Destacada parceria com Portugal no projecto “Uma Faixa, Uma Rota”

O embaixador chinês em Lisboa classifica a participação portuguesa no projecto da Nova Rota da Seda como um “um parceiro endógeno” e salienta as históricas raízes marítimas lusitanas

 

[dropcap]O[/dropcap] embaixador da China em Lisboa, Cai Run, considera Portugal “um parceiro endógeno na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota'”, numa mensagem enviada à Lusa a propósito da visita de Estado que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa efectua à China.

“Portugal constitui um parceiro endógeno na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’. A parte portuguesa participa de forma activa nesta iniciativa, e foi um dos 57 países fundadores do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, e o primeiro país da Europa Ocidental que assinou o Memorando de Entendimento sobre a Cooperação de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ com a China”, salienta Cai Run.

O diplomata destaca que desde ontem e até dia 27 realiza-se em Pequim a 2.ª edição do Fórum Uma Faixa, Uma Rota para a Cooperação Internacional, na qual estarão presentes cerca de 40 chefes de Estado e de Governo e representantes de várias organizações internacionais, além de cerca de cinco mil convidados provenientes de mais de 150 países e 90 organizações internacionais.

“Sendo um convidado relevante, Sua Excelência Senhor Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa participará neste Fórum e efectuará uma Visita de Estado à China”, sublinha Cai Run, que afirma que Portugal, enquanto “nação marítima antiga” foi o “ponto da partida da Europa da antiga Rota da Seda Marítima”.

A China e Portugal têm alcançado “constantes avanços novos na cooperação no âmbito de ‘Uma Faixa, Uma Rota”, declara o embaixador chinês, que recorda os resultados da visita que o Presidente da República Popular da China, Xin Jinping, efectuou a Portugal nos dias 4 e 5 de Dezembro de 2018, a qual classifica como “histórica” e que deu “resultados frutíferos”.

“O Presidente Xi Jinping efectuou uma visita de Estado histórica a Portugal que deu uma série de resultados frutíferos, dentro dos quais foi a assinatura do Memorando de Entendimento sobre a Cooperação no Quadro da Faixa Económica da ‘Rota da Seda’ e da Iniciativa Relativa à ‘Rota da Seda Marítima’ do século XXI”, diz.

“Sendo um ponto importante de ligação entre a Rota da Seda terrestre e a Rota da Seda marítima (…) A parte chinesa atribui grande importância ao papel marcante que Portugal desempenha na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’, e está disposta a trabalhar, em conjunto com a parte portuguesa, para promover a cooperação pragmática bilateral em todas as áreas no quadro de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ para um nível mais alto”, sublinha.

Boas trocas

Cai Run destaca ainda os laços comerciais bilaterais, e afirma que a China é o “maior parceiro comercial” de Portugal na Ásia e que Portugal, por sua vez, constitui o quinto maior destino de investimento da China na Europa.

“Conforme as estimativas iniciais, o investimento da China em Portugal já ultrapassou os 9 mil milhões de euros, que envolve várias áreas como energia, electricidade, finanças, seguros, e saúde, entre outras, obtendo benefícios económicos e sociais notáveis. Ao mesmo tempo, o investimento português na China também está a aumentar de forma estável. Em 2018, o volume comercial bilateral entre os dois países atingiu os 5,24 mil milhões de euros, com um aumento homólogo de 7,27 por cento”, demonstra.

O diplomata chinês recorda ainda que no início deste ano, a carne de porco de Portugal começou a ser exportada para a China, onde é “muito procurada pelos consumidores chineses”.

“As nossas duas partes estão a impulsionar de forma activa mais produtos agrícolas, como uva de mesa de Portugal, a exportar para a China. Hoje em dia, há mais de 30 universidades chinesas que ensinam a língua portuguesa enquanto mais de 20 escolas superiores portuguesas ensinam mandarim”, acrescenta.

A cooperação sino-portuguesa na construção conjunta de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ “já transcendeu o seu âmbito bilateral e alargou-se cada vez mais para uma cooperação trilateral declinada aos outros países de língua portuguesa e da União Europeia”, diz Cai Run, que apresenta este facto como “paradigma positivo para a cooperação trilateral no enquadramento” daquela iniciativa.

Marcelo Rebelo de Sousa partiu ontem para a China, onde efectua uma visita de Estado até 1 de maio, que inclui visitas a Pequim, Xangai e Macau.

26 Abr 2019

Líder da Coreia do Norte já está na Rússia para cimeira com Putin

[dropcap]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jong-un, chegou hoje à cidade russa de Vladivostok, onde foi recebido com honras militares, na véspera da primeira cimeira com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Segundo a agência de notícias Efe, Kim Jong-un chegou à estação de comboios de Vladivostok às 18h00 locais onde foi recebido pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Igor Morgulov, pelo embaixador russo na Coreia do Norte, Alexandr Matségora e pelo governador de Krai de Primorie, Kozhemiako.

Vladimir Putin e Kim Jong-un, reúnem-se na quinta-feira, pela primeira vez, para debater o programa nuclear na Coreia do Norte. A reunião surge num momento em que a Coreia do Norte procura novos apoios internacionais para o seu braço de ferro com os Estados Unidos (EUA).

Este será o primeiro encontro entre os dois chefes de Estado e o conselheiro russo considera ser um “evento chave para as relações bilaterais” entre os dois países.

A última vez que um líder da Coreia do Norte se reuniu com um homólogo russo foi há oito anos, quando Kim Jong-Il (pai do actual dirigente norte-coreano) se encontrou com Dmitri Medvedev, o actual primeiro-ministro russo.

O encontro entre os dois dirigentes surge dois meses após a segunda cimeira entre Kim Jong-un e Donald Trump, em Fevereiro, no Vietname, que ficou marcada pelas exigências da Coreia do Norte de um maior alívio de sanções do que aquele que os EUA estavam dispostos a dar pelo desarmamento nuclear.

24 Abr 2019

Bombistas suicidas no Sri Lanka eram qualificados e de classe média

[dropcap]M[/dropcap]uitos dos bombistas suicidas que participaram nos ataques no domingo de Páscoa, no Sri Lanka, eram muito qualificados e vinham de famílias de classe média e média alta, disse hoje o ministro Defesa cingalês.

Os atacantes eram membros dissidentes de grupos muçulmanos extremistas obscuros, segundo o ministro Ruwan Wijewardene. As autoridades já haviam responsabilizado um grupo extremista local pelos atentados, o National Thowfeek Jama’ath.

“O pensamento deles era que o Islão deveria ser a única religião neste país”, disse o ministro da Defesa, aos jornalistas. “Eles eram pessoas muito instruídas”, afirmou, acrescentando que pelo menos um deles era formado em direito e alguns podem ter estudado no Reino Unido e na Austrália.

A notícia surge quando os dirigentes prometeram reformar o aparato de segurança do país, após uma série de lapsos dos serviços de informação. A embaixadora dos Estados Unidos, Alaina Teplitz, afirmou aos jornalistas que “claramente houve alguma falha no sistema” de segurança, mas acrescentou que o seu país não tinha conhecimento prévio de uma ameaça antes dos atentados.

As autoridades do Sri Lanka reconheceram que algumas das unidades de segurança do país estavam cientes de possíveis ataques antes dos atentados da Páscoa, mas não compartilhou esses alertas amplamente. Teplitz classificou esse erro de comunicação como “incrivelmente trágico”.

O número de mortos nos atentados suicidas no domingo de Páscoa no Sri Lanka subiu para 359 e mais suspeitos foram detidos nas últimas horas, informou hoje a polícia cingalesa.

O porta-voz da polícia, Ruwan Gunasekara, disse que foram detidos mais 18 suspeitos de ligação aos atentados, elevando o total para 58. O anterior balanço apontava para 320 mortos.

O primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, alertou na terça-feira que vários suspeitos armados com explosivos ainda se encontravam em fuga.

O Governo sustentou que os ataques foram realizados por fundamentalistas islâmicos em aparente retaliação ao massacre nas mesquitas da Nova Zelândia em Março, mas disse que os sete bombistas suicidas eram todos do Sri Lanka.

O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou também na terça-feira a autoria dos atentados contra igrejas e hotéis de luxo.

24 Abr 2019

Presidente do Sri Lanka exige mudanças na Defesa depois de atentados

[dropcap]O[/dropcap] Presidente do Sri Lanka pediu hoje a renúncia do secretário de Defesa e do chefe da polícia nacional por as forças de segurança não terem agido perante alertas sobre os atentados suicidas no domingo de Páscoa.

O gabinete do Presidente, Maithripala Sirisena, anunciou que pediu hoje as renúncias aos dois responsáveis, mas não deixou imediatamente claro quem iria substituí-los.

Sirisena disse durante um discurso transmitido na televisão, na terça-feira, que planeava mudar o chefe das forças de defesa em 24 horas.

O número de mortos nos atentados suicidas no domingo de Páscoa no Sri Lanka subiu para 359 e mais suspeitos foram detidos nas últimas horas, informou hoje a polícia cingalesa.

O porta-voz da polícia, Ruwan Gunasekara, disse que foram detidos mais 18 suspeitos de ligação aos atentados, elevando o total para 58.

O primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, alertou na terça-feira que vários suspeitos armados com explosivos ainda se encontravam em fuga.

O Governo sustentou que os ataques foram realizados por fundamentalistas islâmicos em aparente retaliação ao massacre nas mesquitas da Nova Zelândia em Março, mas disse que os sete bombistas suicidas eram todos do Sri Lanka.

O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou também na terça-feira a autoria dos atentados contra igrejas e hotéis de luxo.

Um português está entre as vítimas mortais das oito explosões de domingo que causaram mais de 500 feridos.

A capital do país, Colombo, foi alvo de pelo menos cinco explosões: em quatro hotéis de luxo e uma igreja. Duas outras igrejas foram também alvo de explosões, uma em Negombo, a norte da capital e onde há uma forte presença católica, e outra no leste do país. A oitava e última explosão teve lugar num complexo de vivendas na zona de Dermatagoda.

As primeiras seis explosões ocorreram “quase em simultâneo”, pelas 08:45 de domingo.

24 Abr 2019

EUA e China voltam a tentar acordo comercial nas próximas semanas

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos e a China vão realizar nas próximas semanas novas rondas de negociações em Washington e Pequim, visando pôr fim à guerra comercial desencadeada no verão passado, anunciou hoje a Casa Branca.

A delegação norte-americana, liderada pelo representante para o Comércio Externo, Robert Lighthizer, e pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, viajará para Pequim para uma ronda de negociações que arranca em 30 de Abril.

O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, vai estar em Washington para novas reuniões, a partir de 8 de Maio.

“As negociações nas próximas semanas abrangerão questões comerciais, como propriedade intelectual, transferência forçada de tecnologia, barreiras não-tarifárias, agricultura, serviços, compras e mecanismos de monitoramento”, detalhou a Casa Branca.

As delegações reúnem-se assim pela terceira e quarta vez, desde que, em Fevereiro passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, garantiu que o acordo comercial estava “muito perto de acontecer”

Trump chegou a sugerir que ele e o homólogo chinês, Xi Jinping, fechariam pessoalmente o acordo, durante uma cimeira em Mar-a-Lago, o seu resort na Flórida, antes do final de Março.

As negociações decorrem desde que, em Dezembro passado, Washington e Pequim acordaram um período de tréguas, entretanto prolongado, visando chegar a um acordo que ponha fim às disputas comerciais iniciadas no verão passado.

Os governos das duas maiores economias do mundo impuseram taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

24 Abr 2019

China acusa formalmente ex-presidente da Interpol de aceitar subornos

[dropcap]A[/dropcap] China ordenou hoje formalmente a detenção do ex-presidente da Interpol Meng Hongwei, que desapareceu subitamente durante uma deslocação a Pequim, em Setembro passado, e foi posteriormente acusado de ter aceitado subornos. O Supremo Tribunal Popular chinês anunciou a acusação na quarta-feira.

Meng, de 64 anos, foi vice-ministro da Segurança Pública até Novembro de 2016, altura em que foi nomeado para dirigir a organização policial internacional, com sede em Lyon, França.

No mês passado, a Comissão Central de Inspecção e Disciplina do Partido Comunista Chinês (PCC) disse que uma investigação concluiu que Meng cometeu “graves violações da lei” e falhou em cumprir princípios e implementar decisões do partido. Meng foi então afastado de cargos públicos e do Partido Comunista.

A mais ampla e persistente campanha anti-corrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do PCC.

Além de combater a corrupção, a campanha tem tido como propósito reforçar o controlo ideológico e afastar rivais políticos, com as acusações a altos quadros do regime a incluírem frequentemente “excesso de ambição política” ou “conspiração”.

O comunicado do órgão anti-corrupção máximo do PCC detalhou que Meng abusou do seu poder para satisfazer o “estilo de vida extravagante” da sua família.

Meng “aceitou subornos e é suspeito de infringir a lei”, anunciou o ministério chinês de Segurança Pública, em Outubro passado. A escolha de Meng para chefiar a Interpol foi na altura celebrada por Pequim, que tem vindo a reforçar a sua presença em organizações internacionais.
Meng perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China em 25 de Setembro passado.

Depois de vários dias de silêncio sem que a família recebesse notícias de Meng e face à pressão internacional, a China confirmou a detenção. Em 21 de Novembro, a Assembleia Geral da Interpol decidiu substituir Meng pelo sul-coreano Kim Jong Yang.

A organização recebeu no dia 7 de Outubro uma carta de renúncia e uma comunicação de Pequim informando que Meng não seria o delegado da China naquele organismo.

24 Abr 2019

Condenação de líderes dos ‘guarda-chuvas’ ameaça democracia em Hong Kong, diz Human Rights Watch

[dropcap]A[/dropcap] condenação dos principais líderes do movimento dos ‘guarda-chuvas’ a penas de até 16 meses de prisão efectiva é considerada pela organização Human Rights Watch como um “aviso assustador” para quem defende a democracia em Hong Kong.

“As longas penas [atribuídas] representam um aviso assustador de que haverá sérias consequências para quem defenda a democracia”, afirmou hoje um responsável da Human Rights Watch na China, Maya Wang.

A posição foi tomada pouco depois de um tribunal de Hong Kong ter considerado culpados de vários crimes oito dos nove líderes do maior movimento de desobediência da história do território, que mobilizou milhares de pessoas em 2014 para exigir avanços democráticos em Hong Kong.

“Os nove [líderes do] movimento dos ‘guarda-chuvas’ não fizeram nada se não pressionar pacificamente o Governo de Hong Kong para ser genuinamente democrático e nunca deveriam ter sido processados”, sublinhou o responsável da organização não governamental de defesa dos direitos humanos.

Com estas sentenças, “em conjunto com a proposta de lei do Hino Nacional [proposta de lei de Hong Kong para obrigar os residentes em Hong Kong a respeitar o hino nacional da China] e emendas às leis de extradição [feitas] este ano, as autoridades de Pequim e de Hong Kong parecem querer eliminar a última bolsa de liberdade da China”, referiu Maia Wang.

A divulgação das sentenças do tribunal reuniu hoje uma multidão de manifestantes, tendo a pena mais pesada sido de 16 meses de prisão efectiva.

Esta condenação foi aplicada a dois dos fundadores do movimento “Occupy Central”, em 2013: Chan Kin-man, de 59 anos, professor de sociologia, e Benny Tai, professor de direito.

O terceiro mentor do “Occupy Central”, Chu Yiu-ming, de 74 anos, ministro da igreja baptista de Chai Wan em Hong Kong, foi também condenado a 16 meses de prisão, mas com pena suspensa.

Os três tinham sido considerados culpados de conspirarem para perturbar a ordem pública e de incitarem ao motim através da obstrução ilegal de lugares públicos, bem como de incitar e mobilizar manifestantes “para alterar a ordem pública”.

O juiz do tribunal West Kowloon aplicou também pena de prisão efectiva a Shiu Ka-chun e Raphael Wong Ho-ming, que terão de cumprir oito meses, enquanto a ex-líder estudantil Eason Chung Yua-wa e o ex-deputado democrata Lee Wing-tat foram sentenciados a oito meses de pena suspensa.

A justiça ordenou ainda 200 horas de serviço comunitário para Tommy Cheung e adiou a sentença de Tanya Chan, até 10 de Junho, devido à necessidade de se submeter a uma cirurgia.

Os nove líderes, que enfrentavam penas que podiam ir até sete anos por cada acusação, são os últimos activistas condenados pelos protestos que se prolongaram por 79 dias em 2014, em Hong Kong.

Vários activistas foram já julgados pelo Ministério da Justiça, estando a cumprir penas de prisão.
Alguns foram proibidos de concorrer às eleições e outros foram desqualificados do Conselho Legislativo da região administrativa especial chinesa.

Entre 28 de Setembro e 15 de Dezembro de 2014, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da antiga colónia britânica para exigir o sufrágio universal na escolha do chefe do executivo de Hong Kong, nomeado por uma comissão pró-Pequim. Mas as autoridades chinesas não recuaram.

Em 28 de Setembro, o movimento “Occupy Central” decretou o início da sua campanha de desobediência civil, juntando-se a outros protestos em curso há dois dias junto à sede do Governo de Hong Kong.

A acção da polícia desencadeou manifestações mais importantes, levando ao movimento pró-democracia, também conhecido como a “revolta dos guarda-chuvas”, usados pela multidão para se protegerem das granadas de gás lacrimogéneo.

Chan, Tai e Chu renderam-se à polícia em Dezembro de 2014, pondo fim ao movimento “Occupy Central”. Recentemente, o cancelamento de eventos literários e artísticos e a recusa em permitir a entrada de um jornalista em Hong Kong reacenderam a preocupação com a liberdade de expressão naquele território administrado pela China.

Em 1997, na transferência de soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China, foi prometida uma autonomia durante 50 anos, que permitiria manter os direitos de reunião e liberdade de expressão no território.

24 Abr 2019

PR/China | Visita “curta” de Marcelo traduz prioridade diplomática com Pequim

Analistas ouvidos pela Lusa defenderam que a duração da visita do Presidente português a Macau, uma etapa de 24 horas num programa de seis dias na China, traduz a prioridade que a diplomacia nacional dá a Pequim

 

[dropcap]A[/dropcap] China é demasiado grande e rica para se insistir em Macau como porta de entrada na China, procuraram resumir dois analistas em declarações à agência Lusa. “Há uma grande expectativa, (…) mas a estadia é tão curta…”, concluiu a presidente do Conselho Regional do Conselho das Comunidades Portuguesas da Ásia e Oceânia, Rita Santos.

“Nos dez anos após a transição houve uma aposta dos vários governos, dos vários ministros dos Negócios Estrangeiros na relação com Macau. Agora percebeu-se, finalmente, que as relações têm que ser Estado a Estado, que Pequim é a capital da China, que é por lá que passam as principais decisões, que é por lá que tem que haver um maior ‘interface’ dos países que querem ter uma relação próxima com a China”, sustentou o presidente do Fórum Luso-Asiático, Arnaldo Gonçalves, em declarações à agência Lusa. “Macau é simbólico, tem esse papel de portal, de intermediação, entre Portugal e a China, mas é um país demasiado grande e demasiado importante para continuarmos a insistir que Macau é a única porta aberta para a China”, acrescentou Arnaldo Gonçalves, doutorado em Ciência Política.

“Considera-se que as relações de Portugal com a China são uma prioridade, são mais vastas, têm outra perspectiva, outro envolvimento das empresas e empresários portugueses no país que não tem existido em Macau”, pelo que “o Presidente [Marcelo Rebelo de Sousa] faz uma aposta correta” na divisão do tempo da visita que começa a 26 de Abril e termina a 1 de Maio, opinou o antigo assessor dos ex-governadores de Macau Carlos Melancia e Rocha Vieira.

Questões consulares

Já o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau valorizou o papel de Macau, mas também expressou a sua convicção de que cada vez mais as relações diplomáticas entre Lisboa e Pequim exigem um outro foco. “Claro que Macau é um elemento importante, historicamente relevante nessas relações, mas hoje em dia, é bom sublinhar isso, as relações de Portugal com a China não se limitam a Macau, são muito mais ricas e complexas”, explicou José Sales Marques.

Daí que “a visita de Estado seja feita, obviamente, tendo em conta as relações bilaterais entre Lisboa e Pequim” e que, “devido a limitações de tempo, à duração da própria visita, se compreenda que a passagem [pelo território] seja relativamente curta”, justificou aquele que é também professor de Ciência Política e Relações Internacionais do Instituto Politécnico de Macau.

A presidente do Conselho Regional do Conselho das Comunidades Portuguesas da Ásia e Oceania lamentou que a duração da visita de Marcelo Rebelo de Sousa em Macau seja “tão curta”.

“Infelizmente a visita é de apenas um dia que talvez nem tenha oportunidade para se encontrar com as associações de matriz portuguesa, ouvir as suas opiniões e problemas”, afirmou Rita Santos à Lusa.

A conselheira, responsável pelo Círculo China, Macau e Hong Kong, sustentou que Macau é essencial no desenvolvimento das relações entre China e Portugal. “A China está a incentivar a importação de géneros alimentícios do exterior e Portugal possui vastos produtos que ainda não entraram no mercado chinês”, exemplificou, destacando entraves como a taxação sobre o vinho e as inspecções fitossanitárias que têm impacto na exportação de produtos como o presunto e a fruta.

Para Rita Santos, o período de passagem por Macau é reduzido para abordar temas como a necessidade “urgente de aumentar o número de pessoal do Consulado-Geral de Portugal [em Macau e Hong Kong]”, bem como os seus salários, e de alterar a sua situação fiscal.

A conselheira criticou ainda os atrasos na renovação de documentos como o passaporte e o cartão de cidadão, sublinhando que “todos os portugueses devem ser tratados com os mesmos direitos e igualdade, independentemente do seu país de acolhimento”.

Na Muralha

A visita do Presidente da República portuguesa começa simbolicamente na Grande Muralha, durante a qual será recebido por Xi Jinping.

Segundo uma nota divulgada pela Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa será recebido em Pequim pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e pelo Presidente da República Popular da China, Xi Jinping. Da capital chinesa, seguirá para Xangai e para a Região Administrativa Especial de Macau, onde se reunirá com as máximas autoridades locais. “Terá ainda a oportunidade de contactar com os responsáveis pelo actual dinamismo do relacionamento bilateral, nomeadamente agentes culturais, desportistas, empresários e investidores, bem como de visitar vários dos locais que ilustram a riqueza da cultura chinesa e a longa relação com Portugal”, refere a Presidência da República, na mesma nota.

A Grande Muralha da China, ao norte de Pequim, visitada por inúmeros líderes mundiais, será o primeiro lugar a que Marcelo Rebelo de Sousa se deslocará, no dia da chegada, sexta-feira, antes de participar no fórum “Faixa e Rota”, e a sua visita de Estado terá início no domingo, adiantou à Lusa fonte de Belém.

Da parte do Governo, deverá ser acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

Aquando da visita de Xi Jinping a Portugal, o Presidente português considerou que a sua deslocação à China, “correspondendo a convite acabado de formular” por Xi Jinping, e “a assinatura de um memorando de entendimento” sobre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” simbolizam a parceria entre os dois Estados.

“Simbolizam bem a parceria que desejamos continuar a construir, com diálogo político regular e contínuo, a pensar no muito que nos une”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações conjuntas com o Presidente chinês aos jornalistas, sem direito a perguntas.

Sobre a cooperação económica e financeira entre a China e Portugal, o chefe de Estado português descreveu-a como “forte”, acrescentando: “E queremos que seja sustentável e duradoura no futuro”.

Seguir a faixa

Portugal é, até à data, um dos poucos países da União Europeia a apoiar formalmente o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”. As autoridades portuguesas querem incluir uma rota atlântica no projecto, o que permitiria ao porto de Sines ligar as rotas do Extremo Oriente ao Oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

Num comunicado enviado à agência Lusa esta semana, o Governo chinês reconhece a posição “muito relevante” de Portugal no extremo oeste da Eurásia, e agradece a adesão de Lisboa. “Portugal é um dos primeiros países da Europa ocidental a assinarem um documento de cooperação neste âmbito”, realça.

Contudo, a nova vocação internacionalista de Pequim suscitou já divergências com as potências ocidentais, que veem uma nova ordem mundial ser moldada por um rival estratégico, com um sistema político e de valores profundamente diferente. No mês passado, Bruxelas produziu um documento que classifica Pequim como um “adversário sistémico”, que “promove modelos alternativos de governação”, e apelou a acções conjuntas para lidar com os desafios tecnológicos e económicos colocados pela China.

Washington alerta que os planos chineses subverterão a actual ordem internacional e alargarão a esfera de influência de Pequim – os países aderentes tornar-se-ão Estados vassalos, reféns do crédito chinês, permitindo à China exportar o seu excesso de capacidade industrial ou poluição.

Mas, no espaço de uma década, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, o país asiático construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Para o embaixador português em Pequim, José Augusto Duarte, é “natural” que, a acompanhar este desenvolvimento, Pequim assuma o desejo de estar no centro da governação dos assuntos globais e competir nos sectores de alto valor agregado. “É normal”, diz. “Anormal seria que a segunda maior economia do mundo não reclamasse um maior papel na cena internacional”, afirma.

Rota presidencial

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chega a Macau a 30 de Abril, depois de fazer também uma passagem por Xangai. Em Macau, a 1 de Maio, Marcelo Rebelo de Sousa irá encontrar-se com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, informaram no sábado as autoridades do território.

Antes, entre 26 e 27 de Abril, em Pequim, o Presidente da República irá participar no segundo Fórum “Uma Faixa, Uma Rota”. O fórum irá contar com a participação de 37 chefes de Estado ou de Governo, incluindo Chui Sai On, anunciou na sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.

Mais tarde, entre 11 e 19 de Maio, será Chui Sai On a realizar uma visita oficial a Portugal, que prevê reuniões com o Presidente da República e o primeiro-ministro, António Costa.

24 Abr 2019

OPA/EDP: CTG mantém condição de desblindagem de estatutos para oferta avançar

[dropcap]O[/dropcap] grupo chinês China Three Gorges (Europe), o maior accionista da EDP, disse ontem que se mantêm em vigor todas as condições da OPA, incluindo a desblindagem de estatutos, pelo que sem isso a operação não avança.

“Relativamente à proposta de Elliot International , L.P. e de Elliot Associates […], e a declaração divulgada pela CMVM a 12 de Abril de 2019, a CTG gostaria de declarar irrevogavelmente a todos os interessados e, em especial, aos accionistas da EDP que todas as condições a que o lançamento da Oferta se encontra sujeito permanecem em vigor e, especificamente, no caso de o resultado da votação não permitir a eliminação do actual limite à contagem de votos, que a CTG não renunciará a essa condição”, refere a CTG.

Esta posição consta de uma carta enviada pelo presidente da CTG Europe, Wu Shengliang, ao vice-presidente da mesa da assembleia-geral de accionistas da EDP, Rui Medeiros, divulgada através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O grupo chinês diz ainda que “respeitará as decisões adoptadas pelas autoridades e pela assembleia-geral” e afirma que “permanecerá como investidora estratégica de longo prazo da EDP e continuará a contribuir parceira estratégica para o desenvolvimento sustentável da sociedade, independentemente do resultado final da Oferta”.

A CTG pede que esta declaração seja lida na assembleia-geral de 24 de Abril. Em 12 de Abril a CMVM alertou que se os accionistas da EDP rejeitarem, na assembleia-geral, a proposta de alteração estatutária do fundo Elliot dá-se “a não verificação” de uma das condições para o registo da oferta da CTG sobre a EDP, pelo que a operação não avança.

O regulador dos mercados financeiros disse que a excepção é “no caso de o oferente [a CTG] exercer a faculdade de renúncia à referida condição”, o que a declaração de hoje da CTG exclui.

Em 1 de Abril, a EDP comunicou que, em 27 de Março de 2019, o fundo Elliot, detentor de 2,01% do capital social da EDP, requereu ao vice-presidente da mesa da assembleia-geral a introdução de um novo ponto na ordem do dia da assembleia geral anual da empresa, com vista à “Alteração dos Estatutos da Sociedade”.

O fundo Elliott quer que os accionistas se pronunciem se a empresa deve eliminar o limite de 25% dos direitos de voto, que viabiliza a oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges Europe.

23 Abr 2019

Pelo menos cinco mortos no colapso de dois edifícios após sismo nas Filipinas

[dropcap]P[/dropcap]elo menos cinco pessoas morreram ontem no desmoronamento de dois edifícios atingidos por um sismo de magnitude 6,3 na escala de Richter, nas Filipinas, que levou à retirada de milhares de pessoas no centro da capital Manila.

Em declarações à televisão filipina ABS-CBN, a governadora da província, Lilia Pineda, indicou que três corpos foram retirados dos escombros de um prédio na cidade de Porac, a cerca de 100 quilómetros a noroeste de Manila, na ilha de Luzón e ainda outros dois, de uma criança e da sua avó, na cidade de Lubao.

Lilia Pineda referiu ainda que o sismo provocou um corte de energia que está a dificultar o trabalho dos socorristas ao início da noite.

Um forte sismo com magnitude 6,3 na escala de Richter foi ontem registado na ilha filipina de Luzón, segundo as autoridades.

O sismo ocorreu às 17:11 locais com o epicentro a uma profundidade de 40 quilómetros, indicou o Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Segundo a mesma fonte, o sismo atingiu a ilha filipina Luzón, localizada a cerca de 60 quilómetros a noroeste de Manila, capital das Filipinas.

23 Abr 2019

Estratégia chinesa “Uma Faixa,Uma Rota” tem de respeitar direitos humanos, diz ONG

[dropcap]A[/dropcap] organização Human Rights Watch defendeu hoje que o Governo chinês deve garantir que os projectos que financia ou em que se envolve no âmbito da estratégia “Uma Faixa, Uma Rota” respeitam os direitos humanos.

A China recebe, entre a próxima quinta-feira e sábado, vários chefes de Estado e líderes de organizações internacionais que irão participar no segundo Fórum de Cooperação Internacional Uma Faixa, Uma Rota, título dado à estratégia adoptada pelo Governo chinês envolvendo o desenvolvimento de infraestruturas e investimentos em países da Europa, Ásia e África.

Para a organização de defesa dos direitos humanos, é fundamental que a China consulte sempre os grupos de pessoas que possam ser afectados pelos projectos propostos e assegure que as comunidades possam expressar-se sem medo de represálias.

“Pequim afirma estar empenhado em trabalhar com outros países para promover [projectos] amigos do ambiente, mas a prática levada a cabo levanta sérias preocupações”, afirmou Yaqiu Wang, investigador da Human Rights Watch na China, num comunicado hoje divulgado.
“As críticas a alguns dos projectos [da estratégia] ‘Uma Faixa, Uma Rota’ – como falta de transparência, desrespeito pelas preocupações das comunidades e ameaças de degradação ambiental – sugerem que o compromisso é superficial”, acrescentou.

O projecto chinês prevê um investimento de 900 mil milhões de dólares em infraestruturas a construir em dezenas de países e, segundo a Human Rights Watch alguns dos projectos não cumpriram ou omitiram o seu impacto social e no ambiente ou não passaram pela fase de consultar as comunidades locais que seriam afectadas, o que levou a protestos generalizados.

Alguns projectos também atraíram críticas por suspeitas de corrupção, empréstimos sem transparência e adjudicações directas a empresas chinesas.

O Governo chinês e os bancos estatais responderam algumas vezes às críticas, alterando ou mesmo desistindo dos projectos propostos.

Em Março, após fortes protestos de residentes e de grupos ambientalistas do Laos, Myanmar e Tailândia, as autoridades chinesas desistiram de um plano de nivelamento de uma zona rochosa de ilhéus através de explosões, na parte superior do rio Mekong, que visava construir uma passagem para grandes cargueiros.

Também em Março, o banco estatal da China admitiu reavaliar o acordo de financiamento de uma barragem hidroelédtrica em Batang Toru, na Indonésia, depois de os ambientalistas terem alertado que a barragem causaria fortes danos ao ambiente e poria em risco os orangotangos daquela zona, já em perigo de extinção.

23 Abr 2019

Marcelo começa na Grande Muralha visita de seis dias que termina em Macau

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da República viaja na quinta-feira para a China para uma visita de seis dias que começa simbolicamente na Grande Muralha e termina em Macau, durante a qual será recebido pelo chefe de Estado chinês, Xi Jinping.

Segundo uma nota hoje divulgada pela Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa estará na China entre sexta-feira, 26 de Abril, e o 1.º de Maio, para participar na segunda edição do fórum “Faixa e Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas, e depois para uma visita de Estado, a convite do seu homólogo.

Em Pequim, será recebido pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e pelo Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, que esteve em Portugal no início de Dezembro. Da capital chinesa, seguirá para Xangai e para a Região Administrativa Especial de Macau, onde se reunirá com as máximas autoridades locais.

“Terá ainda a oportunidade de contactar com os responsáveis pelo actual dinamismo do relacionamento bilateral, nomeadamente agentes culturais, desportistas, empresários e investidores, bem como de visitar vários dos locais que ilustram a riqueza da cultura chinesa e a longa relação com Portugal”, refere a Presidência da República, na mesma nota.

A Grande Muralha da China, ao norte de Pequim, visitada por inúmeros líderes mundiais, será o primeiro lugar a que Marcelo Rebelo de Sousa se deslocará, no dia da chegada, sexta-feira, antes de participar no fórum “Faixa e Rota”, e a sua visita de Estado terá início no domingo, adiantou à Lusa fonte de Belém.

Da parte do Governo, deverá ser acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu Xi Jinping no Palácio de Belém, em Lisboa, no dia 4 de Dezembro, durante a sua visita de Estado a Portugal.

Nessa ocasião, o Presidente chinês anunciou que o chefe de Estado português iria estar presente na segunda edição do fórum “Faixa e Rota” e faria uma visita de Estado à China em Abril.

O Presidente português considerou que a sua deslocação à China, “correspondendo a convite acabado de formular” por Xi Jinping, e “a assinatura de um memorando de entendimento” sobre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” simbolizam a parceria entre os dois Estados.

“Simbolizam bem a parceria que desejamos continuar a construir, com diálogo político regular e contínuo, a pensar no muito que nos une”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações conjuntas com o Presidente chinês aos jornalistas, sem direito a perguntas.

Sobre a cooperação económica e financeira entre a China e Portugal, o chefe de Estado português descreveu-a como “forte”, acrescentando: “E queremos que seja sustentável e duradoura no futuro”.

23 Abr 2019

Marinha | Aniversário celebrado com maior parada militar de sempre

A aposta contínua das últimas décadas no reforço das forças navais chinesas visa aproximar o país do poderio naval norte-americano. A parada de hoje servirá também para apresentar o novo contratorpedeiro de mísseis guiados, o Destroyer 55

 

[dropcap]A[/dropcap] China vai exibir, esta terça-feira, o rápido crescimento do seu poderio naval, com a maior parada militar marítima da sua história, reforçando laços com os exércitos de países vizinhos e estimulando o patriotismo doméstico.

A parada, que marca o 70.º aniversário das forças navais do Exército de Libertação Popular, realiza-se nas águas de Qingdao, nordeste do país, e deve servir para apresentar o Destroyer 55, o mais recente contratorpedeiro de mísseis guiados a integrar as forças navais chinesas.

Depois de mais de duas décadas de sucessivos aumentos dos gastos militares, a China está a converter a sua marinha, até então limitada à defesa costeira, numa força capaz de patrulhar os mares próximos do país e de se aventurar no alto mar global.

Pequim considera este avanço crucial para proteger os seus interesses nacionais, mas suscita preocupação em Washington, que vê agora em causa a sua hegemonia militar no Pacífico, mantida desde a Segunda Guerra Mundial.

As forças navais do Exército de Libertação Popular querem “acelerar a construção de uma força naval compatível com o estatuto do país” e “capaz de responder às ameaças à segurança marítima e dissuadir e equilibrar forças com o principal adversário”, lê-se num editorial assinado pelo vice-almirante Shen Jinlong e o vice-almirante e director político das forças navais chinesas, Qin Shengxiang.

Os responsáveis consideraram a construção de ilhas artificiais capazes de receber instalações militares no Mar do Sul da China – um avanço que aumentou as tensões com países vizinhos e os Estados Unidos – como um feito para as forças navais chinesas.

O mesmo editorial destaca ainda a retirada de cidadãos chineses durante o conflito no Iémen, em 2015, a conclusão, no ano passado, do Destroyer 55 – o primeiro porta-aviões de construção chinesa -, e o estabelecimento da primeira base militar do país além-fronteiras, em Djibuti, no Corno de África.

Segundo especialistas, o Destroyer 55 é a primeira embarcação de guerra da China que está ao nível do norte-americano Ticonderoga.

Com mais de 10.000 toneladas, a embarcação está dotada de 112 unidades com sistema de lançamento vertical (VLS, na sigla em inglês), usadas para disparar mísseis contra aviões adversários.

Atrás do “prejuízo”

O país continua, ainda assim, a ter menos de um décimo do total de 8.720 unidades VLS que dotam a marinha norte-americana, embora as suas capacidades estejam a aumentar rapidamente.

Segundo o Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, a frota de navios de guerra antiaérea dos EUA aumentou de 51 para 87, nos últimos 20 anos, enquanto a China passou de nenhum para 15.

Oficiais de mais de 60 países assistirão à parada militar de terça-feira, a maior de sempre do país, segundo a imprensa chinesa.

Quase metade dos países, alguns aliados dos Estados Unidos, vão enviar navios para participar do desfile.

Uma fragata de Singapura foi a primeira a chegar a Qingdao, na quinta-feira. As Filipinas e o Vietname, que reclamam territórios no Mar do Sul da China, trouxeram também embarcações militares.

O Japão, que abriga o maior número de bases militares norte-americanas próximas da China, participará com um contratorpedeiro, ilustrando o reaproximar entre Tóquio e Pequim. Os EUA não enviarão qualquer navio.

Washington esteve representado pelo seu chefe de operações navais, no 60º aniversário das forças navais do Exército de Libertação Popular, em 2009, mas desta vez enviou apenas o adido de Defesa da embaixada em Pequim.

A decisão ilustra um declínio nos contactos entre os exércitos das duas potências, enquanto o Pentágono enfatiza a necessidade de conter a ascensão da China.

23 Abr 2019

Líderes de 37 países participam em fórum sobre “Uma Faixa, Uma Rota”

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje a participação de 37 chefes de Estado ou de Governo, incluindo o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, no segundo Fórum “Uma Faixa, Uma Rota”, em Pequim, entre 25 e 27 de Abril.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, confirmou ainda a presença de representantes de 150 países e organizações internacionais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

Entre os países representados pelos respectivos presidentes ou primeiros-ministros constarão Itália, Grécia, Rússia, Chile, Áustria, Suíça, Singapura, Filipinas, Quénia, Paquistão, Egipto, República Checa, Hungria, Sérvia, Mongólia, Vietname ou Tailândia.

Lançada em 2013, pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” materializa a nova vocação internacionalista de Pequim.

O gigante projecto de infraestruturas visa ligar o Sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa, e é visto como uma versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, permitindo a Washington criar a fundação de alianças que perduram até hoje.

Portugal é, até à data, um dos poucos países da UE a apoiar formalmente um projecto que tem suscitado divergências com as potências ocidentais, que veem uma nova ordem mundial ser moldada por um rival estratégico, com um sistema político e de valores profundamente diferente.
Estados Unidos, Canadá, Espanha, Reino Unido, Alemanha, França ou Austrália não enviarão os respectivos líderes.

Xi Jinping inaugurará o fórum no dia 26 com um discurso, seguido por uma mesa redonda com os líderes dos diferentes países.

Wang afirmou que o segundo fórum dedicado à iniciativa, que conta já com a adesão de 126 países, procura atrair “cooperação de alta qualidade”, e que este ano incluirá uma conferência para a comunidade empresarial, no dia 25.

Sob o lema “Construir um futuro mais brilhante”, o evento focará na “melhoria da conectividade, explorar novas fontes de crescimento, criar novas sinergias e parcerias e promover o desenvolvimento sustentável”, detalhou o ministro.

Wang considerou ainda que o projecto tem agora uma “base mais sólida e mais participantes”, e garantiu que se “está a tornar uma rota para cooperação, prosperidade, abertura, desenvolvimento sustentável e benefício mútuo”.

“A iniciativa foi criada pela China, mas as oportunidades são para todos”, realçou.

O primeiro Fórum dedicado a “Uma Faixa, Uma Rota” foi realizado em maio de 2017, também em Pequim, e contou com líderes de 28 estados e a participação de representantes de cem países.

19 Abr 2019

China condena à prisão dezenas de veteranos por protestos

[dropcap]T[/dropcap]ribunais chineses condenaram hoje à prisão quase meia centena de militares veteranos por terem “perturbado a ordem social numa tentativa de promoverem os seus próprios interesses”, após protestarem contra as baixas pensões e falta de benefícios.

Os veredictos dos tribunais das províncias de Shandong e Jiangsu surgem após vários protestos de veteranos, de diferentes idades, que afirmam não terem sido adequadamente compensados pelos seus esforços.

Os veteranos chineses há muito que se organizam em silêncio, mas, nos últimos anos, passaram a manifestar-se publicamente junto a edifícios de entidades governamentais, incluindo a sede do ministério chinês da Defesa, em Pequim.

A China criou, entretanto, um ministério para os Assuntos dos Veteranos, no ano passado.
Os 47 condenados a penas até seis anos de prisão estiveram envolvidos em protestos no ano passado que reuniram centenas de ex-soldados.

O Partido Comunista da China proíbe todas as manifestações públicas e, embora dependa das Forças Armadas para manter o seu poder, muitos veteranos dizem que foram deixados por sua conta, com pensões escassas e pouco apoio.

No ano passado, mais de mil soldados aposentados, incluindo moradores e muitos outros, oriundos de diferentes partes do país, invadiram os escritórios do governo da cidade de Zhenjiang, na província de Jiangsu.

Durante quatro dias, ocuparam uma praça pública e uma rua, gritando frases de protesto e exigindo respostas sobre o alegado espancamento de um colega por homens contratados pelo governo, depois de este ter reclamado mais benefícios.

19 Abr 2019

China critica decisão de Washington de endurecer sanções contra Cuba

[dropcap]A[/dropcap] China criticou hoje a decisão dos Estados Unidos de endurecer as sanções contra Cuba ao permitirem processar empresas de países terceiros que operem em propriedades expropriadas a norte-americanos após a Revolução.

“A China opõe-se sempre à imposição de sanções unilaterais, fora do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, em conferência de imprensa.

O porta-voz lembrou que o bloqueio imposto pelos EUA já causou “grandes danos” ao desenvolvimento económico e social de Cuba e “dificultou” a vida ao povo cubano.

Lu pediu a Washington que siga os princípios e propósitos básicos da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional e retire o bloqueio a Cuba, de acordo com os interesses dos cubanos, do desenvolvimento da ilha e dos próprios EUA.

Entre as medidas anunciadas pela administração de Donald Trump consta a reactivação do Título III da Lei Helms-Burton, que permite reivindicar em tribunais norte-americanos bens expropriados após a Revolução, o que poderia levar a milhares de acções judiciais contra empresas estrangeiras.

“Muitos países expressaram a sua rejeição e a China sempre pediu aos Estados Unidos que ajam de acordo com os princípios do respeito mútuo e da coexistência pacífica, que são o caminho correcto para as relações entre os estados”, acrescentou Lu.

A medida abre portas a processos contra empresas de todo o mundo, incluindo cadeias de hotéis ou firmas do sector da mineração, como a canadiana Sherritt, um dos principais investidores estrangeiros na ilha.

Além de reactivar os títulos III e IV daquela lei, Washington restringirá novamente as viagens de norte-americanos ao país e limitará as remessas de emigrantes cubanos a mil dólares por trimestre.

18 Abr 2019

China volta a importar carne de porco de França

[dropcap]A[/dropcap] China vai retomar “em breve” a importação de carne de porco oriunda de França, anunciou hoje o embaixador francês em Pequim, depois de, no ano passado, matadouros portugueses terem também recebido aval para vender para o país.

Citado pela imprensa oficial chinesa, Jean-Maurice Ripert considerou que a exportação de carne suína é um passo “representativo” para o sector agrícola francês.

“A nossa segurança alimentar é definitivamente uma vantagem e todas as exportações para a China serão rigorosamente inspeccionadas”, disse.

As autoridades chinesas autorizaram, no final do ano passado, os matadouros portugueses Maporal, ICM Pork e Montalva a exportar para o país. A importação está a cargo do grupo chinês ACME Group, com sede na província de Hunan, centro da China.

Profissionais do setor estimam que, até ao final deste ano, as exportações portuguesas para a China se fixem em 15.000 porcos por semana, movimentando, no total, 100 milhões de euros.

A decisão das autoridades chinesas surge numa altura em que são detectados surtos de peste suína nas trinta províncias e regiões da China continental. Centenas de milhares de porcos foram já abatidos.

Apenas a ilha de Hainan, no extremo sul do país, e as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong, não registaram casos.

Devido à propagação da doença, em 2018, a produção de suínos na China diminuiu 0,9%, em relação ao ano anterior, e os rebanhos suínos diminuíram em 3%, revelaram dados oficiais.

Nos dois primeiros meses de 2019, a China importou 207.000 toneladas de carne suína, um aumento de 10,1%, em termos homólogos, revelou o ministério de Agricultura e Assuntos Rurais da China.

A carne de porco é parte essencial da cozinha chinesa, compondo 60% do total do consumo de proteína animal no país. Dados oficiais revelam que os consumidores chineses comem mais de 120 mil milhões de quilos de carne de porco por ano.

A flutuação do preço daquela carne é, por isso, sensível na China e o Governo guarda uma grande quantidade congelada para colocar no mercado quando os preços sobem.

18 Abr 2019

Universidade de Lisboa com planos para Xangai e Zhuhai

[dropcap]O[/dropcap] reitor da Universidade de Lisboa (UL) afirmou ontem que espera “assinar em Maio” um acordo para a criação de uma faculdade na Universidade de Xangai, prevendo o início das suas actividades no ano lectivo de 2020/2021.

“Espero assinar em Maio um acordo de criação de uma faculdade da UL na Universidade de Xangai”, disse António Cruz Serra na sua participação na conferência. O académico referiu que a nova faculdade da UL naquela cidade chinesa será uma plataforma de formação, entre outras áreas, de engenharia electrotécnica e engenharia civil.

“São iniciativas que honram muito a UL, o caminho é muito complicado – já estamos a trabalhar nisto há muito tempo”, afirmou.

António Cruz Serra disse que, embora haja semelhanças entre as burocracias portuguesa e chinesa, há alguma dificuldade em “compatibilizar” países com “duas culturas tão fortes nesse sentido”.

“Espero que tenhamos esta iniciativa em funcionamento no ano lectivo de 20/21″, referiu.

O reitor explicou que as propostas terão de ser apresentadas na China “até Setembro deste ano” e que as “negociações e as conversas dos professores das diversas áreas consoante os cursos estão muito avançadas”.

“Daqui a dois ou três anos, teremos, pelo menos, 500 alunos a virem fazer pelo menos um ano à UL e seremos responsáveis, pelo menos, por mais de 30 por cento da leccionação em Xangai.

Seremos também responsáveis pela gestão académica, mas também pela gestão administrativa desta faculdade. Vai ser um grande desafio”, disse.

O reitor esclareceu também que o ensino na faculdade da UL em Xangai será realizado em inglês, mas terá uma segunda língua, nomeadamente portuguesa, que permitirá que os estudantes tenham “obrigatoriamente, disciplinas de português”.

No seu discurso, António Cruz Serra disse ainda que a Universidade de Lisboa foi convidada para criar, em conjunto com uma universidade chinesa, uma universidade em Zhuhai.

António Cruz Serra sublinhou que Macau constitui “sempre uma plataforma importante”, uma vez que ajuda a que os “parceiros chineses possam saber mais” sobre Portugal. Nesse sentido, o reitor da UL referiu que há uma “excelente colaboração” com a Universidade de Macau e com o Instituto Politécnico de Macau. “Temos estado muito alinhados com o que têm sido as decisões para o ensino de português e de outras iniciativas que têm sido desenvolvidas”, acrescentou.

18 Abr 2019

Macau, 20 anos | Ex-secretário adjunto de Almeida e Costa salienta importância das ZEE

[dropcap]J[/dropcap]oão Costa Pinto, ex-secretário adjunto para a Economia e Finanças da Administração do Governador Almeida e Costa, recordou o período em que chegou ao território e compreendeu que a criação das Zonas Económicas Especiais, em Shenzen e Zhuhai, pelo Governo de Deng Xiaoping iria determinar o futuro de Macau. “Percebi que o desenvolvimento de Macau dependia do desenvolvimento do Delta do Rio das Pérolas. O território ia depender do desenvolvimento económico destas ZEE.”

“Não precisei de muito tempo para perceber duas coisas: uma de que, ao criar as ZEE, o Governo chinês estava a transformar o Delta do Rio das Pérolas num polo de transformação. Tal faz-nos compreender o alcance extraordinário desta decisão, visto 30 anos depois”, acrescentou João Costa Pinto.

Actualmente vice-presidente da Fundação Oriente, o economista recordou as dificuldades com que se deparou quando chegou ao território para gerir a pasta da economia. “A capacidade da Administração em diversificar a economia era muito limitada.”

“Compreendi, na altura, que a insuficiente utilização do território como plataforma era o resultado de um complexo conjunto de resultados. Havia um bom ambiente político, mas também um longo caminho a percorrer até à normalização. Eram poucos os empresários portugueses com capacidade e visão”, disse.

Neste sentido, João Costa Pinto admitiu que “procurou assinar vários acordos”, sem sucesso.

“Tudo mudou, pois hoje a nossa economia está integrada na zona Euro e temos novas gerações de empresários. Macau está integrada na grande economia chinesa e procura sair, ela própria, da via do jogo e diversificar a sua economia como plataforma de serviços. Permaneço convencido de que, apesar da distância e de subsistirem limitações, as raízes são profundas. Temos de procurar preservar as ligações, com ajustamentos feitos às mudanças económicas e políticas que se verificam cá e lá”, rematou.

18 Abr 2019

Cooperação | Portugal quer aproveitar centralidade de Macau

Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, disse ontem em Lisboa que o país pretende aproveitar a centralidade de Macau na zona do Delta do Rio das Pérolas para aprofundar as suas relações com a China

 

[dropcap]N[/dropcap]a conferência “O Futuro de Macau na Nova China” o crescimento económico chinês e as relações diplomáticas com Portugal acabaram por dominar grande parte dos painéis de debate. Sobre o futuro de Macau, as grandes palavras de ordem foram a integração e a história que Portugal possui com o território.

Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, defendeu que o país deve tirar partido da centralidade do território no sul da China.

“Devemos tirar todo o partido do facto de Macau ter uma posição muito central na zona do Delta do Rio das Pérolas, que é uma das grandes regiões de expansão económica na China”, começou por dizer.

Sem querer pronunciar-se sobre o futuro de Macau, por ser “um processo que será decidido pela República Popular da China (RPC)”, Augusto Santos Silva disse que essa centralidade ditou a abertura do consulado-geral de Portugal em Cantão, bem como a abertura de uma delegação da AICEP na mesma cidade chinesa.

Quanto ao Fórum Macau, Augusto Santos Silva apontou que “nos primeiros 15 anos provou a vantagem de ter esta plataforma”, não sem antes tecer algumas críticas ao financiamento de projectos específicos de investimento.

“(O Fórum Macau) precisa agora de mostrar a sua utilidade através de projectos concretos financiados pelo Fundo”, frisou.

Cumprimento da Lei Básica

Falando de um “relacionamento muito antigo”, Augusto Santos Silva lembrou que “devemos olhar para o futuro de Macau na China e o futuro das nossas relações com a RAEM dentro do quadro mais geral do relacionamento bilateral entre Portugal e a China”.

O dirigente destacou “a qualidade desse relacionamento histórico que sempre foi isento de qualquer conflitualidade e que foi capaz de desenvolver-se em vários planos, a nível comercial, cultural e de cooperação política”.

Santos Silva lembrou ainda a pacífica transferência de soberania de Macau para a China, que este ano celebra o seu 20.º aniversário. O ministro destacou “a transição exemplar de Macau e a forma como têm sido cumpridos todos os compromissos constantes na Lei Básica”, algo que “tem acentuado a qualidade e a natureza do relacionamento entre Portugal e a China, de tal modo que um país pode dizer do outro que é parceiro numa dimensão tão importante como as áreas político-diplomática, cultural, educativa e linguística”.

Neste sentido, Santos Silva destacou o facto da língua portuguesa continuar a ser falada e ensinada no território. “O português nunca se ensinou tanto como agora, e nunca se usou tanto o português em Macau. Usa-se mais o português e ensina-se do que nos tempos em que Macau estava sob Administração portuguesa.”

Existe hoje, em Macau, “um pleno respeito pelas instituições, pela cidadania macaense e pelos compromissos assumidos pelos dois Estados”. “Espero que continuemos a cumprir a Lei Básica e a assegurar que este processo de transição continue a ser exemplar”, acrescentou.

Sim à integração

Cai Run, embaixador da China em Portugal, defendeu também que a integração regional é uma das metas para o futuro de Macau.

“O Governo Central apoia Macau na sua integração e nos projectos de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e da Grande Baía Guangdog-Hong Kong-Macau, realizando o desenvolvimento e prosperidade comum entre Macau e o continente chinês.”

O embaixador adiantou também que, com o mesmo apoio de Pequim, a RAEM “vai integrar-se aceleradamente na trajectória do desenvolvimento chinês fazendo maiores contributos para a relação sino-portuguesa”.

Já o ministro Adjunto e da Economia português considerou ontem que as relações entre Portugal, a China e o mundo falante de português “têm um caminho de progresso muito significativo”, sublinhando que Macau pode desempenhar “um papel muito importante nesse relacionamento”.
“Portugal e a China têm relações de mais de 500 anos que surgiram e se densificaram, sobretudo, a propósito de Macau. A relação de confiança que se estabeleceu entre os dois Estados, particularmente na questão da transição da administração do território para a RPC permitiu consolidar relações históricas e o conhecimento recíproco em benefício de ambos os povos”, realçou Pedro Siza Vieira, no encerramento da conferência.

Numa mensagem vídeo, o ministro salientou que o “protagonismo de Macau num futuro de cooperação entre a China e os países falantes de português” representa um “factor decisivo do futuro” do relacionamento de Portugal “em benefício do desenvolvimento económico e da prosperidade” dos povos.

“Portugal conhece bem Macau. Macau conhece bem a realidade lusófona. Está bem integrada na República Popular da China e a presença muito significativa de uma comunidade importante de portugueses na região, também apoia este processo”, argumentou.

Pedro Siza Vieira indicou ainda que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) representa mais de 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e situa-se “em mercados muitos importantes” como a União Europeia, mercado com quase 500 milhões de habitantes e também nos continentes americano, africano e asiático.

18 Abr 2019

Huawei | Previstas vendas a crescer pelo menos 10% com 5G

Apesar dos esforços norte-americanos para limitar a expansão da gigante tecnológica chinesa, a Huawei antecipa um crescimento de pelo menos 10 por cento nas vendas para operadoras em 2020

 

[dropcap]A[/dropcap] ‘gigante’ das telecomunicações chinesa Huawei prevê um crescimento de “pelo menos 10 por cento” nas vendas para operadoras de telecomunicações e Internet, em 2020, à medida que as redes de quinta geração (5G) ganham ímpeto.

A previsão de um crescimento de “pelo menos 10 por cento “, feita ontem por Ken Hu, presidente executivo (CEO) da Huawei, durante a 16.ª edição do Huawei Analyst Summit, em Shenzhen, surge após uma queda homóloga de 1,3 por cento em 2018.

“Para a indústria, o 5G será o novo condutor para investimentos”, disse Hu.

O responsável revelou que a empresa vendeu já 45.000 estações base para o 5G e que espera que 6,5 milhões de estações tenham sido implantadas em todo o mundo, até 2025, abrangendo 2.800 milhões de pessoas.

A empresa garantiu 40 contratos com operadoras em todo o mundo, para desenvolver redes 5G. Mais de metade dos contratos são na Europa.

“Os investimentos em 5G este ano serão orientados pelo valor dos negócios e esse tipo de investimentos é mais confiável e sólido”, previu o CEO.

As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais eléctricas, pelo que vários governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como activos estratégicos para a segurança nacional.

Os maiores

Os Estados Unidos têm pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes de 5G, a Internet do futuro, acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de inteligência chineses.

Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei.

A Huawei é actualmente a maior fornecedora de equipamentos de telecomunicações do mundo e líder no 5G, com o maior número de patentes registadas, segundo a empresa de análise de propriedade intelectual IPlytics.

Hu disse que as questões políticas e as mudanças nas relações comerciais são questões a que a Huawei terá de prestar atenção, mas advertiu que a politização da cibersegurança vai reduzir a inovação e aumentar os custos das soluções.

“Se esta questão for politizada, serão discutidos sentimentos ou percepções e não os factos. Devemos concentrar-nos em criar uma tecnologia que proteja os utilizadores”, defendeu Hu.

O executivo garantiu que a empresa está a redobrar esforços e a investir na melhoria da segurança, mas que o “correcto” seria a criação de um organismo independente global, que servisse os fabricantes, a indústria e os reguladores.

“O 5G não é apenas mais rápido do que o 4G: é uma revolução na conectividade, que tornará tudo possível ‘online’, em qualquer altura, proporcionando uma conectividade verdadeiramente omnipresente”, disse.

Em Dezembro do ano passado, durante a visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a Altice e a empresa chinesa um acordo para o desenvolvimento da próxima geração da rede móvel no mercado português.

17 Abr 2019

Contrabando| Alfândegas interceptam 7,48 toneladas de presas de elefante

A luta contra o contrabando de produtos de espécies protegidas não parece ter fim à vista, apesar das várias campanhas de sensibilização. Só em Hong Kong, no passado mês de Fevereiro, foram interceptadas 2,1 toneladas de presas de elefante e 8,3 toneladas de escamas de pangolim

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas anunciaram ontem terem interceptado 7,48 toneladas de presas de marfim contrabandeado, na maior apreensão dos “últimos anos” no país, que baniu todo o comércio e transformação de presas de elefante em 2018.

O vice-director da Administração Geral das Alfândegas, Hu Wei, anunciou, em conferência de imprensa, que a operação, em grande escala, decorreu em 30 de Março e terminou com o desmantelamento de um “grupo criminoso internacional que há muito tempo traficava marfim”.

A investigação, de dois meses, resultou na prisão de mais de 20 suspeitos e no confisco de 2.748 peças de marfim.

A operação decorreu de forma coordenada entre várias cidades, incluindo Pequim e Qingdao, e envolveu um total de 238 agentes da polícia, detalhou o director da agência chinesa de combate ao contrabando, Sun Zhijie.

Segundo os dados oficiais, este ano já foram apreendidas 8,48 toneladas de produtos de marfim ou marfim em bruto, além de 500 toneladas de animais e plantas em risco de extinção.

Durante os primeiros três meses do ano, as autoridades chinesas investigaram 182 casos de contrabando de espécies protegidas, envolvendo 171 suspeitos.

Estes dados não incluem as alfândegas de Hong Kong, onde em Fevereiro passado foram interceptadas 2,1 toneladas de presas de elefante e 8,3 toneladas de escamas de pangolim, que, segundo as autoridades, se destinavam ao continente chinês.

Duas semanas depois, as alfândegas de Hong Kong apreenderam 24 chifres de rinoceronte, com um peso total de 40 quilos, um número recorde, que durou apenas até 7 de Março, quando foi apreendido um carregamento de 82,5 quilos.

Passos curtos

Pequim baniu todo o comércio e transformação das presas de elefante no início do ano passado.

Porém, a China é, tradicionalmente, o maior consumidor mundial de marfim, símbolo de estatuto e parte importante da cultura e arte tradicionais chinesas.

Antes da entrada em vigor da nova lei, Pequim lançou várias campanhas de sensibilização e o preço de presas de elefante caiu 65 por cento, enquanto todas as lojas e oficinas envolvidas no comércio foram encerradas até ao final de 2017, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

A actuação das autoridades chinesas pode ter um impacto significativo em Angola e Moçambique, que nos últimos anos se tornaram destinos de referência na caça ao elefante.

Em Moçambique, entre 2011 e 2015, a caça furtiva custou à reserva do Niassa sete mil elefantes. Em Angola, as autoridades queimaram cerca de 1,5 toneladas de marfim, bruto e trabalhado, em Julho de 2017, que tinham como destino a Ásia.

Existem actualmente cerca de 450.000 elefantes no continente africano, calculando-se em mais de 35.000 os que são mortos anualmente.

17 Abr 2019

Shandong | Acidente em empresa farmacêutica faz dez mortos

[dropcap]P[/dropcap]elo menos dez pessoas morreram ontem asfixiadas pela inalação de fumo, enquanto outras 12 ficaram feridas, após um acidente numa empresa farmacêutica, na província de Shandong, leste da China. A televisão estatal CGTN informou que o acidente ocorreu às 15:37 e que foi aberta uma investigação para apurar as causas, mas não avançou mais detalhes. Em Março passado, uma explosão num parque industrial químico na província de Jiangsu, leste do país, causou 78 mortos e várias centenas de feridos. Acidentes industriais são frequentes na China, onde, em média, morrem 70.000 trabalhadores por ano, segundo a Organização Mundial do Trabalho. Em 2015, duas explosões nas instalações químicas da zona portuária da cidade de Tianjin, nordeste da China, provocaram pelo menos 165 mortos, e causaram prejuízos de mais de mil milhões de dólares.

17 Abr 2019

Empresa chinesa vai construir e gerir futura ligação ferroviária na Malásia

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro da Malásia anunciou ontem que a empresa chinesa responsável pela construção da ligação ferroviária no leste do país também vai ajudar a gerir e a operar a infraestrutura, para reduzir a carga financeira do país.

As declarações de Mahathir Mohamad surgem três dias depois do Governo malaio ter anunciado que vai retomar este projecto de ligação financiado pela China, depois de o construtor chinês ter baixado os custos.

O acordo pôs fim a meses de impasse sobre a linha férrea da costa leste, de 668 quilómetros de comprimento, que liga a costa ocidental da Malásia aos estados rurais orientais, numa ligação essencial à iniciativa chinesa de construção de infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”.

O orçamento para a construção das primeiras duas fases da ligação ferroviária é agora de 44 mil milhões de ringgits (9,5 mil milhões de euros), uma descida de um terço em relação ao custo inicial de 65,5 mil milhões de ringgits.

Sob o novo acordo, a China Communications Construction Company (CCCC) formará uma empresa conjunta com a Malaysia Rail Link para operar e manter a rede, afirmou Mahathir Mohamad.

Rota em movimento

Esta ligação ferroviária é parte fundamental da iniciativa chinesa, lançada em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e que inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre, visando ressuscitar vias comercias que remontam ao período do Império Romano, e então percorridas por caravanas.

Construídos por empresas chinesas e financiados pelos bancos estatais da China, os projectos no âmbito daquela iniciativa estendem-se à Europa, Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

No entanto, o crescente endividamento dos países envolvidos relativamente a Pequim acarreta riscos. Exemplo disso, é o Sri Lanka, onde um porto de águas profundas construído por uma empresa estatal chinesa acabou por ser uma despesa incomportável para o país, que teve de entregar a concessão da infraestrutura, e dos terrenos próximos, à China por um período de 99 anos.

17 Abr 2019