Xi Jinping encontra-se com primeiro-ministro da Hungria

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se na segunda-feira em Xangai com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que veio participar na primeira Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, em inglês).

A China e a Hungria devem aprofundar mutuamente o apoio político e a confiança, continuar com o entendimento mútuo e apoiarem-se nos assuntos relacionados com seus respectivos interesses essenciais e principais preocupações, além de aumentar a coordenação e a cooperação nos assuntos internacionais, disse o Presidente chinês, segundo o Diário do Povo.

Xi pediu que os dois países promovam o alinhamento político da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” com a política húngara de Abertura ao Oriente, realizem um planeamento saudável de alto nível para a cooperação em diversas áreas e impulsionem a construção de uma nova linha ferroviária entre a Hungria e a Sérvia, um importante projecto de cooperação.

Os dois países devem também intensificar a cooperação em negócios, investimento, finanças, agricultura, turismo e inovação, entre outros, acrescentou Xi.

Ao mencionar que o ano 2019 se comemorará o 70º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países, o primeiro-ministro húngaro disse que esta será uma oportunidade importante para promover o desenvolvimento das relações Hungria-China sob as novas circunstâncias.

A parte húngara está disposta a trabalhar com a China para aumentar os intercâmbios de alto nível, participar activamente do desenvolvimento da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e expandir a cooperação nas diversas áreas, indicou Orban.

7 Nov 2018

Investimento | Xi Jinping enaltece papel comercial de Xangai

Empresas estrangeiras, sediadas na capital financeira chinesa, saúdam a intenção do Presidente chinês de expandir a outras regiões do país as práticas bem sucedidas em Xangai de liberalização de investimento e comércio

 

[dropcap]A[/dropcap] China irá capitalizar o papel de Xangai e das regiões circundantes para a abertura do país, segundo afirmou o Presidente Xi Jinping durante a cerimónia de abertura da Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, na sigla inglesa), na capital económica chinesa, na passada segunda-feira.

A Zona Piloto de Livre Comércio da China (Xangai) será expandida, disse Xi, acrescentando que o país irá encorajar e apoiar “passos sólidos e criativos” por parte do município para avançar com a liberalização do investimento e comércio, de modo a que mais das suas práticas bem-sucedidas possam ser replicadas noutras partes da China, informa o Diário do Povo.

A zona de livre comércio é a primeira do género no país, abrangendo uma área de 120km2.
Xangai irá também receber apoio para cimentar sua posição como um centro financeiro internacional e polo de inovação científica. O governo deverá auxiliar as instituições fundamentais e o seu mercado de capital, de acordo com Xi.

Uma nova plataforma de comércio para empresas de inovação científica e tecnológica será lançada em Xangai, bem como um sistema experimental de registo para concursos públicos, afirmou.

“Iremos apoiar o desenvolvimento integrado da foz do rio Yangtzé”, prosseguiu o Presidente. “Faremos dele uma estratégia nacional e implementaremos a nossa nova filosofia de desenvolvimento na sua plenitude”.
O Presidente afirmou que o aprofundamento da integração é parte do plano nacional de melhorar a reforma e abertura do país, juntamente com a iniciativa “Uma Faixa, uma Rota”, o desenvolvimento coordenado da região Beijing-Tianjin-Hebei e o desenvolvimento da faixa económica do rio Yangtzé e da baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Benefícios múltiplos

Denis Depoux, CEO da filial chinesa da consultora global Roland Berger, afirma que a integração da foz do rio Yangtzé enquanto estratégia nacional será determinante para Xangai. “Terá um efeito positivo na economia da cidade”, vincou.

“Isto, combinado com o aprofundamento da expansão da zona de livre comércio e com o apoio a um mercado de acções com base na inovação, irá criar novas oportunidades no sector de infraestruturas, bem como estabelecer Xangai como um centro tecnológico”, disse.

Pan Jianjun, porta-voz do grupo Bright Food, disse que a empresa se sente encorajada pela decisão do governo de estabelecer novas áreas na Zona de Livre Comércio de Xangai.
“Este passo irá ajudar a Bright Food a chegar ao vasto mercado além-fronteiras e facilitar o financiamento e investimento externos, deste modo respondendo à procura de produtos estrangeiros dos consumidores chineses”, disse Pan.

Algumas empresas estrangeiras, incluindo a Volvo, disseram que tomaram a decisão correcta ao estabelecer a sua sede para a Ásia-Pacífico em Xangai.

“Esta iniciativa proposta pelo Presidente Xi irá facilitar o desenvolvimento da Volvo na China e na região da Ásia-Pacifico e o desenvolvimento global da marca”, afirmou Michel Zhao, vice-presidente do departamento de comunicação da Volvo Car Asia Pacific.

7 Nov 2018

China | Bill Gates posa ao lado de excrementos humanos para promover saneamento

[dropcap]O[/dropcap] multibilionário e filantropo norte-americano Bill Gates posou ontem ao lado de um frasco cheio de excrementos humanos, em Pequim, para alertar para a falta de infraestrutura sanitária nos países em desenvolvimento.

A cor e a forma do conteúdo do frasco não deixaram dúvidas à plateia que assistia à intervenção do fundador da Microsoft na abertura de uma exposição dedicada a novas soluções sanitárias.

“Em lugares onde não existe saneamento, vê-se muito mais do que isto”, afirmou, apontando para o frasco.

“Quando as crianças brincam na rua, estão expostas a isto”, explicou. “Não se trata apenas de qualidade de vida, é uma questão de saúde, mortes e má nutrição”, disse.

Bill Gates afirmou que as tecnologias expostas no evento, que decorre esta semana em Pequim, representam os mais significativos avanços, dos últimos 200 anos, no sistema sanitário.

Mais de vinte empresas e instituições académicas estão a exibir novas tecnologias sanitárias, desde sanitas autónomas a instalações de tratamento de resíduos de pequena escala e com sistema de autocarregamento.

A fundação de Bill Gates e da sua mulher, Melinda Gates, gastou 200 milhões de dólares desde 2011 para promover a investigação e o desenvolvimento de tecnologia sanitária segura.

Segundo a Unicef, quase 900 milhões de pessoas não têm escolha senão fazer as suas necessidades ao ar livre. Só na Índia, estima-se que sejam 150 milhões.

A mesma fonte estima que 480.000 de crianças com idade inferior a cinco anos morrem todos anos de diarreia, muitas vezes por beberem água ou comerem comida contaminada pelos esgotos.

Bill Gates enalteceu os esforços feitos pela China para melhorar a higiene dos seus sistemas sanitários.

O presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma “revolução das casas de banho” no país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes.

Mais de 50 mil casas de banho públicas foram instaladas ou renovadas na China no quadro dessa “revolução”, destinada a remover equipamento sujo e inadequado.

“A China tem a oportunidade de lançar um novo tipo de soluções inovadoras de saneamento que não serão conectadas ao sistema de esgotos”, disse Bill Gates.

Numa conferência nos Estados Unidos, em 2009, Bill Gates lançou um exército de mosquitos sobre o público, visando alertar para os perigos da malária, mas logo a seguir explicou que os insetos não eram portadores da doença.

7 Nov 2018

Fundo Petrolífero timorense com saldo de 17,16 mil milhões de dólares no final de setembro

[dropcap]O[/dropcap] Fundo Petrolífero de Timor-Leste registava no final de setembro um saldo de 17,16 mil milhões de dólares, mais 228,83 milhões que no final de Junho, segundo o relatório trimestral divulgado hoje pelo Banco Central timorense.

“O lucro no período foi de 228,83 milhões, representando um retorno de 1,73%”, em linha com o ‘benchmark’, explicou Venâncio Alves Maria, vice-governador do Banco Central de Timor-Leste (BCTL), num encontro com os jornalistas para divulgação do relatório.

O relatório confirma que no trimestre entre 1 de Julho e 30 de Setembro, o fundo registou receitas brutas de 79,42 milhões de dólares, correspondentes a contribuições, ‘royalties’ e impostos.

As saídas de liquidez ascenderam a 144,15 milhões de dólares, no mesmo período, sendo que 140 milhões desse valor foram para o Orçamento Geral do Estado e o resto representou gastos de gestão.

O rendimento dos investimentos foi de 293,72 milhões de dólares, dos quais 89,86 milhões correspondentes a dividendos e juros e 226,35 milhões de “alterações do valor de mercado dos instrumentos detidos”, tendo o movimento cambial representado perdas de 22,5 milhões.

Em termos homólogos, face ao final de setembro de 2017, o fundo cresceu cerca de 470 milhões de dólares, tendo aumentado 360 milhões de dólares.

O relatório abrange o último trimestre de 2018 em que o Estado viveu com duodécimos, o que implicou que, ao longo do ano, os levantamentos do fundo tenham sido muito menores do que o normal.

Nos primeiros nove meses do ano, e ainda no regime duodecimal, apenas foram feitos levantamentos para o Orçamento Geral do Estado de 210 milhões de dólares – 70 milhões pelo VII Governo e 140 milhões pelo VIII Governo.

Em Outubro, já com o Orçamento Geral do Estado de 2018 – aprovado no final de setembro – em vigor, foram transferidas para as contas públicas 220 milhões de dólares, confirmou Venâncio Maria.

Questionado sobre a estratégia de investimento, o vice-governador disse que continua a tendência de queda de receitas provenientes da produção dos campos petrolíferos no Mar de Timor.

Sobre se é necessária ou não uma política mais agressiva de investimento do fundo, o responsável do BCTL disse que essa questão é analisada regularmente pelo Ministério das Finanças, pelo Investment Advisory Board e atualizada “oportunamente”.

6 Nov 2018

Portugal e China criam laboratório para o espaço e os oceanos

[dropcap]P[/dropcap]ortugal e China vão criar em 2019 um laboratório tecnológico direccionado para a construção de micro-satélites e observação dos oceanos, um investimento público-privado de 50 milhões de euros a cinco anos, foi hoje divulgado.

O ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, disse à agência Lusa que o “STARlab”, que estará a funcionar em pleno em Março, terá dois pólos, um em Matosinhos e outro em Peniche.

Trata-se de um investimento global de 50 milhões de euros a cinco anos, repartido em partes iguais entre Portugal e a China, sendo que o financiamento português, de 25 milhões de euros, será público e privado.

O ministro adiantou que o investimento será canalizado sobretudo para o emprego qualificado, designadamente de engenheiros, e para a produção de micro-satélites, setor no qual a China, assinalou, tem crescido.

Manuel Heitor exemplificou que o laboratório irá “desenvolver micro-satélites em interligação com sensores em terra e no mar” que possam medir “as condições atmosféricas e a humidade do solo”, essenciais para a agricultura, e fazer observações oceânicas.

A criação do “STARLab” será formalizada com assinatura de um protocolo entre os dois países durante a visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal, prevista para dezembro.

O laboratório resulta de uma colaboração entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a empresa aeroespacial Tekever e o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, que tem projetos na área da vigilância marítima e exploração do mar profundo, e a Academia de Ciências Chinesa, através dos institutos de microssatélites e de oceanografia.

De acordo com um comunicado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o “STARlab” deverá incentivar a abertura de centros científicos e tecnológicos em Portugal e na China, neste caso em Xangai.

6 Nov 2018

Arábia Saudita promete à ONU uma investigação “imparcial” no caso Khashoggi

[dropcap]A[/dropcap] Arábia Saudita assegurou hoje à ONU que a investigação ao assassínio de Jamal Khashoggi será “imparcial”, após uma nova série de críticas internacionais mais de um mês depois do desaparecimento do jornalista crítico de Riade.

A promessa foi feita durante a análise por parte dos membros da ONU, em Genebra, do respeito dos direitos humanos pela Arábia Saudita.

Este exame habitual do Conselho de Direitos Humanos da ONU, ao qual se submetem regularmente todos os membros das Nações Unidas, ganhou outra dimensão com o caso Jamal Khashoggi, cujo corpo ainda não foi encontrado.

A procuradoria de Istambul afirmou a semana passada que Khashoggi foi assassinado logo que entrou no consulado saudita em Istambul a 2 de outubro e que o seu corpo foi depois desmembrado.

O caso provocou indignação em todo o mundo e manchou a imagem da Arábia Saudita, nomeadamente a do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Hoje em Genebra, vários países, na maioria ocidentais, denunciaram o “assassínio premeditado” e pediram a Riade para realizar um inquérito “transparente”.

A Islândia e a Costa Rica pediram o envio de especialistas internacionais, como tinha sugerido a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

O embaixador britânico, Julian Braithwaite, indicou que o seu país estava “gravemente preocupado com a deterioração da situação dos direitos humanos na Arábia Saudita”, criticando “restrições severas do espaço político, detenções em massa de defensores dos direitos humanos, um maior recurso aos tribunais para casos de terroristas para os dissidentes políticos e um aumento da aplicação da pena de morte”.

“Mas o mais preocupante é o assassínio de Jamal Khashoggi”, disse, enquanto o embaixador alemão Michael Freiherr von Ungern-Sternberg pediu uma “resposta completa” às questões levantadas pela comunidade internacional sobre o caso.

“Condenamos este assassínio premeditado”, assinalou o encarregado de negócios norte-americano, Mark Cassayre, pedindo um inquérito “aprofundado e transparente”.

O chefe da delegação saudita, Bandar Al Aiban, presidente da Comissão dos Direitos Humanos, apenas dedicou alguns minutos à “morte do cidadão Khashoggi”, assegurando que o seu país “comprometeu-se a realizar um inquérito imparcial” e que “todas as pessoas envolvidas no crime serão julgadas”.

“O inquérito continua conforme às nossas leis”, disse ainda.

Durante a reunião, vários países, como o Brasil e o Japão, pediram a Riade para garantir a liberdade de opinião e a segurança dos jornalistas e da sociedade civil. Um grande número de países recomendou igualmente às autoridades sauditas que estabeleçam uma moratória em relação à pena capital.

A Arábia Saudita é um dos países onde ocorrem mais execuções. Assassínio, violação, assalto à mão armada, apostasia e tráfico de droga são crimes passíveis de pena de morte no país regido por uma versão altamente conservadora da lei islâmica (‘sharia’).

Muitos países elogiaram a permissão dada às mulheres de conduzirem, pedindo ao mesmo tempo a Riade para acabar globalmente com as discriminações em relação às mulheres e para abolir o sistema de tutela masculina que vigora no reino.

6 Nov 2018

Brasil tenta aumentar exportações em feira de Xangai

[dropcap]O[/dropcap] Brasil é um dos 12 países em destaque na primeira Feira de Importações de Xangai, na China, que decorre até 12 de novembro, e durante a qual pretende ampliar as exportações, anunciou o Governo brasileiro.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, chefiará a delegação do Brasil na primeira edição da Feira de Importações de Xangai (CIIE). A delegação integrará também o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, e o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima, além de mais de 150 empresas brasileiras.

Com a intenção de ampliar o mercado para os produtos brasileiros na China, o Brasil estará presente no evento com cerca de 90 empresas do setor de alimentos e agrícola, equipamentos médicos e de saúde, comércio de serviços e de bens de consumo.

A expectativa dos organizadores é de que a feira receba até 300 mil visitantes e 150 mil compradores chineses e estrangeiros.

No total, mais de 3.000 expositores de mais de 130 países apresentarão os seus produtos.

Além de conferir acesso privilegiado ao mercado chinês, a CIIE será uma oportunidade para a captação de investimentos e a participação em cadeias globais de valor, de acordo com um comunicado do Governo brasileiro.

Na passada quarta-feira, a China lançou um alerta à economia brasileira e ao Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, de que se o país seguisse a linha de Trump e rompesse acordos com Pequim, quem sofreria seria a economia brasileira.

Foi através da publicação de um editorial no principal jornal estatal chinês, o China Daily, numa versão em inglês, que a China se pronunciou acerca da eleição de Jair Bolsoanro, a quem chamou de “Trump Tropical”, deixando evidente a reação que o político já criou em Pequim.

De acordo com o editorial, as exportações brasileiras “não ajudaram apenas a alimentar o rápido crescimento da China, mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil”.

Bolsonaro, ao longo de toda a sua campanha presidencial, criticou a China. Em fevereiro, o político da extrema-direita visitou ainda a região de Taiwan, o que não agradou a Pequim.

O editorial do jornal chinês deixou ainda uma chamada de atenção para a importância da China na economia brasileira: “Ainda assim, esperamos que quando ele assumir a liderança da oitava maior economia do mundo, Bolsonaro olhe de forma racional e objetiva para o estado das relações Brasil-China (…) a China é o seu maior mercado exportador e a primeira fonte comercial”, escreveu o jornal.

“Mais importante: as duas economias são complementares e dificilmente competidores”, pode ler-se.

6 Nov 2018

Poluição em Nova Deli aumenta e supera os níveis considerados tóxicos pela OMS

[dropcap]O[/dropcap]s níveis de poluição em Nova Deli, a capital mais poluída do mundo, subiu para a categoria de “emergência”, com registos muito superiores aos que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera “tóxicos”.

De acordo com o departamento central de controlo da poluição (CPCB, em inglês) da Índia, a capital do país acordou hoje com uma espessa nuvem de poluição, com níveis de partículas PM10 próximo dos 700 pontos em algumas áreas cidade.

As PM10 são um tipo de partículas inaláveis, de diâmetro inferior a 10 micrómetros (µm), e constituem um elemento de poluição atmosférica. Estas partículas no corpo humano podem causar várias doenças, nomeadamente respiratórias.

Às 14:00 (hora local, 08:30 em Lisboa), na área de Hapur, no oeste da cidade, a concentração de partículas era tão elevada que o CPCB qualificou a situação de “severa/emergência”.

Os níveis de PM10 multiplicaram-se mais de três vezes nas últimas 24 horas, chegando aos 680 partículas por metro cúbico neste mesmo setor, onde no domingo chegou aos 162 pontos.

Segundo a OMS, as concentrações com mais de 100 partículas de PM10 por metro cúbico afetam os grupos de risco, a partir de 150 podem afetar a população em geral, mais de 200 é muito prejudicial e a partir de 300 é considerado tóxico.

“Isso é absolutamente terrível e assustador! Uma pessoa respira uma média de 23.000 vezes por dia. É isso que estamos a respirar?”, questionou na rede social Twitter a organização ambiental Greenpeace, detalhando que em áreas da capital indiana, como Anand Vihar, registou-se nesta manhã níveis de PM10 de 885.

Todos os anos, nesta época, a queima dos restolhos (restos de colheita) no norte da Índia e a chegada do frio desencadeiam os níveis de concentração de partículas nocivas no ar.

Em outubro, as autoridades indianas proibiram o uso de geradores até março do próximo ano e pediram um aumento nas tarifas de estacionamento e um reforço dos transportes públicos como medidas para lidar com o aumento previsível da poluição nestas datas.

A capital indiana já previa que esta semana começaria um dos períodos de maior poluição, desencadeada pelo uso de fogos de artifício durante o festival hindu de Diwali.

Com cerca de 17 milhões de habitantes, Nova Deli é uma das cidades mais povoadas do mundo e a capital mais poluída do planeta. A Índia concentra 14 das vinte cidades mais poluídas do mundo, segundo a OMS.

6 Nov 2018

Secretário de Estado norte-americano recebe dirigente norte-coreano na quinta-feira

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai reunir-se na quinta-feira em Nova Iorque com um alto dirigente norte-coreano, Kim Yong-chol, anunciou hoje o Departamento de Estado.

Pompeo e Kim vão discutir os avanços alcançados na sequência da cimeira de Singapura, que juntou os líderes dos dois países, Donald Trump e Kim Jong-un, indicou uma porta-voz do Departamento de Estado.

A desnuclearização da Coreia do Norte é um dos assuntos em destaque.

No dia seguinte, Mike Pompeo e o secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, vão receber em Washington destacados responsáveis chineses, indicou o Departamento de Estado em comunicado.

Os homólogos chineses dos dois responsáveis norte-americanos, Yang Jiechi (Negócios Estrangeiros) e Wei Fenghe (Defesa), vão estar presentes, segundo o comunicado.

A reunião. que ocorre após um período de tensão militar e comercial entre Estados Unidos e China, segue-se a um primeiro encontro que teve lugar em Junho de 2017.

6 Nov 2018

ONU | Comunidade internacional preocupada com Xinjiang e Tibete

[dropcap]A[/dropcap]s histórias dos campos de reeducação política de Xinjiang destinados a muçulmanos que não seguem a ideologia comunista têm sido denunciadas recentemente, mas as respostas das autoridades chinesas continuam a ser vagas. O terceiro relatório de avaliação periódica do Conselho dos Direitos do Homem contém várias perguntas sobre as medidas da China sobre esta matéria.

“Como e qual o calendário para o Governo da República Popular da China (RPC) implementar as recomendações feitas pelo Comité para a Eliminação da Discriminação Racional da ONU, incluindo as questões relacionadas com o Tibete e Xinjiang?”, questiona a Suécia.

Além disso, o país pergunta “que passos vão ser adoptados pelo Governo da RPC para corrigir as políticas desproporcionais em Xinjiang e para garantir a liberdade de religião e crença, e o movimento de pessoas de todos os grupos étnicos”.

Os Estados Unidos exigem dados mais concretos sobre as detenções levadas a cabo nos últimos anos na região autónoma. “Pode a China providenciar o número de pessoas que, de forma involuntária, foram mantidas em campos de detenção em Xinjiang nos últimos cinco anos, juntamente com a duração e localização das suas detenções?” Além disso, os norte-americanos pretendem saber “as condições humanitárias desses centros e o conteúdo das actividades e currículos políticos e de formação”. “Pode a China clarificar a base de uma aparente criminalização de práticas religiosas pacíficas como uma justificação para deter pessoas nestes campos de ‘reeducação’ política em Xinjiang, bem como quais são os governantes que são responsáveis por esta política”, acrescentam ainda os Estados Unidos.

A Áustria também colocou perguntas sobre as minorias étnicas chinesas, com referência à situação do Tibete. “Os relatórios dos órgãos da ONU têm registado preocupações sobre a discriminação das minorias étnicas, incluindo na Região Autónoma do Tibete, de Xinjiang e da Mongólia Interior. A detenção massiva de uigures é particularmente alarmante e temos vindo a tomar nota das explicações dadas pelas autoridades. Que garantias estão disponíveis para estas pessoas, sobretudo no que diz respeito ao acesso a medicação e a possibilidade de serem julgados por juízes independentes na legalidade das suas detenções?”, refere.

E o sistema de crédito social?

A permanência da pena de morte na constituição chinesa também levantou questões à Bélgica, que exige acesso a dados oficiais. “Quantos indivíduos foram sentenciados à morte ou executados desde a última avaliação, em 2013? Quantos tinham ou tiveram filhos? Quantas crianças foram afectadas por esta questão? Vai a RPC publicar as estatísticas nacionais sobre as detenções e execuções em regime de pena de morte, tendo em conta o género, a localização, etnia e outras características relevantes?”.

A Suíça levantou ainda questões sobre o sistema de crédito social que a China pretende implementar nos próximos anos. “Com todo o respeito pelo chamado ‘sistema de crédito social’, quais são as garantias legais e judiciais para a protecção dos direitos dos cidadãos em termos de liberdade de expressão e de privacidade? Será que os cidadãos terão acesso aos dados recolhidos e eventualmente ser sujeitos a medidas punitivas em resultado das suas baixas pontuações?”.

HRW exige mais pressão sobre Pequim

A Human Rights Watch (HRW) emitiu ontem um comunicado onde defende que a ONU e respectivos Estados-membros “deveriam pressionar a China sobre as detenções em massa em Xinjiang e outras violações sérias de direitos no Conselho dos Direitos do Homem da ONU”. Hoje realiza-se a reunião do referido órgão, em Genebra, onde a delegação chinesa terá de responder a várias questões na área dos direitos humanos.

Na visão da HRW, “os países deveriam exigir à China o encerramento dos centros de ‘educação política’ em toda a região de Xinjiang, onde as autoridades detêm de forma arbitrária cerca de um milhão de muçulmanos turcos porque Pequim vê a sua identidade distinta como uma evidente deslealdade política”, aponta um comunicado. Além disso, “os países deveriam apoiar o acesso do Alto Comissário da ONU para os Direito Humanos a Xinjiang, para uma missão independente e de verificação de factos na região”.

6 Nov 2018

ONU | China questionada sobre caso dos livreiros e autonomia de Hong Kong

A liberdade de imprensa, o caso do desaparecimento dos livreiros e a autonomia de Hong Kong são algumas das questões colocadas à China no âmbito do Exame Periódico Universal do Conselho dos Direitos do Homem das Nações Unidas

 

[dropcap]G[/dropcap]enebra acolhe hoje a reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem como objectivo proceder à avaliação intercalar em matéria de direitos humanos dos países que fazem parte do Conselho dos Direitos do Homem.

A delegação da China, da qual a RAEM faz parte, vai ter de responder a várias questões submetidas por países ocidentais nos últimos meses. Apesar da diversidade de temas, grande parte dizem respeito ao panorama dos direitos civis e políticos em Hong Kong. É de salientar que o Reino Unido, país colonizador da região vizinha até 1997, não fez qualquer pergunta à China sobre Hong Kong, e que nenhum país colocou uma pergunta específica sobre Macau, nem mesmo Portugal.

Uma das questões que despertou interesse das nações que fazem parte do Conselho dos Direitos do Homem foi a aplicação da Lei Básica e a garantia da autonomia do território.
“Que passos Hong Kong pretende tomar para responder a preocupações internacionais sobre a liberdade de imprensa no território e para garantir um ambiente seguro e permissivo para jornalistas, para que estes possam trabalhar de forma independente e sem interferências indevidas?” A questão foi colocada pelos representantes da Holanda, numa pergunta directamente dirigida ao Governo de Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong.

Também a Alemanha perguntou: “Como as interpretações das leis de Hong Kong por parte da Comissão Permanente da Assembleia Popular Nacional garantem a liberdade de imprensa e de opinião e a consistência com a Lei Básica e as leis e direitos de Hong Kong?”

As preocupações internacionais com uma possível perda de liberdade de imprensa na região vizinha não são de agora e intensificaram-se com a recente saída do território do jornalista Victor Mallet. O correspondente do jornal Financial Times viu a sua renovação de visto ser recusada depois do Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong ter organizado uma palestra com Andy Chan, fundador do Partido Nacional de Hong Kong, assumidamente pró-independência do território.

O caso, ocorrido em Outubro, levou o Reino Unido a questionar as razões por detrás desse carimbo de saída. “Pedimos ao Governo de Hong Kong que dê uma explicação urgente. O alto grau de autonomia e liberdade de imprensa de Hong Kong está no centro do seu estilo de vida e deve ser plenamente respeitado”, apontou em comunicado oficial o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Também os Estados Unidos decidiram questionar Pequim sobre este assunto. “Qual é a resposta da China às crescentes preocupações internacionais sobre a continuação da garantia da autonomia de Hong Kong, o rapto de indivíduos de Hong Kong e as crescentes restrições de liberdades de expressão, associação, e participação política em Hong Kong?”

Livreiros ainda mexem

Apesar de ter ocorrido em 2016, o caso dos livreiros de Hong Kong que desapareceram durante meses, na China, ainda levanta dúvidas a alguns países, como aos Estados Unidos.

“O que é que a China tem feito para acabar com as práticas ilegais de tortura, detenções secretas e detenções sem mandato de indivíduos que respondem em processos crime, onde se inclui Wang Quanzhang, que foi mantido incomunicável durante três anos sem um julgamento à porta aberta, e o cidadão sueco Gui Minhai, que foi libertado em 2017 e novamente detido em Janeiro de 2018?”.

Também a Suíça interrogou Pequim sobre esta matéria. “O antigo alto comissário expressou preocupações sobre o desaparecimento dos livreiros de Hong Kong, incluindo o cidadão sueco Gui Minhai. Qual é o seu estatuto actual e será que vai haver uma investigação pública e independente das circunstâncias do desaparecimento destes livreiros?”, questionou o país membro do Conselho dos Direito do Homem da ONU.

O Reino Unido não faz qualquer referência aos livreiros desaparecidos, mas questiona os processos de dissidentes chineses, como é o caso do advogado da área dos direitos humanos Wang Quanzhang.
“Quais os passos que o Governo está a tomar para garantir que advogados, activistas, jornalistas e defensores dos direitos humanos, incluindo Wang Quanzhang, Yu Wensheng, Jiang Tianyong, Li Yuhan, Gao Zhisheng, Tashi Wangchuk, Ilham Tohti, Wu Gan e Huang Qi estão protegidos do assédio, maus tratos e discriminação, e os que estão detidos por meramente exercerem os seus direitos constitucionais poderem ser libertados sem atrasos?”, apontaram os responsáveis.

Wang Quanzhang foi detido em 2015 e, de acordo com notícias datadas de Maio, a sua mulher está impedida de sair do bairro onde vive, naquele que é considerado mais um caso de intimidação sobre quem entra em conflito com o Partido Comunista Chinês. Xu Yan escreveu na rede social Twitter que quando sai de casa é perseguida pela polícia e chega mesmo a ser impedida de apanhar um táxi.

6 Nov 2018

Caixas negras do avião da Lion Air indicam a mesma falha em voos anteriores

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades indonésias anunciaram hoje que as caixas negras do avião que se despenhou no Mar de Java na semana passada mostram falhas no indicador de velocidade nos últimos quatro voos realizados pelo mesmo aparelho.

O chefe do Comité Nacional de Segurança dos Transportes da Indonésia, Soerjanto Tjahjono, disse em conferência de imprensa, em Jacarta, que a situação é comum aos quatro últimos voos do avião que se despenhou no Mar de Java na passada segunda-feira com 189 pessoas a bordo.

Tjahjono afirmou que os dados recolhidos através da consulta das caixas negras “são consistentes” e dizem respeito aos valores “erráticos” dos indicadores de velocidade e de altitude que se registaram nas últimas quatro viagens que o aparelho efetuou.

Trata-se da primeira informação obtida através da consulta das caixas negras e que foi divulgada logo após uma reunião particularmente emotiva entre os familiares das vítimas e um dos fundadores da companhia de baixo custo indonésia Lion Air e que foi organizada pelas autoridades de Jacarta.

Os familiares queixam-se da falta de informações sobre as causas do acidente e pedem o apuramento de responsabilidades.

Soerjanto Tjahjono afirmou também que o estado em que se encontram os restos do avião demonstra “grande velocidade” no momento em que o Boeing se despenhou.

“A velocidade com que se despenhou foi suficientemente elevada para libertar uma grande energia. Por isso a fuselagem ficou fragmentada em pequenos elementos”, disse.

Dezenas de elementos das equipas de resgate continuam as buscas no local do acidente na tentativa de encontrarem o aparelho que grava os diálogos do cockpit do avião e que podem ajudar a esclarecer com precisão as causas que levaram o Boeing 737 Max 8 a despenhar-se poucos minutos após a descolagem.

5 Nov 2018

Dois académicos de um ‘think tank’ liberal proibidos de sair da China

[dropcap]U[/dropcap]m pesquisador numa conhecida unidade de investigação com sede em Pequim revelou hoje que ele e o director da organização foram proibidos de sair do país, quando planeavam participar num simpósio na universidade norte-americana de Harvard.

Citado pela agência The Associated Press, Jiang Hao revelou que ele e o director Sheng Hong foram parados no aeroporto, na quinta-feira, quando se preparavam para partir para os Estados Unidos, visando participar no simpósio dedicado ao 40.º aniversário desde que a China adoptou as políticas de Reforma e Abertura, abrindo o país à iniciativa privada.

Jiang diz que as autoridades não explicaram porque motivo foi proibido de embarcar, enquanto Sheng revela que lhe foi dito tratar-se de uma questão de segurança nacional. Os dois trabalham para a unidade de investigação Unirule Institute of Economics, que defende o mercado livre e reformas democráticas, e tem sido alvo de assédio pelo regime.

Nos últimos meses foram despejados das suas instalações, a licença cancelada e o portal electrónico e contas nas redes sociais bloqueadas. O portal do simpósio, que decorre hoje no Fairbank Center for Chinese Studies, de Harvard, anuncia a participação de quatro académicos chineses.

O cartaz é composto por uma fotografia de Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que converteram a China na segunda maior economia mundial, mas cujo legado tem sido minimizado, à medida que o actual Presidente, Xi Jinping, se impõe como o líder mais forte desde Mao Zedong, o fundador da República Popular.

Jiang afirmou que quase 20 académicos chineses foram convidados para participar no evento, alguns dos quais já chegaram aos EUA.

“Mas alguns mudaram de ideias e escolheram não ir, por razões que são óbvias”, afirmou Jiang, apontando a desaprovação das autoridades de Pequim. A Unirule foi fundada em 1993, e tem publicado análises críticas do Governo, apontando inclusive que as empresas estatais chinesas não são rentáveis e gozam de grandes subsídios públicos.

Desde a ascensão ao poder de Xi Jinping, em 2013, o Partido Comunista da China (PCC) reforçou o seu controlo sobre a sociedade civil, ensino ou religião, silenciando muito do discurso independente que ganhou espaço durante os mandatos dos seus antecessores.

5 Nov 2018

Cimeira entre Vladimir Putin e Kim Jong-un quase certa este mês

[dropcap]O[/dropcap] embaixador sul-coreano em Moscovo afirmou que muito seguramente os líderes da Coreia do Norte e da Rússia devem realizar uma cimeira este mês, antes da histórica visita de Kim Jong-un a Seul.

“A Rússia já expressou a sua esperança de que a visita de Kim ocorra antes do final do ano (…) mas a Coreia do Norte parece ainda estar a estudar o local e a data”, disse o embaixador da Coreia do Sul na Rússia, Woo Yoon-keun, citado hoje por vários órgãos de comunicação social da Coreia do Sul.

“Dado que a visita de Kim à Coreia do Sul também está prevista para antes do final do ano, a Coreia do Norte parece estar a estudar com muito cuidado a data da visita à Rússia”, acrescentou, assegurando que a cimeira deverá acontecer ainda este mês.

O Presidente russo tem expressado a vontade da Rússia em participar em possíveis projetos de desenvolvimento e de infraestruturas na Coreia do Norte, no âmbito da cooperação acordada entre Seul e Pyongyang, por ocasião do processo de pacificação na península coreana.

“Foram prometidas à Coreia do Norte garantias de segurança como troca pela desnuclearização”, disse Vladimir Putin em setembro, no fórum económico que se realizou em Vladivostoque, Rússia.

Pequim e Moscovo são os principais aliados diplomáticos de Pyongyang e, apesar de terem alinhado nas sanções impostas pela ONU contra o país, têm evitado medidas extremas suscetíveis de causar o colapso do regime.

O líder norte-coreano e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, assinaram em meados de setembro uma declaração conjunta, que poderá ser importante para o futuro diálogo sobre a desnuclearização da península, entre Pyongyang e Washington.

Na declaração conjunta, Kim jong-un prometeu visitar Seul “num futuro próximo” e espera-se que aconteça ainda este ano, o que a verificar-se tornará Kim no primeiro líder norte-coreano a visitar a capital da Coreia do Sul desde que a península foi dividida em Norte e Sul no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

O falecido pai de Kim, Kim Jong-il, prometeu fazê-lo quando líderes sul-coreanos o visitaram em Pyongyang, em 2000 e 2007, mas a viagem a Seul nunca aconteceu.

A Guerra da Coreia (1950-53) terminou com a assinatura de um armistício, mas nunca foi assinado um tratado de paz, por isso os dois países continuam tecnicamente em guerra.

5 Nov 2018

Ministro da Agricultura tenta concluir processo para venda de carne de suíno na China

[dropcap]O[/dropcap] ministro da Agricultura está em Xangai, na China, para promover bens agrícolas portugueses e concluir o processo de entrada da carne de suíno no mercado chinês, onde já são vendidos vinho, azeite ou produtos lácteos.

“A China é um mercado gigantesco, com uma grande diversidade de produtos, entre os quais se situam os produtos agrícolas portugueses. Temos vindo a negociar com as autoridades chinesas – é sempre um processo de paciência – em alguns casos, há alguns anos, para a abertura do mercado a alguns produtos, como a carne de porco, os produtos lácteos, os bovinos, as frutas, como peras, maçãs ou uvas de mesa”, disse hoje à agência Lusa Luís Capoulas Santos.

Alguns destes processos já estão concluídos e os operadores portugueses já estão a entrar no mercado chinês como é o caso do vinho, dos azeites e dos produtos lácteos, explicou o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, em declarações a partir de Shangai.

“Estamos mesmo à beira de resolver o último problema relativamente à carne de suíno português e amanhã mesmo [na segunda-feira] terei contacto com dois ministros, da Agricultura e das Alfândegas” da China, avançou o governante.

“Estive com produtores portugueses e os seus parceiros chineses e [neste caso] todo o processo já está pronto a entrar em funcionamento mal seja dado o último passo burocrático”, acrescentou.

Capoulas Santos participa na grande feira das importações da China que se inicia na segunda-feira, em Xangai, cidade com cerca de 20 milhões de habitantes. O início oficial da feira foi hoje marcado com um jantar oferecido pelo Presidente chinês às delegações de dezenas de países, algumas lideradas por chefes de Estado e de governo.

Para o ministro português, que está acompanhado pelo secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, a iniciativa “é um sinal que a China dá de abertura dos seus mercados”.

Outros processos estão em curso para a entrada no mercado chinês, apontou, “uns mais adiantados, outros mais atrasados, referentes a outros produtos designadamente frutícolas”.

Para Capoulas Santos, esta “é uma grande oportunidade” porque os produtores portugueses têm na Europa “uma concorrência muito forte”. Por isso, “tudo o que constitua a abertura de mercados é uma oportunidade mais para os nossos operadores e para a afirmação dos produtos portugueses”, salientou.

O responsável pela Agricultura relatou ter visitado uma grande superfície comercial onde o dia era dedicado a Portugal, com apresentação de uma vasta gama de produtos portugueses para lojas orientadas para a classe média chinesa.

“Estamos a procurar que os produtos portugueses sejam cada vez mais referenciados como de gama alta, produtos de qualidade destinados a determinado segmento de consumidores com poder de compra médio e elevado já que Portugal não produz em grandes quantidades”, explicou.

Capoulas Santos recordou que a meta do Governo é, no horizonte de uma legislatura, equilibrar a balança comercial em valor, ou seja, aumentar as exportações em montante para que compensem as importações. No setor agro-alimentar, “temos ainda uma balança desequilibrada, ainda que no caso da China, a balança agro-alimentar seja bastante positiva para Portugal”, referiu.

O setor dos vinhos é o exemplo apontado pelo governante do reconhecimento da qualidade do produto português, que é exportado para cerca de 150 países e ganha prémios em todo o mundo, quando há 30 anos atrás era considerado de baixa qualidade e era exportado a granel.

“Foi um esforço muito grande” realizado no sector do vinho que “queremos agora alargar a outros produtos e o passo seguinte, e está a ser conseguido, é com o azeite”, resumiu.

A comitiva do ministro da Agricultura integra uma delegação da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal que está a participar na Feira Internacional de Importação da China, uma iniciativa que conta com o apoio da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO).

5 Nov 2018

Parlamento timorense aprova voto de pesar por queda de avião na Indonésia

[dropcap]O[/dropcap] Parlamento Nacional (PN) de Timor-Leste aprovou hoje um voto de pesar e solidariedade para com a Indonésia na sequência da queda na semana passada de um avião da Lion Air, com 189 pessoas a bordo, no mar de Java.

“Neste momento de dor e consternação, o PN expressa pesar e sentidas condolências às famílias enlutadas e solidariedade com as autoridades da Indonésia”, refere-se no voto de pesar aprovado hoje por unanimidade.

Na quinta-feira, as autoridades indonésias encontraram a caixa negra do Boeing 737 MAX 8 que caiu no Mar de Java apenas 13 minutos depois da descolagem de Jacarta, na Indonésia, matando todas as 189 pessoas que estavam a bordo.

O chefe do Comité Nacional de Segurança nos Transportes indonésio, Soerjanto Tjahjono, afirmou na quarta-feira que um relatório preliminar da investigação do acidente deve ser divulgado dentro de um mês e o documento final entre quatro a seis meses.

No mesmo dia, o Governo indonésio pediu o afastamento de funções do diretor técnico da Lion Air e de vários funcionários da companhia aérea de baixo custo.

O avião estava ao serviço da companhia aérea indonésia há poucos meses e tinha registado um problema técnico no voo anterior que, segundo o diretor da empresa, tinha sido resolvido.

O aparelho, que fazia a ligação entre Jacarta e Samatra, despenhou-se no mar de Java minutos depois de ter levantado voo, tendo emitido uma autorização para regressar ao aeroporto da capital da Indonésia.

Ainda não se conhecem os motivos do acidente.

5 Nov 2018

Presidente chinês promete abrir mercado mas não refere políticas industriais

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês prometeu hoje abrir a China aos produtos estrangeiros, no arranque de uma feira que promove o país como importador, mas não respondeu às queixas sobre transferência forçada de tecnologia e obstáculos ao investimento externo.

“É o nosso sincero compromisso abrir o mercado chinês”, afirmou Xi Jinping no discurso de abertura da Feira Internacional de Importações da China, perante uma audiência composta por vários chefes de Estado e de Governo, incluindo o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev. Xi prometeu “abraçar o mundo”.

O evento, que decorre em Xangai, faz parte dos esforços do país em promover a sua abertura ao comércio internacional, numa altura em que as potências ocidentais acusam as políticas industriais de Pequim de violar os seus compromissos de abertura do mercado.

Washington e Bruxelas condenam a transferência forçada de tecnologia por empresas estrangeiras, em troca de acesso ao mercado, a atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.

Grupos empresariais queixam-se de que Pequim está a ampliar as suas importações, visando atender à procura dos consumidores e fabricantes domésticos, mas que bloqueia o acesso a vários setores.

Na semana passada, os embaixadores da França e Alemanha em Pequim emitiram um comunicado conjunto a apelar a mudanças, incluindo o fim de regulamentos que forçam as empresas estrangeiras a fazer ‘joint-ventures’ com firmas estatais locais.

A China pratica um capitalismo de Estado, em que os setores importantes da economia são dominados por grupos estatais, enquanto as firmas chinesas compraram, nos últimos anos, empresas e ativos estratégicos em todo o mundo.

Um plano de modernização designado “Made in China 2025” visa transformar as firmas estatais do país em líderes globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Cerca de 3.600 empresas oriundas de 152 países, incluindo de Portugal, de todos os sectores, desde tâmaras egípcias a maquinaria, participam no evento de cinco dias em Xangai. O certame faz também parte de um esforço para desenvolver uma rede comercial centrada na China e aumentar a influência do país num sistema global dominado pelas potências ocidentais.

Xi não referiu as disputas comerciais com os Estados Unidos, em torno das ambições chinesas para o setor tecnológico, mas numa indireta ao líder norte-americano, Donald Trump, afirmou que “o sistema de comércio multilateral deve ser defendido”.

A China reduziu taxas alfandegárias e anunciou outras medidas este ano, visando impulsionar as importações, que aumentaram 15,8%, em 2017, para 1,8 biliões de dólares. Contudo, não endereçou as queixas de Washington, que levaram Trump a impor taxas alfandegárias de até 25% sobre cerca de metade das importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre vários bens norte-americanos.

5 Nov 2018

Ásia-Pacífico | ONU lamenta poucos avanços na luta contra a subnutrição

[dropcap]A[/dropcap]s Nações Unidas lamentaram ontem os poucos avanços na luta contra a subnutrição na região da Ásia-Pacífico, devido à pobreza, desigualdade e alterações climáticas, especialmente na infância.
“A região da Ásia-Pacífico alberga mais da metade das pessoas subnutridas do mundo”, disse a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), numa declaração conjunta com outras agências da ONU.

A FAO lamentou o “progresso lento” contra a desnutrição e a obesidade, apesar de décadas de crescimento económico na região, e exortou os países a aumentarem os esforços para acabarem com todas as formas de desnutrição até 2030, um objectivo alinhado com os compromissos da ONU.

Em 2017, o número de pessoas subnutridas na Ásia-Pacífico totalizou 486,1 milhões (11,4% da população total), em comparação com 486,5 milhões (11,5% do total) no ano anterior, apontou a FAO.
A desnutrição afectou 11,6% da população da região em 2015, 13,8% em 2010 e 17,7% em 2005.

Especialistas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), do Programa Alimentar Mundial e da Organização Mundial de Saúde das Nações Unidas também colaboraram no relatório.
“A desnutrição cobre um espectro muito amplo e afecta pessoas de todas as idades – variando desde a desnutrição severa ao sobrepeso e à obesidade”, disseram as agências no comunicado conjunto, que alertou para estes perigos especialmente em crianças.

Triste real

Um total de 79 milhões de crianças, ou uma em cada quatro com menos de cinco anos, sofre de problemas de desenvolvimento e 12 milhões sofrem de desnutrição severa que coloca as suas vidas na Ásia-Pacífico em risco.

“A triste realidade é que um número inaceitável de crianças na região continua a enfrentar os múltiplos problemas da desnutrição, apesar de décadas de crescimento económico. Isto pressupõe uma perda humana colossal, dada a associação entre desnutrição e um pobre desenvolvimento cognitivo”, sublinham os autores.

O aumento dos desastres naturais devido às mudanças climáticas, bem como o acesso limitado a alimentos saudáveis, água potável e instalações sanitárias, contribuem para a desnutrição entre adultos e crianças.

O relatório também observa que cerca de 14,5 milhões de crianças com menos de cinco anos têm excesso de peso devido ao aumento do consumo de alimentos baratos e insalubres devido ao seu alto teor de sal, açúcar e gordura e baixo teor de nutrientes.

Embora o excesso de peso tenha aumentado em toda a região desde 2000, os dados variam, desde a redução de 16% no leste da Ásia e um aumento de 128% no sudeste da Ásia.

5 Nov 2018

República Dominicana abre embaixada em Pequim

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da República Dominicana, Danilo Medina, inaugurou sábado a embaixada do país em Pequim, na sequência do estabelecimento das relações diplomáticas com a China, no passado dia 1 de Maio.

A cerimónia contou com a presença dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, Miguel Vargas e Wang Yi. Na primeira visita oficial de um Presidente dominicano ao gigante asiático, na sexta-feira, Medina reuniu-se com o homólogo chinês, Xi Jinping, e juntos assinaram vários acordos de cooperação bilateral, no âmbito do comércio, educação e finanças.

“A história e os factos vão provar que a decisão de estabelecer relações diplomáticas entre a China e a República Dominicana é absolutamente correcta”, afirmou o Presidente chinês, citado pela agência estatal Xinhua.No passado dia1de Maio, a República Dominicana decidiu reformular a sua política externa, ao quebrar os laços históricos com Taiwan e estabelecer relações com a China.

5 Nov 2018

Paquistão | Pequim dispõe-se a ajudar o país a superar crise fiscal

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês afirmou sábado estar disposto a oferecer assistência ao Paquistão para ajudar o país a superar a actual crise fiscal, mas sublinhou que as condições ainda estão a ser discutidas. O anúncio do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Kong Xuanyou, surgiu depois de uma reunião, em Pequim, entre o primeiro-ministro chinês Li Keqiang e o recém-eleito primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan.

O responsável chinês escusou-se, no entanto, a avançar o montante específico da ajuda que a China está disposta a oferecer. A emergente crise fiscal no Paquistão tem levantado dúvidas sobre a capacidade do país devolver os empréstimos concedidos por Pequim no âmbito da iniciativa chinesa “Uma Faixa, uma Rota”.
A China prometeu mais de 60 mil milhões de dólares ao Paquistão, através de empréstimos e investimentos, para estradas, portos e parques industriais.

Anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa “Faixa económica da rota da seda e a Rota da seda marítima do século XXI”, mais conhecida como “Uma Faixa, Uma Rota”, está avaliada em 900 mil milhões de dólares e visa reactivar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

5 Nov 2018

Xi Jinping promete medidas para apoiar sector privado

Após um encontro com administradores das maiores empresas privadas do país, o Presidente chinês deixou uma mensagem de apoio ao sector que se tornou “numa força indispensável” no desenvolvimento económico do país

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu medidas para apoiar o desenvolvimento do sector privado no país, incluindo a redução da carga fiscal ou a facilitação no acesso ao crédito, informou sexta-feira a imprensa estatal.

Xi teve na quinta-feira um raro encontro com representantes das maiores empresas privadas chinesas, incluindo os gigantes da Internet Baidu e Tencent. Na reunião estiveram ainda presentes os vice-primeiros ministros chineses Han Zheng e Liu He.

“Estou hoje aqui para vos dar confiança”, assegurou o líder chinês. “Nos últimos quarenta anos, o sector privado converteu-se numa força indispensável do desenvolvimento da China”, disse.
Citado pela imprensa estatal, Xi Jinping prometeu reduzir a carga fiscal e dar isenções às empresas novas e pequenas, facilitar o financiamento, eliminar restrições no acesso ao mercado, promover a relação entre o Governo e as empresas e proteger a segurança e propriedade dos empreendedores.

Apesar de as empresas privadas chinesas partilharem do mesmo estatuto legal das firmas estatais, na prática, as segundas têm mais apoio dos bancos, dominados pelo Estado, e gozam de tratamento preferencial por parte das autoridades.

As palavras de Xi surgem numa altura de abrandamento da economia chinesa e de renovadas tensões com os Estados Unidos, em torno de disputas comerciais. Também a Europa se queixa frequentemente dos obstáculos no acesso ao mercado chinês, e de tratamento desigual, face às firmas estatais.

Outro ritmo

Xi apelou ainda a maior confiança na economia chinesa, assegurando que conta com grande capacidade de recuperação e potencial. No terceiro trimestre do ano, o crescimento da economia chinesa abrandou para 6,5%, em termos homólogos, o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2009, segundo dados publicados na semana passada.

O investimento em activos fixos, motor fundamental do crescimento, abrandou para 5,4%, nos primeiros nove meses do ano, face ao mesmo período do ano passado.
O sector privado contribui hoje para mais de metade da receita tributária do país, 60% do Produto Interno Bruto ou 80% dos postos de trabalho nas cidades, segundo dados oficiais.

5 Nov 2018

Capitalismo de Estado alimenta discórdia com Ocidente e ameaça economia, dizem analistas 

Economistas alertam para os efeitos nocivos que o retrocesso na política de abertura e reforma lançada em 1978 poderão ter no desenvolvimento do país

 

[dropcap]A[/dropcap]nalistas alertam para os crescentes riscos políticos e económicos na China, à medida que o Partido Comunista reforça o domínio sobre a segunda maior economia mundial, quarenta anos após ter aberto o país ao investimento privado.

O modelo de capitalismo de Estado vigente na China, em que os sectores chave da economia são dominados pelas firmas estatais, alimenta riscos de um conflito com o Ocidente, alertaram esta semana dois conhecidos economistas chineses.

“O modelo chinês é para o Ocidente uma anomalia alarmante, e leva à discórdia com a China”, afirma Zhang Weiying, professor da Universidade de Pequim, num discurso publicado no portal oficial da instituição, e entretanto apagado. “Aos olhos do Ocidente, o modelo chinês é incompatível com o comércio justo e a paz mundial, e não deve avançar triunfante”, observa.

Pequim interdita o acesso de empresas estrangeiras a vários sectores, enquanto as firmas chinesas compraram, nos últimos anos, empresas e activos estratégicos em todo o mundo. Sheng Hong, director executivo da unidade de investigação Unirule Institute of Economics, com sede em Pequim, adverte as autoridades chinesas que, ao recuarem na política de Reforma e Abertura, lançada em 1978, e que abriu o país ao comércio e mercado livres, aumentam o potencial de conflito com o Ocidente.

“A reforma e abertura da China é a garantia de cooperação estratégica entre a China e os Estados Unidos”, afirma Sheng, num artigo difundido pelo jornal Financial Times, atribuindo à abertura da economia chinesa “a convergência de valores com o Ocidente”.

Grande plano

No entanto, desde a ascensão ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, o Partido Comunista da China (PCC) reforçou o seu controlo sobre a sociedade civil, ensino ou economia. Um plano de modernização designado “Made in China 2025” visa transformar as estatais do país em líderes globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Dinny McMahon, autor do livro “China Great Wall of Debt” (“A Grande Muralha de Dívida da China”), alerta para os perigos económicos do modelo chinês, face à obsessão de Pequim em assegurar altas taxas de crescimento económico, consideradas essenciais para assegurar a estabilidade social, uma preocupação constante do PCC.

“Desde a crise financeira global [em 2008], o crescimento da economia chinesa tem assentado no investimento alimentado por dívida”, explica McMahon, que foi também correspondente em Pequim do Wall Street Journal, entre 2009 e 2015, estimando que o país criou, nos últimos dez anos, “63% do novo dinheiro a nível global”.

No espaço de uma década, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

No entanto, segundo a agência suíça Bank for International Settlements (BIS), durante o mesmo período, a dívida chinesa quase duplicou, para 257% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Penso que no núcleo desta questão reside a necessidade política de garantir um determinado ritmo de crescimento”, afirma Dinny McMahon.

O problema é exacerbado pelas autoridades locais e empresas estatais, cuja promoção dos quadros depende sobretudo do ritmo de crescimento do PIB das respectivas províncias ou cidades. “Visto que um presidente da câmara tem um mandato de cinco anos, mas por norma fica apenas três ou quatro, a forma mais fácil de estimular o crescimento económico é contrair dívida para construir”, afirma McMahon.

Um dos efeitos mais visíveis do desperdício gerado por este ciclo são as dezenas de cidades “fantasma” erguidas por todo o país: condomínios, torres de escritórios, centros administrativos, edifícios governamentais, teatros ou complexos desportivos totalmente abandonados. “Enquanto mais dívida contraí, mais constrói, e maior crescimento alcança”, descreve. “Mas quando chega a altura de pagar as dívidas contraídas, o responsável já foi promovido”, explica.

5 Nov 2018

Demógrafo chinês prevê que número de nascimentos no país continue a cair

[dropcap]O[/dropcap] número de nascimentos registados na China vai continuar a cair em 2018, o terceiro ano desde que Pequim aboliu a política de filho único, avisou um demógrafo chinês citado pela imprensa estatal.

Zhai Zhenwu, presidente da organização de estudos demográficos da Associação para a População da China, afirmou que “sem qualquer dúvida, o número de bebés nascidos vai continuar a cair este ano, e nos seguintes”. Segundo dados oficiais, o número total de nascimentos no país fixou-se em 17,23 milhões, em 2017, menos 630.000 do que no ano anterior.

Zhai explica que a queda se deve sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano. “Mesmo que a taxa de natalidade se mantenha, o número total de bebés nascidos vai continuar a cair”, afirmou o também professor na Universidade Renmin, citado pelo jornal oficial China Daily.

Zhai refere ainda que as mulheres que queriam ter um segundo filho engravidaram logo após a abolição da política “um casal, um filho”, em 2016, pelo que o aumento dos nascimentos nesse ano terminou logo a seguir, levando a uma queda homóloga significativa em 2017.

O especialista reconhece, porém, que a medida teve um efeito positivo: “sem a política do segundo filho, o número de nascimentos registaria uma queda ainda mais drástica”. O professor considera que o Governo chinês deve criar um “ambiente mais propício” para os casais terem um segundo filho, inclusive a abertura de mais jardins de infância.

“No entanto, devemos ter em conta que as diversas medidas adoptadas para fomentar o número de nascimentos não travarão a queda, como já mostraram as experiências em outros países, como o Japão e a Coreia do Sul”, afirmou.

A China, nação mais populosa do mundo com cerca de 1.400 milhões de habitantes, aboliu a 1 de Janeiro de 2016 a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Pelas contas do Governo, sem aquela política, a China teria hoje quase 1.700 milhões.

4 Nov 2018

Chile anuncia adesão à iniciativa chinesa “Uma Faixa, uma Rota”

[dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros chileno anunciou em Pequim que vai formalizar na sexta-feira a adesão à iniciativa chinesa “Uma Faixa, uma Rota”, um programa de investimento multimilionário em projectos de infra-estruturas.

“É uma decisão muito importante, também muito aguardada pela China, que foi adoptada pelo Presidente [Sebastián Pinera]” disse Roberto Ampuero à agência de notícias Efe, à margem da inauguração da semana do Chile que é assinalada no território do gigante asiático.

Para o governante, a iniciativa chinesa é um “elemento novo e adicional” à já “completa” relação bilateral, que abre “perspectivas tremendas” de cooperação, especialmente em matéria de infra-estruturas.

Confrontado com a relutância de alguns países à iniciativa, com medo de se submeterem aos interesses de Pequim, o MNE garantiu que o Chile “analisa previamente e a fundo tudo o que assina” e só o faz “quando está plenamente convencido de que é favorável para os interesses do país”.

“Uma das áreas em que estamos de acordo com a China é na defesa do multilateralismo e os mercados livres, abertos e transparentes”, disse, acrescentando que a iniciativa ‘Uma Faixa, uma Rota’ permite aos dois países trabalhar a um “melhor ritmo e dentro de um quadro conceptual mais amplo”.

O comércio do Chile com a China atinge perto de 30.860 milhões de euros, o que representa entre 26 e 27% do total do comércio exterior do país andino. Só este ano as trocas comerciais entre os dois países cresceram 37%.

Anunciada pelo presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa “Faixa económica da rota da seda e a Rota da seda marítima do século XXI”, mais conhecida como “Uma Faixa, Uma Rota”, está avaliada em 900 mil milhões de dólares e visa reactivar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

4 Nov 2018