[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China reafirmou ontem o desejo de explorar o espaço, num livro branco em que confirma os planos para aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua e lançar a primeira sonda a Marte.
“Explorar o vasto cosmos, desenvolver a indústria espacial e converter a China num poder espacial é um sonho que perseguimos incessantemente”, lê-se no livro branco divulgado por Pequim.
O documento, que detalha os planos espaciais do país para os próximos cinco anos, refere que o programa espacial chinês tem fins pacíficos e visa garantir a segurança nacional e realizar pesquisas científicas.
Pequim põe grande ênfase no desenvolvimento da sua indústria espacial, que considera um símbolo de desenvolvimento e afirmação no cenário internacional.
O objectivo do país, ainda que não mencionado no documento, é enviar um astronauta à Lua.
Corrida contra o tempo
Enquanto a Rússia e os Estados Unidos têm mais experiência com viagens espaciais tripuladas, o programa chinês, suportado pelo exército do país, tem alcançado um rápido progresso.
A China realizou a sua primeira missão espacial tripulada em 2003. Uma década depois aterrou uma sonda na Lua.
No mês passado, dois astronautas chineses regressaram à Terra, após 30 dias no espaço, onde viveram e trabalharam no laboratório espacial Tiangong-2, na mais longa e sexta missão tripulada da China.
Pequim quer pôr uma tripulação permanente no espaço até 2022, que está prevista operar ao longo de pelo menos uma década.
O livro branco reitera os planos da China para colocar a sua primeira sonda em Marte, até 2020, visando explorar e trazer amostras do planeta Vermelho.
A missão visa também explorar o sistema de Júpiter e “conduzir pesquisas em questões científicas importantes, como a origem e evolução do sistema solar, e procurar vida extraterrestre”.
Em 2018, a China quer também tornar-se o primeiro país a aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua.
O livro branco diz que aquela sonda, a “Chang’e-4”, visa obter conhecimento sobre a formação e evolução da Lua.
[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo do Japão adoptou uma série de medidas de emergência para prevenir as mortes por excesso de trabalho, após a morte de dois funcionários da agência de publicidade Dentsu.
As medidas, aprovadas na segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e noticiadas ontem pelo jornal económico Nikkei, têm como objectivo aumentar a vigilância sobre as empresas para garantir que cumprem o regulamento das horas extraordinárias.
As autoridades japonesas vão fazer inspecções surpresa às empresas e vão publicar os nomes daquelas onde se tenham registado mortes relacionadas com o excesso de trabalho, ou “karoshi”, bem como das empresas que obriguem os seus funcionários a trabalhar mais horas extraordinárias que as recomendadas por lei (80 por mês).
No passado mês de Outubro, o Governo publicou um relatório em resposta a dois casos de “karoshi” que revelou que quase um quarto dos funcionários no Japão pode exceder esse limite.
O pacote de medidas, que entrará em vigor em Janeiro, inclui algumas para aconselhar as empresas sobre as normas laborais e para promover a atenção médica e psicológica aos funcionários que precisem dela, por cansaço ou stress laboral.
Do “karoshi”
A preocupação com o excesso de trabalho no Japão reapareceu depois de, em Outubro, as autoridades terem classificado como “karoshi” o suicídio de uma funcionária de 24 anos da Dentsu, empresa líder do sector publicitário no país asiático.
A jovem chegou a trabalhar até 105 horas extra por mês, apesar dos registos da Dentsu mostrarem um cômputo dentro do limite legal.
A família denunciou que a empresa forçou a jovem a registar menos horas que as realmente cumpridas.
A funcionária, que morreu em Dezembro do ano passado e tinha entrado sete meses antes para a empresa, deixou testemunho sobre as duras condições de trabalho na sua conta de Twitter, onde detalhava dias de 20 horas diárias.
Dias depois da confirmação deste caso de “karoshi” foi estabelecido que a morte, em 2013, de outro trabalhador de 30 anos da mesma empresa aconteceu também devido ao excesso de trabalho.
O Governo japonês aprovou em 2015 uma lei para travar a epidemia de excesso laboral, ainda que a falta de rigor no registo das horas extraordinárias por parte das empresas e a disponibilidade dos funcionários para alargar as suas jornadas para receber bónus dificulte o controlo sobre esta prática.
Os veículos de Macau já podem andar na Ilha da Montanha. A ligação foi oficialmente aberta ontem e contou com a presença de Wong Sio Chak. O secretário frisou que a cooperação com os vizinhos está ainda no início, mas é já um marco na promoção da competitividade regional
[dropcap]F[/dropcap]ontem oficialmente aberto o acesso de veículos de Macau à Ilha da Montanha. A cerimónia, que coincidiu com a comemoração do 17.º aniversário da transferência de administração, teve como representante oficial do Governo da RAEM o secretário para a Segurança. Para Wong Sio Chak, foi “uma medida muito bem ponderada”.
A abertura da ligação rodoviária entre as duas zonas está ainda na primeira fase. O secretário explicou que poderão existir mais etapas dependendo dos trabalhos que venham a ser feitos no aperfeiçoamento da ligação.
E a China aqui mais perto
O reforço da cooperação regional e o alcance de uma melhor ligação com os mercados do Interior da China e internacionais foram alguns dos aspectos sublinhados pelo governante na cerimónia da entrada em circulação de veículos de Macau na Ilha da Montanha. O objectivo, reiterou, “é a ampliação de espaço de Macau, o fortalecimento de sinergias para o seu desenvolvimento e a promoção de uma diversificação moderada da economia local”.
A abertura à circulação de veículos de Macau para este território da China Continental é fruto do incremento do mecanismo de cooperação entre a província de Guangdong, a cidade de Zhuhai e a RAEM. A ideia é promover “uma nova zona económica de classe mundial e uma comunidade com uma qualidade de vida elevada”.
DEVAGAR SE VAI AO LONGE
Se para já a medida é tomada com cautela, o objectivo das próximas fases tem objectivos mais alargados. “Acreditamos que, no futuro, esta liberdade de circulação facilitará o intercâmbio das populações de ambos os territórios, aperfeiçoando a aquisição de recursos para o desenvolvimento regional, promovendo a cooperação de complementaridade de Guangdong- -Macau, principalmente na economia de Zhuhai-Macau”, referiu o secretário. Em causa está o desejo de consolidar a cooperação, capacidade e competitividade regionais.
A ideia é promover “uma nova zona económica de classe mundial e uma comunidade com uma qualidade de vida elevada”, diz Wong Sio Chak
Para já, nem todos os veículos com matrícula de Macau vão poder circular livremente na Ilha da Montanha – têm de ter permissão das autoridades. Wong Sio Chak promete novidades para breve, sabendo-se já que o processo se vai desenrolar em diferentes fases e que terão prioridade condutores com ligações a Hengqin.
[dropcap]A[/dropcap] esposa de um advogado chinês dos Direitos Humanos disse na segunda-feira que vai processar o gabinete de Segurança Pública da China, por ter sido acusada num vídeo de propaganda de fomentar uma revolução colorida”.
Wang Quanzhang, o marido de Li Wenzu, foi detido no Verão passado, após assumir vários casos envolvendo direitos civis e considerados sensíveis pelo Partido Comunista chinês.
O escritório de advogados onde trabalhava, o Fengrui, esteve no centro da “campanha 709” – assim designada por ter ocorrido a 9 de Julho do ano passado – e que resultou na detenção de 200 pessoas.
Um vídeo difundido na semana passada pelo gabinete chinês de Segurança Pública acusa os activistas de colaborarem com organizações internacionais, com o objectivo de minar a segurança nacional e fomentar uma “revolução colorida” contra o Governo.
Por duas vezes, o vídeo utiliza imagens de Li, que apela à liberta- ção do seu marido e outros detidos.
O termo “colorida” é utilizado pelas autoridades chinesas para descrever as revoltas durante a primavera árabe no Médio Oriente.
Recorrendo a imagens de refugiados sírios, o vídeo afirma: “As revoluções coloridas conseguiram converter muitos países em zonas de guerra e conflito, e as garras afiadas do diabo estão a tentar atingir também a China”.
A mensagem refere-se às “forças estrangeiras” e os chineses que acusa de servirem como seus peões. As organizações não governamentais (ONG) estrangeiras são “representantes que visam estabelecer uma base social para a revolução colorida”, afirma. O activistas na China continental e o movimento pró-democracia de Hong Kong são parte de uma conspiração para derrubar o Governo chinês, aponta.
Entre as muitas “forças estrangeiras” incluídas no vídeo está o ex-embaixador dos Estados Unidos para a China Jon Huntsman, que prediz que os jovens cibernautas chineses vão derrubar a China”.’
SUSTO E INDIGNAÇÃO
O filme mostra ainda imagens do julgamento de Zhou Shifeng, o director do escritório de advogados Fengrui, que foi condenado em Agosto passado a sete anos de prisão por “subversão do poder do Estado”, e fotografias suas com diplomatas e jornalistas estrangeiros.
“O vídeo difama desnecessariamente advogados dos Direitos Humanos, distorcendo deliberadamente a verdade, e chama-me a mim também uma agente da revolução colorida – mas eu não sei sequer qual a cor de uma revolução”, afirmou Li à agência France Presse, contando que a sua família se sente assustada e revoltada.
“A única coisa que fiz foi ir à procura do meu marido, depois de ele ter desaparecido, e eles referem-se a esta normal reacção como ‘revolução colorida’, dizendo que é o equivalente a opor-me ao partido, ao governo e a toda a sociedade.” LI WENZU, ESPOSA DE UM ADVOGADO CHINÊS DOS DIREITOS HUMANOS
“A única coisa que fiz foi ir à procura do meu marido, depois de ele ter desaparecido, e eles referem-se a esta normal reacção como ‘revolução colorida’, dizendo que é o equivalente a opor-me ao partido, ao governo e a toda a sociedade”, nota.
Li Wenzu apresentou queixa no domingo e saberá dentro de uma semana se um tribunal de Pequim aceita ou rejeita o caso.
Se Li fosse mesmo uma agente da revolução colorida, “porque não condená-la em tribunal, em vez de sujar a sua imagem deliberadamente” nas redes sociais, refere a queixa.
Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2012, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Pequim devolve drone aos Estados Unidos
A China devolveu ontem aos Estados Unidos o drone submarino capturado na semana passada por um navio militar chinês, nas águas do Mar do Sul da China, num episódio que causou tensão entre os dois países. Segundo um comunicado emitido pelo Ministério de Defesa chinês, o aparelho foi devolvido ao meio- dia de ontem, depois de “negociações amigáveis” com Washington. O ministério afirmou no domingo que a captura do drone se deveu a motivos de segurança e confirmou que este seria devolvido depois do pedido do Pentágono.
[dropcap]P[/dropcap] estava ontem coberto por um manto espesso e cinzento, com o nível de poluição dezoito vezes mais alto ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, resultando no encerramento de escolas e voos cancelados. As autoridades chinesas emitiram um alerta vermelho, que abrange mais de vinte cidades do norte do país e 460 milhões de pessoas, pelas estimativas da organização ambientalista Greenpeace.
Na capital chinesa, a concentração de partículas PM 2.5 – as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões atinge os 450 microgramas por metro cúbico.
Em várias cidades próximas a concentração das partículas superou os 500 microgramas e em Handan, na província de Hebei, chegou a atingir os 1000.
O nível máximo de concentração recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é 25 microgramas por metro cúbico.
A imprensa estatal informou ainda que 169 voos com destino ou partida no Aeroporto Internacional de Pequim – o segundo mais movimentado do mundo – foram cancelados. Partes do sexto anel, a mais longa estrada em torno de Pequim, foram também encerradas.
DE VAGA EM VAGA
À semelhança de outras alturas em que uma vaga de poluição atinge a cidade, os hospitais registaram um ‘boom’ no fluxo de crianças com problemas respiratórios e prepararam equipas para lidar com os casos de alergias.
Fotografias difundidas pela imprensa chinesa mostram salas de espera cheias de pais com os filhos, cujas faces estão cobertas com máscaras antipoluição.
A China sofre frequentemente das piores vagas de poluição no mundo, devido à alta dependência do país da queima de carvão para produção de energia e produção fabril.
Pequim e outras cidades têm aprovado medidas para melhorar a qualidade do ar, substituindo o uso do carvão por gás natural.
O país continua, porém, a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo e o principal produtor e consumidor de carvão.
Os governos locais, que se deparam com o aumento dos preços da energia, aumentaram este ano os limites de produção diária de carvão por várias vezes.
Desde que o alerta foi emitido, na sexta-feira passada, mais de 700 empresas pararam a produção em Pequim, enquanto os automóveis particulares circulam alternadamente, de acordo com o último número da respectiva matrícula: um dia pares; noutro ímpares.
Infantários e escolas de ensino básico e médio estão também aconselhadas pelo Governo a suspender as aulas e as empresas a adoptar um horário de trabalho flexível”.
O alerta vermelho, o mais alto de um sistema de quatro cores, dura até quarta-feira.
As previsões da Academia Chinesa de Ciências Sociais apontam para o ritmo mais lento de crescimento da economia chinesa desde 1990 e para a contínua desvalorização do yuan, face ao dólar
[dropcap]O[/dropcap] ritmo de crescimento da economia chinesa vai abrandar para 6,5%, em 2017, e a moeda do país vai continuar a desvaloriza-se, face ao dólar norte-americano, previu na segunda-feira o principal instituto de pesquisa do país.
A previsão surge depois de anunciados, no início deste mês, vários indicadores positivos para a segunda maior economia mundial.
Contudo, a economia “continua a sofrer uma cada vez maior pressão negativa”, armou a Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS), citada pelo site oficial .
O instituto de pesquisa prevê ainda que o yuan, que atingiu este mês o valor mais baixo dos últimos oito anos – irá desvalorizar entre 3% e 5%, face ao dólar.
Em ritmo brando
A ACCS anunciou estas previsões durante uma conferência de imprensa, realizada anualmente, três dias após os líderes chineses se reunirem para debater assuntos chave da economia.
Durante o encontro, que contou com a participação do Presidente chinês, Xi Jinping, os líderes prometeram resolver problemas urgentes da economia, sobretudo nos grupos estatais vistos como improdutivos, e no sector imobiliário, afectado por uma enorme ‘bolha’ especulativa.
No último ano, o ACCS previu que a economia iria crescer 6,7%, em 2016. Por enquanto, a previsão tem se confirmado, com o ritmo de crescimento económico a fixar-se em 6,7%, o mais baixo desde o pico da crise financeira, ao longo de três trimestres consecutivos.
Para o próximo ano, o ACCS prevê um ritmo mais lento da meta de crescimento definida por Pequim para o período entre 2015 e 2020 – entre 6,5 e 7%. Seria também o ritmo mais lento desde 1990, quando a economia do país cresceu 3,9%.
Vários factores permitiram à China atingir a meta proposta pelo Governo, incluindo um aumento do consumo interno, a recuperação no investimento em imobiliário e fortes gastos em infra-estruturas.
As importações e exportações devem cair 9,5 e 7,2 por cento, respectivamente, durante este ano, face a 2015. As importações em Novembro superaram as expectativas, pondo fim a taxas homólogas negativas.
EM MUDANÇA
Pequim está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas insustentável”, crescimento económico. O processo tem sido, no entanto, difícil.
O aumento do consumo in- terno deve abrandar de 10 para 9,5%, em 2017, refere o ACCS.
O país enfrenta ainda vários desafios, como e cesso de capacidade de produção em empresas estatais obsoletas e fuga de capital.
A eleição do norte-americano Donald Trump, que acusa a China de manipular a sua moeda e prometeu aumentar os impostos sobre os produtos chineses, acarreta também instabilidade, tendo em conta que os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do país asiático.
[dropcap]A[/dropcap] China usou ontem o caso do drone norte-americano capturado no Mar do Sul da China para denunciar que barcos e aviões dos Estados Unidos entram regularmente nas suas águas em operações de vigilância.
“Navios e aviões dos EUA realizam operações de reconhecimento e vigilância” em “águas costeiras da China”, a informou ontem uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.
Pequim pediu a Washington para que “pare com essas operações”, a formando que a China “continuará atenta”, disse Hua, em conferência de imprensa.
Segundo a China, aquelas operações realizam-se desde há “muito tempo” e “co- locam em perigo” a segurança da navegação na zona.
Aporta-voz rejeitou confirmar, contudo, se o drone aquático norte-americano capturado pela marinha chinesa, no Mar do Sul da China, estava a realizar operações de espionagem.
O Pentágono afirmou que o drone servia para pesquisas científicas e foi capturado pela Marinha chinesa em águas internacionais.
A porta-voz do MNE rejeitou confirmar a versão norte-americana, dizendo que os detalhes concretos pertencem ao Ministério da Defesa chinês.
Na rede social Twitter, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, acusou a China de ter roubado o drone e afirmou que Pequim podia car com ele.
“Não gostamos da palavra ‘roubar’ porque não foi isso que se passou”, reagiu Hua Chunying.
O jornal Global Times considerou ontem que estes comentários revelam que falta a Trump “bom senso para liderar uma superpotência”.
Segundo Washington, o incidente ocorreu a cerca de 50 milhas náuticas a noroeste da base naval norte-americana na Baía de Subic, nas Filipinas, numa zona reclamada por Pequim e vários países vizinhos.
Escolas e fábricas fechadas, voos cancelados. Mais de duas dezenas de cidades chinesas estão cobertas de fumo com os índices de poluição a registarem valores muito acima dos recomendados pela Organização Mundial de Saúde
[dropcap]P[/dropcap]elo menos 23 cidades do Norte da China estão sob alerta vermelho, devido à poluição, que obrigou ao encerramento de escolas e fábricas e cancelamento de voos, enquanto um manto de fumo cobre a região.
Em Pequim, a qualidade do ar na tarde de ontem era melhor do que o previsto, com a concentração de partículas PM2.5 – as mais nas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões – a atingir os 250 microgramas por metro cúbico.
Trata-se de um nível nove vezes mais alto ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, mas ainda assim é menos de metade do máximo registado na cidade em 2015, quando superou os 600.
O alerta vermelho, o nível máximo de um sistema de quatro cores, foi emitido na sexta-feira e dura até quarta- -feira, esperando-se que a poluição se agrave ao longo dos próximos dias.
A maioria das emissões poluentes vem da queima do carvão, que sobe no Inverno, com o aumento da procura por aquecimento, gerando nuvens de poluição.
Em Shijiazhuang, capital de Hebei, a província que con na com Pequim, a concentração de partículas PM2.5 atingiu ontem à tarde 701 microgramas por metro cúbico.
Na cidade portuária de Tianjin, a 150 quilómetros da capital, mais de 180 voos foram cancelados, desde que o alerta foi emitido, segundo a televisão estatal CCTV.
As auto-estradas na cidade foram também encerradas.
DESCONTENTAMENTO GERAL
Vários hospitais em Tianjin registaram um aumento do nú- mero de pacientes com doenças respiratórias como a asma, de acordo o jornal oficial Diário do Povo.
É a primeira vez este ano que Pequim emite o alerta vermelho. A maioria das emissões poluentes vem da queima do carvão, que sobe no Inverno, com o aumento da procura por aquecimento, gerando nuvens de poluição.
Nos últimos anos, a poluição tornou-se uma das principais fontes de descontentamento popular na China, a par da corrupção e das crescentes desigualdades sociais.
[dropcap]O[/dropcap] filme mais caro da história do cinema chinês, “The Great Wall”, protagonizado pelo norte-americano Matt Damon, arrecadou 465 milhões de yuan (cerca de 64 milhões de euros), no primeiro fim de semana em que foi projectado.
Segundo os cálculos elaborados em tempo real pelo portal China Box Office, o filme registou o quarto melhor início deste ano no mercado chinês de cinema, o segundo maior do mundo.
A obra, dirigida pelo chinês Zhang Yimou, custou mais de 140 milhões de euros, e relata as aventuras de um mercenário inglês, interpretado por Damon.
A história remete para uma China imaginária, onde a Grande Muralha, o monumento mais conhecido do país, foi edificada para deter a invasão por monstros que comem carne humana.
“The Great Wall” é a primeira co-produção entre a China e os Estados Unidos da produtora de Hollywood Legendary, adquirida no início deste ano por Wang Jianlin, o homem mais rico da China e presidente do grupo Wanda Group, que tem a maior rede de distribuição cinematográfica do mundo.
Um outro filme da mesma produtora, estreado este ano, o “Warcraft”, arrecadou quase 92 milhões de euros no seu primeiro fim de semana nos cinemas chineses, e alcançou receitas finais de 201 milhões de euros.
A obra com melhores resultados na estreia, este ano, na China, o “The Mermaid”, alcançou uma receita de bilheteira final de 466 milhões de euros, o melhor resultado de sempre no país.
Depois de mais de três décadas com uma política de planeamento familiar muito restritiva, a China acabou com a política de filho único há um ano. A natalidade subiu e muitas pessoas que não se puderam registar constam agora dos assentos de nascimento. Mas existe um enorme problema para resolver: há 13 milhões de vidas que não sabem como recuperar o tempo perdido
[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China termina este ano – o primeiro em que todas as famílias estiveram autorizadas a terem dois filhos depois de mais de três décadas de política de filho único –, com 17,5 milhões de nascimentos, o que representa um crescimento anual de 5,7 por cento. O número de nascimentos é o maior registado pelo país este século.
O número, revelado pelo diário oficial Global Times, compara com os 16,55 milhões de nascimentos registados no ano passado, e demonstra um “crescimento estável” da natalidade após a flexibilização das políticas demográficas. Além disso, está de acordo com as expectativas, segundo responsáveis da Comissão de Planeamento Familiar e Saúde que, na semana passada, se reuniram para analisar os primeiros efeitos destas reformas.
Os segundos filhos que nasceram em 2016 têm, à partida, um destino bem diferente daqueles que, de 1978 para cá, foram tidos por casais que já tinham uma criança. O fim da política de filho único veio acabar com um problema para muitas famílias e permitir o registo de pessoas que, até agora, não existiam para as autoridades, mas há um problema que atravessa já duas gerações que parece ser difícil de resolver: as pessoas que, por terem vivido na sombra, perderam a possibilidade de estudar, de arranjar um emprego, de terem um vida normal.
A residir em Pequim há 23 anos, Li Xue nunca frequentou uma escola, nem sequer durante um dia. A China tem um sistema de educação que prevê nove anos de ensino gratuito, mas Li ficou de fora do esquema. Também nunca teve, em 23 anos, qualquer apoio da segurança social. Não tinha autorização para casar, encontrar um emprego ou abrir uma conta bancária. Li Xue é a segunda filha dos seus pais. Por causa da política de filho único, em vigor entre 1978 e 2015, a jovem não fazia parte dos números oficiais da população chinesa.
Li contou à Reuters que os pais tentaram registá-la quando nasceu na esquadra da polícia, mas os funcionários recusaram o pedido e pediram uma carta de autorização da comissão de planeamento familiar local, um requisito essencial para se ter um segundo filho.
Sem carta para mostrarem às autoridades, os progenitores da jovem tinham de pagar uma avultada multa para poderem registar a filha. Sem possibilidades para tal, Li Xue não entrou nos registos de nascimento chineses.
Ao longo dos anos, a família fez vários esforços para legalizar a situação da jovem. Com o anúncio do fim da política de filho único e a autorização para um segundo descendente, Li conseguiu finalmente obter um documento que prova a sua existência.
A mudança de política do controlo da natalidade fez com que pessoas na situação desta jovem tentem agora recuperar os anos perdidos, ainda que com a sensação de que o reconhecimento oficial do direito à existência chegou demasiado tarde e sem a certeza de que as autoridades as vão ajudar a recuperar o que ainda for possível reaver.
Li Xue não pôde ter uma educação formal e lutou para aprender sozinha, recorrendo aos livros da biblioteca que eram requisitados em nome da irmã mais velha, uma vez que a família não tinha condições financeiras para contratar um professor particular.
“A minha mãe foi despedida do trabalho porque eu nasci”, conta a jovem, numa entrevista na casa onde a família vive em Pequim, uma habitação sem casa de banho e com um duche improvisado. “Tínhamos de viver, os quatro, com o salário muito baixo do meu pai.”
A mãe de Li, Bai Xiuling, recorda que a filha costumava chorar quando via as outras crianças a caminho da escola. “Ela queria estudar, mas não podia. A minha filha perdeu nove anos de ensino gratuito. Não há dinheiro que possa comprar o tempo que perdeu e que já não volta”, afirma a antiga operária fabril.
São 13 milhões no escuro
De acordo com os censos mais recentes, conduzidos em 2010, a China tem 13 milhões de cidadãos na situação de Li Xue, sem estarem registados – é quase um por cento da população do país.
A política do filho único foi uma implantada pelo governo da República Popular da China nos finais da década de 1970 com o objectivo de reduzir o crescimento populacional e facilitar o acesso da população do país a um sistema de saúde e educação de qualidade.
“A maior parte destas pessoas são crianças que nasceram enquanto a política de filho único esteve em vigor”, explica Jiantang Ma, o homem que liderava o Gabinete Nacional de Estatísticas da China aquando da realização dos censos.
Um estudo feito no ano passado pela Academia de Pesquisa Macroeconómica, sob a alçada da Comissão para a Reforma e o Desenvolvimento Nacional, permitiu concluir que quase metade dos cidadãos chineses que não estão registados são analfabetos ou não têm qualquer tipo de educação formal.
Durante os anos de vigência da política de filho único, os segundos filhos não podiam ser registados no sistema de residência do país, a não ser que fosse paga uma pesada multa, uma regra que foi seguida com raras excepções.
Também os filhos nascidos fora do casamento são considerados uma violação das regras apertadas de planeamento familiar, pelo que os casais que não contraíram matrimónio são obrigados a pagar uma multa para registar os filhos, dinheiro que nem sempre têm.
A China é dos poucos países do mundo com um sistema de registo de residência – o “hukou” – que contém informação como nascimentos e casamentos. Uma pessoa sem um “hukou” não tem acesso a serviços públicos (como educação e sistema de saúde) e está impedida de casar, de encontrar um emprego e até de abrir uma conta bancária.
A ligação entre a “política de filho único” e o “hukou” é controversa, com as autoridades governamentais chinesas a dizerem que o sistema de registo de residência é aberto a todos os cidadãos, sem quaisquer pré-requisitos. Mas as famílias afectadas argumentam que há uma ligação clara.
“Apesar de o ‘haikou’ e a política de filho único não deverem estar juntos, as autoridades locais têm relacionado estes dois aspectos durante anos porque descobriam que é uma forma de obrigar as famílias a obedecerem à lei de planeamento familiar”, comentou à Reuters Youshui Wu, responsável por um escritório de advogados em Zhejiang.
Youshui Wu, que ajudou muitos casais chineses a registarem os segundos filhos, acrescenta que existe ainda em torno desta questão um lado económico: as multas pesadas a que estavam obrigados os casais prevaricadores eram uma fonte lucrativa de receitas para as autoridades locais.
Casa de portas fechadas
Dados recolhidos pelo advogado em 24 governos ao nível provincial, disponibilizados pelas autoridades, mostram que, só em 2012, a China arrecadou mais de 20 mil milhões de yuan em multas pagas por casais que tiveram um segundo filho sem autorização prévia. “Nenhum destes governos foi capaz de fornecer informações sobre o modo como estas verbas foram aplicadas”, explicou Wu.
Wenzhuang Yang, um alto responsável da Comissão Nacional de Planeamento Familiar e Saúde, nega que a “política de filho único” e as punições que lhe estão associadas tenham contribuído para impedir o registo a milhões de cidadãos.
Numa conferência de imprensa este ano, o responsável disse que a comissão fez o que podia para remover os obstáculos criados pelas autoridades locais no registo de residência e que muitos cidadãos sem assento de nascimento foram agora incluídos no sistema ‘hukou’.
Chunyan Liu, uma professora de Inglês solteira, conta que não teve capacidade financeira para suportar a multa que teria de pagar pelo nascimento da filha, que esteve sete anos sem ser registada. Em Abril deste ano, a criança passou a constar dos registos nacionais. “A multa em Pequim era muito elevada. Pensei muitas vezes nisso, mas era impossível deixar as autoridades saberem que tive uma filha sem permissão”, diz.
Por não ter um ‘hukou’, a filha da professora não teve acesso a cuidados de saúde pagos pelo Governo. Também não podia comprar um bilhete de comboio ou sair do país. “Quando outros pais levavam as crianças à Disneylândia de Hong Kong, nós não nos atrevíamos sequer a pensar nisso.”
“A minha filha tem agora sete anos e nunca pôs os pés fora de Pequim”, relata ainda, confessando que continua preocupada com a possibilidade de as autoridades lhe exigirem o pagamento da multa.
Apesar de toda a história pessoal que carrega, Liu considera ter “sorte”. No ano passado, tentou encontrar uma escola para a filha estudar, mas não conseguiu, por causa da falta de um registo de residência. “Agora, ela tem tudo aquilo que precisa para poder frequentar uma escola pública”, diz.
A filha de Liu ainda vai a tempo de não ficar excluída de educação. Mas o destino de muitos foi bem diferente: os investigadores da Academia de Pesquisa Macroeconómica dizem que mais de metade dos chineses sem registo já fizeram 18 anos.
Muitos destes adultos não só viram vedados o acesso à escola, como tiveram dificuldades adicionais na procura de emprego, uma vez que não dispõem de documentação legal para serem contratados. O trabalho de investigação dá o exemplo de Liu Wei, da província de Henan, que não teve escolha: foi trabalhar para uma mina de carvão. Depois de a exploração ter fechado portas, ficou desempregado, uma vez que não conseguia arranjar um novo posto. Acabou a dormir na rua durante cinco anos.
Em 2012, a China arrecadou mais de 20 mil milhões de yuan em multas pagas por casais que tiveram um segundo filho sem autorização prévia.
Os filhos de quem não existe
O isolamento social é um problema que não pertence a uma só geração, com os investigadores a mostrarem dúvidas sobre os efeitos do fim da política de filho único para esta fatia da população. “Muitas pessoas sem registo cresceram e começaram as suas próprias famílias, dando assim início à segunda geração de crianças sem documentação”, escrevem os autores do relatório da Academia de Pesquisa Macroeconómica.
Wenzheng Huang, especialista em demografia e antigo professor assistente em Harvard, explica que Pequim tentou encontrar formas de resolver o problema depois de os censos de 2010 terem colocado em destaque o facto de existirem 13 milhões de cidadãos chineses sem registo.
“Tanto quanto sei, muitos desses segundos filhos ou filhos fora do casamento têm agora um ‘haikou’. O Governo Central começou a tratar do registo de residência de forma séria”, afirma o académico. “As autoridades reconheceram que a existência de tantas pessoas sem registo é um problema muito sério. Não só representa um preço muito elevado no desenvolvimento social, como tem causado uma enorme dor a muitas famílias.”
[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério da Defesa chinês disse que a captura de um ‘drone’ submarino norte-americano por parte da marinha foi devido a motivos de segurança e que vai devolver o aparelho conforme pedido do Pentágono.
Em comunicado divulgado na noite de sábado, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Yang Yujun acusou também o Pentágono de “exagerar” o incidente ocorrido na quinta-feira nas águas do Mar da Sul da China, algo que considerou “inapropriado”.
O Departamento da Defesa norte-americano garantiu este sábado que tinha chegado a um “entendimento” com Pequim para a devolução daquele veículo não tripulado que, segundo Washington, se dedicava a trabalhos de investigação científica.
Yang explicou que um barco chinês que navegava no Mar do Sul da China localizou na tarde de quinta-feira um aparelho não identificado e que, para evitar causar algum dano ao navio ou aos seus tripulantes, decidiu examiná-lo “de maneira profissional e responsável”.
Uma vez realizados esses testes, acrescentou o porta-voz chinês, verificou-se que se tratava de um ‘drone’ submarino dos Estados Unidos, pelo que, após comunicarem com os norte-americanos, as autoridades asiáticas aceitaram devolvê-lo.
O porta-voz da Defesa chinês lamentou que o Pentágono tenha tornado público o assunto “de forma unilateral” e “exagerada”, o que, afirmou, não ajudou a resolver a disputa.
Yang criticou, por outro lado, a prática de os Estados Unidos enviarem navios e aviões de combate para realizar missões de reconhecimento nas águas chinesas.
“A China opõe-se veementemente a estas actividades e pede à parte norte-americana que as detenha. A China continuará a vigilância contra estas relevantes actividades dos Estados Unidos e tomará as medidas de resposta necessária”, advertiu o porta-voz.
Mar concorrido
O incidente do ‘drone’ no Mar do Sul da China coincidiu com a publicação esta semana, por parte do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS) de Washington, de imagens de satélite que alegadamente mostram a instalação de armamento militar em ilhas artificiais construídas por Pequim nessas águas.
A Malásia e o Vietname, que disputam com a China a soberania de vários arquipélagos no Mar do Sul da China, manifestaram a sua preocupação por essas defesas militares, enquanto as Filipinas disseram na sexta-feira que não vão protestar por isso.
Está decidido: Tóquio aprovou ontem legislação que permite o estabelecimento de casinos em “resorts integrados”. É um mercado muito apetecível para os magnatas estrangeiros com interesses em Macau
[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s grandes operadores internacionais de casinos estão interessados em marcar presença no Japão, um mercado potencialmente lucrativo que acaba de ser liberalizado, apesar dos fortes receios no país em torno do jogo compulsivo e do aumento da criminalidade organizada.
Ontem de manhã, o parlamento nipónico aprovou a legislação que viabiliza a criação de “resorts integrados”: hotéis com equipamentos de entretenimento e casinos.
O magnata da Crown Resorts, James Packer, apesar de ter perdido o interesse em Macau e de estar a concentrar os seus negócios na Austrália (ver texto nesta página), é alegadamente um dos vários operadores do sector que vê com interesse uma presença no Japão, explica o Guardian. O jornal recorda que, depois do caso da detenção de funcionários da Crown na China, a empresa australiana considera mais interessante entrar na terceira maior economia do mundo.
No entanto, a Crown e outros possíveis candidatos vão ter de convencer as autoridades japonesas de que são capazes de promover o jogo responsável e de que sabem como integrar casinos no negócio da hospitalidade.
“As autoridades japonesas vão dizer aos operadores estrangeiros o que é que precisam de fazer”, comentou uma fonte do sector ao Guardian. “Isto significa que, para se ter uma presença no Japão, vai ser necessário jogar pelas regras nipónicas.”
Sands, Wynn, Crown
Há muito que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, lutava pela legalização do jogo no Japão, argumentando que teria um impacto positivo na revitalização da economia, na sequência da chegada de turistas chineses com muito dinheiro para deixar nos casinos.
A legislação foi aprovada, apesar dos avisos dos políticos da oposição e dos especialistas em saúde mental, que alertaram para a possibilidade de um aumento do jogo compulsivo – um problema social no país – e de uma maior actividade da criminalidade organizada, nas mãos da yakuza.
Tóquio, Yokohama e Osaka estão entre as cidades que vão poder acolher casinos, depois de os operadores estrangeiros terem passado anos a fazer lobby junto das autoridades nipónicas para poderem ter acesso a um mercado muito apetecível.
O Instituto de Pesquisa Daiwa explica que há apenas três empresas do sector capazes de gerar receitas líquidas no valor de 10 mil milhões de dólares americanos – o equivalente a 0,2 por cento do Produto Interno Bruto japonês. Numas estimativas recentes, o banco de investimento CLSA dizia que o mercado japonês poderá render receitas brutas na ordem dos 30 mil milhões de dólares por ano.
Dois dos operadores com casinos em Macau – Sheldon Adelson, da Las Vegas Sands, e Steve Wynn, da Wynn Resorts – visitaram ou enviaram representantes para ajudarem no lobby pró-legalização. Também a Crown terá estado em contacto com as autoridades do país para mostrar interesse em explorar um casino logo nas primeiras concessões a serem atribuídas.
Macau alerta
Os primeiros casinos não estarão prontos a tempo dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020, uma vez que ainda vai ser necessário produzir uma série de legislação para decidir o número e a localização dos casinos, as regras de acesso ao mercado e questões fiscais. A perspectiva mais optimista aponta para que as primeiras salas de jogo abram portas em 2022.
Também a MGM Resorts International vê vantagens de negócio no Japão. “A razão pela qual toda a gente tem estado a gastar o seu tempo com esta questão é que o potencial é enorme”, diz James Murren, presidente da empresa com sede em Las Vegas. O Japão, acrescenta, “vai tornar minúsculo o mercado de Singapura e poderá ser extraordinariamente lucrativo para todos os investidores, bem como para o mercado imobiliário”.
Há analistas que acreditam que o Japão pode bater Las Vegas e tornar-se o segundo maior centro de jogo do mundo, logo a seguir a Macau. Para o analista da Union Gaming Grant Govertsen, a trabalhar na RAEM, a liberalização do sector no Japão representa “a próxima e, talvez, única grande oportunidade de desenvolver ‘resorts integrados’ de grande escala na Ásia”.
Por cá, a perspectiva de legalização do jogo em solo nipónico estava a ser acolhida sem grandes dramatismos, com os especialistas na matéria a recordarem que o mercado sector em Macau vive dos visitantes da China Continental. No entanto, tem havido alguns alertas para o impacto, a médio prazo, de uma concorrência regional que Singapura não foi capaz de fazer.
Ontem, num comentário à imprensa, o secretário para a Economia e Finanças disse estar atento ao que se passa no Japão. Lionel Leong acrescentou que “vai acompanhar de perto” o processo de legalização, nomeadamente no que diz respeito ao regime fiscal, para avaliar o impacto do desenvolvimento do jogo em Macau.
Melco Crown menos australiana
O magnata James Packer vai vender quase metade da fatia de 27 por cento que detém na Melco Crown Entertainment. A operação vai fazer com que Lawrence Ho passe a ter uma posição maioritária na empresa, ao adquirir 14 por cento das acções do empresário australiano, num negócio avaliado em 1,6 mil milhões de dólares americanos.
A investigação, que deverá resultar em multa, surge na sequência das declarações de Donald Trump sobre a China. O Presidente eleito dos EUA já por diversas vezes ameaçou taxar os produtos chineses em 45%.
[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades anti-monopólio da China estão a investigar o fabricante de automóveis norte-americano General Motors, numa altura de crescente tensão entre Pequim e o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, avança a imprensa chinesa.
Na edição de quarta-feira, o jornal oficial em língua inglesa China Daily noticiou que a China vai multar um construtor de automóveis dos EUA, devido a conduta monopolista.
Uma punição será “em breve” anunciada contra uma empresa norte-americana por pedir aos distribuidores para concertarem os preços, escreveu o jornal, em notícia de primeira página.
O China Daily cita o director da agência chinesa encarregue de controlar os preços, parte da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão máximo do planeamento económico.
Questionado sobre a multa, na quarta-feira, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang disse desconhecer os detalhes, acrescentando que a China acolhe as empresas norte-americanas, mas que estas têm de respeitar as regulações locais.
Um representante da General Motors, o maior fabricante de automóveis dos EUA, afirmou que a empresa “cumpre integralmente com as leis e regulações locais onde quer que opere” e rejeitou “comentar especulações da imprensa”.
Ameaças presidenciais
A notícia surge depois de no domingo passado Trump ter afirmado que não entende por que motivo é preciso estar “amarrado à política ‘Uma só China'”, a menos que seja feito “um acordo com a China sobre outras coisas, incluindo no comércio”.
O futuro inquilino da Casa Branca aceitou na semana passada a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, quebrando com 40 anos de protocolo da diplomacia norte-americana.
A China considera um insulto grave qualquer referência ao líder de Taiwan como “chefe de Estado”, visto que considera a ilha parte do seu território.
Trump, que assumirá o cargo em 20 de Janeiro, já ameaçou por várias vezes taxar os produtos chineses em 45%.
Não seria a primeira vez que os reguladores chineses penalizam fabricantes de automóveis estrangeiros, depois de em 2014 terem multado em milhões de dólares empresas alemãs e japonesas, originando acusações de proteccionismo.
Em editorial, o China Daily escreve na mesma edição que Trump “não tem margem” para utilizar Taiwan como moeda de troca.
“Mas visto que as suas sonantes declarações, feitas antes de assumir o posto, revelam que o seu real interesse é no comércio, vamos então falar de comércio”, lê-se.
O jornal cita o exemplo da General Motors, realçando que o fabricante vendeu na China mais de um terço do total de 10 milhões de veículos que vendeu no ano passado em todo o mundo.
“Para a economia norte-americana se tornar grande de novo”, acrescenta, “os EUA devem reforçar as suas relações com a China, em vez de as destruir”.
[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China avisou ontem Taiwan que uma declaração de independência seria uma “via sem saída”, depois de a líder da ilha ter telefonado ao Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
A posição de Pequim em opor-se e bloquear a “independência separatista de Taiwan” é “firme e inabalável”, afirmou ontem An Fengshan, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, citado pela imprensa oficial.
“Temos uma irresolúvel vontade, grande confiança e capacidade suficiente”, disse. “Os factos mostrarão a essas pessoas que a independência de Taiwan é uma via sem saída”, apontou.
Os comentários surgem depois de o próximo Presidente dos EUA ter aceitado na semana passada a chamada telefónica da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, quebrando com 40 anos de protocolo da diplomacia norte-americana.
A China considera um insulto grave qualquer referência ao líder de Taiwan como “chefe de Estado”, visto que considera a ilha parte do seu território.
Outros capítulos
No domingo, Trump foi mais longe e afirmou que não entende por que motivo é preciso estar “amarrado à política ‘Uma só China'”, a menos que seja feito “um acordo com a China sobre outras coisas, incluindo no comércio”.
Na segunda-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, avisou Trump de que quem desafiar a posição de Pequim na questão de Taiwan “levantará uma pedra para apenas esmagar os seus próprios dedos”.
Depois de a guerra civil chinesa ter acabado, em 1949, com a vitória do Partido Comunista da China (PCC), o antigo Governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.
Pequim defende a “reunificação pacífica” com Taiwan, mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar independência.
As relações entre Taipé e Pequim atravessam um período de renovada tensão, desde de Tsai, a primeira presidente mulher da ilha e céptica face à aproximação com a China, ter assumido o cargo, em Maio passado.
[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse que ele próprio matou alegados criminosos quando liderava a cidade de Davao, no sul do país, para dar o exemplo à polícia.
Duterte fez estes comentários num discurso na noite de segunda-feira perante empresários, quando abordou a sua campanha anti-drogas, que levou já polícias e outros cidadãos a matarem milhares de pessoas desde que se tornou Presidente, a 30 de Junho.
Depois de falar sobre a morte de suspeitos pela polícia durante a actual campanha contra as drogas, Duterte disse que ele mesmo liderou esforços similares quando foi presidente da câmara de Davao, a maior cidade do sul do país, que governou durante a maior parte dos últimos 20 anos.
“Em Davao eu costumava fazê-lo pessoalmente. Só para dar o exemplo aos homens [polícia]: se eu o posso fazer, por que é que vocês não podem?”, disse.
“E eu costumava andar de mota por Davao, com uma grande mota, e patrulhava as ruas, à procura de problemas também. Eu andava mesmo à procura de confrontação para poder matar”, afirmou.
Duterte também respondeu às críticas das organizações de Direitos Humanos e do Presidente norte-americano, Barack Obama, sobre as suas estratégias de combate ao crime, prometendo que vai continuar com elas.
“Desculpem, eu não estou prestes a fazer isso”, disse em inglês.
Organizações de defesa dos Direitos Humanos acusaram Duterte de dirigir esquadrões da morte em Davao, que mataram mais de mil alegados criminosos.
Duterte negou várias vezes o seu envolvimento nos esquadrões da morte.
Enquanto Presidente, Duterte instou a população filipina e as forças de segurança a matarem toxicodependentes e traficantes. Mas também disse que ele próprio e as suas forças de segurança não iriam violar a lei.
Em Outubro, Duterte comparou-se a Adolf Hitler e disse que ficaria “feliz em matar” três milhões de toxicodependentes e traficantes de droga.
Mais tarde pediu desculpas pela referência a Hitler, mas manteve a parte sobre querer matar milhões de pessoas com ligações à droga.
Dos números
Desde a sua eleição, a polícia reportou a morte de 2.086 pessoas em operações anti-droga. Outras 3.000 morreram em circunstâncias não explicadas, segundo dados oficiais.
Frequentemente homens encapuzados irrompem em casas e bairros e matam pessoas que foram marcadas como traficantes ou consumidores de drogas.
Grupos de defesa dos Direitos Humanos apontaram a ruptura do Estado de Direito com a polícia e assassinos contratados a operar com total impunidade.
Duterte insistiu que a polícia está a matar apenas em legítima defesa e que os grupos criminosos estão a matar as outras vítimas.
Mas também disse que não permitirá que polícias vão para a prisão se forem considerados culpados de homicídio na execução da sua guerra contra o crime.
[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China anunciou ontem um investimento no ramo do turismo de dois biliões de yuan, até 2020, num plano que inclui a participação do sector privado.
O plano contempla um aumento das receitas do sector para sete biliões de yuan, durante este período, anunciou em comunicado a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), o organismo máximo chinês encarregado da planificação económica.
Caso o país cumpra aquela meta, o sector do turismo contribuirá então para mais de dez por cento do crescimento anual da economia chinesa.
No total, o turismo deverá então dar emprego a cerca de 50 milhões de pessoas, cerca de dez por cento da população empregada no país.
Entre as principais medidas, a NDRC propõe o aumento da construção de infra-estruturas para o turismo e o estímulo dos investimentos privados no sector.
A China prevê ainda explorar mais activamente os produtos que já dispõe, como o denominado “turismo vermelho” – centrado nos principais locais da revolução que deu origem à República Popular.
Pequim quer também promover o turismo rural, visando retirar da pobreza os habitantes das áreas menos desenvolvidas.
O desenvolvimento do turismo permitirá retirar da pobreza dois milhões de pessoas por ano, realça o comunicado.
Em Julho do ano passado, o Governo chinês aprovou medidas para impulsionar o turismo nas zonas rurais, de forma a impulsionar a criação de emprego e o consumo nas partes menos desenvolvidas da China.
O país asiático está a encetar uma transição no seu modelo económico, visando transformar o consumo interno no principal motor de crescimento, em detrimento das exportações e indústria pesada.
[dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Jianlin, o homem mais rico da China, avisou o Presidente norte-americano eleito, Donald Trump, de que mais de 20.000 postos de trabalho nos Estados Unidos serão colocados em risco, caso “não trate devidamente” o investimento chinês.
“Tenho cerca de 10.000 milhões de dólares investidos nos EUA e emprego mais de 20.000 pessoas”, lembrou este fim de semana o presidente do grupo Wanda Group, durante um fórum.
“Se estes empreendimentos não forem devidamente tratados, eles não terão o que comer”, disse, segundo uma transcrição colocada no ‘site’ da empresa.
Wang revelou ainda que pediu a Chris Dodd, o presidente da Motion Picture Association of America, associação que representa os principais estúdios de cinema de Hollywood, para entregar essa mensagem a Trump.
Wang respondia a uma questão sobre o aumento do escrutínio por parte de Washington sobre a compra de activos na indústria do entretenimento norte-americana por firmas chinesas.
“Pelo menos na indústria do cinema e da televisão, têm que perceber que os filmes em língua inglesa dependem dos resultados de bilheteira na China para crescerem”, disse.
Nos últimos anos, grupos chineses têm concretizado negócios mediáticos, adquirindo grandes estúdios de televisão e produtoras de cinema nos EUA.
Legisladores norte-americanos apelaram já à Comissão para o Investimento Estrangeiro nos EUA, um grupo que avalia os riscos dos investimentos para a segurança nacional, para que escrutinem aquelas aquisições, inclusive as feitas pelo grupo Wanda.
Às compras
Em 2012, o Wanda adquiriu a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA.
Em Janeiro passado, comprou a Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares.
Este Verão, o conglomerado anunciou ainda a compra do grupo britânico de Odeon & UCI Cinemas, presente no mercado português, onde é o segundo maior exibidor, por 1,2 mil milhões de dólares.
Wang considerou que a atenção do Congresso dos EUA reflecte a crescente influência da sua firma nos Estados Unidos. “Vamos esperar para ver qual é a atitude do senhor Trump para com os investimentos chineses depois de ele assumir o cargo”, concluiu.
As relações entre Pequim e Washington aqueceram na última semana com o telefonema entre Donald Trump e a presidente de Taiwan. O Presidente eleito usou esta manobra como pressão para renegociar acordos de comércio, e forçar a China a rever políticas cambiais e a posição em relação à Coreia do Norte
[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m entrevista à Fox News, o presidente eleito Donald Trump questionou numa assentada as relações entre a China e os Estados Unidos da América ao dizer que não tem de respeitar a política “uma só China” defendida por Pequim. Acrescentou ainda que não aceita que um país dite com quem deve falar ao telefone. O rastilho diplomático acendeu-se com um telefonema da presidente Tsai Ing-wen a congratular Trump pela vitória nas eleições, algo que à partida parece inócuo, mas que representa um acto inédito em termos diplomáticos desde a administração de Jimmy Carter. As reacções não se fizeram esperar. Desde as várias sensibilidades entre políticos cimeiros do Partido Republicano à Casa Branca e, claro, a Pequim.
Em primeira instância, o Governo Central relativizou o contacto telefónico, retratando-o como um pequeno truque político de Taiwan. O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, afirmou não acreditar estar iminente uma mudança de política de Washington em relação a Pequim, em declarações à Phoenix TV de Hong Kong. “A política ‘uma só China’ é a fundação do relacionamento saudável nas relações sino-americanas, algo que espero não se venha a deteriorar”, acrescentou Wang Yi. Curiosamente, no dia do polémico telefonema, em Pequim reuniam-se Xi Jinping e Henry Kissinger, o antigo secretário de Estado das administrações Nixon e Ford, para promover as relações China-Estados Unidos.
Tudo como dantes?
O analista de política internacional Arnaldo Gonçalves acha que a situação está a ser exacerbada fora do seu verdadeiro relevo. “É natural que quando um Presidente é eleito se façam contactos informais. Taiwan é aliado dos Estados Unidos desde a 2ª Grande Guerra Mundial”, relativiza. O analista realça a “posição de princípio da China, que considera Taiwan uma província renegada, com a qual não mantém relações políticas”, apesar de manterem contactos permanentes no plano comercial. É, portanto, uma situação híbrida, que não é clara, que se junta à dúbia posição norte-americana nas relação de forças em jogo na região.
Para Francisco Leandro, coordenador do Instituto dos Estudos Sociais e Jurídicos da Universidade de São José, “parece haver uma mudança de paradigma na política externa norte-americana, para uma visão mais mercantilista, quase num prisma neo-realista, muito na base dos interesses nacionais”. O analista considera que as boas relações são do interesse de ambas as potências, e que “ninguém ganharia nada com um escalar bélico, militar ou económico, nem a China, nem a Formosa, nem os Estados Unidos da América”.
A Casa Branca tentou, de imediato, apaziguar as tensões diplomáticas reiterando a posição oficial da administração Obama, ou seja, de manter intactas as relações externas em relação à política “uma só China”. A administração norte-americana também alertou para o perigo de, ao se exacerbar a questão de Taiwan, correr-se o risco de colocar em cheque os progressos diplomáticos conseguidos nas últimas décadas entre Washington e Pequim. Na verdade, a questão de Taiwan continua a ser uma embrulhada internacional, um paradoxo. Ao mesmo tempo que existe uma cooperação com os americanos em questões de segurança, a Casa Branca mantém intacta a posição firmada com a China, desde a administração Nixon, acerca da questão formosina.
Mike Pence, o vice-presidente eleito, e bombeiro de serviço, veio a terreiro relativizar as palavras de Trump, ao afirmar que “apenas se tratou de uma chamada de cortesia”, semelhante ao telefonema com o Presidente Xi Jinping. “Não foram discussões de substância e não me parece que haverá uma mudança de política nesta matéria”, afirmou o ainda governador do Indiana ao Meet the Press. Reince Priebus, que será nomeado como chefe de pessoal da Casa Branca, também meteu água na fervura, desdramatizando toda a questão como um simples exercício de cordialidade. O próprio Trump considerou que seria uma indelicadeza não receber a chamada da líder de Taiwan.
Seguir o dinheiro
Não há coincidências, muito menos em política. Neste capítulo é de realçar que o único antigo candidato republicano à Casa Branca que apoiou abertamente a campanha de Trump, Bob Dole, é hoje lobista numa firma que tem como cliente a diplomacia de Taiwan. O antigo político foi um dos homem de bastidores por detrás da chamada polémica. A firma onde trabalha recebeu 140 mil dólares para estabelecer uma ponte entre o recém Presidente eleito e Tsai Ing-wen.
A informação foi revelada pelo New York Times, ao abrigo da legislação sobre o registo de agentes estrangeiros. O antigo candidato republicano às eleições de 1996 não escondeu em entrevista ao Wall Street Journal a sua influência na chamada. “Quando representamos um cliente, supostamente temos de responder aos seus pedidos”, revelou Dole. O cliente em questão é o departamento de representação económica e cultural de Taiwan, uma espécie de gabinete diplomático do território. De acordo com o ex-político, o seu cliente está muito satisfeito e optimista em relação às futuras relações com Washington.
Outro aspecto económico por detrás do suposto faux pas diplomático está relacionado com comércio externo. Ainda na entrevista à Fox News, Trump revela que o que está em causa não será, exactamente, uma posição de princípio. O magnata de Nova Iorque comentou que não tem de respeitar a política “uma só China”, a não ser que se redesenhem as relações no plano do comércio externo. Como é seu hábito, Trump levou estas questões para o Twitter e aproveitou para se referir à possível manipulação cambial do yuan, como uma forma de concorrência desleal que deverá ser travada durante a sua administração. O magnata afirmou várias vezes na campanha que a desvalorização da moeda chinesa em relação ao dólar é uma tragédia para a economia americana. Ironia das ironias, as próprias declarações de Trump tiveram como consequência a desvalorização do yuan. Esta parece ser outra condição ligada à manutenção da política externa com a China. No fundo, Taiwan está a ser usada como arma de arremesso para questões económicas, e para pressionar Pequim a ser mais inflexível com o regime de Kim Jong-un.
Às armas
Com o avançar das declarações de Donald Trump, a China resolveu mostrar o seu músculo militar. Na semana passada, um bombardeiro Xian H-6, com capacidade nuclear, sobrevoou a disputada “nine dash line”, em torno do Mar do Sul da China, passando por uma série de ilhas com soberania disputada. Um claro sinal para a futura administração Trump, apesar de não representar propriamente uma novidade. É de recordar que os Estados Unidos também enviaram uma mensagem similar a Pyongyang com dois bombardeiros U.S. B-1 a sobrevoar a Coreia do Sul no passado mês de Setembro. Foi a resposta de Washington aos testes nucleares realizados pelo regime norte-coreano. Outra das questões que Donald Trump quer rever em matéria internacional, e para a qual “a China pode fazer mais”.
Para o especialista Arnaldo Gonçalves, estas “manobras são normais, e funcionam para intimidar a outra parte”. O investigador prevê que Washington faça também “exercício militares juntamente com o Japão, ou a Austrália, numa jogada do habitual xadrez geopolítico”.
Outra questão de máximo interesse foi a possibilidade de levantar o protecção em termos nucleares ao Japão e à Coreia do Sul. Donald Trump repetiu várias vezes durante a campanha que “quem quer segurança tem de a pagar”. Um assunto muito sensível, com “muito maior repercussão para a própria Ásia, e de vital importância no Conselho de Segurança da OUN”, comenta Francisco Leandro. Por um lado, “esta posição poderia ser encarada pela China como um certo desanuviar da sua vizinhança, mas por outro os chineses estão também muito interessados no equilíbrio”. O académico considera que não estão em causa apenas os interesses de segurança da Coreia do Sul e do Japão, mas de toda a lógica asiática, até extensiva à Euro-Ásia.
Diz-me com quem andas
Para já, no panorama internacional ainda nos movemos em total imprevisibilidade, restando aos analistas políticos interpretar as nomeações que o magnata nova-iorquino fará. Nesse capítulo, Trump também dá uma no cravo e outra na ferradura. Se, por um lado, nomeou o Governador do Iowa Terry Branstad como embaixador norte-americano em Pequim, um político com ligações próximas a Pequim, por outro, John Bolton tem sido um nome muito mencionado na campanha como uma forte possibilidade para ocupar um lugar de destaque no Departamento de Estado. O antigo oficial da administração de George W. Bush tem sido um dos defensores de uma abordagem mais dura nas relações sino-americanas.
Em declarações ao Wall Street Journal em Janeiro último, Bolton defendeu a tomada de uma posição musculada para travar a “agressividade militar chinesa nos mares do Este e Sul da China”. Nesse sentido, o possível nomeado considera útil uma “escalada diplomática como, por exemplo, receber uma visita de Estado da diplomacia de Taiwan na Secretaria de Estado da Casa Branca, no sentido de reconhecer a soberania da região”. Algo que seria tomado por Pequim como uma total afronta, e um romper com a linha de cooperação estabelecida nas últimas décadas. São nomeações que deixam todos os cenários em aberto, seja no plano económico, ou bélico.
Por enquanto, ainda só temos o famoso telefonema. Para Francisco Leandro, “é algo que faz parte do jogo, e não tem importância por aí além, mas não nos podemos esquecer que houve coisas que se disseram na campanha que não se podem repetir”. O académico vê este episódio como a marcação de um penálti. Quem marca ameaça para um lado para ver para onde o guarda-redes cai. Vejamos se a bola entra.
Na véspera do prazo de expiração de uma cláusula do tratado de adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC), Pequim terá que defender o seu novo estatuto de economia de mercado perante os demais sócios, que se negam a reconhecê-la como tal com medo de uma enxurrada de produtos a preço de custo
[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ompletou-se ontem o décimo quinto aniversário da adesão da China à OMC, num contexto marcado pela desconfiança geral em relação às exportações chinesas, em especial dos Estados Unidos, onde o presidente eleito, Donald Trump, ameaça impor direitos alfandegários de 45 por cento, informa o Jornal de Angola.
Nos termos do seu protocolo de adesão, os países membros da OMC podiam até esta data tratar Pequim como uma “não economia de mercado”, o que implicava a possibilidade de impor ao país duras tarifas anti-dumping, com o argumento de que os preços da China não reflectem a realidade do mercado.
Mas nem os Estados Unidos, nem a União Europeia ou o Japão tinham a intenção de abolir o seu arsenal anti-dumping a partir de 12 de Dezembro: a China terá que iniciar um longo processo na OMC se pretender impor-se aos seus sócios, explicam especialistas em comércio internacional.
“A China tomará medidas para defender os seus direitos se os membros da OMC continuarem com as velhas práticas anti-dumping contra produtos chineses após a data de expiração” da cláusula, advertiu na semana passada o porta-voz do Ministério chinês do Comércio, Shen Danyang, citado pela agência Nova China, em reacção ao anúncio do Japão, um dia antes, sobre a manutenção da sua taxação dos produtos chineses.
Proteccionismo disfarçado
“A China passará automaticamente ao estatuto de economia de mercado” em 11 de Dezembro, segundo a agência oficial chinesa. A negativa de outras potências de reconhecer este estatuto a Pequim não é “senão um proteccionismo disfarçado, o que vai contra a corrente da globalização e envenena a recuperação da economia mundial”, acusou, denunciando que o Ocidente aplica dois pesos e duas medidas em relação à China.
Para Washington, no entanto, a concessão do estatuto de economia de mercado não é, nem pouco mais ou menos, automática e as cláusulas anti-dumping do protocolo de adesão permanecem intactas.
“Os Estados Unidos continuam preocupados com os graves desequilíbrios do dirigismo chinês, como as super capacidades de produção, especialmente no sector de aço e alumínio”, insistiu o Departamento de Comércio dos EUA. “A China não fez as reformas necessárias para funcionar conforme as regras de mercado.”
Por isso, Washington continuará a aplicar métodos de cálculo alternativos para determinar as margens de dumping chineses, prometeu o Departamento de Comércio, apoiado pela Aliança de Manufactureiros Americanos (AAM), segundo a qual o excedente comercial da China custou 3,2 milhões de empregos nos Estados Unidos desde a adesão de Pequim à OMC.
Em Bruxelas, o enfoque foi um pouco diferente: a Comissão Europeia anunciou no mês passado um novo método para combater o dumping, que não se dirigiria mais especificamente contra a China, mas poderia ser aplicado a todo o país suspeito de vender a preço de custo.
Mas os vinte e oito membros da organização estão divididos e a proposta, denunciada por Pequim, não pode ser aprovada antes do limite do prazo de 11 de Dezembro pelos Estados-membros da UE, nem pelo Parlamento Europeu.
Em qualquer caso, enquanto o órgão regulador do comércio internacional não der o seu veredicto definitivo sobre a interpretação da famosa cláusula, “a UE e os demais membros da OMC poderão continuar a tratar a China como não economia de mercado que é”, considera Milan Nitzschke, porta-voz da Aegis Europe, uma organização que reúne cerca de 30 indústrias europeias.
[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s governos da Índia e da Indonésia acordaram ontem cooperar de forma mais próxima no combate ao terrorismo e na segurança marítima na região, no âmbito da primeira visita oficial do Presidente indonésio, Joko Widodo, a Nova Deli.
“Acordámos cooperar para garantir a segurança nas vias marítimas […] e a nossa colaboração também se estenderá à luta contra o terrorismo, a delinquência organizada, as drogas e o tráfico de pessoas”, afirmou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, numa declaração após um encontro bilateral com o chefe de Estado indonésio.
O Presidente da Indonésia, um “aliado estratégico” da Índia, reuniu-se também com o seu homólogo indiano, Pranab Mukherjee, durante a visita de Estado, que se prolonga até esta terça-feira.
Durante o encontro, que decorreu ontem na capital indiana, Nova Deli, os líderes destes países do sul asiático decidiram concluir o memorando de entendimento sobre cooperação marítima entre a Indonésia e a Índia, no sentido de “fortalecer e acelerar ainda mais” a sua colaboração nesta matéria.
“A cooperação marítima é um dos pilares mais importantes para melhorar as relações bilaterais”, assinalaram, num comunicado conjunto.
O primeiro-ministro indiano também transmitiu “sinceras condolências” à Indonésia pela centena de vítimas mortais registadas após o terramoto que atingiu a província indonésia de Aceh na quarta-feira passada.
[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, apelou a um reforço do controlo ideológico exercido pelo Partido Comunista Chinês (PCC) sobre as universidades, como parte de uma campanha contra a “influência estrangeira”, noticiou sexta-feira a imprensa oficial.
As instituições de ensino superior devem “seguir as regras do Partido Comunista Chinês e fortalecer e promover o socialismo com características chinesas”, afirmou Xi, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.
Trata-se do mais recente esforço do PCC, partido único do poder na China, para impor a sua ideologia no ensino, indicando uma diminuição da liberdade académica e intelectual no país.
As universidades devem realizar “trabalho ideológico”, durante todo o processo de educação dos estudantes, disse Xi, apelando a mais aulas de teoria marxista.
As universidades chinesas estão “sob a liderança do PCC e são escolas do socialismo com características chinesas, o ensino superior deve ser guiado pelo marxismo”, acrescentou.
Desde que Xi ascendeu ao poder, em 2012, a China deteve centenas de advogados envolvidos em casos de direitos civis considerados sensíveis pelas autoridades, condenou dissidentes e restringiu os debates ‘online’.
Terreno de eleição
As universidades surgem como um importante “campo de batalha” no reforço do controlo exercido pelo partido.
Todos os alunos chineses do ensino superior têm já aulas obrigatórias de “educação política”, mas a imprensa estatal tem lamentado a perda de interesse na ideologia oficial.
No início deste ano, uma carta assinada por professores chineses, e difundida pela imprensa, apontou que os estudantes estão a ser submetidos a uma “lavagem celebrar com teorias ocidentais”, apelando a um reforço do ensino dos princípios marxistas.
O jornal oficial do PCC, o Diário do Povo, publicou sexta-feira na primeira página o discurso de Xi, junto com um comentário que apela aos membros do partido para “agarrarem” esta tarefa.
“Os professores são os engenheiros da alma da humanidade, e têm uma missão sagrada”, afirmou o Presidente chinês.
Em Novembro passado, a China aprovou uma lei de cibersegurança que proíbe os cibernautas de publicar informações susceptíveis de danificar a “honra nacional”, “prejudicar a ordem social e económica” ou destinadas a “derrubar o sistema socialista”.
[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China advertiu as empresas do país sobre investimentos “irracionais” além-fronteiras, numa altura em que o ‘boom’ de aquisições no estrangeiro alimenta preocupações face à fuga de capitais e viabilidade duvidosa de alguns activos.
O aviso de Pequim, noticiado pela agência noticiosa oficial Xinhua, não menciona nenhuma empresa, mas destaca as áreas do desporto, hotelaria e entretenimento.
“Advertimos as empresas a tomar decisões com cautela”, lê-se num comunicado emitido em conjunto pelo Ministério do Comércio chinês e outras entidades do Governo.
“Os órgãos reguladores estão também a seguir atentamente a tendência irracional nos investimentos além-fronteiras, em áreas como imobiliário, hotelaria, cinema, entretenimento e clubes desportivos”, aponta.
O ‘boom’ das aquisições no estrangeiro por empresas chinesas tem dificultado os esforços de Pequim em travar a fuga de capitais, que levou à desvalorização da moeda chinesa, o yuan.
Nos primeiros oito meses do ano, os investimentos chineses fora do país atingiram 61,7 mil milhões de dólares.
Às compras
Em Portugal, o país asiático tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores, comprando participações em áreas da energia, seguros, saúde e banca.
Os investidores chineses correspondem também a 74% dos vistos ‘gold’ emitidos desde a criação do programa, em Outubro de 2012.
“Uma das razões pela qual os reguladores tomaram esta posição é a tendência de queda do yuan, assim como a dificuldade em travar a fuga de capitais”, comenta em Pequim um analista da consultora DealGlobe.
A agência Bloomberg estima que o país asiático tenha registado uma fuga de capitais privados recorde em 2015, estimada em um bilião de dólares (927.000 milhões de euros).
As reservas cambiais da China, as maiores do mundo, caíram 69 mil milhões de dólares em Novembro, pelo quinto mês consecutivo, para 3,05 biliões de dólares, a maior queda desde janeiro.
[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China deve aumentar “significativamente” os gastos militares e construir mais armas nucleares, preparando-se para o Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump, defendeu ontem um jornal próximo do Partido Comunista Chinês (PCC).
O país deve “construir mais armas nucleares estratégicas e acelerar a instalação dos mísseis balísticos intercontinentais DF-41” para proteger os seus interesses, caso Trump proceda de “forma inaceitável” para com o país.
Em editorial, o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC, defende “um aumento significativo das despesas militares da China, em 2017”.
Trump atacou frequentemente a China durante a campanha presidencial, designando o país como o “inimigo” que faz dos EUA “palermas”.
Mas o norte-americano indicou também que não deseja projectar o poder dos EUA além-fronteiras, afirmando que a América está cansada de pagar para defender aliados como o Japão e a Coreia do Sul.
Trump chegou a sugerir que esses países construam as suas próprias armas nucleares.
Ponto de partida
O editorial do Global Times surge na sequência de um ‘post’ de Trump na rede social Twitter, em que critica as políticas externa e comercial da China, e da conversa por telefone deste com a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen.
Pequim considera Taiwan parte do seu território, pelo que o contacto de alto nível com Taipé sugere um apoio às aspirações independentistas do território.
Em editorial, o Global Times escreveu: “Precisamos de nos preparar melhor militarmente, para garantir que aqueles que advogam a independência de Taiwan serão castigados, e tomar precauções em caso de provocação dos EUA no Mar do Sul da China”.
Trump escolheu esta semana o governador do Estado de Iowa, Terry Branstad, que tem laços antigos com o Presidente da China, Xi Jinping, para embaixador norte-americano em Pequim.
A escolha sugere que o magnata quer manter boas relações com o país, mas o jornal estatal China Daily permanece também pessimista quanto ao futuro das relações entre as duas maiores potências do planeta.
“A China tem de estar preparada para o pior”, escreveu em editorial, na edição de ontem. “O que aconteceu nas últimas semanas sugere que as relações entre a China e os EUA atravessam um período de incerteza nunca visto antes, contando que Trump pode não só ladrar como morder também”, afirmou.
O Governo Central publicou um livro branco a detalhar políticas e medidas de fomento da medicina tradicional chinesa, tornando-a estratégia nacional. O Conselho de Estado quer que as práticas desenvolvidas no país sejam o alicerce da nova política de saúde nacional
[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] medicina tradicional chinesa (MTC) é uma das mais bem sucedidas exportações da nação, encontrando-se espalhada por todo o mundo, apesar de ser encarada como uma prática alternativa face à chamada medicina convencional do Ocidente. Desde 2012 que o Partido Comunista Chinês (PCC), no 18º Congresso Nacional, pretende implementar uma série de políticas e medidas de promoção da MTC.
Em 2015, durante a reunião do executivo, o Conselho de Estado aprovou o primeiro esboço legal de regulação da MTC e submeteu-a ao legislador para deliberação e aprovação. O objectivo foi criar um ambiente legal razoável para o desenvolvimento e regulação das práticas medicinais tradicionais.
Já este ano, o Comité Central do PCC e o Conselho de Estado lançaram um plano estratégico nacional de saúde de longo prazo (2016-2030), alicerçado em torno da MTC. A estratégia passa por dar igual relevo ao desenvolvimento da MTC e à medicina ocidental. Para tal, o Governo Central encoraja a interacção entre ambas as formas de medicina.
Dessa forma, serão dadas condições a médicos convencionais para aprenderem e incorporarem métodos da MTC nos tratamentos. Em contrapartida, nas escolas e universidades de medicina tradicional serão ministrados cursos de medicina moderna, em espírito de intercâmbio, de acordo com as directrizes do Governo Central.
O mesmo espírito de partilha ocorrerá ao nível hospitalar, sendo encorajada a abertura de centros dedicados a doenças específicas nos estabelecimentos de MTC. Na outra direcção acontecerá o mesmo, sendo encorajada a criação de departamentos de métodos tradicionais de saúde nos hospitais de medicina moderna. Esta medida pretende aliviar a pressão sobre as urgências hospitalares, assim como assumir uma posição profilática de controlo e prevenção de doenças infecciosas.
O culminar destes esforços chega agora com o livro branco, que pretende ser o plano de revitalização da MTC, que inicia uma nova era de desenvolvimento na área da saúde. O Governo Central tem como metas principais facultar a todos os cidadãos chineses o acesso a serviços básicos de saúde até 2020, e tornar universal o alcance da MTC a todas as áreas da saúde até 2030. Estes são os alicerces da grande reforma do sistema de saúde chinês. A expansão do alcance dos serviços prestados e o esforço para melhorar a gestão da área da saúde têm também uma forte componente comunitária, promete Pequim. Especialmente entre os idosos, turistas e trabalhadores, divulgando boas práticas de exercício e nutrição.
Outro dos objectivos do livro branco da MTC é dar cobertura legal à protecção de recursos naturais que se têm tornado escassos, e que são essenciais à farmacologia chinesa.
Os números da tradição
A MTC tem raízes ancestrais bem fundas na cultura chinesa, muito popular entre a população, tratando-se de uma questão cultural e filosófica. O livro branco lançado pelo Governo Central contabiliza o número de centros hospitalares que se dedicam aos métodos tradicionais. De acordo com o documento, espalhados tanto por zonas rurais como urbanas, em 2015 existiam 3966 hospitais de MTC, 42.528 clínicas e 452 mil especialistas do ramo.
Os dados estatísticos avançados estabelecem ainda um crescimento de 14,3 por cento para 15,7 por cento nos cuidados médicos tradicionais prestados na totalidade dos cuidados médicos prestados, durante o período de 2009 a 2015.
No que toca a despesas durante o ano de 2015, as consultas de MTC foram 11,5 por cento mais baratas que as consultas em medicina convencional. No que diz respeito a despesas per capita, os custos dos tratamentos tradicionais foram 24 por cento menos dispendiosos em relação à medicina moderna.
Até à data, foram aprovados cerca de 60 mil medicamentos de MTC, assim como 2088 empresas farmacêuticas creditadas para produzir patentes do ramo tradicional de acordo com a legislação que regula as boas práticas de produtos médicos.
A MTC é uma realidade intimamente ligada ao comércio, assim como acontece, de resto, com a medicina convencional. A indústria farmacêutica de MTC representa um mercado de 786,6 mil milhões de yuan, o que corresponde a 28,55 por cento da totalidade de toda a indústria farmacêutica chinesa. Esta fatia considerável é vista pelo Governo Central como uma nova fonte de crescimento da economia chinesa.
Alcance global
Apesar de se reconhecerem benefícios, principalmente à acupunctura, o consenso científico aponta para uma posição de complementaridade da MTC em relação à medicina convencional, e não de substituição. No entanto, pode ser uma solução viável no tratamento da ansiedade, depressão, enxaquecas e alergias.
A sua abordagem distinta da medicina ocidental continua a fascinar o Ocidente e a ganhar popularidade. De acordo com o Departamento de Informação do Conselho de Estado, as várias técnicas medicinais chinesas encontram-se em expansão um pouco por todo o mundo, sendo utilizadas em 183 países. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o uso da acupunctura e da moxabustão está implementado, e aprovado oficialmente em 103 países, sendo que em 18 países as mesmas técnicas são cobertas por seguros de saúde. É de realçar ainda que em 29 países foram aprovados estatutos especiais para a medicina tradicional. Apesar de assentar em técnicas ancestrais, esta é mais uma indústria chinesa em expansão no plano global.
História da medicina chinesa
Curiosamente, o advento da medicina tradicional chinesa anda de mãos dadas com a invenção de uma substância que provoca inúmeros problemas de saúde: o álcool. A descoberta deu-se durante a Dinastia Xia (2070-1600 A.C.). O passo seguinte foi a invenção da decocção ervanária, já na Dinastia Shang (1600-1046 A.C.). A evolução prosseguiu chegando-se às primeiras especializações médicas, dietistas, médicos, doutores de decocção e veterinários. Os avanços seguintes foram ao nível dos métodos de diagnóstico como o exame da tez, da língua, auscultação, exame do pulsação e historial clínico do paciente. Estas técnicas remontam a 500 anos A.C..
O enraizamento do budismo (0-200) trouxe a implementação dos primeiros hospitais, um passo marcante na evolução das políticas de saúde chinesas.
Outro passo marcante foi a criação do Instituto de Medicina Imperial durante a Dinastia Tang (618-917), que estabeleceu diferentes departamentos e especialistas para as áreas da acupunctura, moxabustão e farmacologia. Estes avanços puseram o nome de Sun Simiao na história da medicina tradicional chinesa.
Durante a Dinastia Ming (1368-1644), Li Shizhen escreveu o Compêndio de Matéria Médica, considerado até hoje uma obra-prima da herbologia, o primeiro livro que categoriza cientificamente as ervas medicinais. Este trabalho pioneiro resultou em avanços consideráveis na farmacologia da medicina tradicional chinesa.