China | FMI quer aceleração de reformas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) urgiu ontem a China a acelerar o processo de reformas estruturais, especialmente no sector financeiro e nas empresas estatais, de forma a consolidar o seu crescimento económico.

No relatório anual sobre a conjuntura na segunda maior economia do mundo, o FMI insistiu também na importância de fomentar o consumo privado como motor económico, em detrimento do investimento público.

“Apesar da redução de alguns riscos a curto prazo, o progresso de reformas deve acelerar para assegurar a estabilidade a médio prazo e reduzir o risco de que a actual trajectória da economia possa levar a um ajuste duro”, assinala a instituição em comunicado.

A mesma nota refere que Pequim tomou medidas “cruciais” e destaca o abrandamento do endividamento das empresas, devido à reestruturação destas e redução do excesso de capacidade de produção.

O FMI constata ainda que o risco da ‘bolha’ no sector imobiliário “está a ser contido” e que foi reduzido o número de habitações por vender.

O documento refere, no entanto, que fazem falta mais medidas para assegurar a continuação do crescimento da economia chinesa, que se fixou em 6,9%, no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, após atingir os 6,7%, em 2016.

15 Jun 2017

Pequim endurece postura face a Taipé

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China reiterou ontem o endurecer da postura face a Taiwan, após o Panamá ter reconhecido Pequim como a única capital de toda a China, rompendo os laços diplomáticos com Taipé.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, Ma Xiaoguang, afirmou que não será permitido negar que Taiwan faz parte da China.

“Apenas reconhecendo que os dois lados fazem parte da China podem as relações entre ambos retornar à direcção correcta do desenvolvimento pacífico”, disse.

A decisão do Panamá, um dos aliados de Taiwan com maior peso económico, anunciada na segunda-feira, foi um sinal claro de que Pequim quer reforçar a pressão sobre a ilha, face à postura pró-independência da Presidente Tsai Ing-wen. O número de países que reconhecem Taiwan caiu consideravelmente nas últimas décadas, tendo permanecido estável apenas durante a governação de Ma Ying-jeou, nos últimos oito anos, quando as relações entre Pequim e Taipé entraram num período de desanuviamento sem precedentes. Esse período culminou numa cimeira entre Ma e o Presidente chinês, Xi Jinping, realizada em Singapura.

Em Janeiro de 2016, Tsai venceu as eleições pelo Partido Democrático Progressista (PDP), que tradicionalmente defende a independência da ilha e o afastamento da China comunista.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

Em perda

Após a decisão do Panamá, Taipé fica com vinte aliados diplomáticos, entre os quais 11 estão na América Latina e Caribe. Em Dezembro passado, São Tomé e Príncipe cortou também relações com a ilha e passou a reconhecer Pequim. Analistas chineses consideram que a China comunista vai continuar a exercer pressão económica e diplomática, até que Tsai adira ao “consenso de 1992”. Trata-se de um entendimento tácito alcançado em 1992 entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (partido nacionalista), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa.

Tsai Ing-wen atribuiu a ruptura dos laços diplomáticos com o Panamá à “pressão da China” e advertiu Pequim de que “não cederá perante pressões e intimidações”.

“Pequim nunca poderá negar a existência da República da China (nome oficial de Taiwan), nem o seu valor para a sociedade internacional ou a sua soberania”, disse.”Em nome dos 23 milhões de taiwaneses, digo a Pequim que não cederei perante pressões e intimidações”, acrescentou.

15 Jun 2017

Detido multimilionário chinês presidente da Anbang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] multimilionário chinês Wu Xiaohui, presidente da seguradora Anbang, que foi apontada como candidata à compra do Novo Banco, foi detido pelas autoridades, avança a imprensa chinesa.

Wu, cuja empresa se tornou mundialmente famosa, em 2014, ao comprar o icónico hotel de Nova Iorque Waldorf Astoria, por 1.950 milhões de dólares, é um dos multimilionários mais conhecidos da China.

A sua mulher é neta de Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas” que abriram o país asiático à economia de mercado.

Segundo a revista Caijing, a Comissão Reguladora de Seguros da China (CIRC, sigla em inglês) informou já os executivos da Anbang sobre a detenção de Wu, sem avançar mais detalhes.

O jornal de Hong Kong South China Morning Post escreve que Wu estava a cooperar numa investigação e que deixou de ser visto desde o final da semana passada.

Xiang Junbo, o anterior presidente da CIRC, foi destituído e colocado sob investigação há dois meses.

Criada em 2004, com sede em Pequim, a Anbang tem mais de 30 mil trabalhadores e activos no valor de 227 mil milhões de euros, segundo o seu ‘site’ oficial.

Em Agosto de 2015, não conseguiu chegar a acordo com o Banco de Portugal para a compra do Novo Banco, numa corrida em que participaram também os chineses do Fosun e o fundo de investimento norte-americano Apollo.

No ano passado, esteve perto de realizar o maior investimento de sempre de uma empresa chinesa nos Estados Unidos da América, ao oferecer 14 mil milhões de dólares pela rede hoteleira Starwood.

Segundo informações avançadas pela imprensa chinesa na altura, a oferta da Anbang foi desaprovava pela CIRC, por infringir o regulamento que impede as seguradoras do país de investir mais de 15% dos seus activos além-fronteiras.

Poucas palavras

A seguradora anunciou ontem que o seu presidente não pode exercer funções “devido a razões pessoais”.

Em comunicado, a empresa informa que Wu Xiaohui “autorizou os executivos para que continuem a dirigir os negócios, que continuam a operar com normalidade”.

A nota, difundida através do ‘site’ oficial da Anbang, surgiu poucas horas após vários meios de comunicação chineses avançarem que Wu, está detido pelas autoridades.

O comunicado não detalha os motivos para a indisponibilidade de Wu.

Entretanto, a informação inicialmente avançada pela revista Caijing, sobre a sua detenção, foi apagada da página oficial daquele órgão na Internet.

15 Jun 2017

China | Cooperação com Luxemburgo reforçada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China quer reforçar a confiança política mútua, a comunicação e a coordenação em assuntos regionais e internacionais com o Luxemburgo, segundo palavras do primeiro-ministro chinês na última segunda-feira.

Li Keqiang pronunciou-se a esse respeito ao reunir-se com o primeiro-ministro do Grão-Ducado de Luxemburgo, Xavier Bettel, que está a realizar uma visita de Estado à China desde o passado domingo.

“As relações sino-luxemburguesas desenvolveram-se a um ritmo estável. A China quer aprofundar a cooperação nas áreas do comércio, investimento, entre outras, e construir mais plataformas de intercâmbio cultural”, disse Li.

Bettel afirmou que o Luxemburgo apoia o livre comércio e o multilateralismo, e que trabalhará juntamente com a China para lidar com os desafios globais.

Após o encontro, os dois líderes também testemunharam a assinatura de acordos para a futura cooperação no âmbito do bem-estar social, finanças, aviação e produção de filmes.

Este ano assinala-se o 45º aniversário da fundação das relações diplomáticas China-Luxemburgo. Os laços económicos entre os dois países desenvolveram-se estavelmente, com ambas as partes a alargar a sua cooperação no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

O Luxemburgo foi o primeiro membro europeu fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) proposto pela China.

14 Jun 2017

Hong Kong é o novo membro do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Hong Kong, anunciou ontem que o território se tornou membro do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura (BAII).

O Comité Financeiro do Conselho Legislativo aprovou no dia 12 de Maio as bases para a subscrição de 7651 acções do capital do BAII.

O secretário para as Finanças de Hong Kong, Paul Chan, disse que “as bases do processo da nossa adesão demonstram a preparação de Hong Kong para apoiar as operações do BAII”.

“Enquanto centro financeiro internacional, Hong Kong tem um mercado financeiro sofisticado, robusto e com liquidez, possuindo em abundância profissionais de qualidade com experiência global, granjeando as vantagens únicas da política “Um País, Dois Sistemas”, disse Chan, acrescentando que Hong Kong está prestes a ajudar o BAII a aumentar os fundos para financiar vários projectos de infra-estruturas.

Além disso, a experiência de Hong Kong no design, construção, operação e gestão de grandes infra-estruturas “tem provas dadas internacionalmente”, afirmou, apontando que os serviços profissionais e os sectores financeiros de Hong Kong podem contribuir para o sucesso do BAII.

O BAII realizará o segundo encontro anual do Conselho de Governadores em Jeju, na Coreia do Sul, entre os dias 16 e 18 deste mês.

O secretário para as Finanças de Hong Kong irá liderar uma delegação para comparecer à reunião, tratando-se da primeira vez que Hong Kong participa no evento na qualidade do membro.

14 Jun 2017

EUA e Japão insistem com China para pressionar Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ltos representantes dos governos de Japão e dos Estados Unidos reafirmaram na terça-feira em Tóquio, a sua posição comum contra o programa nuclear da Coreia do Norte e destacaram a importância da China pressionar o regime de Pyongyang a abandonar as suas  iniciativas de armamento.

O subsecretário de Estado dos EUA para Assuntos Políticos, Thomas Shannon, disse após uma reunião com o responsável do Conselho de Segurança Nacional japonês, Shotaro Yachi, que as provas nucleares e balísticas tornaram a Coreia do Norte “uma ameaça global”.

Ambos concordaram em pedir para que a China e o resto da comunidade internacional tentem convencer Pyongyang de que o programa nuclear “não abre nenhum caminho de esperança para o futuro”, segundo a agência de notícias Kyoda.

Shannon disse o papel que a China pode exercer no processo ainda “não foi enfatizado o suficiente”, assim como o do Conselho de Segurança da ONU e o de outros organismos internacionais, que podem ajudar a “mandar uma mensagem forte e clara à Coreia do Norte

Após a visita de dois dias a Tóquio, em que também se reuniu com outras autoridades do país, Shannon chegou ontem a Seul, onde irá discutir uma aliança entre os norte-americanos e a Coreia do Sul.

A visita ocorre num momento de especial tensão militar na região depois dos repetidos testes militares de Pyongyang – o último na semana passada – o que levou a mais conflitos verbais com a nova Administração Trump, que chegou a insinuar que estuda possíveis ataques preventivos.

14 Jun 2017

Diplomacia | Panamá aproxima-se da China e corta relações com Taiwan

Era dos aliados mais antigos. O Panamá decidiu cortar relações com Taiwan e estabelecer laços diplomáticos com a China. É mais um golpe para a líder formosina, Tsai Ing-wen, depois de São Tomé e Príncipe ter saído da lista de parceiros. Pequim fica a ganhar

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]ate-se com uma porta e, ao mesmo tempo, abre-se outra. Foi assim com São Tomé e Príncipe, em Dezembro passado, e a história repete-se agora com o Panamá. A lista de países que mantêm relações diplomáticas com Taiwan está a ficar cada vez mais curta. Do outro lado do Estreito, Pequim engrossa o rol de embaixadas, embaixadores e, claro está, de acordos e negócios.

Para Taipé, a notícia de que o Panamá decidiu aproximar-se da China foi um rude golpe. Para o Governo Central, a nova não podia ser melhor: Pequim consegue reforçar a sua presença no quintal norte-americano.

Num discurso transmitido pela televisão, o Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, anunciou que o país estava a reforçar os laços comerciais com a China e a estabelecer laços diplomáticos com o segundo cliente mais importante do seu canal de transportes marítimos. “Acredito que este é o caminho correcto para o nosso país”, declarou Varela.

Em comunicado, o Governo do Panamá salientou que, a partir de agora, reconhece que há apenas uma China – ou seja, que Taiwan faz parte do país – e que corta relações com Taipé. “O Governo do Panamá põe hoje [ontem] fim aos laços diplomáticos com Taiwan e vai acabar com todas as relações e contactos oficiais com Taiwan.”

Um comunicado conjunto foi assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e pela homóloga Isabel Saint Malo (ver texto nestas páginas).

O poder do dinheiro

A reacção de Taipé ao virar de costas do Panamá não tardou. O Governo de Taiwan disse lamentar a decisão do antigo aliado e admitiu estar “zangado” com a troca feita pelo Panamá. Mas disse também que não vai competir com a China naquilo que descreve como sendo “o jogo diplomático do dinheiro”.

“O nosso Governo expressa objecções sérias e condena veementemente o facto de a China ter incitado o Panamá a cortar relações connosco, confinando o nosso espaço internacional e ofendendo o povo de Taiwan”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da ilha, David Lee, num encontro com a imprensa.

Os media formosinos salientavam ontem que os líderes Pequim têm fortes (e infundadas) suspeitas da líder de Taiwan, por acharem que Tsai Ing-wen quer avançar para a independência da ilha, não obstante ter já afirmado que pretende manter a paz com o Continente.

A luta pelos aliados diplomáticos entre os dois lados do Estreito acontece há anos e envolve frequentes vezes contrapartidas financeiras e económicas oferecidas pela China com que Taiwan não consegue competir.

O Panamá é o segundo país a trocar de aliado desde que Tsai Ing-wen assumiu o poder no ano passado, depois de São Tomé e Príncipe ter feito o mesmo em Dezembro. Recorde-se que era a única nação do espaço lusófono que estava afastada de Pequim. Agora, juntou-se aos restantes países e está presente também no Fórum Macau.

Lista magra

Com esta porta que agora se fecha, Taiwan passa a ser reconhecido formalmente apenas por 20 nações. O mais importante de todos eles é o Vaticano. Em meados dos anos 90, chegaram a ser 30. Os que hoje restam são sobretudo países pequenos e empobrecidos da América Latina e do Pacífico.

Pequim opõe-se fortemente ao reconhecimento de Taiwan, considerando que se trata de uma afronta à soberania chinesa.

Como é óbvio, a notícia de que o Panamá cortou relações diplomáticas não apanhou as autoridades formosinas desprevenidas: era uma hipótese veiculada há já alguns anos. A presença e influência chinesas no país têm vindo a crescer, pelo que se trata de um desfecho mais ou menos esperado. Mas, ainda assim, Taipé tentou evitar este volte-face.

No ano passado, em Junho, Tsai Ing-wen esteve na cerimónia que marcou a inauguração da expansão do Canal do Panamá, sendo que já na altura a presença foi tida como sendo uma tentativa de reforço dos laços com o aliado da América Latina. Tratou-se da primeira visita de Tsai ao estrangeiro desde que assumiu o cargo, a 20 de Maio, e foi recebida pelo Presidente Varela.

Já em Dezembro último, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Panamá tinha afirmado que não esperava qualquer mudança nas relações diplomáticas com Taipé. O comentário tinha sido feito na sequência dos acontecimentos que envolveram São Tomé e Príncipe, com alguns diplomatas em Pequim a garantirem que o país da América Latina seria o próximo a bater com a porta, apesar de ser dos aliados mais antigos.

Este ano, Tsai Ing-wen visitou alguns aliados da América Central, mas o périplo não incluiu uma paragem no Panamá.

A faixa e a rota

Em Pequim, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Panamá, Isabel de Saint Malo, contou que o interesse em criar laços com a China tinha sido manifestado pelo Presidente Juan Carlos Varela há já dez anos.

Quanto a Pequim, as relações diplomáticas vão permitir reforçar a presença na América Central, uma zona estratégica para o modo como lida com os Estados Unidos. O Governo Central tem tentado seduzir a região com acordos na área da energia e das infra-estruturas, sobretudo a partir do momento em que Donald Trump decidiu que os Estados Unidos não iam estar na Parceria Transpacífico. As intenções do Presidente norte-americano em relação aos emigrantes da América Latina contrastam com a amizade que a China pretende fomentar.

Os interesses chineses no Panamá têm já uma forte expressão. Está neste momento em curso um projecto para construir um porto de águas profundas e um terminal de contentores junto ao Canal do Panamá. É um investimento de mil milhões de dólares que está a ser desenvolvido por chineses.

A China Landbridge comprou o maior porto do país, na ilha Margarita, tendo na altura anunciado que queria expandir e modernizar as infra-estruturas, o que deverá acontecer com o futuro porto de águas profundas.

Trata-se de um projecto que se insere na estratégia “Uma Faixa, Uma Rota” e que vai permitir aumentar a capacidade do canal. A China tem apelado às empresas do país para que invistam em infra-estruturas no estrangeiro que possam melhorar os “laços comerciais globais”.

Ainda em relação ao Canal do Panamá, há empresas estatais chinesas que já mostraram interesse em desenvolver terrenos naquela zona. As autoridades anunciaram que vão abrir um concurso para concessionar 1200 hectares destinados à construção de um parque logístico. A China Communications Construction, a China Harbour Engineering e o China Railway Group já deram sinais de querem apostar na região, uma aposta que será agora facilitada com relações políticas mais favoráveis aos grandes negócios.

“A tendência irresistível”

O reconhecimento mútuo da soberania e o estabelecimento de relações diplomáticas corresponde aos interesses e desejos dos dois povos. A ideia foi deixada ontem num comunicado conjunto da China e do Panamá, assinado em Pequim pelos chefes da diplomacia dos dois países.

A Xinhua cita o documento para explicar que, a partir da data da assinatura do comunicado, as duas nações passam a ter relações diplomáticas efectivas, traduzidas pela presença de embaixadas.

A China e o Panamá chegaram a acordo em relação ao desenvolvimento de relações amigáveis com base no mútuo respeito pela soberania e integridade territorial, a não-agressão mútua, a não-interferência nos assuntos internos, a igualdade, os benefícios de ambos e a coexistência pacífica, indica ainda a agência oficial de notícias.

No comunicado lê-se também que o Governo do Panamá reconhece que só há uma China no mundo e que Taiwan é parte inalienável do território chinês, determinando o fim das relações diplomáticas com Taipé. O documento deixa claro que Pequim aprecia a posição tomada pelo Panamá.

Ontem, a Xinhua dava conta de declarações do porta-voz da China para os assuntos de Taiwan. Ma Xiaoguang considerou que a decisão do Panamá representa “uma tendência irresistível”.

O representante do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado fez referência ao Consenso de 1992, em que ficou acordado o princípio ‘uma só China’, para vincar que se trata do pilar para o desenvolvimento de relações pacíficas entre os dois lados do Estreito.

Ma deixou ainda um apelo à Administração de Taiwan, ao dizer que espera que os líderes da ilha tenham “uma leitura correcta da situação”, para que possam “fazer a escolha certa”.

14 Jun 2017

Geologia | Pequim quer liderar investigação marítima

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pretende construir o terceiro navio de perfuração marítima de investigação do mundo tornar-se líder nos esforços internacionais de perfuração em águas profundas no mundo até 2028, disse na segunda-feira um alto consultor do governo.

Wang Pinxian, geólogo marítimo da Universidade de Tongji e também da Academia Chinesa de Ciências, fez as declarações numa conferência de imprensa para anunciar a conclusão bem sucedida de uma missão internacional de perfuração para descobrir como foi formado o Mar do Sul da China há milhões de anos atrás, informa o diário do Povo.

A missão de quatro meses foi conduzida a bordo do navio norte-americano JOIDES Resolution, como parte das expedições 367 e 368 do Programa Integrado de Perfuração Marítima (IODP, na sigla em inglês), uma colaboração internacional em investigação científica geológica em águas profundas que começou em 1968.

A China integrou o IODP em 1998 e participou em três missões de perfuração focadas no Mar do Sul da China em 1999, 2014 e 2017. A última missão foi proposta, projectada e liderada por cientistas chineses. Mais de 60 investigadores de mais de dez países estiveram envolvidos.

Primeira fase

Wang, que serve como consultor para o envolvimento do IODP da China, disse que a missão marcou o primeiro passo de uma estratégia de três fases para que a China faça parte das actividades internacionais de perfuração marítima.

O geólogo marítimo da Universidade de Tongji, Jian Zhimin, co-director da missão do IODP, disse conferência de imprensa de segunda-feira que durante a expedição perfuraram 17 poços em sete locais no Mar do Sul da China. A profundidade combinada da perfuração ultrapassa 7.669 metros, e foram recolhidas várias amostras, incluindo rochas sedimentárias e vulcânicas.

14 Jun 2017

BRICS | Futuro e cooperação discutem-se em Fujian

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]uzhou, a capital da província de Fujian, no sudeste da China, recebeu mais de 400 participantes do bloco dos BRICS, (acrónimo que designa as economias emergentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de outros países em desenvolvimento.

Estas nações reuniram-se para participar num fórum de três dias para cimentar a cooperação entre elas.

Representantes de partidos políticos, think tanks e organizações da sociedade civil, procuram neste fórum construir consensos e solidificar a cooperação no âmbito do BRICS, informa o Diário do Povo.

Durante a cerimónia de abertura, Liu Yunshan, oficial sénior do Partido Comunista Chinês, elogiou o papel desempenhado pelo grupo.

Liu disse que os países do BRICS tornaram-se numa importante plataforma para a cooperação entre economias emergentes e países em desenvolvimento, bem como uma força responsável pelo ímpeto de crescimento económico global – maximizando as estruturas de governação, e promovendo a democratização das relações internacionais.

Os países do BRICS testemunharam uma grande mudança ao longo da última década, e estão agora prontos para ainda mais, disse.

Wu Xiaoqiu, vice-presidente da Universidade Renmin da China, disse que o objectivo dos BRICS agora é o de procurar novos trilhos de desenvolvimento, permitindo às economias emergentes terem uma palavra mais forte na evolução da economia.

Mudanças à vista

Os representantes das nações do bloco acreditam que o cenário irá mudar em breve.

Renata Boulos, directora do Instituto de Cooperação Internacional e Desenvolvimento, disse acreditar que o BRICS pode demonstrar um tipo diferente de diplomacia e de cooperação, em comparação com o passado.

O bloco do BRICS contribui actualmente em mais de 50% para o crescimento do PIB mundial.

O ex-primeiro-ministro do Egipto, Essam Sharaf, enfatizou numa entrevista que a razão pela qual tantos outros países estão interessados em se juntar aos BRICS é o objectivo do grupo de consumar o desenvolvimento comum do ser humano, a diversificação da cultura mundial e um humanitarismo unificado, uma visão ecoada por outros participantes.

Wu Xiaoqiu disse que, independentemente daquilo que seja o BRICS — uma plataforma ou um arquétipo — a abertura é uma garantia importante para a sua vitalidade. Apenas estas características o farão perdurar na comunidade internacional.

Os especialistas defendem que o BRICS deve expandir-se e considerar novos canais de diálogo, passando a incluir mais vozes exteriores.

13 Jun 2017

China | Campanha de uma semana para promover conservação de energia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou no domingo uma campanha de uma semana para elevar a consciência sobre a eficiência de energia e promover o estilo de vida sustentável.

A campanha, conhecida como Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, tem como objectivo impulsionar a civilização ecológica, a conservação e a reciclagem de recursos e o desenvolvimento ecológico e de baixa emissão de carbono, de acordo com um comunicado do governo.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono será comemorado hoje com o tema “Desenvolvimento Industrial com Baixa Emissão de Carbono”, segundo o comunicado emitido por 14 departamentos governamentais, citado pelo Diário do Povo.

A campanha consistirá em eventos por todo o país para promover tecnologias e produtos para poupar energia, transporte ecológico e desenvolvimento industrial com baixa emissão de carbono.

Em acção

O país introduziu o Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono em 2013 para impulsionar a consciência sobre a mudança climática e as políticas de desenvolvimento com baixa emissão de carbono, encorajar a participação do público e facilitar o compromisso do país para reduzir as emissões de gases produtores do efeito estufa.

O Dia Nacional de Baixa Emissão de Carbono comemora-se no terceiro dia da Semana Nacional de Promoção da Eficiência Energética, em Junho de cada ano.

O governo chinês considera o desenvolvimento ecológico como uma de suas principais prioridades políticas, pode ler-se.

O país procura limitar o consumo total de energia em 5 mil milhões de toneladas de carvão equivalente até o ano de 2020, de acordo com um plano do governo para executar entre 2016 e 2020, o que representará uma redução de 15% no uso de energia por unidade do Produto Interno Bruto para o ano de 2020.

13 Jun 2017

Pequim reduz exportações de carvão de Pyongyang a zero

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de carvão da Coreia do Norte ficaram reduzidas a zero em Abril, depois de a China ter suspendido as suas importações para aumentar a pressão sobre o país vizinho, segundo revelam dados das Nações Unidas.

A China, principal aliado diplomático e parceiro comercial de Pyongyang, anunciou, em Fevereiro, que ia deixar de importar carvão da Coreia do Norte, dias depois de um teste de um míssil balístico levado a cabo pelo regime liderado por Kim Jong-un.

Pequim privou assim o hermético vizinho de uma fonte crucial de divisas estrangeiras, numa altura em que Pyongyang acelera os seus controversos programas nucleares e de mísseis.

Segundo dados publicados no ‘site’ do Conselho de Segurança da ONU, as exportações de carvão da Coreia do Norte caíram para zero em Abril, depois de vendas de 1,4 milhões de toneladas de carvão, avaliadas em 126 milhões de dólares, para um país não identificado, em Janeiro.

Estes dados, com base em relatórios fornecidos voluntariamente pelos Estados-membros, não refere explicitamente a China, país que surge, no entanto, como praticamente o único interessado no carvão procedente da Coreia do Norte.

Todos juntos

A decisão de Pequim de suspender as importações de carvão proveniente da Coreia do Norte até ao final do ano surgiu depois de a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter apelado à China para aproveitar a vantagem da sua influência junto de Pyongyang para refrear as ambições militares.

A China hesitou durante muito tempo em fazer pressão sobre Pyongyang, não pretendendo assistir ao colapso do regime ou ao caos que adviria na fronteira.

Contudo, os mais recentes textos da ONU condenando Pyongyang receberam o apoio por parte de Pequim.

Em paralelo, Pequim tem vindo a renovar o seu apelo para o diálogo de modo a apaziguar as tensões.

12 Jun 2017

Japão aprova lei que abre caminho à abdicação do imperador 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Parlamento japonês aprovou sexta-feira a proposta de lei que permite ao imperador Akihito ceder o trono ao filho mais velho, abrindo caminho para a primeira abdicação no Japão em mais de 200 anos.

Tal sucede dez meses depois de Akihito, de 83 anos, ter manifestado o seu desejo de abdicar, devido à idade avançada e a um estado de saúde enfraquecido, numa mensagem ao país transmitida pela televisão.

Este diploma aplica-se exclusivamente ao actual imperador que deve ceder o trono ao filho mais velho, o príncipe Naruhito, dentro de três anos após a sua entrada em vigor, em data a fixar por decreto.

Se tudo correr como previsto, Akihito poderá renunciar às funções até ao final do próximo ano, deixando o príncipe herdeiro aceder ao trono no início de 2019, segundo a imprensa nipónica.

Akihito chegou ao trono aos 55 anos, a 7 de Janeiro de 1989, após a morte do pai, o imperador Hirohito, tendo sido o primeiro imperador desde a entrada em vigor da nova Constituição japonesa, aprovada em 1947, após o fim da ocupação norte-americana na sequência do final da II Guerra Mundial.

A abdicação de Akihito será a primeira a ter lugar na linha de sucessão imperial nipónica desde a renúncia do imperador Kokaku, em 1817, ou seja em mais de 200 anos.

De acordo com a Constituição pacifista japonesa, o imperador desempenha “funções de representação do Estado” e é “o símbolo da nação e da unidade do povo”.

A lei que rege a Casa Imperial japonesa desde 1947 não contempla a sucessão em vida, contudo, na história imperial japonesa chegou a ser um fenómeno relativamente comum, dado que cerca de metade dos 125 imperadores que ocuparam o Trono do Crisântemo abandonaram-no antes da sua morte.

Poucas opções

Além de não permitir a abdicação, esta lei de 1947 eliminou as chamadas ramificações colaterais, pelo que todas as mulheres que nascem no seio da família imperial perdem o estatuto de realeza ao contrair matrimónio com um plebeu, algo que desde então tem vindo a reduzir substancialmente o número de membros do Trono do Crisântemo que, no passado, também chegou a ser ocupado por mulheres (a última no século XVIII).

Neste sentido, o parlamento japonês também aprovou sexta-feira uma resolução não vinculativa que insta o Governo a abrir o debate sobre este assunto que se reveste de particular importância atendendo aos problemas com que a família imperial se tem vindo a deparar no plano das sucessões.

Estes problemas voltaram a ser colocados em relevo recentemente depois de, em Maio, a princesa Mako, de 25 anos e neta de Akihito, ter anunciado que pretende casar-se com um colega de universidade, o que vai fazer então com que perca a sua condição de membro da realeza.

O casamento de Mako irá deixar em 18 o número de membros da dinastia hereditária reinante mais antiga do mundo.

Dos 18, apenas três, excluindo Akihito, são homens com acesso ao trono: o príncipe herdeiro Naruhito (57 anos), o seu irmão Akishino (51 anos) e o filho deste, Hisahito, de 10 anos e irmão mais novo da princesa Mako.

12 Jun 2017

Análise | China acelera o passo rumo à liderança na corrida ao espaço

Com metas ambiciosas, o Governo chinês perfila-se como um candidato a líder da pesquisa espacial em termos globais. A curto prazo tenciona aterrar na face oculta da Lua e enviar sondas a Marte e Júpiter. Enquanto a NASA sofre cortes orçamentais, a agência espacial chinesa tem tido um forte investimento de Pequim

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] crescimento económico chinês catapultou o país de volta à ribalta internacional e está a levar a tecnologia chinesa para além dos limites terrestres. Pequim tem investido fortemente na corrida espacial, quase triplicando os 4,7 mil milhões de yuan do período 2011-2015, para 15,6 mil milhões projectados para 2026-2030.

Os rios de dinheiro foram acompanhados por uma retórica forte que demonstra, claramente, a intenção de domínio da área que leva o ser humano a ultrapassar-se na busca de conhecimento. Até ao final do próximo ano, a China ambiciona aterrar na face oculta da Lua e até ao final de 2020 chegar com uma sonda a Marte, numa missão semelhante ao projecto Mars Rover da NASA. Júpiter e as suas luas também são um destino a alcançar a curto prazo, de acordo com o programa espacial chinês.

No final do ano passado, Wu Yanhua, o director da Administração Nacional Espacial, foi bem claro quanto às intenções chinesas: “O nosso objectivo é, por volta do ano 2030, estarmos entre as grandes potências mundiais em exploração espacial”. O que é notável, tendo em conta que a China entrou muito tarde na corrida espacial, com os Estados Unidos, a Rússia e a Europa levando consideráveis avanços.

Os investimentos chineses de décadas culminaram, em 2003, com a aterragem de uma sonda na Lua e no lançamento de um laboratório que servirá de génese para uma estação espacial com 20 toneladas.

Ian Hou, professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau, tem uma abordagem científica que relega para segundo plano a visão política de liderança neste capítulo. “Não faço ideia se o programa chinês vai ultrapassar um dia o americano, o essencial é explorar o desconhecido”, comenta o académico. Ian Hou acrescenta que “as implicações políticas não são a prioridade dos programas de pesquisa espacial, o trabalho que os cientistas fazem tem como objectivo a melhor compreensão do universo”.

Novos mundos

A descoberta espacial não se esgota na imagem de um astronauta a pisar solos extraterrestres. Hoje em dia, a tecnologia espacial faz parte do quotidiano, principalmente em termos de comunicações, no campo da robótica e nas ferramentas de navegação como o GPS e o Google Earth.

Além do aprofundamento do conhecimento científico, os programas espaciais têm oferecido ao mundo novas ferramentas que melhoraram, em muito, a vida na Terra.

Ian Hou recorda que os programas espaciais norte-americano e soviético originaram novos produtos usados no dia-a-dia, por exemplo “a computação avançou imenso”, trazendo uma nova revolução tecnológica. O académico prevê que o investimento chinês traga novas tecnologias, efeito secundário nascido do engenho científico requerido para uma missão espacial.

Por exemplo, o combustível usado para propalar os foguetões pode originar novidades em termos de eficiência energética. Na nova geração de aeronaves espaciais “é usada uma mistura de hidrogénio e oxigénio líquido, que procura ser mais eficiente”, explica Ian Hou. O académico prevê que, um dia, este tipo de combustível, mais limpo que os fósseis, chegue à sociedade e substitua a gasolina usada pelos automóveis.

Pequim investiu também no ramo da climatologia. Com o objectivo de estudar os fenómenos de aquecimento global, a China lançou o satélite TanSat em Dezembro, para monitorizar o dióxido de carbono atmosférico a partir do espaço.

No plano das aeronaves a China surge como competidora directa da norte-americana SpaceX, de Elon Musk. Neste momento, a China Aerospace Science and Industry Corporation (Casic) está a desenvolver uma nave para missões espaciais que descola horizontalmente, ao contrário das tradicionais descolagens verticais. O foguetão, que para transportará equipas de astronautas e carga, terá uma operacionalidade semelhante a um avião comercial. Mas, obviamente, muito mais potente e rápida, com capacidade para acoplar com outra nave, ou estação espacial. A aeronave desenvolvida pela Casic, uma indústria do ramo da defesa, terá a capacidade para aterrar em aeroportos convencionais.

O vice-presidente da empresa, Liu Shiquan, revelou esta semana na Global Space Exploration Conference em Pequim que o projecto está quase finalizado e prestes a avançar para a fase de testes. Liu explicou que os seus engenheiros tiveram de contornar alguns aspectos técnicos relativos ao design do motor. Apesar disso, ainda não há uma data para o primeiro voo de teste. Este projecto promete ser um dos aspectos chaves do sucesso da corrida espacial chinesa, permitindo viagens mais baratas e amigas do ambiente.

Inspiração especial

Os lançamentos de foguetões e os históricos primeiros passos na Lua de Neil Armstrong são duas das imagens de marca do século XX, momentos que inspiraram gerações de novos cientistas e que empurraram para a frente o progresso humano. Ian Hou acha que o programa espacial chinês terá capacidade para “inspirar as novas gerações a terem sonhos mais audazes e a alargarem os horizontes do conhecimento”.

Nesse sentido, os jovens chineses podem ter novos heróis num futuro próximo. Em declarações à agência estatal Xinhua na passada terça-feira, Yang Liwei, director da China Manned Space Agency, revelou que “a missão tripulada à Lua terá, brevemente, aprovação e financiamento”.

Ian Hou sente que se vivem tempos excitantes na ciência chinesa. “Apesar de não trabalhar no ramo aeroespacial, mas na área da física aplicada, saliento o investimento do Governo chinês, e também de Macau, na investigação científica”, comenta. O académico acrescenta que “os líderes chineses de hoje viram o grande potencial de retorno do investimento nas ciências”.

A corrida espacial também se faz no chão e a grande velocidade. No ano passado, a China completou a construção de um telescópio com 500 metros de diâmetro para detecção de sinais de rádio. Está em perspectiva a construção de outro telescópio no Tibete, mas o esforço astronómico de Pequim não se fica por aqui. A China faz parte de uma colaboração internacional que está a construir uma rede de telescópios na Austrália e na África do Sul.

Outro dos projectos que procura respostas no espaço é o Dark Matter Particle Explorer, lançado há ano e meio com o intuito de estudar a origem de raios cósmicos através da observação de electrões de alta energia, um dos ramos da ciência mais recentes e aliciantes em termos de astrofísica.

O forte investimento chinês tem atraído a atenção das tradicionais potências espaciais, até pelas implicações militares que a inovação científica pode trazer. Em Washington, a interpretação da corrida espacial chinesa ganha outros contornos. Em entrevista à agência Bloomberg, James Lewis, vice-presidente do think-tank Centro de Estratégia e Estudos Internacionais, considera que “a China usa a corrida ao espaço para ganhar vantagem política”. O norte-americano acha que, “apesar de haver óbvias actividades relacionadas com pesquisa científica, o primeiro objectivo de Pequim é demonstrar poder no plano internacional”.

A inovação tem alastrado na China, assim como o crescimento económico. O investimento de três biliões de yuan que Pequim fez em biotecnologia, Internet e indústria tecnológica tem dado claros frutos. Neste momento, a China tem 38 startups que valem, pelo menos, mil milhões de dólares na Unicorn List, uma escala que mede o valor de empresas. Entre estas companhias contam-se a UBTECH Robotics Corp., a empresa de pesquisa genética iCarbonX, a gigante das aplicações para telemóveis Apus Group, entre outras. Pequim está, claramente, a apostar no futuro, afastando-se da industrialização pesada do passado. Esta é uma vontade assumida várias vezes por Xi Jinping, que quer fomentar o crescimento económico, assente em tecnologia de ponta, e trazer a velha China para o futuro.

9 Jun 2017

China | Vinte funcionários da Apple detidos por venderem dados pessoais

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]inte e duas pessoas, incluindo 20 funcionários da Apple, foram presos pelas autoridades chinesas, como parte de uma investigação à venda de bases de dados de clientes da multinacional norte-americana, informou ontem a polícia.

Os suspeitos são acusados de invasão de privacidade e usurpação de dados pessoais, disse em comunicado a polícia da província de Zhejiang, leste da China.

Os detidos terão alegadamente usado o sistema de informação da Apple para colectar nomes, números de telefone e de identificação, e outros dados dos usuários, para vender.

Segundo as autoridades, o esquema gerou lucros no valor de 50 milhões de yuan.

Os suspeitos foram presos na semana passada, em várias províncias da China.

O tráfico de dados pessoais é comum no país.

Em Fevereiro passado, oito pessoas, incluindo ex-funcionários do município de Xangai, foram condenadas a até dois anos de prisão por venda dos dados de mais de 5.000 recém-nascidos.

Estes dados foram vendidos a empresas com negócios na área dos cuidados infantis e infantários.

9 Jun 2017

Xi Jinping no Cazaquistão em visita de estado

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês Xi Jinping chegou esta quarta-feira ao Cazaquistão para uma visita estatal e para participar na 17ª Reunião do Conselho dos Líderes de Estado da Organização de Cooperação de Shanghai (OCS).

Durante a sua estadia no país do centro asiático, Xi também marcará presença na cerimónia de abertura da Expo Mundial 2017 em Astana.

A viagem marca a primeira visita de Xi ao centro asiático este ano. O líder chinês visitou o Cazaquistão em duas ocasiões desde que tomou posse, respectivamente em 2013 e 2015.

“Tenho boas memórias da magnífica estepe cazaque, dos rios vibrantes, do extraordinário desenvolvimento nacional, e sobretudo do povo cazaque simpático e sincero”, disse Xi num artigo publicado esta quarta-feira num jornal cazaque.

A presença de Xi na Expo 2017 em Astana, sob o tema de “energia futura”, não mostra apenas o apoio completo da China ao Cazaquistão, mas também a importância que o país dá às novas energias, disse o ministro assistente dos Negócios Estrangeiros da China, Li Huilai, na segunda-feira.

Os maiores destaques da cimeira da OCS serão o acesso formal da Índia e do Paquistão à organização e o facto de a China assumir a presidência da OCS após a reunião, segundo Sun Zhuangzhi, secretário-geral do Centro de Pesquisa da OCS na Academia Chinesa de Ciências Sociais.

9 Jun 2017

EUA | Secretário da Energia quer cooperação sobre o clima

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário norte-americano da Energia disse ontem que Estados Unidos e China têm “oportunidades extraordinárias” para colaborarem no combate às alterações climáticas, numa altura em que Donald Trump é criticado por sair do acordo de Paris.

Num encontro com o vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli, Rick Perry apontou o gás natural liquefeito, energia nuclear e captura de carbono como duas áreas em que os dois países podem trabalhar juntos.

Na segunda-feira, Perry afirmou no Japão esperar que a China se torne num “verdadeiro líder” na questão do clima e rejeitou as acusações de que os EUA estão a recuar.

A decisão de Trump abriu um vazio na liderança do combate ao aquecimento global que poderá vir a ser preenchido pela China, que prepara um imenso processo de descarbonização da sua economia.

O país asiático é o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa e nas suas grandes cidades a poluição atmosférica está muitas vezes acima dos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde, gerando milhões de mortes prematuras todos os anos.

No início do encontro entre Perry e Zhang, antes dos jornalistas saírem da sala, nenhum deles mencionou a decisão de Trump.

O acordo de Paris, celebrado em 2015, era visto como um marco na cooperação entre Pequim e Washington, as duas maiores economias do mundo e com posições antagónicas em questões como segurança regional e Direitos Humanos.

Perry não mencionou energias renováveis como a solar e a eólica, em que a China tem a maior capacidade instalada do mundo.

Boas vibrações

Na terça-feira, o governador da Califórnia, Jerry Brown, desvalorizou em Pequim a decisão de Donald Trump, classificando-a como um “retrocesso temporário” na luta global contra as alterações climáticas.

“A China, os países europeus e os estados norte-americanos vão preencher o vazio deixado pela decisão de Washington”, garantiu Brown, que participou em Pequim numa conferência sobre fontes de energia renovável.

A China e a Califórnia anunciaram no mesmo dia um acordo de cooperação para reduzir a emissão de gases.

9 Jun 2017

Japão diz que novo ensaio de mísseis de Pyongyang não ameaçou a sua segurança

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo japonês considera que o ensaio de mísseis realizado ontem pela Coreia do Norte não representou uma ameaça à sua segurança, ao contrário de outras vezes, em que projécteis caíram em águas da sua Zona Económica Exclusiva.

“Estamos a tomar as medidas adequadas a par com a comunidade internacional”, afirmou o ministro porta-voz do Executivo japonês, Yoshihide Suga, indicando que estão a analisar informação sobre o lançamento com os Estados Unidos e a Coreia do Sul, ainda que este não tenha representado uma “ameaça à segurança” do país.

A Coreia do Norte lançou ontem múltiplos mísseis a partir das imediações da cidade costeira de Wonsan, no sudeste, que percorreram 200 quilómetros antes de cair em águas do mar do Japão, segundo confirmaram os governos de Seul e Tóquio.

Ambos os países colaboram com os Estados Unidos no sentido de identificar os projécteis utilizados no lançamento que acreditam ser mísseis de cruzeiro e não balísticos.

A confirmar-se a suspeita, o ensaio não violaria as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pesam sobre a Coreia do Norte, as quais proíbem os lançamentos que usam tecnologia de mísseis balísticos.

Apesar de considerar que o mais recente lançamento de Pyongyang não representou uma ameaça para o Japão, por não ter caído em águas da sua Zona Económica Exclusiva – a última vez que tal sucedeu foi em 29 Maio –, Tóquio destacou a insistência por parte do país vizinho na realização deste tipo de testes.

Desde o início do ano, a Coreia do Norte levou a cabo dez lançamentos de mísseis balísticos, actos “que não se podem permitir”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida, em declarações reproduzidas pela emissora pública NHK.

Na sequência do ensaio norte-coreano de ontem, o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, convocou, por seu turno, uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para debater medidas contra este tipo de testes por parte do país vizinho.

9 Jun 2017

‘Gaokao’| Milhões de estudantes iniciam teste crucial

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhões de estudantes chineses submetem-se desde ontem ao ‘Gaokao’, o maior exame de acesso à universidade do mundo, considerado “crucial à meritocracia chinesa”, e que exige anos de preparação.

Segundo números do ministério chinês da Educação, de um total de quase dez milhões de adolescentes que fazem esta semana os testes, apenas 3,74 milhões vão conseguir entrar na Universidade.

Entre aqueles, só alguns milhares terão acesso às melhores instituições de ensino superior do país, que garantem maiores probabilidades de um bom futuro profissional ou académico.

“O ‘Gaokao’ é como um grande jogo, em que cada participante segue a mesma lógica e trabalha arduamente para aumentar as hipóteses de ser escolhido”, descreve Liu Jiawei, estudante na Universidade de Pequim.

Para Liu, o ‘Gaokao’ é também uma prova do seu esforço nos primeiros vinte anos da sua vida e marca um ponto de viragem para a vida adulta.

O êxito no ‘Gaokao’ pode proporcionar a saída da pobreza de famílias rurais, permitindo o acesso dos seus filhos a um emprego bem remunerado nas prósperas cidades do litoral.

Mobilização geral

A prova é um acontecimento nacional, com pais e familiares, estudantes ou curiosos, a concentrarem-se em frente aos centros de exame para encorajar os estudantes.

O ‘Gaokao’ demora entre dois e três dias, variando entre províncias, e inclui testes de língua chinesa, matemática, inglês, humanidades e ciências.

Na Mongólia Interior, noroeste da China, um comboio transportou na terça-feira mais de 600 estudantes até ao distrito de Oroqen, para realizarem a prova.

Em Pequim e outros centros urbanos, a frequência de algumas carreiras de autocarro foi reforçada. No metro, os estudantes têm acesso prioritário, evitando filas de espera em hora de ponta.

Dispositivos da polícia são também destacados, para manter a ordem e evitar o uso de cábulas.

Este ano marca o 40.º aniversário desde que os testes foram retomados, após terem sido suspensos durante a Revolução Cultural, entre 1966-76.

8 Jun 2017

Pequim opõe-se a relatório do Pentágono sobre o exército chinês

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]equim “opõe-se firmemente” a um relatório do Pentágono sobre o exército chinês, que destaca a construção de instalações militares em ilhas artificiais no Mar do Sul da China e sugere que o país construirá mais bases militares além-fronteiras.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hua Chunying afirmou ontem que o relatório, que é publicado anualmente, contém “comentários irresponsáveis” e ignora os factos.

“A China opõe-se firmemente” ao documento, disse Hua, afirmando que o seu Governo é uma força na salvaguarda da paz e estabilidade na região Ásia-Pacífico e no mundo.

Recusando comentar a possível abertura de bases militares além-fronteiras, Hua afirmou que a China e o Paquistão – um dos países apontado como favorito a receber uma base chinesa – são países amigos que colaboram de forma mutuamente benéfica em diversos domínios.

A China está a construir a sua primeira base militar fora do país em Djibuti, que diz irá facilitar a sua participação em patrulhas anti-pirataria no Golfo de Áden e as operações da ONU de manutenção da paz na região.

Influência crescente

A base ficará situada próximo de uma base norte-americana, mas o exército dos Estados Unidos recusa que se trate de uma ameaça.

“A China muito provavelmente vai tentar estabelecer mais bases militares em países com os quais tem uma longa relação de amizade e interesses estratégicos similares, como com o Paquistão”, afirma o relatório do Pentágono.

“Esta iniciativa, somada à visita regular de navios militares chineses a portos estrangeiros, reflecte e amplifica a crescente influência chinesa, estendendo o alcance das suas forças armadas”, aponta.

O documento refere ainda a construção de instalações militares nas Ilhas Spratly, no Mar do Sul da China, que Pequim reclama quase na totalidade.

E detalha que, no final do ano passado, a China estava a construir hangares com dimensão para combate, instalações para fixar armas, quartéis, edifícios administrativos e infraestruturas de comunicação.

A China afirma que as bases servem para garantir a segurança de navegação e assistir barcos de pesca. Mas aponta também que ajudam a reforçar as reclamações territoriais do país e que Pequim tem o direito de aumentar a capacidade de defesa no território.

“O desenvolvimento da defesa nacional serve para salvaguardar a independência soberana da China e a integridade do seu território. É um direito legítimo de um Estado soberano”, afirmou Hua.

8 Jun 2017

Detido líder do maior grupo da máfia japonesa ‘yakuza’

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades japonesas detiveram, por fraude, o líder do grupo ‘yakuza’ Kobe Yamaguchi-gumi, herdeiro da maior organização criminosa do país, num novo golpe da polícia contra a máfia que vive actualmente uma luta interna pelo poder.

Kunio Inoue, de 68 anos, foi detido na terça-feira pela polícia de Hyogo, no centro do Japão, pela suspeita de ter registado sob o nome de outra pessoa um telemóvel para seu uso pessoal, segundo noticiaram ontem os meios de comunicação social japoneses.

A detenção de líderes mafiosos por delitos menores é uma prática habitual que a polícia utiliza para iniciar processos formais de acusação, dado que assim ganham tempo para recolher provas e construir casos sobre crimes mais graves e mais complexos.

Kunio Inoue lidera o grupo de Kobe, que se separou em 2015 da Yamaguchi-gumi, considerada até então o mais poderoso dos grupos ‘yakuza’ e uma das organizações criminosas que mais receitas gera em todo o mundo por actividades como extorsão, tráfico de droga e fraude fiscal, entre outros negócios ilegais.

O detido admitiu ter usado o telemóvel registado em nome de uma conhecida durante o interrogatório, mas as autoridades podem apresentar novas acusações contra si antes de terminar o prazo legal de detenção, explicaram fontes policiais ao diário Asahi.

Em queda

A Yamaguchi-gumi, fundada em 1915 na cidade portuária de Kobe (sul), sofreu a cisão de 13 dos seus grupos afiliados no verão de 2015 devido a lutas de poder e à pressão crescente da polícia e da sociedade japonesas.

As autoridades intensificaram a vigilância deste tipo de organizações por ter receio da ocorrência de ajustes de contas e para aproveitar o momento de debilidade que atravessam, por causa da dissidência, o que se reflecte no número decrescente de membros.

A Yamaguchi-gumi contava em 2014 com aproximadamente 23.400 membros – quase metade dos cerca de 53.300 ‘yakuza’ de todo o Japão –, um número muito inferior aos 180.000 que tinha durante a ‘era dourada’ da máfia japonesa na década de 1960.

No passado mês de Abril, o próprio grupo de Kobe da Yamaguchi-gumi sofreu uma perda massiva de afiliados, que formaram um novo subgrupo independente.

Desde então, as organizações criminosas encontram-se em estado de confrontação, tendo sido registados 47 incidentes que resultaram em mais de 30 detidos, segundo dados da polícia nipónica.

8 Jun 2017

Ambiente | Pequim e Califórnia assinam acordo para o clima

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o governador do Estado norte-americano da Califórnia, Jerry Brown, comprometeram-se ontem a cooperar na luta contra as alterações climáticas, depois de Donald Trump ter renunciado ao acordo de Paris.

Xi e Brown reuniram-se no Grande Palácio do Povo, em Pequim, parte da visita oficial que o governador realiza esta semana à China, após a decisão do Presidente dos Estados Unidos.

Xi Jinping disse estar confiante de que a Califórnia vai continuar a promover a cooperação bilateral, especialmente nos sectores da tecnologia, inovação e desenvolvimento verde, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

A Califórnia e o ministério chinês da Ciência e Tecnologia assinaram um acordo de colaboração no desenvolvimento de tecnologias limpas.

O governador da Califórnia assinou colaborações similares nos últimos dias com os líderes das províncias chinesas de Jiangsu e Sichuan.

Em Pequim, Brown afirmou que a decisão de Trump de sair do acordo de Paris é apenas um “retrocesso temporário” na luta global contra as alterações climáticas.

“A China, os países europeus e os Estados norte-americanos vão agora preencher o vazio deixado pela decisão de Washington”, disse.

“Ninguém pode ficar à margem. Não podemos permitir qualquer desistência do tremendo desafio humano de fazer a transição para um futuro sustentável”, acrescentou.

Resposta interna

Jerry Brown é um dos líderes da chamada Aliança dos EUA pelo Clima, que reuniu até agora treze Estados e territórios do país, em resposta à decisão de Trump de sair do acordo de Paris.

A Califórnia, a maior economia entre os Estados norte-americanos, é também um dos Estados que exerce controlo mais rigoroso na área ambiental, detendo a liderança no sector no país.

Apesar de a China ter ultrapassado, nos últimos anos, os EUA como líder mundial no desenvolvimento de energias renováveis, tem tido dificuldades em integrar os painéis solares e turbinas eólicas numa rede de distribuição eléctrica dominada por centrais a carvão.

Trump é um acérrimo defensor das indústrias fósseis norte-americanas, em particular da do carvão, que sofreu um forte declínio na produção, durante o mandato do anterior Presidente Barack Obama.

7 Jun 2017

Filipinas suspendem envio de trabalhadores para o Qatar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo do Presidente filipino, Rodrigo Duterte, suspendeu ontem temporariamente as autorizações de deslocação de trabalhadores para o Qatar, na sequência da crise diplomática com vários países árabes.

O ministro do Trabalho filipino, Silvestre Bello, afirmou que a suspensão entrou em vigor ontem, mas ainda não existe qualquer plano para repatriar mais de 200 mil trabalhadores do arquipélago do Sudeste Asiático do Qatar.

A decisão da Arábia Saudita de encerrar a fronteira terrestre com o Qatar, através da qual a pequena nação do Golfo Pérsico importa a maior parte dos alimentos, desencadeou uma corrida aos supermercados.

Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Egipto, Iémen e Líbia, além das Maldivas, anunciaram sucessivamente, na segunda-feira, o corte de relações diplomáticas com o Qatar, criando a mais grave crise regional desde a guerra do Golfo de 1991.

Discursos da razão

Riade justificou a decisão com “o acolhimento pelo Qatar de vários grupos terroristas e sectários para desestabilizar a região”, incluindo a Irmandade Muçulmana, a Al-Qaida, o Estado Islâmico e grupos apoiados pelo Irão.

O Cairo acusou Doha de ter uma “abordagem antagonista” e afirmou que “todas as tentativas para o impedir de apoiar grupos terroristas falharam”, dando ao embaixador do Qatar 48 horas para abandonar o Egipto e chamando o seu encarregado de negócios em Doha.

O corte de relações é associado a medidas que implicam o isolamento do Qatar, anfitrião do Mundial de Futebol 2022, com o encerramento de fronteiras terrestres e marítimas, proibições de sobrevoo e restrições à deslocação de pessoas. Sete companhias aéreas anunciaram a suspensão dos voos de e para Doha.

A diplomacia do Qatar considerou-as injustificadas e baseadas em alegações e pressupostos falsos: o Qatar “não interfere nos assuntos alheios” e “luta contra o terrorismo e o extremismo”, afirmou o emir, xeque Tamim Ben Hamad Al-Thani.

7 Jun 2017

Energia verde | Desperdício testa aptidão chinesa em liderar acordo de Paris

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China desperdiça cada vez mais energia verde, que não é integrada na ultrapassada rede de distribuição eléctrica do país, travando as ambições de Pequim em liderar a luta contra as alterações climáticas.

O desperdício de energia eólica e solar servirá de obstáculo para a China assumir a liderança no acordo de Paris, após os Estados Unidos terem rescindido deste.

O problema ameaça também dificultar os esforços de Pequim no combate à poluição e na redução da emissão de gases com efeito de estufa, que torna o país no principal responsável pelas alterações climática.

Na véspera de vários ministros da Energia se reunirem em Pequim, as dificuldades chinesas suscitam questões sobre como melhor fazer a transição para fontes de energia limpa.

“Eles instalaram demasiado rápido”, afirma Qiao Liming, o director da China no fórum Global Wind Energy Council. “Um verdadeiro mercado devia permitir o fluxo de electricidade entre duas províncias. E isso não existe neste momento”, disse.

Nos últimos anos, milhares de turbinas eólicas e painéis solares foram instalados nas províncias menos habitadas da China, à medida que os líderes do país procuram reduzir a poluição nas grandes cidades.

A China é hoje o país no mundo com mais capacidade instalada de produção de energia renovável.

Dois problemas, no entanto, têm impedido o sucesso do país na transição do uso de carvão para energia limpa, segundo observadores e representantes da indústria.

A extensa rede eléctrica chinesa tem sido incapaz de integrar a electricidade produzida por fontes eólicas e solares, enquanto alguns funcionários locais continuam a optar por recorrer ao carvão, que contribui para quase dois terços da energia consumida no país.

Na província de Gansu, região oeste da China, 43% da energia produzida por turbinas eólicas, em 2016, não foi utilizada. Na região vizinha do Xinjiang, aquele indicador fixou-se em 38% e, em Jilin, no nordeste do país, em 30%.

No conjunto, a percentagem de energia eólica gerada que não entrou na rede na China fixou-se em 17%, um valor descrito por Qiao como “escandalosamente alto”.

Toca a queimar

A poluição na China agrava-se no Inverno, altura em que a queima do carvão fornece electricidade para o aquecimento central nas casas e fábricas do norte do país.

Isso leva muitos funcionários locais a manter abertas as centrais de carvão e a rejeitar energia eólica, apesar da pressão feita pelo Governo central, afirma Lu Xi, professor da Escola do Meio Ambiente, na Universidade Tsinghua, em Pequim.

“No papel, demonstram querer promover energias renováveis, mas na verdade protegem os interesses da indústria do carvão”, afirma Frank Yu, especialista em renováveis na empresa de consultadoria Wood Mackenzie.

Para ultrapassar o problema, a Administração Nacional de Energia da China tem promovido a instalação de turbinas próximo de Pequim e das cidades costeiras onde o consumo de energia é maior.

Isso deverá permitir à energia renovável contornar parte da ultrapassada rede eléctrica chinesa.

As dificuldades não são um exclusivo da China. Os países ocidentais também enfrentaram problemas em integrar fontes eólicas e solares de energia, que dependem das condições climatéricas, em redes de distribuição eléctrica construídas em torno de fábricas de carvão, que apesar de serem mais poluidoras, são também mais estáveis.

Segundo projecções da Administração Internacional de Energia, nas próximas duas décadas, o aumento do consumo de energia virá quase todo dos países em desenvolvimento. Só a China contribuirá para metade desse aumento.

6 Jun 2017

China acusa EUA de ter “segundas intenções” na Ásia-Pacífico

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo chinês instou domingo os Estados Unidos a abandonarem a sua atitude “irresponsável” quanto aos conflitos territoriais na região Ásia-Pacífico e acusou Washington de ter “segundas intenções”.

Esta posição surgiu depois de no sábado, numa intervenção num fórum sobre segurança na Ásia, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, ter advertido que os Estados Unidos não aceitarão a militarização no disputado mar da China Meridional por parte de Pequim ou que sejam impostas “reivindicações marítimas excessivas e sem apoio da lei internacional”.

Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, criticou domingo as declarações de Mattis e considerou-as “erróneas”.

Em comunicado, citado pela agência Efe, Hua pede que se respeitem os esforços dos países da região “para manter a paz e a estabilidade” e disse que não devem ser feitas “declarações irresponsáveis”.

A porta-voz disse também que “alguns países de fora da região, movidos por segundas intenções, insistem em fazer comentários erróneos”, numa alusão aos Estados Unidos.

A China considera que a situação no mar da China Meridional, que Pequim reclama praticamente na totalidade face a reivindicações do Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei e Taiwan, acalmou recentemente e acusa os Estados Unidos de ameaçarem a sua soberania com “demonstrações de força” sob o pretexto de liberdade de voo ou de navegação.

Hua disse ainda que a construção pela China de instalações em ilhas artificiais da região – que podem ter uso militar – cumpre com a lei e as obrigações internacionais da China no que considera sua soberania.

“Não tem nada a ver com uma militarização” da zona, assegurou.

6 Jun 2017