ONU denuncia que limpeza étnica dos rohingya prossegue em Myanmar

A limpeza étnica da minoria muçulmana rohingya continua no estado de Rakhine, no oeste de Myanmar (antiga Birmânia), de onde mais de 700.000 pessoas fugiram desde Agosto para o vizinho Bangladesh, alertaram ontem as Nações Unidas.

A ONU e organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado repetidamente os crimes cometidos pelo exército birmanês na ofensiva que iniciou no norte de Rakhine, em resposta ao assalto armado de um grupo rohingya rebelde a 25 de Agosto.

O assistente do secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour, sustentou que apesar de o grau de violência ter sofrido uma redução, as forças de segurança birmanesas continuam a cometer assassínios, violações, torturas, sequestros e a negar alimentos a elementos daquela etnia.

“Parece que a violência generalizada e sistemática contra os rohingya persiste”, disse Gilmour num comunicado emitido após a sua visita aos campos de refugiados no Bangladesh. “A natureza da violência mudou para uma campanha de terror de baixa intensidade e fome forçada que parece ter sido elaborada para empurrar os rohingya, que ainda estão em suas casas, em direcção ao Bangladesh”, acrescentou.

O responsável recriminou ao Governo birmanês que diz estar preparado para o regresso dos refugiados quando a violência persiste, frisando que, nas actuais condições, “o retorno seguro, digno e sustentável é impossível”.

Por outro lado, elogiou a resposta humanitária do Bangladesh – um país pobre – e de organismos internacionais em relação aos rohingya, embora alertando para os “devastadores efeitos” que o início da estação das chuvas trará para os campos de refugiados.
O Bangladesh e Myanmar assinaram um acordo para começar a repatriar os refugiados em finais de Janeiro deste ano, mas Dacca suspendeu-o à última hora.

O exército birmanês negou os abusos, depois de no passado mês de Janeiro ter admitido um caso de assassínios extra-judiciais de rohingya que foram enterrados numa vala comum, em Setembro de 2017.

Myanmar não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e submete-os desde há décadas a todo o tipo de discriminações, incluindo restrições à liberdade de movimentos e ao acesso ao mercado de trabalho.

7 Mar 2018

Coreias | Kim Jong Un tem conversa de “coração aberto” com dirigentes sul-coreanos

 

O líder norte-coreano, Kim Jong Un, teve ontem uma “conversa de coração aberto” com os enviados do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, noticiou a agência noticiosa estatal da Coreia do Norte, a KCNA

Esta foi a primeira reunião de dirigentes de Seul com Kim Jong Un, em carne e osso, desde que este sucedeu ao seu pai, que faleceu em 2011. O despacho da agência norte-coreana adiantou que Kim exprimiu o desejo de “escrever uma nova história de reunificação nacional” durante um jantar na noite anterior.
Dado o sangue já derramado, os testes de armas pela Coreia do Norte e as ameaças de guerra ao longo do último ano, há um considerável cepticismo sobre os aparentes sinais de descongelamento entre as Coreias.

Mas cada novo desenvolvimento também aumenta a possibilidade de os rivais usarem a atmosfera criada durante a participação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Pyeongchang, na Coreia do Sul, para reduzir a tensão em torno das ambições nucleares de Pyongyang e recomeçar as conversações entre a Coreia do Norte e os EUA.

Atmosfera sincera

Ainda segundo a KCNA, Kim Jong Un acolheu com satisfação os visitantes sul-coreanos, a quem apresentou as suas perspectivas em relação à “activação de um diálogo versátil, contacto, cooperação e intercâmbio”.

A Kim é também atribuída a afirmação de que deu “instruções importantes para a área relevante para tomar medidas práticas rapidamente” para uma cimeira com Moon Jae-in.
O papel de um líder confiante e acolhedor de representantes, de grau inferior, do Sul rival, é um dos que agradam claramente a Kim. Tirou fotos com os sul-coreanos e promoveu o que foi descrita como “uma atmosfera sincera e co-patriótica”.
Mas muitos no Sul e nos EUA querem saber o que Kim Jong Un planeia fazer depois da barragem de testes com armas, que levantaram o espectro da guerra.

O Norte tem dito, repetidamente, que não prescinde do seu armamento nuclear, enquanto prossegue a construção de um arsenal que possa alcançar o território continental norte-americano.

A delegação sul-coreana, com 10 elementos, é liderada pelo director de segurança nacional, Chung Eui-yong.
Esta viagem ao Norte de dirigentes sul-coreanos de nível elevado é a primeira conhecida desde há 10 anos.

7 Mar 2018

China | Aposta no consumo interno para atingir meta de crescimento

O responsável pelo organismo máximo encarregado da planificação económica da China manifestou-se confiante de que um aumento do consumo interno permitirá ao país atingir a meta de crescimento económico prevista pelo Governo, de 6,5 por cento.

He Lifeng, presidente da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), afirmou que o contributo do consumo interno para o crescimento da economia chinesa pode superar este ano os 60 por cento, depois de se ter fixado em 58,8 por cento em 2017.

Pequim está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo interno, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável” crescimento económico.

He Lifeng afirmou que a meta de crescimento para este ano “está em linha com as expectativas e pode ser atingida através de muito trabalho”. Caso atinja aquela meta, a economia chinesa registará um dos ritmos de crescimento mais acelerados do mundo em 2018.

7 Mar 2018

Investimento | Criado financiamento para apoiar projectos de Uma Faixa Uma Rota

As empresas que queiram aproveitar as oportunidades trazidas pela política Uma Faixa, Uma Rota têm agora um novo canal para financiar os seus projectos ao longo da extensão territorial abrangida pela política

A Hengyi Petrochemical Co., com sede na Província de Zhejiang, emitiu, na passada Segunda-feira, 500 milhões de yuans em títulos corporativos a três anos na Bolsa de Valores de Shenzhen para apoiar projectos abrangidos pela política Uma Faixa, Uma Rota do Cinturão e Rota.

O recurso financeiro tem como intenção ser usado para financiar o projecto petroquímico da empresa em Brunei, segundo um comunicado da companhia à bolsa de valores de Shenzhen.

A acção da petrolífera ocorre depois de Pequim permitir que empresas nacionais e estrangeiras, bem como instituições apoiadas pelo Governo em países abringidos pela política Uma Faixa, Uma Rota, emitam tais títulos através das bolsas de valores de Xangai e Shenzhen.

A Comissão Reguladora de Valores da China divulgou na última Sexta-feira a aprovação de pedidos de sete empresas chinesas e estrangeiras para emitir um total de 50 bilhões de yuans em títulos para financiar a iniciativa da faixa económica.

Novas rotas

A Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, proposta pela China em 2013, busca construir redes de comércio e infraestruturas que conectem a Ásia com a Europa e a África com base nas antigas rotas comerciais terrestres e marítimas.

As empresas chinesas construíram 75 zonas para cooperação económica e comercial em 24 países ao longo da faixa económica, criando quase 209 mil empregos locais.

De acordo com as directrizes de Pequim, é necessário expandir os canais de financiamento para atender à enorme procura de financiamento ao longo dos territórios abrangidos por Uma Faixa, Uma Rota, disse Jiang Chao, pesquisador da Haitong Securities, à Xinhua. De acordo com a agência oficial, o académico espera que as emissões de títulos continuem a aumentar ao longo dos próximos tempos.

7 Mar 2018

Pequim mantém objectivo de crescimento de 6,5 por cento em 2018

[dropcap style =’circle] A [dropcap] China renovou para 2018 o seu objectivo de um crescimento económico anual “de cerca de 6,5 por cento”, segundo o texto do discurso do primeiro-ministro, Li Keqiang, divulgado antes da abertura da sessão anual do parlamento chinês

 

 

O gigante asiático manteve também em “cerca de 3 por cento” o nível estimado de inflação para este ano.

Nenhum novo valor de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a longo prazo foi definido no Outono, no congresso quinquenal do Partido Comunista (PCC), em conformidade com a ideia de que Pequim estava preparada para assistir a uma redução do crescimento do país.

O seu orçamento militar, o segundo maior do mundo, a seguir ao dos Estados Unidos, aumentará 8,1 por cento em 2018, um ritmo de crescimento superior ao do ano passado.

Esta taxa de crescimento, mais elevada que em 2017 (+7 por cento), foi anunciada pelo Governo chinês num relatório divulgado pouco antes da abertura da sessão anual do parlamento.

O orçamento atinge os 142 mil milhões de euros, segundo a agência Nova China.

 

Aposta militar

A China gastou em 2017 um total de 122 mil milhões de euros com as suas Forças Armadas, segundo um recente relatório do Instituto Internacional para os Estudos Estratégicos (IISS), um organismo especializado sediado em Londres – quatro vezes menos que os Estados Unidos (489 mil milhões de euros).

Pequim aumenta a despesa com a Defesa desde há mais de 30 anos para compensar o atraso em relação aos exércitos ocidentais.

O aumento anual atingiu quase 18 por cento no final dos anos 2000 e, nos últimos anos, a taxa de crescimento do orçamento militar é mais ou menos coordenada com a do PIB (que foi de 6,9 por cento em 2017).

Em Outubro, Xi Jinping instou o exército a concluir a sua modernização até 2035 e a ser “de nível mundial” até 2050.

O exército chinês ainda está pouco presente em cenários internacionais: além das participações em missões de manutenção da paz da ONU, tem 240 militares na única base militar que até agora instalou no estrangeiro (em 2017, no Djibuti) e a sua marinha patrulha o golfo de Aden para operações de escolta antipirataria, segundo o IISS.

Por sua vez, os Estados Unidos têm cerca de 200.000 militares destacados em cerca de 40 países dos cinco continentes.

 

6 Mar 2018

Pequim não admite fantasias independentistas de Taiwan

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, advertiu ontem Taiwan de que Pequim não vai tolerar qualquer fantasia independentista, numa altura de renovadas tensões devido à maior aproximação de Taipei a Washington. “Não será tolerada qualquer actividade relacionada com a independência de Taiwan”, afirmou Li, na apresentação do relatório do Governo aos cerca de 3.000 delegados da Assembleia Popular Nacional (APN).
“Continuaremos firmes na defesa da soberania nacional e da integridade territorial da China”, afirmou.
A advertência de Li Keqiang surge depois de, na semana passada, o Senado norte-americano ter aprovado uma Lei de Viagens a Taiwan, que permite visitas mútuas de funcionários de alto nível.
A votação do Senado ocorreu no mesmo dia em que independentistas taiwaneses lançaram uma campanha para a celebração de um referendo sobre a independência da ilha, em Abril de 2019.
A imprensa oficial chinesa lembrou que Pequim poderá recorrer de forma “inevitável” à força para resolver as disputas com Taiwan, como previsto na lei antissecessão.
Aquela lei incumbe o Governo e exército chineses de “decidir sobre a execução dos meios não pacíficos” contra Taiwan, caso sejam “esgotadas” as possibilidades de “reunificação pacífica”.
Desde o XIX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que decorreu em Outubro passado, que as incursões de aviões militares chineses no espaço aéreo taiwanês se intensificaram, levando analistas a considerarem como cada vez mais provável que a China invada Taiwan.

6 Mar 2018

Fim do limite de mandatos domina reunião do legislativo chinês

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] sessão anual do órgão legislativo máximo da China arrancou hoje com o debate centrado numa emenda constitucional que removerá o limite de dois mandatos no exercício do cargo de Presidente do país

 

A proposta, que permitirá ao Presidente Xi Jinping permanecer indefinidamente no cargo, concentrará a atenção mediática sobre a reunião da Assembleia Popular Nacional (APN), que normalmente serve para aprovar o orçamento do país, o plano anual de desenvolvimento económico-social e outros documentos.

A alteração de um dos princípios fundamentais da política chinesa desde os anos 1980 ilustra a ascensão de Xi como um dos mais fortes líderes chineses na história da República Popular, com o regime a assumir contornos de uma ditadura pessoal.

Os cerca de 3.000 deputados reunidos durante os próximos dez dias no Grande Palácio do Povo, no lado ocidental da famosa Praça Tiananmen, irão também eleger os principais titulares dos órgãos do Estado, já previamente seleccionados pelo Partido Comunista Chinês (PCC), durante o seu último Congresso, que decorreu em Outubro passado.

A liderança chinesa tem defendido a necessidade de acabar com o limite de mandatos, visando assegurar a continuidade de Xi no poder, numa altura em que Pequim executa uma vasta agenda que inclui tornar o sector estatal mais competitivo, desenvolver a indústria de alta tecnologia, reduzir a pobreza e combater a poluição.

 

Líder único

Nos últimos anos, Xi desmantelou o sistema de “liderança colectiva”, cimentado pelos líderes chineses desde os anos 1980, e tornou-se o centro da política chinesa, eclipsando os outros seis membros do Comité Permanente do Politburo PCC, a cúpula do poder na China.

Além de secretário-geral do PCC, presidente da Comissão Militar Central – o braço político do exército – e Presidente do país, Xi é responsável pelos organismos encarregados da segurança nacional, finanças, reforma económica e “segurança no ciberespaço”.

A presidência é a menos importante das três posições que Xi ocupa na pirâmide do poder chinês – secretário-geral do PCC e Presidente da CMC são, por esta ordem, consideradas as mais importantes.

Ao assegurar aquelas duas posições, que não estão sujeitas a limite de mandatos, Xi Jinping seria já o líder indiscutível do partido e do Estado, pelo que a emenda constitucional surpreendeu muitos observadores.

“Caso seja aprovada, pode-se descrever esta tentativa de abolir o limite de mandatos como o regresso da China a tempos medievais”, afirma Warren Sun, um pesquisador sobre o PCC na Universidade de Monash, na Austrália, citado pela Associated Press.

 

6 Mar 2018

Fosun compra participação em grupo de moda austríaco

[dropcap style=’circle’] O[/dropcap] grupo de investimento chinês Fosun, principal accionista do banco BCP, comprou 50,6 por cento do capital da empresa de moda de luxo austríaca Wolford por 32,6 milhões de euros, segundo o portal chinês de informação financeira Caixin.
O conglomerado chinês ofereceu 12,8 euros por acção e ainda acordou investir 22 milhões de euros numa operação de aumento de capital a concluir em Maio. Além disso, a Fosun oferecerá 13,67 euros por título aos outros accionistas da empresa, com o objectivo de no futuro reforçar a sua participação.
Depois de registar significativos prejuízos nos últimos anos, a Wolford apresentou em Junho um plano de reestruturação e os seus proprietários anunciaram a intenção de vender uma participação maioritária na empresa.
Para a Fosun, esta é a terceira operação de compra internacional nas últimas duas semanas, depois de ter adquirido uma participação maioritária na casa de moda francesa Jeanne Lanvin, por 120 milhões de euros, e na gestora de fundos brasileira Guide Investimentos por 42 milhões de euros.
Segundo fontes próximas do grupo chinês citadas pelo portal Caixin, a Fosun está à procura de mais investimentos no sector da moda de luxo na Europa para reforçar o seu plano de expansão internacional e para satisfazer a procura dos consumidores chineses.
A Fosun tem sede em Xangai e investimentos em múltiplos sectores como saúde, turismo, moda, imobiliário e banca. Nos últimos anos, comprou empresas estrangeiras como o francês Club Med, o britânico Thomas Cook (ambas na área do turismo), o canadiano Cirque du Soleil (espetáculos artísticos), além de ser o maior accionista do Banco Comercial Português (BCP), com 25,16 por cento.
Esta semana, o presidente da seguradora Fidelidade, que também é detida pela Fosun, disse que a participação deste grupo no BCP pode vir a aumentar.
Ainda em Dezembro do ano passado, a Fosun tomou uma participação de 18 por cento de Tsingtao, a maior cervejeira da China.

5 Mar 2018

Pequim não “cruza os braços” perante ameaças comerciais dos EUA

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China “não ficará de braços cruzados” perante as ameaças dos Estados Unidos em matéria comercial, advertiu um alto responsável chinês, após declarações cada vez mais insistentes do Presidente norte-americano, Donald Trump

“A China não quer uma guerra comercial com os Estados Unidos, mas se os Estados Unidos adoptarem medidas que prejudiquem os interesses chineses, a China não ficará de braços cruzados e tomará as medidas que se impõem”, declarou à imprensa o porta-voz da Assembleia Nacional Popular (ANP), Zhang Yesui, na véspera da abertura da sessão plenária anual do parlamento chinês.
Trump fez subir ainda mais o tom das suas afirmações sobre uma guerra comercial na Sexta-feira, ao ameaçar os parceiros comerciais dos Estados Unidos de “taxas recíprocas” sobre as suas importações, depois de ter visado no dia anterior as do alumínio e do aço. O inquilino da Casa Branca já tinha escrito na rede social Twitter que as guerras comerciais eram “boas e fáceis de ganhar”.
Inquirido sobre essas ameaças, o porta-voz chinês, ele mesmo antigo embaixador nos Estados Unidos, defendeu uma maior abertura dos mercados dos dois países.
No Sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, considerou “sem fundamento” as sanções norte-americanas contra as exportações de aço de outros países adoptadas em nome da segurança nacional.
“Não é só a China que pensa que isto não é razoável. Muitos países europeus e o Canadá disseram todos que não podiam aceitá-lo”, disse Wang, citado pela imprensa chinesa.

Investimento estrangeiro
Pequim vai elaborar uma nova lei para “promover e proteger o investimento estrangeiro no país”, com o objectivo de fomentar a abertura da sua economia, anunciou o porta-voz da Assembleia Nacional Popular. Zhang Yesui, porta-voz do órgão legislativo máximo do país, que inicia hoje o seu plenário anual, explicou que se reunificarão as três leis que actualmente existem para regular o investimento estrangeiro na China e será criada uma nova lei para alcançar quatro objectivos.
O primeiro objectivo será o “desenvolvimento, benefício mútuo, estratégia e comércio de alta qualidade, bem como a liberalização e a facilitação do investimento”, indicou o responsável.
Será prestada a mesma atenção ao investimento da China no exterior que ao estrangeiro no país e será facilitado o acesso ao mercado, precisou Zhang.
“Criar um ambiente transparente, estável e previsível para o investimento estrangeiro e proteger os seus direitos e interesses legítimos” é o terceiro objectivo mencionado pelo porta-voz, numa conferência de imprensa no Grande Palácio do Povo, em Pequim.
Por último, a China oferecerá um “tratamento justo” às empresas internacionais, com igualdade de condições em relação às companhias domésticas.

Destaque: No Sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, considerou “sem fundamento” as sanções norte-americanas contra as exportações de aço de outros países adoptadas em nome da segurança nacional.

5 Mar 2018

Presidente do grupo chinês que comprou Montepio Seguros sob investigação

[dropcap style≠‘circle’]Y[/dropcap]e Jianming, fundador e presidente do CEFC China Energy, que no ano passado adquiriu as seguradoras da Associação Mutualista Montepio, está “sob investigação” das autoridades na China, informou ontem a revista chinesa de informação económica Caixin.

Com sede em Xangai, o CEFC está no processo de compra das seguradoras do Montepio e a negociar a compra da Partex, petrolífera detida em 100 por cento pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Na China, onde o sector da energia é monopólio do Estado, o grupo privado CEFC constitui uma excepção: fundado em 2002, figura na 222.ª posição na lista das 500 maiores empresas do mundo da Global Fortune.

A firma tornou-se mundialmente famosa no ano passado, quando acordou pagar 7,4 mil milhões de euros por 14,16 por cento da petrolífera russa Rosneft.

O negócio pode estar agora ameaçado, segundo a Caixin, que cita fontes não identificadas e aponta relutância dos bancos em financiar aquela operação.

A Caixin, que é a principal publicação chinesa de informação económica, descreve o CEFC como uma “empresa que se destaca tanto pelo seu sucesso, como pela opacidade da sua estrutura”.

 

Bolsa reage

“A direcção é altamente dividida e a informação raramente circula entre diferentes segmentos do grupo”, acrescenta a revista, que cita fonte próxima da empresa.

No ano passado, uma proposta de 92 milhões de euros do CEFC pela empresa financeira norte-americana Cowen Group foi travada pelo Governo dos Estados Unidos por motivos de segurança nacional.

Também nos EUA, uma investigação anticorrupção chamou a atenção para o grupo, após Chi Ping Patrick Ho, que geria uma organização não-governamental em Hong Kong financiada pelo CEFC, ter sido acusado por um tribunal de Nova Iorque de corrupção e lavagem de dinheiro.

O Departamento de Justiça norte-americano acusa Ho de ter subornado funcionários do Chade e do Uganda em troca de contratos para uma empresa de energia chinesa. Registos públicos indicam que Ho representava a CEFC China’s China Energy Fund, em 2011.

Após as notícias de que Ye está sob investigação, as acções de várias subsidiárias do grupo afundaram. Na bolsa de Hong Kong, as ações do CEFC Hong Kong Financial Investment recuavam 22,8 por cento a meio da sessão de hoje.

O gigante chinês anunciou no final do ano passado a compra dos seguros do grupo Montepio e a transferência para Portugal da sede dos seus negócios financeiros. O CEFC está ainda em negociações para adquirir a Partex, petrolífera detida pela Fundação Gulbenkian com negócios no Médio Oriente, Angola e Brasil.

2 Mar 2018

Accionista da TAP quer vender imobiliário para enfrentar dívida

O grupo chinês HNA, accionista indireto da TAP, quer-se desfazer de quase 5.000 milhões de euros em activos imobiliários em todo o mundo, numa altura em que enfrenta problemas de liquidez, informou a imprensa chinesa.

 

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]egundo o portal de notícias The Paper, uma subsidiária do grupo vendeu já um edifício de escritórios em Manhattan, Nova Iorque, por 246 milhões de euros. Outra subsidiária do HNA vendeu também recentemente um edifício de escritórios em Sydney, por 130 milhões de euros, e um arranha-céus detido pelo grupo na West Madison Street, em Chicago, está também à venda.

As vendas fazem parte do plano do grupo de venda de activos próprios e das suas subsidiárias, visando enfrentar uma grave crise de liquidez.

Alguns bancos chineses denunciaram já as dificuldades de subsidiárias do grupo em saldar as suas dívidas, depois de nos últimos anos o HNA ter investido um total de 33 mil milhões de euros além-fronteiras.

Em Portugal, a empresa detém indirectamente cerca de 20 por cento do capital da TAP, através de uma participação de 13 por cento na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7 por cento na Atlantic Gateway.

 

Investimentos irracionais

Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou em Julho passado o primeiro voo direto entre a China e Portugal. O grupo tem ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank.

Em Janeiro passado, anunciou que contratou os bancos de investimento nova-iorquinos JP Morgan y Benedetto Gartland para venderem a sua participação de 29,3 por cento no grupo hoteleiro espanhol NH.

O HNA é um dos principais visados das advertências das autoridades chinesas sobre “investimentos irracionais” no estrangeiro, que podem “acarretar riscos” para o sistema financeiro chinês.

No final de Novembro de 2017, as dívidas do grupo ascendiam a 637.500 milhões de yuan (81.900 milhões de euros). No mesmo mês, o grupo emitiu títulos a 363 dias, no mercado de dívida, com uma elevada taxa, de 8,87 por cento.

No final de Janeiro passado, a agência de ‘rating’ Standard & Poor’s baixou a nota da dívida do grupo de B+ para B, no nível “lixo”.

A HNA foi fundada em 1993 e tem sede em Haikou, capital da província de Hainan.

2 Mar 2018

Aprovado acordo que facilita viagens entre Taiwan e Estados Unidos

O Senado norte-americano aprovou ontem, por unanimidade, o Taiwan Travel Act, que só terá figura de lei quando Donald Trump a aprovar. O acto representa não só a oficialização de viagens entre Estados Unidos e a Ilha Formosa, mas encoraja o estabelecimento de negócios em solo americano. Como seria de esperar, a acção não agradou à China

 

[dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] certo que os Estados Unidos nunca disseram, preto no branco, estarem contra a noção de “uma só China”. É também certo que o país não tem relações diplomáticas com Taiwan desde 1979, mas sempre houve uma aproximação entre os dois territórios, que ganhou relevo desde a eleição de Donald Trump.

Primeiro foi o telefonema entre o presidente norte-americano, com Tsai ing-wen, presidente da Ilha Formosa, em Dezembro, que não agradou à República Popular da China. Agora, chegou outro sinal que pode cair mal junto do Governo de Xi Jinping.

Esta Quarta-feira, o Senado norte-americano aprovou, por unanimidade, o Taiwan Travel Act. De acordo com a agência Reuters, trata-se da oficialização de um acordo que vai permitir uma maior facilidade nas viagens entre os dois países, sobretudo as que forem realizadas por altos dirigentes com os seus homónimos.

O Taiwan Travel Act encoraja também a que figuras dos meios cultural e económico de Taiwan possam estabelecer-se com uma maior facilidade nos Estados Unidos. Esta proposta de lei terá agora de ser aprovada pelo presidente Donald Trump, sendo que, de acordo com a Reuters, é pouco provável que o diploma seja chumbado, pois não é comum à presidência norte-americana chumbar algo que foi aprovado por unanimidade. Além disso, essa unanimidade já tinha sido verificada numa primeira aprovação câmara baixa do Congresso norte-americano.

De acordo com a edição online do Taipei Times, jornal da capital de Taiwan, Ed Royce, presidente do House Foreign Affairs Committee, disse que “os Estados Unidos e Taiwan partilham o compromisso para com a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos”.

“Deveríamos apoiar os países que buscam a democracia e que servem de inspiração para estes valores em toda a região da Ásia-Pacífico”, disse Ed Royce durante o acto de votação da proposta de lei.

O diploma aponta ainda para o facto das relações entre os dois territórios terem sofrido com a falta de contactos de alto nível desde 1979, devido às restrições impostas pelos Estados Unidos nas visitas oficiais realizadas a Taiwan, escreve o Taipei Times.

A China não gostou e já reagiu. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, revelou que a RPC ficou “fortemente insatisfeita” com esta aprovação, uma vez que “viola seriamente” o princípio de Uma Só China, ou seja, a ideia de que a RPC e Taiwan (República da China) são um só país. A China apresentou mesmo um protesto diplomático relativamente a este acto.

Um mau lobby

Todd Lyle Sandel, docente especialista em estudos de Taiwan da Universidade de Macau (UM), classifica a aprovação por parte do Senado norte-americano como um sinal de que algo vai muito mal no Governo liderado por Donald Trump.

“Isso demonstra a fraqueza dos Estados Unidos, porque se o país tivesse um presidente normal, como Obama ou Bush, haveria um maior retrocesso [quanto à aprovação]. Isso pode potencialmente ferir as relações com a China, o que num contexto global é muito pior do que ter relações com Taiwan.”

Numa altura em que os olhos do mundo estão postos na China, que sustenta a sua posição no quadro diplomático através do estabelecimento de fortes relações bilaterais com muitos países, o académico acredita que o Taiwan Travel Act pode trazer problemas na relação com os Estados Unidos. Porém, o académico considera que Xi Jinping tem capacidade para ir além disso.

“Donald Trump tem uma série de problemas. A minha opinião pessoal é que Pequim tem muito mais influência nas suas relações diplomáticas do que os Estados Unidos, além disso, a economia chinesa tem vindo a crescer. A China tem, neste momento, um estatuto mais internacional.”

Para o académico, estamos também perante um acto de lobbying por parte do Governo da Ilha Formosa. “É lobby do Governo taiwanês para aumentar a sua influência, tendo em conta as ligações com o partido Republicano nos Estados Unidos. Isto é apenas parte do caos desta Administração Trump. Presidentes como Obama ou Clinton estariam mais conscientes [das consequências desta aprovação]. É um pequeno passo que pode trazer mais problemas do que coisas boas. É algo que fica mal à Administração Trump”, defendeu ao HM.

Apesar do Taiwan Travel Act encorajar o estabelecimento de novas empresas taiwanesas nos Estados Unidos, a verdade é que pouco ou nada vai mudar em termos económicos, defende o professor da UM, uma vez que Taiwan e os norte-americanos sempre tiveram laços firmados.

“Não sei muito sobre o lado económico que esta aprovação pode ter, penso que nunca houve grandes problemas do ponto de vista dos negócios, uma vez que a economia de Taiwan sempre esteve muito ligada aos Estados Unidos. Pelo que li, este acordo está relacionado com a permissão de entrada nos Estados Unidos de altos oficiais taiwaneses. Os Estados Unidos sempre realizaram visitas não oficiais. Penso que não terá grande impacto em termos de criação de novos negócios.”

Uma ajudinha na OMS

Os altos dirigentes de Taiwan têm vindo a ser barrados por Washington nas suas tentativas de estabelecerem ligações diplomáticas, sendo que os governantes norte-americanos não visitam Taiwan desde 1979.

O presidente do US-Taiwan Business Council, Rupert Hammond-Chambers, disse que esta entidade apoia a proposta de lei. “Acreditamos que vai melhorar as comunicações entre Taiwan e os Estados Unidos, especificamente ao nível da compreensão da situação de Taiwan junto dos decisores de Washington”, lê-se no Taipei Times.

Mais do que facilitar contactos oficiais, este diploma poderá fazer com que Taiwan tenha o estatuto de território observador junto da Organização Mundial de Saúde (OMS). O escritório económico e cultural de Taiwan em Washington já expressou o “agradecimento” em relação ao Congresso norte-americano pelo elevado apoio que mostrou em relação à Ilha Formosa durante este processo legislativo, aponta o Taipei Times.

Apesar do significado diplomático que a aprovação do Taiwan Travel Act contém, Todd Lyle Sandel afirma que os taiwaneses estão bem mais preocupados com os baixos salários e as fracas oportunidades de emprego.

“Estive em Taiwan recentemente e penso que a maioria das pessoas não se preocupa com isso. A maior questão são as grandes diferenças salariais, há muita insatisfação quanto a isso. Isso está mais ligado à estrutura económica e à ligação de Taiwan com a China, e há muita gente a mudar-se para a China para terem mais oportunidades de trabalho. A maioria dos taiwaneses não se preocupa com este tipo de acordos e políticas”, rematou.

Antes do telefonema feito à actual presidente Tsai ing-wen (que é a favor da independência do território), os Estados Unidos aprovaram a venda de armas a Taiwan no valor de 1,4 mil milhões de dólares.

Nauert disse que a aprovação da venda não viola a lei que define os contactos dos Estados Unidos com a ilha. “Acreditamos que mostra o nosso apoio à habilidade de Taiwan de manter uma política de autodefesa capaz”, acrescentou.

O Ministério da Defesa de Taiwan agradeceu aos Estados Unidos: “A venda de armas vai ajudar a reforçar a nossa capacidade de autodefesa e a manter a paz no Estreito de Taiwan”.

A China opõe-se firmemente à venda de armamento a Taiwan. Em Março de 2017, e na sequência de informações de que Washington preparava um negócio com a Ilha Formosa, Pequim veio contestar publicamente, renovando os apelos para que Washington respeite o princípio “uma só China”. No óptica de Pequim, esta é uma questão fundamental para preservar as relações bilaterais com os Estados Unidos e manter a estabilidade no Estreito de Taiwan.

2 Mar 2018

Transportes | Voo entre China e Portugal com taxa de ocupação superior a 80 por cento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] voo directo entre a China e Portugal registou uma taxa de ocupação superior a 80 por cento, nos primeiros seis meses desde a inauguração, disse ontem à agência Lusa fonte da companhia aérea chinesa Capital Airlines.

No total, a primeira ligação directa entre os dois países transportou cerca de 40.000 pessoas, revelou fonte do departamento de marketing da empresa.

O voo, que tem três frequências por semana, entre a cidade de Hangzhou, na costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim, arrancou a 26 de Julho.

Coincidindo com a ligação a Lisboa, a companhia aérea abriu também um voo entre Macau e a capital chinesa, de forma a servir também os 15.000 portugueses que vivem no território outrora administrado por Portugal.

Em 2017, o número de chineses que visitaram Portugal cresceu 40,7 por cento, para 256.735, segundo dados das autoridades portuguesas, que atribuem o aumento à abertura da ligação aérea directa.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, os turistas chineses foram responsáveis por 415.882 dormidas em Portugal, mais 109 240 “noites” do que em 2016.

A consultora Global Blue revela ainda que, em média, cada turista oriundo da China gastou 642 euros por dia em Portugal.

A China é já o maior emissor mundial de turistas e, segundo dados do Governo chinês, 129 milhões de chineses viajaram para o estrangeiro em 2017, mais 5,7 por cento do que no ano anterior.

A Capital Airlines é uma das subsidiárias do grupo chinês HNA, accionista da TAP, através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul.

1 Mar 2018

China quer “provas sólidas” de que Pyongyang forneceu armas à Síria

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês disse ontem esperar que as informações sobre uma possível ligação entre a Coreia do Norte e as armas químicas do regime sírio se baseiem em “provas sólidas”.

“Esperamos que as partes implicadas possam fornecer provas sólidas, em vez de adoptar acções a partir do nada”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang.

O jornal norte-americano The New York Times (NYT) avançou que Pyongyang forneceu a Damasco materiais habitualmente utilizados no fabrico de armas químicas, citando um relatório de especialistas das Nações Unidas, que não foi ainda divulgado. Segundo o jornal, o documento detalha que o regime de Kim Jong-un forneceu válvulas, lajes e termómetros resistentes a ácidos, habitualmente usados na produção de armamento químico.

A fonte citada pelo NYT ressalva, no entanto, que não há provas concludentes de que os materiais tiveram aquele uso.

O mesmo documento revela que uma empresa de navios chinesa participou no transporte dos materiais.

“Se há pessoas ou empresas chinesas que violaram as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, a China tomará medidas de acordo com as suas leis e as resoluções pertinentes” das Nações Unidas, afirmou Lu.

1 Mar 2018

Xi Jinping | Exército apoia fim da limitação de mandatos para Presidente

O exército chinês expressou o seu apoio à exclusão na Constituição do país do limite de dois mandatos para o cargo de Presidente, que permitirá ao actual chefe de Estado, Xi Jinping, perpetuar-se no poder

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] reforma constitucional, proposta no Domingo pelo Comité Central do Partido Comunista Chinês, é “muito necessária” e chega “no momento certo”, afirma o jornal oficial do Exército de Libertação Popular.

Em editorial, o PLA Daily escreve que a reforma “está em linha com as principais políticas e opiniões do Partido Comunista, adoptadas durante o XIX Congresso” e “reflecte os novos feitos, experiências e necessidades de desenvolvimento das forças armadas e do país”.

Realizado em Novembro passado, o XIX Congresso do PCC consagrou Xi Jinping como o mais forte líder chinês das últimas décadas, ao incluir o nome e teoria deste na Constituição do partido.

O exército chinês, um dos principais núcleos de poder na China, apoia assim uma proposta que despertou preocupação entre os intelectuais chineses e observadores internacionais, que consideram tratar-se de uma regressão na política chinesa, rumo a um sistema mais autoritário e uma ditadura pessoal.

A limitação de mandatos vigora na política chinesa desde os anos 1980, visando prevenir os desastres causados pelo totalitarismo de Mao Zedong (governou entre 1949 e 1976).

A purga

Xi, que já acumulou mais poder do que os seus dois antecessores, Jiang Zemin e Hu Jintao, promoveu nos últimos anos uma campanha anticorrupção a mais ampla campanha anticorrupção de que há memória na China, e que atingiu também alta patentes do exército, até há pouco tempo considerado intocável.

Nos últimos anos, dois ex-vice-presidentes da Comissão Militar Central – braço político do exército -, os generais Guo Boxiong e Xu Caihou, foram acusados de corrupção.

O primeiro foi condenado a prisão perpétua, em 2016, e o segundo morreu no ano anterior, antes de ser julgado.

1 Mar 2018

China | Actividade industrial cai para ritmo mais lento dos últimos 19 meses

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] actividade da indústria manufatureira da China abrandou em Fevereiro para o ritmo mais lento dos últimos 19 meses, devido ao impacto sazonal do Ano Novo Lunar, cujas festividades duram uma semana, segundo dados divulgados ontem.

Depois de em Janeiro se ter fixado nos 51,3 pontos, o índice que mede a actividade nas fábricas, oficinas e minas da segunda maior economia mundial recuou este mês para 50,3 pontos.

No entanto, a actividade manufatureira da China continua a expandir-se, visto que quando se encontra acima dos 50 pontos, aquele índice sugere uma expansão do sector, enquanto abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade.

O índice é tido como um importante indicador mensal da economia chinesa, o principal motor da recuperação global após a crise financeira internacional de 2008.

Economistas alertam, no entanto, para o impacto sazonal do Ano Novo Lunar, que este ano se celebrou entre os dias 15 e 21 de Fevereiro.

Durante a principal festa das famílias chinesas, que todos os anos calha em dias diferentes dos meses de Janeiro ou Fevereiro, centenas de milhões de trabalhadores chineses gozam uma semana de férias, levando as fábricas a suspender ou reduzir a produção naquele período.

“O período das festividades é tradicionalmente uma época fraca para os negócios. As empresas por norma interrompem o seu trabalho ou reduzem a produção e a actividade do mercado abranda”, explicou o analista Zhao Qinghe, do Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês, que publicou os dados online.

Os números revelam ainda um abrandamento no sector dos serviços, cujo ritmo caiu para 54.4 pontos, em Fevereiro, depois de se ter fixado nos 55.3 pontos, no mês anterior.

1 Mar 2018

China | Armazenamento dos dados da Apple gera preocupação sobre privacidade

O serviço de armazenamento da Apple, o “iCloud”, na China, passa a partir de hoje a ser operado por uma empresa chinesa, possibilitando às autoridades do país ter acesso ao conteúdo dos utilizadores, advertem organizações internacionais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] “iCloud” na China é agora operado por um parceiro local, o Guizhou-Cloud Big Data Industry (GCBD). Esta mudança implica que todos os dados que sejam armazenados naquele serviço na China – incluindo fotos, vídeos, documentos e cópias de segurança – estarão sujeitos a novos termos e condições.

“Quando as autoridades solicitarem informação ao GCBD sobre um utilizador do ‘iCloud’, para efeito de investigação criminal, a empresa terá a obrigação legal de partilhar o conteúdo”, alerta a Amnistia Internacional (AI), em comunicado.

Apesar de a Apple gozar de boa reputação na defensa da privacidade e segurança, sobretudo depois de em 2016 ter apelado a uma ordem judicial de um tribunal norte-americano, que permitia ao FBI evadir a segurança dos telemóveis, na China a situação é diferente.

O gigante tecnológico norte-americano foi criticado por bloquear o acesso dos utilizadores chineses a aplicações de mensagens instantâneas, como o Whatsapp, ou de eliminar da Apple Store as VPN, um mecanismo que permite aceder à internet através de um servidor localizado fora da China, contornando assim a censura do regime.

Estas mudanças “são o sinal mais recente de que o aparelho repressivo legal da China está a tornar difícil à Apple manter os seus compromissos com a segurança e privacidade dos utilizadores”, escreve a AI.

À chinesa

A organização afirma que o Governo chinês tem agora acesso praticamente ilimitado aos dados dos usuários armazenados dentro do país, que “carece de uma protecção adequada aos direitos à privacidade, liberdade de expressão e outros direitos humanos fundamentais”.

“A polícia chinesa disfruta de amplos poderes discricionários, e aplica leis e regulamentos amplos e ambiguamente articulados para silenciar a dissidência, restringir ou censurar informação e perseguir e processar os defensores dos direitos humanos, e outros, em nome da segurança nacional’ e outros supostos crimes”, escreve.

Isto leva a que internautas chineses “possam ser detidos e presos simplesmente por difundir, comunicar ou aceder a informação e ideias que as autoridades não aprovam”, acrescenta a AI.

Aprovadas em 2017, as novas regulações do país exigem que as empresas armazenem todos os dados de utilizadores chineses dentro da China.

A Apple informou os seus clientes sobre a alteração que ontem entra em vigor, justificando com a necessidade de “cumprir com as normativas chinesas”.

A China é o terceiro maior mercado da Apple, a seguir aos Estados Unidos e Europa.

1 Mar 2018

Investigação à guerra contra droga nas Filipinas só se excluir relatora da ONU

As Filipinas só aceitarão uma investigação da ONU à “guerra contra as drogas”, liderada pelo Presidente Rodrigo Duterte, se a actual relatora das Nações Unidas sobre execuções extrajudiciais, Agnès Callamard, for excluída

 

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]egundo o porta-voz presidencial, Harry Roque, as Filipinas não se opõem à investigação à campanha antidroga, a que se atribuem mais de 7.000 mortos em ano e meio. Mas, para tal, Manila exige que a ONU envie um novo relator “fiável, objectivo e imparcial” e que seja “uma autoridade neste domínio”.

“Não. Definitivamente, não Agnès Callamard”, frisou o porta-voz de Duterte, referindo-se à relatora a quem o presidente filipino ameaçou “esbofetear” no ano passado.

Durante o trabalho desenvolvido, a relatora da ONU sobre execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias nas Filipinas tem denunciado “inúmeras violações” desde o início do mandato de Duterte, em Junho de 2016.

A “ofensiva” contra a droga foi uma das promessas de Duterte durante a campanha eleitoral, que culminou com a sua eleição como Presidente, garantindo que iria “limpar o país de narcotraficantes e de toxicodependentes”.

Em Dezembro de 2017, o Governo filipino considerou que as acusações apresentadas pela investigadora francesa são “arbitrárias” e exigiu “desculpas públicas”.

“É por sua culpa [de Callamard] que o Estado (objecto da investigação) não a quer”, sublinhou hoje o porta-voz presidencial filipino.

 

Só a convite

O primeiro “choque frontal” da relatora da ONU com o Governo filipino ocorreu em Maio de 2017 quando, a convite de um grupo independente de advogados progressistas das Filipinas, Callamard efetuou uma visita extraoficial ao país e acabou por denunciar a existência de execuções extrajudiciais. Na sequência dessas declarações, Duterte ameaçou “esbofetear” Callamard se a relatora da ONU investigasse os seus métodos para erradicar a droga e o crime. O Governo filipino pediu, então, que Callamard não regressasse ao país sem ser convidada.

Dados oficiais indicam que mais de 3900 suspeitos foram mortos em rusgas da polícia na “guerra contra as drogas”, embora se estime que o número de seja superior a 7000.

Além da ONU e da União Europeia (UE), vários países e organizações, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, têm denunciado alegadas violações aos direitos humanos e irregularidades na acção de Duterte.

28 Fev 2018

Activista e advogado chinês morre em circunstâncias misteriosas

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m importante advogado e activista chinês para os direitos humanos, Li Baiguang, morreu no Domingo num hospital militar na China na sequência de condições “misteriosas”, disse o presidente de uma associação que pediu a responsabilização do regime.

Li Baiguang, que representou agricultores e pastores cristãos, morreu poucas horas depois de dar entrada num hospital militar na província oriental de Jiangsu.

Através de um comunicado, Bob Fu, um activista religioso e presidente da associação não-governamental China Aid, apontou que “o regime chinês deve ser responsabilizado” pela súbita e “misteriosa” morte de Li.

“O hospital alegou que ele tinha um problema no fígado e que sangrou até à morte, mas Li estava saudável”, disse Fu, que acusou a China de ter “um histórico de negligenciar cuidados médicos a activistas dos direitos humanos até à sua morte ou de declarar pessoas anteriormente saudáveis como mortas.

Segundo a agência noticiosa AP, um funcionário do departamento de comunicação do hospital disse não ter ouvido do caso de Li Baiguang. “Não sei de quem se trata”, disse o funcionário, de apelido Yang, que acrescentou que a morte e as causas de morte são “assuntos privados”.

 

Teoria da incerteza

Devido ao seu trabalho e à defesa de pastores cristãos, Li recebeu várias lesões após ter sido, alegadamente, atacado por agentes de segurança à paisana em Outubro de 2017.

“Não sabemos exatamente se estas lesões contribuíram para o declínio da sua saúde, mas enquanto membro da convenção das Nações Unidas contra a tortura, o Governo chinês deve conduzir uma investigação imediata e imparcial para determinar se estes ferimentos determinaram a morte” de Li, disse William Nee, um investigador da Amnistia Internacional.

“O Governo tem a obrigação de assegurar que os advogados conseguem realizar os seus deveres profissionais sem medo de intimidação ou de interferência, e sem serem identificados com os seus clientes ou causas”, acrescentou Nee.

Em 2008, como resultado do trabalho na luta para a liberdade religiosa, Li Baiguang foi distinguido pela Fundação Nacional para a Democracia dos Estados Unidos.

28 Fev 2018

Intelectuais pedem voto contra fim da limitação de mandatos

Um grupo de intelectuais chineses, encabeçado pelo colunista Li Datong, pediu a vários legisladores chineses que impeçam a emenda constitucional que prevê remover o limite de dois mandatos no exercício de cargo de Presidente

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] emenda, cuja proposta foi tornada pública no Domingo pelo Comité Central do Partido Comunista Chinês, permitirá ao atual Presidente chinês, Xi Jinping, ficar no cargo depois de 2023, quando termina o seu segundo mandato.

Será votada em Março, na sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo da China, que é composto sobretudo por membros do PCC, pelo que é certa a sua aprovação.

Numa carta difundida através da rede social Twitter, que está bloqueada na China, Li Datong, o antigo editor da “Bingdian”, revista próxima à Juventude Comunista da China, e outros intelectuais, advertem que a emenda “causará o ridículo entre todos os países civilizados do mundo” e “será um passo atrás na História que poderá semear o caos”.

A carta encabeçada por Li, um colaborador habitual da publicação britânica openDemocracy, defende que a limitação de dois mandatos (cinco anos cada um) foi introduzida em 1982 na Constituição para “evitar a ditadura pessoal e que um indivíduo possa sobrepor-se ao partido”.

 

Posição tomada

A alteração desse princípio pode “causar danos intermináveis”, pelo que Li pede aos legisladores de Pequim (uma pequena parte dos cerca de 3.000 que participarão na sessão anual da ANP), que votem contra.

A limitação de mandatos vigora na política chinesa desde os anos 1980, visando prevenir os desastres causados pelo totalitarismo de Mao Zedong (governou entre 1949 e 1976).

Xi Jinping, o mais forte líder chinês das últimas décadas, afastou já os principais rivais políticos, enquanto legitimou a sua liderança aos olhos da população, através da mais ampla e persistente campanha anticorrupção de que há memória na China, que puniu já mais de 1,5 milhões de membros do PCC, incluindo 400 altos quadros do regime.

28 Fev 2018

ONG | Repressão do Governo chinês não conseguiu silenciar activistas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] campanha repressiva lançada pelo Governo chinês contra activistas dos Direitos Humanos no país não conseguiu abalar a sua resistência, afirmou em comunicado a organização Defensores Chineses dos Direitos Humanos (CHRD).

No seu relatório anual, intitulado “Repressão e Resistência”, a CHRD considera que os activistas chineses “demonstraram uma notável capacidade de resistência na promoção e protecção dos direitos humanos, face à repressão governamental”.

Em 2017, o regime comunista chinês cometeu “graves” violações dos direitos humanos, segundo a organização, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, “consolidou o seu poder e promoveu a sua visão totalitária”.

No entanto, os activistas do país conseguiram mobilizar-se, divulgando informação ‘online’ e manifestando-se em prol dos direitos humanos, aponta a CHRD.

A organização lembra que, apesar das restrições ao direito ao protesto pacífico, que incluiu penas de prisão, ocorreram no ano passado importantes protestos espontâneos contra a poluição, despejos forçados ou salários injustos.

A resposta das autoridades face à resistência dos activistas consistiu na perseguição penal, desaparecimentos forçados, tortura ou privação de tratamento médico adequado, destacou a organização.

“Os abusos relacionados com os direitos económicos, sociais e culturais, assim como com os direitos políticos e civis, continuam a ser generalizados na China”, recordou a CHRD, que considera que as organizações de defesa dos direitos humanos no país “lutam pela sua sobrevivência”.

27 Fev 2018

Coreia | Filha de Trump deixa a Coreia do Sul sem se reunir com Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]vanka Trump, filha e assessora do Presidente norte-americano, terminou a sua viagem à Coreia do Sul sem se reunir com a delegação norte-coreana que se deslocou ao encerramento dos Jogos Olímpicos de PyeongChang.

Ivanka disse que se tratou de uma “primeira visita fantástica” à Coreia do Sul e agradeceu o “simpático acolhimento” do país asiático, numas breves declarações à imprensa antes de regressar a Washington, no aeroporto internacional de Incheon, na capital, Seul.

A filha mais velha e assessora do Presidente dos EUA, Donald Trump, não respondeu, quando questionada sobre a aparente vontade de diálogo expressa pela delegação norte-coreana este fim-de-semana.

A viagem de Ivanka Trump à Coreia do Sul tinha gerado expectativas de um possível encontro com a representação norte-coreana que também se deslocou a este país para o encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno, liderada pelo general Kim Yong-chol.

Este Domingo, o general norte-coreano disse ao Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que Pyongyang tem “vontade de dialogar com os Estados Unidos”, indicou, em comunicado, a casa presidencial de Seul.

Durante o encontro, Moon insistiu na necessidade de diálogo entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que servirá também para melhorar as relações entre Pyongyang e Seul.

No entanto, Washington confirmou ao final da noite de Domingo que Ivanka não manteve “qualquer interação com a delegação norte-coreana”.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, assegurou também num comunicado que a administração norte-americana espera que a oferta de diálogo que a Coreia do Norte mostrou signifique “os primeiros passos na direção da desnuclearização” da península da Coreia.

Diplomacia desportiva

Seul acredita que o “descongelamento olímpico” entre as duas Coreias, que tecnicamente continuam em guerra, pode servir para que a Coreia do Norte e os Estados Unidos da América retomem o diálogo, após um 2017 marcado por repetidos testes de armamento norte-coreano e ameaças de ambas as partes.

Também este Domingo, a Coreia do Norte classificou as mais recentes sanções unilaterais dos Estados Unidos como um “acto de guerra”.

Na passada Sexta-feira, Trump anunciou novas medidas para isolar a Coreia do Norte, definindo-as como “as mais pesadas sanções já impostas contra um país”. Em causa estão limites a 27 empresas marítimas registadas ou sediadas em países que mantêm relações com a Coreia do Norte.

“Consideramos qualquer tipo de restrição contra nós como um acto de guerra”, disse o ministro das Relações Externas da Coreia do Norte, Ri Yong Ho.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros prometeu ainda “subjugar” os Estados Unidos, caso sejam alvo de “provocações”.

27 Fev 2018

Energia | Superestrada solar com carga automática de carros até 2022

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China terá, até 2022, sua primeira super-estrada solar, que permitirá carregar de forma automática os veículos eléctricos que circulem pelos 161 quilómetros que irão unir as cidades de Hangzhou e Ningbo, no leste so país.

A estrada, com seis faixas de rodagem, estará equipada com painéis solares ao longo de todo o percurso que carregarão automaticamente os veículos eléctricos e permitirá a condução autónoma. A construção da inovadora via visa acrescentar uma alternativa rodoviária e descongestionar o tráfego de outra estrada paralela, segundo informação do jornal oficial “Global Times”. Outra novidade é que os automóveis não terão que parar para pagar as portagens, já que o valor será descontado de forma automática através de um chip, à semelhança da Via Verde.

Com este projecto, as autoridades querem potencializar o desenvolvimento dos veículos eléctricos no país, o maior mercado mundial automóvel, que planeia proibir num futuro não determinado a produção e venda de veículos impulsionados por combustíveis fósseis.

De facto, algumas das principais estradas, inclusive a que une Pequim e Xangai, já contam com milhares de pontos de recarga para veículos eléctricos.

A primeira tentativa de construção deste tipo de estrada na China aconteceu em Dezembro do ano passado na cidade de Jinan, no leste, embora só tivesse um quilómetro de extensão e tenha sofrido actos de vandalismo poucos dias depois da sua inauguração, quando foram roubadas peças das placas solares.

27 Fev 2018

Reacção | Pequim censura críticas a proposta para remover limite de mandatos

A censura chinesa está a eliminar comentários sobre a proposta do Partido Comunista de remover da Constituição o limite de mandatos para o cargo de Presidente, enquanto analistas prevêem que o país regresse ao absolutismo

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dia depois da proposta do Partido Comunista Chinês (PCC), uma busca nas redes sociais chinesas pelas palavras “Xi Jinping servir outro mandato” não dava nenhum resultado. No entanto, utilizadores do Weibo partilharam imagens do desenho animado do Ursinho Pooh a abraçar um jarro com mel, com a legenda “Agarra-te àquilo que amas”. A imagem não é inocente, uma vez que o cartoon tem, nos últimos anos, comparado o Presidente chinês ao urso da Disney.

Outros internautas escreveram “Atenção, o veículo está a fazer marcha atrás”, – um aviso automático usado pelos veículos de entregas na China -, numa alusão ao regresso do país a um sistema absolutista semelhante ao do ‘reinado’ de Mao. Outro comentário aludia à pressão familiar em torno do casamento. “A minha mãe disse-me que eu tinha de casar enquanto o Grande Tio Xi fosse Presidente”, lê-se num outro comentário, entretanto eliminado. “Agora, posso finalmente respirar de alívio”, acrescenta.

As propostas à alteração da Constituição serão votadas na Assembleia Nacional Popular (ANP) e cuja sessão anual decorre no próximo mês.

Segundo a emenda constitucional de 1982, o exercício do cargo de Presidente está limitado a dois mandatos.

“É muito provável que se torne num posto vitalício”, afirma Zhang Ming, um antigo professor de ciência política na Universidade Renmin, em Pequim, citado pela Associated Press.

Cadeira do poder

A nível interno, Xi afastou já os principais rivais políticos, enquanto legitimou a sua liderança aos olhos da população, através da mais ampla e persistente campanha anticorrupção de que há memória na China, que puniu já mais de 1,5 milhões de membros do PCC, incluindo 400 altos quadros do regime.

Em termos de política externa, Xi adoptou uma postura mais assertiva no Mar do Sul da China, reclamando a totalidade do território, apesar dos protestos dos países vizinhos.

O professor e comentador chinês Hu Xingdou diz duvidar que Xi queira ser Presidente vitalício, mas que há preocupações de que a China “possa deslizar para um tipo de fascismo ou ditadura pessoal com graves consequências”.

Além de secretário-geral do PCC e Presidente da China, Xi é também presidente da Comissão Militar Central, Comandante-Chefe do exército chinês e chefia a Comissão Central de Segurança Nacional e o “grupo dirigente” encarregue de supervisionar o programa de “aprofundamento geral das reformas”. Um outro organismo novo, responsável pela “segurança do ciberespaço”, é também dirigido por Xi.

Xi terá já dado sinais de querer prolongar a sua estadia no poder quando durante o congresso do PCC, no ano passado, quebrou com o protocolo de elevar um possível sucessor ao comité permanente do Politburo, a cúpula do poder na China.

No mesmo congresso, o mais importante evento da agenda política chinesa, o nome e teoria de Xi foram incluídos na constituição do partido, elevando-o ao estatuto de Deng Xiaoping, o arquiteto-chefe das reformas económicas que transformaram a China, e do fundador da República Popular, Mao Zedong.

27 Fev 2018