Victoria Willing, filha da pintora Paula Rego: “É tão bom vir à China falar sobre a minha mãe”

Veio a Macau com a missão de representar Paula Rego, escolhida como “madrinha” da primeira bienal internacional de mulheres artistas. Em entrevista ao HM, Victoria Willing fala da mãe e da pintora, mas também da importância de as mulheres serem levadas a sério, nas artes e na vida

[dropcap]P[/dropcap]aula Rego foi escolhida como madrinha da primeira bienal internacional de mulheres. Como surgiu o convite? Qual o significado de que se reveste?
Não sei por que razão a escolheram. Foi a primeira vez que ouvimos esse termo aplicado a uma exposição de arte mas é, mais ou menos, como se fosse convidada de honra. Ela achou muito interessante por ser uma exposição só de mulheres, embora goste de ter a mistura de mulheres e homens.

Faz sentido actualmente uma bienal internacional dedicada exclusivamente ao sexo feminino?
Eu acho muito importante hoje em dia que haja uma certa discriminação positiva para levantar a representação das mulheres, especialmente para mostrar que, sejam homens ou mulheres, artistas são artistas. Isto é um grande exemplo da arte que, por acaso, é feita por mulheres. A minha mãe passou muitos anos a tentar entrar pelas portas das galerias para conseguir uma exposição. Ia com as fotografias das pinturas – nem um catálogo era – e as pessoas, como ela já contou muitas vezes, viravam o rosto para o lado e falavam com colegas ao mesmo tempo e diziam ‘não obrigada’. Ser mulher fez parte disso nesses tempos em Londres. Em Portugal ela já vendia, porque Portugal foi sempre muito mais aberto às artes plásticas do que os ingleses, que tinham muitas regras. Portanto, foi preciso muito até conseguir, porque quem entrava eram os grandes homens, como Francis Bacon ou o Lucian Freud. A arte é como tudo na vida: há a ideia de que os homens têm mais valor do que as mulheres, ao ponto de eles receberem mais do que elas, mesmo sendo contra a lei. É um crime. Neste momento, acho muito importante haver um palco que dá exposição às mulheres, mas talvez haja muitas mulheres a achar [a discriminação positiva] uma coisa muito má. Eu acho que faz sentido a discriminação positiva por causa do nível do trabalho. Não estamos a falar de algo como ‘vamos dar isto às mulherezinhas’ e depois elas podem ir embora, voltar para a cozinha outra vez, e os homens podem regressar. Isto não dá para ser assim, porque vê-se que o trabalho é sério e bom. Não estamos a falar de uma pinturazinha feita entre o jantar e as fraldas (risos).

Paula Rego vai estar representada por uma única pintura: “Nossa Senhora das Dores”, que integra a série baseada n’“A Relíquia” de Eça de Queiroz. Porquê este quadro?
Toda a gente me pergunta isso, mas não sei responder. Eu sabia que tinham escolhido este quadro para a exposição, mas não exactamente porquê. Suponho que existam várias razões, a começar por ser baseado no livro do Eça de Queiroz e, portanto, ser uma coisa portuguesa. Depois, porque é a história de uma pessoa que tenta encontrar uma coisa, que está em busca por algo e que, portanto, tem paralelo com os desafios das mulheres hoje em dia e com as tristezas da vida. Acho que as mulheres sofrem muito e [o quadro] mostra o sofrimento e também a solução. No sentido metafórico, podemos rezar. Demostra que há maneiras de resolver as tristezas, como o trabalho ou o amor. Por outro lado, [o “Nossa Senhora das Dores”] é o que [a galeria britânica] Marlborough Fine Art tinha para mandar numa altura em que os quadros estão a seguir para todo o lado, porque ela vai ter montes de exposições.

Ainda na semana passada, abriu uma mostra colectiva na Tate, em Londres, que Paula Rego também integra.
Sim. É ela com os homens, uau! Interessantemente, essa exposição, que reúne grandes do século XX e reserva uma sala só para a mãe [com cinco obras], tem uma última divisão que junta quatro artistas e que, por acaso, são todas mulheres. É um boa maneira de acabar a exposição, fecha com chave de ouro. Isto também é o futuro – faz tudo parte das mulheres serem levadas a sério, não só nas artes, em tudo.

Os quadros viajam mais do que a pintora. Paula Rego nunca esteve na China…
Nunca esteve nem nunca vai estar… Ela não pôde vir por causa da idade e também porque os médicos recomendam que não viaje devido ao problema do coração. Até quase não visita Portugal hoje em dia. Está mais frágil, mas está bem e tem a rotina dela: Trabalha quatro dias por semana e ainda vai ao estúdio e todos os sábados ao cinema. Ela está muito feliz por as pinturas poderem viajar o mundo e por estar representada numa exposição neste sítio que tem tantas ligações a Portugal e que, ao mesmo tempo, fica tão longe. Ela é muito aberta ao mundo e tem pena de não poder estar cá, mas também tem 83 anos, está cansada e não pode fazer tudo.

É a primeira vez que expõe na China?
Não. Ela no ano passado teve um quadro exposto em Xangai.

“‘A Dança’ [1988] foi o primeiro quadro que a minha mãe fez depois do meu pai morrer. É uma despedida. Fico muito emocionada quando vejo esse quadro.”
Quais são obras que mais gosta da sua mãe?
Eu gosto de algumas de que faço parte (risos). Gosto de “Dog Women” e muito de “Pillowman” que acho uma das obras grandes da minha mãe. Também d’ “Anjo” e d’ “A Dança”. “A Dança” [1988] foi o primeiro quadro que a minha mãe fez depois do meu pai morrer. É uma despedida. Fico muito emocionada quando vejo esse quadro.

Qual seria, na sua opinião, a melhor obra para introduzir um público a Paula Rego?
Diria “Anjo”, porque mostra uma pessoa fraca e forte, triste e cheia de vingança, humilde e zangada – tudo ao mesmo tempo. É cheio de contradições. E nem é só isso: tecnicamente aquela saia… Não sei como é que ela fez aquilo. Vê-se quase tudo em 3D. É incrível!

Como descreveria a sua mãe em poucas palavras?
Disciplinada, calorosa, gentil e muito teimosa. Gosta das coisas boas. Gosta de champanhe, por exemplo. O médico disse-lhe que pode beber um copo por dia, mas ela, às vezes, bebe dois. Adora os filhos e as netas mas ela não é uma pessoa de família. Aos homens não se perguntaria isso, não é? A vida dela é a arte. Sempre foi, desde os quatro anos. É uma grande artista. Às vezes, tem muito medo que não vá encontrar a história que está sempre à procura. Quando eu digo: ‘O que queres para o aniversário? Ela responde: ‘Quero ideias’. Eu pergunto: ‘Oh mãe, mas se não tiver ideias, queres um casaco?’

Os romances de Eça de Queiroz têm sido uma fonte de inspiração…
Sim, começou com “O Crime do Padre Amaro”, que tem a ver com a hipocrisia da igreja, e também há “O Primo Basílio”, por exemplo, que é fantástico, sobre uma mulher que se apaixona e que, inocente, não percebe como as mulheres são usadas. São boas histórias, fáceis de ler, com montes de personagens interessantes. A mãe é muito interessada por estas coisas e o Eça tem muitas dessas histórias. Ela continua a ler, está sempre a ler. Agora, está a ler [Émile] Zola. Antigamente, costumava fazer mais quadros só sobre situações da sua vida, representações com animais na pele de certas pessoas, inventar as suas próprias histórias, mas [cada vez mais] não inventa. Ela gosta de encontrar a história e ilustrá-la à sua maneira. Sempre foi, até certo ponto, uma ilustradora e sempre achou que as pessoas são um bocado snobes relativamente ilustração que ela considera uma arte muito importante.

Como é ser filha de Paula Rego? Tem algum impacto ou exerce influência na sua vida profissional, por exemplo?
Ninguém sabe que sou filha de Paula Rego. Não é o mesmo mundo, é completamente diferente. Aliás, não tenho o mesmo apelido. Tenho o do meu pai, que ninguém sabe que era pintor. Quando digo em Inglaterra que sou filha da Paula Rego ou dizem ‘uau, não acredito! Gosto tanto do trabalho dela’ ou nem sabem que ela é. Por exemplo, eu telefonei ao meu agente de teatro – estou com ele há dez anos – para lhe dizer que não ia estar lá esta semana, porque vinha representar a minha mãe e expliquei-lhe que ela é artista e que tem uma certa fama. Ele não sabia quem ela era. É um mundo diferente e nunca surgiu ocasião de dizer.

E como é estar a representar a sua mãe no outro lado do mundo?
É muito interessante. É tão bom ter a oportunidade de vir à China falar sobre a minha mãe. É fantástico. É a primeira vez, mais formalmente, que falo em nome da minha mãe. Como dizem os ingleses, hoje estou a usar outro chapéu. Tenho um chapéu diferente quando escrevo peças de teatro, outro quando vou fazer gravações de voz e quando não tenho trabalho nenhum e tenho que ir para um escritório a ganhar sete libras por hora também é outro chapéu. Vários chapéus.

Actualmente, escreve sobretudo peças de teatro?
Sim. Estou a tentar escrever uma, faço gravações de voz, de vez em quando, e fiz uma coisa para televisão há pouco tempo. Estive um ano a fazer uma peça chamada “The Curious Incident Of The Dog In The Night Time”, que deu no West End…. Foi bastante cansativo…

Nunca pensou ser pintora?
Não (risos). Acho que numa família dessas uma pessoa tem que ter talento. Consigo desenhar, mas não queria ser pintora. Não sou uma pessoa muito visual, sou mais de ouvido. Além disso, gosto de trabalhar com pessoas e, por isso, é que, às vezes, é difícil escrever as peças de teatro porque estou sozinha e prefiro estar em equipa. Eu também tinha que encontrar a minha coisa.

9 Mar 2018

Surrealismo | Marcelo Rebelo de Souza homenageou pintor Cruzeiro Seixas

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, homenageou hoje o artista plástico e poeta Cruzeiro Seixas e afirmou que, quando fizer o balanço do seu mandato presidencial, guardará este momento como um dos mais significativos.

“A minha visão de mandatos presidenciais é que são um somatório de momentos irrepetíveis, uns mais agradáveis de recordar, outros menos agradáveis de recordar. E ao fazer o balanço, imagine, dentro de anos, do mandato presidencial, haverá um dia, que é este dia, que guardarei como o dia que simboliza um momento particularmente importante do mandato”, declarou, dirigindo-se a Cruzeiro Seixas.

O chefe de Estado, que falava no Centro Português de Serigrafia, em Lisboa, durante uma cerimónia de homenagem e lançamento do catálogo de obra gráfica de Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas, que está com 97 anos, descreveu-o como “alguém que já é história, mas ainda faz história”, a quem agradeceu “por aquilo que tem dado a todos os portugueses”.

“A ironia do destino é o mestre estar aqui para poder apreciar a homenagem que lhe é prestada. Muitas vezes se diz que nós em Portugal homenageamos só por morte. Eu tenho tentado fazer o contrário, desmentindo esse aforismo”, referiu, acrescentando: “Mas, no seu caso, seria uma impossibilidade esperar pelo momento de o homenagear, porque é imortal”.

Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda a Cruzeiro Seixas que na transição dos anos 70 para os anos 80 do século passado se tornou “um leigo ignorante, mas seu admirador”, e observou: “Eu penso que isso também se compreende no quadro do surrealismo: entender que alguém pode admirar, ainda que não entendendo cabalmente. Começou aí, aliás, o meu tropismo afetivo, que é: onde outros viam a razão, eu chegava lá pelo afeto”.

O Presidente da República contestou a ideia de que “o surrealismo não foi intervenção”, defendendo que, pelo contrário, “foi profundamente interventivo na luta e na afirmação da liberdade” e que, portanto, “o mestre Cruzeiro Seixas foi um militante cívico”.

Por sua vez, Cruzeiro Seixas apontou os seus pais e Mário Cesariny como fundamentais no seu percurso, descreveu-se como alguém que sempre teve “a ideia de não ser um artista”, mas antes “um homem”, e recordou a sua oposição ao colonismo como “uma coisa que foi bonita”.

“A principal, a mais comovente das obras de arte é a liberdade”, sustentou, no final da sua intervenção.

Depois de ouvir Marcelo Rebelo de Sousa, Cruzeiro Seixas retomou a palavra para lhe agradecer, afirmando que “é mais do que um Presidente, é um amigo” e “alguém compreensivo, que sabe falar de coisas como poesia”.

Recentemente alguns quadros de Cruzeiro Seixas estiveram presentes em Macau, numa exposição no Clube Militar dedicada ao movimento surrealista português, e que foi promovida pela Associação para a Promoção das Actividades Culturais (APAC).

8 Mar 2018

Lançamento | Sellma Luanny apresenta hoje o livro “Poemas Matizados”

Sellma Luanny lança hoje na Fundação Rui Cunha “Poemas Matizados”. A obra, que reúne uma selecção de 117 poemas, tem a chancela da Livros do Oriente

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]rimeiro foi um desafio, depois um escape. Sellma Luanny despertou para a poesia na adolescência quando viu nas letras arrumadas em versos um desafio. “Comecei a aprender literatura na escola e queria aprender como se faziam estrofes, a contar a métrica, as rimas perfeitas…”. “Durante um período” ainda escreveu, mas as exigências da medicina (primeiro do curso, depois do exercício da profissão) não deixaram espaço para a poesia se desenvolver. “Esqueci-me completamente da poesia”, conta. O reencontro com os versos aconteceu recentemente e de forma inesperada. “Foi quando entrei nos meus 50 anos. A pré-menopausa foi a pior fase da minha vida. Foi uma altura emocionalmente problemática devido ao desequilíbrio hormonal, e acabei por ver na poesia um remédio, uma mesinha, um escape. A poesia veio até mim e eu procurei extravasar tudo nela”, diz ao HM a autora, natural do Brasil e a viver em Macau há três décadas.

Quando voltou à poesia fê-lo, sobretudo, em inglês, mas esse material permanece numa gaveta. “Nunca imaginei que fosse publicar, que teria talento para mostrar um dia a alguém. Pensei que, mesmo que chegasse a publicar, podia esconder-me atrás de um pseudónimo, para ninguém me reconhecer”, brinca Sellma Luanny. Foi só em finais de 2016, por ocasião do aniversário de uma grande amiga, e na véspera do seu, que regressou à língua materna. “Resolvi fazer uma poesia pelas duas e gostei do resultado. Desde então, passei a escrever em português. Comecei a mandar para a minha irmã, que tem sido a minha maior incentivadora, e ela começou a comentar cada poema, a dizer o que achava, o que sentia e eu fui guardando os versos”.

Das palavras aos actos passou somente no final do ano passado quando teve conhecimento do Congresso da União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos (UMEAL). “Um dos responsáveis era o Shee Va, que foi meu colega no hospital, entrei em contacto com ele e apresentei três poemas. Perguntei-lhe como seria para editar e ele apresentou-me ao Rogério Beltrão Coelho [da editora Livros do Oriente] que se interessou”. Assim nasceu “Poemas Matizados”, obra que reúne uma selecção de 117 poemas.

Tal como uma paleta de cores, os temas e os estados de espírito variam de poema para poema, o que propiciou o título. “Procurei dar vazão ao que vinha emocionalmente à minha mente. Os temas são variadíssimos. Escrevo muito sobre o universo e a natureza, sobre a minha visão do eu como ser humano, do que sinto relativamente a tudo”, relata.

Sem seguir escolas clássicas ou métricas, Sellma Luanny tem poemas longos, curtos e muito curtos. “Tentei fazer o exercício da poesia minimalista, da chamada Aldravia [que deriva da palavra aldrava, a argola de metal usada para se bater à porta), um movimento surgido no Brasil. A poesia é mínima. São seis versos, cada um com uma palavra ou vocábulo”, explica.

Métrica das palavras

Já o tom da sua poesia, que descreve como “introspectiva e não puramente descritiva”, é “misto”: “Há poemas mais alegres, até festivos, mas também melancólicos”.

Entre os “mais chegados ao coração” figura “Amigo”, preparado para o aniversário, mas que “praticamente abraça todos”, realça a autora. Em termos de proximidade, Sellma Luanny os poemas relacionados com a perda do irmão. “São-me muito próximos e preciosos”, conta.

Sendo a terra que acolheu naquele dia remoto há mais de 30 anos, Macau não podia ficar de fora da sua estreia pelo mundo da literatura, com “Em Cidade do Rio Das Pérolas” a deixar salientes os contrastes entre o passado e o presente da outrora pérola do oriente, pelo olhar de uma “meia-nativa”, “meia-alienígena”.

Fernando Pessoa e Florbela Espanca, de Portugal, ou Cecília Meireles, Gonçalves Dias e Vinicius de Moraes, do Brasil onde nasceu, figuram entre os poetas predilectos de Sellma Luanny que tem “sensações mistas” relativamente ao lançamento do primeiro livro.

“É uma mistura de ansiedade com expectativa e felicidade”.

A obra “Poemas Matizados”, com a chancela da Livros do Oriente, é lançada hoje pelas 18h30 na Fundação Rui Cunha. A apresentação fica a cargo de Shee Va.

8 Mar 2018

Livros | Lobo Antunes e Carmen Miranda para os mais novos

[dropcap]E[/dropcap]ntre as novidades literárias deste ano da Imprensa Nacional Casa da Moeda para 2018 estão as biografias ilustradas do escritor António Lobo Antunes e da artista Carmen Miranda, assim como um livro informativo sobre a águia-imperial-ibérica.

De acordo com o plano editorial divulgado, na colecção “Grandes Vidas Portuguesas” sairá uma biografia sobre António Lobo Antunes, escrita por Jorge Reis-Sá e ilustrada por Nicolau. Quanto à biografia de Carmen Miranda, é assinada por Tito Couto e ilustrada por Sofia Neto. As biografias do General Humberto Delgado é da autoria de José Jorge Letria, com ilustração a cargo de Richard Câmara.

Está também planeada, apesar de ainda não ter data de publicação, uma biografia em moldes semelhantes sobre Mário Soares.

À agência Lusa, o director de arte e coeditor das obras, André Letria, explicou que está prevista ainda a edição de livros informativos sobre a águia-imperial-ibérica, com texto de Carla Maia de Almeida e ilustração de Susa Monteiro, e sobre exemplos de etnografia portuguesa, dos caretos ao bordado de Castelo Branco, da autoria da antropóloga Vera Alves e da ilustradora Carolina Celas.

Desde 2014, a Imprensa Nacional tem investido na edição de livros para a infância e juventude, com grande destaque para a vertente visual.

“É uma forma de trabalhar com autores diferentes e prestar um serviço público com estes temas e estes ilustradores”, explicou André Letria, ilustrador, autor e editor.

O plano editorial para 2018 incluirá ainda um livro sobre a Biblioteca Nacional, escrito por Luísa Ducla Soares, ainda sem ilustrador definido, e outro de Pedro Vieira e André Letria, com histórias sobre o Diário da República, cuja origem, com outra designação, remonta ao século XIX.

A colecção infanto-juvenil da Imprensa Nacional reúne quase duas dezenas de títulos, a maioria já recomendada pelo Plano Nacional de Leitura.

7 Mar 2018

FAM | Cartaz assinala bicentenário do nascimento de Karl Marx

 

Foi ontem apresentado o cartaz do Festival de Artes de Macau (FAM) que vai decorrer entre 27 de Abril e 31 de Maio. Do teatro, à música, passando pela dança, a programação deste ano tem um pouco de tudo. Os bilhetes vão ser postos à venda a partir do próximo Domingo

É com a peça de teatro “Das Kapital”, uma nova versão do clássico de Karl Marx, que abre o pano do XXIX Festival de Artes de Macau (FAM). O espectáculo, levado à cena pelo Centro de Artes Dramáticas de Xangai, foi escolhido para assinalar o bicentenário do nascimento do filósofo alemão. A peça contem “elementos próprios de Macau, ilustrando as duas faces do capital, com recurso ao humor negro.”

O cartaz do FAM deste ano, apresentado ontem pelo Instituto Cultural (IC), é subordinado ao tema “origem”, como simbolismo de “fonte de vida” e apresenta 26 propostas de uma dezena de países e territórios, incluindo Reino Unido, Portugal, Alemanha, Israel, Japão ou Coreia do Sul, num total de mais de 100 eventos.

O FAM abre com teatro e fecha com dança. “13 Línguas” foi o espectáculo escolhido para o encerramento. Originalmente uma encomenda do Festival Internacional de Artes de Taiwan de 2016, “13 Línguas” chega este ano ao público de Macau pelas mãos da companhia Cloud Gate 2.

Entre os principais destaques do cartaz figuram “Mulheres de Tróia”, uma peça do mestre de teatro contemporâneo Tadashi Suzuki que mostra a miséria e a desolação do Japão no pós-guerra, bem como a adaptação d’ “O Processo”, a obra clássica de Franz Kafka, apresentada pela companhia sul-coreana Sadari Movement Laboratory. No mesmo domínio artístico, sobressai a “Acompanhante”, obra de Eisa Jocson, uma coreógrafa e bailarina das Filipinas, que explora o corpo feminino e a política de género.

A companhia Subject_to Change, do Reino Unido, apresenta o premiado “Lar Doce Lar”, desafiando os participantes a construir casas em cartão e a edificar uma cidade.

Outras propostas incluem uma adaptação da obra “A Noite Antes da Floresta”, do famoso dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès, apresentada pela Associação de Arte Teatral Dirks, em colaboração com uma encenadora irlandesa e a sua equipa internacional de actores; ou a co-produção “Júlia Irritada”, baseada na peça do dramaturgo sueco August Strindberg e representada, com um toque sarcástico, por actores de Macau e Singapura, que foi, aliás, um encomenda do FAM ao grupo de Singapura Nine Years Theatre.

Estaleiros e Migrantes em foco

Com Macau como pano de fundo, destaque para duas peças de teatro: “Pôr-do-Sol nos Estaleiros”, uma proposta da Dream Theater Association, que conta a história da indústria de construção naval do território, e “Migrações”, criada pelo Teatro Experimental que tem como protagonistas trabalhadores indonésios.

Há também, como é habitual, Teatro em Patuá, com o Grupo de Teatro Dóci Papiáçam di Macau a apresentar este ano “Qui di Tacho?” (Que é do Tacho?), à boleia da recente designação de Macau como “cidade gastronómica”, para ver nos dias 19 e 20 de Maio.

O teatro tem, de resto, lugar de relevo, em diferentes formatos: há teatro físico, por via do “Rua Vandenbranden, 32”, do conceituado grupo belga Peeping Tom; teatro-dança e instalação em “Murmúrio de Paisagem”, a cargo da Associação de Artes e Cultura Comuna de Pedra. De Portugal, chega “Parasomnia”, teatro imersivo com recurso a instalações de imagens e sons de Patrícia Portela que se baseou no ensaio incompleto “Sobre o sono, o despertar e a ausência de sonhos”, da autoria de Acácio Nobre. Ao programa do FAM junta-se ainda a nova produção da coreógrafa local Tracy Wong, “As Franjas Curiosas – Explosão da Caverna”, que combina dança, artes visuais e instalação.
“Esponja”, da companhia “Turned On Its Head” (Reino Unido) e “Quando Tudo Era Verde”, da The Key Theatre (Israel) entram na secção dos programas para a toda a família, a par com “À Procura da Memória”, da associação artística local Cai Fora, e a “Mostra de Espectáculos Ao Ar Livre”, que junta uma série de grupos, entre os quais a Casa de Portugal.

O FAM também revisita, como sempre, os clássicos das artes tradicionais: “O Sonho da Câmara Vermelha”, peça de ópera cantonense clássica, é uma das principais sugestões, a par com a “Mostra de Clássicos Chineses Quyi”, que apresenta os destaques dos últimos 200 anos da história da arte Quyi de Guangdong através de canções narrativas naamyam e da percussão baatyam.
O cartaz inclui ainda dois concertos (um do maestro escandinavo Henning Kraggerud e a Orquestra de Macau; e outro, de Fado, que junta o maestro Liu Sha e a Orquestra Chinesa de Macau) e uma exposição dedicada a Marc Chagall, um dos principais nomes do Modernismo.

“O Festival de Artes de Macau está mais diversificado e mais em contacto com a realidade, tendo expandido a escala do público-alvo, intensificando mais produções locais, manifestando ainda um papel mais relevante na cooperação e intercâmbio artístico, bem como na formação de talentos locais”, afirmou a presidente do IC, Mok Ian Ian.

O FAM conta com um orçamento de 22 milhões de patacas, menos três por cento relativamente à edição anterior. No entanto, Mok Ian Ian desvalorizou o corte. “Para aderir à política de utilização racional dos recursos financeiros, assumimos uma atitude prudente na gestão. Não obstante, a qualidade não será influenciada”.

Paralelamente ao festival propriamente dito decorre uma série de actividades, como ‘workshops’, palestras com artistas ou projecções de filmes. Ambos os programas encontram-se disponíveis em www.icm.gov.mo/fam

7 Mar 2018

Yang Yankang retrata o budismo tibetano em Lisboa

[dropcap style=’circle’] D [/dropcap] esde o passado dia 1 de Março que a Galeria Fidelidade Chiado 8, em Lisboa, acolhe a exposição de fotografia de Yang Yankang, intitulada “Espelhos de Alma”. A curadoria é do advogado e fotógrafo João Miguel Barros, que fala de uma obra que revela uma grande dimensão de religiosidade

 

Depois de ter levado o trabalho de Lu Nan a Portugal, João Miguel Barros voltou a apostar num outro fotógrafo chinês que, pela primeira vez, expõe em Lisboa e que promete mostrar aos portugueses as facetas do budismo tibetano. A exposição “Espelhos de Alma” estará patente até ao dia 4 de Maio na Galeria Fidelidade Chiado 8, em Lisboa.

Depois de ter levado o trabalho de Lu Nan a Portugal, João Miguel Barros voltou a apostar num outro fotógrafo chinês que, pela primeira vez, expõe em Lisboa e que promete mostrar aos portugueses as facetas do budismo tibetano. A exposição “Espelhos de Alma” estará patente até ao dia 4 de Maio na Galeria Fidelidade Chiado 8, em Lisboa.

A mostra reúne 40 fotografias a preto e branco, “ampliadas analogicamente e que estão centradas no budismo tibetano”, explicou João Miguel Barros ao HM.

As imagens “retratam diversos aspectos do quotidiano dos monges tibetanos, na sua fé e nos seus tempos livres. Mostram, ainda, aspectos vários de peregrinos nas suas viagens espirituais”. Na visão do curador, Yang Yankang “é um fotógrafo fantástico, com uma visão orientada para o culto e a fé”. “Refiro genericamente o culto, e não apenas na fé budista, porque ele tem um outro trabalho de grande fôlego centrado no Catolicismo na China, que espero ter a oportunidade de ajudar a divulgar”, acrescentou.

João Miguel Barros não tem dúvidas de que “a arte chinesa tem tido um crescendo de aceitação no ocidente, se bem que em Portugal, ao contrário de outros países europeus, não esteja nos lugares cimeiros de maior valorização”.

Abertura mútua

Em Portugal há ainda muitas ideias feitas em relação ao que é considerado arte chinesa. “Pensa-se quase sempre na porcelana ou nas pinturas a tinta da china, muita dela seguindo as mesmas técnicas e estruturas narrativas dos clássicos. Mas não é essa a que eu me refiro. Estou a pensar na arte contemporânea chinesa quer seja a pintura, a escultura, as instalações e, particularmente no que mais me interessa, a fotografia”, esclarece o curador e fotógrafo. “A arte contemporânea chinesa começou o seu processo de afirmação em décadas mais recentes, fruto da política de abertura das autoridades chinesas nos anos 70 do século passado, e que tem vindo a ter uma expressão enorme junto do público”, acrescenta.

No que diz respeito à fotografia contemporânea, “teve um nascimento mais tardio e não é ainda a forma de expressão artística mais significativa”.

João Miguel Barros garante que a mostra de Lu Nan “teve maior repercussão em Portugal, no sentido da sensibilização para a importância da fotografia chinesa”.

 

“O Espelho da Alma”

 

Uma conversa entre o artista Yang Yankang e o curador João Miguel Barros

 

Quando começou a fazer fotografia de forma continuada e profissional?

Comecei a entender fotografia através da revista “Fotografia Moderna”, em 1985, em Shenzhen, e tornei-me fotógrafo profissional em 1992.

 

Nos seus primeiros tempos como fotógrafo quais eram os objectivos que ambicionava concretizar? Eram já projectos relacionados com a fé e a religião?

Nessa altura queria apenas tirar as melhores fotografias; eu não tinha ambição nem objectivos a longo prazo. Através do sentimento e experiência adquiridos durante a minha jornada na fotografia, encontrei pessoas e motivos religiosos, que gradualmente fortaleceram a minha própria convicção. Ao obter alguns resultados, decidi concentrar-me em fotografar as 3 religiões principais. Utilizo a fotografia para interpretar a vida e o espírito de pessoas religiosas e, ao mesmo tempo, encontrar a minha própria fé.

 

Quem o influenciou nos seus primeiros trabalhos?

No início, fui influenciado por fotógrafos chineses como Hou Dengke, Hu Wugong, Pan Ke e outros grupos de Shaanxi. Com a abertura da fotografia na China, fui fortemente influenciado por fotógrafos de países estrangeiros, como Sebastião Salgado, Marc Riboud, Diane Arbus, Sally Mann.

 

E depois? Há algum nome que considere ser um mestre e que se tenha mantido ao longo dos anos como fonte importante de inspiração para o seu trabalho?

Nas minhas fotografias posteriores, considero Josef Koudelka e Sebastião Salgado os fotógrafos mestres, que continuam a ser fontes importantes de inspiração para o meu trabalho e que me conduziram para a maturidade e profissionalismo.

 

A sua opção é pela fotografia a preto e branco. Porquê?

A fotografia a preto e branco é uma maneira directa de ilustrar o tema, não estando sujeita à tentação de interferências das cores. As imagens a preto e branco são tradicionais, clássicas, mas cheias de encanto, mostrando a realidade do que está a ser capturado pela imagem.

 

Acha que a cor é menos rigorosa para os objectivos que pretende alcançar?

Sim, a imagem a cores não é capaz de expressar o meu tema religioso. Transformei as cores das objectivas numa emoção subjectiva e numa visão única. Utilizo a fotografia a preto e branco para alcançar os meus objectivos, para expressar com precisão os meus pensamentos.

 

Já registou o modo como as comunidades católicas expressaram a sua fé no interior da China. No trabalho que agora expõe em Lisboa, centra-se no Budismo e no Tibete. E o projecto que está neste momento a desenvolver é sobre as comunidades chinesas que professam a religião islâmica. Porquê essa opção?

Os Chineses não têm fé, não existe um conceito tradicional de crenças religiosas, as pessoas entendem a gratidão, o temor, não vão contra a moralidade. A fé permite que as pessoas conheçam o amor e o carinho. Depois de me confrontar com o catolicismo, budismo tibetano e o islamismo na China, fiquei profundamente tocado pela fé. Eu também me converti ao catolicismo e ao budismo tibetano, sou uma pessoa de duas religiões. Com fé, tenho a coragem de acreditar, mas também explorar profundamente e fotografar imagens íntimas. Capturá-los em fotografia é como capturar a minha própria vida religiosa. Isso toca-me a mim, como toca os outros.

 

É um homem religioso?

Sou uma pessoa de duas religiões. Qualquer crença é humana, cheia de amor. A nossa alma é como um copo, podemos enchê-lo com café, chá ou água. Afinal, trata-se de uma alma. Uma forte crença conduz a uma fé forte.

 

Qual é a sua fé? Em que é que acredita?

Já respondi a isso na pergunta anterior. Mas a fotografia também é a minha fé. Utilizo a fotografia para expressar a humanidade, para expressar amor, louvar a rectidão, louvar a bondade! E repreender a maldade.

 

O seu trabalho está centrado numa forte dose de espiritualidade. A espiritualidade e a fé são momentos individuais. Essa opção pode levar a pensar que se interessa menos, enquanto objecto do seu trabalho, pelas dinâmicas sociais e pelas relações materiais entre as pessoas. É uma opção deliberada?

As minhas fotografias focam-se mais na espiritualidade da vida religiosa; é uma forma de fotografia espiritual. Entre o material e o espiritual, eu escolheria o espiritual. É perigoso se as pessoas gananciosas não forem conduzidas espiritualmente no mundo material. O que é uma sociedade? Qual é a dinâmica social? Qualquer sociedade civilizada necessita de ter fé. A fé direcciona a alma para se aperfeiçoar. Quanto mais desenvolvida a sociedade e mais dinâmica é, mais precisamos do consolo e do calor da fé. Quando eu estava a fotografar a vida religiosa no Tibete, foi o brilho da tranquilidade e a calma que a sociedade chinesa necessita ver e sentir. Estas são as imagens poéticas que procuro.

As suas fotografias demonstram uma enorme relação entre a natureza, a fé e o sagrado. Qual é o seu método de trabalho para captar estes momentos de tanta intimidade?

Na importante relação entre a natureza e a fé religiosa, misturo-me na vida pessoal das pessoas religiosas com respeito e crença para registar e capturar os momentos. Fico com elas e aguardo pacientemente pelos melhores momentos. As pessoas religiosas têm um coração aberto, são muito gentis e amigáveis. Elas também precisam de espalhar a sua fé e fazer com que as pessoas entendam a sua vida religiosa, aproximando-se delas e senti-las. Isso torna a fé um elemento muito vívido e comovedor na natureza.

 

Qual a foi metodologia que utilizou para concretizar o projecto sobre o Budismo e o Tibete?

Coloco sangue, suor e lágrimas para capturar o Tibete. Num ano, eu passo 8 meses a tirar fotografias no Tibete. Mantive-me no Tibete durante dez anos. Utilizo filmes tradicionais e a máquina fotográfica Leica para trabalhar. Revelo e escolho as minhas próprias fotografias. Eu ando sozinho, escolho uma imagem entre milhares, e tento apresentar os melhores clássicos!

 

Quanto tempo demorou a concluir o projecto “The Reflections of Soul”?

Passei 80 meses em 10 anos para completar “Xin Xiang” (“O Espelho da Alma”).

 

Já agora, porque razão escolheu esse nome para o livro que publicou?

A tua aparência reflecte quem realmente és, “Xin Xiang” é o espelho da tua alma, capta-te a ti, e captura os outros. Uso o meu coração, os meus olhos, e para me completar e sentir-me realizado, trago riquezas espirituais valiosas para a sociedade e para as pessoas.

6 Mar 2018

Óscares: Jimmy Kimmel diz que Hollywood deve ser um exemplo no combate ao assédio

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] apresentador da 90.ª cerimónia dos Óscares, Jimmy Kimmel, disse, no monólogo de entrada, que o combate ao assédio sexual a ocorrer hoje no meio cinematográfico há muito tardava e que Hollywood deve ser um exemplo.
Kimmel, que apresenta a cerimónia pelo segundo ano consecutivo, disse que a noite deve ser marcada pela “positividade”, chamando a atenção para o trabalho a ser desenvolvido pelas ativistas de movimentos como o Me Too, Time’s Up e Never Again.
“O que aconteceu com o Harvey [Weinstein] e o que está a acontecer por todo o lado era há muito devido. Não podemos continuar a deixar passar o mau comportamento. O mundo está a olhar para nós, precisamos de ser um exemplo”, afirmou o comediante, que recordou que, em Hollywood, se fez um filme chamado “O que as mulheres querem”, protagonizado por Mel Gibson, o que dizia “tudo o que havia a dizer” sobre como o meio encarava as mulheres.
Num monólogo em que abordou diversas das polémicas recentes, com direito a menção ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Kimmel afirmou que se se conseguir pôr fim ao assédio sexual no local de trabalho, “então as mulheres só terão de lidar com assédio em todos os outros sítios onde forem”.
Harvey Weinstein, já expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que atribui os Óscares, foi afastado da sua produtora em outubro do ano passado, no seguimento de várias denúncias públicas de assédio e abuso sexual por dezenas de mulheres no meio cinematográfico.
Dezenas de mulheres, incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Ashley Judd, Léa Seydoux, Asia Argento e Salma Hayek denunciaram uma série de episódios diferentes, que vão desde presumíveis comportamentos sexuais abusivos a acusações de violação por parte do produtor Harvey Weinstein, galardoado com um Óscar pela produção de “A Paixão de Shakespeare” (1998).
Desde que foi divulgado o caso, vários escândalos relacionados com acusações de assédio, agressão sexual e até mesmo de violação foram denunciados em vários países do mundo.
5 Mar 2018

Óscares: Sam Rockwell e Allison Janney vencem melhor actor e actriz secundários

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]am Rockwell venceu hoje o Óscar de melhor ator secundário pela sua interpretação em “Três Cartazes à Beira da Estrada”, enquanto Allison Janney arrecadou o de melhor atriz secundária, pelo papel em “Eu, Tonya”.
Nomeado pela primeira vez aos 49 anos, Sam Rockwell conquistou o galardão pelo seu desempenho como polícia racista e violento no filme “Três Cartazes à Beira da Estrada”, de Martin McDonagh.
Por sua vez, Allison Janney, que também recebeu um Óscar pela primeira vez, foi distinguida pelo seu papel de mãe exigente no filme “Eu, Tonya”, de Craig Gillespie.
Sam Rockwell agradeceu, entre outros, ao ator Christopher Plummer – o mais velho entre os nomeados para a mesma categoria –, à atriz Frances McDormand, com quem contracena, e ao pai, que promoveu o seu amor pelo cinema.
“Fiz tudo sozinha”, brincou Allison Janney no início do seu discurso, sem poupar elogios à equipa de “Eu, Tonya” e a Joanne Woodward, “pelo incentivo e generosidade” que a atriz de 88 anos teve na luta de Janney por uma carreira como atriz.
Sam Rockwell competia com Christopher Plummer por “Todo o Dinheiro do Mundo”, Woody Harrelson por “Três Cartazes à Beira da Estrada”, Richard Jenkins por “A Forma da Água” e Willem Dafoe por “Projeto Florida”.
Allison Janney tinha como ‘rivais’ Laurie Metcalf por “Lady Bird”, Lesley Manville por “Linha Fantasma”, Octavia Spencer por “A Forma de Água” e Mary J.Blige por “Mudbound”.
Além dos prémios para melhor ator e atriz secundários, foram entregues mais seis óscares.
Sem surpresas, “A Hora Mais Negra” venceu na categoria de melhor caracterização e “Linha Fantasma” na de melhor guarda roupa.
Para a categoria de melhor guarda roupa estava nomeado o luso-canadiano Luís Sequeira, que venceu o prémio do sindicato dos figurinistas, em fevereiro, pelo seu trabalho no filme “A Forma da Água”.
A grande surpresa até ao momento foi o Óscar para melhor documentário, com “Icarus” a destacar-se como a primeira longa metragem da Netflix a vencer qualquer prémio da academia.
Emocionados, os realizadores Bryan Fogel e Dan Cogan sublinharam “a grande importância de dizer a verdade”, fazendo referência aos movimentos #TimesUp e #MeToo.
“Dunkirk”, de Christopher Nolan, nomeado para oito óscares, levou o prémio de melhor montagem de som e melhor mistura de som.
O Óscar de melhor filme de animação foi para “Coco”, de Lee Unkrich.
O filme que lidera as nomeações desta edição, “A Forma da Água”, arrecadou o Óscar de melhor cenografia.
“Una Mujer Fantastica”, um filme chileno, ganhou o Óscar para melhor filme estrangeiro. A longa metragem de Sebastián Lelio, que conta a história de uma jovem transexual, já havia sido premiado em Berlim.
5 Mar 2018

Óscares: “Foge” e “Chama-me Pelo Teu Nome” vencem melhores argumentos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] argumentista e realizador de “Foge”, Jordan Peele, recebeu hoje o Óscar de melhor argumento original, enquanto James Ivory venceu na categoria de melhor argumento adaptado por “Chama-me pelo teu nome”, a partir da história de André Aciman.
É o primeiro Óscar atribuído a “Chama-me pelo Teu Nome”, filme que explora o despertar da sexualidade, protagonizado pelo nomeado a melhor ator principal Thimotée Chalamet.
James Ivory começou por reconhecer o escritor André Aciman, também presente na cerimónia, e a sua “história sobre a beleza do primeiro amor, seja ele heterossexual, gay ou algo no meio”.
Agradeceu também ao “sensível” realizador” Luca Guadagnino e aos atores, “sem os quais não estaria naquele palco”.
“Get Out” é o primeiro filme de Jordan Peele, o primeiro negro em 90 anos nomeado a três Óscares com o mesmo filme, feito referido no início da cerimónia pelo anfitrião Jimmy Kimmel.
“Isto significa muito para mim”, disse no início do discurso, admitindo que parou de escrever o argumento mais de 20 vezes por achar que “não resultaria”, mas que, se alguém acreditasse nele, “poderia levantar a sua voz”, e assim o fez.
O filme, que é também uma sátira, aproveita-se do horror para abordar a questão racial.
5 Mar 2018

Óscares: Gary Oldman e Frances McDormand vencem melhor ator e melhor atriz

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] actor Gary Oldman foi hoje distinguido com o Óscar de melhor ator principal, pela interpretação em “A hora mais negra”, e Frances McDormand venceu na categoria feminina, por “Três Cartazes à Beira da Estrada”.
“Obrigado pelo teu amor e apoio. Põe a chaleira a aquecer. Vou levar o Oscar para casa”, disse Gary Oldman à sua mãe, durante o discurso de aceitação de melhor ator.
“Olhem à vossa volta, senhoras e senhores, porque todos temos histórias para contar”, afirmou Frances McDormand.
A atriz já tinha vencido o prémio em 1997, pela interpretação em “Fargo”. Por outro lado, Gary Oldman, que foi nomeado para o prémio em 2012 – pela sua atuação no filme “A Topeira” – vence pela primeira vez.
Normalmente o vencedor do Óscar de Melhor Ator na edição passada entrega o galardão de Melhor Atriz no ano seguinte — e vice-versa. Contudo, a tradição foi quebrada, já que Casey Affleck, que ganhou o prémio com a sua prestação em “Manchester by the Sea”, não compareceu este ano.
5 Mar 2018

Óscares: “A Forma de Água” vence nas categorias de Melhor Filme e Melhor Realizador

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] realizador Guillermo Del Toro conquistou hoje o Óscar de melhor realizador com o filme “A Forma da Água”, confirmando a sua condição de favorito. Guillermo Del Toro é o terceiro cineasta mexicano a vencer nesta categoria, depois de Alejandro Iñarritu e Alfonso Cuarón.

“O melhor que a arte faz, e que a nossa indústria faz, é apagar as linhas na areia”, disse Del Toro, aludindo à sua carreira internacional. É o terceiro galardão para a fábula “A Forma da Água”, o filme mais nomeado da noite.

O filme “A forma da água”, de Guillermo del Toro, venceu hoje o Óscar de melhor filme na 90.ª edição dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, para o qual entrou como o título mais nomeado.

Minutos antes, o mexicano del Toro já havia recebido o Óscar de melhor realização, tendo “A forma da água” sido também distinguido por melhor banda sonora, de Alexander Desplat, e melhor desenho de produção.

“A forma da água” recebeu 13 nomeações para os Óscares deste ano, entre as quais as de dois canadianos de origem portuguesa, Luís Sequeira e Nelson Ferreira, nas categorias de melhor guarda-roupa e de montagem de som, respetivamente.

 

Lista completa dos vencedores da 90.ª edição dos Óscares:

Melhor filme:

“A forma da água”

Melhor realização:

Guillermo del Toro – “A forma da água”

Melhor ator:

Gary Oldman – “A hora mais negra”

Melhor ator secundário:

Sam Rockwell – “Três cartazes à beira da estrada”

Melhor atriz:

Frances McDormand – “Três cartazes à beira da estrada”

Melhor atriz secundária:

Allison Janney – “Eu, Tonya”

Melhor fotografia:

“Blade Runner 2049”

Melhor argumento adaptado:

“Chama-me pelo teu nome”

Melhor argumento original:

“Foge”

Melhor filme estrangeiro:

“Uma mulher fantástica”

Melhor filme de animação:

“Coco”

Melhor documentário:

“Icarus”

Melhor documentário em curta-metragem:

“Heaven Is a Traffic Jam on the 405”

Melhor curta-metragem:

“The Silent Child”

Melhor curta-metragem de animação:

“Dear Basketball”

Melhor cenografia:

“A forma da água”

Melhor montagem:

“Dunkirk”

Melhor caracterização:

“A hora mais negra”

Melhor guarda-roupa:

“Linha fantasma”

Melhor banda sonora original:

“A forma da água”

Melhor canção:

“Remember Me” – “Coco”

Melhor montagem de som:

“Dunkirk”

Melhor mistura de som:

“Dunkirk”

Melhores efeitos visuais:

“Blade Runner 2049”

5 Mar 2018

Óscares: Documentário “Ícaro” dá à Netflix primeiro galardão por longa-metragem

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] documentário “Ícaro” venceu o Óscar para melhor documentário, na 90.ª cerimónia dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, sendo a primeira longa-metragem da Netflix a conquistar tal galardão.

Em 2017, o documentário “Os Capacetes Brancos”, também da Netflix, venceu o Óscar para melhor curta-metragem documental, tendo a empresa de ‘streaming’ já tido nomeações para melhor documentário nos cinco anos anteriores.

“Ícaro”, de Bryan Fogel, foi comprado pela Netflix no festival de Sundance, no ano passado, e conta a história de “um ciclista norte-americano [que] é envolvido num escândalo de ‘doping’, em que está implicado um cientista russo a quem Putin quer silenciar”.

No discurso de aceitação do Óscar, Fogel dedicou o prémio ao médico Grigory Rodchenkov, fonte principal do documentário, que “transforma a sua história de uma experiência pessoal num ‘thriller’ geopolítico que envolve urina falsificada, mortes por explicar e o maior escândalo desportivo da história”, segundo a sinopse existente no iMDB.

Fogel disse esperar que “Ícaro” seja uma chamada de alerta para a Rússia, mas que, além disso, sirva de aviso sobre “a importância de dizer a verdade, hoje mais do que nunca”.

“Ícaro” tinha como adversários “Abacus: Small Enough to Jail”, “Olhares, Lugares”, de Agnès Varda, que, aos 89 anos, marca presença na cerimónia dos Óscares como a nomeada mais velha dos prémios, o sírio “Last Men in Aleppo” e “Strong Island”.

5 Mar 2018

Hong Kong | Art Basel vai ter 26 painéis de debate este ano

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois do cinema, a elegia da palavra toma conta da nova edição da Art Basel. Já é conhecido o programa de debates sobre o mundo da arte, que estará aberto ao público durante a realização da exposição Art Basel, de 28 a 31 de Março no Centro de Convenções e Exposições de Hong Kong.

A Art Basel é uma das feiras de arte mais conhecidas em todo o mundo, estando presente em vários países e regiões. Em Hong Kong, acontece há cinco anos.

De acordo com o comunicado divulgado pela organização do evento, os 26 painéis de debate, com entrada gratuita, vão versar sobre “assuntos bastante relevantes para a indústria da arte como o futuro das colecções públicas e privadas, os modelos alternativos de negócio para as galerias, os actuais desenvolvimentos do mercado da arte na Ásia, tal como as políticas do género no mundo da arte”.

Nomes de “proeminentes artistas de todo o mundo”, como é o caso de Sophia Al-Maria, Rasheed Araeen, Astha Butail, Samuel Fosso, Guerrilla Girls, Antony Gormley ou He Xiangyu, entre outros, vão estar presentes nestas sessões.

O programa de debates é organizado, pelo quarto ano consecutivo, por Stephanie Bailey, escritora e editora. Quarta-feira, dia 28 de Março, os debates arrancam com a presença de Clare McAndrew, fundadora da Arts Economics, que se junta ao escritor na área da cultura Enid Tsui. Ambos vão falar sobre o estado do mercado da arte, “com um especial foco nas tendências do coleccionismo na Ásia verificadas o ano passado”.

Haverá também um debate sobre a carreira do artista Rasheed Araeen, que vai falar sobre a sua transformação “de um pintor que cria obras em Karachi num escultor pós-minimalista em Londres”. Já Gabriel Orozco vai protagonizar um debate com Doryun Chong, director e curador chefe da M+, sobre a forma como o estilo de vida nómada e o facto de viver na Ásia tem vindo a influenciar o seu mais recente trabalho.

No debate intitulado “Feminist Aesthetics? | Movements and Manifestations’ será abordada a ligação entre o género e a arte com a presença de Guerrilla Girls, Yurie Nagashima, Nilima Sheikh e Yu Hong. Há ainda um painel com o nome “The Collecting Institution | Acquisitions and Representations”, em que será discutida a forma como as instituições devem responder aos seus papéis não só como curadores mas também enquanto promotores de conhecimento cultural, sem esquecer ainda o facto de também serem colecionadores com direitos próprios. Aqui participam nomes como Agustín Pérez Rubio, director artístico do Museu de Arte Latino-americano de Buenos Aires, Juan Andrés Gaitán, director do Museu Contemporâneo Tamayo Arte e Eve Tam, directora do Museu de Arte de Hong Kong. De frisar que os debates estarão disponíveis em inglês, cantonês e mandarim.

5 Mar 2018

Música | MACA assina parceria com Sociedade Portuguesa de Autores

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e a MACA (Macau Association of Composers, Authors and Publishers) vão produzir em conjunto o álbum “MACA Album Volume 7”, que celebra o décimo aniversário da associação local.

De acordo com um comunicado divulgado pela SPA, “a cooperação entre ambas as congéneres estender-se-á à semana cultural da relação dos países da Lusofonia com a China, na qual a SPA foi convidada a participar, facto que muito honra a cooperativa dos autores portugueses”.

As parcerias com a MACA surgem numa altura em que “a SPA tem vindo a reforçar a sua presença internacional e as sinergias em rede, destacando-se actualmente a proposta da Confederação Lusófona de Sociedades de Autores . A parceria visa uma maior solidariedade, à escala global, na prossecução dos únicos e fundamentais objectivos comuns: a cada vez maior proteção dos direitos dos autores e a garantia de uma justa remuneração pela exploração das suas obras”.

5 Mar 2018

Cinemateca Paixão | “Histórias de Macau 1” em exibição a partir de Sábado

A Cinemateca Paixão vai revisitar a primeira edição da série “Histórias de Macau”. As sessões arrancam no próximo Sábado e prolongam-se até ao final do mês

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Cinemateca Paixão exibe, a partir do próximo Sábado, a primeira edição da série “Histórias de Macau”, rodada há dez anos na cidade. “Os Melhores e os Piores Tempos” (de Ho Ka Cheng), “Incerteza” (de Chan Ka Keong), “Avião de Papel” (de Vincent Hoi), “O Momento Certo” (de Albert Chu) e “Rua de Macau” (de Sérgio Perez) são as curtas que formam a longa-metragem que tem como fio condutor os bairros da cidade.

Sérgio Perez recorda como “Rua de Macau” foi parar ao “Macau Stories”, como é mais conhecida a série realizada por Albert Chu. “O filme estava em finais de pós-produção nos finais de 2008, mas ainda estávamos a pensar como o lançar, mas soubemos que o Albert Chu e outros realizadores locais estavam a fazer o ‘Macau Stories’. Foram ver, gostaram e acharam que fazia todo o sentido que a curta integrasse o Macau Stories. Eu também achei que sim e fiquei muito sensibilizado”, recorda o realizador.

“É uma história que não sei como a justificar à audiência”, tem uma narrativa “aparentemente simples, feita num determinado momento da história de Macau, que aborda temas como o encontro de culturas, de pessoas com diferentes perspectivas do mundo e, de alguma maneira, uma Macau que se está também a descobrir ou a redescobrir”, descreve o realizador ao HM. Sérgio Perez explica ainda que as duas personagens em torno das quais gira a narrativa acabam por “carregar um pouco em si algumas Macau que se procuram encontrar, reencontrar ou descobrir o seu espaço”.

Uma década depois

Apesar de a experiência ter sido feita por um Sérgio Perez que hoje “será um bocadinho diferente”, o facto de o filme ainda ser exibido mostra que esforço valeu a pena. “Foi um filme feito com várias limitações, completamente financiado por mim, com o meu próprio equipamento, com voluntariedade de amigos – alguns profissionais, outros nem tanto”, conta. Na altura, o processo de produção era muito diferente” comparativamente com os restantes realizadores, com “muitos fins-de-semana” e que se estendeu “por mais de um ano”.

Embora remonte a 2008, a história “acaba, de certa forma, por “ainda ser intemporal, porque não ficou datada”, apesar de numa década se terem operado mudanças no cenário. “O restaurante onde foi filmado parte do filme já não existe. Aliás, muitos dos espaços já não existem e a pessoa que nos concedeu o espaço também já cá não está”, exemplifica o cineasta.

“Fiz o ‘Rua de Macau’ para ser visto no grande ecrã e sempre que vejo que pegam nele e lhe dão exposição na tela fico muito contente”, diz Sérgio Perez, dando conta de que a curta-metragem ainda recentemente foi exibida pelo Instituto Confúcio em Barcelona, o que o deixou “surpreso”.

“Espero que o filme agarre o público, que consigam vê-lo de forma agradável, do princípio ao fim, e que tirem as suas próprias conclusões”, realça o realizador.

A primeira edição da série de “Histórias de Macau” vai ser exibida na Cinemateca Paixão aos sábados e aos domingos. A entrada é livre.

5 Mar 2018

Cinemateca Paixão celebra aniversário ciclo de cinema sobre comida

[dropcap style≠‘circle’]“B[/dropcap]eber-Beber, Comer-Comer!” é um ciclo de filmes totalmente dedicado à gastronomia. O evento, que começa no dia 16, serve de mote à celebração do primeiro aniversário da Cinemateca Paixão. Quem estiver interessado pode adquirir os bilhetes que vão estar disponíveis para venda já a partir de amanhã.

De acordo com um comunicado, o ciclo “Beber-Beber, Comer-Comer” é composto por seis filmes “dedicados à gastronomia”, estando também prevista a realização de seis “workshops de sabores”. O objectivo é “expandir a inspiração [dos espectadores] do sabor do cinema para o sabor do mundo lá fora”.

O programa contém três documentários e três longas-metragens, tais como “Kampai! Pelo Amor do Sakê”, que revela “o declínio e o renascimento da indústria japonesa do sakê”. Um outro documentário que poderá ser visionado na Cinemateca Paixão chama-se “Cidade do Ouro”, que conta a história do crítico Jonathan Gold, vencedor de um prémio Pulitzer.

O terceiro documentário inserido neste ciclo de cinema intitula-se “Formigas num Camarão”, a obra mostra os bastidores “do processo de mudança do melhor restaurante nórdico do mundo, o NOMA, para Tóquio”. No capítulo das longas-metragens, destaque para “Tampopo”, “uma obra prima japonesa clássica” que foi considerada o primeiro “Ramen Western”. Outro dos filmes a ter em atenção é “A Marmita”, uma obra premiada “que inverte a percepção geral do cinema indiano” e ainda “Tostas”, uma adaptação de um filme televisivo baseado na autobiografia do premiado escritor culinário inglês, Nigel Slater.

Para acompanhar o cinema estão também programados seis “workshops de sabores”, pensados “para levar o público para fora do cinema, numa exploração de diversos restaurantes únicos da cidade”.

“O crítico gastronómico local, OB, levar-nos-á a um restaurante nepalês, onde provaremos os exóticos momos. Chakra Space, um fantástico café vegan, que enfatiza uma cozinha minimalista, preparará um menu especial para nós.”

Outros estabelecimentos participam também neste evento, como é o caso da Old House Bakery, que “criará toda a espécie de pastelaria para um delicado chá da tarde”. Já o restaurante de ramen Furu Furu e o restaurante indiano Taste of Índia prometem servir “pratos únicos”.

No dia da abertura do ciclo de cinema que celebra o primeiro aniversário da Cinemateca Paixão, haverá uma festa, onde Eric Leong, “amante e perito de sakê” irá “partilhar o seu profundo conhecimento e paixão por aquela bebida”.

A Cinemateca Paixão, no seu primeiro ano de existência, “tem oferecido uma selecção única de cinema não comercial ao público de Macau”, assim como uma “séries de palestras, festivais de cinema e workshops”. “Temo-nos empenhado em promover continuamente o cinema, os documentários e os filmes de animação locais”, referiu a organização da Cinemateca Paixão.

2 Mar 2018

Exposição “Shaping Dream” inaugurada hoje no Clube Militar

A dias de arrancar a primeira edição da Photo Macau Fair, o Clube Militar acolhe uma exposição que é quase uma experiência daquilo que poderá ser visto no Venetian. “Shaping Dream” é o nome da exposição que é hoje inaugurada e que estará patente apenas até domingo

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] fotógrafo Gonçalo Lobo Pinheiro é dos participantes na exposição “Shaping Dream”, que é hoje inaugurada no Clube Militar e que dura apenas três dias. A exposição tem como resultado uma competição de imagens artísticas, cujo prazo terminou no passado dia 31 de Janeiro, e que antecede a primeira edição da Photo Macau Fair, organizada, entre outras figuras e entidades, pela artista Cecília Ho.

Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há alguns anos, trabalha sobretudo nas áreas do fotojornalismo e documentário, mas resolveu arriscar com três trabalhos.

“Enviei cinco imagens, três foram seleccionadas. São três retratos, e penso que um deles já foi exposto. Com um dos retratos recebi uma menção honrosa numa exposição”, contou ao HM.

Apesar de não trabalhar com a fotografia artística, Gonçalo Lobo Pinheiro tentou fazer com que o seu trabalho se adequasse ao que era pedido nesta competição. O sonho e a imaginação foram o mote para a escolha das imagens.

“Duas fotos são com crianças e, logo aí, há sempre um sonho implícito. Uma delas é de Macau, outra foi tirada no Myanmar. A curadoria procura uma abordagem mais artística da foto, que é uma coisa que eu não faço, mas dentro daquilo que é o meu trabalho procurei imagens que fizessem esse compromisso artístico”, acrescentou o fotógrafo.

“Penso que a feira é mais virada para a fotografia enquanto arte. As vertentes de fotojornalismo, documentário ou reportagem, que são as vertentes com as quais trabalho mais, talvez não sejam bem o público-alvo da feira em si. Dentro do tema, decidi ir para a categoria do retrato, que também mostrassem alguma ilusão e sonho das pessoas que estão a ser retratadas”, referiu Gonçalo Lobo Pinheiro.

De acordo com um comunicado, a exposição é organizada pela Art Beyond Walls Association e visa “descobrir os trabalhos dos talentosos fotógrafos de Macau”. “Além de promovermos a fotografia enquanto meio queremos, ao mesmo tempo, mostrar o trabalho dos fotógrafos vencedores”, reforça o comunicado.

Um júri de fora

A competição estava aberta a profissionais e amadores e desafiava os participantes a serem inovadores e criativos. O júri que vai seleccionar as melhores obras é composto por Alvin Yip, curador independente e que esteve ligado à organização do pavilhão de Hong Kong presente na Bienal de Veneza, em 2006, entre outros projectos.

Joerg Bader é outro nome presente no júri, tendo no currículo o cargo de director do Geneva Center for Photography desde 2001. Johann Nowak, curador independente e fundador de uma galeria, é outro dos nomes presentes no painel de júris.

Cecilia Ho, artista de Macau e curadora, completa o painel dos júris. Cecilia foi a primeira artista chinesa a marcar presença na Real Academia de Artes de Londres, tendo participado em múltiplas exposições de Verão nos anos de 1996, 1997, 1998 e 1999).

2 Mar 2018

Exposição | Bienal de Mulheres Artistas inaugurada dia 8 no MAM

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já no próximo dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, que o Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe, em parceria com o Albergue SCM e o Instituto Cultural (IC), a exposição colectiva “Mulheres Artistas – I Bienal Internacional de Macau”. A mostra estará patente até ao dia 13 de Maio.

A mostra incluiu, além do trabalho da reconhecida pintora portuguesa Paula Rêgo, um total de 142 obras de 132 mulheres realizadas desde os anos 70 até aos dias de hoje. Estas artistas representam um total de 23 países, e estão incluídos trabalhos que vão desde a pintura à serigrafia, desenho, escultura, instalação e vídeo.

De acordo com um comunicado do Instituto Cultural, “esta exposição tem como objectivo elevar a visibilidade das mulheres artistas contemporâneas e dar a conhecer a sua influência criativa na sociedade e cultura, bem como revelar os diversos papéis da identidade feminina, as diferentes interpretações do feminino e as práticas artísticas que transcendem as diferenças de género”.

Vindas de regiões tão diferentes como o Interior da China, Macau, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul, Japão, Timor-Leste, Rússia, Índia ou Irão, as artistas integrantes desta exposição “pertencem a diferentes épocas, regiões e contextos culturais, tendo cada qual emoções e métodos criativos individuais, e as suas obras revelam ao público o mundo artístico único das mulheres”.

A mostra “Mulheres Artistas – I Bienal Internacional de Macau” será dividida em duas partes. A primeira “é composta por 41 peças da colecção do MAM, produzidas entre a década de 1970 e os dias de hoje, dispostas por períodos de dez anos, dando a conhecer ao público os êxitos do MAM no seu estudo de obras de mulheres artistas de vanguarda e da história da arte de Macau”.

“As obras expostas incluem obras seleccionadas de séries de trabalhos produzidos pelas artistas bem como obras de grande escala de artistas convidadas. Na segunda secção são expostas obras de 101 mulheres artistas activas nos círculos artísticos internacionais provenientes da colecção do Albergue SCM”, acrescenta o comunicado.

Esta não é a primeira vez que tanto o IC como o Albergue SCM exploram o universo feminino da arte. O ano passado decorreu, no Albergue, a exposição “28 Artistas + 28 Obras em Feminino”, onde foram reveladas obras de 28 mulheres de Macau e de países de língua portuguesa. Foi esta a génese da bienal que agora se inicia.

“Ambas as exposições focaram a sua atenção na posição da mulher no mundo da arte contemporânea bem como em outros elementos complementares. Neste contexto, estas duas entidades contribuíram com ideias e perspectivas diferenciadas para lançar a mais abrangente “Mulheres Artistas – I Bienal Internacional de Macau”, remata o comunicado.

1 Mar 2018

Paula Rego em destaque na Tate em mostra coletiva com Freud e Bacon

Cinco obras de Paula Rego figuram, num espaço dedicado à pintora portuguesa, na exposição coletiva “All Too Human – Bacon, Freud and a Century of Painting Life”, que abriu ontem no museu Tate Britain, em Londres

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] exposição reúne cerca de cem obras de 22 pintores, entre os quais alguns dos mais célebres artistas britânicos modernos, com destaque para Lucian Freud e Francis Bacon, mas também Walter Sickert, Stanley Spencer, Michael Andrews, Frank Auerbach, Francis Newton Souza ou Leon Kossoff.

A exposição tem por objetivo mostrar como artistas de diferentes gerações ao longo do século XX e XXI conseguiram retratar pessoas, locais, eventos ou relações pessoais e transmitir as respetivas experiências e sensações através da tinta e das diferentes técnicas.

Mais de metade das obras em exposição são emprestadas por colecionadores privados ou outras instituições, algumas foram raramente vistas em público, e várias não eram expostas há décadas.

A curadora Elena Crippa disse à agência Lusa acreditar existir uma tradição britânica no uso de modelos vivos e de paisagens, para os artistas se exprimirem e retratar a atmosfera social e pessoal em que viviam, atravessando mesmo correntes artísticas.

Por exemplo, Francis Bacon e Alberto Giacometti são reconhecidos por criarem, nos anos de 1950, quadros com figuras em estado de isolamento e angústia, transmitindo, de certa forma, o ambiente de ansiedade após a Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, acrescentou, também quis promover uma mensagem simples numa Era de excesso de informação cada vez menos relevante para as pessoas enquanto seres humanos.

“Sinto que o que estes pintores nos dão através deste trabalho é esta afinidade com o que nos interessa como indivíduos no quotidiano: é sobre tu e eu, é sobre o espaço onde vivemos, é sobre o grupo de pessoas com quem interagimos e com quem nos relacionamos. Espero que as pessoas se identifiquem com este desejo de restabelecer uma ligação simples à natureza humana”, resumiu.

Paredes meias

Lucian Freud é um dos artistas britânicos mais proeminentes e está representado em dois períodos, o primeiro influenciado por William Coldstream, no olhar analítico da cena e das pessoas, e um segundo, após os anos 1960.

Trocando pincéis finos por outros mais grossos e a posição sentada pela postura em pé resultou em perspectivas que enfatizam os volumes dos corpos e a carga psicológica dos retratos, vários dos quais de pessoas completamente nuas, como o amigo David Dawson.

Amigo e assistente entre 1990 até morte de Freud, em 2011, foi protagonista de “David and Eli”, onde é retratado deitado junto com o cão de estimação.

“Estar em frente a este quadro, que eu já não via há tantos anos, é muito emocionante. Traz à memória a altura em que foi pintado, em 2003. Ao todo, posei para nove quadros. Acho que já não via este quadro há pelo menos uns dez anos, mas reconheço-me perfeitamente nele”, contou Dawson à Lusa.

Sobre o espaço dado às cinco obras de Paula Rego, uma das quais um tríptico, Elena Crippa defende o papel que a artista portuguesa tem na arte não só britânica, mas a nível internacional, por ter rompido com o domínio até então masculino na pintura.

Telas no feminino

“Ela é uma artista que, numa altura em que a pintura ainda era uma actividade dominada por homens, surgiu como uma pintora feminina que conseguia produzir quadros de grande dimensão, de forma confiante, com composições lindíssimas, e de certa forma deu às mulheres pintoras a oportunidade de dizer que a pintura não está reservada a um género”, salientou.

A curadora da Tate elogia a forma como a portuguesa usa, nos seus quadros, personagens femininas, sejam vítimas ou culpadas ou retratadas de uma forma sexualizada em composições encenadas, criando um novo estilo. “De certa forma, sinto que são mulheres que apenas uma artista mulher poderia conceber. E ela tem não só este toque de mulher, mas um toque feminino, que foi muito importante para outras pintoras de gerações mais jovens”, vincou.

Uma das telas de Paula Rego em exposição é “A Família”, de 1988, em que um homem é dominado por duas figuras femininas, enquanto uma terceira observa, num ambiente doméstico, no qual se lêem sentimentos como amor, ressentimento e dor.

A cena retrata alegadamente os momentos derradeiros do marido de Rego, Victor Willing, antes da morte por doença degenerativa, a ser ajudado pela pintora e pela filha, mas a cena torna-se complexa e ambígua, devido à presença de referências a Joana d’Arc, São Jorge e à fabula do Corvo e da Raposa.

Num texto publicado no jornal The Guardian, na semana passada, a propósito da abertura desta exposição, Paula Rego disse estar sempre a contar uma história nos seus quadros, mesmo que essa história vá mudando ou que só seja descoberta no final do processo de criação.

“As histórias têm pessoas nelas”, escreveu, então desenha pessoas a fazer coisas umas às outras, lembrando que recorre a contos do folclore português e a histórias como as de Eça de Queirós.

A exposição “All Too Human” mantém-se no museu Tate Britain até 27 de agosto, viajando depois para o Museu de Belas Artes de Budapeste, no final deste ano.

1 Mar 2018

Feira de Arte em Hong Kong revela 59 filmes com curadoria de Li Zhenhua

No quinto ano de presença em Hong Kong, a Art Basel traz também uma extensa mostra de cinema. O público poderá ver, de forma gratuita, um total de 59 filmes, sete deles “exibições especiais”, com curadoria do artista e cineasta Li Zhenhua. A sétima arte estará patente entre 29 e 31 de Março

 

[dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] considerada uma das maiores feiras de arte em todo o mundo e, pela quinta vez consecutiva, volta a marcar presença em Hong Kong. A Art Basel regressa ao Centro de Convenções e Exposições de Hong Kong entre os dias 29 e 31 de Março e, além de trazer obras de diversos artistas, tem também um programa destinado ao cinema, revelado ontem.

O público poderá ver, de forma totalmente gratuita, um total de 59 filmes “inspirados pelo actual clima sociopolítico” e apresentados pelas 38 galerias que terão presença na Art Basel. Há também sete “exibições especiais” escolhidas a dedo por Li Zhenhua, um artista multimédia e também produtor de cinema.

Está prevista uma colaboração com a Videotage, uma organização não-governamental de Hong Kong especializada na área do vídeo e novos media.

É graças a esta organização que serão exibidos os trabalhos de vídeo de Nam June Paik, bem como de outros artistas de Hong Kong e da China cujo trabalho tem vindo a ser influenciado por este artista.

A película “The Future is in the Past” traça um retrato das colecções de vídeo-arte que foram iniciadas por esta ONG e também pelo Centro de Arte Nam June Paik, entidade que homenageia o artista nascido em 1932 e falecido em 2006.

“Futuro Imaginado’ vai revelar os trabalhos de vídeo feitos em Hong Kong e inspirados por Paik. A exibição será seguida de ‘Imaginaries Beyond the Past’, que apresenta uma nova geração de jovens artistas do continente e de Hong Kong que trabalham com vídeo ou com imagens em movimento”, aponta um comunicado.

Sete filmes, três dias

‘Days Gone By – Yu Hong’, feito em 2009 pelo cineasta Wang Xiaoshuai, abre o programa dedicado aos setes filmes, que arranca na quarta-feira, dia 28 de Março. A película conta a história da artista contemporânea chinesa com o mesmo nome.

“O filme não retrata apenas a vida de uma artista individual mas também mostra o crescimento do panorama artístico na China durante uma Era de mudanças dramáticas.”

Segue-se um conjunto de filmes que fazem uma “fusão de cortes tradicionais com experiências visuais em 3D”, tal como “Time Spy”, de Sun Xun, que será exibido ao público no dia 29 de Março, Quinta-feira.

A Sexta-feira, dia 30, é dia de ver “Deep Gold” de Julian Rosefeldt, e “Mrs. Fang”, de Wang Bing. Este documentário ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Filmes de Locarno o ano passado e conta a história da última fase da vida de uma camponesa que sofre de Alzheimer.

O público poderá ainda ver uma selecção de filmes onde se inclui “The War That Never Was”, uma selecção de obras de Edgardo Aragón, Bae Yoon Hwan, Chien-Chi Chang e Sutthirat Supaparinya.

Há também lugar à visualização de “Looking for Mushrooms”, de Bruce Conner, ou “A Sense of Warmth”, que incorpora um total de dez filmes que exploram relações sociais de autoria de Nevin Aladağ.

Em “How Happy a Thing Can Be” podem ser vistos filmes que mostram como objectos físicos e situações determinam “emoções e crenças”.

Além de fazer o trabalho de curadoria desta mostra, Li Zhenhua promove uma palestra no Sábado, dia 31 de Março, às 16 horas, com a presença de Isaac Leung, presidente da Videotage . O tema da conversa será “O conteúdo social na Era da distribuição digital”.

28 Fev 2018

Ex-primeira-dama dos EUA Michelle Obama lança livro de memórias em Novembro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama vai lançar um livro de memórias em novembro, divulgou a própria numa mensagem na rede social Twitter.
O livro, que terá o título original “Becoming”, é descrito por Michelle Obama como uma “experiência profundamente pessoal”.
Em 2017, Michelle Obama e o seu marido, o ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama, chegaram a acordo com o grupo editorial norte-americano Penguin Random House para a publicação dos seus livros. Informações divulgadas na altura indicaram que o acordo teria superado os 30 milhões de dólares (cerca de 24 milhões de euros).
As memórias das antigas primeiras-damas dos Estados Unidos são normalmente sucessos de vendas e o livro de Michelle Obama é aguardado com grande expectativa.
O único livro de Michelle Obama, com o título original “American Grown”, é datado de 2012 e é sobre jardinagem.
Barack Obama, que já escreveu dois ‘best-sellers’, “Dreams from My Father” (“A Minha Herança”, título da edição em português) e “The Audacity of Hope” (“Audácia da Esperança”), ainda não agendou a publicação das suas memórias.
Barack Obama (democrata), o primeiro Presidente dos Estados Unidos afro-americano, cumpriu dois mandatos presidenciais, de 2009 a 2017.
A National Portrait Gallery revelou em fevereiro os retratos oficiais do ex-casal presidencial. As obras, pintadas por dois artistas afro-americanos, figuram na ala presidencial desta galeria da rede de museus Smithsonian, em Washington.
27 Fev 2018

Produtora de cinema Weinstein Company vai declarar falência

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] empresa norte-americana Weinstein Company, de produção e distribuição de cinema, vai declarar falência depois de terem falhado negociações para venda de ativos a um grupo de investimento.
A decisão da administração foi revelada pelo jornal Los Angeles Times, depois de goradas as conversações para tentar salvar os ativos e os postos de trabalho da empresa, fundada em 2005 pelos irmãos Harvey e Bob Weinstein.
Harvey Weinstein foi afastado da empresa em outubro do ano passado no seguimento de várias denúncias públicas de assédio e abuso sexual por dezenas de mulheres no meio cinematográfico.
Segundo o Los Angeles Times, em discussão estava um acordo de 500 milhões de dólares que permitiria a um grupo de investimento, liderado por Maria Contreras-Sweet, ter o controlo total da empresa, alterar-lhe o nome e ter uma administração com um maior participação de mulheres.
O acordo incluiria ainda a criação de um fundo de 40 milhões de dólares para a empresa compensar as mulheres que acusaram Harvey Weinstein.
As negociações falharam no início de fevereiro depois de o procurador-geral de Nova Iorque ter apresentado uma ação judicial contra a empresa e os seus fundadores.
Os irmãos Bob e Harvey Weinstein, que em 1979 fundaram os estúdios Miramax, produziram dezenas de filmes e séries de ficção e entertenimento premiadas.
Entre os filmes com maior sucesso de bilheteira contam-se “Sacanas sem lei” (2009) e “Django libertado” (2012), ambos de Quentin Tarantino, “O discurso do rei” (2010), de Tom Hooper, “Guia para um final feliz” (2012), de David O. Russell, e “O mordomo” (2013), de Lee Daniels.
27 Fev 2018

Village Mall | Espaço de indústrias criativas com negócios por um fio

Há dois anos Window Lei, proprietário do centro comercial Broadway Center, na Rua do Campo, teve um sonho: dar um espaço aos negócios de Macau na área das indústrias criativas e criar o projecto Village Mall, com rendas apetecíveis. Contudo, há muitas lojas fechadas, poucos clientes durante a semana e vários negócios por um fio

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Broadway Center, no coração da Rua do Campo, é aquilo que todos os centros comerciais de Macau gostariam de ser: renovado, com uma grande aposta em produtos locais feitos por jovens empreendedores e cheio de vida cultural. Criado há dois anos por Window Lei, o projecto Village Mall ocupa apenas três pisos, dois deles destinados a lojas e um destinado à restauração. Todos os fins-de-semana organizam-se actividades para pais e filhos, alguns concertos e feiras onde o que de melhor se faz em Macau é exposto ao público.

Se aos sábados e domingos o velho centro comercial de cara lavada ganha uma nova vida, com vários clientes e visitantes, durante a semana a dura realidade instala-se: é difícil fazer negócio e os clientes são poucos. Durante a semana, o Village Mall transforma-se num qualquer centro comercial antigo, dos muitos que existem na península, e que há muito deixaram de atrair visitantes.

À hora em que esta reportagem é feita são poucos aqueles que circulam pelos corredores e há muitas lojas fechadas no primeiro andar. É aqui que conversamos com Vivian, proprietária do espaço “PaperCrafters”.

A “PaperCrafts” vende material de papelaria e de decoração feito na Coreia do Sul e no Japão, e que são bastante populares em Macau. Apesar de Vivian, a proprietária, ter seguido a moda que explodiu nos últimos anos, o negócio não corre de feição.

“Podemos conversar à vontade. Afinal de contas, não tenho nada para fazer, não há ninguém a passar aqui”, começa por confessar ao HM. “Não temos muitos clientes e quem está no rés-do-chão está melhor. Durante a semana temos poucas pessoas, mas ao fim-de-semana temos mais.”

A “PaperCrafts” nasceu há dois anos, tendo a mesma idade que o projecto Village Mall. “Tinha mais expectativas quando aqui cheguei, porque havia mais lojas, mas acabaram por mudar todas lá para cima. Há muito poucas estabelecimentos e isso não é muito atractivo para chamar para cá os clientes”, apontou.

Vivian não tem dúvidas. A continuar assim, o seu negócio não deve durar muito nos moldes em que existe actualmente.

“Acho que a loja vai fechar ainda este ano. Lá em baixo as rendas são mais altas. Tudo vai depender do valor da renda [se muda para uma outra loja no Village Mall ou se abandona o projecto].”

Conquistar pelo paladar

“Lá em cima”, como diz Vivian, existe um espaço de restauração, esse sim com mais pessoas e cheio de comidas que são de vários lugares da Ásia, desde o Japão a Taiwan. É este o espaço que acaba por atrair mais pessoas, conforme contou ao HM Bengie, funcionário da loja “Fortitude – Urban Art and Culture”. Até chegarem ao terceiro andar, os clientes acabam por passar por algumas lojas e, eventualmente, comprar alguma coisa. Contudo, as lojas parecem não constituir o principal motivo para uma visita.

“Aqui no primeiro andar só existem três lojas. No segundo andar não é tão mau, porque há uma maior diversidade de espaços. Há muitas lojas de acessórios e produtos feitos à mão, por exemplo. O mais importante é mesmo o terceiro andar, e é a principal razão pela qual as pessoas vêm aqui”, contou o funcionário da Fortitude.

Espaço de restauração do Village Mall

A Fortitude vende sobretudo t-shirts e malas de tecido personalizadas, cheias de mensagens, e também está aberta há dois anos. Bengie confessa que é difícil fazer deste um negócio rentável, apesar de trabalhar ali apenas há um ano.

“Tudo depende do contrato de arrendamento que se assina. Em termos de clientes, é 50/50”, defendeu.

“Todos os sábados e domingos há eventos de música, para famílias, há também actividades para caridade e isso atrai as pessoas que acabam por comprar alguma coisa.”

Online salva lojas

No segundo andar não se trata apenas de negócio. Num dos espaços funciona uma pequena biblioteca que é, ao mesmo tempo, um lugar de lazer. Um homem dorme num dos sofás. Há um piano à espera de ser tocado e estantes cheias de livros que podem ser lidos e partilhados.

No mesmo andar há muitas lojas vazias. Passam das 16 horas quando Dada vem abrir a sua loja, “Midnight”. Cartazes de filmes, um deles do cineasta Wong Kar-wai, povoam a porta, mas a “Midnight” não vende filmes, mas sim produtos decorativos vindos de Hong Kong e acessórios femininos feitos à mão.

Dada, proprietária da loja Midnight

Dada convida-nos a sentar e confessa que a loja só é rentável porque também vende os mesmos produtos online. “Até agora o negócio tem corrido bem porque também vendemos na internet, e isso faz com que esta loja seja rentável.”

“Tenho entre cinco a dez clientes por dia, mas não tenho muito mais escolhas em termos de locais para manter uma loja. O valor da renda é ok. Antes tinha a loja num espaço mais escondido e decidi mudar-me para aqui, para ter mais clientes. A oportunidade surgiu através de um amigo”, acrescentou Dada.

No Village Mall, a proprietária da “Midnight” confessa já ter visto muitas lojas como a sua a fecharem portas, mas, no seu caso, prefere não desistir, pelo menos por enquanto.

“Para já vou manter-me aqui até arranjar um lugar melhor. Aqui, o proprietário dá-nos a oportunidade de expor de forma gratuita nos mercados que são organizados aos fins-de-semana, e isso é bom para mostrarmos os nossos produtos. Só assim é que nos conseguimos manter, é muito difícil é ter lucros”, frisou.

Dada reconhece a aposta que o Governo tem vindo a dar à área das indústrias criativas, e destaca também o investimento feito por Window Lei. Contudo, apostar naquilo que é feito em Macau ainda não chega.

“Se abrirem lojas deste género é muito diferente do que se importarem algumas marcas para Macau. Assim pode correr bem, porque de outra forma é difícil apostar em produtos locais”, defendeu.

A artesã adiantou ainda que o mentor do projecto Village Mall poderia fazer uma maior promoção ao espaço, apesar da realização de actividades criativas e lúdicas ao fim-de-semana. “Sem essas actividades é difícil fazer com que os clientes venham aqui.”

Também Vivian, da “PaperCrafts”, partilha da mesma opinião. “O proprietário não faz muita publicidade a este espaço e muitas das pessoas não fazem ideia de que este espaço existe e é difícil procurar produtos aqui, porque as lojas têm horários de abertura e de fecho diferentes.”

Percorremos mais corredores, vazios a meio da tarde. Há várias máquinas de jogos espalhadas, a fazerem lembrar hábitos bem japoneses, mas ali não há ninguém a gastar tempo livre a tentar a sua sorte.

Bem perto das máquinas de jogo funciona a SDA Dance Complex, uma empresa de dança urbana que atrai muitos jovens, conforme contou Miva ao HM. Uma das responsáveis por um dos projectos que mais agita o dia-a-dia do Village Mall confirma que, de facto, o burburinho só se nota aos fins-de-semana.

“Há muitos jovens que vêm ao nosso estúdio, porque temos um projecto ligado à dança de rua, e é um projecto apropriado para os jovens. O terceiro andar oferece um espaço de restauração com diferentes comidas, e durante os fins-de-semana há mais pessoas a visitar, porque realizam-se actividades no Village Mall, para bebés e há várias competições para crianças.”

Um centro educativo na calha

O HM tentou, até ao fecho da edição, chegar à fala com Window Lei, mas não foi possível estabelecer contacto. No Village Mall, a sua secretária, Ruby, avançou com mais informações.

Desde a abertura do espaço, há dois anos, que ali se estabeleceram cerca de 30 lojas. Muitas delas já fecharam, mas Ruby não conseguiu precisar um número. “Talvez precisem de mais clientes”, apontou apenas.

Apesar disso, Ruby assegura que o Village Mall tem vindo a receber pessoas de vários lugares. “Há pessoas que vêm cá oriundas de lugares diferentes, até da China, e muitos turistas também. Temos vindo a fazer alguma publicidade e promovemos vários eventos. Temos também uma cooperação com a Wynn.” 

Os lojistas com quem o HM falou queixaram-se das rendas de um projecto que, em 2016, pedia candidatos que pagassem cerca de oito mil patacas mensais. Os lojistas confessam, no entanto, que os valores divergem consoante o andar em que estão localizados.

“Tentamos ser flexíveis ao nível das rendas, penso que este é um bom lugar para estas empresas estarem”, frisou. “Também temos eventos em que os lojistas podem participar de forma gratuita.”

Para este ano está prevista a abertura de um centro educativo. Depois da dança, da música e das artes, o Village Mall está pronto para abrir um espaço dedicado à área da educação. Resta esperar que as pessoas apareçam.

27 Fev 2018

Livros | “Cair para dentro” encerra trilogia de Valério Romão

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] o último volume da trilogia “Paternidades Falhadas” de Valério Romão. Depois de “Autismo” e de “O da Joana”, “Cair para dentro” conta a história de duas mulheres, Virgínia e Eugénia, unidas pela relação mãe-filha.

Eugénia, a filha, não foi educada para ser um adulto independente e, embora seja professora universitária, a mãe controla o seu dinheiro, o seu tempo, proibindo-a até de ter telemóvel. Quando Virgínia começa a desenvolver sintomas de demência, Eugénia vê-se obrigada, deixando aquela infância artificial construída pela sua mãe, a crescer e a cuidar de todos os aspectos práticos da vida de ambas. Até descobrir que, no estado em que a mãe se encontra, a vingança é uma possibilidade. “Cair para dentro” explora até ao limite as dificuldades das relações humanas e os dilemas morais que delas decorrem, refere o texto de apresentação da obra.

O autor publicou ainda três livros de contos: “Facas”, “Da Família” e “Dez razões para aspirar a ser gato”. Valério Romão escreve também peças de teatro e poesia, por enquanto inédita (mas está previsto, para breve, o lançamento do livro-cd “Poetas Portugueses de Agora”, que integra poemas seus).

Valério Romão, nasceu em 1974, licenciou-se em filosofia e é escritor, contista, dramaturgo, tradutor. Seleccionado como Jovem Criador nacional no início do século, tem diversos livros publicados e é um dos nomes sonantes da nova literatura em Portugal. Foi finalista do Prix Femina 2016.

26 Fev 2018