificação de surrealistas mas não creio. São antes uma aguda observação da realidade e a sua interpretação pessoal da mesma, a sua própria verdade.

A artista produziu três séries chamadas “Macao Illusions”, “All in One” e “Dechronologies”.

Armelle Lainsecq interpela o que vê e sente e constrói um mundo desmascarado, onde todas as personas caem para que aquilo que supostamente escondem surja desnudado, qual circo urbano onde reina o condimento da ironia.

Armelle Lainsecq propõe assim três leituras, uma que me é naturalmente cara, a da cidade e a sua (dela) verdade presente – Macao Illusions – outra, a da apropriação e manipulação de pinturas de Rembrandt, Cézanne, Manet, Delacroix e outros, onde a exigência técnica está primorosamente patente em brilhantes reconstruções que parecem indagar com um “e se…” e que são da série “All in One” e ainda uma terceira, “Dechronologies” onde, com uma técnica de fotomanipulação, actualiza criativamente personagens de outros tempos.

Em todos os casos estamos perante alguém com uma capacidade analítica notável, e uma ironia incontestável, integrando uma família de artistas, como seu marido, o escultor Jacques Lenantec e Vincent, o filho que faz tatuagens.

Toda esta circulação pelos territórios do que existe exógenamente, mas sobretudo pela sua interpretação, requer um espaço onde se possa meditar e especular sobre estas áreas.

Daí a tão compreensível reclusão para a decantação entre a aparência do real e a realidade que apenas existe dentro de nós.

O retrato surgiu depois, e com ele naturezas mortas, galhos partidos, uma obssessão com o retrato da realidade, a mesma busca de perfeição residente nas suas fotomontagens.

E foi aí que nasceu a conversa, depois da inauguração da sua Exposição no Creative Center, a merecer uma visita por parte do público de Macau.

 

Há quanto tempo vive em Macau?

A.L.- Desde 1983 a 1992. Depois voltei a Paris e regressei em 2001 até agora. Um total de 25 anos.

Porquê Macau? E porquê a zona do Lilau?

A.L.: Macau em 1983 por motivos profissionais. Nessa altura, o meu marido estava à procura de fundições de bronze na Ásia. Um amigo francês convidou-nos para Macau, dizendo que Macau era um bom lugar para começar a procurar fundição de bronze na Ásia. Na verdade, não encontramos nenhuma fundição, mas apaixonámo-nos por Macau! O clima, a comida, o exotismo. E em 1983, criámos um atelier para lançar as esculturas de meu marido. O Lilau não é uma escolha. Por acaso, começamos a viver nesta área da colina de Penha.

Como relaciona a sua escolha de viver em Macau e numa área histórica e no Macau de hoje?

A.L.- Compramos um apartamento em 1990 na Rua de Lilau por um preço acessível, (risos). Em seguida, compramos um armazém felizmente no piso térreo em 2004, ainda a um preço acessível (mais risos). Ficámos então nesta zona que é silenciosa!

Considera-se uma pessoa irónica?

A.L.- Sim, completamente. Mas sempre com respeito. É mais um sentido de humor, na verdade. Mas também tenho uma grande capacidade de escárnio por mim mesma.

Como surge a série de “All in One”, Manet, Rembrandt, Cézanne e outros aparecem? Porquê?

A.L.- Entre a série “Macao Illusions” e o meu “All in One”, trabalhei em retratos de personalidades, que eu chamei de “Dechronologies”. Por exemplo, peguei no retrato de Luís XIV e, com photoshop, tentei ver como ele deveria ser hoje. Muito engraçado. Retratei assim cerca de 50 personalidades, gosto disso.

Enquanto procurava pinturas para essas “”Dechronologies”, comecei a conhecer muitos mestres e muitas pinturas. Naturalmente descobri o estilo dos mestres e vi que nesses grandes mestres, a sua pintura era por vezes “engraçada” e repetitiva. A ideia de fazer “All in One” veio dessa descoberta.

Lembro-me da sua primeira exposição no Creative de Macau. Até então, a Armelle só tinha colagens digitais. O que a fez passar para os retratos? A sua entrada no mundo do desenho representa uma afirmação interior?

A.L.- Depois de tirar fotografias de tantos artistas, achei que era fácil criticar ironicamente. O último pintor que eu tentei trabalhar foi Picasso com Guernica em “All in One”. Nunca terminei porque me assustei com essa pintura que achei feia. Naquele exacto momento decidi desenhar, para mostrar que não só era capaz de criticar. Desenho retratos, mas também gatos – gosto de gatos – e qualquer assunto que me inspire. Gosto das árvores quebradas após o tufão Hato ou, mais recentemente comida chinesa. Gosto de me concentrar nos detalhes.

Comecei a desenhar no primeiro de Janeiro de 2016, pelo menos, 10 a 12 horas por dia. Todos os dias, do nascer ao pôr-do-sol, durante todo o ano. Apenas paro quando sou forçada a viajar.

Porquê a ironia sobre Picasso, Manet ou mesmo Rembrandt? O que está por detrás disso?

A.L.- Picasso: não tenho absolutamente nenhuma emoção quando vejo Guernica e todas as suas obras.

Manet: ha ha ha. Porquê uma mulher nua entre 2 homens vestidos tendo um almoço na relva? É uma situação absolutamente absurda.

Rembrandt: neste caso, nenhuma crítica. Apenas tive a ideia de colocar mulheres, em vez de homens, em torno do corpo morto por mera diversão.

… Mas eu tenho muito mais para lhe mostrar: Delacroix, Leonardo da Vinci, Ingres, Courbet, David, Bouguereau.

Aceita encomendas de retratos?

A.L.- Sim. Depois de desenhar cerca de cem retratos de graça e também para treino, eu comecei a aceitar comissões. Tive três no mês passado e tenho quatro novas encomendas para fazer. E algumas mais a caminho. É quando desenho retratos que abandono a ironia! Quero realmente que as pessoas fiquem satisfeitas e felizes com os seus retratos. Para mim todos os meus modelos são VIP, independentemente da idade. Gosto de encontrar os detalhes que revelam o charme ou a beleza de qualquer pessoa que eu desenhe.

Como vê a cena artística de Macau?

A.L.- (risos) Isso não me preocupa nem me importa. Não sou politicamente correcta nessa área, por isso prefiro estar calada.

Claro, há bons artistas em Macau. Descobri recentemente Filipe Dores, que tem muito talento.

Parece que é uma pessoa bastante retirada. Porquê?

A.L.- Nunca fui uma pessoa muito sociável. Tenho muito poucos amigos. Todos sabem que eu sou um pouco “selvagem”. Todos eles desempenharam um papel importante na minha vida, esta é a condição para obter a minha amizade para sempre. Excepto esses verdadeiros amigos, não sinto a necessidade de companhia, tirando a companhia dos meus gatos. Sim, sou retirada e gosto do som do silêncio, não do barulho da música. Sinto-me feliz na frente de um computador ou na frente de uma folha de papel.

Porque essa necessidade de tempo? Quer deixar um corpo de trabalho, uma obra?

A.L.- Comecei tarde a ter uma actividade artística a tempo inteiro. Tenho sido uma mulher-de-artista há décadas. Ser mulher-de-artista é um trabalho a tempo inteiro. Meu marido é escultor, e a escultura é uma arte muito complicada. Trabalhei muito com ele. Sei tudo sobre a escultura, do processo do barro até ao bronze. Mas, há 2 anos, por motivos profissionais e pessoais, decidi ter minha própria actividade em tempo integral. O problema é que comecei tarde, por isso o meu tempo é precioso. Estou em estado de emergência permanente para economizar o meu tempo. Talvez o meu tempo não tenha valor, mas para mim é precioso. Não, não quero deixar uma corpo obra para trás. Sou muito humilde e não tenho tal pretensão.

Considera-se uma artista? Isso é importante para si?

A.L.- Sim, considero-me uma artista. Sempre fui, indirectamente. Na minha maneira de pensar, ou a maneira de compartilhar a arte do meu marido por via de um elevado nível de colaboração. Hoje, se eu não desenhar ou “criar algo”, fico extremamente nervosa, cuidado, eu posso ser perigosa (risos)! Deixem-me desenhar, é a minha vez de pensar em mim!

Não, não é importante ser uma artista, excepto se se fôr um verdadeiro génio, e eu não sou. Todos somos artistas, em diferentes graus.

Tenho notado que os seus preços de venda são bastante acessíveis. Por que é que?

A.L.- Na verdade, eu quero ser acessível, como diz. Acessível às pessoas que não têm o hábito de comprar arte. Quando desenho um retrato, tenho que mostrar um resultado cem por cento de semelhante ao modelo. É o mesmo preço para o meu vizinho que vende “dim sum” no mercado e para uma pessoa muito rica. As pessoas simples sabem melhor o valor das coisas do que as pessoas ricas. Quero trabalhar para pessoas simples. Aqueles que sonham em ter o seu retrato e perceber que isso comigo é possível. O meu alvo são as pessoas. Tenho excelente relação com eles. Eles conhecem-me, eu falo com eles em cantonês (não com fluência, mas o suficiente). Eles gostam de mim e eu gosto de pessoas que gostam de mim. Quero desenhar prioritariamente para eles. Claro que um dia, aumentarei os meus preços, mas essa é a única coisa sobre a qual não tenho pressa. Respeito o valor do trabalho e o trabalho de um artista não tem, para mim, mais valor do que qualquer outro trabalho “normal”. Ei artistas, acalmem-se, vocês são apenas artistas!

25 Nov 2017

Festival da Luz de Macau arranca a 3 de Dezembro com o tema “Amor Macau”

A partir do próximo dia 3 de Dezembro e até ao final do ano Macau brilhará com mais intensidade. Começa o Festival da Luz que promete encher a cidade com projecções e jogos luminosos com produção cem por cento local. O evento custará 18 milhões de patacas, menos dois milhões que no ano passado

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]al como descrito no Génesis, em Dezembro haverá luz. A dirigente máxima da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, anunciou a abertura da terceira edição do Festival de Luz de Macau. O evento começa no próximo dia 3 de Dezembro e decorre até ao final de Dezembro, todos os dias entre as 19 e as 22 horas.

Este ano, a produção estará a cargo de mais de uma centena de produtores inteiramente locais, com eventos a decorrer um pouco por toda a cidade sob o tema “Amor Macau”. Helena de Senna Fernandes explicou que o tema do festival foi escolhido devido ao período complicado que Macau atravessou depois da passagem do tufão Hato. “Houve muito sofrimento, mas também solidariedade entre diversos sector de Macau”, explicou a directora da DST que acrescentou que o festival celebrará os laços de fraternidade e amor entre todos.

No menu deste ano estão espectáculos de vídeo mapping, instalações luminosas, jogos interactivos, exposições em que a luz será o ingrediente principal, concertos de bandas locais e cinema ao ar livre. Os custos desta edição do festival são de 18 milhões de patacas, menos dois milhões do que na edição do ano anterior.

As Ruínas de São Paulo foram o palco escolhido para a cerimónia de abertura, intitulada “Desejo Feito debaixo das Estrelas”, que decorre no dia 3 de Dezembro, às 18h45. O mesmo local acolhe mais dois espectáculos de video mapping, onde serão projectadas luzes que interagem com o relevo do monumento em alusão à confluência de culturas, religiões e etnias que marcam o território. Em “Amor Ilimitado” a narrativa passa pela viagem da frota portuguesa, ligando a Rota da Seda a Macau. No outro espectáculo, “Amor Interligado”, os espectadores embarcam num jogo interactivo que lhes possibilita a participação nas projecções de luz nas Ruínas de São Paulo.

Lago de Luz

O ponto central do festival acontece no Lago Nam Van, onde será instalado o “Labirinto das Flores”, que irá ter várias configurações. O labirinto é um velho sonho de James Chu, presidente da Associação de Designers de Macau e um dos artistas que participa na exposição que a Casa Garden acolhe no âmbito do festival. Na tenda do Lago Nam Van serão projectadas imagens em luz, sendo permitido ao público participar com frases e haverá uma paragem de autocarro em holograma. Haverá ainda música, dança e jogos para públicos de todas as idades.

A fachada da Igreja de Santo António será palco para “O Farol da Guia da Vida”, com uma projecção que pretende aliar histórias de amor e os marcos históricos da igreja. Na Igreja de São Lázaro será projectado o espectáculo visual “Misericórdia e Amor para Todos”, numa experiência que junta a música à profusão de luzes.

A luz do festival vai também inundar a Freguesia de São Lázaro e as imediações do Jardim de Luís de Camões, enquanto que na zona das Casas-Museus da Taipa será montado um palco para concertos de bandas locais.

Helena de Senna Fernandes estima que esta edição do Festival de Luz de Macau tenha mais visitantes, ultrapassando os 200 mil registados no ano passado. O optimismo da directora do DST é justificado por o festival ter mais locais e elementos. Ao mesmo tempo, a líder dos serviços de turismo conta com o maior reconhecimento que o evento tem na sua terceira edição. “O programa deste ano integra a história e a cultura da cidade e queremos torná-lo num evento de marca de Macau”, conta Helena de Senna Fernandes.

Em simultâneo, a responsável máxima pelo turismo acrescenta que o Festival de Luz de Macau também pode beneficiar dos múltiplos eventos que acontecem ao longo do mês. Mais precisamente, a Maratona Internacional de Macau, que ocorre no mesmo dia da abertura do evento, o Festival Internacional de Cinema, o Festival de Compras de Macau, o Desfile Internacional de Macau, o Aniversário da RAEM, assim como a quadra natalícia que se avizinha.

Jardim iluminado

A Casa Garden recebe a exposição “A luz na alma – Exposição de Luz de Macau”, que conta com a participação de José Drummond, João Ó e James Chu.

“Este trabalho é um pouco a continuação de preocupações anteriores, com linhas de infinito que traçam metáforas sobre a vida, o amor e existência. A minha peça maior será muito proeminente porque obriga as pessoas a uma circulação especial dentro dela”, conta José Drummond. A obra em questão tem como título “There Is a Light That Never Goes Out”, em alusão à música dos britânicos The Smiths. A experiência imersiva é composta por uma coreografia de luzes projectadas “numa espécie de corredor que as pessoas atravessam”, ao som da música dos The Smiths reinventada pelo artista, ao ponto de ser praticamente irreconhecível.

José Drummond participa com mais duas peças em néon vermelho que funcionam como um antagonismo escrito. “Each man kills the things he loves”, de Oscar Wilde e “Find what you love and let it kill you” do poeta norte-americano Charles Bukowski.

James Chu, outro dos artistas convidados a expor na Casa Garden, aventurou-se pela primeira vez numa experiência de projecção de vídeo. No entanto, o novo elemento será adicionado num contexto familiar, um quadro abstracto de nuvens coloridas. “Vou usar o vídeo para tentar projectar uma ideia que tenho na mente em cima da pintura. É a primeira vez que faço algo assim, ainda estou no processo criativo mas está a ser muito excitante”, conta o artista.

Apesar de não ter concluído o trabalho, e de confessar que ainda não está satisfeito com os resultados alcançados até agora, James Chu tem tempo até à abertura do Festival de Luz de Macau.

23 Nov 2017

Filmes de Pang Ho-Cheung em exibição esta semana na Cinemateca

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Festival Internacional de Cinema de Macau só começa em Dezembro, mas, entretanto, já se faz sentir no território. Exemplo disso é o ciclo que decorre na Cinemateca desde ontem, dedicado ao realizador Pang Ho-Cheung.

Depois de “Love Puff”, exibido ontem, amanhã é dia de apresentar “Isabella”.

O filme passa-se em Macau, na véspera da transferência de administração e conta a história de um polícia local, Shing, que está a atravessar um mau momento na vida e a ser investigado por crimes de corrupção. Para se animar, vai à procura de consolo feminino e conhece Yan, a filha que não sabia que tinha. Com o novo papel de pai, Shin tem agora de lidar com a relação homossexual de Yan e com os abusos que sofre por parte de um colega de trabalho. Resta saber se pai e filha se conseguem reconhecer como tal.

“Isabella” ganhou o Urso de Prata no 56.º Festival de Cinema de Berlim.

Sexta-feira é dia de “You shoot, I shoot”. O filme passa-se na vizinha Hong Kong. Numa cidade superpopulosa, em que o espaço, escasso, é palco de pequenas conquistas diárias e gerador de ódios e conflitos, os serviços de assassinato profissionais estão em boa maré de negócio. É o caso de Bart que investe o que ganha com as encomendas de morte no mercado imobiliário. No entanto a crise aparece, Bart começa a ter menos propostas de trabalho e as rendas do aluguer de casas também descem. Em Hong Kong, apenas as mulheres mais ricas começam a ter possibilidades de contratar assassinos. Bart dedica-se agora a este mercado.

Pang Ho-Cheung é um argumentista e realizador de Hong Kong que tem na carreira, não só múltiplas produções, como prémios internacionais e, este ano, é convidado para dirigir uma masterclass promovida pelo Festival de Cinema de Macau.

O ciclo conta com entrada livre e as projecções são às 15h30.

22 Nov 2017

Festival de Cinema | Já são conhecidos dez dos 11 filmes em competição

Dramas familiares, histórias reais e surrealismos de guerra são alguns dos temas que marcam a selecção de filmes em competição na 2ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. São na sua maioria filmes que marcam a estreia nas longas metragens dos seus realizadores. Todos de 2017, já passaram também pelos principais festivais de cinema internacionais e prometem marcar a diferença no evento local

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secção de competição da 2ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau abre as hostes, a 9 de Setembro, com a “história por contar” dos tenistas Björn Borg e Joe McEnroe. A produção sueca do realizador galardoado pela crítica em Cannes com o filme “Armadillo” em 2010, Janus Metz, traz ao ecrã do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau o drama dos bastidores do campeonato de Wimbledon de 1980. Björn Borg, à conquista do quinto título mundial está exausto. Borg e John McEnroe confrontam-se no campo, mas nos balneários só são compreendidos por aquele que é o seu maior inimigo.

O dia continua com o filme galardoado pelo público na secção da crítica de Cannes deste ano. Trata-se de “Hunting Season” , a primeira longa metragem de Natalia Garagiola. A película conta a história de Nahuel que regressa a casa do pai, Ernesto, um respeitado caçador da Patagónia argentina. Nahuel é acolhido numa nova família que o despreza e está agora com um pai que o abandonou e não traz boas memórias do passado onde o filho se insere. É, no entanto, numa caçada que os dois, sozinhos na imensa Patagónia, têm oportunidade de se reencontrar.

O sábado de competição fecha com o filme do alemão Jan Zabeil “Three Peaks”. A película trata de um drama familiar. Aeron vive com Lea e o seu filho de oito anos, Tristan, com quem não consegue construir uma relação. A esperança mora numas férias nas Dolomitas italianas. A ideia é que este tempo possa representar um ponto de partida para uma nova vida e uma nova vivência familiar. No entanto, e apesar dos esforços de Aaron, Tristan continua leal ao pai biológico. É num passeio entre os dois, dentro de mais uma tentativa de aproximação, que a situação começa a ganhar outro rumo, quando Aaron e Tristan, devido ao nevoeiro, se perdem um do outro.

Das minas à pastelaria

O dia seguinte começa com a projecção de “Wrath of silence” do realizador natural da Mongólia Interior, Yukun Xin. Xin explora, em “Wrath of silence”, não só o drama de um pai que procura o filho desaparecido como o submundo ligado à corrupção da exploração mineira. Depois de saber que o filho não voltou a casa após dois dias no campo a guardar ovelhas, o mineiro Zhang Baomin decide voltar à aldeia para o procurar. As dificuldades são muitas. A população não se mostra com vontade de ajudar a encontrar a criança desaparecida e, sem desistir, Zhang acaba por se confrontar com os perigos e os negócios que determinam a exploração mineira.

O fim-de semana termina com “The Cakemaker”. Trata-se de uma produção israelita a cargo do realizador Ofir Raul Graizer. Em “The Cakemaker”, Thomas, um jovem padeiro alemão que gere uma pastelaria em Berlim, tem um caso com Oren, um homem casado de Israel que vai frequentemente à Alemanha em negócios. Quando Oren morre, vítima de um acidente em Israel, Thomas viaja para Jerusalém à procura de respostas. Sem dar a conhecer a natureza da relação que mantinha com Oren, Thomas começa a trabalhar para Anat, a viúva, e consegue com a perícia que traz de Berlim, revitalizar o negócio de biscoitos tradicionais. Mas, a relação entre Thomas e Anat não se fica por aqui. “The cakemaker é a primeira longa metragem de Ofir Raul Graizer, o realizador que trabalha entre a Alemanha e Israel e teve a sua estreia galardoada com o “Ecumenical Jury Award” no Karlovy Vary International Film Festival, na Répública Checa.

Tragédias entre a Índia e Inglaterra

A segunda-feira abre com uma adaptação de uma peça de Shakespeare a uma família de elite indiana. A protagonista é a viúva Tulsi Joshi que tem o filho prestes a casar com uma descendente da família Ahuja. Com a união, fica concretizada a associação de duas famílias de negócios. Mas o filho de Tulsi Joshi acaba por ser encontrado morto antes da cerimónia, e aparentemente a causa seria o suicídio. Tulsi não se conforma e dois anos mais tarde trata de se casar ela com um herdeiro da família Ahuja. O objectivo: ir à procura da verdade acerca da morte do filho e vingar-se a qualquer preço.

O filme é “The Hungry” e conta com a realização da realizadora natural de Cálcutá, Bornila Chatterjee. “The Hungry” é a segunda longa metragem de Chatterjee e teve a estreia destacada como apresentação especial no Toronto International Film Festival, em Setembro.

No mesmo dia, mas ao serão, vai ser exibido no grande ecrã “Beast” do britânico Michael Pearce. Moll Huntford é uma jovem de 27 que vive na ilha de Jersey, ao largo da costa da Inglaterra. Moll ainda está em casa dos pais e teve o crescimento marcado por uma mãe dominadora e uma educação sem liberdade, principalmente depois de ter sofrido um acidente na adolescência. Mas Moll apaixona-se por um estranho e misterioso individuo, Pascal. Quando a vida parece estar a mudar, é encontrado um corpo na ilha, a quarta vítima de um assassino em série, e Pascal é o principal suspeito. É mais uma vez uma primeira longa metragem do realizador, já com créditos ganhos nos BAFTA e que viu a sua estreia na secção “Plataforma” Toronto International Film Festival deste ano.

Divórcios e surrealismos

O dia 12 de Dezembro traz à tela mais duas películas em competição. “Custody” de Xavier Legrand é um outro drama familiar vindo de França que trata, desta feita, da luta de uma mãe pela custódia do filho após o divórcio. O argumento é que a criança pode correr o risco de ser abusada pelo pai. Como em dramas do género, a criança vê-se numa luta que não é a dela e acaba por ser refém dos desentendimentos entre os pais. O realizador Xavier Legrand é conhecido pelo seu trabalho de actor de teatro, mas em “Custody”, a sua primeira longa metragem, foi já galardoado com o prémio de melhor realizador no Festival de Veneza no passado mês de Setembro.

“Foxtrot” traz ao ecrã uma abordagem com toques de surrealismo. Michael e Dafna são um casal devastado pela tristeza causada pelas mortes na guerra dos seus familiares. Agora foi a vez do filho. No entanto, com Dafna sedada, Michael começa a duvidar da morte do filho. O filme é do israelita Samuel Maoz que aos 13 aos já filmava em 8mm. Aos 18 anos contava com vários filmes feitos quando foi obrigado a integrar o exército e destacado para  a guerra no Líbano. O seu primeiro filme, “Lebannon” ganhou, em 2009 o Leão de Ouro em Veneza e “Foxtrot” arrecadou, este ano, o prémio do júri no mesmo evento.

A secção de competição termina a apresentação a 13 de Dezembro com “My Pure Land” de Sarmad Masud. Tal como o filme que abre a secção, trata-se mais uma vez de uma película baseada em factos reais.

No Paquistão, Nazo juntamente com a mãe e uma irmã são forçadas a defender a sua casa depois da prisão do pai. Estas mulheres vêm-se cercadas por milícias, que a mando do tio, querem reaver as terras da família. Nazo não se rende.

22 Nov 2017

Exposição | Luzes da cidade regressam ao lago Nam Van

Fotografa as luzes de Macau, Taiwan e Hong Kong, e depois de uma pequena exposição no Café Terra, Tang Kuok Hou expõe no espaço criativo junto ao lago Nam Van até ao final de Dezembro. Uma oportunidade de trabalhar “com uma equipa profissional”, salienta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotógrafo Tang Kuok Hou, um dos fundadores da Associação de Arte e Cultura Comuna de Dialecto, volta a expor o seu trabalho, desta vez no café do Instituto de Formação Turística, junto ao lago Nam Van. As fotografias das luzes cintilantes do território, bem como das regiões de Taiwan e de Hong Kong, voltam a revelar-se ao público em “Fotossíntese”, depois de uma exposição no Café Terra.

As duas exposições são semelhantes mas, ao mesmo tempo, diferentes. “Esta exposição é sobre luzes artificiais e trata-se de um trabalho que comecei a expor há três anos. Desta vez combinei as luzes artificiais com o ambiente à volta, e as pessoas também”, contou ao HM.

“É ligeiramente diferente da anterior, porque no Café Terra expus imagens tiradas entre 2015 e 2016. Aqui já mostro imagens que tirei a partir desse ano. O público poderá encontrar alguma ligação entre as duas mostras”, acrescentou.

Tang Kuok Hou, que se licenciou em Sociologia na Universidade de Macau, revela que esta exposição permitiu-lhe relacionar a fotografia com a sua área de estudos.

“Agradeço imenso que tenha sido convidado para apresentar este projecto no espaço junto aos lagos Nam Van, onde pude combinar o meu projecto com os meus conhecimentos na área da sociologia. É uma experiência muito interessante poder participar com uma equipa profissional neste espaço.”

Assumindo que as pessoas não são o ponto fulcral do seu trabalho, Tang Kuok Hou confessou que, neste caso, fugiu um pouco à regra.

“As luzes revelam algo interessante, é como um espectáculo que se mostra às pessoas. Grande parte das minhas fotografias não contêm pessoas, mas acabamos por descobri-las na cidade. Essa é a grande ideia por detrás do meu projecto”, revelou.

Do artificialismo

Numa entrevista recente ao HM, o fotógrafo falou do poder do artificialismo urbano e da paisagem que não vem da mãe natureza.

“Os espaços artificiais são um dos principais indicadores de como vivemos na nossa sociedade e de como orientamos o desenvolvimento de uma geração futura. A questão dos espaços artificiais levanta também o problema de como preparamos as próximas gerações”, apontou.

Relativamente a Macau, Tang Kuok Hou defendeu que “existe um padrão entre paisagens artificiais e naturais”. “Não podemos estabelecer estas duas áreas como se fossem a preto e branco ou estanques e separadas, nem podemos pensar nesta dicotomia como uma divisão entre o que é bom e o que não é. Num espaço natural, por exemplo, não vamos encontrar forma de desenvolver uma sociedade”, considerou.

21 Nov 2017

Óbito | Morreu Malcolm Young, guitarrista e co-fundador dos AC/DC

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]alcolm Young, guitarrista e co-fundador do grupo de rock AC/DC, morreu sábado aos 64 anos, vítima de doença prolongada, anunciou a banda, fundada na Austrália em 1973, na sua página na Internet.

“Com profunda tristeza, anunciamos o falecimento de Malcolm Young”, lê-se na nota, que lembra que o guitarrista co-fundou a banda com o irmão Angus, salientando a “enorme dedicação e compromisso” que sempre mostrou com o grupo.

“Como guitarrista, compositor e visionário, foi um perfeccionista e um homem único. Sempre defendeu os seus pontos de vista e fez e disse exactamente o que quis. Tinha muito orgulho em tudo o que fez e a lealdade para com os fãs era inultrapassável”, acrescenta a nota dos AC/DC, escrita por pelo próprio Angus Young.

No comunicado, em que surge Malcolm numa fotografia sentado ao lado de um amplificador tendo ao colo a “sua” guitarra “Gibson Les Paul”, Angus refere que, como irmão, é-lhe “difícil expressar em palavras o que significou o irmão para a sua vida, “uma vez que a ligação entre ambos era “única e muito especial”.

“Deixa para trás um enorme legado que irá perdurar para sempre”, considerou Angus, que termina a nota com um simples “Malcolm, belo trabalho”.

Nascido na cidade escocesa de Glasgow, Malcolm e Angus criaram a banda em 1973, em Sidney, na Austrália.

20 Nov 2017

Lisboa | Livros do Oriente apresenta duas novas edições

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro volume de textos do sinólogo Manuel da Silva Mendes (1867-1931), que se fixou em Macau, no início do século XX, e “O Silêncio dos Céus”, de Fernando Sobral, que tem Macau por cenário, em 1851, são dois novos títulos dos Livros do Oriente, publicados a semana passada.

O livro “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” reúne todos os textos sobre arte, filosofia e religião, cultura e tradições chinesas, do advogado e juiz português, e inclui três ensaios sobre o autor, de António Aresta, Amadeu Gonçalves e Tiago Quadros. Esta edição surge quando se assinalam os 150 anos do nascimento do intelectual, em Vila Nova de Famalicão, que viveu em Macau de 1901 a 1931.

“O Silêncio dos Céus”, de Fernando Sobral, decorre no contexto das guerras de ópio, centrando-se nas conspirações, paixões, relações de amizade e de ódio que rodeiam uma tentativa de independência de Macau.

“Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” é apresentado em Lisboa, esta segunda-feira, a partir das 17:30, pelo investigador António Aresta, na Delegação Económica e Comercial de Macau.

20 Nov 2017

Literatura | Escritor Sergio Ramírez vence Prémio Cervantes 2017

Sérgio Ramírez, ex-vice-presidente da Nicarágua, é o vencedor da edição deste ano do prémio Cervantes, o mais importante da literatura hispânica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor nicaraguense Sergio Ramírez venceu o Prémio Cervantes 2017, no valor de 125.000 euros, o mais importante galardão da literatura hispânica, anunciou ontem o ministro espanhol da Educação, Cultura e Desporto, Íñigo Méndez de Vigo.

Nascido em 1942, em Masatepe, a 50 quilómetros de Manágua, Sergio Ramírez venceu o Prémio Alfaguara de Romance com “Margarita, está lindo o mar”, em 1998, obra publicada em Portugal pela Difel, numa tradução de Helena Pitta.

Do autor está também publicado em Portugal “Tiveste Medo do Sangue?”, romance publicado pela Editorial Caminho, em 1989, numa tradução de Manuel Ruas.

Sergio Ramirez foi vice-presidente da Nicarágua no primeiro Governo sandinista (1979-1990).

A agência noticiosa espanhola, Efe, refere que, com a atribuição do prémio ao nicaraguense Sergio Ramírez, volta a cumprir o princípio, não escrito, de que o galardão é atribuído alternadamente entre um autor espanhol e um latino-americano.

No ano passado, o vencedor foi o espanhol Eduardo Mendoza, nascido em Barcelona, em 1943.

Entre títulos originais de Sergio Ramírez, disponíveis no mercado livreiro português, contam-se “La manzana de oro. Ensayos sobre literatura”, “Antologia personal. 50 anos de cuentos” e “Cuentos completos”, assim como os romances “Flores oscuras”, “La Fugitiva”, “El cielo llora por mi” e “Sara”, publicados pela Alfaguara espanhola.

Outras obras

Ramírez é também autor, entre outras obras, de “El viejo arte de mentir”, “Mil y una muertes”, “Sombras nada más”, “El reyno animal”, “Catalina y Catalina”, “Cuando todos hablamos” e “Adiós, muchachos”, relato da revolução sandinista da Nicarágua.

O Prémio Cervantes foi criado em 1975, pelo Ministério da Cultura de Espanha, com o intuito de reconhecer a carreira de um escritor que, com todo o seu trabalho, contribuiu para enriquecer o legado literário hispânico.

O poeta espanhol Jorge Guillén foi o primeiro distinguido, em 1976, seguindo-se o cubano Alejo Carpentier, os espanhóis Damaso Alonso e Gerardo Diego, o argentino Jorge Luis Borges e o uruguaio Juan Carlos Onetti.

Entre os distinguidos contam-se também Maria Zambrano, Octavio Paz, Rafael Alberti, Ana María Matute, Gonzalo Torrente Ballester, Ernesto Sábato, Carlos Fuentes, Juan Marsé e Juan Goytisolo.

20 Nov 2017

Restaurante Fado com novo menu marcado pelos paladares da quadra festiva

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] restaurante Fado, no Hotel Royal Macau, serve a quadra natalícia à mesa revestindo os sabores tradicionais da consoada e passagem de ano com o requinte que transforma uma refeição em algo mais do que isso. Sob a batuta do Chef Luís Américo, o novo menu do Fado transporta para Macau os paladares que preenchem a época que se avizinha.

“A ideia deste menu foi pegar nos ingredientes que são tradicionais da noite de natal e da  passagem de ano, esse foi o mote, percorrer aquelas iguarias que são habituais nesse período”, conta o Chef Renato Santos, co-autor do menu.

O banquete inicia-se com um pequeno iogurte de camarão, uma entrada fresca e suave para abrir as hostilidades. “A ideia do iogurte é jogar com as duas texturas, o creme e o tártaro, à qual se alia a alusão ao final do ano com o marisco”, descreve o Chef.

A segunda entrada é o polvo assado, servido com areia de cebola, chutney de pimentos assados e chicória. Começa o passeio de paladares pelos conceitos que preenchem uma típica mesa de noite natalícia. Apesar do creme de pimentos assados aludir ao tradicional polvo grelhado, a alface chicória confere à entrada a frescura e o equilíbrio necessário para contrabalançar o peso do polvo.

Rei Bacalhau

O primeiro prato da refeição, como não poderia deixar de ser tratando-se de um natal à portuguesa, é o bacalhau, reinterpretado pelos cozinheiros do Fado. Apesar do prato ter um twist moderno, tanto no paladar como na apresentação, reúne todos os elementos do tradicional bacalhau de consoada. O peixe vem acompanhado por hortaliças, com couve local, um cremoso puré de batata, cenoura e azeite.

De seguida é servido o carré de borrego e roupa velha de alheira. “Um conceito que  a cultura local não deve conhecer, mas que os portugueses compreendem bem”, explica Renato Santos. A ideia por detrás deste prato foi aliar a ideia da roupa velha com um típico prato nobre da noite de consoada.

Para terminar em beleza, o Fado propõe uma aletria com cardamomo, granola de frutos secos e gelado de uvas passas. “As pastas nascem aqui na Ásia e achámos que seria interessante fazer uma sobremesa que tivesse um bocadinho dessa influência asiática à qual juntámos o sorvete de uvas passas e uma granola com frutos secos, tudo o que tem a ver com o natal”, revela Renato Santos. A conjugação de todos os pratos é bastante equilibrada, trazendo para a mesa do Fado todo o requinte dos sabores tradicionais do Natal.

20 Nov 2017

Exposição | “Macau Bom Design” apresentada em Berlim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC), em parceria com o Centro Cultural da China em Berlim e com a Associação dos Designers de Macau, inaugura hoje, em Berlim, Alemanha, a exposição “Macau Bom Design 2017”. Trata-se, segundo um comunicado do IC, de uma “extensão da exposição de Macau na Bienal de Artes Visuais de Hong Kong e Macau”, realizada o ano passado.

Segundo o IC, “a realização de exposições em diversos locais permite que o público de cada local possa aprofundar os seus conhecimentos sobre as artes visuais de Macau, impulsionando o desenvolvimento das diferentes formas de arte e promovendo o intercâmbio cultural entre diversos locais”.

A exposição “Macau Bom Design” inclui obras de design gráfico, animação e mapping em 3D, que “englobam principalmente elementos locais”, tais como “design de configuração e concepção de produtos de Macau, obras premiadas em edições anteriores da Bienal de Design de Macau, pinturas que retratam Macau da autoria do pintor britânico do séc. XIX, George Chinnery, e ainda espectáculos de mapping em 3D”.

A “Macau Bom Design 2017 – Exposição em Berlim” está patente de 18 a 30 de Novembro e apresenta “ao público alemão uma imagem humanística de Macau sob diferentes vertentes”.

 

 

17 Nov 2017

IC | Lançado livro das dinastias Ming e Qing sobre Matteo Ricci

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural lançou, em Xangai, um novo livro, intitulado “Documentos Chineses das dinastias Ming e Qing sobre Matteo Ricci”, da autoria de Tang Kaijian, docente da Universidade de Macau. A obra é fruto de uma parceria com a editora de clássicos chineses de Xangai.

Foi padre jesuíta, missionário na China, renascentista, cartógrafo. O homem que nasceu em Macerata, Itália, e que viria a falecer em Pequim, em 1610, deixou uma enorme obra que ainda hoje é alvo de estudos e de compilações. Na China, foi missionário durante o reinado da dinastia Ming, onde tinha o nome chinês de Li Madou, e onde foi o grande responsável pela introdução do catolicismo.

O Instituto Cultural (IC) acaba de publicar, com o apoio de uma editora de Xangai, mais um livro sobre o jesuíta, intitulado “Documentos Chineses das Dinastias Ming e Qing sobre Matteo Ricci”, da autoria de Tang Kaijian, docente da Universidade de Macau.

Segundo um comunicado no IC, trata-se de uma “colectânea de materiais históricos relativos aos estudos sobre Matteo Ricci provenientes de arquivos documentais das dinastias Ming e Qing”, estando dividido em seis partes, com “biografia, prefácio e posfácio, documentos públicos, artigos de opinião, poemas, cartas e artigos variados”.

O livro fala da vida de Matteo Ricci, relatando “acontecimentos concretos da sua vida na China”, além de apresentar “uma compilação do seu pensamento e repercussões e análise da sociedade chinesa”.

O conteúdo da obra inclui “mais de quatrocentos documentos de todo o tipo provenientes de bibliotecas de todo o mundo, de diferentes bases de dados e colecções privadas”. O livro “procura reunir materiais de Matteo Ricci já publicados e traduzidos do italiano e de outras línguas ocidentais com registos do missionário em língua chinesa, a fim de permitir uma compreensão mais clara e precisa de Matteo Ricci e da sua época”, explica o comunicado do IC.

Das dificuldades

Reunir e analisar a obra de Matteo Ricci não tem sido fácil nos últimos anos, como denota o IC.

“Uma dificuldade recorrente no passado era o facto de, por um lado, os académicos do ocidente não terem capacidade de compreender na totalidade e tirar pleno proveito dos materiais de Matteo Ricci escritos em língua chinesa.”

Além disso, “os académicos orientais deparavam-se com os mesmos obstáculos relativamente aos materiais do missionário redigidos em línguas ocidentais”.

Tang Kaijian, o autor da obra, dá aulas no departamento de história da UM, sendo também orientador dos cursos de doutoramento. Dedica-se ao estudo da história de Macau, debruçando-se também sobre a história do catolicismo na China.

O académico já publicou um total de 21 obras e recebeu mais de dez prémios na sua área nas regiões de Cantão, Gansu e Macau. “Graças ao seu notável contributo para o estudo da história e cultura francesas, em 2009 foi galardoado com o título de Chevalier de L’Ordre des Palmes Académiques, sendo o primeiro académico das regiões de Macau e Hong Kong a receber tal honra”, explica o IC.

17 Nov 2017

Festival de Gastronomia | Ausência da comida macaense e portuguesa

Macau transformou-se na Cidade Criativa da UNESCO na área da gastronomia, mas a 17ª edição do Festival de Gastronomia continua a pecar pela falta de representatividade de restaurantes genuinamente portugueses e macaenses. Luís Machado, da Confraria da Gastronomia Macaense, diz que é “lamentável”

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o Festival de Gastronomia há minchi, mas num espaço reservado a um restaurante de matriz chinesa que diz servir, entre outras receitas, pratos portugueses. Tem, inclusivamente, o símbolo da bandeira portuguesa no toldo, apesar do minchi ser um prato exclusivamente macaense.

Ao lado há lagosta viva e um sabor português aqui e ali, mas são poucos os restaurantes portugueses representados num dos eventos mais importantes de Macau. Quanto à gastronomia macaense, pura e simplesmente não existe. 

No festival, há espaço para que os sabores do sushi e outros pratos se mostrem ao público na “Vila Japonesa”. Há também lugar para a “Rua dos Restaurantes Chineses”, a “Rua da Gastronomia Asiática”, a “Rua da Gastronomia Europeia”, a “Rua dos Sabores Locais” e a “Rua dos Doces”. Há comida indiana, tailandesa, chinesa e coreana.

Luís Machado, presidente da Confraria da Gastronomia Macaense, diz “lamentar” a ausência da cozinha tipicamente macaense no ano em que o território foi reconhecido como Cidade Criativa da UNESCO na área da gastronomia.

“O ano passado a Fundação Macau (FM) deu dez milhões de patacas. Estamos a falar de uma feira de gastronomia e não há sequer uma aproximação à gastronomia macaense, que é a mais antiga e que tem sido o motor de todas estas campanhas. É à custa da gastronomia macaense que o turismo de Macau tem feito estas campanhas, mas depois quando aparece uma feira destas nem há acesso às pessoas que fazem a comida macaense. É de lamentar. É muito triste”, disse ao HM.

Apesar do evento contar com o apoio da Direcção dos Serviços de Turismo e da FM, que o financia, a organização é privada, estando nas mãos da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau, presidida pelo deputado e empresário Chan Chak Mo. Há também a colaboração da Associação de Operários Iam Sek Ip Kong Vui de Macau, da Associação dos Trabalhadores da Comunicação Social de Macau, da Associação de Cozinha de Macau e da Associação de Empregados de Restaurantes e Padarias de Macau.

Luís Machado lança críticas ao alegado favorecimento que é dado a Chan Chak Mo. “O senhor Chan Chak Mo é que é o dono disto tudo, e o resto é paisagem. É Macau”, frisou.

Apesar de este ser o 17º ano em que o Festival de Gastronomia se realiza junto à Torre de Macau, a verdade é que a comida macaense nunca esteve devidamente representada, apesar de existirem alguns restaurantes tradicionais em Macau, como é o caso de O Litoral e A Lorcha.

“Há todo o tipo de gastronomia da Ásia, e a gastronomia macaense, que é a mais importante de todas nesta zona, que tem 500 anos de história, não tem sequer uma barraca. É assim há anos, não é de hoje. Nunca houve uma preocupação, e isto porque é uma entidade privada que organiza”, acrescentou Luís Machado.

Difícil entrada

Garantir a presença no Festival de Gastronomia não é fácil. Há um sorteio e uma lista de espera porque o lugar é apetecível ao negócio, ajuda a fazer publicidade à casa. A organização concede dez mil patacas a cada restaurante que participe, dinheiro que vem do patrocínio. Cada empresa tem que pagar 3.500 patacas para participar.

Luís Machado sabe de pessoas que “pediram para abrir um espaço e não conseguiram”. “[A organização] não deu sequer explicações”, adiantou.

Também Félix Dias, um dos oito sócios do restaurante King’s Lobster, confirma a dificuldade em obter um espaço na praça Sai Van e a ausência de uma representatividade da comida portuguesa e macaense.

“Este é o segundo ano em que participamos e acho que faltam muitos [restaurantes portugueses e macaenses]. Este ano tornámo-nos na cidade criativa da UNESCO na área da gastronomia, temos tanta cultura portuguesa e macaense, e não vejo muita presença no festival. Nós servimos comida ocidental e alguns pratos portugueses. Há o Pinochio, a Toca, e não há mais. Não sei se é porque os chineses gostam mais de comida portuguesa, não sei”, contou ao HM.

No espaço do King’s Lobster, o grande atractivo são as lagostas, vivas mesmo à frente do cliente, que pode depois ver a sua confecção. Na opinião de Félix Dias, foi esse o ponto diferenciador que os fez entrar no festival.

“Fizeram um sorteio. Somos o único restaurante que temos lagostas vivas e que as preparamos à frente do cliente. Já temos fama. Abrimos o restaurante em Janeiro deste ano, mas o ano passado já estávamos no festival. Funcionou como marketing.”

Fernando Sousa Marques, um nome habitual no Festival de Gastronomia é, este ano, o único com um restaurante cem por cento português a marcar presença – A Toca.

“Claro que há lá restaurantes com licença de comida portuguesa, mas não são portugueses cem por cento. Acho que poderia haver uma maior presença. Não é fácil. É muita gente a querer entrar, muitos restaurantes a querer participar e não chega para todos”, defendeu ao HM.

O empresário do sector da restauração recorda uma participação da Casa de Portugal em Macau (CPM) numa das edições do Festival de Gastronomia que saiu gorada.

“Todos os restaurantes que a CPM tivesse convidado teriam tido sucesso até hoje, mas não foi o caso. A única pessoa que se manteve estes anos todos fui eu. [A participação] corre bem em termos de publicidade para a casa, para o negócio e também para o nome de Portugal, que está presente.”

Fernando Sousa Marques não consegue, contudo, apontar o dedo à organização. “O festival tem sempre uma organização boa, com regras. Este ano mandaram fazer um seguro para o stand, o que não era feito nos outros anos. Tem melhorado todos os anos”, concluiu.

Mudar? É difícil

Luc, proprietário do Pho Vietnam Paris, participa este ano porque venceu um concurso o ano passado, graças às tradicionais sopas vietnamitas e aos rolos com camarão, contou ao HM. Apesar de ter tido o privilégio de ter um espaço no Festival de Gastronomia, Luc disse lamentar que não estejam mais restaurantes portugueses e macaenses representados.

O HM contactou Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, no sentido de perceber se é possível intervir na forma como são seleccionados os restaurantes participantes. Contudo, a responsável disse ser necessário analisar a questão.

“Todos os anos há sempre muitos restaurantes de Macau e de fora que querem participar. Neste momento a forma como é feita a gestão é fruto de uma experiência anterior, é uma tentativa para haver mais justiça para todos aqueles que se candidatam. É difícil para o Governo estar a condicionar. Outros podem reclamar. Tem de ser muito bem estudada (essa hipótese).”

Helena de Senna Fernandes referiu ainda desconhecer as razões concretas para a ausência da comida portuguesa e macaense.

“A associação abre a oportunidade para que os restaurantes de Macau possam aderir de livre vontade. Não sei se é porque não houve muitas candidaturas por parte dos restaurantes portugueses ou se é por outra razão. Não domino e não posso responder com certeza. Mas é sempre bom ter diferentes tipos de comida para que os nossos residentes e turistas possam experimentar”, adiantou.

O HM tentou falar com o deputado e empresário Chan Chak Mo, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.

16 Nov 2017