Presidente de Taiwan nomeia novo primeiro-ministro após renúncia do Governo

[dropcap]A[/dropcap] Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, nomeou hoje Su Tseng-chang como o novo primeiro-ministro da ilha, após a renúncia esperada de todos os membros do Governo, motivada pela derrota eleitoral do partido em Novembro.

A governante oficializou a nomeação numa conferência de imprensa, na qual estiveram presentes o primeiro-ministro cessante, Lai Ching-te, e o primeiro-ministro eleito, que já havia ocupado o cargo entre 2006 e 2007.

Lai Ching-te anunciou a demissão na noite de quinta-feira, após um Conselho de Ministros extraordinário no qual todo o Governo também se demitiu. A decisão era esperada em Taiwan, onde os primeiros-ministros normalmente renunciam após uma derrota eleitoral do seu partido.

O Partido Progressista Democrático (PPD) sofreu uma derrota clara nas eleições locais de 24 de Novembro, o que desencadeou disputas internas e críticas de sectores radicais pró-independência face à possível candidatura presidencial de Tsai em 2020.

Tsai Ing-Wen, eleita em 2016, tinha apresentado as eleições como um referendo à vontade da sua administração em manter a independência da ilha face a Pequim.

O vice-primeiro-ministro deverá ser Chen Chi-mai, candidato derrotado à autarquia da cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, de acordo com o jornal da ilha Ziyou Shibao.

11 Jan 2019

Vendas de automóveis na China recuam em 2018 pela primeira vez desde 1990

[dropcap]A[/dropcap]s vendas de automóveis na China caíram 5,8%, em 2018, para 22,35 milhões de veículos, no primeiro declínio anual desde 1990, segundo dados difundidos ontem pela imprensa estatal, coincidindo com outros indicadores negativos da economia chinesa.

Em Dezembro passado, as vendas registaram uma queda homóloga de 19,3%, para 2,22 milhões de unidades, no sétimo mês consecutivo de queda homóloga, segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily. “A situação é mais grave do que imaginávamos”, afirmou o presidente da Associação da China para Automóveis de Passageiros, Cui Dongshu, citado pelo jornal.

Cui considerou que a desaceleração do ritmo de crescimento da economia chinesa, o aumento dos preços da habitação e as perdas nas praças financeiras do país “minaram a confiança dos clientes”.

Entre as marcas mais afectadas constam a General Motors (queda homóloga de 9,9%) ou do maior fabricante de automóveis da China, o SAIC Motor (um aumento homólogo de 1,75%, depois de ter crescido 6,8%, em 2017). A construtora chinesa Geely aumentou as suas vendas em 20%, face a 2017, ficando 5% aquém da sua meta oficial.

Mas Cui Dongshu acredita que o mercado, depois de “bater no fundo”, vai voltar a crescer, este ano, graças à redução das taxas alfandegárias sobre veículos importados dos Estados Unidos e os esforços dos fabricantes chineses para reduzir inventário, a partir do segundo semestre do ano passado.

“Haverá um crescimento positivo, de pelo menos 1%, em 2019”, considerou o responsável, afirmando que “o Governo está a estudar oferecer novos incentivos à compra de veículos”. No terceiro trimestre de 2018, a economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,5%, o ritmo mais baixo dos últimos dez anos.

E, no mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses, enquanto em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde dezembro de 2015, e as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuaram para 8,1%, o ritmo mais lento desde maio de 2003.

11 Jan 2019

Seul | Co-fundadora de ‘site’ pornográfico condenada a quatro anos de prisão

[dropcap]A[/dropcap] co-fundadora do maior ‘site’ pornográfico da Coreia do Sul foi condenada ontem a quatro anos de prisão, num contexto de indignação sul-coreana contra a “pornografia com câmara espia”.

Dezenas de milhares de sul-coreanos participaram nos últimos meses de protestos contra esse fenómeno, chamado de “molka”, cujos vídeos sem autorização mostravam imagens de mulheres na casa de banho, escola, nos transportes e vestiários.

O ‘site’ Soranet, fundado em 1999, oferecia dezenas de milhares de vídeos pornográficos, incluindo filmes de “vingança pornográfica” ou mesmo as tais imagens de mulheres em locais públicos. A produção ou distribuição de pornografia é ilegal na Coreia do Sul.

O Soranet foi encerrado em 2016 após reclamações de grupos de defesa dos direitos das mulheres.
A sua proprietária, de 45 anos, identificada pelo seu nome de família, Song, foi sentenciada a quatro anos de prisão e ao pagamento de uma multa de 1,4 mil milhões de won (um milhão de euros) por ajuda e cumplicidade na distribuição de material obsceno.

Song foi condenada por “violar gravemente a dignidade universal dos outros”, de acordo com um comunicado do tribunal, no qual se sublinha que esta obteve um lucro “enorme”.

A mulher agora condenada viveu durante anos, em fuga, na Nova Zelândia antes de ser detida em Junho passado, depois de ter sido forçada a regressar quando as autoridades sul-coreanas cancelaram o seu passaporte.

O seu marido e outro casal, também co-proprietários do ‘site’, todos cidadãos australianos ou com autorização de residência permanente, encontram-se fora da Coreia do Sul.

11 Jan 2019

China considera abrir novas bases militares no exterior

[dropcap]A[/dropcap] China não descarta abrir mais bases militares no exterior, caso exista “necessidade”, afirmou um tenente-general das Forças Armadas chinesas, depois de, em 2017, Pequim ter inaugurado a sua primeira instalação militar além-fronteiras, no Djibuti.

Citado pelo jornal oficial China Daily, He Lei, antigo vice-presidente da Academia de Ciências Militares do Exército de Libertação Popular (ELP), afirmou que a abertura de novas bases vai depender de “dois factores”. “Esta questão será determinada pela necessidade em prestar melhor apoio às missões da ONU”, afirmou.

“Em segundo lugar, a abertura depende da aprovação do país onde a base está localizada”, acrescentou He Lei, garantindo que, na ocorrência destas condições, “a China pode construir novas bases de apoio no exterior”.

O responsável salientou que a principal função destas instalações é fornecer “apoio logístico” às unidades chinesas além-fronteiras, e não criar uma base para as forças militares do país.

Inaugurada em 2017, a única base militar da China no exterior fica no corno de África e visa “fornecer apoio logístico” às tropas chinesas envolvidas em missões anti-pirataria, operações de paz da ONU e resgates no Golfo de Áden e na costa da Somália.

10 Jan 2019

Austrália vai analisar pedido de asilo de jovem saudita sob protecção do ACNUR

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas confirmaram que receberam o pedido de asilo da jovem saudita que está sob a protecção do ACNUR em Banguecoque, na Tailândia, e que irão analisar o caso.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) enviou, de facto, “o caso para a Austrália para consideração de concessão de asilo como refugiada”, referiu num comunicado o Ministério do Interior australiano.

“Se for verificado que é uma refugiada, então nós estudaremos verdadeiramente, realmente a sério, a oportunidade de (concessão de) um visto humanitário”, havia dito anteriormente o ministro da Saúde australiano, Greg Hunt, no canal de televisão ABC. Hunt acrescentou que discutiu o caso com o ministro da Imigração, David Coleman, na terça-feira à noite. A Austrália é conhecida pela sua severa política de imigração.

“Vou continuar o meu caminho para chegar a um país onde estarei segura”, disse Rahaf Mohammed Al-Qunun, numa das suas mensagens publicadas em árabe na rede social Twitter. O ACNUR considerou que a jovem saudita Rahaf Mohammed Al-Qunun, que fugiu para a Tailândia, é uma refugiada e pediu à Austrália que lhe concedesse asilo.

Rahaf Mohammed Al-Qunun tinha previsto viajar para a Austrália, onde pretendia pedir asilo depois de receber ameaças de morte da sua família por ter rejeitado um casamento arranjado e também a religião islâmica, mas foi detida pelas autoridades tailandesas numa escala em Banguecoque no fim de semana passado.

De férias no Kuwait com sua família, Rahaf Mohammed al-Qunun, de 18 anos, fugiu e aterrou no aeroporto de Banguecoque.

As autoridades tailandesas queriam deportá-la para a Arábia Saudita na manhã de segunda-feira, mas Rahaf Mohammed al-Qunun barricou-se no seu quarto de hotel do aeroporto, de onde publicou mensagens desesperadas e vídeos na rede social Twitter, afirmando-se ameaçada de morte pela sua família caso regressasse a casa.

A adolescente ficou sob a protecção do ACNUR depois de deixar o aeroporto da capital tailandesa.

A jovem chegou no sábado ao aeroporto tailandês num voo a partir do Kuwait, onde aproveitou o facto de as mulheres não necessitarem de autorização dos seus “guardiões masculinos” para viajar, como ocorre na Arábia Saudita.

As autoridades tailandesas informaram que o pai e um irmão de Rahaf Mohammed Al-Qunun estão em Banguecoque, mas a jovem recusou encontrar-se com ambos.

10 Jan 2019

Embaixador chinês no Canadá acusa egoísmo ocidental e supremacismo branco

[dropcap]O[/dropcap] embaixador da China no Canadá acusou na quarta-feira os dirigentes de Otava e os seus aliados de “egoísmo ocidental e supremacismo branco”, ao exigirem a libertação imediata de dois canadianos detidas por Pequim, acusadas de ameaça à segurança nacional.

Em artigo publicado no The Hill Times, o embaixador da China, Lu Shaye, também acusou o Canadá pela detenção em 1 de Dezembro da directora financeira do grupo chinês de telecomunicações Huawei, que considerou “não ter fundamento”.

Dois canadianos, o ex-diplomata Michael Kovrig e o consultor Michael Spavor, estão detidos desde há um mês na China, que os acusa de actividades “que ameaçam a segurança nacional”, uma fórmula utilizada frequentemente por Pequim para se referir a alegada espionagem.

Pequim garante que estas detenções não estão relacionadas com a da directora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, mas numerosos observadores veem aí uma medida de retorsão da China, irritada com a interpelação pelo Canadá da filha do fundador do grupo chinês, a pedido dos EUA.

“Compreende-se que os canadianos se preocupem com os seus próprios cidadãos. Mas manifestaram inquietação ou simpatia com Meng [Wanzhou] depois da sua detenção ilegal e a sua privação de liberdade?”, escreveu o embaixador no jornal de Otava.

“Parece que para algumas pessoas, apenas os cidadãos canadianos devem ser tratados de maneira humanitária e a sua liberdade considerada preciosa, enquanto os chineses não o merecem”, acrescentou.

Para Lu Shaye, “a razão pela qual certas pessoas estão habituadas a dois pesos e duas medidas é devido ao egoísmo ocidental e ao supremacismo branco”.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e o presidente norte-americano, Donald Trump, denunciaram, durante uma chamada telefónica, feita na segunda-feira, “a detenção arbitrária” de Kovrig e Spavor.

A Alemanha, a Austrália, a França, o Japão, o Reino Unido e a União Europeia também deram o seu apoio ao Canadá nesta crise diplomática.

Meng foi colocada em liberdade condicionada em Vancouver, Canadá, enquanto aguarda por uma decisão sobre a sua extradição para os Estados Unidos da América, que suspeitam do seu envolvimento numa fraude para contornar sanções ao Irão.

10 Jan 2019

Coreia do Sul quer ajudar a levantar sanções, mas avisa sobre desnuclearização norte-coreana

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da Coreia do Sul disse hoje que vai cooperar com a comunidade internacional para serem levantadas as sanções contra a Coreia do Norte, mas defendeu que esta deve dar “passos mais ousados e práticos para a desnuclearização”.

“Medidas correspondentes deveriam ser concretizadas para facilitar a continuação dos esforços de desnuclearização da Coreia do Norte”, acrescentou Moon Jae-in, citando, por exemplo, a aceitação dos Estados Unidos de um “regime de paz” e uma declaração formal que coloque um ponto final na Guerra da Coreia (1950-1953).

Moon Jae-in referiu-se ainda a dois projectos de cooperação entre os dois países no Monte Kumgang, na Coreia do Norte, e no complexo industrial de Kaesong, no norte da fronteira, foram suspensos na última década, juntamente com outros projectos semelhantes devido à pretensão norte-coreana de investir no seu programa nuclear.

“Congratulamo-nos com a intenção da Coreia do Norte de retomar a sua operação sem condições ou compensação”, disse Moon.

“A minha administração vai cooperar com a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, para resolver as questões restantes, como sanções internacionais, o mais rápido possível”, explicou.

As declarações de Moon foram feitas após o regresso do líder norte-coreano de uma viagem de quatro dias a Pequim, que incluiu um encontro com o Presidente chinês Xi Jinping.

10 Jan 2019

Kim Jong-un quer que cimeira com Trump dê resultados que permitam desnuclearização

[dropcap]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jong-un, terá dito ao homólogo chinês, Xi Jinping, que quer “obter resultados” que resolvam o impasse nuclear na península coreana, durante a segunda cimeira com o Presidente norte-americano, Donald Trump.

O comentário foi citado na imprensa estatal chinesa, um dia depois de Kim regressar a Pyongyang no seu comboio blindado e composto por mais de vinte carruagens, após uma visita oficial a Pequim.

Tratou-se da quarta visita de Kim à China, no espaço de dez meses, num esforço para acertar estratégias com o único grande aliado do regime norte-coreano, antes de uma segunda cimeira com Trump.

A visita ocorreu depois de representantes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte se reunirem no Vietname para acertarem o local para uma segunda cimeira com Trump.

A Coreia do Norte “vai-se esforçar para que a segunda cimeira, entre os líderes (norte-coreanos) e norte-americanos alcance resultados que sejam bem recebidos pela comunidade internacional”, afirmou Kim, citado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Todos os lados devem “trabalhar, em conjunto, para chegar a uma resolução abrangente na questão da península coreana” e a Coreia do Norte “continuará disposta à desnuclearização e a resolver a questão da península coreana através do diálogo e da consulta”, acrescentou.

Kim disse ainda que Pyongyang quer que as suas “preocupações legítimas” sejam devidamente respeitadas, numa referência ao desejo do regime por garantias de segurança e um possível tratado de paz, que ponha formalmente fim à Guerra da Coreia (1950-1953). Tecnicamente, aquele conflito ainda não acabou, pois não foi assinado nenhum tratado de paz, apenas um armistício.

Kim enalteceu ainda o papel de Xi Jinping na redução das tensões regionais, notando que a “tensão na península coreana diminuiu, desde o ano passado, e que o importante papel da China neste processo é óbvio para todos”.

A China é o maior aliado diplomático e o principal parceiro comercial da Coreia do Norte. Xi Jinping afirmou que a China apoia a cimeira entre os EUA e a Coreia do Norte e que espera que os dois países “encontrem um meio termo”.

A agência noticiosa oficial norte-coreana afirmou que Xi aceitou um convite para visitar a Coreia do Norte, mas sem avançar mais detalhes. Desde que ascendeu ao poder, em 2012, Xi nunca visitou a Coreia do Norte, tornando-se o primeiro Presidente chinês a visitar Seul antes de ir ao país vizinho.

Donald Trump e Kim Jong-un reuniram-se, em Singapura, no ano passado, num encontro histórico que ocorreu depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), na sequência dos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington. No entanto, desde então houve pouco progresso real no desarmamento nuclear.

Analistas consideram que a visita de Kim faz também parte de um esforço para obter o apoio da China, que permita reduzir as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, na sequência de vários testes atómicos e com misseis balísticos, e que isolaram ainda mais a débil economia do país.

No seu discurso de Ano Novo, Kim expressou frustração pela falta de progresso nas negociações com Washington, afirmando que sem uma redução das sanções e garantias de segurança, Pyongyang poderá ter que encontrar “um novo caminho”.

A agência de notícias sul-coreana Yonhap escreveu que Kim visitou uma zona de desenvolvimento tecnológico, nos arredores de Pequim, na quarta-feira, e que passou cerca de 30 minutos numa fábrica do famoso fabricante de medicamentos chineses Tong Ren Tang.

A Yonhap revelou que Kim reuniu com Xi durante uma hora, na terça-feira, e participou depois num banquete no Grande Palácio do Povo, junto à praça Tiananmen, oferecido por Xi e a sua esposa, Peng Liyuan.

Terça-feira, o primeiro dia da visita de Kim, coincidiu também com o seu aniversário, mas não houve notícias de comemorações oficiais.

10 Jan 2019

Canadá interpela Japão sobre a “importância da conservação das baleias”

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro canadiano interpelou ontem o seu homólogo japonês, Shinzo Abe, sobre “a importante questão da conservação das baleias”, após Tóquio formalizar a retirada da Comissão Baleeira Internacional para retomar a pesca comercial em Julho.

O arquipélago asiático junta-se assim à Islândia e à Noruega, únicos países que praticam a caça de baleia para fins comerciais, e abriu caminho a duras críticas da comunidade internacional e das organizações defensoras dos direitos dos animais.

Segundo um comunicado ontem divulgado, durante uma conversa telefónica na segunda-feira à noite entre os dois dirigentes, Justin Trudeau “prometeu trabalhar com parceiros internacionais para proteger as espécies de baleias”.

O Japão anunciou a 26 de Dezembro passado a sua saída da Comissão Baleeira Internacional (IWC, na sigla em inglês), desafiando abertamente os defensores dos cetáceos, 30 anos após o fim oficial de caça às baleias, cuja população continua a diminuir.

Outra das questões discutidas entre ambos foi o comércio internacional, saudando a entrada em vigor, a 30 de Dezembro, do Acordo de Livre Comércio Transfronteiriço (IPPP, na sigla em inglês).

Trudeau e Abe também debateram a próxima cimeira do G20, que será realizada em Junho em Osaka, no Japão, com o primeiro-ministro canadiano a prometer que o Canadá “apoiará activamente o Japão para ajudá-lo a ter sucesso”.

Por fim, falaram sobre a “detenção de dois cidadãos canadianos na China, reiterando ambos a importância [da luta] pela Justiça e pelo Estado de Direito”, adianta o comunicado.

As autoridades chinesas mantêm há um mês detidos o ex-diplomata canadiano Michael Kovrig, contratado pelo ‘think tank’ Internacional Crisis Group e o construtor canadiano Michael Spavor, que mantém frequentes contratos com a Coreia do Norte, indiciados por ameaças à segurança do Estado.

Muitos observadores acreditam que as detenções são uma retaliação pela prisão, em Vancouver, do diretor financeiro da empresa Huawei, gigante de telecomunicações da China.

9 Jan 2019

População chinesa entra em declínio “imparável” dentro de dez anos, diz estudo

[dropcap]A[/dropcap] população chinesa vai entrar num declínio “imparável” nas próximas décadas e terá uma população activa cada vez menor, mas que terá de sustentar uma sociedade mais envelhecida, conclui um relatório ontem divulgado.

O relatório, publicado por uma unidade de investigação do Governo chinês três anos depois de a China ter abolido a política de filho único, refere que a “era do crescimento populacional negativo está quase a chegar”, prevendo que a população do país atingirá um pico de 1.440 milhões, em 2029.

A seguir, o declínio nas taxas de fecundidade levará a uma diminuição da população para 1.172 milhões de habitantes, em 2065, prevê o relatório da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

A China, nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, aboliu a 1 de Janeiro de 2016 a política de “um casal, um filho”, pondo fim a um rígido controlo da natalidade que durava desde 1980. Pelas contas do Governo, sem aquela política, a China teria hoje quase 1.700 milhões.

Mas a população em idade activa estagnou, considera o relatório, enquanto o rácio de dependência – o número de trabalhadores em relação à população que não trabalha (sobretudo crianças e reformados) – continua a aumentar.

“Em teoria, o declínio demográfico a longo prazo, especialmente acompanhado pela escalada do envelhecimento da população, está fadado a ter consequências sociais e económicas muito negativas”, lê-se no relatório, que não detalha quais serão as consequências.

Especialistas alertam que, à medida que a população em idade activa da China encolhe, o consumo poderá também diminuir, o que poderá ter consequências para a economia global, que depende da China como principal motor de crescimento.

O relatório recomenda ao Governo que elabore políticas para enfrentar os desafios do declínio iminente. Segundo a actual política de natalidade, que substituiu a de “um casal, um filho”, a maioria dos casais chineses pode ter apenas duas crianças.

Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões.

Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e embora tenha aberto novas creches, passando a oferecer incentivos à natalidade.

Em 2017, o número total de nascimentos fixou-se em 17,23 milhões, menos 630.000 do que no ano anterior. Demógrafos estimam que, no ano passado, nasceram 15 milhões de crianças na China, o número mais baixo desde 2000.

Segundo especialistas, a queda deve-se sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano, e aos altos custos e falta de tempo para criar uma criança.

A actual restrição de dois filhos pode assim vir a ser também abolida, permitindo que as famílias tenham vários filhos, pela primeira vez em décadas.

Apesar das projecções de declínio no país mais populoso do mundo, as Nações Unidas estimam que a população global continue a crescer. Um relatório de 2017 estima que, em 2030, chegue aos 8,6 mil milhões, e que, até ao final do século, alcance os 11,2 mil milhões. A Índia deve superar a China como o país mais populoso até 2024, segundo a ONU.

9 Jan 2019

Câmara baixa da Índia vota projecto de lei que exclui refugiados muçulmanos

[dropcap]A[/dropcap] câmara baixa do parlamento da Índia aprovou ontem um projecto de lei que permite atribuir a cidadania a refugiados de diversas comunidades religiosas à excepção dos muçulmanos, provocando novas manifestações de protesto no nordeste do país.

A legislação, que ainda deve ser aprovada pela câmara alta do parlamento, envolve milhões de pessoas que nas últimas décadas fugiram do Bangladesh, do Paquistão e do Afeganistão, onde o islão é predominante, para se instalarem nas regiões do norte da Índia.

Se for aprovada a lei, tornar-se-ão indianos os membros de várias comunidades religiosas, como os hindus, os cristãos e os sikhs, originários daqueles três países que tenham vivido pelo menos seis anos na Índia, sendo explicitamente excluídos os muçulmanos.

A votação do projecto de lei desencadeou um segundo dia de protestos no estado de Assam, no nordeste do país, que nas últimas décadas acolheu milhões de refugiados dos países vizinhos.

Os manifestantes opõem-se não à exclusão dos muçulmanos da legislação, mas ao facto de texto permitir a atribuição da cidadania a migrantes, que acusam de ficarem com o trabalho das populações locais.

Assam, território montanhoso conhecido pelas suas plantações de chá e com 33 milhões de habitantes, é palco há décadas de tensões entre grupos étnicos e tribais locais e os migrantes.

Durante as manifestações de ontem, militantes da Organização dos Estudantes do Nordeste (NESO) saquearam instalações do Partido Bharatiya Janata (do primeiro-ministro Narendra Modi) no estado de Assam.

9 Jan 2019

Presidente da Apple manifesta-se “muito optimista” num acordo EUA e China

[dropcap]O[/dropcap] presidente executivo da Apple, Tim Cook, manifestou-se hoje “muito optimista” face às negociações para um acordo comercial entre Estados Unidos da América e China, afirmando ser a favor “dos melhores interesses” para os dois países.

Numa entrevista à cadeia norte-americana CNBC, o líder da tecnológica definiu como “muito complexo” o pacto e considerou “temporária” a debilidade económica da China, relacionada com as turbulências comerciais.

“O tratado será bom não só para nós, como também o será para o mundo em geral. O mundo precisa de uma economia forte nos Estados Unidos e China para que a mundial também o seja”, afirmou o presidente da tecnológica norte-americana que fabrica os seus produtos na China.

Na semana passada, a Apple reviu em baixa as expectativas dos resultados no primeiro trimestre do seu ano fiscal, apontando a debilidade do mercado chinês como uma das razões, além de vendas menores que o esperado dos seus modelos iPhone.

Tim Cook criticou ainda aqueles que têm “desvalorizado” a filosofia de novos produtos e serviços da Apple. “Na minha honesta opinião existe uma cultura de inovação na Apple que, combinada com alguns clientes incríveis e leais, consumidores felizes, este virtuoso sistema está provavelmente desvalorizado”, salientou.

9 Jan 2019

Prolongado diálogo sobre questões comerciais entre EUA e China

[dropcap]A[/dropcap]s negociações entre representantes dos Estados Unidos e da China, que visam pôr fim à guerra comercial entre os dois países, vão prolongar por mais um dia do que o previsto, informou hoje a imprensa oficial chinesa.

As conversas de alto nível prosseguem hoje, em Pequim, depois de na terça-feira se terem prolongado até ao final da noite. Analistas citados pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, consideraram que a extensão reflecte a vontade de ambas as partes de chegarem a um acordo.

Trata-se do primeiro frente-a-frente desde que, no início de Dezembro, os Presidentes dos EUA e da China, Donald Trump e Xi Jinping, respectivamente, concordaram uma trégua de 90 dias, para encontrar uma solução.

Os dois países aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um, numa disputa suscitada pela política industrial chinesa. Na terça-feira, Trump afirmou na rede social Twitter que as negociações com Pequim estão a correr “muito bem”.

O vice-representante do Comércio, Jeffrey Gerrish, lidera a delegação norte-americana, que inclui ainda funcionários dos sectores de energia, agricultura e comércio, e do Departamento de Estado e do Tesouro.

Pequim não informou quem lidera a delegação, mas sabe-se que participou numa das reuniões o vice-primeiro-ministro chinês encarregado da política económica, Liu He, num nível de representação mais alto do que o esperado para a primeira ronda de negociações.

De acordo com os termos acordados entre Trump e Xi, Pequim e Washington devem chegar a um acordo definitivo antes do início de Março. Trump suspendeu temporariamente o aumento das taxas alfandegárias, de 10% para 25%, sobre um total de 200 mil milhões de dólares de bens importados da China.

Pequim reduziu as taxas sobre veículos importados do EUA e retomou as importações de soja norte-americana, além de ter apresentado um projecto de lei que visa proibir a transferência forçada de tecnologia.

Trump exigiu que a China ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes actores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas.

Mas o Partido Comunista Chinês está relutante em abdicar dos seus planos, que considera cruciais para elevar o estatuto global do país.

9 Jan 2019

Qualidade do ar na China melhorou em 2018, dizem dados oficiais

[dropcap]A[/dropcap] qualidade do ar melhorou na China, em 2018, segundo um relatório divulgado hoje pelo ministério da Ecologia e Meio Ambiente, que compila os dados recolhidos em 338 cidades do país. Entre as áreas abrangidas pelo estudo, 79,3% dos dias registaram níveis “bons” de qualidade do ar, num acréscimo homólogo de 1,3% e que se enquadra na meta definida pelo Governo chinês.

Na área composta pelos municípios de Pequim e Tianjin e a província de Hebei, uma das mais poluídas do país, a percentagem de dias com boa qualidade de ar fixou-se em 50,5%, o que supõe um aumento de 1,2%, face ao ano anterior.

A densidade das partículas PM 2.5 – as mais finas e suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões – caiu 11,8%, em termos homólogos, para uma média de 60 microgramas por metro cúbico. O nível máximo de concentração recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é 25 microgramas por metro cúbico.

As cidades de Harbin e Changchun, capitais das províncias de Heilongjiang e Jilin, respectivamente, no nordeste do país, foram as que registaram maior melhoria da qualidade do ar, em 2018, segundo o relatório, que não avança com detalhes.

A China anunciou, no ano passado, um novo plano de acção para reduzir a poluição atmosférica, ao longo dos próximos três anos. O objectivo é reduzir as emissões de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogénio em mais de 15%, em comparação com 2015, e que cerca de 300 das cidades abrangidas tenham 80% dos dias com bons níveis de qualidade do ar.

8 Jan 2019

Comboio usado pelo líder da Coreia do Norte chegou hoje a Pequim

[dropcap]U[/dropcap]m comboio de três carruagens e do modelo habitualmente usado pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, chegou esta manhã a Pequim, após Pyongyang ter anunciado uma visita de quatro dias à China.

O comboio parou na Estação Norte de Pequim, cuja plataforma estava cheia de elementos da polícia e tropas paramilitares, descreve a agência Associated Press. Não foi confirmado, até agora, se Kim viajou naquele comboio, mas ambos os países confirmaram já a visita do líder norte-coreano à China, a quarta no espaço de um ano.

Kim deverá ser transportado para a Residência de Hóspedes Oficiais Diaoyutai, em Pequim, acompanhado de uma guarda de honra militar.

Na segunda-feira foi noticiado que um comboio especial norte-coreano entrou na China, aumentando as especulações sobre uma eventual visita a Pequim do dirigente norte-coreano, que foi mais tarde confirmada.

8 Jan 2019

Milionário japonês bate recorde de partilhas na rede social Twitter em três dias

[dropcap]U[/dropcap]ma publicação no Twitter do milionário japonês Yusaku Maezawa, na qual prometia dinheiro aos seus seguidores, tornou-se na mais difundida na história daquela rede social, depois de ultrapassar, em três dias, as 5,6 milhões de partilhas.

O empresário japonês, fundador e director-executivo da ZozoTown, uma plataforma de vendas online de artigos de moda, a maior do Japão, superou o recorde anterior obtido pelo norte-americano Carter Wilkerson, que atingiu as 3,5 milhões de partilhas em Abril de 2017.

“Darei um milhão de ienes a 100 pessoas em dinheiro”, escreveu Maezawa na sua publicação, pedindo-lhes que seguissem a sua conta e partilhassem a mensagem entre 5 e 7 de Janeiro. O milionário passou do meio milhão para 6,1 milhões de seguidores, algo que provocou críticas de vários utilizadores da rede social que o acusam de comprar seguidores.

No entanto, na sua mensagem, Maezawa disse que ofereceu o dinheiro como um gesto de “gratidão” aos consumidores pelos bons resultados de vendas obtidos pela ZozoTown em 2018. O milionário seleccionou os 100 vencedores hoje, como explicou em várias publicações na sua conta.

Em Setembro do ano passado, o director-executivo japonês atraiu a atenção mundial após ser escolhido pela empresa aeroespacial SpaceX, fundada pelo também milionário Elon Musk, para se tornar no primeiro turista espacial em 2023.

Segundo a revista Forbes, Maezawa é o 18.º homem mais rico do Japão, com uma fortuna avaliada em 2.700 milhões de dólares.

8 Jan 2019

Tribunal de Zhuhai condena activista pelos direitos humanos a dois anos de prisão

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou o activista pelos direitos humanos Zhen Jianghua a dois anos de prisão por “incitar à subversão contra o poder do Estado”, informou ontem a organização não-governamental Amnistia Internacional (AI). O Tribunal Popular Intermédio da cidade de Zhuhai proferiu a sentença no final do mês passado.

Os julgamentos de activistas na China decorrem muitas vezes durante o período de Natal e Ano Novo, quando muitos diplomatas ocidentais e jornalistas se encontram de férias. Zhen, que tem uma década de experiência a trabalhar com comunidades marginalizadas do país asiático, é o fundador do portal “Human Rights Campaign in China”.

A AI informou ainda que o julgamento do activista de 33 anos decorreu à porta fechada, “o que gera sérias dúvidas sobre o seu direito a um julgamento justo”. Segundo a organização, Zhen foi condenado “apenas por exercer o seu direito à liberdade de expressão e associação”.

O activista lançou ainda uma campanha contra a censura na China e apoiou a educação e conscientização sobre o vírus da Sida. Zhen foi detido em 1 de Setembro de 2017 e posteriormente mantido num local secreto. Em 28 de Março foi formalmente acusado de “incitar a subversão contra o Estado”.

Aquele crime é frequentemente usado pela justiça chinesa contra dissidentes, activistas e advogados dos direitos humanos. Durante a actual liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo de académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações não-governamentais.

8 Jan 2019

Hong Kong escolhe defensor do diálogo China-Vaticano como bispo

[dropcap]O[/dropcap] líder da diocese católica de Hong Kong, o cardeal já reformado John Tong, será o administrador interino da Igreja no território, bloqueando desta forma a sucessão do bispo mais importante, crítico de Pequim. O anúncio foi feito ontem pela diocese, depois da morte do bispo Michael Yeung na semana passada.

A Santa Sé está disponível para uma reaproximação a Pequim, mas o bispo Joseph Ha é considerado demasiado directo para ser aceite como sucessor. O cardeal Tong, no entanto, tem defendido o diálogo entre a China e o Vaticano.

Alguns bispos de Hong Kong, como Ha, são forças morais politicamente activas, defendendo frequentemente a luta pró-democracia numa diocese com mais de 500.000 católicos. Tong, de 79 anos deixou o cargo de chefe da diocese em 2017.

8 Jan 2019

China alarga rede ferroviária em novo esforço para estimular economia

[dropcap]A[/dropcap] China aprovou a construção de novas linhas ferroviárias, com um orçamento superior ao equivalente a mais de 110 mil milhões de euros, parte do esforço para contrariar o abrandamento registado em vários indicadores económicos.

Desde 5 de Dezembro, a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento aprovou a expansão da rede ferroviária em oito cidades e regiões do país, segundo um comunicado do organismo máximo chinês encarregado da planificação económica.

A decisão surge numa altura em que vários indicadores da segunda maior economia mundial registam os valores mais baixos em vários meses ou anos e de tensões comerciais com os Estados Unidos.

Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um dos países.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes atores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas.

O Banco do Povo Chinês (banco central) realizou na semana passada a maior injeção de liquidez no mercado este ano, ao reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos têm que manter como reservas.

Em 2019, a China planeia expandir a sua rede ferroviária em 6.800 quilómetros, um aumento de 40%, face ao ano passado, anunciou na semana passada a China Railway, entidade que opera as ferrovias do país. Os planos incluem uma expansão da rede ferroviária de alta velocidade em 3.200 quilómetros.

A rede ferroviária de alta velocidade da China, construída ao longo da última década, compõe já dois terços do total do mundo.

O renovado ímpeto do investimento público contrasta com os esforços de Pequim, ao longo de 2018, de contrariar o aumento do endividamento público, depois de uma década em que a dívida do país quase duplicou, face a um modelo económico assente na construção e investimento, que permitiu ao país contornar a crise financeira global.

Nos últimos dez anos, quando as economias desenvolvidas estagnaram, o país asiático construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Contudo, a redução gradual da dívida coincidiu com uma redução do ritmo de crescimento económico. No mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses.

Em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde Dezembro de 2015, enquanto as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuou para 8,1%, o ritmo mais lento desde Maio de 2003.

A multinacional de serviços bancários ING prevê que Pequim liberte quatro biliões de yuan, este ano, em estímulos económicos.

“Apesar de parte do estímulo fiscal destinar-se ao pagamento de dívida e refinanciamento de empréstimos, o restante vai ser gasto em infra-estrutura, que irá suportar a actividade manufactureira, mesmo que a guerra comercial continue a escalar”, afirmou Iris Pang, o economista-chefe do banco com sede em Amesterdão.

Entre os projectos aprovados, Xangai vai acrescentar seis novas linhas de metro e três linhas ferroviárias interurbanas, enquanto a cidade de Wuhan, no centro da China, vai construir quatro linhas de metro e quatro linhas interurbanas.

A província de Jiangsu, na costa leste da China, vai construir também várias linhas ferroviárias interurbanas, visando conectar os principais centros urbanos com outras partes.

7 Jan 2019

Saudita detida na Tailândia arrisca deportação quando procurava refúgio na Austrália

[dropcap]U[/dropcap]ma jovem saudita, detida no domingo no aeroporto de Banguecoque, na Tailândia, arrisca a deportação quando procurava chegar à Austrália para pedir asilo.

Rahaf Mohammed Al-Qunum, de 18 anos, lançou pedidos de ajuda, exigiu encontrar-se com representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), num momento em que foi lançada uma petição e um apelo à sua libertação pela organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).

“Eu não vou sair do meu quarto até me encontrar com o ACNUR”, garantiu a saudita de 18 anos, num vídeo publicado hoje na rede social Twitter, onde se barricou no quarto de hotel no aeroporto.

A representação em Banguecoque do ACNUR confirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) que está a tentar estabelecer contacto com a jovem de 18 anos “para avaliar a sua necessidade de protecção internacional”.

A imigração tailandesa, por sua vez, garantiu que a jovem “aguardava embarque” para o Kuwait e, depois, para a Arábia Saudita. “Ela mesma comprou uma passagem de avião, está à espera para embarcar”, disse à AFP o chefe da imigração tailandesa, Surachet Hapkarn.

Contudo, na conta do Twitter, hoje de manhã, a jovem assegurava encontrar-se ainda no quarto do hotel: “Eu apelo a todos que se encontrem na zona de trânsito em Banguecoque a protestarem contra a minha expulsão”, escreveu.

Rahaf Mohammed Al-Qunun teme o regresso à Arábia Saudita. “Tenho 100% de certeza de que eles me vão matar assim que eu sair de uma prisão saudita”, disse à AFP.

“Rahaf está em grande risco se for forçada a voltar para a Arábia Saudita, deve ter permissão para se reunir com o ACNUR e iniciar um procedimento de asilo”, disse Phil Robertson, representante na Ásia da HRW.

A HRW informou que a jovem fez escala em Banguecoque, quando procurava chegar à Austrália para ali pedir asilo, garantindo ter um visto de entrada naquele país. A embaixada australiana não respondeu aos contactos efetuados pela AFP. A imigração tailandesa garante que esta está a tentar fugir de um casamento arranjado.

Em Abril de 2017, o destino de outra mulher saudita, Dina Ali Lasloum, de 24 anos, que havia sido detida enquanto viajava pelas Filipinas para Sydney, já levantara preocupações à HRW. A jovem tentava fugir de um casamento arranjado.

A embaixada da Arábia Saudita em Manila descreveu o incidente como um assunto de família e assegurou que a jovem tinha “voltado para casa com a sua família”.

A Arábia Saudita é conhecida pelas restrições impostas às mulheres. Em particular, estão sujeitas à tutela de um homem (pai, marido ou outro, conforme o caso) que exerce autoridade sobre as mesmas e toma as decisões importantes em seu nome.

Uma mulher que tenha cometido um crime “moral” pode ser punida violentamente pela sua família e, nos casos denominados como de “crime de honra”, ser inclusive morta.

7 Jan 2019

Rei da Malásia abdica inesperadamente depois de apenas dois anos no trono

[dropcap]O[/dropcap] rei da Malásia, Muhammad V, abdicou ontem inesperadamente, depois de dois no trono, sem que tenha sido adiantada a razão para a resignação do mais novo monarca do país muçulmano do sudeste asiático.

O palácio da monarquia constitucional da Malásia revelou que o sultão Muhammad V, eleito em Dezembro de 2016 entre os governantes hereditários dos nove Estados malaios em cada cinco anos, decidiu abdicar imediatamente, quando ainda lhe faltavam cumprir mais três anos de reinado.

“Sua majestade, 15.º rei, resignou. Decisão entra em vigor em 6 de Janeiro”, revelou comunicado do palácio real.

Muhammad V protagoniza a primeira resignação de um rei na história da Malásia, que se tornou independente do Reino Unido em Agosto de 1957. Muhammad V pertence ao Estado de Kelantan, no nordeste da Malásia.

Na semana passada, circularam rumores de nova ausência do monarca, de 49 anos, depois de, em Novembro, terem sido comunicadas oficialmente razões de saúde para justificar a ausência. O facto é que, naquele mês, Muhammad V casou com uma ex-modelo russa.

7 Jan 2019

China-Taiwan | Académico afasta hipótese de conflito armado a curto prazo

Xi Jinping aconselhou no sábado a Comissão Militar Central a preparar-se para “dificuldades e batalhas inesperadas”, depois de ter proposto uma reunificação com Taiwan com base na política “Um País, Dois Sistemas”. David Zweig, académico da Universidade de Ciências e Tecnologia de Hong Kong, afasta a possibilidade de um conflito armado a curto prazo e analisa os últimos episódios do confronto entre China e Taiwan

 

[dropcap]O[/dropcap] conflito histórico entre a China e Taiwan atravessa uma nova fase e não dá sinais de abrandar. Depois de ter anunciado a necessidade de reunificação da China com a Ilha Formosa com base na política “Um País, Dois Sistemas”, que já vigora nas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong, Xi Jinping disse este sábado que a Comissão Militar Central deve preparar-se para a chegada de um novo ano para uma “inesperada batalha”.

“Todas as unidades militares devem compreender de forma correcta as tendências mais importantes da segurança nacional e do desenvolvimento, e reforçar a sua noção de inesperadas dificuldades, crises e batalhas”, apontou.

Dias antes, Xi Jinping afirmou, por ocasião dos 40 anos da divulgação da “Mensagem aos Compatriotas de Taiwan”, que não só a reunificação com Taiwan é “inevitável” como Pequim não hesitará caso tenha de recorrer à força para que isso seja uma realidade.

“Não prometemos renunciar ao uso da força e reservamo-nos à opção de tomar todas as medidas necessárias”, frisou o Presidente chinês.

Em declarações ao HM, David Zweig, director do Centro de Relações Transnacionais da China da Universidade de Ciências e Tecnologia de Hong Kong, afasta a possibilidade da ocorrência de um conflito armado, pelo menos a curto prazo, até porque, defende, a própria China não está preparada para isso.

“Não acredito que aconteça algo este ano”, apontou. “A China não está suficientemente forte neste campo e penso que não há nenhuma razão para que comecem uma guerra. Seria algo bastante destrutivo para o cumprimento do objectivo da China em levar a cabo o rejuvenescimento da nação. Não o podem fazer através da guerra.”

Para David Zweig, “Xi Jinping não é um líder que esteja disposto a esperar, porque ele vê esse tal rejuvenescimento da nação chinesa”. “Para Deng Xiaoping, Taiwan era uma das contribuições para o sonho chinês, mas não vejo que seja viável uma solução militar”, acrescentou.

Apoio americano

Também no sábado Tsai Ing-wen, presidente de Taiwan, pediu o apoio da comunidade internacional face às pressões de Pequim, tendo mostrado optimismo face à intenção do Reino Unido de abrir uma base militar no Mar do Sul da China. De acordo com o jornal Telegraph, esta foi uma ideia anunciada a semana passada pelo secretário britânico da defesa, Gavin Williamson, sobre os planos do país após a oficialização do Brexit.

“Esperamos que a comunidade internacional leve a sério, dê apoio e nos ajude”, disse Tsai Ing-wen no sábado numa conferência de imprensa, referindo-se ao discurso da passada quarta-feira do Presidente chinês.

A Presidente da República da China considerou as palavras de Xi Jinping como um ataque à democracia e à liberdade de Taiwan e questionou qual seria o próximo país democrático a ser pressionado pela China.

Tsai pediu a Pequim para adoptar uma “percepção correta” sobre o que sentem e pensam os taiwaneses e afirmou que as pressões e ameaças chinesas são contraproducentes e afectam negativamente os laços bilaterais.

Para David Zweig, apenas os Estados Unidos se perfilam com país parceiro de Taiwan. “O Presidente Trump expressou apoio a Taiwan, e o seu conselheiro para a área da segurança nacional é conhecido por ser um forte apoiante de Taiwan. Penso que os Estados Unidos vão tentar garantir que a China não use a força para resolver o problema de Taiwan.”

David Zweig aponta ainda que há outras formas, que não militares, de garantir uma aproximação entre China e Taiwan, sobretudo ao nível da política e de “uma melhoria das relações”, ainda que sejam meramente “simbólicas”.

“Do ponto de vista diplomático [os Estados Unidos] fizeram alguns esforços, têm pessoas na Administração que apoiam Taiwan de uma forma razoável e em termos militares foi referido que não será aceitável o uso da força. Essa foi a parte mais importante que fizeram”, descreveu Zweig, lembrando que “não há muito mais que possam fazer”, uma vez que Taiwan não faz parte da ONU ou de outras organizações internacionais.

Fraca liderança

Questionado sobre quais as medidas que Taiwan pode adoptar para lidar com esta pressão de Pequim além de pedir ajuda internacional, David Zweig lembrou que, nos últimos 18 anos, a Ilha Formosa tem tido líderes fracos.

“Tsai Ing-wen não tem sido uma presidente bem sucedida. Esse tem sido um problema para Taiwan, que nos últimos 18 anos tem tido uma liderança relativamente fraca. Tsai é uma líder horrível, Ma Ying-jeou foi relativamente terrível. Durante dois anos Tsai não fez muito para tornar as pessoas mais confiantes em relação à presidência, e isso também é um problema”, disse.

David Zweig defende também que Taiwan vai continuar a estar dependente economicamente da China. “A maior parte das pessoas não querem negociar com a China numa posição inferior em relação a Pequim. Tsai Ing-wen tem apoio nessa matéria, mas a Presidente tem de lidar com o problema da economia. Todos os esforços que os líderes de Taiwan têm feito para tornar a economia mais independente em relação à China não têm sido bem sucedidos. A dependência deverá continuar.”

Uma questão de estatuto

Tsai Ing-wen adiantou no sábado que no discurso de Xi Jinping se escondiam “dois perigos fundamentais para a liberdade e para a democracia” de Taiwan, por recusar a existência política e ignorar o Governo de Taiwan como interlocutor.

Taiwan não pode aceitar as premissas chinesas de Xi Jinping da existência de “uma só China” e de “Um País, Dois Sistemas”, particularmente no contexto do denominado “Consenso de 1992”, que deixam claras as “suas intenções políticas face a Taiwan e os seus passos para a unificação”, afirmou a responsável do Executivo.

Essas máximas supõem “um grande desprezo pelo facto de que Taiwan existe e está em pleno funcionamento, como todos os outros países democráticos”.

A mandatária também rejeitou o plano chinês de negociar com “os partidos políticos em vez de com o Governo eleito democraticamente de Taiwan”, que considerou como parte da campanha de Pequim para “minar e subverter o processo democrático e criar divisão na sociedade.”

Tsai adiantou que, como “Presidente eleita democraticamente”, deve “defender a democracia, a liberdade e o estilo de vida” da ilha, que “formam parte fundamental” da identidade nacional de Taiwan.

Todos os partidos políticos de Taiwan recusaram tanto a interpretação que faz Pequim de “uma só China” como a fórmula de “Um País, Dois Sistemas”.

Para David Zweig, os taiwaneses só iriam aceitar a política que se aplica em Macau e Hong Kong caso houvesse um estatuto semelhante a Pequim.

“Isso vai contra a ideia que eu apontei, de que deve haver um estatuto igual nas negociações. A política ‘Um País, Dois Sistemas’ sugere que a China está acima de Taiwan e isso é algo que Tsai Ing-wen não pode aceitar”, frisou.

Sobre esse ponto, David Zweig recorda um diálogo que teve com Lee Teng-hui, Presidente de Taiwan entre 1988 e 2000, em 1998, um ano depois da transferência de soberania de Hong Kong para a China.

“Fiz-lhe essa pergunta directamente [sobre a possibilidade do modelo ‘Um País, Dois Sistemas’ poder resolver a questão de Taiwan com a China]. Ele riu-se e disse-me: ‘Onde é que está essa política? Acredita que o líder de Hong Kong faz alguma coisa sem ligar primeiro para Pequim?’ Isso mostra que não há qualquer apoio em Taiwan em relação a este modelo”, explicou Zweig.

Não só a população taiwanesa não aceita esta proposta de Pequim como os recentes exemplos ocorridos em Hong Kong, que para muitos analistas revelam uma quebra nas liberdades individuais, mostram que este modelo não será bem visto em Taiwan.

“É claro que Pequim tem vindo a exercer o seu poder em Hong Kong depois de 1997. As pessoas de Taiwan não iriam aceitar uma reversão de soberania como aquela que aconteceu em Hong Kong depois da transição. Iriam sim aceitar uma espécie de sistema federal em que ambos os governos teriam o mesmo estatuto, mas não sei como iriam fazer isso. Em Macau e Hong Kong a soberania está nas mãos de Pequim e isso é inaceitável para a população de Taiwan.”

7 Jan 2019

Sobe para 126 número de mortos nas Filipinas devido a tempestade

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 126 pessoas morreram nas Filipinas na sequência da tempestade tropical que atingiu o país no final de Dezembro, anunciaram as autoridades em novo balanço.

De acordo com o relatório hoje divulgado, a maioria das vítimas perdeu a vida em deslizamentos de terra. A tempestade tropical Usman, que atingiu as ilhas centrais e orientais do arquipélago em 29 de Dezembro, também provocou inundações. O balanço anterior apontava para 85 mortos e 20 desaparecidos.

Segundo as autoridades, mais de 100 pessoas morreram na região montanhosa de Bicol, ao sudeste de Manila. “Em apenas dois dias, a tempestade Usman despejou o equivalente a mais de um mês de chuva na região de Bicol”, disse à agência France-Presse (AFP) Edgar Posadas, porta-voz da agência de gestão de desastres naturais. Há, ainda, 152.000 deslocados e 75 feridos.

A tempestade tropical entrou nas Filipinas pelo Pacífico e atingiu o continente no dia 29 de Dezembro, causando inundações, deslizamentos de terra e provocando falhas de electricidade um pouco por todo o país.

Usman não chegou a ser classificada de tufão, o que, de acordo com as autoridades filipinas, fez com que as pessoas “ficassem demasiado confiantes”.

Em meados de Setembro, no norte do país, mais de 80 pessoas morreram e outras 70 foram dadas como desaparecidas na sequência do tufão Mangkhut, que deixou um rasto de destruição em vários países no Pacífico.

As Filipinas são atingidas todos os anos por cerca de 20 tufões, que causam centenas de mortes e agravam ainda mais a pobreza que atinge milhões de pessoas.

6 Jan 2019

Huawei sanciona dois funcionários que utilizaram iPhone em publicação no Twitter

[dropcap]A[/dropcap] gigante chinesa das telecomunicações Huawei sancionou dois funcionários por terem utilizado um iPhone para desejar um bom ano novo numa publicação na conta oficial da rede social Twitter da empresa, noticiou um portal online chinês.

Numa nota interna, a Huawei informou que irá despromover um dos funcionários e reduzir o seu salário, enquanto o segundo não poderá ser promovido este ano.

Embora a publicação, que indicava “via Twitter para o iPhone”, ter sido eliminado, não impediu a sua circulação nas redes sociais através de partilhas.

O erro, como explica a nota interna da Huawei, ocorreu na empresa subsidiária de marketing Sapient.

A equipa desta empresa não conseguiu ligar-se à rede privada VPN virtual – um mecanismo usado na China para contornar a censura cibernética que bloqueia páginas como Twitter, Facebook ou Google -, obrigando os funcionários a utilizarem os seus telemóveis com recurso a um cartão SIM de Hong Kong, que lhes permite aceder a essas páginas bloqueadas em território chinês.

6 Jan 2019