China espera que Europa “retire os óculos da ideologia”

A China espera que a Europa “retire os óculos da ideologia” e respeite regras para evitar o “lançamento de políticas e iniciativas anti-globalização e exagero do conceito de segurança nacional”, segundo o embaixador do país em Portugal.

Numa conferência em Lisboa, Zhao Bentang, abordou ontem como a “chamada ‘redução dos riscos’ é uma falsa proposta” e que a “cooperação económica e comercial entre a China e a UE (União Europeia) é bem fundamentada, frutuosa e promissora”.

“Espera-se que a parte europeia retire os óculos coloridos da ideologia, exclua a interferência externa, adira à autonomia estratégica, e forme uma percepção independente e objectiva da China”, afirmou o embaixador, para quem deve ser continuada uma “política proactiva e racional”, além do respeito por “normas básicas de uma economia de mercado” e cumpridas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) para “evitar o lançamento de políticas e iniciativas anti-globalização e exagero do conceito de segurança nacional”.

O diplomata defendeu ainda que os novos produtos energéticos resultam de “vantagens comparativas e da lei do mercado”, garantindo que não existem subsídios proibidos pela OMC.

“Para a nova indústria de energia da China, o ‘excesso de produção’ é um disparate, é um pretexto para o proteccionismo”, adiantou o mesmo responsável, recusando ainda que haja ‘dumping’, uma vez que os “preços de exportação também estão em conformidade com as leis do mercado, não há problema de dumping”.

Perdas a dobrar

Na sua intervenção, o embaixador considerou, assim, que “defender a bandeira do desenvolvimento ecológico e, ao mesmo tempo, usar o bastão do proteccionismo para restringir as exportações chinesas” como veículos eléctricos “é uma atitude típica de dois pesos e duas medidas”.

Zhao Bentang argumentou que essa atitude “não só prejudicará a transformação ecológica da economia mundial, como também os esforços globais de combate às alterações climáticas, resultando numa situação de dupla perda”.

Na semana passada, a China tinha avançado que “reserva o direito” de apresentar uma queixa à OMC depois de a UE anunciar possíveis aumentos das tarifas de importação de veículos eléctricos chineses.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, o executivo comunitário indicou que, provisoriamente, as importações de veículos elétricos da BYD passarão a ser taxadas em 17,4 por cento, da Geely em 20 por cento e da SAIC em 38,1 por cento, sendo estas as marcas incluídas na amostra investigada.

A Comissão estabeleceu, a título provisório, ser “do interesse da UE remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detectadas, mediante a instituição de direitos de compensação provisórios sobre as importações de veículos eléctricos provenientes da China”.

Para além dos três mencionados, outros construtores chineses de carros eléctricos que cooperaram com a investigação, mas não foram incluídas na amostra serão taxadas em 21 por cento e as que não cooperaram em 38,1 por cento.

Guerra e paz

Na conferência de ontem o diplomata afirmou ainda como Pequim “compreende o impacto da crise ucraniana nos povos da Europa”, não sendo a China “nem criadora nem parte ou participante”, mas que tem “desempenhado um papel construtivo na promoção de uma resolução pacífica da crise” e fornecido apoio humanitário à Ucrânia.

Sobre o conflito israelo-palestiniano, a “China insiste em que a saída fundamental (…) reside na criação de um Estado palestiniano independente”.

“A história tem provado repetidamente que a causa principal da repetida instabilidade da situação israelo-palestiniana é a falta de aplicação efectiva das resoluções das Nações Unidas, a erosão contínua da base da solução de dois Estados e o desvio do processo de paz do Médio Oriente do caminho certo. A China está pronta a reforçar a cooperação com todos os países amantes da paz e a contribuir para o restabelecimento da paz no Médio Oriente”.

17 Jun 2024

China | Fitch aponta investimento em fábricas da UE face a tarifas

A agência de notação financeira Fitch disse esperar que a indústria automóvel chinesa invista em fábricas europeias, face ao anúncio da União Europeia (UE) sobre potenciais aumentos das tarifas de importação de eléctricos chineses.

Num relatório divulgado na passada quinta-feira à noite, a Fitch previu que as fabricantes de automóveis chinesas se adaptem às “crescentes tensões comerciais” no segmento dos veículos eléctricos “diversificando a produção”.

A agência disse que o sector automóvel da China “provavelmente irá diversificar as instalações de produção a nível mundial, uma tendência nos últimos anos”, incluindo “construir fábricas na UE e países vizinhos”.

A Comissão Europeia anunciou na passada quarta-feira um aumento das tarifas de importação de veículos eléctricos chineses para “remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detectadas”.

“As altas tarifas compensatórias propostas podem prejudicar as perspectivas de crescimento das montadoras chinesas na UE”, admitiu a Fitch.

De acordo com a Federação Europeia de Transporte e Meio Ambiente, a fatia de veículos eléctricos fabricados na China atingiu 19,5 por cento em 2023, se forem incluídos veículos de marcas estrangeiras, referiu a Fitch.

A agência acredita também que as empresas chinesas irão procurar aumentar o investimento “em mercados alternativos”, nomeadamente aqueles “com barreiras comerciais mais baixas”, assim como formar parcerias e ‘joint ventures’ com parceiros locais.

A Fitch sublinhou que as fabricantes “com destinos de exportação diversificados têm mais probabilidade de suportar os riscos de crescentes barreiras comerciais” e apontou o exemplo da BYD, cujos principais mercados de exportação incluem o Brasil, Tailândia e Israel.

As exportações de automóveis da China aumentaram 34,7 por cento em Abril, em comparação com o mesmo mês de 2023, sendo que os veículos a gasolina ou gasóleo ainda representam mais de 70 por cento, com a Rússia a ser o destino principal, disse a agência.

17 Jun 2024

Mar do Sul | Pequim permite à guarda costeira deter estrangeiros em águas disputadas

A China revelou no sábado um conjunto de regras que permitem à guarda costeira deter estrangeiros, sem julgamento, durante um período máximo de 60 dias, em águas disputadas no mar do Sul da China.

Pequim alega razões históricas para reivindicar a soberania sobre a quase totalidade do mar do Sul da China, algo que entra em conflito com outros países, incluindo Indonésia, Vietname, Malásia e Brunei.

A guarda costeira chinesa pode, desde sábado, deter, sem julgamento, estrangeiros “suspeitos de terem violado a organização de entradas e saídas fronteiriças”, de acordo com o novo regulamento, publicado na Internet.

O documento prevê um período de detenção de até 60 dias para “casos mais complexos” e “se a nacionalidade e a identidade [dos detidos] não forem claras”.

“Os navios estrangeiros que tenham entrado ilegalmente nas águas territoriais chinesas e nas águas adjacentes poderão ser abordados nos termos da lei”, acrescenta o regulamento.

Para reforçar as suas reivindicações territoriais, a China tem utilizado barcos e embarcações rápidas para patrulhar as águas e recifes do mar do Sul da China e construiu ilhas artificiais militarizadas em águas próximas das Filipinas.

O chefe do exército das Filipinas, general Romeo Brawner, disse a jornalistas na sexta-feira que as autoridades de Manila estavam “a discutir uma série de medidas para proteger os pescadores”.

Os pescadores filipinos “não devem ter medo, mas continuar as suas actividades normais de pesca na nossa Zona Económica Exclusiva” (ZEE), disse o general. “Temos o direito de explorar os recursos da região”, acrescentou.

17 Jun 2024

Índia | Seis mortes em inundações e deslizamento de terras

Pelo menos seis pessoas morreram na sequência de inundações e deslizamentos de terras provocados por fortes chuvas numa região remota do nordeste da Índia, disseram sexta-feira as autoridades locais à agência noticiosa AFP.

Cinco pessoas estão também desaparecidas em Sikkim, um estado no sopé dos Himalaias que faz fronteira com a China e é popular entre os turistas indianos.

“O nível da água no rio Teesta subiu muito acima do nível de perigo na manhã de quinta-feira, causando sérios danos nas estradas e perturbando o trânsito”, disse à agência France-Presse Gopinath Raha, um alto funcionário do governo estadual.

As zonas do norte de Sikkim ficaram “isoladas do resto do país”, disse à AFP Sonam Dichu, um agente da polícia do distrito de Mangan. “Muitas casas foram arrastadas”, acrescentou.

A agência estatal de gestão de catástrofes disse que estão em curso operações de socorro, embora atrasadas pelos danos causados também nas redes de telecomunicações.

O governo regional de Sikkim está a trabalhar “para prestar todo o apoio possível às vítimas e às famílias afectadas”, disse o ministro-chefe do estado, Prem Singh Tamang.

No ano passado, inundações repentinas ao longo do mesmo rio, provocadas pela rebentação de um lago glaciar, causaram danos consideráveis em estradas e pontes em Sikkim.

O norte da Índia tem sofrido várias ondas de calor sucessivas desde o final de Abril, prevendo-se que a vaga de calor continue por mais alguns dias na capital Nova Deli e noutras grandes cidades.

A cidade de Prayagraj, no estado de Uttar Pradesh, registou uma temperatura máxima de 47,1 graus, informou quarta-feira o Departamento Meteorológico Indiano.

No mesmo dia, o serviço alertou para uma “elevada probabilidade” de novas vagas de calor nos Estados de Bihar, Jharkhand e Uttar Pradesh. “As pessoas vulneráveis devem ser extremamente cautelosas”, advertiu em comunicado.

17 Jun 2024

Japão | Banco central reduz compra de dívida pública

O banco central japonês anunciou sexta-feira um corte na compra de títulos de dívida pública, em mais um passo rumo à progressiva normalização monetária, depois de um aumento das taxas de juro em Março.

O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu, por oito votos a um, reduzir a compra de dívida “para garantir que os rendimentos dos títulos de longo prazo sejam formados mais livremente nos mercados financeiros”.

O banco central não divulgou pormenores sobre o corte no volume de compras, que actualmente ronda os 6 biliões de ienes (cerca de 35,4 mil milhões de euros), de acordo com um comunicado publicado no final da reunião mensal de dois dias da instituição.

O BoJ, que detém mais de metade dos títulos de dívida pública em circulação, convocou uma reunião do grupo interno responsável pelos mercados obrigacionistas, com data ainda a definir, durante a qual vai ser debatida a “conduta futura”.

A instituição prometeu escutar os participantes do mercado de dívida e de outros especialistas e elaborar, antes da próxima reunião mensal, marcada para 30 e 31 de Julho, “um plano detalhado para reduzir o montante das compras para os próximos um ou dois anos”.

A decisão de reduzir as compras de obrigações foi bem recebida pelos mercados financeiros como mais um passo no sentido da progressiva normalização monetária, depois de mais de uma década de taxas de juros negativas.

A decisão surge numa altura em que o rendimento da dívida soberana japonesa de longo prazo se encontrava nos níveis mais elevados há mais de uma década, levantando preocupações sobre os custos dos empréstimos no Japão.

17 Jun 2024

Ucrânia | Tensões no país “podem amanhã estender-se à Ásia oriental”, diz PM japonês

Fumio Kishida discursou na Cimeira da Paz, em Genebra, que reúne quase cem líderes de países e organizações para discutir soluções que possam pôr fim à guerra imposta pela Rússia à Ucrânia

 

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, alertou no sábado, na Cimeira de Paz organizada pela Suíça para procurar soluções para a guerra russa na Ucrânia, de que as tensões causadas na Europa pelo conflito “podem amanhã estender-se à Ásia Oriental”.

Kishida sublinhou o apoio do Japão à Ucrânia desde o início da invasão, há mais de dois anos, com a imposição de severas sanções à Rússia, reforçadas na passada quinta-feira com um acordo de assistência assinado entre ele e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

“Apraz-me ver que tantos países se reuniram aqui hoje com o objectivo comum de alcançar a paz na Ucrânia, uma paz que deve ser duradoura e assente nos princípios da Carta das Nações Unidas, que não admite justificação alguma para alterar o ‘statu quo’ pela força ou a coerção”, declarou.

O chefe do executivo nipónico indicou que o Japão está especialmente interessado em cooperar num dos três pilares de discussão da cimeira, o da segurança nuclear, e expressou também a intenção de colaborar com a Ucrânia na segurança do seu abastecimento de electricidade e na remoção de minas terrestres nas zonas de combates.

O leste da Ásia é uma das regiões com mais tensões latentes do planeta, devido a conflitos por resolver como os que existem entre as duas Coreias ou entre Taiwan e a China.

A busca pela paz

A Suíça acolheu entre sábado e domingo a Cimeira para a Paz na Ucrânia, que junta representantes de quase uma centena de países e organizações, mas sem a participação da Rússia nem da China, entre outros ausentes de peso.

Portugal foi representado pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e também pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

O objectivo da conferência, organizada pela Suíça na sequência de um pedido nesse sentido do Presidente ucraniano, é “inspirar um futuro processo de paz”, tendo por base “os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz assentes na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional”.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infra-estruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram, entretanto, a concretizar-se.

17 Jun 2024

Justiça | Cinco anos de prisão para activista que impulsionou movimento #MeToo

Um tribunal chinês condenou sexta-feira a cinco anos de prisão a jornalista Huang Xueqin, impulsionadora do movimento #MeToo na China, detida em Setembro de 2021 e posteriormente acusada de “incitar à subversão do poder do Estado”.

“Huang Xueqin foi condenada a cinco anos de prisão”, indicou uma associação que a apoia numa publicação na rede social X (ex-Twitter), na qual se acrescenta que a jornalista “declarou perante o tribunal que vai recorrer” e que o activista Wang Jianbing foi condenado a três anos e meio de prisão pelas mesmas acusações.

A associação Free Huang Xueqin & Wang Jianbing precisou que o tribunal confiscou os bens da jornalista e que o veredicto inclui a privação dos direitos políticos de Huang durante quatro anos após a sua libertação da prisão.

Huang, de 36 anos, foi uma das vozes mais proeminentes do movimento #MeToo na China, relatando casos de denúncia e contando as suas experiências como vítima de assédio sexual numa agência noticiosa. Também criou um blogue na aplicação de mensagens WeChat para realizar inquéritos sobre assédio no local de trabalho.

Tanto Huang como Wang – um activista dos direitos dos trabalhadores – foram acusados pelas suas acções em reuniões que organizaram para debater o feminismo, questões laborais e direitos LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero). A jornalista foi detida um dia antes de se deslocar ao Reino Unido para fazer um mestrado.

17 Jun 2024

Argentina agradece a Pequim após restruturação de troca cambial

A Argentina agradeceu “a confiança depositada no plano económico do Governo” depois da China ter concordado em restruturar o pagamento de cinco mil milhões de dólares de uma troca cambial.

“A renovação do ‘swap’ [troca cambial] é um alívio para o sistema financeiro e contribui para a limpeza do balanço do banco central” argentino, disse na passada sexta-feira o gabinete do Presidente Javier Milei, num comunicado.

Isto porque a Argentina estava a enfrentar este pagamento numa altura em que o Banco Central da República Argentina (BCRA) tinha reservas monetárias de apenas 29,2 mil milhões de dólares, maioritariamente constituída por passivos.

O BCRA anunciou na passada quarta-feira que chegou a acordo com o homólogo chinês para estender por um período de 12 meses o pagamento, que estava previsto até ao final de Junho. “O vínculo de respeito entre os dois países é fundamental para o desenvolvimento comercial e a prosperidade de ambas as nações”, disse o Governo da Argentina.

Em Junho de 2023, o Governo de Alberto Fernández renovou e ampliou um acordo de troca cambial, que permite cobrir a exposição ao risco, com a China, no valor de 18,6 mil milhões de dólares.

O acordo permite o pagamento das importações argentinas da China na moeda chinesa, o renmimbi, para ajudar a manter o nível das reservas internacionais.

Milei declarou o alinhamento na política externa com os EUA, Israel, a União Europeia e o “mundo livre” e, por outro lado, manifestou-se contra a promoção de “pactos com comunistas”, em referência à China, embora sem interferir em relações comerciais privadas.

A ministra dos Negócios Estrangeiros argentina, Diana Mondino, visitou a China com uma comitiva da tutela da Economia no final de Abril, e a imprensa local afirmou que Milei estava a ponderar viajar para o país asiático após a restruturação da troca cambial.

Recordes a não bater

Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um empréstimo de quase 800 milhões de dólares à Argentina e disse que o programa de estabilização da economia do país está “no bom caminho”.

A decisão do FMI surgiu um dia depois de a câmara alta do parlamento da Argentina ter aprovado uma proposta de Milei que prevê uma reforma do Estado, apesar de tumultos que deixaram cerca de dez feridos.

A Argentina continua a enfrentar uma inflação recorde, ainda que tenha continuado a desacelerar em Maio, para 4,2 por cento em termos mensais, o valor mais baixo em dois anos e meio.

No entanto, em termos anuais a inflação continua a ser muito elevada, 276,4 por cento, numa tendência que se acelerou após a desvalorização da moeda argentina, o peso, imposta por Milei no final de 2023.

A economia da Argentina deverá contrair 2,8 por cento em 2024, de acordo com uma previsão do FMI, após uma recessão de 1,6 por cento registada em 2023.

17 Jun 2024

Diplomacia | Li Qiang promete mais pandas e pede “terreno comum” à Austrália

A chamada “diplomacia do panda” ganhou terreno na Austrália com a confirmação pela voz do primeiro-ministro chinês do empréstimo de um novo casal de animais à escolha das autoridades australianas

 

A China vai emprestar à Austrália um novo casal de pandas gigantes, anunciou ontem o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que apelou ainda à “procura de um terreno comum” entre os dois países. O empréstimo dos dois pandas gigantes Wang Wang e Fu Ni ao jardim zoológico de Adelaide, no sul da Austrália, acordado em 2009, termina em breve, numa prática também conhecida como “diplomacia do panda”.

“Wang Wang e Fu Ni estão longe de casa há 15 anos. Acho que eles sentiram muitas saudades de casa e por isso irão retornar à China antes do final do ano”, disse Li Qiang no zoológico, a primeira paragem da visita a Austrália.

“Mas o que posso dizer é que iremos fornecer o mais rapidamente possível um novo par de pandas igualmente bonitos, encantadores e adoráveis”, assegurou o primeiro-ministro, acrescentando que Pequim apresentará uma lista de candidatos a Camberra.

“É bom para a economia, para os empregos no [estado da] Austrália do Sul, para o turismo e é um símbolo de boa vontade, e agradecemos por isso”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong.

De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza, que actua na área de protecção ambiental, restam cerca de 1.860 pandas gigantes, principalmente nas florestas de bambu das regiões montanhosas da China.

Graças aos programas de conservação, a União Internacional para a Conservação da Natureza retirou o panda da categoria “em perigo” no final de 2016. No entanto, permanece listado como vulnerável na lista vermelha de espécies ameaçadas.

No bom caminho

Após a visita ao zoológico, Li Qiang almoçou no Penfolds Magill Estate de Adelaide, um restaurante do sector vitivinícola, um dos mais afectados pelas tensões comerciais entre os dois países.

Em Março, a China levantou tarifas alfandegárias impostas em 2020 ao vinho da Austrália, que afectaram muito as exportações para o país asiático, que chegaram a atingir 1,2 mil milhões australianos de dólares por ano.

“No último mês, desde que a proibição do vinho foi levantada, vendemos 86 milhões de dólares australianos em vinho à China”, disse ontem o ministro do Comércio da Austrália, Don Farrell.

“As relações entre a China e a Austrália voltaram ao bom caminho após um período de reviravoltas, gerando benefícios tangíveis para os povos de ambos os países”, disse Li Qiang, de acordo com um comunicado da embaixada chinesa.

“A história provou que o respeito mútuo, a procura de um terreno comum, pondo de lado as diferenças, e a cooperação (…) é um passo importante para o desenvolvimento das relações entre a China e a Austrália”, acrescentou.

A visita do alto funcionário chinês à Austrália é a segunda etapa de uma digressão diplomática pela Oceânia que o levou primeiro à Nova Zelândia.

17 Jun 2024

UE | França também quer tarifas sobre painéis solares e turbinas eólicas

A França vai envidar esforços para obter validação dos países da União Europeia sobre as tarifas de importação aos carros eléctricos chineses, pretendendo ainda medidas semelhantes para os países solares e turbinas eólicas importadas daquele pais asiático.

Esta posição foi assumida pelo ministro da Economia e Finanças francês, Bruno Le Maire, numa entrevista, ontem, à emissora Sud Radio.

“Cada Estado-membro tem de perceber que deve ser restabelecida esta relação de força” com a China, afirmou o governante, confirmando que a França vai votar a favor da proposta anunciada esta quarta-feira pela Comissão Europeia de aplicação de tarifas de importação de veículos eléctricos chineses em até 38,1 por cento, por considerar que os apoios dados distorcem a concorrência com os fabricantes europeus.

Bruno Le Maire disse ainda que o seu país vai tentar convencer os outros Estados-membros de que nesta questão faz falta uma maioria qualificada, em particular a Alemanha, que se tem manifestado contra, por recear retaliações por parte da China, que é o principal mercado de destino das exportações alemães, em particular da indústria automóvel.

O ministro francês – que está em campanha para as eleições legislativa antecipadas em França, nas quais a extrema-direita se posiciona como favorita propondo um programa proteccionista na vertente económica – disse ainda esperar que a Comissão Europeia faça o mesmo relativamente aos painéis solares e turbinas eólicas importadas da China.

14 Jun 2024

UE | ACAP acredita em acordo sobre subsídios a eléctricos

O secretário-geral da ACAP sublinhou ontem que a decisão da União Europeia (UE) em aumentar as tarifas para a importação de veículos eléctricos da China não é final e que permite às partes chegarem a um entendimento.

Em declarações à Lusa, Helder Pedro registou que vê “uma abertura da Comissão Europeia” para que esta e a China, junto da Organização Mundial do Comércio (OMC), possam “negociar e chegar a um entendimento” sobre os subsídios de Estado à produção de veículos eléctricos chineses.

“O ideal é haver, digamos, uma liberdade de circulação e que não haja, digamos, este tipo de situações que vão discriminar aquilo que são os vários construtores presentes no mercado”, disse.

Helder Pedro assinalou que esta medida pode ainda ser cancelada e tem cariz provisório, prolongando-se até Novembro.

“O que está em cima da mesa são medidas provisórias da Comissão Europeia, que vão ser aplicadas entre 4 de Julho e 4 de Novembro sobre alguns construtores. Até lá irão a Comissão Europeia – a Europa, no fundo –, e a China, o Governo chinês, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, negociar, dialogar, no sentido de ultrapassar a situação e ver se no fim do período provisório, em Novembro, se continuarão ou não a aplicar estas tarifas”, explicou.

O responsável da associação está confiante que o bloco europeu e o gigante asiático vão alcançar um acordo para que possam “cessar estas medidas”.

Balança descaída

A ACAP entende que este é um assunto que diz respeito a subsídios de Estado e que “não se trata de ‘dumping’, que são processos mais graves”. Estes subsídios, de acordo com Helder Pedro, “não são iguais para todos os fabricantes chineses e também não se aplicam a todos”.

Para a decisão, segundo o secretário-geral da associação automóvel, também deve ter pesado a “grande disparidade” entre as importações e as exportações de veículos eléctricos de e para a China. “Em 2023, a União Europeia importou 438 mil veículos eléctricos e exportou 11.500”, referiu, apontando que “os números são muito desproporcionais para a União Europeia”.

Para Bruxelas, a cadeia de valor dos veículos eléctricos da China beneficia de subvenções injustas, o que está a causar uma ameaça de prejuízo económico aos construtores da UE.

A Comissão Europeia abriu no ano passado uma investigação a estas subvenções, uma investigação que o porta-voz governamental chinês Lin Jian considerou ontem ser “um caso típico de proteccionismo”.

“Isto vai contra os princípios da economia de mercado e as regras do comércio internacional, e prejudica a cooperação económica e comercial entre a China e a UE, bem como a estabilidade da produção automóvel global e das cadeias de abastecimento”, referiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Bruxelas contactou ainda as autoridades chinesas para discutir estas conclusões e possíveis formas de resolver a questão, mas caso as conversações com as autoridades chinesas não conduzam a uma solução eficaz, estes direitos de compensação provisórios serão introduzidos a partir de 4 de Julho através de uma garantia cuja forma será decidida pelas alfândegas de cada Estado-membro.

14 Jun 2024

Acções da filial eléctrica do grupo Evergrande caiem 27% após alerta sobre confisco de activos

As acções da filial de veículos eléctricos da construtura chinesa Evergrande chegaram a cair 26,7 por cento em Hong Kong, após esta alertar para o possível confisco de activos por parte das autoridades devido a dívidas.

Num comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong na quarta-feira à noite, a Evergrande NEV admitiu que as autoridades da China exigiram, por escrito, o pagamento de cerca de 1,9 mil milhões de yuan no prazo de 15 dias, embora a empresa garanta que irá recorrer da decisão.

A 22 de Maio, a Evergrande NEV já tinha revelado que as autoridades chinesas exigiam a devolução deste valor, correspondente a subsídios, depois de não ter conseguido iniciar a prometida produção em massa dos seus veículos eléctricos.

No final de 2023, a empresa tinha fabricado 1.700 unidades do seu primeiro veículo, o Hengchi 5, e entregue quase 1.400.

Caso o recurso seja rejeitado, “o grupo ficaria exposto ao risco de ‘recuperação obrigatória’ de terrenos, edifícios e maquinaria que seriam utilizados para o reembolso de incentivos e subsídios”, o que teria um impacto significativo na situação financeira e operações da empresa.

No final de Maio, os administradores judiciais do grupo Evergrande alegaram ter encontrado um possível comprador para adquirir até 58,5 por cento da filial de veículos eléctricos.

A Evergrande NEV foi forçada a interromper a produção na sua fábrica em Tianjin, no norte da China, devido a uma “grave escassez de fundos”.

A empresa registou em 2023 prejuízos líquidos de 11,9 mil milhões de yuan, um valor elevado que, no entanto, foi 57 por cento inferior ao do ano anterior. Já em 2021 a Evergrande NEV tinha cancelado planos para uma segunda listagem, na bolsa de Xangai, por falta de liquidez para manter todas as operações.

Aquém das expectativas

Antes de ter sido detido e colocado em prisão domiciliária por “suspeitas de actividades ilegais”, no ano passado, o fundador do grupo, Xu Jiayin, tinha apontado a filial de veículos eléctricos como a grande esperança para salvar o conglomerado.

A Evergrande NEV deu a si própria “três a cinco anos”, quando foi fundada em 2019, para se tornar o fabricante “mais poderoso” de carros eléctricos do mundo. A sobrevivência da marca está agora em jogo, enfraquecida pelos problemas da empresa-mãe e pelas fracas vendas.

A justiça de Hong Kong ordenou no final de Janeiro a liquidação da Evergrande a favor dos credores estrangeiros, uma decisão que poderá não ser reconhecida na China continental, onde se encontra a maior parte dos activos do grupo.

A Evergrande, com um passivo de cerca de 330 mil milhões de dólares, entrou em incumprimento há mais de dois anos, depois de sofrer uma crise de liquidez devido às restrições impostas por Pequim ao financiamento de promotores imobiliários com elevado nível de dívida.

13 Jun 2024

Inflação | Índice na China permanece em 0,3% em Maio

O índice de preços no consumidor na China, principal indicador da inflação, subiu 0,3 por cento em Maio em termos anuais, um valor semelhante ao registado em Abril, foi ontem anunciado.

O indicador, divulgado pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (NBS), ficou abaixo das expectativas dos analistas, entre os quais a previsão mais generalizada apontava para uma inflação de 0,4 por cento em termos homólogos.

Numa base mensal, os preços no consumidor caíram 0,1 por cento. Os especialistas esperavam que o indicador permanecesse inalterado em comparação com Abril, pelo segundo mês consecutivo.

Este é o quarto mês consecutivo em que a China regista inflação em termos anuais, depois de, no final de 2023 e no início deste ano, ter registado uma tendência deflacionária, também durante quatro meses.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

O estatístico do NBS Dong Lijuan apontou factores sazonais para explicar os números, incluindo o aumento dos preços de alguns alimentos devido às chuvas torrenciais no sul do país e a queda dos preços turísticos após os feriados do Dia do Trabalhador, 1 de Maio.

Dong sublinhou que a inflação subjacente, medida que exclui os preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade, aumentou 0,6 por cento em termos homólogos em Maio. A inflação anual permanece, no entanto, longe da meta de 3 por cento fixada pelo Governo da China.

13 Jun 2024

Veículos eléctricos | Pequim critica UE por aumentos de taxas

A China criticou ontem possíveis aumentos pela União Europeia (UE) das tarifas de importação de veículos eléctricos do país asiático, considerando que tal é proteccionismo e prejudicial para os interesses europeus.

“Isto vai contra os princípios da economia de mercado e as regras do comércio internacional, e prejudica a cooperação económica e comercial entre a China e a UE, bem como a estabilidade da produção automóvel global e das cadeias de abastecimento”, referiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian, em conferência de imprensa.

A declaração de Lin Jian, citado pela agência France-Presse (AFP) ocorreu ainda antes da divulgação de um comunicado da Comissão Europeia, que ontem ameaçou aumentar, a partir de 4 de Julho, estas tarifas de importação por ter concluído que houve práticas desleais de Pequim em benefício de construtores chineses.

Em comunicado divulgado durante a manhã, o executivo comunitário indicou que, provisoriamente, as importações de veículos eléctricos da BYD passarão a ser taxadas em 17,4 por cento, da Geely em 20 por cento e da SAIC em 38,1 por cento, sendo estas as marcas incluídas na amostra investigada.

Com base nas conclusões do inquérito, a Comissão estabeleceu, a título provisório, ser “do interesse da UE remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detetadas, mediante a instituição de direitos de compensação provisórios sobre as importações de veículos eléctricos provenientes da China”.

Para Bruxelas, a cadeia de valor dos veículos eléctricos da China beneficia de subvenções injustas, o que está a causar uma ameaça de prejuízo económico aos construtores da UE.

Para além dos três mencionados no comunicado, outros construtores chineses de carros eléctricos que cooperaram com a investigação, mas não foram incluídas na amostra serão taxadas em 21 por cento e as que não cooperaram em 38,1 por cento.

13 Jun 2024

Hong Kong | Pequim acusa activistas de “comportamento odioso”

O grupo de seis activistas exilado no Reino Unido é acusado de conspirar contra a China e Hong Kong e de colocar em risco a segurança nacional

 

A China acusou de “comportamento odioso” seis activistas de Hong Kong que vivem no exílio no Reino Unido e cujos passaportes foram cancelados ontem pelo governo da antiga colónia britânica. “Nathan Law e os outros estão há muito envolvidos em actividades anti-China e anti-Hong Kong”, disse Lin Jian, porta-voz da diplomacia chinesa.

“O seu comportamento desprezível pôs seriamente em perigo a segurança nacional, prejudicou os interesses fundamentais de Hong Kong e afecta o princípio de ‘um país, dois sistemas’”, acrescentou.

Num comunicado, o secretário para a Segurança de Hong Kong disse que “todos eles continuam a praticar actos e actividades que põem em perigo a segurança nacional depois de terem fugido para o Reino Unido”.

Os activistas são Nathan Law Kwun-chung, fundador do partido político Demosisto e antigo deputado, Simon Cheng Man-kit, cofundador do grupo “Hong Kongers in Britain”, o sindicalista Christopher Mung Siu-tat, o advogado Johnny Fok Ka-chi, Tony Choi Ming-da e Finn Lau Cho-dik.

Além do cancelamento dos passaportes, Hong Kong também proibiu os seis activistas de acederem a fundos no território, vender ou comprar bens imóveis na cidade e criarem ‘joint-ventures’ ou parcerias.

A polícia de Hong Kong alertou no comunicado que qualquer pessoa que ajude algum dos activistas a contornar estas medidas “comete um crime e arrisca uma pena de prisão por sete anos, em caso de condenação”.

Um porta-voz do Governo de Hong Kong descreveu as medidas como “um forte golpe” contra “estes criminosos fora-da-lei procurados”.

As autoridades acusaram os activistas de “fazerem comentários alarmistas para difamar e caluniar a Região Administrativa Especial de Hong Kong” e de continuarem “a conspirar com forças externas”.

Tudo por tudo

Em Dezembro, a polícia de Hong Kong tinha oferecido recompensas no valor de um milhão de dólares de Hong Kong por informações que conduzam à captura de cinco activistas residentes no estrangeiro, acusados de crimes contra a segurança nacional. Os activistas procurados vivem no exterior desde que Pequim impôs uma lei de segurança nacional a Hong Kong, em 2020.

No início de Maio, o Ministério Público britânico acusou o director do escritório comercial de Hong Kong em Londres e dois outros homens de terem ajudado as autoridades da região chinesa a recolher informações no Reino Unido.

A 3 deste mês, o Ministério da Segurança do Estado da China disse ter detido dois chineses por alegadamente fazerem parte de um plano de espionagem lançado pelos serviços secretos do Reino Unido MI6.

Em Julho de 2023, o activista Finn Lau, um dos alvos das medidas anunciadas ontem, disse à Lusa que Portugal deve suspender o acordo de extradição com Hong Kong, após a entrada em vigor da nova lei de segurança nacional.

Portugal e a República Checa são os únicos dois países da UE que ainda têm acordos de extradição em vigor com a região chinesa.

13 Jun 2024

Morreu o microbiologista japonês que descobriu as estatinas aos 90 anos

O microbiologista e bioquímico japonês Akira Endo, que descobriu as estatinas, que revolucionaram a prevenção e o tratamento de doenças cardiovasculares, morreu aos 90 anos, revelou um dos seus ex-colaboradores à Agência France Presse (AFP).

O cientista japonês morreu na quarta-feira passada, disse à AFP Keiji Hasumi, outro bioquímico japonês de quem Endo foi mentor e que com ele trabalhou. “Era uma pessoa dura e rigorosa, muito perspicaz. Conseguia ver a essência oculta das coisas”, afirmou Hasumi.

Nascido a 14 de Novembro de 1933, numa família de agricultores em Akita, no norte do Japão, Akira Endo desde muito jovem ficou fascinado pelos efeitos dos cogumelos e outros fungos nos seres vivos.

Essa paixão não o abandonou e, na universidade, leu uma biografia de Alexander Fleming, o médico e biólogo britânico que descobriu em 1928 o primeiro antibiótico, a penicilina, isolado de um fungo.

Em 1957, ingressou na empresa farmacêutica japonesa Sankyo como microbiologista e dedicou-se ao metabolismo lipídico e à biossíntese do colesterol.

De 1966 a 1968 realizou pesquisas no Albert Einstein College of Medicine, em Nova York. Surpreendido com o grande número de idosos e pessoas com sobrepeso nos Estados Unidos, percebeu a importância de desenvolver um medicamento para baixar o colesterol.

De volta a Sankyo, no Japão, Akira Endo retomou o estudo dos cogumelos e bolores, convencido de que abrigavam o segredo para bloquear enzimas que participam da biossíntese do colesterol.

O investigador passou dois anos a analisar os compostos químicos de 6.000 espécies de fungos para tentar confirmar a sua teoria, até à descoberta, em 1973, da mevastatina, o primeiro representante da classe das estatinas cuja capacidade era de reduzir o nível de LDL (colesterol mau) no sangue.

Só em 1987 é que o laboratório americano Merck & Co lançou a primeira estatina comercial – a lovastatina. Mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo tomam este tipo de medicamentos, cujo mercado vale cerca de 15 mil milhões de dólares.

Reacção excessiva

Na sequência da sua prescrição massiva, as controvérsias sobre os efeitos secundários nocivos ou ineficácia multiplicaram-se em muitos países, o que tem desencorajado muitos pacientes de tomar estes medicamentos.

Contudo, segundo uma meta-análise publicada em 2022 no European Heart Journal, tendo em conta 176 estudos sobre o tema e com base em dados de quatro milhões de pacientes, a intolerância às estatinas é sobrestimada e sobrediagnosticada.

Akira Endo recebeu várias distinções pelo seu trabalho pioneiro, incluindo o Prémio Albert Lasker para investigação médica e clínica, em 2008.

12 Jun 2024

Crime | Polícia detém suspeito de ataque a quatro professores norte-americanos

Um suspeito foi detido na China na segunda-feira após o aparente esfaqueamento de quatro professores universitários norte-americanos, anunciou ontem a polícia chinesa, que considerou a situação “um caso isolado”.

“O suspeito, de nome Cui, foi detido no próprio dia” do ataque ocorrido na segunda-feira num parque de Jilin, informou a polícia desta cidade chinesa, num comunicado, acrescentando que o homem em questão tem 55 anos.

Os ataques a cidadãos estrangeiros, especialmente ocidentais, são raros na China, onde as ruas são geralmente muito seguras a qualquer hora do dia.

A Cornell College University, no estado de Iowa (centro dos Estados Unidos), disse na segunda-feira que estes quatro norte-americanos trabalhavam como professores num estabelecimento de ensino superior e participavam num intercâmbio académico na China, tendo ficado feridos durante um “incidente grave”.

Um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano falou mesmo de “um ataque com facas em Jilin”, uma cidade no nordeste da China, localizada na província com o mesmo nome.

Além dos quatro norte-americanos, um turista chinês, que tentou intervir, também ficou ferido. “A polícia considera que este é um caso isolado. Uma investigação está em curso”, disse Lin Jian, porta-voz da diplomacia chinesa.

Vídeos não verificados divulgados nas redes sociais estrangeiras desde segunda-feira mostram várias pessoas no terreno a receber tratamento, com manchas de sangue nas roupas e no chão.

“A China é geralmente reconhecida como um dos países mais seguros do mundo. Sempre tomou medidas eficazes e continuará a tomar medidas relevantes para proteger eficazmente a segurança de todos os estrangeiros na China”, assegurou Lin Jian.

12 Jun 2024

Wang Yi reúne com Lavrov sobre cooperação dos dois países e do BRICS

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, reuniu-se na segunda-feira em Nizhny Novgorod com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, sobre os laços bilaterais e a cooperação do BRICS.

Observando que a recente visita do Presidente russo Vladimir Putin à China foi um grande sucesso, Wang, disse, citado pela Xinhua, que os dois lados devem implementar plenamente o importante consenso alcançado pelos líderes dos dois países e intensificar a cooperação em vários campos sob a orientação estratégica dos chefes de Estado dos dois países.

O desenvolvimento das relações entre a China e a Rússia é uma escolha estratégica feita pelos dois lados com base nos seus respectivos interesses fundamentais, alinhando-se às tendências globais e à maré dos tempos, disse Wang, acrescentando que não visa a terceiros e não será perturbado por forças externas.

A China está disposta a trabalhar com a Rússia para manter o foco estratégico, explorar o potencial de cooperação, responder às pressões externas e promover o progresso sólido e sustentável das relações bilaterais, disse o responsável chinês.

Intitulando o grupo BRICS como uma plataforma importante para a unidade e a cooperação entre os mercados emergentes e os países em desenvolvimento, Wang assinalou que o mecanismo ampliado do BRICS desempenhará um papel crucial na criação de um sistema de governança global mais justo e razoável.

Wang enfatizou que a China está disposta a apoiar totalmente o trabalho da Rússia com a presidência do BRICS, trabalhar em conjunto para consolidar a parceria estratégica do BRICS, promover a unidade e o autoaperfeiçoamento do Sul Global, fazer uma voz mais poderosa para defender o multilateralismo e promover o desenvolvimento comum, de modo que a “cooperação do BRICS maior” possa ser bem iniciada.

Frutos da cooperação

Lavrov disse que, durante a visita do Presidente Putin à China, os chefes de Estado dos dois países definiram o curso para o desenvolvimento das relações Rússia-China e alcançaram novos frutos de cooperação estratégica.

A Rússia está disposta a trabalhar com a China para implementar o importante consenso alcançado pelos chefes de Estado dos dois países, intensificar os intercâmbios de alto nível, aprimorar a cooperação em vários campos e, em conjunto, tornar os Anos de Cultura Rússia-China um sucesso, disse Lavrov.

Os dois lados também trocaram opiniões sobre as atuais situações internacionais e regionais, incluindo a crise da Ucrânia.

12 Jun 2024

Timor-Leste | Crianças trabalham para aumentar rendimentos da família

Em 2016, a UNICEF indicava que mais de 50 mil crianças trabalhavam em Timor-Leste. A situação ainda é bastante visível em todas as capitais de municípios do país, fazendo parte de uma tradição enraizada e sustentada pela pobreza. O Provedor da Justiça e dos Direitos Humanos, Virgílio Guterres, que também trabalhou durante a infância, pede acção ao Governo de Díli

 

João (nome fictício), de 16 anos, é um dos muitos jovens timorenses que trabalha para aumentar o rendimento para ajudar a família a conseguir comprar comida e combater a pobreza, que persiste em Timor-Leste Conduz em Liquiçá, a cerca de 31 quilómetros de Díli, um “tum-tum” (equivalente a um ‘tuk-tuk’ em Portugal), comprado pela tia, que lhe paga mensalmente 50 dólares por trabalhar várias horas por dia, às vezes das 06h até às 19h. “Trabalho para ajudar a minha mãe e para conseguir ir à escola”, disse à Lusa João, perante os olhares curiosos e o “gozo” dos seus colegas de profissão, também jovens, por estar a falar com um “malae” (estrangeiro, em tétum).

Em Díli, Mário (nome fictício), também com 16 anos, vende pacotinhos de amendoim para “levar dinheiro para casa”. Vai à escola, mas gosta mesmo é de futebol, da selecção de Portugal, do Ronaldo e do Messi, explicou à Lusa.

Na capital timorense, as crianças e jovens que trabalham são visíveis ao início da manhã ou ao final da tarde, trabalhadores-estudantes, que no seu tempo livre vendem vários alimentos, incluindo amendoins, ovos cozidos, pipocas, para engrossar o parco rendimento das famílias.

“É uma situação muito preocupante. Consideramos que o nosso país é democrático, onde o direito e as liberdades do cidadão são garantidas e onde a Constituição atribui uma obrigação ao Estado para garantir que os seus cidadãos, especialmente as crianças, gozem do seu direito de brincar, de desenvolver-se e o Estado tem obrigação de proibir o trabalho infantil”, afirmou o Provedor da Justiça e dos Direitos Humanos, Virgílio Guterres.

“Infelizmente, continuamos a viver nesta situação, muitas crianças na rua, muitas a envolverem-se no trabalho infantil”, lamentou o provedor timorense.

Segundo Virgílio Guterres, persiste também ainda a tradição de envolver os filhos e as filhas nas actividades para sustentar a família.

“Eu no passado também ajudei a minha família a fazer negócio, mas agora estamos noutra era, num novo regime, onde há garantias constitucionais e, como provedor, vejo com grande preocupação esta situação”, afirmou.
Para o Provedor da Justiça e dos Direitos Humanos, os sucessivos Governos do país falharam em desenvolver sectores como a educação, saúde e agricultura, principalmente desde que Timor-Leste começou a utilizar o dinheiro do Fundo Petrolífero.

À vista de todos

Em Timor-Leste, a maioridade atinge-se aos 17 anos e o código de trabalho prevê que a idade mínima de admissão ao trabalho é de 15 anos, mas os menores entre os 13-15 podem prestar “trabalho leve”.

Segundo um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que cita dados recolhidos pelas autoridades timorenses em 2016, 16,1 por cento das crianças e jovens entre os cinco e os 17 anos estavam empregadas, sendo a prevalência maior em áreas rurais. Daquelas 16,1 por cento, 12,5 por cento, ou seja, cerca de 52.651 crianças, representavam trabalho infantil e 3,6 por cento (15.037 crianças) representavam formas permitidas de trabalho.

“Vendo a situação em Díli e em todas as capitais de municípios, simplesmente não podemos negar” os números, disse Virgílio Guterres, salientando que não se pode aceitar nem “50.000, nem cinco crianças” a trabalhar. O Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil assinala-se amanhã.

11 Jun 2024

Mar do Sul da China | Filipinas rejeitam notificar Pequim sobre operações

As Filipinas rejeitaram notificar Pequim sobre as operações nos postos filipinos no mar do Sul da China, uma exigência que Manila descreveu como “absurda, sem sentido e inaceitável”.

“Reafirmamos o nosso compromisso de defender os nossos direitos soberanos e a nossa jurisdição sobre o atol de Ayungin”, disse o conselheiro de Segurança Nacional filipino, Eduardo Año, referindo-se ao atol também conhecido como Ren’ai Jiao na China. O atol “está dentro da nossa Zona Económica Exclusiva (ZEE), conforme reconhecido pelo direito internacional e pela sentença arbitral de 2016”, acrescentou Año, num comunicado divulgado nas redes sociais no sábado à noite.

Em Julho de 2016, o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia decidiu a favor das Filipinas sobre a soberania no atol de Scarborough, que fica a menos de 321 quilómetros da ilha filipina de Luzon e estaria dentro da ZEE de Manila, de acordo com o direito internacional.

Pequim não acatou a decisão, alegando razões históricas para a reivindicação de soberania sobre a quase totalidade do mar do Sul da China, uma reivindicação que entra em conflito com as da Indonésia, Vietname, Malásia e Brunei.

Na quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China exigiu que as Filipinas notificassem Pequim, “com a antecedência relevante”, das operações no atol de Ayungin, para permitir a entrega de abastecimentos ao destacamento no Sierra Madre, um antigo navio militar encalhado desde 1999 para reivindicar a soberania de Manila.

“Não precisamos e nunca precisaremos da aprovação da China para nenhuma das nossas actividades” em Ayungin, defendeu Año, qualificando a proposta chinesa de “absurda, sem sentido e inaceitável”. “As nossas operações são realizadas dentro das nossas próprias águas territoriais e ZEE (…) Não seremos dissuadidos por interferências ou intimidações estrangeiras”, assegurou o dirigente filipino.

11 Jun 2024

Lacticínios | Empresas chinesas pedem investigação a subsídios europeus

Várias empresas estão “a preparar provas” para solicitar ao Governo da China a abertura de uma investigação aos subsídios da União Europeia a algumas exportações de laticínios

 

A imprensa oficial chinesa adiantou que algumas empresas nacionais vão entregar provas ao Governo Central para que sejam investigados os subsídios atribuídos pela União Europeia no que toca à exportação de produtos lacticínios.

Numa mensagem publicada, no sábado, na rede social X (antigo Twitter), que está bloqueada na China continental, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, o Global Times, citou uma fonte não identificada “com conhecimento do sector”. A notícia surgiu num contexto de crescentes tensões comerciais entre a China e Bruxelas.

Em 26 de Maio, o Global Times publicou uma mensagem semelhante, citando também uma fonte não identificada “com conhecimento do sector”, que garantia que empresas chinesas iriam pedir uma investigação antidumping contra importações de carne de porco da UE.

Dias antes, a Câmara de Comércio da China na UE disse ter sido “informada por especialistas do sector” de que Pequim estaria a ponderar aumentar as taxas alfandegárias sobre veículos com motores de grande cilindrada, em preparação contra a possível decisão da UE de penalizar os eléctricos chineses.

Em Outubro, Bruxelas abriu uma investigação sobre os subsídios públicos que Pequim concede aos veículos eléctricos, por temer que o mercado esteja a ser inundado por veículos com preços “artificialmente baixos”. A decisão mereceu o protesto de Pequim, que a descreveu como um caso de “proteccionismo flagrante”.

Várias frentes

A UE deverá informar este mês os exportadores chineses se irão impor tarifas adicionais aos veículos eléctricos.
A imprensa estatal da China recordou que, em 22 de Maio, o Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação antidumping contra as importações de copolímero de polioximetileno, um material frequentemente utilizado pelo sector automóvel, proveniente dos EUA, da UE, do Japão e de Taiwan.

No mesmo dia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês garantiu que “o desenvolvimento e a abertura da China à Europa e ao mundo é uma oportunidade, não um risco”, e que o proteccionismo “não pode resolver os problemas da UE”. “A UE e a China devem resolver questões económicas e comerciais concretas através do diálogo e de consultas”, disse o porta-voz do ministério, Wang Wenbin.

11 Jun 2024

Brasil | Visita a Pequim resultou em mais de 4,2 mil milhões de euros em créditos

O Governo brasileiro anunciou que a missão oficial à China resultou em 24,6 mil milhões de reais (4,2 mil milhões de euros) em créditos, incluindo recursos destinados a obras de infra-estrutura

 

Segundo o comunicado emitido pelo Governo brasileiro, o vice-Presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, encontrou-se na sexta-feira com o Presidente da China, Xi Jinping, encerrando a visita oficial de quatro dias à China.

“Concluímos esta missão à China com resultados muito satisfatórios. Garantimos mais de 24,6 mil milhões de reais em financiamentos para projectos diversos no Brasil, com foco significativo na reconstrução do Rio Grande do Sul”, afirmou Alckmin.

Na sua passagem pelo país asiático, o vice-Presidente brasileiro reforçou o compromisso do país com o desenvolvimento sustentável e a preservação do ambiente, realçando que o Brasil é um país estável, com uma economia em expansão e que, recentemente, aprovou reformas como a tributária, que facilitam ainda mais os investimentos no país.

Ao receber Alckmin no Palácio do Povo, Xi Jinping destacou que “China e Brasil são parceiros e irmãos que avançam juntos com a mesma vontade e aspiração”, refere-se no comunicado. O Presidente chinês afirmou que “as relações China-Brasil transcendem o escopo bilateral e servem como paradigma para promover a união, cooperação dos países em desenvolvimento, e a paz e a estabilidade do mundo”.

Sobre os recursos anunciados, o Brasil destacou um memorando de entendimento assinado entre o Ministério das Finanças e o Banco Asiático de Investimentos e Infra-estrutura (AIIB), no valor de até 5 mil milhões de reais (877 milhões de euros), para apoio de emergência ao estado brasileiro Rio Grande do Sul, atingido por fortes chuvas e que deverá iniciar um amplo processo de reconstrução.

Outros 4 mil milhões de reais (702 milhões de reais) em crédito serão concedidos pelo Banco de Desenvolvimento da China (CDB) para o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) do país sul-americano, para projectos na área das infra-estruturas, incluindo relacionados com as mudanças do clima e a economia verde.

O CBD e BNDES acordaram também um crédito de 3,6 mil milhões de reais (632 milhões de euros) para acções de investimento do BNDES. Fechando a lista de novos investimentos, BNDES e AIIB assinaram uma carta de intenção para negociação de uma nova linha de crédito, no valor de 1,3 mil milhões de reais (228 milhões de euros).

Já o Banco de Exportação e Importação da China (Eximbank) e o Banco do Brasil assinaram um acordo de empréstimo de 2,5 mil milhões de reais (439 milhões de euros) para facilitar o comércio e a cooperação bilateral.

O Banco do Brasil assinou um acordo com o CDB para uma linha de crédito de 2,5 mil milhões de reais (439 milhões de euros), que deve permitir o aprofundamento da cooperação pragmática entre Brasil e China. Durante a missão brasileira à China, foi formalizado ainda um financiamento de 5,7 mil milhões de reais (mil milhões de euros) do New Development Bank (NDB), o banco do Brics, para a reconstrução do Rio Grande do Sul.

Relações seculares

O Governo brasileiro acrescentou que a missão liderada por Alckmin regressa ao país com um acordo para venda de 120 mil toneladas de café brasileiro, o equivalente a 500 milhões de dólares (463 milhões de euros), para a rede de cafés chinesa Luckin Coffee.

A Sinovac, fabricante de medicamentos que produziu a vacina Coronavac, deverá investir 500 milhões de reais (87,7 milhões de euros) para desenvolver, em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vacinas no país sul-americano.

Os dois países celebram este ano 200 anos de relações diplomáticas. De acordo com dados oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008.

O mercado chinês foi destino de 30 por cento das exportações brasileiras em 2023, atingindo 104 mil milhões de dólares (95,5 mil milhões de euros), sobretudo graças a produtos alimentares e matérias-primas. A China, por seu turno, mantém investimentos no Brasil que rondam os 40 mil milhões de dólares (36,8 mil milhões de euros), que nos últimos anos se têm centrado sobretudo na área energética.

11 Jun 2024

Pelo menos seis mortos após explosão num barco de pesca nas Filipinas

Pelo menos seis tripulantes filipinos morreram e seis foram resgatados com vida após uma explosão que atingiu o barco de pesca em que trabalhavam no mar, próximo da província filipina de Cebu, disseram ontem autoridades da guarda costeira.

Os tripulantes sobreviventes, incluindo o capitão do navio filipino F/B King Bryan, ainda estavam a ser tratados no hospital ou traumatizados demais para relatar aos investigadores o que desencadeou a explosão e o incêndio a bordo do navio na noite de quarta-feira, a cerca de oito quilómetros da cidade de Naga, na província de Cebu, disseram autoridades da guarda costeira filipina.

Um dos tripulantes feridos estava em estado crítico num hospital em Cebu, referiu ainda a guarda costeira.

Vídeos e fotos divulgados pela guarda costeira mostraram chamas e fumo a sair do barco de pesca, enquanto as equipas de socorro examinavam as águas na escuridão. Os tripulantes com queimaduras foram transportados para um local seguro pelo pessoal da guarda costeira.

O barco, de casco de madeira e que tinha estabilizadores de bambu, aparentemente apresentou problemas no motor antes da explosão e do incêndio tomarem o navio, ferindo vários tripulantes e forçando outros a saltar para o mar em pânico.

Um rebocador que passava no local ajudou a apagar o incêndio e uma operação de busca e resgate da guarda costeira foi lançada, disseram autoridades filipinas.

Cenas recorrentes

O barco de pesca estava no mar desde domingo, tendo passado pelas zonas costeiras de Gilotongan, Cawayanan, Masbate em busca de pescado. Os acidentes marítimos são comuns no arquipélago filipino devido a tempestades frequentes, barcos mal conservados, sobrelotação e a falta de cumprimento dos regulamentos de segurança.

Em Dezembro de 1987, um ‘ferry’ sobrelotado, o Dona Paz, afundou após colidir com um navio-tanque carregado de combustível, matando mais de 4.300 pessoas, o incidente marítimo que provocou mais mortos a nível global, excluindo em cenários de conflito armado, ficando o Dona Paz conhecido como o Titanic asiático.

7 Jun 2024

Timor-Leste | Xanana apela a jovens para deixarem as “ditas” artes marciais

O primeiro-ministro de Timor-Leste pediu ontem aos jovens timorenses, residentes no país e na diáspora, para deixarem de praticar as “ditas” artes marciais e rituais. O apelo de Xanana Gusmão surgiu na sequência de uma rixa entre dois grupos rivais em Fátima, que resultou num morto. A Conferência Episcopal Timorense também condenou a violência

 

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, está preocupado com a influência que as artes marciais e rituais têm nos jovens timorenses, tanto em solo nacional como no estrangeiro. “Este apelo que estamos a fazer é para deixarem as tais ditas artes marciais”, afirmou Xanana Gusmão, que lembrou ter ocorrido uma redução da violência desde que as artes marciais e rituais foram suspensas no país.

O primeiro-ministro falava aos jornalistas na Presidência timorense, no final de um encontro com o chefe de Estado, José Ramos-Horta, durante o qual foram discutidos os incidentes registados, no domingo, em Fátima (Portugal), que envolveram jovens timorenses e que provocaram um morto e quatro feridos.

Em Novembro passado, o Governo timorense tinha suspendido a aprendizagem e a prática das artes marciais, devido aos graves incidentes registados no território, tendo renovado a suspensão em Abril.

Xanana Gusmão condenou os acontecimentos em Fátima, nos quais estiveram alegadamente envolvidos dois grupos de artes marciais (o 22 e o 77). O incidente envolveu cerca de 40 jovens, provenientes de vários locais de Portugal, incluindo Lisboa, Setúbal e Leiria, e deveu-se a “diferenças entre os dois grupos”, acrescentou.

“Ontem [quarta-feira] decidimos, se a família assim o requerer, trasladar o cadáver para Timor”, disse também o primeiro-ministro timorense. Nos confrontos morreu um jovem timorense do município de Aileu.

O primeiro-ministro disse também que a Polícia Judiciária portuguesa está a investigar e que todos os envolvidos devem ser expulsos e regressar a Timor-Leste para “incutir em toda a sociedade timorense que é preciso deixar de vez” as artes marciais.

Absolvição divina

A Conferência Episcopal Timorense lamentou ontem e censurou os confrontos entre timorenses registados no domingo em Fátima, que provocaram um morto, e apelaram aos jovens para “fazer o bem em qualquer país onde estejam”.

“Nós, os bispos de Timor, manifestamos a nossa mais firme censura a qualquer forma de violência, que não pode ter lugar na sociedade em que vivemos e muito em particular no Santuário de Fátima”, refere, em comunicado, a Conferência Episcopal Timorense.

Em causa estão os incidentes registados domingo em Fátima, que envolveram timorenses de dois alegados grupos de artes marciais, que provocaram um morto e quatro feridos.

“Queremos realizar, com este gesto público, um pedido de desculpas ao povo português, à Conferência Episcopal Portuguesa, em particular à Diocese de Leiria e aos seus fiéis, aos moradores e peregrinos do Santuário de Fátima pelos actos daqueles jovens, que perturbaram o sossego e a sacralidade do Santuário de Fátima”, pode ler-se no comunicado.

Os bispos de Timor-Leste apelaram também aos jovens timorenses para que “rompam com as ondas e a espiral de violência. Que os jovens, em geral, vivam a sua fé cristã, se respeitem e amem uns aos outros e unam esforços para fazer o bem em qualquer país onde estejam”.

O Presidente timorense, José Ramos-Horta, condenou também, quarta-feira, numa declaração feita no enclave de Oecússi, os incidentes em Fátima e aconselhou as autoridades portuguesas a expulsarem os cidadãos timorenses envolvidos, segundo a imprensa timorense. Segundo José Ramos-Horta, grupos ou elementos das artes marciais já tinham criado problemas em Inglaterra e na Irlanda do Norte.

7 Jun 2024